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CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

AP3 – TÉCNICAS E MATERIAIS DE


CONSTRUÇÃO II

UM ESTUDO SOBRE O USO POPULAR DO AÇÚCAR CRISTAL COMO


RETARDADOR DO TEMPO DE INÍCIO DE PEGA DO CONCRETO

Dias, Átila
Átila Dias Soares
Centro Universitário INTA

1
– Centro Universitário INTA, Brasil. E-mail: atiladiassoares@gmail.com

RESUMO
O uso do açúcar cristal como retardante do início de pega para misturas de cimento Portland é
uma técnica amplamente reconhecida no Brasil. Essa prática permite uma maior
trabalhabilidade da mistura durante a construção, estendendo o tempo disponível para
manuseio. No entanto, a popularidade do açúcar cristal também é associada a mitos, como a
ideia de que ele reduz a porosidade do concreto. A pesquisa realizada abordou a diversidade
de açúcares disponíveis e destacou a possibilidade de resultados divergentes devido a
propriedades como estabilidade alcalina e capacidade de ligação ao cálcio presente no
cimento. Foi observado que diferentes tipos de açúcar e cimento podem influenciar os
resultados, tornando essencial uma abordagem cuidadosa em experimentos. A interação do
açúcar com o cimento durante o processo de hidratação foi analisada, revelando que a
sacarose interfere no processo, formando uma superfície semipermeável que aumenta o tempo
de pega. Embora o uso do açúcar cristal seja difundido, estudos indicam uma proporção limite
de 0,35% na dosagem de concreto para otimizar o desempenho. A pesquisa também ressaltou
a falta de estudos sobre o tema e a disseminação da prática sem um método consistente de
controle. O uso inadequado do açúcar cristal pode comprometer a resistência e a plasticidade
do concreto, resultando em prejuízos econômicos e ambientais, pois o descarte inadequado do
material impacta negativamente o meio ambiente. Para garantir resultados satisfatórios, é
recomendado um limite de 0,50% de sacarose na dosagem de concreto. No entanto, o efeito
dessa adição pode afetar a plasticidade nos primeiros dias de cura, influenciando na
resistência aos 7 dias. Essa variabilidade pode comprometer a segurança estrutural e a
eficiência máxima ao escoamento do concreto previsto, colocando em risco o estado limite
último da estrutura. Portanto, a dosagem responsável do açúcar cristal é crucial para evitar
impactos negativos na qualidade do concreto e no meio ambiente.

Palavras-chave: Aditivo, Sacarose, Argamassa, Traço, Dosagem;


ABSTRACT
The use of crystal sugar as a setting retardant for Portland cement mixtures is an extremely
recognized technique in Brazil. This practice allows for greater workability of the mixture
during construction, extending the time available for this. However, the popularity of crystal
sugar is also associated with myths, such as the idea that it reduces the porosity of concrete.
Research carried out on the diversity of sugars available highlighted the possibility of
divergent results due to properties such as alkaline stability and calcium binding capacity
present in cement. It has been observed that different types of sugar and cement can influence
the results, making a careful approach in experiments essential. The interaction of sugar with
cement during the hydration process was proven, revealing that sucrose interferes in the
process, forming a semi-permeable surface that increases setting time. Although the use of
crystal sugar is widespread, studies indicate a limit of 0.35% in concrete dosage to improve
performance. The research also highlighted the lack of studies on the topic and the
dissemination of the practice without a consistent method of control. The inappropriate use of
crystal sugar can compromise the strength and plasticity of concrete, resulting in economic
and environmental losses, as inadequate disposal of the material impacts the environment. To
ensure overwhelming results, a limit of 0.50% sucrose in the concrete dosage is
recommended. However, the effect of this addition can affect plasticity in the first days of
curing, influencing resistance after 7 days. This variability can compromise structural safety
and maximum concrete flow efficiency, putting the ultimate limit state of the structure at risk.
Therefore, responsible dosing of crystal sugar is crucial to avoid negative impacts on the
quality of concrete and the environment.

Key Words: Additive, Sucrose, Mortar, Trace, Dosage;

1 INTRODUÇÃO

O açúcar cristal usado como efeito retardante do início de pega para misturas
compostas de cimento Portland é conhecido como uma técnica popular que se destacou em
várias regiões do Brasil (LAGUNA, 2002).
O efeito retardador do cimento em seu tempo de pega é de interesse aplicável pois
permite que o colaborador tenha um tempo maior para a sua trabalhabilidade no manuseio da
mistura para fins construtivos. (ARAUJO, 2019).
De acordo com Laguna (2002), o mito de que a presença do açúcar na composição da
mistura “elimina” o ar presente no concreto durante a pega torna-o menos poroso contribuiu
para a sua popularização.
É necessário evidenciar que, devido a composição de diferentes tipos de açúcares de
variadas marcas, espera-se incompatibilidade em alguns resultados graças a propriedades
como estabilidade alcalina, capacidade de ligação ao cálcio presente no cimento Portland,
dentre outras, que podem se diferir em experimentos utilizando a mesma dosagem. Sendo
assim, percebeu-se que determinados tipos de açúcar tem uma maior capacidade reagente,
assim como diferentes tipos de cimento podem influenciar no resultado devido a necessidade
de uma maior presença de sacarose em sua mistura (ARAÚJO, 2019).
2 MATERIAIS E MÉTODOS

O presente resumo teve como método de estudo uma pesquisa sistemática em busca do
uso dos derivados da cana-de-açúcar. Nele foram utilizados os sítios ou endereços de busca
tais como Google Acadêmico, SciElo-Brasil, Elsevier, Science Direct e para selecionar as
diferentes pesquisas o autor optou por diferentes artigos, revistas e resumos publicados entre
os anos de 2019 à 2023, com artigos específicos achados para uma melhor especificidade das
informações, dado a escassez de produções acadêmicas sobre o tema. As buscas se ampliaram
para artigos em inglês para aumentar a quantidade de resultados. Palavras chave como
concreto, açúcar cristal e aditivo foram usadas na pesquisa.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A capacidade de reação dos compostos cimentícios está diretamente relacionada na


sua constituição. O cimento Portland, que é composto entre seus ingredientes de silicatos e
aluminatos, reagem com a água no processo de hidratação para então seus reagentes
apresentarem uma propriedade aglomerante desejada. A função retardante do açúcar cristal
está ligada diretamente a esse processo de hidratação (ARAÚJO, 2019).
Um estudo feito por Juenger e Jennings (2002) explica que o princípio para aa
interação do açúcar com o cimento consiste na sua interferência durante o processo de
hidratação. Observou-se que a sacarose, molécula contida na substância absorve as partículas
de cimento e forma uma superfície semipermeável que, por consequência, aumenta o tempo
de pega do concreto impedindo temporariamente de concluir sua reação de hidratação. Além
desses, outros estudos envolvendo a sacarose por envenenamento por nucleação, sob
condições propostas em laboratório foram confirmados.
Embora o uso de açúcar cristal tenha se popularizado devido a sua propriedade de
retardar o tempo de início de pega das argamassas, uma análise segundo Araújo (2019), feita
com diferentes concentrações de açúcar dissolvido na água de amassamento das pastas de
cimento propôs deve-se exister uma proporção limite de 0,35% de açúcar na dosagem de
concreto para que se tenha um desempenho máximo do produto.

4 CONCLUSÃO

O açúcar cristal, com sua facilidade de acesso pela população, se tornou um aditivo
difundido entre as regiões do Brasil. Devido as suas propriedades retardantes no concreto, ele
é usado para contribuir com o aumento do tempo de início de pega das argamassas e do
concreto.
Com a escassez de estudos sobre o tema, esta medida vem sendo difundida sem um
método que assegure de forma consistente o controle do início do processo de hidratação da
mistura. Sem a dosagem de forma responsável, a adição de açúcar cristal pode comprometer a
resistência e a plasticidade em sua trabalhabilidade, pondo em risco a qualidade do concreto,
seja usinado ou produzido em campo.
Tal efeito pode gerar tanto prejuízos econômicos quanto ambientais, visto que o
concreto geralmente é ser descartado quando não se tem o resultado esperado para a estrutura
em questão.
Esse ato prejudica o planejamento financeiro da obra ou das usinas de concreto com o
descarte de material, assim como pode impactar significativamente o meio ambiente se
descartado de forma incorreta, contribuindo ainda mais para a poluição ambiental que a
construção civil é responsável.
Portanto, para determinadas obras que desejam utilizar o açúcar cristal, deve-se medir
de forma responsável na dosagem de concreto ou argamassa. Segundo Araújo, a dosagem de
sacarose não pode exceder 0,50% do traço utilizado.
Para além disso, o efeito que isto causa no concreto ou argamassa é de manter a
plasticidade da estrutura nos primeiros dias de cura, influenciando na sua resistência prevista
aos 7 dias, tempo utilizado para remoção de possíveis escoras e uso de serviço.
Ademais, tal feito pode também influenciar na resistência da estrutura devido a não
fidelidade dos dados encontrados após 28 dias. Comprometendo a segurança da mesma e das
pessoas que a utilizam, quando, em projeto, a estrutura foi planejada para suportar cargas
calculadas a partir do fck previsto na dosagem, porém, na realidade, a estrutura não pode
desenvolver sua eficiência máxima ao escoamento do concreto previsto, correndo o risco de
chegar em seu estado limite último (ELU).
REFERÊNCIAS

ARAÚJO, Márcia Christyne de Lima. Uso popular do açúcar cristal como retardador do
tempo de início de pega e sua influência em pastas de Cimento Portland. Orientadora:
Ana Cecília Vieira da Nóbrega. 2019. 41 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) –
Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal de Pernambuco. Caruaru, 2019.
LAGUNA, L. A. A influência da sacarose no tempo de pega do cimento. Consultoria
técnica Intercement. 2002
GARCI JUENGER, M. C.; JENNINGS, H. M. New insights into the effects of sugar on the
hydration and microstructure of cement pastes. Cement and Concrete Research, v. 32, n.
3, p. 393–399, 2002.

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