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By @kakashi_copiador

Aula 61 - Profa.
Graziela
Medicina Veterinária p/ Concursos -
Curso Regular - 2023

Autor:
Ana Paula Salim, Graziela Kopinits
de Oliveira

05 de Setembro de 2023

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Ana Paula Salim, Graziela Kopinits de Oliveira
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Índice
1) Controle da dor e fisiopatogernia da dor
..............................................................................................................................................................................................3

2) Avaliação da dor
..............................................................................................................................................................................................
12

3) Tratamento da dor
..............................................................................................................................................................................................
21

4) Lista de questões - dor e analgesia


..............................................................................................................................................................................................
38

5) Questões comentedas - dor e analgesia


..............................................................................................................................................................................................
50

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APRESENTAÇÃO DO CURSO
Olá, corujinhas, hoje vamos aprender um pouco mais sobre Controle da dor, para te auxiliar

no concurso desejado, objetivando seu sucesso. Através desse material trazemos a vocês, alunos,

uma visão direcionada e baseada em conteúdos rotineiramente abordados em editais e provas de

concursos das bancas mais conceituadas de medicina veterinária.

A forma de abordagem de nosso curso atende tanto o aluno que está iniciando os estudos

na área, como aquele que está estudando há mais tempo, além de trazer conceitos importantes

para facilitar o entendimento do conteúdo.

Então vamos começar e trilhar juntos a sua jornada de APROVAÇÃO no concurso desejado!

Bom estudo!! E contem comigo.

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CONTROLE DA DOR

Considerações Iniciais

A Associação Internacional para o Estudo da Dor fornece a definição ampla de dor como “uma

experiência sensorial e emocional desagradável associada a dano tecidual real ou potencial, ou

descrita em termos de tal dano”, sendo a dor considerada o quinto sinal vital.

A capacidade de sentir dor é universalmente compartilhada por todos os mamíferos e outros


==d8eaf==

vertebrados, incluindo peixes, aves, répteis e anfíbios. Observações fisiológicas e

comportamentais mostram que os animais experimentam o aspecto sensorial da dor, mas também

o desagrado, a aversão e as emoções negativas associadas a essa experiência. A senciência animal

refere-se à capacidade dos animais de sentir emoções positivas e negativas e é observada por

animais que buscam prazer e evitam o sofrimento1.

A analgesia apropriada deve ser usada em combinação com uma avaliação adequada e eficaz da

dor. Uma abordagem multimodal para um bom controle da dor é essencial para garantir um

resultado bem-sucedido e evitar a dependência excessiva da farmacoterapia2.

Antes de iniciarmos o estudo de dor e analgesia, vamos relembrar alguns termos que podem ser

cobrados nas questões de concurso3,4.

 Algesia: sensação de dor;

1
Monteiro, B.P. et al. 2022 WSAVA guidelines for the recognition, assessment and treatment of pain. Journal of Small
Animal Practice, v.64, n.4, p.177-254, 2023.
2
Bradbrook, C.A.; Clark, L. State of the art analgesia- recent developments in pharmacological approaches to acute
pain management in dogs and cats. Part 1. The Veterinary Journal, v.238, p.76–82, 2018.
3
Fox, S.M. Chronic Pain in Small Animal Medicine, 2ed., NW: CRC Press, 2023.
4
Beckman, B. Anesthesia and Pain Management for Small Animals. Vet Clin Small Anim., v.43, p.669–688, 2013.

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 Analgesia: ausência de sensação de dor;

 Nocicepção: processamento de estímulos nocivos resultando na percepção da dor pelo

cérebro. Transdução, transmissão e modulação compreendem os componentes da nocicepção;

 Alodinia: é a dor devido a um estímulo que normalmente não provocaria dor;

 Hiperalgesia: resposta aumentada a um estímulo que normalmente é doloroso;

 Oligoanalgesia: alha em reconhecer e fornecer analgesia em pacientes com dor aguda;

 Dor crônica: resulta de estímulos nocivos sustentados, como inflamação contínua, ou

pode ser independente da causa desencadeante. É desadaptativa e não oferece nenhuma função

biológica útil ou vantagem de sobrevivência. Assim, a dor crônica pode ser considerada uma

doença por si;

 Analgesia multimodal: administração de uma combinação de fármacos de diferentes

classes farmacológicas, bem como formas e técnicas de administração diversas;

 Nocicepção: atividade fisiológica de transdução, transmissão e modulação de estímulos

nocivos;

 Dor nociceptiva (dor fisiológica): dor aguda cotidiana, proposital, de curta duração e

relativamente fácil de tratar;

 Dor neuropática: decorre de lesão ou sensibilização do sistema nervoso periférico (SNP)

ou do sistema nervoso central (SNC);

 Analgesia preemptiva: bloqueio pré-cirúrgico da nocicepção destinado a prevenir ou

diminuir a dor pós-cirúrgica ou a hipersensibilidade à dor;

 Dor patológica (dor inflamatória, dor neuropática): implica lesão tecidual, não transitória,

podendo estar associada a significativa inflamação tecidual e lesão nervosa.

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Antes de iniciar, gostaria de deixar um convite a vocês: CURTAM NOSSA PÁGINA NO

INSTAGRAM, ESPECÍFICA DA SAÚDE. Lá teremos diversas informações úteis. Aproveitem!

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Fisiopatogenia da dor

A percepção da dor representa o produto de um sistema de processamento de informações

neurológicas, resultante da interação de mecanismos facilitadores e inibitórios em todo o sistema

nervoso periférico e central. A experiência consciente de dor aguda resultante de um estímulo

nocivo é mediada por um sistema sensorial nociceptivo de alto limiar. Os nociceptores são

terminações nervosas livres (fibras aferentes/sensoriais primárias) com seus corpos celulares

localizados na raiz dorsal e nos gânglios trigêmeos. As fibras nervosas aferentes primárias que

transportam informações dessas terminações nervosas livres para sua localização central consistem

em dois tipos principais: fibras C e fibras Aδ5.

A transmissão ascendente da dor pode ser descrita como uma rede de informação nociceptiva

através de 3 etapas6:

1. a ativação de fibras nociceptivas periféricas (fibras A-delta e C; neurônios de primeira ordem)

por estimulação nociva e retransmissão para as lâminas I e II no corno dorsal da medula espinhal;

5
Monteiro, B.P. et al. 2022 WSAVA guidelines for the recognition, assessment and treatment of pain. Journal of Small
Animal Practice, v.64, n.4, p.177-254, 2023.
6
Valverde, A.; Skelding, A.M. Alternatives to Opioid Analgesia in Small Animal Anesthesia: Alpha-2 Agonists. Vet Clin
Small Anim., v.49, p.1013–1027, 2019.

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2. a ativação dos tratos espinhais (neurônios de segunda ordem) por neurotransmissores (p. ex.,

substância P e glutamato) liberados de neurônios de primeira ordem que retransmitem essa

informação ao tálamo, que transmite essa informação também ao hipotálamo e à amígdala, a

substância cinzenta periaquedutal e medula rostral ventromedial;

3. percepção da dor quando o córtex é estimulado por neurônios de terceira ordem.

A maioria dos receptores periféricos atua por acoplamento direto de energia física para causar

alterações na permeabilidade do canal iônico ou por ativação de cascatas de segundos

mensageiros. Os quimiorreceptores detectam produtos de dano tecidual ou inflamação que

iniciam a excitação do receptor. As terminações nervosas livres também estão próximas aos

mastócitos e pequenos vasos sanguíneos. O conteúdo das células rompidas ou o conteúdo do

plasma, juntamente com os neurotransmissores liberados dos terminais nervosos ativados, criam

um meio de proteínas, permitindo que as terminações nervosas livres, capilares e mastócitos

atuem juntos para aumentar a dor7.

O esquema a seguir traz as principais características dos tipo de fibras nociceptivas periféricas

envolvidas na fisiopatogenia da dor8.

7
Fox, S.M. Chronic Pain in Small Animal Medicine, 2ed., NW: CRC Press, 2023.
8
Monteiro, B.P. et al. 2022 WSAVA guidelines for the recognition, assessment and treatment of pain. Journal of Small
Animal Practice, v.64, n.4, p.177-254, 2023.

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Grandes fibras mielinizadas e de condução rápida envolvidas


em células inócuas de baixo limiar, normalmente respondem a
estímulos mecânicos (táteis, físicos) de baixa intensidade
FIBRA Aβ
(toque, pressão) e mostram adaptação rápida. Apresentam
diâmetro maior que 10μm e velocidade de 30 a 100
m/segundo.

Fibras finamente mielinizadas e de condução lenta envolvidas


principalmente na sinalização nociceptiva, respondem a
estímulos térmicos ou mecânicos de baixa intensidade ou
térmicos ou mecânicos de alta intensidade. As fibras nervosas
FIBRA Aδ
Ad de alto limiar são chamadas de nociceptores. Representa a
dor fina aguda e funciona principalmente como um aviso,
resultando em retirada rápida do estímulo. Apresentam
diâmetro de 2,0 a 6,0 μm e velocidade de 12 a 30 m/segundo.

Fibras não mielinizadas e de condução muito lenta envolvidas


principalmente na sinalização nociceptiva. Ativada por
estímulos mecânicos, químicos e térmicos intensos que
contribuem para a sensação de dor de “queimadura lenta” (ou
FIBRA C seja, dor lenta). Uma população de fibras C denominadas
nociceptores "silenciosos" ou polimodais pode se tornar ativa
durante a inflamação ou dano tecidual e reflete uma das
alterações na sensibilização periférica. Apresentam diâmetro
de 0,4 a 1,2 μm e velocidade de 0,5 a 2,0 m/segundo.

A via da dor sugere referência à via nociceptiva de uma cadeia de três neurônios, com o neurônio

de primeira ordem originando-se na periferia e projetando-se para a medula espinhal, o neurônio

de segunda ordem ascendendo na medula espinhal e o neurônio de terceira ordem projetando-

se no córtex cerebral e outras estruturas supraespinhais9.

9
Fox, S.M. Chronic Pain in Small Animal Medicine, 2ed., NW: CRC Press, 2023.

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As fases da dor são a transdução, a transmissão, a modulação e a percepção, ocorrendo na dor

aguda e na crônica.

 transdução: fase na qual as extremidades terminais das fibras nervosas sensoriais reconhecem

e transformam a energia química, mecânica ou térmica em potencial de ação (sinais elétricos), por

despolarização da membrana do neurônio de primeira ordem;

 transmissão: fase na qual os sinais elétricos são transportados para o corno dorsal da medula

espinhal, tronco cerebral até o cérebro;

 modulação: fase em que os sinais elétricos são codificados;

 projeção: fase em que os sinais são retransmitidos (projetada) para locais supraespinhais dentro

do tronco encefálico (medula, ponte e mesencéfalo, diencéfalo e telencéfalo);

 percepção: fase de processamento final do sinal doloroso e consciência da dor.

Figura 1. Vias da dor. Fonte: Fox, S.M. Chronic Pain in Small Animal Medicine, 2ed., NW: CRC Press, 2023.

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Vamos, então, treinar juntos resolvendo uma questão.

(Médico Veterinário - UFPI/2019) Com relação à fisiopatologia da dor, analise as afirmativas a

seguir:

I. O termo alodinia refere-se a um aumento da sensação dolorosa (intensidade da dor) de

um estímulo nocivo (estímulo que normalmente causa dor);

II. O termo hiperalgesia refere-se à sensação dolorosa causada por um estímulo inócuo;

III. As fibras C são responsáveis pelo reconhecimento da dor visceral, que é de natureza

difusa devido à grande sobreposição da inervação de órgãos / vísceras pelas ramificações de uma

e/ou várias fibras;

IV. As fibras A-Delta são fibras mielinizadas de condução rápida responsáveis pelo

reconhecimento da dor somática/localizada de natureza aguda.

Marque a opção CORRETA.

A) Somente as afirmativas I, III e IV são corretas.

B) Somente as afirmativas I, II e III são corretas.

C) Somente as afirmativas III e IV são corretas.

D) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.

E) Somente as afirmativas II e III são corretas.

Comentários:

A afirmativa C está correta e é o gabarito da questão. Apenas as afirmativas III e IV trazem

informações corretas.

A primeira afirmativa “O termo alodinia refere-se a um aumento da sensação dolorosa (intensidade

da dor) de um estímulo nocivo (estímulo que normalmente causa dor)” está incorreta. Pois este

termo, alodinia, se refere à dor devido a um estímulo que normalmente não provocaria dor.

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A segunda afirmativa “O termo hiperalgesia refere-se à sensação dolorosa causada por um

estímulo inócuo” está incorreta. Pois este termo, hiperalgesia, se refere à resposta aumentada a

um estímulo que normalmente é doloroso.

A terceira afirmativa “As fibras C são responsáveis pelo reconhecimento da dor visceral, que é de

natureza difusa devido à grande sobreposição da inervação de órgãos / vísceras pelas ramificações

de uma e/ou várias fibras” está correta. As fibras C tipicamente respondem a estímulos térmicos,

mecânicos e químicos de alta intensidade e são chamadas de nociceptores polimodais. São fibras

de diâmetro pequeno constituídas por nervos amielínicos que conduzem os impulsos nervosos de

forma lenta (2m/segundo), responsáveis pela dor difusa e contínua.

A quarta afirmativa “As fibras A-Delta são fibras mielinizadas de condução rápida responsáveis

pelo reconhecimento da dor somática/localizada de natureza aguda.” está correta. As fibras A-

Delta são fibras, que compõem o trato neoespinotalâmico. São fibras de diâmetro maior

constituídas por nervos mielinizados que conduzem os impulsos nervosos de forma rápida

(20m/segundo), responsáveis pela dor localizada e aguda (dura enquanto o estímulo está

presente).

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Avaliação da dor

Os animais dependem do veterinário para antecipar, reconhecer e avaliar a presença de dor. A

avaliação da dor deve ser realizada como parte do exame físico e em intervalos regulares durante

o período perioperatório. Os profissionais devem estar familiarizados com os comportamentos

que podem estar associados à dor nas diversas espécies1.

Na prática veterinária, o diagnóstico e tratamento adequados de condições dolorosas dependem

do reconhecimento preciso da dor experimentada por animais não verbais. Os estudos clínicos

tendem a se concentrar nas diferenças fisiológicas, endócrinas (concentrações

hormonais/mediadores) e/ou parâmetros comportamentais2.

Dor aguda e crônica são capazes de produzir uma resposta de estresse significativa em espécies

domesticadas. A dor induzida por trauma cirúrgico ou acidental evoca respostas caracterizadas

por ativação do sistema nervoso simpático, secreção de glicocorticoides (principalmente cortisol),

hipermetabolismo, retenção de sódio e água e metabolismo alterado de carboidratos e proteínas.

O quadro a seguir traz as principais consequências fisiopatológicas da dor3.

CONSEQUÊNCIAS FISIOPATOLÓGICAS DA DOR

Cardiovascular Taquicardia, hipertensão, vasoconstrição, aumento do trabalho cardíaco e

consumo de oxigênio.

Pulmonar Hipóxia, hipercapnia, atelectasia; diminuição da tosse; incompatibilidade

entre ventilação/perfusão, predisposição a infecção pulmonar.

Gastrintestinal Náusea, vômito, íleo.

1
Berry, S.H. Analgesia in the Perioperative Period. Vet Clin Small Anim., v.45, p.1013–1027, 2015.
2
Grauw, J.C.; van Loon, J.P.A.M. Systematic pain assessment in horses. The Veterinary Journal, v.209, p.14–22, 2016.
3
Gaynor, J.S.; Muir, W.W. HANDBOOK OF VETERINARY PAIN MANAGEMENT, 3ed. Missouri: Elsevier, 2015.

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Renal Oligúria, retenção urinária.

Extremidades Dor muscular esquelética, mobilidade limitada, tromboembolismo.

Endócrino Inibição vagal; aumento da atividade adrenérgica, aumento do

metabolismo, aumento do consumo de oxigênio.

Sistema nervoso Ansiedade, medo, sedação, fadiga, depressão.

central

Imunológico Deficiência, “síndrome da doença”.

Atualmente é aceito que o método mais preciso para avaliar a dor em animais não são parâmetros

fisiológicos, mas observações comportamentais. A avaliação da dor deve ser um componente de

rotina de todo exame físico, e um escore de dor deve ser sempre obtido4.

As ferramentas de avaliação comportamental incluem escalas de dor (por exemplo, escalas

analógicas visuais, descritivas simples e escalas numéricas). O uso consistente e rigoroso de

avaliações de dor reduz a subjetividade, diminui o viés e melhora a eficácia do plano analgésico.

Qualquer que seja a ferramenta de avaliação incorporada à prática, alguns princípios básicos

devem ser lembrados5:

 A avaliação deve sempre incluir uma história completa e exame físico;

 As avaliações devem ser feitas individualmente, pois não existem protocolos analgésicos

universais que funcionem para todos os tipos de dor ou procedimento cirúrgico;

4
Epstein, M.E. et al. 2015 AAHA/AAFP Pain Management Guidelines for Dogs and Cats. Journal of Feline Medicine
and Surgery, v.17, p.251–272, 2015.
5
Berry, S.H. Analgesia in the Perioperative Period. Vet Clin Small Anim., v.45, p.1013–1027, 2015.

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 Os animais devem ser avaliados à distância em primeiro lugar. Em seguida, o observador deve

se aproximar e interagir com o animal;

 A frequência das avaliações depende da gravidade e duração previstas da dor e da duração

esperada da técnica analgésica;

 O padrão-ouro na avaliação da dor é a resposta ao tratamento. Em caso de dúvida, analgésicos

devem ser administrados e o paciente reavaliado.

Não existe um método de referência de avaliação da dor em animais, no entanto, a utilização de


==d8eaf==

escalas de pontuação para dor aguda e crônica tem sido recomendada, e deve-se considerar que

essas ferramentas têm graus variados de validação, as escalas de dor aguda e crônica não são

intercambiáveis e as escalas entre espécies também não podem ser unificadas6.

A tabela a seguir traz as características associadas à dor em cães e gatos7.

CARACTERÍSTICAS ASSOCIADAS À DOR EM CÃES E GATOS

CARACTERÍSTICA EXEMPLO

Postura anormal • Proteção curvada ou imobilização do abdômen

• Posição de 'oração' (anteriores no solo, posteriores no ar)

• Sentado ou deitado em uma posição anormal

• Repouso em posição anormal

Marcha anormal • Andar rígido

• Não à sustentação de peso no membro lesionado

• Flacidez leve a óbvia

Movimento anormal • Agitado

• Inatividade quando acordado

• Comportamento de fuga

6
Epstein, M.E. et al. 2015 AAHA/AAFP Pain Management Guidelines for Dogs and Cats. Journal of Feline Medicine
and Surgery, v.17, p.251–272, 2015.
7
Fox, S.M. Chronic Pain in Small Animal Medicine, 2ed., NW: CRC Press, 2023.

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Vocalização • Gritos

• Gemidos

• Choro

• Não vocalização

Diversos • Olhar, lamber ou mastigar a área dolorida

• Hiperestesia ou hiperalgesia

• Alodinia

• Falha ao se alongar ou "sacudir"

• Falha ao bocejar

• Não utilização da caixa de areia (gato)

Problemas de saúde geral • Inquietação ou agito

• Tremor ou ataxia

• Taquipnéia ou respiração ofegante

• Abanar do rabo fraco

• Cauda abaixada

• Resposta deprimida ou fraca ao tutor

• Cabeça pendente para baixo

• Apetite diminuído ou exigente

• Animal chateado

• Deitado em silêncio e sem se mover por longos períodos

• Estupor

• Urina ou defeca sem tentar se mover

• Reclinado e inconsciente dos arredores

• Sem vontade ou incapaz de andar

• Mordeduras ou tentativas de morder cuidadores

Sinais de apreensão ou ansiedade • Inquieto ou agitado

• Tremendo ou sacudindo

• Taquipnéia ou respiração ofegante

• Abanar o rabo fraco

• Parte posterior abaixada

• Lentidão para subir

• Depressão

• Mordeduras ou tentativas de morder o cuidador

• Orelhas voltadas para trás

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• Agitado

• Latir ou rosnar

• Sentado atrás da gaiola ou escondido (gato)

Comportamento • Movimento dos olhos, mas relutância em mover a cabeça

• Alongamento quando o abdômen é tocado

• Prolapso peniano

• Lamber uma ferida ou incisão

Sinais fisiológicos que podem estar • Taquipnéia ou respiração ofegante

associados à dor • Taquicardia

• Pupilas dilatadas

• Hipertensão

• Aumento do cortisol sérico e epinefrina

A escala de Grimace pode ser adaptada para as diversas espécies, considerando as

particularidades comportamentais de cada uma delas. A imagem a seguir apresenta a escala

Grimace de avaliação da dor em felinos, que se baseia em cinco unidades de ação: posição da

orelha, abertura ocular, tensão do focinho, mudança dos bigodes e posição da cabeça8.

8
Monteiro, B.P. et al. 2022 WSAVA guidelines for the recognition, assessment and treatment of pain. Journal of Small
Animal Practice, v.64, n.4, p.177-254, 2023

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Escore 0 Escore 1 Escore 2

Unidades de ação Unidades de ação Unidades de ação


ausentes moderada presentes

- orelhas ligeiramente
- orelhas achatadas e
separadas
- orelhas voltadas para a viradas para fora;
frente; - olhos parcialmente
- olhos semicerrados;
abertos
- olhos abertos; - focinho tenso;
- focinho levemente
- focinho relaxado; - bigodes retos e
tenso
- bigodes soltos e curvos; voltados para frente;
- bigodes ligeiramente
- cabeça acima da linha curvados ou retos - cabeça abaixo da linha
do ombro. do ombro ou inclinada
- cabeça alinhada com a
para baixo
linha dos ombros

Figura 1. A escala Grimace de felinos é uma ferramenta para avaliação da dor aguda de gatos com base em alterações nas
expressões faciais. Cinco unidades de ação (UA) (posição da orelha, abertura ocular, tensão do focinho, mudança dos bigodes e
posição da cabeça) são pontuadas individualmente de 0 a 2. A pontuação total é a soma das pontuações de todas as unidades de
ação (Fonte: Monteiro, B.P. et al. 2022 WSAVA guidelines for the recognition, assessment and treatment of pain. Journal of Small
Animal Practice, v.64, n.4, p.177-254, 2023).

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A escala Composta de Glasgow é utilizada para cães e se baseia em palavras que expressem a

dor.

Figura 2. Escala curta de Glasgow para avaliação de dor aguda pós-operatória em cães. Fonte:
https://www.vetsmart.com.br/cg/estudo/13734/avaliacao-de-tratamento-da-dor-aguda-e-cronica-em-caes-e-gatos-stelio-pacca-
loureiro-luna.

A escala analógica visual é um método universal e unidimensional de avaliação da dor e se baseia

nas observações do avaliador. Podendo ser usado em qualquer espécie, consistindo em uma linha

reta com 100 mm de comprimento, contendo as frases “ausência de dor” e “pior dor possível”

em suas duas extremidades.

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Figura 3. Escala analógica visual. Fonte: Horta, R.S.; Fukushima, F.B. Avaliação da nocicepção em cães e gatos. ENCICLOPÉDIA
BIOSFERA, v.10, n.18; 2014.

Em equinos, a escala da dor está apresentada na tabela a seguir9.

CATEGORIA DE ESCORE

COMPORTAMENTO

0 1 2 3 4

Cara de dor Sem cara de dor Cara de dor Cara de dor

presente intensa

Comportamento de dor Nenhum Ocasional Contínuo

grosseira*

Atividade Exploração, Sem Inquieto Deprimido

atenção ao movimento

ambiente ou em

repouso

Localização no estábulo Na porta, De pé, no De pé, no De pé, no

observando o meio, de meio, de frente meio, de

ambiente frente para a para os lados costas ou de

porta pé, na parte

de trás

Postura/suporte de peso Postura normal Pé Beliscado Continuamen Sem

e suporte de intermitente (sulco entre os te tirando o sustentação

peso normal fora do chão/ músculos pé do chão e de peso.

peso ocasional abdominais tentando Distribuição

visíveis) recolocá-lo de peso

anormal

9
Equine Pain Scale: Boehringer Ingelheim Pty Ltd., 2020. Disponível em: https://www.jwoodvet.co.uk/wp-
content/uploads/2022/01/Equine-pain-scale.pdf

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Posição da cabeça Forrageando, Nível de Abaixo da

abaixo da cernelha cernelha

cernelha ou alta

Atenção para a área Não presta Breve atenção Morde,

dolorida atenção à área à área dolorida cutuca ou

dolorida olha para a

área dolorida

Comportamento interativo Olha para o Olha para o Não olha para Não se move,

observador ou observador o observador não reage/

move-se para o não se move ou se afasta, introvertido

observador evita contato

quando se

aproxima

Resposta à comida Pega a comida Olha para a Sem resposta

sem hesitar comida à comida

* comportamento de dor grosseira inclui todos os comportamentos prontamente visíveis, como movimentos excessivos da cabeça,
flehmen, chutar, dar patadas, rolar, balançar o rabo, brincar com a boca, alongamento repetido, entre outros.

Diversos outros escores estão disponíveis e são direcionados ou adaptados especificamente para

as espécies animais. Cabe ao avaliador escolher o método de avaliação que mais de adeque ao

seu paciente e à sua rotina. O mais importante é que a dor não pode ser subestimada, e deve

sempre ser tratada adequadamente.

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Tratamento da dor

Os planos analgésicos devem ser preventivos, multimodais e flexíveis. O objetivo de um plano

multimodal deve ser incorporar medicamentos ou terapias que atuem em diferentes áreas da via

da dor e trabalhem sinergicamente. Um plano equilibrado idealmente permite doses mais baixas

de cada fármaco analgésica, limitando os efeitos adversos. O plano multimodal eficaz geralmente

pode ser criado pelas seguintes etapas1:

1. Escolha de um opioide;

2. Escolha de um AINE (a menos que seja contra-indicado);

3. Incorporação de um anestésico local;

4. Decidir se a administração de um a2-agonista beneficiaria o paciente;

5. Escolha de adjuvantes analgésicos (por exemplo, cetamina, gabapentina), se necessário;

6. Uso de técnicas não farmacológicas para minimizar a dor.

Idealmente, o tratamento medicamentoso da dor é direcionado ao(s) mecanismo(s) responsável(is)

pela dor e deve ser adaptado à causa, gravidade e duração (aguda ou crônica) da dor. Os fármacos

que demonstraram eficácia no tratamento da dor se enquadram em uma das seis grandes

categorias: opioides, anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), a2-agonistas, anestésicos locais,

corticosteroides e outros. Muitos “outros” e “adjuvantes” são conhecidos por alterar a atividade

neuronal central ou periférica (neurolépticos, anticonvulsivantes, antidepressivos e preparações

tópicas) ou por produzir efeitos anti-inflamatórios2.

1
Berry, S.H. Analgesia in the Perioperative Period. Vet Clin Small Anim., v.45, p.1013–1027, 2015.
2
Gaynor, J.S.; Muir, W.W. HANDBOOK OF VETERINARY PAIN MANAGEMENT, 3ed. Missouri: Elsevier, 2015.

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Opioides

Os opioides atuam por combinação reversível com um ou mais receptores opioides específicos

(mu - μ, kappa -κ e delta -δ) no cérebro e na medula espinhal, produzindo uma variedade de

efeitos, incluindo analgesia, sedação, euforia, disforia e excitação3. Podem ser naturais ou

sintéticos.

DOSES ANALGÉSICAS SISTÊMICAS DE OPIOIDES SÃO MAIS EFICAZES PARA REDUZIR A DOR
TRANSMITIDA POR NOCICEPTORES DAS FIBRAS C.

Os receptores opioides são distribuídos por todo o sistema, incluindo células e tecidos. Esses

receptores são acoplados à proteína Gi, com efeitos incluindo inibição da adenilato ciclase,

formação reduzida de monofosfato de adenosina cíclico (cAMP), bloqueio dos canais de Ca2+ nos

neurônios pré-sinápticos, diminuindo a liberação de neurotransmissores e aumentando o efluxo

de potássio (K+) celular nos neurônios pós-sinápticos, o que resulta em hiperpolarização dos

neurônios nociceptivos e nociceptores e ampliação dos limiares de ativação4.

Os opioides podem ser classificados em5:

3
Muir, W.W.; Hubbel, J.A.; Bednarski, R.M.; Lerche, P. Handbook of Veterinary Anesthesia, 5ed., St. Louis:Elsevier, 2012.
4
GRIMM, K. A.; LAMONT, L. A.; TRANQUILLI, W. J.; GREENE, S. A.; ROBERTSON, S. A. Lumb & Jones Anestesiologia e Analgesia
em Veterinária, 5 ed, Rio de Janeiro: Roca, 2017.
5
Gaynor, J.S.; Muir III, W.W. HANDBOOK OF VETERINARY PAIN MANAGEMENT, 3ed. St. Louis: Elsevier, 2015.

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 Agonista opioide puro: se liga a um ou mais tipos de receptores e causa certos efeitos, como

analgesia ou depressão respiratória (morfina, meperidina, alfaprodina, fentanil, alfentanil,

sufentanil, fenoperidina, codeína, hidromorfona, oximorfona, metadona, tramadol e heroína);

 Opioide agonista parcial: se liga a um determinado receptor e causa um efeito menos

pronunciado do que o de um agonista puro (buprenorfina);

 Antagonista opioide: liga-se a um ou mais tipos de receptores, mas não causa nenhum efeito

nesses receptores. Ao deslocar competitivamente um agonista de um receptor, o antagonista

efetivamente reverte o efeito do agonista (naloxona, naltrexona);

 Agonista-antagonista opioide: se liga a mais de um tipo de receptor, causando um efeito em

um, mas nenhum efeito ou um efeito menos pronunciado em outro (nalbufina, nalorfina, levalorfan,

pentazocina, butorfanol e dezocina).

Os opioides podem ser administrados por via intravenosa, intramuscular, subcutânea, oral,

epidural, transdérmica ou retal. Utilizados no período pré (preemptivo), trans (adjuvante) ou pós

(analgesia de resgate) operatório para obtenção de analgesia.

Por serem lipofílicos, são absorvidos de forma rápida e distribuídos por todo sistema. Possuem

metabolismo hepático, e os metabólitos são eliminados na urina ou nas fezes por secreção biliar.

Atravessam a barreira placentária lentamente, o que é bastante benéfico em cesarianas.

Reduzem a concentração alveolar mínima (CAM) de anestésicos voláteis, bem como a dose de

sedativos e anestésicos gerais. É utilizado para produzir neuroleptoanalgesia, quando associado a

tranquilizantes ou sedativos.

Em relação ao sistema cardiovascular, normalmente, não ocorrem alterações clinicamente

significativas. Pode ocorrer bradicardia em cães, devido ao aumento da atividade parassimpática

mediada centralmente em neurônios cardíacos6. Hipotensão pode ser desencadeada por opioides

que liberam histamina, como a morfina e a meperidina. Depressão respiratória, pode ocorrer,

geralmente quando há associação com sedativos ou agentes anestésicos.

6
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Pode ocorrer salivação, náusea, podem produzir efeitos eméticos ou antieméticos (dependendo

do fármaco), hipomotilidade propulsivas e hipermotilidade não propulsiva, diarreia seguida de

constipação, retenção e diminuição da produção de urina (liberação de hormônio antidiurético),

sudorese (equinos), alterações comportamentais e na termorregulação, aumento da resposta a

estímulos externos, neuroexcitação e efeito imunoestimulador ou imunossupressor.

OS OPIOIDES PRODUZEM SEUS EFEITOS ANTITUSSÍGENOS DIRETAMENTE NO CENTRO DA


TOSSE NO BULBO.

Os opioides são a classe de medicamentos mais eficaz para o controle da dor aguda e podem

desempenhar um papel no controle da dor crônica em cães e gatos7. Os opioides não têm sido

amplamente utilizados para tratar a dor clínica em cavalos em comparação com outras espécies.

As razões para isso incluem a aparente margem estreita entre a analgesia e a excitação ou

excitação e a dificuldade em demonstrar uma ação analgésica consistente e quantificável8.

O esquema a seguir traz um resumo dos principais efeitos desejáveis e indesejáveis dos opioides9.

7
Epstein, M.E. et al. 2015 AAHA/AAFP Pain Management Guidelines for Dogs and Cats. Journal of Feline Medicine and Surgery,
v.17, p.251–272, 2015.
8
Robertson, S.A.; Sanchez, L.C. Treatment of Visceral Pain in Horses. Vet Clin Equine, v.26, p.603–617, 2010.
9
Muir, W.W.; Hubbel, J.A.; Bednarski, R.M.; Lerche, P. Handbook of Veterinary Anesthesia, 5ed., St. Louis:Elsevier, 2012.

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Efeitos benéficos Efeitos indesejáveis

Analgesia;
Rapida absorção, ampla distribuição; Êmese (alguns fármacos);

Não causa perda de consciência; Bradicardia;

Atravessam a barreira placentária de Podem produzir ansiedade, inquietação,


forma lenta, sendo útil para cesariana; agitação e disforia, principalmente em gatos
e cavalos;
Antitussígenos;
Liberação de histamina (morfina,
Antiemético (alguns fármacos); meperidina);
Diminui a CAM de anestésicos voláteis; Depressão respiratória em animais com
Sedação em cães. depressão do SNC ou traumatismo craniano;
Defecação seguida de constipação;
Retenção de urina;
Pode ocorrer tolerância;
Alterações na termorregulação.

A morfina é um agonistas Mu completo, um alcalóide derivado do ópio, sendo um dos principais

opioides utilizados nas espécies domésticas. Tem como vantagem poder ser administrada por

diversas vias, como oral, intramuscular, intravenosa, subcutânea ou epidural. Apresenta potência

moderada e uma ótima eficácia.

Em relação à morfina, os gatos carecem do metabolismo do glucuronato, resultando em produção


mínima do metabólito analgésico M6G (nenhum após administração IM e apenas 50% dos gatos o
produzem após administração IV de morfina) (Gaynor, J.S.; Muir, W.W. HANDBOOK OF VETERINARY
PAIN MANAGEMENT, 3ed. Missouri: Elsevier, 2015).

O uso de morfina em cavalos é controverso. As maiores preocupações em relação ao uso de

morfina são seus efeitos na motilidade gastrointestinal e, portanto, o potencial aumento do risco

de cólicas. Embora doses de 0.1 a 0.2 mg/kg intravenosamente ou em infusão (0.1 mg/kg/h) em

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cavalos submetidos a cirurgia tem demonstrado uma melhora na recuperação, presumivelmente

por causa de seus efeitos analgésicos e sedativos10.

(Prefeitura de Uruguaiana/RS – 2023) A morfina é um medicamento opioide muito utilizado na

Medicina Veterinária para alívio da dor intensa. Sobre esse fármaco, assinale a alternativa

INCORRETA.

a) É uma substância narcótica e sintética, derivada do ópio retirado do leite da papoula.

b) Pode ser administrada apenas nas formas intravenosa e intramuscular.

c) Em felinos, seu uso para tratamentos crônicos pode causar midríase.

d) Entre os efeitos adversos mais observados estão: sedação, depressão respiratória, bradicardia,

retenção urinária, vômito, náusea, constipação, sialorreia.

e) É um medicamento utilizado no tratamento da dor aguda e profunda, na medicação pré-

anestésica e na analgesia trans e pós-operatória.

Comentários:

A afirmativa B está incorreta e é o gabarito da questão. A morfina é um opioide agonista Mi, que

pode ser administrada pelas via epidural, intramuscular, intravenosa, subcutânea ou oral. Após a

absorção, a morfina se distribui pelos diferentes tecidos.

O tramadol é um análogo da codeína, classificado como um opioide sintético, seu mecanismo de

ação se dá pela ligação a receptores mu, inibição da recaptação de serotonina e norepinefrina,

antagonismo ao receptor NMDA e ao receptor 5-HT e agonismo ao receptor TRPV1. O tramadol

é um pró-fármaco e requer metabolismo para O-desmetiltramadol (M1) para seu efeito analgésico

10
Robertson, S.A.; Sanchez, L.C. Treatment of Visceral Pain in Horses. Vet Clin Equine, v.26, p.603–617, 2010.

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opioide. As diferenças entre espécies e raças na capacidade de metabolizar o tramadol em M1

que provavelmente são a razão para essa eficácia analgésica tão variada11.

O tramadol já foi um analgésico oral usado reflexivamente em cães, mas foi seriamente
negligenciado na última década. O tramadol oral não demonstrou ser eficaz no pós-operatório em
cães. Estudos de tramadol IV mostraram alguma eficácia mista para dor cirúrgica em cães. O
tramadol injetável mostrou eficácia perioperatória no gato (Gruen, M.E. et al. 2022 AAHA Pain
Management Guidelines for Dogs and Cats. J Am Anim Hosp Assoc., v.58, p.55–76, 2022).

A metadona é um opioide sintético, agonista do receptor opioide mu completo, antagonista no

receptor N-metil D-aspartato (NMDA), e, além disso, inibe a recaptação de norepinefrina. Essas

propriedades estão ligadas à ação de cada um dos enantiômeros. Tendo potência e eficácia

semelhantes às da morfina.

O fentanil consiste em um opioide sintético de ação curta com uma potência de 80 a 100 vezes a

da morfina. Tem propriedade de reduzir a concentração alveolar mínima (CAM) para anestésicos

inalatórios em até 63%. Em cães e gatos é utilizado, muitas vezes, em infusão contínua. Em

equinos o fentanil não apresenta eficácia adequada na analgesia visceral e nem na redução da

CAM e ainda pode causar excitação, não tendo seu uso muito difundido nessa espécie.

O Butorfanol é um opioide sintético, agonista k e um antagonista competitivo m. Produz vários

graus de analgesia e sedação com mínima depressão cardiopulmonar. Em doses baixas, a potência

analgésica do butorfanol é cerca de três vezes maior que a da morfina; doses superiores a cerca

11
Bradbrook, C.A.; Clark, L. State of the art analgesia- recent developments in pharmacological approaches to acute
pain management in dogs and cats. Part 1. The Veterinary Journal, v.238, p.76–82, 2018.

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de 0,8 a 1 mg/kg estão associadas a um efeito teto, de modo que nenhum aumento adicional da

analgesia ocorre12. Seu uso é indicado em cães, gatos e cavalos.

A meperidina, por sua vez, é um opioide sintético fraco com um quarto a um décimo da potência

da morfina. Devido à sua curta duração e possíveis efeitos cardiovasculares, a meperidina tem uso

limitado na medicina veterinária. Ao contrário de outros opioides, a meperidina pode ter efeitos

inotrópicos negativos significativos. Além disso, pode induzir a liberação de histamina13.

Outros opióides como o carfentanil, remifentanil, alfentanil, sufentanil, hidromorfona, oximorfona,

tapendadol, simbadol, entre outros, têm sido usados de forma mais rotineira e ganhado

popularidade na medicina veterinária devido à potência e eficácia. A tabela a seguir traz os

principais opioides utilizados em cães, gatos e cavalos, bem como a dose e via de administração

nessas espécies.

FÁRMACO CÃO GATO CAVALO

MORFINA 0.05–0.1 mg/kg IV ou 0.05–0.1 mg/kg IV ou 0.12–0.66mg/kg,

0.5–1.0 mg/kg IM ou 0.1 0.1–0.2 mg/kg IM ou IV, IM ou SC

mg/kg epidural 0.1 mg/kg epidural

OXIMORFONA 0.05–0.1 mg/kg IV, IM 0.05–0.1 mg/kg IV, IM 0,02 - 0,03 mg/kg

IM ou IV

HIDROMORFONA 0.05–0.1 mg/kg IV ou 0.05–0.1 mg/kg IV ou -

0.1–0.2 mg/kg IM 0.05–0.1 mg/kg IM

METADONA 0.1–0.5 mg/kg IV, IM 0.1–0.25 mg/kg IV, IM -

MEPERIDINA 2 - 4 mg/kg, SC, IM ou IV 2 - 4 mg/kg, SC, IM 2 - 4 mg/kg IM ou

ou IV 0,5 - 1 mg/kg IV

FENTANIL 2-5 mg/kg em bolus IV 1-3 mg/kg em bolus -

ou 2-5 mg/kg/hr em IV ou 1-4 mg/kg/hr

infusão contínua em infusão contínua

12
Gaynor, J.S.; Muir, W.W. HANDBOOK OF VETERINARY PAIN MANAGEMENT, 3ed. Missouri: Elsevier, 2015.
13
Gaynor, J.S.; Muir, W.W. HANDBOOK OF VETERINARY PAIN MANAGEMENT, 3ed. Missouri: Elsevier, 2015.

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BUTORFANOL 0.2–0.4 mg/kg IV, IM 0.2–0.4 mg/kg IV, IM 0.02–0.1mg/kg, IM

ou IV;

Ou

18 ug/kg em bolus

durante 15 min,

depois 13–23

ug/kg/h, IV.

BUPRENORFINA 0.005–0.02 mg/kg IV, IM 0.005–0.02 mg/kg IV, 0,004 mg/kg, IV

IM

Anti-inflamatórios não esteroidais

Os procedimentos cirúrgicos são um gatilho potencial para a inflamação sistêmica que causa a

secreção de citocinas pró-inflamatórias, disfunção endotelial, dano ao glicocálice, ativação de

neutrófilos e destruição de tecidos e órgãos multissistêmicos. Os sinais clássicos de inflamação

agudaincluem rubor, calor, dor e edema, com consequente perda de função.

Os medicamentos anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) são os mais indicados para combater

a dor e inflamação decorrente de afecções agudas, crônicas e decorrentes da cirurgia. Esta classe

de medicamentos tem um papel na prevenção da sensibilização central por meio da inibição da

cicloxigenase (COX).

Normalmente, durante o metabolismo, as prostaglandinas são quebradas pelas enzimas

metaloproteinases da matriz (MMPs) e agrecanase. Na inflamação aguda, as MMPs aumentam em

número. Os AINEs bloqueiam a síntese de PG ligando-se e inibindo a COX. Os AINEs mais seguros

são considerados seletivos para COX2, embora tenham alguns efeitos COX114.

14
Huntingford, J.; CVPP, C. Managing the Pain of Osteoarthritis in Dogs and Cats. Essex Animal Hospital, v.1, p.594-
596, 2016.

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Os efeitos adversos potenciais são baseados na inibição da prostaglandina e incluem irritação

gastrointestinal, enteropatia perdedora de proteínas, danos renais e tempo de sangramento

prolongado pela prevenção da agregação plaquetária. Ulceração e perfuração gástricas

geralmente estão associadas à administração inadequada, incluindo o uso concomitante de um

segundo AINE ou corticosteroide, doses superiores às indicadas ou falta de monitoramento

rigoroso do paciente. Os efeitos adversos também são observados com mais frequência em

pacientes com condições preexistentes (por exemplo, hipovolemia, desidratação) que

normalmente contraindicariam a administração de AINEs15.

Os AINEs mais utilizados, bem como a espécie em que podem ser utilizados e suas doses estão

apresentados no esquema a seguir.

A dose é 0.1mg/kg a cada 24hs para cães e 0.05


Meloxicam mg/kg a cada 24hs para gatos. Em equinos a dose
é de 0,6 mg/kg, a cada 24 h

Indicado para cães e gatos, na dose de 2 mg/kg


SC, a cada 24hs, em cães e gatos, 1–4 mg/kg
Robenacoxibe
oral, a cada 24hs em cães e 1–2.4 mg/kg oral, a
cada 24hs em gatos.

Indicado apenas para cães, uma vez que


apresenta meia-vida prolongada em gatos. A
Carprofeno dose oral em cães é de 4.4mg/kg a cada 24
horas ou 2.2mg/kg a cada 12 horas . Em
equinos a dose é de 0,7 mg/kg a cada 24 h.

Indicado apenas para cães. A dose em cães é de


5mg/Kg a cada 24. Em equinos deve-se utilizar
Firocoxib
0,1 mg/kg a cada 24 h, VO ou 0,09 mg/kg a cada
24 h, IV.

15
Monteiro, B.; Steagall, P.V. Antiinflammatory Drugs. Vet Clin Small Anim., v.49, p.993–1011, 2019.

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Indicado apenas para cães. A dose em cães é de


Deracoxib
1-2mg/Kg a cada 24.

Indicado apenas para cães. A dose em cães é de


Grapiprant
2mg/Kg a cada 24.

"O Grapiprant é o primeiro AINE piprant, ou seja, AINEs que bloqueiam os receptores de
prostaglandinas. Grapiprant bloqueia o receptor EP4, deixando inalterada a produção de
prostaglandinas. "

Gruen, M.E. 2022 AAHA Pain Management Guidelines for Dogs and Cats. J Am Anim Hosp Assoc, v.58, p.55–76, 2022.

Em equinos, a fenilbutazona e o meloxican são bastante utilizados na prática clínica. A flunixina

meglumina é indicada principalmente em pacientes com lesão aguda de tecidos moles,

endotoxemia e dor abdominal, principalmente relacionada à cólica. Outras opções de AINES para

esta espécie são o cetoprofeno injetável e a pasta oral equina ou a formulação injetável de

firocoxibe. A utilização da Flunixina em pacientes com cólica se justifica na inibição dos

prostanoides, realizada por esse fármaco, que geram alterações hemodinâmicas durante a

endotoxemia16.

16
GRIMM, K. A.; LAMONT, L. A.; TRANQUILLI, W. J.; GREENE, S. A.; ROBERTSON, S. A. Lumb & Jones Anestesiologia
e Analgesia em Veterinária, 5 ed, Rio de Janeiro: Roca, 2017.

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Em cães e gatos, uma gama de AINEs pode ser considerada, de forma segura, na rotina clínico-

cirúrgica. Dentre eles, o meloxicam, o ácido tolfenâmico, o cetoprofeno e o robenacoxibe. Já

quando se considera apenas cães, ainda pode-se utilizar o firocoxibe, o deracoxibe, o carprofeno

e o grapiprant.

Os AINEs agem inibindo as enzimas ciclooxigenase, o que diminui a liberação de prostanóides e

prostaglandinas. Esses fármacos produzem efeitos analgésicos, anti-inflamatórios e antipiréticos

no local da lesão tecidual e no nível do sistema nervoso central. Os AINEs devem ser usados com

cautela ou evitados em pacientes com17:


==d8eaf==

 Hipovolemia, desidratação, hipotensão, choque;

 Insuficiência renal ou hepática;

 Insuficiência cardíaca congestiva, disfunção cardíaca;

 Úlceras gástricas;

 Coagulopatia;

 Administração concomitante de medicamentos nefrotóxicos, outros AINEs ou corticosteroides.

17
Berry, S.H. Analgesia in the Perioperative Period. Vet Clin Small Anim., v.45, p.1013–1027, 2015.

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A segurança dos antiinflamatórios não esteróides não é uma simples questão de seletividade da
ciclooxigenase. É enganoso considerar que o tipo de inibição da COX (isto é, seletividade da COX-2
e/ou preservação da COX-1) é o único fator que regula a segurança dos AINEs. Tanto a COX-1
quanto a COX-2 têm funções fisiológicas que são prejudicadas durante a terapia com AINEs. No
entanto, os inibidores preferenciais e seletivos da COX-2 têm um perfil de segurança superior em
comparação com os inibidores não seletivos da COX (Luna, S.P.L. Evaluation of adverse effects of
long-term oral administration of carprofen, etodolac, flunixin meglumine, ketoprofen, and meloxicam in
dogs. Am J Vet Res., v.68, n.3, p.258-264, 2007).

α-2 agonistas

Os receptores alfa-adrenérgicos são receptores transmembrana acoplados à proteína Gi que

inibem especificamente a adenil-ciclase quando estimulados, diminuindo a síntese de AMP cíclico,

bem como ativam os canais de potássio retificadores internos acoplados à proteína G. Esses

receptores estão distribuídos por todo o sistema nervoso periférico e central e outros tecidos. Sua

ampla distribuição na medula espinhal e no cérebro é responsável por suas ações antinociceptivas

quando estimuladas por um agonista alfa-2 adrenérgico18.

Os receptores α-2 adrenérgicos estão localizados junto dos receptores opioides. Assim, quando

usados em conjunto, os opioides e os agonistas α-2 adrenérgicos são altamente sinérgicos para

sedação e analgesia. Os agonistas α-2 têm um perfil de dosagem versátil. Isso permite que doses

18
Valverde, A.; Skelding, A.M. Alter natives to Opioid Analgesia in Small Animal Anesthesia: Alpha-2 Agonists. Vet
Clin Small Anim., v.49, p.1013–1027, 2019.

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baixas e até micro em combinação com opioides sejam clinicamente úteis e minimizem os efeitos

cardiovasculares19.

PRINCIPAIS AGONISTAS ALFA-2 Xilazina, detomidina, medetomidina,


UTILIZADAS NA MEDICINA
dexmedetomidina e romifidina
VETERINÁRIA

A administração de α2-agonistas pode ser oral, intravenosa, intramuscular e subcutânea, bem

como pelas vias transmucosa, intratecal, intra-articular, transdérmica e epidural20. Microinfusões

intraoperatórias estão sendo usadas para fornecer analgesia adicional e melhorar a função

respiratória e hemodinâmica21.

O mecanismo de ação analgésica dos α2-agonistas está relacionado com seus adrenoceptores.

Os a2-adrenoceptores no SNC são encontrados em neurônios noradrenérgicos e não

noradrenérgicos. Os a2-adrenoceptores noradrenérgicos são chamados autorreceptores e estão

localizados em locais supraespinhais. Os a2-adrenoceptores não noradrenérgicos são chamados

de heterorreceptores e estão localizados no corno dorsal da medula espinhal. Ambas as

populações de receptores estão envolvidas na analgesia a2-agonista22.

Cetamina

A cetamina exerce um efeito modificador da dor por meio de suas ações antagonistas do receptor

N-metil-D-aspartato. A infusão subanestésica de cetamina em taxa constante tem efeitos anti-

19
Epstein, M.E. et al. 2015 AAHA/AAFP Pain Management Guidelines for Dogs and Cats. Journal of Feline Medicine
and Surgery, v.17, p.251–272, 2015.
20
Riviere, J.E.; Papich, M.G. Veterinary Pharmacology and Therapeutics, 10ed. Hoboken: John Wiley & Sons, 2018.
21
Gruen, M.E. et al. 2022 AAHA Pain Management Guidelines for Dogs and Cats. J Am Anim Hosp Assoc., v.58, p.55–
76, 2022.
22
Gaynor, J.S.; Muir, W.W. HANDBOOK OF VETERINARY PAIN MANAGEMENT, 3ed. Missouri: Elsevier, 2015.

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hiperalgésicos e antialodínicos. A Academia Veterinária Internacional de Manejo da Dor adotou a

posição de que os efeitos modificadores da dor e o perfil de segurança das doses subanestésicas

de cetamina justificam seu uso como parte de uma abordagem multimodal para o manejo

transoperatório da dor, especialmente em pacientes com fatores de risco que podem predispô-

los a estados de dor exagerados ou desadaptativos23.

A cetamina é uma terapia eficaz para condições produtoras de dor aguda e dor crônica24:

 Microdoses de cetamina, muito menores do que as usadas para produzir anestesia, podem ser

administradas como adjuvante a protocolos de analgesia e anestesia geral.

 Dosagens de cetamina variando de 0,2 a 0,5 mg/kg por via intravenosa (IV) ou subcutânea (SC)

podem ser administradas antes da estimulação cirúrgica.

 Doses de infusão em taxas variando de 10 a 50 mg/kg/min podem ser administradas no

perioperatório ou para o tratamento de condições de dor intensa.

 Taxas de infusão mais baixas, de 1 a 10 mg/kg/min, são usadas em conjunto com opioides ou

a2-agonistas para melhorar os protocolos analgésicos multimodais.

 Na ausência de uma bomba de infusão, 0,6 mL (60 mg) de cetamina podem ser adicionados a

uma bolsa de 1 litro de solução cristalóide a ser administrada a 10 mL/kg/h para atingir a taxa de

administração intraoperatória de 10 mg/kg /min.

 A cetamina, 2 mg/kg/min, pode ser administrada sem uma bomba de seringa adicionando 0,6

mL (60 mg) de cetamina a uma bolsa de 1 litro de solução cristaloide a ser administrada a 2

mL/kg/h.

23
Gruen, M.E. et al. 2022 AAHA Pain Management Guidelines for Dogs and Cats. J Am Anim Hosp Assoc., v.58,
p.55–76, 2022.
24
Gaynor, J.S.; Muir, W.W. HANDBOOK OF VETERINARY PAIN MANAGEMENT, 3ed. Missouri: Elsevier, 2015.

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Gabapentionóides

Os gabapentionóides (gabapentina e pregabalina) são anticonvulsivantes com propriedades

analgésicas. São derivados do neurotransmissor inibitório ácido g-aminobutírico (GABA) e

possuem múltiplos mecanismos de ação ainda. Eles suprimem a produção de neurotransmissores

excitatórios glutamato, substância P e peptídeo relacionado ao gene da calcitonina de fibras

nervosas aferentes primárias. Eles também podem ter algum efeito sobre o complexo do receptor

GABA-A nos cornos dorsais da medula espinhal e ativam a via inibitória descendente induzindo a

liberação de norepinefrina que subsequentemente induz a analgesia resultante da estimulação do

adrenoceptor alfa 2 espinhal25.

Devido à sua eficácia e tolerabilidade, a gabapentina é amplamente utilizada em dor neuropática

e outras condições de dor mal adaptativas26. Além disso, a gabapentina funciona sinergicamente

com opioides para aumentar a sedação e a analgesia. Os efeitos colaterais em cães podem incluir

sonolência e fraqueza muscular27.

A pregabalina é estruturalmente semelhante à gabapentina, mas apresenta maior

biodisponibilidade oral e meia-vida mais longa. O uso de gabapentina pode ser considerado em

cães e gatos quando for necessária analgesia adicional ou em caso de intolerância a outros agentes

mais comumente usados28.

25
Bradbrook, C.A.; Clark, L. State of the art analgesia- recent developments in pharmacological approaches to acute
pain management in dogs and cats. Part 2. The Veterinary Journal, v.236, p.62-67, 2018.
26
Gruen, M.E. et al. 2022 AAHA Pain Management Guidelines for Dogs and Cats. J Am Anim Hosp Assoc., v.58,
p.55–76, 2022.
27
Berry, S.H. Analgesia in the Perioperative Period. Vet Clin Small Anim., v.45, p.1013–1027, 2015.
28
Bradbrook, C.A.; Clark, L. State of the art analgesia- recent developments in pharmacological approaches to acute
pain management in dogs and cats. Part 2. The Veterinary Journal, v.236, p.62-67, 2018.

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Alternativas

Os benefícios potenciais das terapias não medicamentosas no manejo da dor aguda e crônica são

enormes, e devem ser implementadas. A reabilitação é uma boa alternativa para auxiliar no

controle da dor e aumentar a mobilidade e o equilíbrio. A reabilitação pode usar diferentes

terapias, incluindo terapia de exercícios, hidroterapia, acupuntura, terapia manual e modalidades

como terapia de fotobiomodulação, terapia por ondas de choque extracorpóreas e terapia de

campo eletromagnético pulsado29. O enriquecimento ambiental, visando redução do estresse e

melhora no conforto, é um fator importante a ser considerado.

A crioterapia tem uma longa história como modalidade analgésica para dor aguda. A aplicação

de terapia fria na pele diminui a temperatura até uma profundidade de 2 a 4 cm, resultando em

ativação diminuída de nociceptores teciduais e velocidade de condução lenta ao longo dos

axônios periféricos. A terapia fria também diminui a formação de edema por meio de

vasoconstrição, diminuição da entrega de mediadores inflamatórios aos tecidos lesados e

diminuição da inflamação neurogênica como resultado da diminuição da atividade neuronal nos

nervos sensoriais30.

29
Dhaliwal, R. et al. 2023 AAHA Senior Care Guidelines for Dogs and Cats. JAAHA, v.59, p.1-21, 2023
30
Gruen, M.E. et al. 2022 AAHA Pain Management Guidelines for Dogs and Cats. J Am Anim Hosp Assoc., v.58,
p.55–76, 2022.

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LISTA DE QUESTÕES

1. (Médico Veterinário - UFRR/2023) A respeito da dor aguda pós-operatória em cães, considere

as sentenças abaixo, classificando-as em verdadeiro (V) ou falso (F).

( ) A avaliação do cortisol plasmático tem se mostrado um indicador fiel para o diagnóstico

da dor aguda em cães e gatos.

( ) Alterações de diâmetro pupilar e parâmetros fisiológicos devem ser consideradas em

conjunto com outros parâmetros comportamentais, visto que inúmeros fatores, além da dor

aguda, podem afetá-los.

( ) Testes de marcha com placa de força não são metodologias úteis para avaliação de

claudicação em cães no pós-operatório de cirurgias ortopédicas, sendo mais úteis para uso em

diagnóstico de problemas locomotores de equinos.

( ) A escala composta de avaliação da dor de Gasglow é validada para mensuração de dor

aguda em cães e, envolve tanto a observação à distância do paciente, como a interação com o

mesmo.

a) F, V, F e V

b V, F, V e F

c) F, F, V e F

d) V, V, F e V

e) V, V, V e V

2. (Prefeitura de Uruguaiana-RS/2023) A morfina é um medicamento opioide muito utilizado na

Medicina Veterinária para alívio da dor intensa. Sobre esse fármaco, assinale a alternativa

INCORRETA.

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a) É uma substância narcótica e sintética, derivada do ópio retirado do leite da papoula.

b) Pode ser administrada apenas nas formas intravenosa e intramuscular.

c) Em felinos, seu uso para tratamentos crônicos pode causar midríase.

d) Entre os efeitos adversos mais observados estão: sedação, depressão respiratória, bradicardia,

retenção urinária, vômito, náusea, constipação, sialorreia.

e) É um medicamento utilizado no tratamento da dor aguda e profunda, na medicação pré-

anestésica e na analgesia trans e pós-operatória.

3. (Prefeitura de Uruguaiana-RS/2023) São considerados fármacos anti-inflamatórios esteroidais

(AIE):

a) Dexametasona e cetoprofeno.

b) Prednisolona e naproxeno.

c) Triancinolona e betametasona.

d) Dexametasona e piroxicam.

e) Prednisolona e cetoprofeno.

4. (UFF/ 2023) O conhecimento e entendimento da terminologia no que se refere à dor e analgesia

é importante para o correto registro de informações e comunicação entre profissionais a respeito

de casos. Assim, assinale a opção em que o termo em destaque está corretamente definido.

a) “Anestesia” é a perda total ou parcial, de forma reversível da sensação de dor em parte

definida do corpo.

b) “Alodinia” é a sensação dolorosa causada por um estímulo que normalmente não causa dor.

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c) “Hiperestesia” é o aumento da sensibilidade a estímulos dolorosos em uma área específica

do corpo.

d) “Windup” é a dessensibilização de nociceptores e caminhos periféricos e centrais da dor

resultando em campos receptivos reduzidos.

5. (UFF/ 2023) Opioides são fármacos largamente utilizados tanto na clínica como no período

perioperatório para o controle de dor em pacientes veterinários, sendo administrados por diversas

vias. Do ponto de vista farmacológico, pode-se dividir os opioides em três tipos: agonistas,

antagonistas e agonistas parciais. De acordo com essa definição, é correto afirmar que são:

a) antagonista, agonista parcial e agonista dos receptores opioides, respectivamente, a metadona,

o butorfanol e a buprenorfina.

b) agonista, antagonista e agonista parcial dos receptores opioides, respectivamente, a

meperidina, a naltrexona e a nalbufina.

c) agonista parcial, antagonista e agonista dos receptores opioides, respectivamente, o butorfanol,

a hidromorfona e o tramadol.

d) antagonista, agonista parcial e agonista dos receptores opioides, respectivamente, a naloxona,

o tramadol e o fentanil.

6. (UFV/2023) Dos fármacos listados abaixo, assinale aquele que exerce sua principal ação por

inibição dos receptores N metil-d-aspartato (NMDA), no sistema nervoso central:

a) Propofol

b) Cetamina

c) Etomidato

d) Tiopental

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e) Isofluorano

7. (UFRPE/2023) Para identificação da dor em animais, são utilizadas ferramentas para auxiliar o

clínico e o anestesista a quantificar e melhor tratar esses quadros. Sobre estas situações é incorreto

afirmar que:

a) As escalas analógicas visuais e escalas numéricas levam em consideração a experiência do

indivíduo avaliado e não do avaliador.

b) Atualmente, as escalas faciais são validadas e extensamente utilizadas em diversas espécies


==d8eaf==

domésticas.

c) As escalas de dor multidimensionais são espécie-específicas porque levam em consideração

comportamentos característicos daqueles indivíduos.

d) A identificação de um processo de dor crônica envolve o tutor devido a alterações por vezes

muito sutis na interação dele com o paciente.

e) A sedação presente na recuperação anestésica pode ser fator de confusão na avaliação de dor.

8. (Médico Veterinário - UFMG/2022) Analgésicos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs)

constituem grupo de fármacos de ampla aplicação na analgesia de animais de pequeno, médio e

grande porte. sobre esses fármacos, assinale a alternativa INCORRETA.

a) O meloxicam possui potente ação anti-inflamatória, baixa toxicidade renal e gastrintestinal, e

baixa meia-vida.

b) Carprofeno tem efeito condroprotetor, o que explica seu emprego nas osteoartrites dos cães,

sendo utilizado por longos períodos.

c) aINE diminuem a inflamação por bloquearem a enzima cicloxigenase responsável pela

transformação do ácido araquidônico em substâncias que desencadeiam o processo inflamatório.

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d) Cetoprofeno é indicado para pacientes com dor grau leve a moderado.

9. (PM-SP 2022) Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) estão entre os mais usados em

Medicina Veterinária com o objetivo de minimizar as respostas inflamatórias indesejáveis. Sobre

os AINEs, assinale a afirmativa correta.

a) A aspirina atua inativando as ciclo-oxigenases 1 e 2 de modo irreversível.

b) O paracetamol é o AINE mais seguro para ser usado em cães.

c) O uso de AINEs acarreta o aumento da síntese de prostaglandinas.

d) Todos os AINEs inibem as ciclo-oxigenases 1 e 2 de modo indiscriminado.

e) Os AINEs possuem a vantagem de não causarem efeitos adversos.

10. (ESFECEX/2022) Uma droga adjuvante analgésica e anticonvulsivante é:

a) a lidocaína.

b) a amitriptilina.

c) a dexametasona.

d) a gabapentina.

e) o midazolam.

11. (ESFECEX/2022) Um indicador comportamental de dor nos membros e cascos de equinos é a

característica de:

a) escoicear o abdômen.

b) rolamento.

c) distribuição anormal do peso.

d) olhar para o flanco.

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e) estiramento do corpo.

12. (UnB/2022) Assinale verdadeiro (V) ou falso (F) para a afirmação a seguir:

A amitriptilina, um antidepressivo tricíclico, não deve ser utilizada conjuntamente ao tramadol para

o tratamento da dor crônica, pois esta associação pode provocar síndrome serotoninérgica ( )

13. (Médico Veterinário – UFPE/2021) dor aguda é definida como aquela relacionada ao momento

da lesão e ao tempo em que o tecido estará inflamado e em processo de reparação. Sobre o

manejo farmacológico da dor aguda em cães e gatos, assinale a alternativa correta.

a) O protocolo analgésico não depende da gravidade ou duração da dor, nem da condição

preexistente do animal, visto que deve se basear em critérios pré-estabelecidos.

b) Como exemplo de analgesia balanceada ou multimodal, pode ser citado o uso da morfina

associada à meperidina.

c) As principais opções para o tratamento da dor aguda são os opioides, pois são de acesso

irrestrito e fácil administração e aquisição.

d) A analgesia preemptiva é realizada antes do trauma tecidual e visa atenuar ou prevenir o

desenvolvimento da sensibilização central induzida pela cirurgia.

e) Os opioides devem ser utilizados com cautela no controle da dor, pois causam depressão

respiratória grave em cães e gatos.

14. (Médico Veterinário – UFPE/2021) Observe as afirmativas a seguir sobre dor em pequenos

animais.

1) A dor é um fenômeno que pode ocorrer em indivíduos anestesiados.

2) A dor é considerada uma experiência multidimensional.

3) Pacientes submetidos a traumas teciduais semelhantes podem apresentar escores de dor

diferentes e requerimentos analgésicos distintos.

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Está(ão) correta(s):

a) 1, apenas.

b) 1 e 2, apenas.

c) 2 e 3, apenas.

d) 1, 2 e 3.

e) 3, apenas.

15. (Médico Veterinário – UFPI/2019) O opioide que, após sua biotransformação, apresenta efeito

analgésico por inibir a recaptação de serotonina e noradrenalina no sistema nervoso central é:

a) Morfina

b) Meperidina

c) Metadona

d) Butorfanol

e) Tramadol

16. (Médico Veterinário – UFPI/2019) O fármaco que, ao ser administrado pela via peridural no

espaço lombo-sacro de cães e gatos, induz analgesia até dermátomos craniais (membros

anteriores/tórax) e a característica deste fármaco que explica sua migração cranial no canal

medular, são respectivamente:

a) Bupivacaína, por apresentar baixa hidrossolubilidade.

b) Fentanil, por apresentar baixa hidrossolubilidade.

c) Lidocaína, por apresentar elevada hidrossolubilidade.

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d) Morfina, por apresentar elevada hidrossolubilidade.

e) Morfina, por apresentar elevada lipossolubilidade.

17. (Médico Veterinário – UFPI/2019) Dos opioides listados abaixo, marque a sequência CORRETA

baseada na sua eficácia relativa no controle da dor em cães (do opioide mais eficaz para o menos

eficaz no controle da dor):

a) Buprenorfina, morfina, butorfanol

b) Butorfanol, buprenorfina, morfina

c) Butorfanol, tramadol, buprenorfina

d) Tramadol, butorfanol, morfina

e) Morfina, buprenorfina, Butorfanol

18. (Médico veterinário – UFC/2018) A farmacologia pode ser definida como a ciência que estuda

a ação de substâncias químicas em um organismo vivo, portanto, engloba desde a origem da

substância química até o seu efeito no organismo, sendo correto afirmar que:

a) são exemplos de anti-inflamatórios não-esteroidais o Ácido acetilsalicílico, Cetoprofeno,

Nimesulida e Piroxicam.

b) são exemplos de anticonvulsivantes a Clorpromazina, Acepromazina, Levomepromazina,

Midazolam e Diazepam.

c) são exemplos de tranquilizantes e relaxantes musculares o Fenobarbital, Primidona, Diazepan,

Carbamazepina e Clonazepam.

d) são exemplos de anestésicos inalatórios o Halotano e o Tiopental; de anestésicos intravenosos

o Enfluorano, Isofluorano, Pentobarbital e Tiletamina e de anestésicos locais o Cloridrato de

Lidocaína e Cloridrato de tetracaína.

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e) a utilização, em concomitância, de mais de um medicamento pode causar modificação no efeito

de ambos ou de um deles quando são associados. Um desses efeitos é conhecido como

antagonismo, onde o efeito combinado de dois medicamentos é igual à soma dos efeitos isolados

de cada um deles.

19. (PREFEITURA DE ARAUCÁRIA/PR – 2017) Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) são

ferramentas fundamentais para o tratamento da dor na medicina veterinária. Sobre esses

fármacos, identifique as afirmativas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F):

( ) Os efeitos adversos gastrointestinais, como inapetência e ulcerações, são causados por irritação

direta na mucosa e inibição da produção de prostaglandinas.

( ) Não devem ser usados em gatos, pois essa espécie é extremamente sensível aos efeitos tóxicos

dos AINES.

( ) O principal mecanismo de ação dos AINES é a inibição das isoformas da enzima ciclo-oxigenase,

alterando a formação de prostaglandinas.

( ) Todos os AINES reduzem a produção de tromboxana A2 e causam importante alteração da

função plaquetária, motivo pelo qual há aumento do sangramento transoperatório e dos tempos

de sangramento na mucosa bucal e na gengiva.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.

a) V – F – F – V.

b) V – F – V – F.

c) F – V – F – F.

d) V – F – V – V.

e) F – V – V – F.

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20. (Médico Veterinário – UFES/2017) Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) são

amplamente utilizados para controle da dor no pós-operatório em animais de companhia. Sobre

a utilização desses fármacos, é CORRETO afirmar:

a) O carprofeno, o firocoxib e a dexametasona são AINES bastante utilizados em cães.

b) A úlcera gastrointestinal é o efeito colateral mais comum dos AINES.

c) A administração de AINES seletivos Cox-2 não oferece risco a fêmeas que estejam em período

reprodutivo.

d) O meloxicam é um AINE seletivo Cox-2 utilizado em cães e gatos na dose de 1 mg/kg a cada

24 horas.

e) A hipovolemia e a insuficiência renal e hepática não são contraindicações para a utilização de

AINES.

21. (Médico Veterinário - IFNMG/2016) A dor é conceituada como “uma experiência sensorial e

emocional desagradável que é associada a lesões reais ou potenciais”. Assim, com relação à sua

fisiopatologia e aos fármacos utilizados para o seu controle, assinale V para as afirmativas

verdadeiras e F para as falsas.

( ) O evento inicial, na sequência de todos os outros para a geração da dor, se dá pela

transformação dos estímulos ambientais em potenciais de ação que, das fibras nervosas

periféricas, são transferidos para o sistema nervoso central.

( ) Os receptores nociceptivos são representados por terminações nervosas livres presentes nas

fibras mielínicas Aδ e C, que estão presentes na pele, vísceras, vasos sanguíneos e fibras dos

músculos esqueléticos.

( ) Os analgésico opioides são agentes com alta eficácia, porém baixa segurança, e seus efeitos

dependem da afinidade que ele possui com o receptor específico.

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( ) Os opioides são classificados em agonistas, como a meperidina; agonistas / antagonistas, como

o butorfanol; e antagonistas, como a naloxona.

Assinale a sequência CORRETA.

a) V F F V.

b) V F F F.

c) F V F V.

d) V V V F.

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GABARITO

1. A 15. E

2. B 16. D

3. C 17. E

4. B 18. A

5. B 19. B

6. B 20. B

7. A 21. A

8. B

9. A

10. D

11. C

12. Verdadeiro

13. D

14. C

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QUESTÕES COMENTADAS

1. (Médico Veterinário - UFRR/2023) A respeito da dor aguda pós-operatória em cães, considere

as sentenças abaixo, classificando-as em verdadeiro (V) ou falso (F).

( ) A avaliação do cortisol plasmático tem se mostrado um indicador fiel para o diagnóstico

da dor aguda em cães e gatos.

( ) Alterações de diâmetro pupilar e parâmetros fisiológicos devem ser consideradas em

conjunto com outros parâmetros comportamentais, visto que inúmeros fatores, além da dor

aguda, podem afetá-los.

( ) Testes de marcha com placa de força não são metodologias úteis para avaliação de

claudicação em cães no pós-operatório de cirurgias ortopédicas, sendo mais úteis para uso em

diagnóstico de problemas locomotores de equinos.

( ) A escala composta de avaliação da dor de Gasglow é validada para mensuração de dor

aguda em cães e, envolve tanto a observação à distância do paciente, como a interação com o

mesmo.

a) F, V, F e V

b V, F, V e F

c) F, F, V e F

d) V, V, F e V

e) V, V, V e V

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Comentários:

A letra A está correta e é o gabarito da questão.

A primeira afirmação “A avaliação do cortisol plasmático tem se mostrado um indicador fiel para

o diagnóstico da dor aguda em cães e gatos” está incorreta. Embora as concentrações de beta-

endorfina, catecolamina e cortisol no plasma sejam correlacionados com dor aguda, estes também

são influenciados por outros fatores, como ansiedade, estresse, medo e fármacos, fazendo que

este método precise ser correlacionado com avaliações comportamentais.

A segunda afirmação “Alterações de diâmetro pupilar e parâmetros fisiológicos devem ser

consideradas em conjunto com outros parâmetros comportamentais, visto que inúmeros fatores,

além da dor aguda, podem afetá-los” está correta. Atualmente é aceito que o método mais

preciso para avaliar a dor em animais não são parâmetros fisiológicos, mas observações

comportamentais. A avaliação da dor deve ser um componente de rotina de todo exame físico, e

um escore de dor deve ser sempre obtido1.

A terceira afirmação “Testes de marcha com placa de força não são metodologias úteis para

avaliação de claudicação em cães no pós-operatório de cirurgias ortopédicas, sendo mais úteis

para uso em diagnóstico de problemas locomotores de equinos” está incorreta. A análise da

marcha dos pacientes na plataforma de força é bastante utilizada e útil para avaliação da

claudicação de cães após cirurgias ortopédicas e neurológicas

A quarta afirmação “A escala composta de avaliação da dor de Gasglow é validada para

mensuração de dor aguda em cães e, envolve tanto a observação à distância do paciente, como a

interação com o mesmo” está correta. A escala Composta de Glasgow é utilizada para cães e se

baseia em alterações comportamentais relacionadas à dor, e é respondida pelo avaliador em

1
Epstein, M.E. et al. 2015 AAHA/AAFP Pain Management Guidelines for Dogs and Cats. Journal of Feline Medicine
and Surgery, v.17, p.251–272, 2015.

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palavras que expressem a dor, ela consiste no exame inicial do paciente à distância, seguida de

aproximação e interação.

2. (Prefeitura de Uruguaiana-RS/2023) A morfina é um medicamento opioide muito utilizado na

Medicina Veterinária para alívio da dor intensa. Sobre esse fármaco, assinale a alternativa

INCORRETA.

a) É uma substância narcótica e sintética, derivada do ópio retirado do leite da papoula.

b) Pode ser administrada apenas nas formas intravenosa e intramuscular.

c) Em felinos, seu uso para tratamentos crônicos pode causar midríase.

d) Entre os efeitos adversos mais observados estão: sedação, depressão respiratória, bradicardia,

retenção urinária, vômito, náusea, constipação, sialorreia.

e) É um medicamento utilizado no tratamento da dor aguda e profunda, na medicação pré-

anestésica

e na analgesia trans e pós-operatória.

Comentários:

A letra B está incorreta e é o gabarito da questão. A morfina é um agonistas Mu completo, um

alcalóide derivado do ópio, sendo um dos principais opioides utilizados nas espécies domésticas.

Tem como vantagem poder ser administrada por diversas vias, como oral, intramuscular,

intravenosa, subcutânea ou epidural. Apresenta potência moderada e uma ótima eficácia.

3. (Prefeitura de Uruguaiana-RS/2023) São considerados fármacos anti-inflamatórios esteroidais

(AIE):

a) Dexametasona e cetoprofeno.

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b) Prednisolona e naproxeno.

c) Triancinolona e betametasona.

d) Dexametasona e piroxicam.

e) Prednisolona e cetoprofeno.

Comentários

A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. A triancinolona e a betametasona são

glicorticoides sintéticos.

A alternativa A está incorreta. Embora a dexametasona seja um anti-inflamatório esteroidal, o

cetoprofeno é um anti-inflamatório não esteroidal.

A alternativa B está incorreta. Embora a prednisolona seja um anti-inflamatório esteroidal, o

naproxeno é um anti-inflamatório não esteroidal.

A alternativa D está incorreta. Embora a dexametasona seja um anti-inflamatório esteroidal, o

piroxicam é um anti-inflamatório não esteroidal.

A alternativa E está incorreta. Embora a prednisolona seja um anti-inflamatório esteroidal, o

cetoprofeno é um anti-inflamatório não esteroidal.

4. (UFF/ 2023) O conhecimento e entendimento da terminologia no que se refere à dor e analgesia

é importante para o correto registro de informações e comunicação entre profissionais a respeito

de casos. Assim, assinale a opção em que o termo em destaque está corretamente definido.

a) “Anestesia” é a perda total ou parcial, de forma reversível da sensação de dor em parte

definida do corpo.

b) “Alodinia” é a sensação dolorosa causada por um estímulo que normalmente não causa dor.

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c) “Hiperestesia” é o aumento da sensibilidade a estímulos dolorosos em uma área específica

do corpo.

d) “Windup” é a dessensibilização de nociceptores e caminhos periféricos e centrais da dor

resultando em campos receptivos reduzidos.

Comentários:

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Alodinia é a dor devido a um estímulo que

normalmente não provocaria dor, originando de algum defeito no sistema de transmissão ou de

modulação.

A alternativa A está incorreta. “Anestesia” é a perda total, de forma reversível da sensação de

dor, podendo ser local, regional ou total.

A alternativa C está incorreta. “Hiperestesia” ou “Hiperalgesia” é a resposta aumentada a um

estímulo que normalmente é doloroso.

A alternativa D está incorreta. “Windup” é a sensibilização sináptica clássica, ou seja, o aumento

progressivo no número de potenciais de ação causados por neurônios e interneurônios, no corno

dorsal da medula espinhal.

5. (UFF/ 2023) Opioides são fármacos largamente utilizados tanto na clínica como no período

perioperatório para o controle de dor em pacientes veterinários, sendo administrados por diversas

vias. Do ponto de vista farmacológico, pode-se dividir os opioides em três tipos: agonistas,

antagonistas e agonistas parciais. De acordo com essa definição, é correto afirmar que são:

a) antagonista, agonista parcial e agonista dos receptores opioides, respectivamente, a metadona,

o butorfanol e a buprenorfina.

b) agonista, antagonista e agonista parcial dos receptores opioides, respectivamente, a

meperidina, a naltrexona e a nalbufina.

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c) agonista parcial, antagonista e agonista dos receptores opioides, respectivamente, o butorfanol,

a hidromorfona e o tramadol.

d) antagonista, agonista parcial e agonista dos receptores opioides, respectivamente, a naloxona,

o tramadol e o fentanil.

Comentários:

A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. A definição e principais fármacos de cada

classe opioide estão listados a seguir:

 Agonista opioide puro: se liga a um ou mais tipos de receptores e causa certos efeitos, como

analgesia ou depressão respiratória (morfina, meperidina, alfaprodina, fentanil, alfentanil,

sufentanil, fenoperidina, codeína, hidromorfona, oximorfona, metadona, tramadol e heroína);

 Opioide agonista parcial: se liga a um determinado receptor e causa um efeito menos

pronunciado do que o de um agonista puro (buprenorfina, nalbufina);

 Antagonista opioide: liga-se a um ou mais tipos de receptores, mas não causa nenhum efeito

nesses receptores. Ao deslocar competitivamente um agonista de um receptor, o antagonista

efetivamente reverte o efeito do agonista (naloxona, naltrexona);

 Agonista-antagonista opioide: se liga a mais de um tipo de receptor, causando um efeito em

um, mas nenhum efeito ou um efeito menos pronunciado em outro (nalbufina, nalorfina, levalorfan,

pentazocina, butorfanol e dezocina).

6. (UFV/2023) Dos fármacos listados abaixo, assinale aquele que exerce sua principal ação por

inibição dos receptores N metil-d-aspartato (NMDA), no sistema nervoso central:

a) Propofol

b) Cetamina

c) Etomidato

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d) Tiopental

e) Isofluorano

Comentários:

A letra B está correta e é o gabarito da questão. A cetamina exerce um efeito modificador da dor

por meio de suas ações antagonistas do receptor N-metil-D-aspartato por meios da redução da

sensibilização do sistema nervoso central e aumento da atividade nervosa inibitória.

A letra A está incorreta. O propofol desempenha seus efeitos anestésicos por meio de sua

interação com receptores GABAA.

A letra C está incorreta. O etomidato apresenta atividade agonista do receptor de GABA.

A letra D está incorreta. Os barbitúricos ativam o subtipo inotrópico do receptor de GABAA.

A letra E está incorreta. O isofluorano exerce seu mecanismo anestésico por meio da interação

com neurotransmissores.

7. (UFRPE/2023) Para identificação da dor em animais, são utilizadas ferramentas para auxiliar o

clínico e o anestesista a quantificar e melhor tratar esses quadros. Sobre estas situações é incorreto

afirmar que:

a) As escalas analógicas visuais e escalas numéricas levam em consideração a experiência do

indivíduo avaliado e não do avaliador.

b) Atualmente, as escalas faciais são validadas e extensamente utilizadas em diversas espécies

domésticas.

c) As escalas de dor multidimensionais são espécie-específicas porque levam em consideração

comportamentos característicos daqueles indivíduos.

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d) A identificação de um processo de dor crônica envolve o tutor devido a alterações por vezes

muito sutis na interação dele com o paciente.

e) A sedação presente na recuperação anestésica pode ser fator de confusão na avaliação de dor.

Comentários:

A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. A escala analógica visual é um método

universal e unidimensional de avaliação da dor e se baseia nas observações do avaliador. Podendo

ser usado em qualquer espécie, consistindo em uma linha reta com 100 mm de comprimento,

contendo as frases “ausência de dor” e “pior dor possível” em suas duas extremidades.

8. (Médico Veterinário - UFMG/2022) Analgésicos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs)

constituem grupo de fármacos de ampla aplicação na analgesia de animais de pequeno, médio e

grande porte. sobre esses fármacos, assinale a alternativa INCORRETA.

a) O meloxicam possui potente ação anti-inflamatória, baixa toxicidade renal e gastrintestinal, e

baixa meia-vida.

b) Carprofeno tem efeito condroprotetor, o que explica seu emprego nas osteoartrites dos cães,

sendo utilizado por longos períodos.

c) aINE diminuem a inflamação por bloquearem a enzima cicloxigenase responsável pela

transformação do ácido araquidônico em substâncias que desencadeiam o processo inflamatório.

d) Cetoprofeno é indicado para pacientes com dor grau leve a moderado.

Comentários:

A alternativa B está incorreta e é o gabarito da questão. O meloxicam é um AINE da classe dos

oxicans, que derivam do ácido enólico. Sua ação anti-inflamatória é potente, embora o meloxicam

seja classificado como um AINE COX-2 seletivo, ele inibe, em menor grau, a COX-1, no entanto,

não é isento de efeitos adversos, como efeitos gástricos e renais, principalmente dependente da

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dose e da duração. O Meloxicam apresenta meia-vida em cães que varia de 12 a 36 horas, não

sendo considerada curta.

9. (PM-SP 2022) Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs) estão entre os mais usados em

Medicina Veterinária com o objetivo de minimizar as respostas inflamatórias indesejáveis. Sobre

os AINEs, assinale a afirmativa correta.

a) A aspirina atua inativando as ciclo-oxigenases 1 e 2 de modo irreversível.

b) O paracetamol é o AINE mais seguro para ser usado em cães.

c) O uso de AINEs acarreta o aumento da síntese de prostaglandinas.

d) Todos os AINEs inibem as ciclo-oxigenases 1 e 2 de modo indiscriminado.

e) Os AINEs possuem a vantagem de não causarem efeitos adversos.

Comentários:

A letra A está correta e é o gabarito da questão. A aspirina, ou ácido acetilsalicílico é um AINE. O

mecanismo de ação do ácido acetilsalicílico se dá pela inibição irreversível e não seletiva da

cicloxigenase (COX-1 e COX-2).

A letra B está incorreta. Em cães, o paracetamol em baixas doses é metabolizado em metabólitos

não tóxicos, mas essas vias tornam-se saturadas em superdosagem, levando ao metabolismo por

outras vias resultando na produção de metabólitos tóxicos2. O órgão alvo pela toxicidade do

paracetamol, em cães, é o fígado.

A letra C está incorreta. Os AINEs inibem a expressão das enzimas ciclooxigenase (COX) nas

membranas celulares. Essas enzimas são essenciais na biossíntese de várias prostaglandinas do

2
Bates, N. Paracetamol poisoning. Companion Animal, v.21, n.10, 2016.

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ácido araquidônico. Os AINEs inibem a biossíntese de prostaglandinas responsáveis por diferentes

funções3.

A letra D está incorreta. Os AINES podem inibir a COX-1 e COX-2 ou ser seletivo para COX-2.

A letra E está incorreta. Efeitos colaterais dos AINEs incluem efeitos gastrointestinais variando de

gastrite e vômito a perfuração intestinal, redução da agregação plaquetária, nefrotoxicidade e

hepatotoxicidade. Os AINEs devem ser usados com cautela ou evitados em pacientes com:

 Hipovolemia, desidratação, hipotensão, choque;

 Insuficiência renal ou hepática;

 Insuficiência cardíaca congestiva, disfunção cardíaca;

 úlceras gástricas;

 Coagulopatia;

 Administração concomitante de medicamentos nefrotóxicos, outros AINEs ou corticosteroides.

Monitoramento cuidadoso e regular para toxicidade gastrointestinal, renal e/ou hepática deve ser

realizado ao usar esta classe de fármaco4.

10. (ESFECEX/2022) Uma droga adjuvante analgésica e anticonvulsivante é:

a) a lidocaína.

b) a amitriptilina.

c) a dexametasona.

d) a gabapentina.

e) o midazolam.

3
Monteiro, B.; Steagall, P.V. Antiinflammatory Drugs. Vet Clin Small Anim., v.49, p.993–1011, 2019.
4
Berry, S.H. Analgesia in the Perioperative Period. Vet Clin Small Anim., v.45, p.1013–1027, 2015.

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Comentários:

A letra D está correta e é o gabarito da questão. Os gabapentionóides (gabapentina e pregabalina)

são anticonvulsivantes com propriedades analgésicas. São derivados do neurotransmissor

inibitório GABA e possuem múltiplos mecanismos de ação. Devido à sua eficácia e tolerabilidade,

a gabapentina é amplamente utilizada em dor neuropática e outras condições de dor mal

adaptativas5.

11. (ESFECEX/2022) Um indicador comportamental de dor nos membros e cascos de equinos é a

característica de:

a) escoicear o abdômen.

b) rolamento.

c) distribuição anormal do peso.

d) olhar para o flanco.

e) estiramento do corpo.

Comentários:

A letra C está correta e é o gabarito da questão. Em cavalos, a laminite pode ser uma condição

extremamente dolorosa, aguda e crônica, com sinais distintivos como claudicação, incapacidade

ou relutância em andar, mudança frequente de peso e distribuição anormal de peso nas patas

traseiras para aliviar a pressão nas patas dianteiras6.

5
Gruen, M.E. et al. 2022 AAHA Pain Management Guidelines for Dogs and Cats. J Am Anim Hosp Assoc., v.58, p.55–
76, 2022.
6
Dalla Costa, E. et al. Using the Horse Grimace Scale (HGS) to Assess Pain Associated with Acute Laminitis in Horses
(Equus caballus). Animals, v.6, n.8, 2016

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12. (UnB/2022) Assinale verdadeiro (V) ou falso (F) para a afirmação a seguir:

A amitriptilina, um antidepressivo tricíclico, não deve ser utilizada conjuntamente ao tramadol para

o tratamento da dor crônica, pois esta associação pode provocar síndrome serotoninérgica ( )

Comentários:

A afirmativa é verdadeira. A síndrome serotoninérgica ocorre devido a associação de fármacos

que aumentam a transmissão serotoninérgica. A inibição do metabolismo do tramadol aumenta a

ocorrência desta síndrome, uma vez que o tramadol apresenta maior ação sobre a serotonina do

que seu metabólito M1. Em relação à farmacocinética, o metabolismo do tramadol pode ser

diminuído por fármacos que inibam CYP 2D6, como amitriptilina, resultando em inibição da

recaptação de serotonina pelos dois medicamentos (mecanismo farmacodinâmico) 7.

13. (Médico Veterinário – UFPE/2021) dor aguda é definida como aquela relacionada ao momento

da lesão e ao tempo em que o tecido estará inflamado e em processo de reparação. Sobre o

manejo farmacológico da dor aguda em cães e gatos, assinale a alternativa correta.

a) O protocolo analgésico não depende da gravidade ou duração da dor, nem da condição

preexistente do animal, visto que deve se basear em critérios pré-estabelecidos.

b) Como exemplo de analgesia balanceada ou multimodal, pode ser citado o uso da morfina

associada à meperidina.

c) As principais opções para o tratamento da dor aguda são os opioides, pois são de acesso

irrestrito e fácil administração e aquisição.

d) A analgesia preemptiva é realizada antes do trauma tecidual e visa atenuar ou prevenir o

desenvolvimento da sensibilização central induzida pela cirurgia.

7
MARCOLIN, M.A.; CANTARELLI, M.G.; GARCIA JUNIOR, M. Interações farmacológicas entre medicações clínicas e
psiquiátricas Arch. Clin. Psychiatry, v.31, n.2, 2004.

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e) Os opioides devem ser utilizados com cautela no controle da dor, pois causam depressão

respiratória grave em cães e gatos.

Comentários:

A letra D está correta e é o gabarito da questão. A analgesia preemptiva consiste no bloqueio

pré-cirúrgico da nocicepção destinado a prevenir ou diminuir a dor pós-cirúrgica ou a

hipersensibilidade à dor.

14. (Médico Veterinário – UFPE/2021) Observe as afirmativas a seguir sobre dor em pequenos

animais.

1) A dor é um fenômeno que pode ocorrer em indivíduos anestesiados.

2) A dor é considerada uma experiência multidimensional.

3) Pacientes submetidos a traumas teciduais semelhantes podem apresentar escores de dor

diferentes e requerimentos analgésicos distintos.

Está(ão) correta(s):

a) 1, apenas.

b) 1 e 2, apenas.

c) 2 e 3, apenas.

d) 1, 2 e 3.

e) 3, apenas.

Comentários:

A letra C está correta e é o gabarito da questão.

A afirmação 1 “A dor é um fenômeno que pode ocorrer em indivíduos anestesiados” está

incorreta. A dor é definida como “uma experiência sensorial e emocional desagradável associada

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a dano tecidual real ou potencial, ou descrita em termos de tal dano”, isso significa que a dor em

si depende da sensação do indivíduo.

A afirmação 2 “A dor é considerada uma experiência multidimensional” está correta. A

percepção da dor é influenciada por inúmeros fatores internos e externos, incluindo o ambiente

social e físico8.

A afirmação 3 “Pacientes submetidos a traumas teciduais semelhantes podem apresentar escores

de dor diferentes e requerimentos analgésicos distintos” está correta. A dor é uma experiência

exclusivamente individual. A experiência consciente da dor é uma emoção subjetiva que pode ser

experimentada mesmo na ausência de estimulação nociva óbvia e que pode ser modificada por

medo, ansiedade, memória e estresse9.

15. (Médico Veterinário – UFPI/2019) O opioide que, após sua biotransformação, apresenta efeito

analgésico por inibir a recaptação de serotonina e noradrenalina no sistema nervoso central é:

a) Morfina

b) Meperidina

c) Metadona

d) Butorfanol

e) Tramadol

Comentários:

8
Monteiro, B.P. et al. 2022 WSAVA guidelines for the recognition, assessment and treatment of pain. Journal of Small
Animal Practice, v.64, n.4, p.177-254, 2023.
9
Monteiro, B.P. et al. 2022 WSAVA guidelines for the recognition, assessment and treatment of pain. Journal of Small
Animal Practice, v.64, n.4, p.177-254, 2023.

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A letra E está correta e é o gabarito da questão. O tramadol é um análogo da codeína, classificado

como um opioide sintético, seu mecanismo de ação se dá pela ligação a receptores mu, inibição

da recaptação de serotonina e norepinefrina no SNC, antagonismo ao receptor NMDA e ao

receptor 5-HT e agonismo ao receptor TRPV1. O tramadol é um pró-fármaco e requer

metabolismo para O-desmetiltramadol (M1) para seu efeito analgésico opioide.

16. (Médico Veterinário – UFPI/2019) O fármaco que, ao ser administrado pela via peridural no

espaço lombo-sacro de cães e gatos, induz analgesia até dermátomos craniais (membros

anteriores/tórax) e a característica deste fármaco que explica sua migração cranial no canal

medular, são respectivamente:

a) Bupivacaína, por apresentar baixa hidrossolubilidade.

b) Fentanil, por apresentar baixa hidrossolubilidade.

c) Lidocaína, por apresentar elevada hidrossolubilidade.

d) Morfina, por apresentar elevada hidrossolubilidade.

e) Morfina, por apresentar elevada lipossolubilidade.

Comentários:

A letra D está correta e é o gabarito da questão. A morfina apresenta alta hidrossolubilidade, e

por ser menos lipofílica (coeficiente de partição octanol/água de aproximadamente 1,2) se torna

um opioide adequado para administração em injeção epidural única, proporcionando analgesia

duradoura por até 24hs10. A infusão de morfina epidural em região lombossacral é indicada para

10
GRIMM, K. A.; LAMONT, L. A.; TRANQUILLI, W. J.; GREENE, S. A.; ROBERTSON, S. A. Lumb & Jones Anestesiologia
e Analgesia em Veterinária, 5 ed, Rio de Janeiro: Roca, 2017.

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procedimentos na região caudal, no entanto a analgesia se estende para a região cranial, torácica

e de membros torácicos.

17. (Médico Veterinário – UFPI/2019) Dos opioides listados abaixo, marque a sequência CORRETA

baseada na sua eficácia relativa no controle da dor em cães (do opioide mais eficaz para o menos

eficaz no controle da dor):

a) Buprenorfina, morfina, butorfanol

b) Butorfanol, buprenorfina, morfina

c) Butorfanol, tramadol, buprenorfina

d) Tramadol, butorfanol, morfina

e) Morfina, buprenorfina, Butorfanol

Comentários:

A letra E está correta e é o gabarito da questão. Os agonistas μ totais, como a morfina,

apresentam os efeitos analgésicos mais intensos. Já o agonista μ parcial, como a buprenorfina,

causa um efeito analgésico clinicamente eficaz, mas menos profundo que o de um agonista μ

completo, apresentando analgesia moderada. Por sua vez, o Butorfanol, um antagonista μ e

agonista κ, apresenta efeitos analgésicos relativamente fraco11.

18. (Médico veterinário – UFC/2018) A farmacologia pode ser definida como a ciência que estuda

a ação de substâncias químicas em um organismo vivo, portanto, engloba desde a origem da

substância química até o seu efeito no organismo, sendo correto afirmar que:

11
GRIMM, K. A.; LAMONT, L. A.; TRANQUILLI, W. J.; GREENE, S. A.; ROBERTSON, S. A. Lumb & Jones Anestesiologia
e Analgesia em Veterinária, 5 ed, Rio de Janeiro: Roca, 2017.

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a) são exemplos de anti-inflamatórios não-esteroidais o Ácido acetilsalicílico, Cetoprofeno,

Nimesulida e Piroxicam.

b) são exemplos de anticonvulsivantes a Clorpromazina, Acepromazina, Levomepromazina,

Midazolam e Diazepam.

c) são exemplos de tranquilizantes e relaxantes musculares o Fenobarbital, Primidona, Diazepan,

Carbamazepina e Clonazepam.

d) são exemplos de anestésicos inalatórios o Halotano e o Tiopental; de anestésicos intravenosos

o Enfluorano, Isofluorano, Pentobarbital e Tiletamina e de anestésicos locais o Cloridrato de

Lidocaína e Cloridrato de tetracaína.

e) a utilização, em concomitância, de mais de um medicamento pode causar modificação no efeito

de ambos ou de um deles quando são associados. Um desses efeitos é conhecido como

antagonismo, onde o efeito combinado de dois medicamentos é igual à soma dos efeitos isolados

de cada um deles.

Comentários:

A letra A está correta e é o gabarito da questão. Os AINEs inibem a expressão das enzimas

ciclooxigenase (COX) nas membranas celulares. Essas enzimas são essenciais na biossíntese de

várias prostaglandinas a partir do ácido araquidônico. Existem pelo menos duas isoformas COX

(COX-1 e COX-2). Ao inibir enzimas COX específicas, os AINEs inibem a biossíntese de

prostaglandinas responsáveis por diferentes funções biológicas e de homeostase12. Exemplos de

AINEs são o meloxican, carprofeno, cetoprofeno, deracoxibe, piroxicam, firocoxibe,

robenacoxibe, nimesulida, ácido acetilsalicílico, entre outros.

12
Monteiro, B.; Steagall, P.V. Antiinflammatory Drugs. Vet Clin Small Anim., v.49, p.993–1011, 2019.

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19. (PREFEITURA DE ARAUCÁRIA/PR – 2017) Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) são

ferramentas fundamentais para o tratamento da dor na medicina veterinária. Sobre esses

fármacos, identifique as afirmativas a seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F):

( ) Os efeitos adversos gastrointestinais, como inapetência e ulcerações, são causados por irritação

direta na mucosa e inibição da produção de prostaglandinas.

( ) Não devem ser usados em gatos, pois essa espécie é extremamente sensível aos efeitos tóxicos

dos AINES.

==d8eaf==

( ) O principal mecanismo de ação dos AINES é a inibição das isoformas da enzima ciclo-oxigenase,

alterando a formação de prostaglandinas.

( ) Todos os AINES reduzem a produção de tromboxana A2 e causam importante alteração da

função plaquetária, motivo pelo qual há aumento do sangramento transoperatório e dos tempos

de sangramento na mucosa bucal e na gengiva.

Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para baixo.

a) V – F – F – V.

b) V – F – V – F.

c) F – V – F – F.

d) V – F – V – V.

e) F – V – V – F.

Comentários:

A letra B está correta e é o gabarito da questão.

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A primeira afirmação “Os efeitos adversos gastrointestinais, como inapetência e ulcerações, são

causados por irritação direta na mucosa e inibição da produção de prostaglandinas” é verdadeira.

Os efeitos adversos potenciais baseiam-se principalmente na inibição da prostaglandina e incluem

irritação gastrointestinal, enteropatia perdedora de proteínas, dano renal e tempo de

sangramento prolongado pela prevenção da agregação plaquetária. Os AINEs podem produzir

alterações gastrointestinais, incluindo anorexia, diarreia e vômitos13. A toxicidade gastrintestinal

decorre de dois mecanismos: a irritação direta do AINE sobre a mucosa gastrintestinal e a inibição

das prostaglandinas. A irritação direta da mucosa decorre do aumento da lipofilia dos AINEs

ácidos em ambiente ácido do estômago e difusão para dentro das células da mucosa gástrica,

onde causam lesão14.

A segunda afirmação “Não devem ser usados em gatos, pois essa espécie é extremamente

sensível aos efeitos tóxicos dos AINES”. Embora os gatos sejam uma espécie sensível, muitos

AINES são indicados para essa espécie, como o meloxicam, o cetoprofeno, o robenacoxibe, entre

outros.

A terceira afirmação “O principal mecanismo de ação dos AINES é a inibição das isoformas da

enzima ciclo-oxigenase, alterando a formação de prostaglandinas”. Os AINEs inibem a expressão

das enzimas ciclooxigenase (COX) nas membranas celulares. Essas enzimas são essenciais na

biossíntese de várias prostaglandinas a partir do ácido araquidônico. Existem pelo menos duas

isoformas COX (COX-1 e COX-2). Ao inibir enzimas COX específicas, os AINEs inibem a biossíntese

de prostaglandinas responsáveis por diferentes funções biológicas e de homeostase15.

A quarta afirmação “Todos os AINES reduzem a produção de tromboxana A2 e causam

importante alteração da função plaquetária, motivo pelo qual há aumento do sangramento

13
Monteiro, B.; Steagall, P.V. Antiinflammatory Drugs. Vet Clin Small Anim., v.49, p.993–1011, 2019.
14
GRIMM, K. A.; LAMONT, L. A.; TRANQUILLI, W. J.; GREENE, S. A.; ROBERTSON, S. A. Lumb & Jones Anestesiologia
e Analgesia em Veterinária, 5 ed, Rio de Janeiro: Roca, 2017.
15
Monteiro, B.; Steagall, P.V. Antiinflammatory Drugs. Vet Clin Small Anim., v.49, p.993–1011, 2019.

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transoperatório e dos tempos de sangramento na mucosa bucal e na gengiva. Os AINES podem

inibir a COX-1 e COX-2 ou ser seletivo para COX-2. A prostaglandina sintase-1 (COX-1) é uma

enzima constitutiva expressa nos tecidos. As prostaglandinas, a prostaciclina e o tromboxano

sintetizados por essa enzima são responsáveis pelas funções fisiológicas normais16. Dessa forma,

AINEs que sejam seletivos para COX-2 não irão diminuir a produção de tromboxanos.

20. (Médico Veterinário – UFES/2017) Os anti-inflamatórios não esteroidais (AINES) são

amplamente utilizados para controle da dor no pós-operatório em animais de companhia. Sobre

a utilização desses fármacos, é CORRETO afirmar:

a) O carprofeno, o firocoxib e a dexametasona são AINES bastante utilizados em cães.

b) A úlcera gastrointestinal é o efeito colateral mais comum dos AINES.

c) A administração de AINES seletivos Cox-2 não oferece risco a fêmeas que estejam em período

reprodutivo.

d) O meloxicam é um AINE seletivo Cox-2 utilizado em cães e gatos na dose de 1 mg/kg a cada

24 horas.

e) A hipovolemia e a insuficiência renal e hepática não são contraindicações para a utilização de

AINES.

Comentários:

A letra B está correta e é o gabarito da questão. Os efeitos adversos potenciais baseiam-se

principalmente na inibição da prostaglandina e o principal é a irritação gastrointestinal. Os AINEs

podem produzir alterações gastrointestinais, incluindo anorexia, diarreia e vômitos17. A toxicidade

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gastrintestinal decorre de dois mecanismos: a irritação direta do AINE sobre a mucosa

gastrintestinal e a inibição das prostaglandinas. A irritação direta da mucosa decorre do aumento

da lipofilia dos AINEs ácidos em ambiente ácido do estômago e difusão para dentro das células

da mucosa gástrica, onde causam lesão18.

21. (Médico Veterinário - IFNMG/2016) A dor é conceituada como “uma experiência sensorial e

emocional desagradável que é associada a lesões reais ou potenciais”. Assim, com relação à sua

fisiopatologia e aos fármacos utilizados para o seu controle, assinale V para as afirmativas

verdadeiras e F para as falsas.

( ) O evento inicial, na sequência de todos os outros para a geração da dor, se dá pela

transformação dos estímulos ambientais em potenciais de ação que, das fibras nervosas

periféricas, são transferidos para o sistema nervoso central.

( ) Os receptores nociceptivos são representados por terminações nervosas livres presentes nas

fibras mielínicas Aδ e C, que estão presentes na pele, vísceras, vasos sanguíneos e fibras dos

músculos esqueléticos.

( ) Os analgésico opioides são agentes com alta eficácia, porém baixa segurança, e seus efeitos

dependem da afinidade que ele possui com o receptor específico.

( ) Os opioides são classificados em agonistas, como a meperidina; agonistas / antagonistas, como

o butorfanol; e antagonistas, como a naloxona.

Assinale a sequência CORRETA.

a) V F F V

18
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b) V F F F

c) F V F V

d) V V V F

Comentários:

A letra A está correta e é o gabarito da questão.

A primeira afirmativa “O evento inicial, na sequência de todos os outros para a geração da dor,

se dá pela transformação dos estímulos ambientais em potenciais de ação que, das fibras nervosas

periféricas, são transferidos para o sistema nervoso central” é verdadeira. O evento inicial da

cascata de dor, ou seja, a transdução é a fase na qual as extremidades terminais das fibras nervosas

sensoriais reconhecem e transformam a energia química, mecânica ou térmica em potencial de

ação (sinais elétricos), por despolarização da membrana do neurônio de primeira ordem.

A segunda afirmativa “os receptores nociceptivos são representados por terminações nervosas

livres presentes nas fibras mielínicas Aδ e C, que estão presentes na pele, vísceras, vasos

sanguíneos e fibras dos músculos esqueléticos” é falsa. A via da dor sugere referência à via

nociceptiva de uma cadeia de três neurônios, com o neurônio de primeira ordem originando-se

na periferia e projetando-se para a medula espinhal, o neurônio de segunda ordem ascendendo

na medula espinhal e o neurônio de terceira ordem projetando-se no córtex cerebral e outras

estruturas supraespinhais19.

A terceira afirmativa “ Os analgésico opioides são agentes com alta eficácia, porém baixa

segurança, e seus efeitos dependem da afinidade que ele possui com o receptor específico” é

falsa. Os opioides atuam por combinação reversível com um ou mais receptores opioides

específicos (mu - μ, kappa -κ e delta -δ) no cérebro e na medula espinhal, produzindo uma

19
Fox, S.M. Chronic Pain in Small Animal Medicine, 2ed., NW: CRC Press, 2023.

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variedade de efeitos, incluindo analgesia, sedação, euforia, disforia e excitação20. Os opioides

podem ser administrados por via intravenosa, intramuscular, subcutânea, oral, epidural,

transdérmica ou retal. Utilizados no período pré (preemptivo), trans (adjuvante) ou pós (analgesia

de resgate) operatório para obtenção de analgesia. São fármacos com uma boa margem de

segurança.

A quarta afirmativa “Os opioides são classificados em agonistas, como a meperidina; agonistas /

antagonistas, como o butorfanol; e antagonistas, como a naloxona” é verdadeira. Os opioides

podem ser classificados em21:

 Agonista opioide puro: se liga a um ou mais tipos de receptores e causa certos efeitos, como

analgesia ou depressão respiratória (morfina, meperidina, alfaprodina, fentanil, alfentanil,

sufentanil, fenoperidina, codeína, hidromorfona, oximorfona, metadona, tramadol e heroína);

 Opioide agonista parcial: se liga a um determinado receptor e causa um efeito menos

pronunciado do que o de um agonista puro (buprenorfina);

 Antagonista opioide: liga-se a um ou mais tipos de receptores, mas não causa nenhum efeito

nesses receptores. Ao deslocar competitivamente um agonista de um receptor, o antagonista

efetivamente reverte o efeito do agonista (naloxona, naltrexona);

 Agonista-antagonista opioide: se liga a mais de um tipo de receptor, causando um efeito em

um, mas nenhum efeito ou um efeito menos pronunciado em outro (nalbufina, nalorfina, levalorfan,

pentazocina, butorfanol e dezocina).

20
Muir, W.W.; Hubbel, J.A.; Bednarski, R.M.; Lerche, P. Handbook of Veterinary Anesthesia, 5ed., St. Louis:Elsevier, 2012.
21
Gaynor, J.S.; Muir III, W.W. HANDBOOK OF VETERINARY PAIN MANAGEMENT, 3ed. St. Louis: Elsevier, 2015.

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