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Paisagismo: a chave para o futuro de nossas cidades

Escrito por Kirt Martin | Traduzido por Camilla Sbeghen

30 de Novembro de 2015 Compartilhar

Desfrutar do tempo livre em espaços públicos bem desenhados é um dos aspectos mais importantes
para a maior parte dos que vivem em uma cidade. Então, por que é investido tão pouco tempo e
dinheiro para seu desenho? Neste artigo, publicado originalmente na revista Metropolis com o
título "Designing Outdoor Public Spaces is Vital to the Future of our Cities", Kirt Martin, vice-presidente
de Design e Marketing do escritório de mobiliário urbano Landscape Forms, afirma que o paisagismo e o
design industrial focados no setor público são a chave para a saúde e a felicidade das cidades.

Todos apreciamos nosso tempo em espaços abertos. Mas por que prestamos tão pouca atenção em seu
desenho?

Como designer de mobiliário urbano, sempre tenho curiosidade sobre quanto as pessoas apreciam os
espaços ao ar livre. Eu gosto de ter como tema de conversa perguntas sobre a descrição de grandes
cidades como Nova Iorque, Chicago ou Paris e o que ficou marcado na memória dos visitantes quando
estiveram ali. Se este não é o caso, pergunto onde iriam e o que fariam se ganhassem $25,000 para
gastar nas férias sonhadas. Suas melhores experiências em uma cidade célebre ou em uma paisagem
natural sempre têm algo em comum, exceto por um ponto: aquelas que são mais memoráveis sempre
têm como cenário os espaços ao ar livre.
Temos estudos que demostram que as pessoas tendem a ser mais saudáveis, mais felizes e ter uma vida
mais duradoura em áreas com acesso a natureza, incluindo espaços urbanos com áreas verdes. Os
espaços ao ar livre são os menos custosos para criar e os que geram a mais alta rentabilidade - levando
em conta aspectos como a melhora da vida em comunidade, saúde e riqueza, além da geração de
atividades econômicas nas áreas circuncidantes. Com um número crescente de pessoas que se
refugiam em cidades - desde jovens profissionais até aposentados - os espaços públicos verdes e a
vibrante paisagem urbana são considerados fatores chave que atraem tanto os residentes como
negócios.

Apesar disso, não damos aos espaços livres o mesmo valor e suporte econômico que conferimos aos
edifícios e interiores. Calculamos o valor em dólares por metro quadrado dos edifícios e interiores mas
não valorizamos os metros quadrados das áreas livres. Não conta-se com uma análise de viabilidade
econômica para o desenho de espaços exteriores, quando poderia e deveria ser realizada. Considero
também que o desenho e inovação nas áreas exteriores públicas e privadas é um tema pendente, e o
primeiro passo para assumir este desafio é melhorar as habilidades e talentos dos arquitetos
paisagistas, os profissionais melhor preparados para desenhar estes espaços.
Chegou o momento da história em que a arquitetura da paisagem tem algo muito importante para dizer,
e devemos escutar. Os arquitetos paisagistas aplicam uma disciplina baseada no pensamento holístico.
Eles entendem o ambiente natural, o ambiente construído e as relações entre ambos. Além do mais,
estão preparados para assumir a liderança no desenho de espaços exteriores e captar a atenção do
público nos mesmos.

Recentes projetos destacados como o High Line e o Millennium Park criaram fortes laços com a
comunidade local, e os famosos urbanistas responsáveis por estes projetos suscitaram o interesse do
público. Entretanto, ainda existe uma grande legião de paisagistas talentosos e inspirados que deveriam
ser parte primordial do desenho e visualização dos espaços exteriores.
Este também é um momento no qual a história desempenha um papel útil para a arquitetura da
paisagem. Nós que somos provedores de mobiliário urbano, partícipes do desenho e ativação dos
espaços exteriores, devemos formar parte deste desafio, e estou disposto a assumi-lo buscando os
meios para garantir a rentabilidade de espaços exteriores desenhados em términos de comunidade,
identidade, bem-estar, meio-ambiente e economia. Estou focado em liderar a inovação junto com
soluções graduais mais além de elementos padrões como lixeiros, estacionamento para bicicletas e
bancos, para ajudar as pessoas a desfrutarem de experiências inesquecíveis ao ar livre. Os exteriores
iniciam no exato momento em que saímos das nossas portas, por isso são requeridas novas ideias para
os espaços adjacentes aos edifícios. É necessário também integrar a tecnologia aos espaços públicos,
respeitando as qualidades especiais de cada contexto.

Me sinto entusiasmado por este esforço e acredito que, com a colaboração de paisagistas e outros
profissionais do design na indústria do mobiliário urbano, podemos suscitar interesses e promover um
maior investimento em espaços exteriores que criem memória e significado. Juntos podemos criar uma
verdadeira mudança na paisagem urbana, que é o nosso futuro.

Kirt Martin é vice-presidente de Design e Marketing de Landscape Forms, liderando as equipes criativas
de desenvolvimento de produto, marketing e comunicações desta companhia. Martin é um premiado
designer industrial que dirigiu previamente a área de designer em Turnstone, uma divisão de Steelcase.

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