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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA


CURSO DE DIREITO

KARINE SOARES DO PRADO

TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS À LUZ


DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Goiânia
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2015
KARINE SOARES DO PRADO

TRATADOS INTERNACIONAIS SOBRE DIREITOS HUMANOS À LUZ


DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL DE 1988

Artigo científico apresentado à Disciplina


Orientação Metodológica para Trabalho de
Conclusão de Curso, requisito
imprescindível à obtenção do grau de
Bacharel em Direito pela Universidade
Salgado de Oliveira.

Orientador:
Professor Ma. Ivone Elizabeth Corrêia
Santomé

Goiânia
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2015
SUMÁRIO

1 APRESENTAÇÃO.................................................................................................... 1
1.1 Tema e delimitação........................................................................................... 1
1.2 Problema........................................................................................................... 2
1.3 Justificativa ....................................................................................................... 2
2 OBJETIVOS..............................................................................................................3
2.1 Objetivo geral.....................................................................................................3
2.2 Objetivos específicos.........................................................................................3
3 HIPÓTESES............................................................................................................. 3
4 REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................5
5 METODOLOGIA....................................................................................................... 7
6 ESTRUTURA PROVÁVEL DA MONOGRAFIA .......................................................8
7 CRONOGRAMA....................................................................................................... 8
8 REFERÊNCIAS........................................................................................................ 9
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1 APRESENTAÇÃO

O presente artigo científico tem por objetivo abordar a natureza jurídica


dos tratados internacionais sobre direitos humanos no direito brasileiro, mormente
sob a ótica da vigente Constituição da República.
Desta feita, posteriormente ao ato de celebração ou adesão das normas
internacionais que versam sobre direitos humanos, as mesmas somente passarão a
produzir efeitos na ordem jurídica interna após o referendo do Congresso Nacional,
que pode ser realizado no quorum de emenda constitucional ou com quorum para
aprovação de lei ordinária, seguido do ato de promulgação e publicação, realizado
pelo Presidente da República.
Nesse diapasão, segundo a doutrina majoritária e o próprio entendimento
do Supremo Tribunal Federal, as normas protetoras dos direitos humanos aprovadas
em quorum especial serão equivalentes às emendas à Constituição, conforme
estabelecido no art. 5º, §3º da CF, acrescentado através da Emenda Constitucional
n.º 45/2004. Além do mais, ao ostentar status de norma constitucional, podem servir
de parâmetro para aferir-se a constitucionalidade dos atos normativos.
No entanto, na esteira do entendimento consolidado no Pretório Excelso,
tais normas gozam de status supralegal quando não aprovadas ou não submetidas
àquele quorum. Significa dizer, possuem posição privilegiada em relação às demais
normas, encontrando-se, todavia, sujeitas à supremacia Constituição.

1.1 Tema e delimitação

Após a introdução do § 3º no art. 5º da CF/88, por meio da emenda


constitucional nº 45/04, surgiu a possibilidade de as convenções e tratados
internacionais sobre direitos humanos ingressarem formalmente no ordenamento
jurídico brasileiro com força de texto constitucional.
Diante dessa situação, os Tribunais brasileiros se manifestaram acerca de
alguns temas de extrema relevância, como por exemplo, a prisão civil do depositário
infiel, que por influência do pacto de San José da Costa Rica, foi proibida (LENZA,
2012). Percebe-se, também, fortes tendências na doutrina de mudança no critério de
classificação da Constituição brasileira de 1988 e discussões no sentido dos
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tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos integrarem ou não o


denominado bloco de constitucionalidade. (LENZA, 2012)
Ainda merece enfoque a questão dos tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos anteriores à citada emenda, indagando
acerca da sua posição hierárquica dentro do nosso ordenamento jurídico, bem como
a questão da institucionalização dos direitos humanos na CF/88.

1.2 Problema

A principal problematica versa sobre a natureza jurídica dos tratados e as


convenções internacionais sobre direitos humanos aprovados nos moldes do §3º, do
art. 5º da CF/88, ou seja, se possuem ou não força de texto constitucional.
Há que se aduzir sobre o assunto que causa discurssão calorosa em sede
doutrinaria, no sentido de como fica a questão dos tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos anteriores à emenda nº 45/2004.
Por fim, há que se aludir sobre o que persiste em nosso ordenamento jurídico diante
da questão da prisão civil do depositário infiel.

1.3 Justificativa

A presente pesquisa tem por escopo a recepção no direito pátrio, à luz da


Constituição Federal de 1988 - CF/88, sobretudo após a emenda nº 45/2004, dos
tratados internacionais sobre direitos humanos, traçando em linhas gerais o conceito
e os principais pontos que merecem destaque destas normas da seara internacional.
Ainda, será objeto de estudo o procedimento para inserção de uma norma
internacional em nosso direito interno, bem como será tratado sobre a
institucionalização dos direitos e garantias fundamentais em nosso país, inclusive os
posicionamentos frente ao §2º do art. 5º da CF/88, consistente em um significativo
marco na evolução dos direitos humanos no Brasil.
Serão abordadas as correntes doutrinárias e jurisprudenciais acerca da natureza
jurídica dessas normas que versam sobre a proteção ao ser humano, bem como
seus reflexos na ordem jurídica interna, sobretudo em relação a questão da prisão
civil do depositário infiel, e ainda, a possibilidade de um tratado internacional sobre
direitos humanos servir de parâmetro para aferir a constitucionalidade de um ato
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normativo e a tendência de alteração no modo de classificação da CF/88.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Desenvolver estudos sobre a recepção dos tratados e convenções internacionais


sobre direitos humanos no direito constitucional pátrio, abordando sua natureza
jurídica e efeitos na ordem jurídica vigente.

2.2. Objetivos Específicos

Definir a natureza jurídica dos tratados e convenções internacionais sobre direitos


humanos antes e após a inserção do § 3º ao art. 5º da CF/88.
Explicitar as teorias existentes acerca da natureza jurídica das convenções e
tratados internacionais que versam sobre direitos humanos.
Demonstrar os reflexos na ordem jurídica infraconstitucional em decorrência dos
tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos.

3 HIPÓTESES

O Supremo Tribunal Federal e parte da doutrina têm se manifestado pela


supralegalidade dos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos,
atribuindo-lhe superioridade em relação às leis e inferioridade em relação à
Constituição, entretanto, alguns ministros do prefalado Tribunal e boa parte dos
doutrinadores advogam a tese do status constitucional das referidas normas, além
de outras teses minoritárias. (BULOS, 2010)
Nesse diapasão, há quem sustenta a tese que o §2º do art. 5º da CF/88,
ao estabelecer que os direitos e garantias expressos na Constituição não excluem
outros decorrentes do regime e dos princípios por ela adotados, ou dos tratados
internacionais em que o Brasil seja parte, conferiu uma abertura material à
Constituição. Sendo assim, os tratados e convenções internacionais sobre direitos
humanos ratificados pelo Brasil seriam incluídos no nosso ordenamento jurídico
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interno, passando a ser considerados como se escritos na Constituição estivessem.


(MAZZUOLI, 2010)
Assim, caso venha a ser considerado que os tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos não possuem força de texto constitucional,
por consequência, os mesmos não poderiam integrar o bloco de constitucionalidade,
nem acarretaria mudanças no critério de classificação da Constituição.
Todavia, boa parte da doutrina entende que os tratados internacionais
sobre direitos humanos somente terão força constitucional se forem aprovados por
3/5 dos votos de seus membros, em cada Casa do Congresso Nacional e em dois
turnos de votação. (LENZA, 2012)
Em relação aos tratados e convenções internacionais que versam sobre
direitos humanos anteriores à emenda constitucional nº 45/2004, estes possuem
paridade normativa com as leis ordinárias, sendo necessário, para se atribuir status
constitucional aos mesmos, a confirmação pelo quorum qualificado. (LENZA, 2012)
Caso admita-se a índole constitucional dos tratados e convenções
internacionais sobre direitos humanos seja materialmente (art. 5º, §2º, da CF/88),
quanto material e formalmente (art. 5º, §3º, da CF/88), estar-se-ia considerando que
os mesmos integram o denominado bloco de constitucionalidade, podendo, portanto,
servir de paradigma para declaração de inconstitNucionalidade de uma lei. (BULOS,
2010)
O Supremo Tribunal Federal postulou o entendimento acerca da
impossibilidade da prisão civil do depositário infiel, atribuindo uma supralegalidade
ao Pacto San José da Costa Rica. Assim, sob esse argumento, os tratados e
convenções internacionais sobre direitos humanos não submetidos ao quorum do
art. 5º, §3º da CF/88, quando então teriam força de texto constitucional, seriam
inferiores à Constituição, porém, possuiriam um status privilegiado em relação ao
ordenamento jurídico, não se equiparando, portanto, à legislação ordinária.(LENZA,
2012)
Nesse sentido, é possível concluir que a menção constitucional no art. 5º,
inciso LXVII não foi revogada pela ratificação do Pacto de San José da Costa Rica, o
que ocorreu foi que toda legislação infraconstitucional que disciplina a matéria
deixou de ter aplicabilidade em face do referido tratado, ocorrendo a denominada
força paralisante. (LENZA, 2012).
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4 REFERENCIAL TEÓRICO

O presente trabalho tem por escopo explanar acerca da recepção no


direito pátrio, à luz da Constituição Federal de 1988, sobretudo, após a emenda nº
45/04, a qual introduziu o § 3º no art. 5º da CF/88, das convenções e tratados
internacionais sobre direitos humanos e seus reflexos na legislação
infraconstitucional.
Anteriormente à prefalada emenda, a doutrina e jurisprudência,
postulavam o entendimento de que as normas internacionais que versavam sobre
direitos humanos ingressavam no ordenamento jurídico pátrio em nível de legislação
ordinária.
Todavia, após a criação do aludido parágrafo, surgiu a possibilidade
expressa na Constituição de 1988, de os tratados internacionais e convenções sobre
direitos humanos serem incorporados ao direito brasileiro com força constitucional.
Além do mais, por se tratar de matéria constitucional, o tema tem sido
objeto de discussões na doutrina e nos tribunais brasileiros, tornando-se, portanto,
indispensável se conhecer acerca da natureza jurídica da convenção ou tratado
aderido ao direito pátrio, uma vez que a Constituição é a norma suprema do nosso
Estado, e serve de fundamento e validade para toda legislação infraconstitucional.
Nesse sentido, percebe-se a importância do assunto proposto, pois, com
a Reforma do Judiciário (EC n. 45/2004), que acrescentou o § 3.º ao art. 5º, foi feita
uma diferenciação entre os tratados e convenções internacionais sobre direitos
humanos e os tratados e convenções internacionais de outra natureza. (LENZA,
2012).
Destaca-se, ainda, comprovando a pertinência do tema, a seguinte
indagação: em caso de conflito entre o Direito Internacional sobre Direitos Humanos
e o Direito Interno, ainda que este último envolva preceito da própria Constituição,
como proceder? (GONÇALVES, 2010)
Ainda, pontua-se acerca da existência de quatro correntes que tentam
explicar a natureza jurídica dos referidos tratados e convenções sobre direitos
humanos, sabe-se, também, da celeuma enfrentada pelo Supremo Tribunal Federal
ao posicionar-se sobre o assunto proposto.
Impende frisar, todavia, que apesar do Supremo Tribunal Federal ter se
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posicionado sobre o tema, o mesmo ainda é objeto de calorosas discussões na


doutrina. Além do mais, o Min. Celso de Mello, embora minoritário, sustenta a tese
de natureza constitucional em razão da matéria, inclusive ampliando o conceito de
bloco de constitucionalidade1. (LENZA, 2012)
Nesse diapasão, é mister enfatizar o art. 5º, §3º, resultante da EC
45/2004, conferiu aos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos
uma posição privilegiada e especial no ordenamento jurídico, uma vez que os
equiparou às emendas constitucionais. (BULOS, 2010).
Há quem pense que a inserção do § 3º no art. 5º da Carta Magna
regulamentou o § 2º do referido dispositivo, explicitando o processo legislativo
específico dos tratados internacionais sobre direitos humanos. Assim, ao
regulamentar o supracitado artigo, confirmou a abertura material existente na
Constituição em relação aos direitos fundamentais. (HOLTHE, 2009)
O referido dispositivo é objeto de duras críticas por parte da doutrina
internacionalista, uma vez que o mesmo não determinou expressamente a natureza
constitucional de todos os tratados internacionais sobre direitos humanos ratificados
pelo Brasil, pois tal medida evitaria problemas de interpretação constitucional, bem
como contribuiria para afastar de vez o arraigado equívoco que assola boa parte dos
constitucionalistas pátrios, no que diz respeito à normatividade internacional de
direitos humanos e seus mecanismos de proteção. (MAZZUOLI, 2010)
Outros países, tais como Argentina, Portugal e Alemanha também
adotaram em seus ordenamentos constitucionais a possibilidade de tratado ou
convenção internacional serem aderidos ao direito interno com força de norma
constitucional, objetivando a maior efetividade dos direitos fundamentais. (MORAES,
2008)
Interessante notar que a jurisprudência e a doutrina vêm sedimentando o
entendimento de aplicação da maior efetividade aos direitos fundamentais,
acarretando, deste modo, reflexos na ordem infraconstitucional brasileira. Tomamos
como exemplo, a impossibilidade de prisão civil do depositário infiel, em decorrência
do Pacto de San José da Costa Rica (Convenção Americana sobre Direitos
Humanos) o qual foi aprovado no Brasil pelo Decreto Legislativo n. 27 e promulgado
pelo Decreto n. 678.

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Segundo Pedro Lenza, bloco de constitucionalidade é o que deverá servir de parâmetro para que se possa realizar a
confrontação e aferir a constitucionalidade de uma lei.
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5 METODOLOGIA

A pesquisa quanto aos objetivos se caracteriza como explicativa, uma vez


que os dados coletados nos permite explicitar o tema de forma bastante satisfatória.
Quanto aos procedimentos de investigação, a pesquisa se revela bibliográfica, pois
será baseada em toda bibliografia relacionada ao assunto proposto, sobretudo nas
fontes doutrinárias e jurisprudenciais (LAKATOS E MARCONI, 2003). Ressalte-se,
ainda, o caráter descritivo da pesquisa, uma vez que será feita através de análise
rigorosa do assunto no intuito de compreender e diagnosticar o problema
(MEZZAROBA E MONTEIRO, 2009)
No que se refere aos métodos, a pesquisa será dedutiva, já que
abrangerá as teorias existentes acerca do assunto proposto, com o objetivo de
conjugá-las e encontrar a solução mais razoável, portanto, busca-se com esse
método chegar a conclusões formais através das premissas pré-estabelecidas
(MEZZAROBA E MONTEIRO, 2009).

6. ESTRUTURA PROVÁVEL DO TRABALHO DE CURSO

6.1. Artigo Científico

RESUMO
INTRODUÇÃO
1. OS TRATADOS E CONVENÇÕES INTERNACIONAIS
1.1. Noções Gerais
1.2. Procedimento para inserção de tratados e convenções no direito brasileiro
1.3. O §2º do art. 5º da CF/88 e a tendência em se atribuir natureza constitucional
aos tratados e convenções internacionais sobre direitos humanos

2. OS DIREITOS HUMANOS NA CF/88


2.1. A institucionalização dos direitos e garantias fundamentais na CF/88
2.2. A Emenda Constitucional n. 45/2004 e a inserção do § 3º no art. 5º da CF/88
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2.3. Natureza jurídica dos tratados sobre direitos humanos


3. OS REFLEXOS NA ORDEM JURÍDICA BRASILEIRA
3.1. Solução de eventual conflito entre os tratados e convenções internacionais
sobre direitos humanos e a Constituição de 1988
3.2. A questão da prisão civil do depositário infiel
3.3. Bloco de constitucionalidade e os tratados internacionais sobre direitos
humanos

CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS

7 CRONOGRAMA

R
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A
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el Re r D d tre
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Período eç vis a is o ga
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h
o
Fevereiro
2 Março
9

0 Abril
1 Maio
3 Junho
Julho

8 REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1998). Constituição da República Federativa do Brasil.


Brasília, DF: Senado, 1988.

BULOS, Uadi Lammêgo. Direito Constitucional ao alcance de todos. 2. ed. São


Paulo: Saraiva, 2010.

CARVALHO, Kildare Gonçalves. Direito Constitucional. 16. ed. Belo Horizonte: Del
Rey, 2010.

HOLTHE, Leo Van. Direito Constitucional. 5. ed. Salvador: JusPodivm, 2009.

LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fundamentos de


Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2003.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 16. ed. São Paulo: Saraiva,
2012.

MAZZUOLI, Valerio de Oliveira. Curso de Direito Internacional Público. 4. ed. São


Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.

MEZZAROBA, Orides; MONTEIRO, Cláudia Servilha. Manual de Metodologia de


Pesquisa no Direito. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.

MORAES, Alexandre de. Direito Constitucional. 23. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

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