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LUANDA/2024
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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
Integrantes do grupo nº 10
1. Manilson Albano
O Docente
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LUANDA/2024
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SÚMARIO
1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................
2. OBJECTIVOS.........................................................................................................................
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA..........................................................................................
CONCLUSÃO..............................................................................,,............................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................................
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1. INTRODUÇÃO
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2. OBJECTIVOS
2.1 Geral
2.2 Especificos
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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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Sutherland partindo de estudos criminológicos definiu os citados crimes como: “crime
de colarinho branco pode ser definido, aproximadamente, como um crime cometido por uma
pessoa de respeitabilidade e elevado status social no exercício da sua profissão”. Assim sendo,
partindo desta definição em que o primeiro capítulo do presente estudo se ocupará, buscando
deixar cristalizado o conceito do delito, bem como os delitos que estão capitulados por esta
definição e seus elementos (SUTHERLAND, 2015).
Foi em 1939, que Edwin H. Sutherland desenvolveu o nome para capitulação de crimes
que envolvam determinadas categorias de pessoas, sendo o então chamado: Crime de Colarinho
Branco (“White Collar Crime”).
Quando se diz que crimes de colarinho branco são praticados por determinadas classes de
pessoas, deve se atentar quanto às diversas condições que este agente ostenta perante a sociedade,
não busquemos apenas observar o seu status econômico. Se disséssemos apenas que crimes de
colarinho branco são praticados por pessoas de alta classe econômica, poderiam entrar nesse
conceito a prática do crime de homicídio, calúnia, e dentre outros delitos que nada tem a ver com
o que pretendemos demonstrar (TRES, 2017).
Na evolução histórica dos crimes de colarinho branco, Sutherland começou suas pesquisas
indagando quanto ao indivíduo fora da conexão de crimes comuns:
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No decorrer do desenvolvimento da nomenclatura da espécie de delitos de colarinho
branco, em uma visão criminológica, Sutherland abordou o seguinte aspecto sociológico:
Por que a pobreza, quando distribuída especialmente em área da cidade, mostra uma
uniformidade notável e alta associação com crime, porém quando distribuída
cronologicamente em ciclos de mercado mostra uma leve e inconsistente associação
com o crime? A resposta é que o fator casual não é a pobreza, no sentido de
necessidade econômica, mas as relações sociais e interpessoais que estão associadas
algumas vezes com a pobreza e algumas vezes com a riqueza, e algumas vezes com os
dois fatores. (2015, p. 31-32). (nosso grifo).
É nesse sentido que percebemos que o autor descartou completamente que as práticas dos
crimes são executadas apenas por pessoas que possuem baixo rendimento econômico. Assim
sendo, a influência trazida ao indivíduo que pratica o crime está voltada as suas relações
interpessoais e sociais (DIAS, 1999).
No desenrolar de seus estudos passou a definir o que são crimes de colarinho branco, nos
quais são aqueles praticados por uma pessoa ou em um conjunto de agentes, sendo estes participes
de vontades recíprocas que visam o enriquecimento próprio. Nesse sentido, o entendimento
quanto à axiologia do agente delituoso que pratica a referida classe de crimes, pode ser entendida
como uma pessoa dotada de privilégios, e, em um patamar elevado de conhecimento quanto aos
demais indivíduos integrantes da sociedade (TRES, 2017).
Nessa esfera, busquemos a conceituação de outro autor quanto ao tema, define que: "Um
crime de colarinho branco é definido como uma violação da lei que regula os negócios, cometido
em favor de uma empresa, pela própria empresa ou seus agentes no giro dos seus negócios”.
(NUCCI, 2008, p.117).
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Como bem mencionado pelo autor acima, o crime de colarinho branco pode ser entendido
como aquele que viola dispositivo inerente à regulamentação de negócios, o que por sua vez,
“negócio” deva ser entendido como atividade com fim lucrativo (VERAS, 2010).
A materialidade dos crimes de colarinho branco, por seu turno, se exaure na transgressão
de algum bem jurídico tutelado, tendo como alvo principal nesse cenário delituoso a economia,
desse modo o efeito causado quando o agente criminoso atua contrário às normas legais têm
resultados devastadores frente aos crimes praticados nas ruas. Acerca deste resultado em
comparação aos crimes comuns, Sutherland abordou nesse mesmo sentido, que:
De outro modo, quanto à verificação da materialidade dos crimes de colarinho branco não
se comparam comumente ao procedimento adotado para a verificação de outros crimes, como por
exemplo, o exame de corpo delito utilizado para verificar a ofensa ao bem jurídico, vida ou a
integridade física da vítima (objeto material) (NUCCI, 2017.).
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Portanto, a materialidade surge quando existente a ofensa ao bem jurídico tutelado pelo
Estado. Vejamos o ensinamento de Guilherme Nucci, quanto à abordagem:
Por outro lado, num prisma material, aponta para algo apto a satisfazer as
necessidades humanas, integrando seu patrimônio. Quando se fala em bem comum,
denota-se o nível das condições favoráveis ao êxito coletivo. Em suma, o bem se
apresenta vinculado aos mais precisos interesses humanos, seja do ponto de vista
material, seja do prisma incorpóreo (moral ou ético) (NUCCI, 2017, p. 07).
Como em todo ordenamento jurídico, são admitidos meios de provas lícitas a fim de
comprovarem a prática delitiva do agente. Nesse sentido, imaginemos o crime de sonegação
fiscal, o qual poderá ser demonstrado por perícia técnica, e até mesmo corroborado por prova
testemunhal para efetiva comprovação da prática delitiva (TRES, 2017).
Importa também referir que em Portugal o combate aos crimes de colarinho branco
são, na sua maioria, competência da UNCC (Unidade Nacional de Combate à Corrupção) da
polícia judiciária e do Ministério Público. De acordo com a Lei n.º 36/94, de 29 de setembro,
cabe a UNCC prevenir, investigar e reprimir todos os fenómenos criminais tipicamente
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relacionados com o crime económico e financeiro. De acordo com a Polícia Judiciária (2017),
a UNCC tem como função principal combater os seguintes crimes de colarinho branco:
prevaricação e abuso de poderes, certos tipos de fraude (subsídios e créditos), contrafações,
crimes do mercado de valores mobiliários, administração danosa, branqueamento de capitais,
certos crimes tributários, crimes organizados com recurso à tecnologia informática, crimes
transnacionais e internacionais e ainda outros crimes conexos.
Nos Estados Unidos, um dos órgãos de polícia criminal que investiga este tipo de
delitos, denominado FBI (Federal Bureau of Investigation), refere-se ao crime de colarinho
branco como sendo um conjunto de crimes não violentos e com vítimas pouco aparentes, mas
com a capacidade inata de destruir economicamente indivíduos, empresas e corporações,
assim como de erodir a confiança do público nas instituições públicas e privadas. O FBI
também apresenta alguns exemplos de crimes típicos da criminalidade de colarinho branco
como: crimes de falsificação financeira, abuso de informação privilegiada, branqueamento de
capitais e corrupção, variados tipos de fraude e ainda os crimes de pirataria informática (FBI,
2022).
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mais característicos do crime de colarinho branco como: fraudes ficais e bancárias, peculato,
roubo intelectual, manipulação do mercado, evasão fiscal, crimes informáticos,
branqueamento de capitais, corrupção sob a forma de suborno, entre outros.
Os crimes mencionados ao longo deste tópico são apenas alguns dos inúmeros delitos
englobados na definição de crime de colarinho branco. Efetivamente, devido à natureza
abrangente do conceito, o qual integra crimes que vão desde as fraudes até aos delitos
ambientais, podemos afirmar que não seria viável abordar todos os atos ilícitos classificados
nesta tipologia. Desta forma, decidiu-se destacar alguns dos crimes característicos como: os
diversos crimes de corrupção, alguns tipos de fraude e burla, o branqueamento de capitais e o
enriquecimento ilícito.
A lei é feita para todos, mas só ao pobre obriga. A lei é teia de aranha, em
minha ignorância tentarei explicar. Não a tema os ricos, nem jamais os que
mandam, pois o bicho grande a destrói e só os pequeninos aprisiona. A lei é
como chuva, nunca pode ser igual para todos. Quem a suporte se queixa, mas a
explicação é simples: a lei é como a faca que não fere a quem empunha.
Entre as modalidades comuns estão a fraude financeira, evasão fiscal, corrupção corporativa e
insider trading (Akers & Sellers, 2013). Esses crimes são caracterizados pela natureza não
violenta e pela manipulação de informações privilegiadas para benefício próprio ou da
organização.
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CONCLUSÃO
Os crimes de colarinho branco representam uma faceta complexa e desafiadora no
mundo jurídico e sociológico. Estas transgressões, geralmente cometidas por indivíduos em
posições de poder e influência, destacam as brechas nos sistemas legais e éticos que precisam
ser abordadas.
A análise desses crimes revela não apenas os danos econômicos diretos, mas
também os impactos sociais e a erosão da confiança nas instituições. A impunidade muitas
vezes associada a esses crimes ressalta a necessidade urgente de reformas e mecanismos mais
eficazes de prevenção e punição. Para combater os crimes de colarinho branco, é imperativo
que haja uma abordagem holística, envolvendo esforços regulatórios mais rigorosos, educação
pública, transparência corporativa e sistemas judiciais eficientes. Além disso, é crucial
incentivar uma cultura ética que desencoraje práticas fraudulentas e promova a
responsabilidade corporativa.
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