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Geografia

o o surgimento da PAC

- durante a 2ª guerra mundial e os anos seguintes, a Europa passava por um


período de grandes penúrias alimentares sendo que os países que formavam a

Comunidade Econômica Europeia (CEE) dependiam do estrangeiro no seu

aprovisionamento de produtos alimentares;

- neste contexto, a agricultura foi eleita como a primeira prioridade na


construção do mercado comum e a Política Agrícola Comum (PAC) surgiu como

a primeira grande política comunitária;

- os objetivos iniciais da PAC:


✓ incrementar a produtividade da agricultura;
✓ assegurar um nível de vida equitativo à população agrícola;
✓ estabilizar os mercados dos produtos agrícolas;
✓ garantir a segurança dos abastecimentos; assegurar preços razoáveis nos
fornecimentos aos consumidores;
- a concretização desses objetivos solidifica-se na definição de três princípios,

estabelecidos na Conferência de Stresa em 1958:

✓ unidade de mercado: criação de uma organização comum de mercado, que


sustentava a livre circulação dos produtos no território dos Estados-
membros;
✓ preferência comunitária: aplicação de barreiras alfandegárias aos produtos
estrangeiros;
✓ solidariedade financeira: todas as despesas e gastos resultantes da PAC
eram suportados pelo orçamento comunitário;

- em 1962, foi criado o instrumento financeiro da PAC, o FEOGA (Fundo Europeu de


Orientação e Garantia Agrícola).

Passado dois anos foi dividido nas secções “Orientação” e “Garantia”

o problemas iniciais
✓ os excedentes agrícolas ocorrem em quantidades que não podem ser vendidas
no mercado e os custos de armazenamento tornam-se muito elevados;
✓ desajustamento entre a produção e as necessidades do mercado;
✓ graves problemas sociais, como o desemprego, também gerado pelas
máquinas;
✓ peso muito elevado da PAC no orçamento comunitário, comprometendo o
desenvolvimento de outras políticas;
✓ tensão entre os principais exportadores mundiais, devido às medidas
protecionistas e à política de incentivos à exportação;
✓ graves problemas ambientais, motivados pela prática de uma agricultura
intensiva com utilização de produtos químicos
“quem mais produz mais ganha”
Grau de autoaprovisionamento: relação entre a produção nacional e o consumo interno.

Mede, para um dado produto, o grau de dependência de um território relativamente ao exterior ou a sua
capacidade de exportação.

Grau de autoaprovisionamento = produção interna consumo interno × 100


Se:

o inferior a 100%, a produção interna não é suficiente para satisfazer as necessidades de


consumo interno;

o superior a 100%, a produção interna excede as necessidades de consumo interno.

Excedentes agrícolas(graus de
aprovisionamento superiores a 100%),
em quantidades impossíveis de escoar
o que gera custos elevados de
armazenamento.

o reforma de 1992, decidida a 21 de maio


✓ era necessário reorientar a agricultura europeia para uma produção tendo em
vista o mercado;
✓ objetivos principais: diminuição dos preços; diminuição dos custos; decréscimo
dos excedentes;
✓ diminuição das assimetrias entre os Estados-membros;
✓ manutenção da população agrícola;
✓ respeito e valorização ao meio ambiente;
✓ ao contrário de 1962, agora a PAC regia-se pela lógica de “pagar para não
produzir” - set aside;
✓ problemas estruturais mantidos depois da reforma: a deficiência na aplicação
dos apoios;
✓ intensificação dos problemas ambientais; aumento das diferenças de
rendimento entre agricultores.

Set-aside: medida que consistia na redução da área cultivada,


por forma a reduzir a produção excedentária. Os agricultores com
uma área equivalente a uma produção superior a 92
toneladas/ano de cereais foram obrigados a diminuir em 15% as
suas terras aráveis, para beneficiarem das ajudas da PAC.
o reforma de 1999

- objetivos principais: melhorar a competitividade da agricultura comunitária nos


mercados interno e externo; definir uma nova política de desenvolvimento rural;

garantir a segurança e a qualidade dos gêneros alimentícios; compatibilizar os

métodos de produção com as exigências ecológicas; contribuir para o bem-estar

dos animais e para a fitossanidade; garantir um nível de vida equitativo para a

produção agrícola; viabilizar a criação de fontes de rendimento e oportunidades

de emprego complementares ou alternativas; contribuir para a estabilidade dos

rendimentos agrícolas; atribuir aos agricultores destaque na gestão de recursos

naturais e salvaguarda da paisagem; valorizar o papel multifuncional da

agricultura, para além da função de produção;

o reforma de 2003

- com o surgimento da organização mundial do comércio (OMC), passou-se a


incluir a agricultura no domínio das regras do comércio internacional. Esta

reforma visou contribuir para a defesa da PAC nas negociações internacionais

no quadro da OMC;

- esta passou pela substituição das ajudas ligadas ao rendimento por um

pagamento único às explorações, desligado da produção. Assim, a reforma de

2003, a nível agroalimentar, introduziu:

Modulação: Consistiu na redução dos pagamentos diretos às explorações de maior


dimensão, visando permitir o financiamento das novas medidas de desenvolvimento
rural.

Pagamento único: Independentemente da produção, os agricultores passaram a


receber um pagamento único por exploração (esta reforma dissociou as subvenções da
produção), sendo-lhes concedida a liberdade de adaptarem a produção às necessidades
do mercado.

Condicionalidade: O pagamento único por exploração estava condicionado ao respeito


de normas ambientais, de segurança alimentar, de sanidade animal, de
fitossanidade, e de bem-estar animal.
- também reforçou a política de desenvolvimento rural, que visava: garantia de
rendimentos estáveis e equitativos para os agricultores; a maior preocupação

com os desafios ambientais; desenvolvimento de atividades complementares

e/ou alternativas para atenuar o êxodo rural; valorização da população ativa

agrícola, através do apoio à fixação de jovens agricultores, de reformas

antecipadas e de formação; a promoção da igualdade de oportunidades;

Para além das medidas agroambientais, esta reforma reforçou a política de


desenvolvimento rural (2.° pilar da PAC), que visava:

✓ a garantia de rendimentos estáveis e equitativos para os agricultores;


✓ a maior preocupação com os desafios ambientais;
✓ o desenvolvimento de atividades complementares e/ou alternativas para
atenuar o êxodo rural;
✓ a valorização da população ativa agrícola, através do apoio à fixação de jovens
agricultores, de reformas antecipadas e de formação;
✓ a promoção da igualdade de oportunidades.

Segurança Alimentar

✓ Contribuir para rendimentos agrícolas e limitar a sua variabilidade;


✓ Melhorar a competitividade do setor agrícola e aumentar a sua quota de valor
na cadeia alimentar;
✓ Compensar as dificuldades de produção em áreas com condicionantes
naturais específicas;

Ambiente e alterações climáticas

✓ Garantir práticas de produção sustentáveis;


✓ Promover o crescimento verde através da inovação;
✓ Prosseguir as ações de mitigação das alterações climáticas;

Equilíbrio territorial

✓ Apoiar o emprego rural e preservar o tecido social das áreas rurais;


✓ Melhorar a economia rural e a sua diversificação;
✓ Permitir a diversidade estrutural dos sistemas de produção agrícola,
✓ Melhorar as condições de vida para as pequenas explorações e desenvolver os
mercados locais;
o Reformas de 2021-2027

o A Nova PAC - Dois Pilares

1º Pilar:

✓ Pagamentos diretos aos agricultores

A reforma de 2003 e as reformas subsequentes dissociaram grande parte das ajudas diretas
à produção.

✓ Organização comum de mercado única

As sucessivas reformas levaram, em 2007, à fusão das 21 OCM (organização comum de


mercado) específicas numa única OCM que abrange todos os produtos agrícolas.

2º Pilar:

✓ Desenvolvimento rural

A política de desenvolvimento rural da UE visa apoiar as áreas rurais e enfrentar diversos


desafios económicos, ambientais e sociais do século XXI.

A PAC é financiada através de dois fundos, no quadro do orçamento da UE:

o O Fundo Europeu Agrícola de Garantia (FEAGA), que presta apoio direto aos
agricultores e financia medidas de mercado;
o O Fundo Europeu Agrícola de Desenvolvimento Rural (FEADER), que financia o
desenvolvimento rural.
o Portugal e a PAC...
✓ Aquando da adesão de Portugal à CEE, o Programa Específico de Desenvolvimento
da Agricultura Portuguesa (PEDAP) permitiu:

✓ o desenvolvimento da formação profissional e da investigação;


✓ a melhoria das estruturas de produção;
✓ o melhoramento fundiário (feito, por exemplo, através do emparcelamento).

✓ Ao longo dos anos a implementação das reformas da PAC trouxe, para Portugal:

✓ Acesso a importantes transferências financeiras com vantagens negociais.


✓ Decréscimo do grau de autoaprovisionamento, que passou de 80% à época da adesão
para cerca de 70% no início do século XXI.
✓ Redução de mais de 60% da mão de obra total das explorações.
✓ Aumento do rendimento per capita da população ativa agrícola, devido à grande
redução de mão de obra.
✓ Melhoria notável da qualidade dos produtos agroalimentares, alguns dos quais com
qualidade ligada a origens geográficas ou a métodos de produção específicos.
✓ Decréscimo da produção vegetal (essencialmente da redução da produção de cereais –
aplicação do set-aside) e aumento da produção animal e da área de pastagens.
✓ Redução do peso da agricultura no emprego e na economia. O peso da mão de obra
agrícola na mão de obra total passou de 20%, à época da adesão, para cerca de 7%, em
2020. A contribuição do VAB agrícola para o PIB passou de 9% para menos de 2%,
em 2020.
✓ Redução de mais de 50% do número de explorações agrícolas, que se deveu sobretudo
ao decréscimo acentuado das explorações de menor dimensão (reestruturação forçada
das explorações agrícolas).
✓ Aumento da dimensão média das explorações, de 6,3 ha, aquando da adesão, para
13,7 ha, em 2019.
✓ Apoios concedidos para o aumento das áreas de regadio.

o problemas estruturais da agricultura portuguesa:


✓ Produção;
✓ Transformação;
✓ Comercialização;
✓ Características das explorações agrícolas, do setor agroindustrial e da população
agrícola;
✓ Reflexos da PAC;
✓ Os condicionalismos a nível técnico.
o Características das explorações agrícolas:
✓ Estrutura Fundiária:

Predomínio de explorações de muito pequena dimensão (73% das explorações tinham, em


2019, menos de 5 ha), principalmente a norte do rio Tejo.

Elevada fragmentação das explorações, sobretudo a norte do rio Tejo.

Reduzidos níveis de rendimento e produtividade agrícola

Entraves à mecanização da agricultura

✓ Gestão das explorações:

Grande maioria das explorações gerida por produtores singulares (94,5%, em 2019).

Reduzido número de sociedades agrícolas.

Predomínio da exploração por conta própria (95,5%, em 2019).

Fraco associativismo

Elevado individualismo agrário

o Características da população agrícola


✓ Número de efetivos- Em 2019, registaram-se menos 14,4% de ativos agrícolas face a
2009.
✓ Tipo de mão de obra- 70% da população ativa agrícola era, em 2019, mão de obra
familiar; mão de obra não familiar e a contratação de serviços pouco expressivos.
✓ Estrutura etária- Elevado envelhecimento da mão de obra agrícola (52,5% com 65 ou
mais anos).
✓ Produtividade e plurirrendimento- A maioria dos produtores agrícolas tinha, em
2019:
- habilitações ao nível do 1.° CEB (46,3%);
- formação agrícola exclusivamente prática (53%).
✓ Instrução e qualificação profissional- Em 2019, a grande maioria dos produtores
agrícolas:
- dedicava-se a tempo parcial à atividade (86,9%);
- tinha rendimentos sobretudo de origem exterior à exploração (84,6%).

• Baixa produtividade

• Fraca competitividade

• Baixa recetividade à mudança e à inovação

• Reduzido espírito de iniciativa

• Fraco empreendedorismo
o Reflexos da PAC
✓ Reestruturação das explorações: Diminuição significativa do número de explorações
agrícolas (mais de 50% entre 1989 e 2019).
✓ Impactes no emprego e na economia: Decréscimo da produção vegetal; Redução do peso
da mão de obra agrícola na mão de obra total e da contribuição da agricultura para o
PIB; Decréscimo do grau de autoaprovisionamento.

Fraca competitividade

Abandono do setor agrícola

Envelhecimento da população ativa agrícola

Aumento da dependência externa

o Características do setor agroindustrial


✓ Tecido empresarial: Reduzido desenvolvimento da indústria transformadora;
Elevada dispersão subsetorial e empresarial.
✓ Dependência externa: Fraco peso negocial das empresas no mercado internacional;
Grande dependência das importações; Elevado peso dos custos operacionais
(ex.: energia e transportes).
Obstáculos ao desenvolvimento
da indústria agroalimentar

Aumento da dependência externa

o Condicionalismos técnicos
✓ Tecnologia utilizada: Reduzida mecanização nas explorações de pequena dimensão;
Maquinaria obsoleta e com pouca eficiência energética; Deficiências ao nível da
segurança dos operadores das máquinas agrícolas.

Fraca competitividade

Baixa produtividade

Problemas ambientais
o formas de potencializar a agricultura portuguesa

- a potencialização da agricultura nacional implicará a adoção de estratégias concentradas


nos domínios de produção, da transformação e da comercialização;

domínio da produção:

✓ otimizar os processos produtivos, através do investimento em infraestruturas e


investimento em tecnologia produtiva;
✓ da seleção adequada dos solos e do redimensionamento das explorações agrícolas
através do emparcelamento;
✓ aposta na valorização e diferenciação dos produtos em que Portugal apresentava
vantagens comparativas;
✓ conciliar a produção com as necessidades de mercado;
✓ valorizar a mão de obra agrícola através de incentivos ao rejuvenescimento da
população agrícola e da maior aposta na qualificação e formação;
✓ apostar em novos produtos que se coadunem com novos conceitos de alimentação;
✓ valorizar a sustentabilidade de produção;

domínio da transformação

✓ aumentar a incorporação de matérias primas nacionais;


✓ desenvolver novas tecnologias de processamento e conservação de alimentos;
✓ promover sinergias entre os diferentes intervenientes no setor no domínio da
comercialização;
✓ criação de mais cooperativas agrícolas;
✓ investir em estruturas de recolha, tratamento, armazenamento e expedição dos
produtos;
✓ comercializar novos produtos alimentares orientados para nichos de mercados com
necessidades nutricionais específicas;
✓ apostar nos países emergentes;
✓ apostar na comunicação e na promoção dos produtos portugueses;
✓ apostar na criação de mais parcerias com instituições ligadas à inovação;

o oportunidades de desenvolvimento para as áreas rurais

- o espaço rural deve ser considerado como um espaço atrativo e sustentável, permitindo a
diversificação da sua economia, como o objetivo de favorecer:

✓ o aumento da competitividade da agricultura e da silvicultura; a gestão


sustentável dos recursos naturais; o desenvolvimento territorial equilibrado e a
fixação da população; a valorização e conservação do património cultural; a
criação da riqueza através de oportunidades de negócio e criação e manutenção de
emprego;
✓ a contribuição da PAC para os objetivos de desenvolvimento rural da UE é
apoiada pelo FEADER, que está orientado por três objetivos principais:
✓ fomentar a competitividade do setor agrícola; garantir a gestão sustentável dos
recursos naturais e ações no domínio do clima; alcançar um desenvolvimento
territorial equilibrado das economias e comunidades rurais;
o o Turismo em Espaço Rural

- o turismo é motor de desenvolvimento do espaço rural e, através dos seus efeitos


multiplicadores, favorece:

✓ a sustentação do rendimento dos agricultores; a diversificação de atividades


relacionadas com a exploração agrícola; a pluriatividade; o desenvolvimento de novos
serviços; a conservação e melhoria da natureza e do ambiente paisagístico; uma
aposta mais uniforme nas infraestruturas e recursos de apoio; a recuperação de
património histórico e o apoio à arte e ao artesanato;
✓ modalidades do turismo em espaço rural: casas de campo; turismo de aldeia;
agroturismo e hotéis rurais;

o consequências da indústria nas áreas rurais

- a promoção do emprego e a criação de postos de trabalho de qualidade nas áreas rurais;


manutenção dos postos de trabalho; redução dos períodos de flutuação sazonal do emprego; o
desenvolvimento de setores não agrícolas e a transformação dos produtores agrícolas e
alimentares;

o papel dinamizador dos serviços nas áreas rurais

- os serviços têm um papel muito importante no desenvolvimento das áreas rurais, através de:
serviços básicos ligados à educação, saúde e administração; serviços pessoais como a
restauração e o comércio; serviços às empresas como os de transporte, os bancos, as
companhias de seguros e etc;

- a diversificação de serviços permite a sua utilização pela população e cria postos de trabalho
que: fixam a população local e contribuem para a melhoria do nível de vida dos habitantes;

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o diferença do espaço rural e espaço urbano

- espaço rural: espaço onde se desenvolvem atividades agrícolas, bem como as atividades
ligadas à silvicultura, à indústria, ao turismo, ao artesanato e à produção de energias
renováveis;

- espaço urbano: área de forte concentração populacional e grande densidade de construções,


que funciona como polo de atração e onde a terciarização é um fenómeno evidente;

o dificuldade em definir cidade

- é difícil estabelecer uma definição única e universal de cidade, uma vez que os critérios
variam de país para país, em função da organização política, administrativa e territorial de
cada um deles;

conceito de cidade: área com densidade populacional relativamente elevada; espaço urbano
caracterizado pela continuidade de construções e grande concentração de edifícios; elevada
concentração de atividades económicas; concentração de poder político; espaço caracterizado
pelo modo de vida urbano;
o áreas funcionais do espaço urbano

- político-administrativa: administração central, incluindo os órgãos do governo;

- religiosa: existência de santuários, peregrinação, igrejas, seminários e casas de artigos


religiosos;

- cultural: existência de universidades, bibliotecas e monumentos históricos ou religiosos;

- turística: atividades de recreio, lazer, descanso e com as férias em geral;

- industrial: presença de unidades industriais;

- defensiva: existência de castelos e de muralhas construídos para a defesa da cidade;

- residencial:fixação da população e tende a ocupar maior espaço no perímetro urbano;

- terciária: comércio e os serviços;

- funções raras: atividades fornecedoras de um bem ou serviço de utilização pouco frequente e


que, por isso, estão disponíveis nos centros urbanos de nível superior; (ex: médicos
especialistas; comércio especializado;)

- funções vulgares: atividades fornecedoras de um bem ou serviço de utilização muito


frequente, pelo que, estão disponíveis em qualquer lugar central; (ex: padaria; mercearia…)

o relação entre as funções urbanas e a renda locativa

- o centro, por regra geral, é o local da cidade com maior valorização do solo, visto que é onde
se cruzam os principais eixos de comunicação e apresenta maior acessibilidade potencial. A
procura é elevada mas a oferta é reduzida, uma vez que o espaço central é limitado e a
densidade de ocupação é elevada;

- assim, na área central, o preço do solo atinge valores extremamente altos, dando origem,
com frequência à: especulação fundiária, afastando as atividades com menor poder de
compra e atraindo as atividades mais rentáveis;

- a renda locativa diminui, devido: à diminuição da acessibilidade; à diminuição da procura


e ao aumento dos terrenos disponíveis. Esta diminui à medida que nos afastamos do centro;

- as diferenças registadas na variação do preço do solo nas três funções urbanas dominantes
devem-se à capacidade financeira de cada uma delas e ao grau de necessidade de se
localizarem no centro. Assim:

✓ atividades terciárias: por registarem um elevado número de utilizadores, apresentam


maior capacidade financeira para se localizarem no centro e são o tipo de atividades
que mais compete por esta localização central.
✓ atividade industrial: ocupa sobretudo espaços mais vastos, sendo a que menos
compete pela localização nas áreas centrais;
✓ atividade residencial: está numa situação intermédia, embora seja necessário ter em
conta as características morfológicas e as classes sociais a que se destinam;
o áreas funcionais de uma cidade, as áreas terciárias

CBD (Central Business District)


- área localizada no centro da cidade, de grande acessibilidade e onde se assiste a uma
grande concentração de edifícios ocupados por funções do setor terciário. Caracteriza-se pela
grande concentração de população flutuante.

As áreas terciárias: O CBD (Central Business District)

✓ pela boa acessibilidade por transportes coletivos;


✓ pela construção em altura, devido a ser uma área restrita e à forte competição pelo
espaço;
✓ pela forte terciarização do espaço, marcada pela elevada concentração de atividades
terciárias, das quais se destacam:

- o comércio, quer seja especializado, normalmente associado a artigos de luxo, quer seja
vulgar (cafés, pastelarias, restaurantes, ...), destinado a servir a pouca população que aí
vive ou a população que aí se desloca para trabalhar ou visitar;

- a atividade turística, que regista uma crescente procura destas áreas centrais;

- os espaços de cultura e lazer, como os teatros e os museus;

- as sedes de bancos, de empresas de grande projeção, de companhias de seguros e bolsa de


valores;

- os órgãos da Administração Pública, como ministérios, tribunais superiores, governos


regionais ou municipais.

✓ pela fraca representatividade da função residencial, dada a migração da população


para as áreas periféricas, sendo possível
✓ estabelecer um contraste entre:

- os pisos superiores dos edifícios mais antigos e degradados, habitados por uma
população envelhecida ou recém-imigrada;

- uma habitação de luxo em áreas renovadas, ocupada de forma permanente por uma
população de elevado estrato socioeconómico, ou ocupada temporariamente por turistas e
visitantes, sobretudo em regime de aluguer de curta duração.

✓ pela grande concentração de população flutuante, o que determina, durante o dia, um


trânsito intenso e engarrafamentos frequentes, e, durante a noite, um significativo
esvaziamento humano.
o o zonamento vertical

- atividade comercial: exige um maior contacto com o consumidor, ocupa, sobretudo, o rés do
chão dos edifícios, para que os clientes possam ver os produtos expostos nas montras;

- funções menos nobres, ou com menor necessidade de contacto com o público de passagem
(armazéns, oficinas e habitação), ocupam os pisos superiores;

- função industrial é diminuta, encontrando-se no CBD unidades de pequena dimensão, que


fabricam produtos raros e de alto valor (ex.: ótica e joalheria), ou que requerem contacto direto
com o cliente, como a alta costura.

o o zonamento horizontal

- o centro financeiro, onde se concentram as sedes dos bancos e das companhias de seguros, a
bolsa de valores e as sedes das grandes empresas;

- o centro comercial e de serviços, onde predomina o comércio retalhista (venda de produtos


diretamente ao consumidor), os hotéis e outros alojamentos turísticos e os restaurantes;

- o centro de diversões e de lazer, que concentra os teatros, bares, discotecas, entre outros;

- nas margens do centro, pode encontrar-se comércio grossista (venda de produtos, em


grandes quantidades, destinados à revenda por parte dos retalhistas);

o o declínio demográfico das áreas centrais


✓ os fatores responsáveis pela diminuição generalizada da função residencial no
centro, são:

- a sobrelotação do espaço e desenvolvimento dos transportes públicos;

- aumento do congestionamento de trânsito e dificuldades de estacionamento;

- o aumento da poluição sonora e atmosférica;

- degradação das habitações antigas com habitabilidade precária constituindo mesmo um


risco para a saúde e para a vida dos seus habitantes;

- a reabilitação de imóveis de alojamento e a sua conversão em alojamento local reduzirá a


oferta de habitação permanente e agravará a especulação fundiária.

o o surgimento de centralidades terciárias

- a migração das atividades terciárias para outras áreas da cidade resulta, pois, de
determinados condicionalismos a que os centros originais estão sujeitos:

- o elevado congestionamento funcional;

- a elevada especulação fundiária;

- a escassez de espaço para a expansão das atividades;

- a existência de ruas estreitas e a saturação das vias de acesso, que implicam perda de
acessibilidade;
- a expansão suburbana, que determina que o CBD já não seja muito central nem muito
acessível para a população que habita nas áreas periféricas

- as dificuldades de estacionamento.

o novas formas comerciais

- são os hipermercados e centros comerciais, e localizam-se sobretudo em áreas periféricas das


cidades, onde o preço do solo é mais baixo e há maior disponibilidade de espaço. E em locais de
boa acessibilidade

, junto de importantes eixos rodoviários e de conexão com diferentes meios de transporte (ex.:
metro), o que lhes permite ter um elevado número de consumidores.

o áreas funcionais de uma cidade, áreas residenciais

- fatores de individualização das áreas residenciais: preço do solo; qualidade ambiental e


paisagística; qualidade da rede de transportes públicos; proximidade das vias de
comunicação; imagem prestigiante do lugar;

- diferenciação social genérica:

classe alta: predomínio de vivendas e de condomínios fechados; habitações de grande


qualidade e luxo; elevado preço do solo. Localizam-se em áreas: dotadas de elevada
acessibilidade; de fraca intensidade de trânsito; de ambiente aprazível, com jardins e espaços
verdes; afastadas de unidades industriais; com baixos índices de poluição;

classe média: Ocupam uma parte significativa do espaço suburbano; preço do solo mais
reduzido; menor qualidade da construção; ocupadas essencialmente por famílias mais
jovens; constituídas principalmente por blocos de apartamentos;

classe baixa: No CBD: a função residencial é diminuta; localizam-se alojamentos antigos e


degradados, nos pisos superiores dos edifícios; Nas áreas afastadas do CBD: localizam-se os
bairros de habitação social, com o objetivo de realojar os que habitam em bairros degradados
ou que foram desalojados por catástrofes naturais; são constituídos por blocos de
apartamentos, monótonos e idênticos, de pequena dimensão, que se degradam rapidamente
devido à fraca qualidade de construção; o valor do solo é mais baixo.

o áreas funcionais de uma cidade, as áreas industriais


✓ desconcentração da indústria e a sua migração para as áreas periféricas é explicada,
essencialmente, pelos seguintes fatores:

- elevados custos do solo urbano, forte congestionamento do trânsito e interdição de


circulação de veículos pesados nas áreas centrais: grande necessidade de espaço; maior
facilidade de deslocação das matérias-primas, dos produtos finais e da mão de obra, mais
numerosa nas áreas periféricas; alterações no processo produtivo, com a segmentação da
produção; criação de parques industriais nas áreas periféricas onde o solo é mais barato.

- nas áreas centrais, a diminuta função industrial caracteriza-se pela existência de


indústrias:

- de bens de consumo pequena dimensão; ligadas aos estabelecimentos comerciais existentes ;


que produzem produtos de alto valor; que exigem contacto direto com o consumidor; que
consomem pouco espaço e pouca energia para laborarem.

o alterações recentes na organização interna das cidades

-a nobilitação urbana
Atraiu uma população mais jovem,
urbanita, cosmopolita, socialmente bem
A reabilitação urbana teve implicações ao nível
posicionada e portadora de um estilo de
da valorização fundiária e imobiliária do
vida urbano.
centro da cidade, refletindo-se na sua
composição socioeconómica.

Gentrificação

ou

Nobilitação Urbana

Processo de substituição social verificada nos centros históricos, áreas tradicionalmente habitadas por
populações com baixos recursos, provocando alterações nas características desses locais.

o o aumento da população flutuante

- o aumento do número de hotéis e de alojamentos turísticos de aluguer de curta duração,


começam a substituir as funções tradicionais da habitação para uso permanente,
arrendamento a longo prazo e o comércio local tradicional da proximidade.

- o aumento do fluxo de estudantes universitários estrangeiros que têm contribuído para o


incremento da população flutuante. Esta também conduz à gentrificação funcional, com a
multiplicação de novas unidades de alojamento e etc.

- como consequência assiste-se ao agravamento do desalojamento da população original e à


impossibilidade de a população de menores recursos aceder à habitação nessas áreas

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