Você está na página 1de 5

ORIENTAÇÕES PARA A CELEBRAÇÃO DA MISSA SOLITARIA

(SEM A PRESENÇA DE MINISTROS AUXILIARES)

PROF. DR. CLAYTON JÚNIOR DIAS


LUCAS CARDOSO DA SILVEIRA SANTOS

FACULDADE DE CELEBRAR A MISSA SOZINHO

“De acordo com o Código de Direito Canônico de 1983, um sacerdote pode celebrar a
Missa sozinho por ‘uma causa justa e razoável’ (cf. cân. 906). A edição revisada da
IGMR é menos restritiva e reflete essa abordagem moderada e pastoral (cf. IGMR, nº
254). O desejo devoto de um padre de manter sua prática pessoal da Missa diária é
uma causa boa e razoável, suficientemente séria para merecer menção especial no
Código de Direito Canônico: ‘Lembrando sempre que no ministério do sacrifício
eucarístico se exerce continuamente a obra da redenção, os sacerdotes celebrem
frequentemente, e mais, recomenda-se com insistência a celebração cotidiana, a qual,
mesmo não se podendo ter a presença de fiéis, é um ato de Cristo e da Igreja, em cuja
realização os sacerdotes desempenham seu múnus principal’ (cf. cân. 904)” (ELLIOTT,
2004, nº 539).

“A celebração sem ministro, ou sem ao menos um fiel, não se faça a não ser por causa
justa e razoável. Neste caso, omitem-se as saudações, as exortações e a bênção no
final da Missa” (IGMR, nº 254).

“É necessário chamar a atenção para o valor insubstituível que tem para o sacerdote a
celebração cotidiana da Santa Missa – ‘fonte e ápice’ (cf. Lumen gentium, nº 11) da
vida sacerdotal –, mesmo sem a presença de fiéis. ‘A este respeito, ensina Bento XVI
(Sacramentum caritatis, nº 80), juntamente com os padres do Sínodo, recomendo aos
sacerdotes ‘a celebração diária da Santa Missa, mesmo quando não houver
participação de fiéis’ (cf. Propositio 38). Tal recomendação é ditada, antes de mais
nada, pelo valor objetivamente infinito de cada celebração eucarística; e é motivada
ainda pela sua singular eficácia espiritual, porque, se vivida com atenção e fé, a Santa
Missa é formadora no sentido mais profundo do termo, enquanto promove a
configuração a Cristo e reforça o sacerdote na sua vocação’ (Diretório para o
ministério e a vida dos presbíteros, 2013, nº 67).

PREPARAÇÕES E ADAPTAÇÕES GERAIS

“Quando um padre celebra ‘de forma privada’, com um ministro ou, se necessário,
sozinho, certas variações devem ser observadas com cuidado; por exemplo, o
celebrante usa a forma singular para algumas saudações litúrgicas. Também parece
preferível usar um altar lateral ou um oratório para essa forma de Missa, em vez do
altar principal de uma igreja, especialmente se essa forma da liturgia for celebrada
quando as pessoas frequentam a igreja” (ELLIOTT, 2004, nº 528).
“Os vasos sagrados necessários são preparados antes da Missa, seja na credência perto
do altar, seja sobre o altar, do lado direito” (IGMR, nº 255).

“O cálice e a patena com uma hóstia grande são colocados na credência, com as
galhetas, jarros, lavatórios e toalhas. Se não houver ministro ou credência, todos esses
vasos serão colocados no lado direito do altar. O missal e o suporte devem ser
colocados na credência ou no lado esquerdo do altar, especialmente se não houver
credência ou ministro. O lecionário será colocado aberto em uma pequena estante, ou
então, fechado, mas marcado, no altar próximo ao missal. Acendem-se duas velas. Um
crucifixo deve ser colocado sobre o altar ou perto dele” (ELLIOTT, 2004, nº 529).

“Quando um padre celebra a Missa sozinho, ele prepara os livros e os vasos sagrados
sobre o altar. O cerimonial acima é observado, no entanto ele deve omitir a aclamação
após a Consagração, bem como omitem-se todas as saudações e a bênção (cf. IGMR,
nº 254). Essa orientação é racional e pode fazer sentido no caso da aclamação após a
Consagração. Na prática, ela não funciona nas outras partes do ritual. Parece preferível
continuar a abordar a Igreja invisível nas saudações etc., porque mesmo uma Missa
solitária é a ação de todo o Corpo Místico de Cristo” (ELLIOTT, 2004, nº 538).

RITOS INICIAIS

“O sacerdote aproxima-se do altar e, feita profunda inclinação, o venera pelo ósculo e


ocupa seu lugar na cadeira. Se preferir, o sacerdote pode permanecer no altar; neste
caso, prepara-se também o Missal. Em seguida, o (...) sacerdote diz a antífona da
entrada” (IGMR, nº 256). “A seguir, o sacerdote (...), de pé, faz o sinal da cruz (...)”
(IGMR, nº 257). Omite-se a saudação inicial e o convite à penitência, dizendo logo o
sacerdote uma das fórmulas para o ato penitencial (cf. IGMR, nº 254).

ATO PENITENCIAL

“O sacerdote reza o Confesso a Deus (...) omitindo as palavras e a vós, irmãos e irmãs
[e, no português, adaptando-se a conjugação “rogueis” para “roguem”], mas dizendo
ao fim: Deus todo-poderoso tenha compaixão, etc” (O’CONNELL, 1964, p. 366).
“Conforme as rubricas, se dizem o Kyrie e o Glória” (IGMR, nº 258).

ORAÇÃO DO DIA

“A seguir, de mãos unidas, diz Oremos e, fazendo uma pausa conveniente, profere a
oração do dia, com as mãos estendidas. Ao terminar (...), aclama: Amém” (IGMR, nº
259).

LITURGIA DA PALAVRA

“As leituras, na medida do possível, são proferidas do ambão ou da estante” (IGMR, nº


260).
“Depois da oração do dia” (...), o sacerdote “lê a primeira leitura e o salmo, e quando
prescrita, a segunda leitura (...)” (IGMR, nº 261). De preferência, omita-se o Aleluia ou
a aclamação ao Evangelho com o seu versículo, como é facultado às Missas rezadas (cf.
IGMR, nº 63 c).

“Depois, inclinado, o sacerdote diz: Ó Deus todo-poderoso, purificai-me, e, em seguida,


lê o Evangelho” (IGMR, nº 262). Ele diz a introdução: Proclamação do Evangelho, etc,
mas omite a saudação O Senhor esteja convosco. Ele também diz a conclusão: Palavra
da Salvação” (McNAMARA, 2006), “ao que (...) responde: Glória a vós, Senhor. Em
seguida, o sacerdote venera o livro, beijando-o e dizendo em silêncio: Pelas palavras
do santo Evangelho” (IGMR, nº 262).

HOMILIA

Pode-se omitir a homilia nas Missas sem a participação do povo (cf. IGMR 66).

PROFISSÃO DE FÉ

“A seguir, o sacerdote recita (...) o Símbolo, de acordo com as rubricas” (IGMR, nº


263).

ORAÇÃO UNIVERSAL OU DOS FIÉIS

“Segue-se a oração universal, que também pode ser dita nesta Missa” (IGMR, nº 264).
O sacerdote pode introduzi-las, porém sem um convite direto aos fiéis (cf. IGMR, nº
254). Após cada intenção, o próprio sacerdote responde a invocação, e ao final
acrescenta a oração conclusiva (cf. IGMR, nº 264).

APRESENTAÇÃO DAS OFERENDAS

“Durante a apresentação das oferendas, o sacerdote reza as orações oferecendo o pão


e o vinho, mas omite a resposta Bendito seja Deus” (McNAMARA, 2006).

“Omite-se a monição Orai, irmãos e irmãs, bem como a sua resposta Receba o Senhor”
(McNAMARA, 2006), mas faça o sacerdote apenas a monição simples Oremos, seguida
de um momento de silêncio, após o qual já seja dita a Oração sobre as oferendas (cf.
IGMR, nº 146, Missal de Portugal).

LITURGIA EUCARÍSTICA

“Ao contrário das demais aclamações ‘O Senhor esteja convosco’, eu acredito que
aquela que forma parte do diálogo inicial do Prefácio deve sempre ser dita. As normas
são claras ao dizer que a Oração Eucarística deve sempre ser dita na sua integralidade,
e que preserva a regência no plural mesmo quando o sacerdote está sozinho. Uma vez
que esse diálogo é inseparável da Oração Eucarística, ele deve sempre ser rezado”
(McNAMARA, 2006).
“A expressão Mysterium fidei, tirada do contexto das palavras de Cristo e proferida
pelo sacerdote, serve de preâmbulo à aclamação dos fiéis (Constituição Apostólica
Missale Romanum). “Quando, porém, em circunstâncias particulares, não houver
quem responda, o sacerdote omita essas palavras, a exemplo da Missa que, por grave
necessidade, é celebrada sem a presença de ministros, nas quais as saudações e a
bênção final são omitidas” (NOTITIÆ, 1969, pp. 324-325).

“Embora a Oração Eucarística deve ser dita integralmente, a aclamação memorial (Eis
o mistério da fé) não constitui parte da oração. Assim, a aclamação e sua resposta são
omitidas. Esta rubrica está dada explicitamente em alguns ordinários para as Missas
em que apenas padres concelebrantes estejam presentes” (McNAMARA, 2006).

RITO DA COMUNHÃO

Faz-se a monição introdutória ao Pai nosso Obedientes à palavra ou alguma outra


prevista (cf. McNAMARA, 2006). “Feita a aclamação no final do embolismo, que segue
a Oração do Senhor, o sacerdote diz a oração Senhor Jesus Cristo, dissestes (...)”
(IGMR, nº 264). Omite-se a saudação da paz (cf. IGMR, nº 254).

FRAÇÃO DO PÃO

“A seguir, enquanto diz (...) o Cordeiro de Deus, o sacerdote parte a hóstia sobre a
patena. Terminando o Cordeiro de Deus, depõe no cálice a fração da hóstia, dizendo
em silêncio: Esta união” (IGMR, nº 267).

COMUNHÃO DO SACERDOTE

“Em seguida, o sacerdote diz em silêncio a oração Senhor Jesus Cristo, Filho do Deus
vivo, etc. ou Senhor Jesus Cristo, o vosso Corpo, etc.; depois, faz genuflexão, toma a
hóstia e (...), voltado para o altar, diz em silêncio: Senhor, eu não sou digno, etc. e O
Corpo de Cristo me guarde para a vida eterna, e comunga o Corpo de Cristo. Depois,
toma o cálice e diz em silêncio: O Sangue de Cristo me guarde para a vida eterna, e
toma o Sangue” (IGMR, nº 268).

Após o sacerdote comungar, “é dita a antífona da Comunhão (...) pelo próprio


sacerdote” (IGMR, nº 269).

ABLUÇÕES E RITOS FINAIS

“O sacerdote purifica o cálice (...) junto ao altar. (...) O cálice pode ser (...) colocado a
um lado, sobre o altar” (IGMR, nº 270).

“Após a purificação do cálice, convém que o sacerdote observe algum tempo de


silêncio; a seguir, diz a Oração depois da Comunhão” (IGMR, nº 271).
“Omite-se a bênção final e o Ide em paz. A Missa termina com a conclusão “Por Cristo,
nosso Senhor. Amém”, seguida do beijo ao altar e da inclinação a ele, ou da genuflexão
ao sacrário, conforme o caso, antes de retirar-se” (McNAMARA, 2006).

“De modo algum se exclui a recomendação de que, imediatamente após a Missa, o


sacerdote reserve algum tempo para a oração pessoal, em ação de graças pelo
privilégio de ter celebrado o Santo Sacrifício” (McNAMARA, 2006).

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Instrução Geral do Missal Romano. 7ª


edição, Brasília, Edições CNBB, 2018.

Conferência Episcopal Portuguesa. Instrução Geral do Missal Romano. 4ª edição,


Fátima, Secretariado Nacional de Liturgia, 2018.

Congregação para o Clero. Diretório para o Ministério e a Vida dos Presbíteros. Nova
edição, Roma, 2013.

ELLIOTT, Peter J. Ceremonies of the Modern Roman Rite. San Francisco, Ignatius Press,
2004.

McNAMARA, Edward. “When Celebrating Mass Alone”, Roma, ZENIT Daily Dispatch,
2006.

O’CONNELL, John B. The Celebration of Mass, 4ª edição, Milwaukee, Bruce Publishing,


1964.

Sagrada Congregação do Culto Divino, Boletim Notitiæ, 1969.

Você também pode gostar