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Movimento Periódico – Sistema Massa Mola

Luis Gustavo Ferreira Lopes

Bacharelado em Ciência e Tecnologia – Laboratório de Ondas e Termodinâmica – Turma 01


Universidade Federal Rural do Semi-Árido – Campus Caraúbas
Rio Grande do Norte – Brasil

Experimento realizado em 23 de agosto de 2022

Resumo. Este relatório tem como objetivo descrever o que acontece com um sistema massa-mola
durante um experimento realizado. A priori, são descritos os conceitos físicos envolvidos, afim de
compreender melhor o sistema massa mola e sua relação com o movimento periódico, dessa forma,
identificar as forças que atuam no sistema e suas relações. Observar o que ocorre quando é
associado mais de uma mola ao conjunto e o que acontece quando colocamos o sistema para
oscilar.

Palavras chave: sistema massa-mola; oscilação; peso.

I. Introdução
O sistema massa mola é um tipo de movimento deformação da mola, ou seja, quanto maior a
periódico, considerado um dos mais simples das deformação da mola, maior será a força elástica.
aplicações. Em alguns casos conhecido como
movimento oscilatório o movimento periódico é
caracterizado por ocorrer de forma similar em
intervalos de tempos iguais, denominados de período
[1]. Em um sistema massa mola quando a mola é
esticada ou comprimida a mola adquire energia
potencial elástica, quando solta, essa energia
potencial passa a ser periodicamente convertida em
energia cinética [2]. Nesse sistema há atuação de
uma força chamada força restauradora ou força
elástica que tende a restaurar a posição de equilíbrio
da mola. Assim, a massa tende a ficar oscilando em
torno da posição de equilíbrio até um certo momento Fig. 1 – Sistema massa mola em três configurações.
e voltando, o sistema tende a parar, pois há
resistência do ar ou uma força de atrito sobre o Fonte:https://www.preparaenem.com/upload/conteu
sistema, além da mola apresentar uma constante, do/images/2019/01/esquema-lei-de-hooke.jpg
essa constante depende principalmente do material e
suas dimensões. Dessa forma, a força elástica pode
ser definida da seguinte forma; Nesse caso, se a massa estiver parada a equação
(1) pode ser descrita como;
𝐹𝑅 = −𝑘 ⋅ 𝑥 𝐸𝑞 (1)
Onde, 𝑚 ⋅ 𝑔 = 𝑘 ⋅ 𝛥𝑥 𝐸𝑞 (2)
𝑘 é a constante da mola em N/m e 𝑥 é a deformação Com esta equação é possível determinar a
da mola ou deslocamento sofrido. equação do movimento deslocando a massa de seu
A figura 1 mostra o sistema massa mola, ponto de equilíbrio. Juntando a segunda lei de
inicialmente a mola está em sua configuração Newton com a equação (1) podemos obter a equação
original, logo depois, foi acrescido uma massa ao do Movimento Harmônico Simples, assim;
sistema deformando o mesmo, por fim duas massas
foram acrescidas no sistema mudando sua 𝑥(𝑡) = 𝐴𝑚 ⋅ cos(𝜔 ⋅ 𝑡) 𝐸𝑞 (3)
deformação de acordo com a massa imposta. Logo, Onde
a força peso faz com que a mola aumente seu
comprimento. Pode-se observar que a força elástica 𝑥(𝑡) é a posição de m em função do tempo, 𝐴𝑚 é
é proporcional ao produto da constante elástica e a a amplitude máxima, 𝜔 é a frequência angular e 𝑡 é
o tempo.
A frequência angular pode ser obtida da seguinte ➢ 1 suporte para prender a molas.
forma, juntando a segunda lei de Newton e a lei de
Hooke, logo; Primeiramente o gancho foi preso ao suporte e o
suporte a uma mola e verificou-se o ponto de
𝐹𝑅 = 𝑚 ⋅ 𝑎 e 𝐹𝑅 = −𝑘 ⋅ 𝑥 relaxação, uma massa de 50 g foi acoplado ao
logo, gancho e a elongação da mola foi observada. A
figura 2 mostra o esquema montado e a elongação da
𝑚 ⋅ 𝑎 = −𝑘 ⋅ 𝑥 mola.
assim,

𝑎 𝑘
=− 𝐸𝑞 (4)
𝑥 𝑚

Como a aceleração máxima é dada por:

𝑎 = −𝜔2 𝑥

dividindo ambos os lados por x temos;


𝑎 Fig. 2 – Elongação da mola com uma massa
= −𝜔2 𝐸𝑞 (5)
𝑥
Fonte: Autoria própria
Logo, substituindo (4) em (5) temos;
Em seguida, outra massa de 50 g foi adicionada
𝑘 no gancho e a elongação foi medida novamente, por
− = −𝜔2 𝐸𝑞(6)
𝑚 fim, uma terceira massa foi adicionado novamente
Assim; ao gancho deixando o sistema com três massas, e a
elongação da mola foi medida novamente. Os discos
𝜔=√
𝑘
𝐸𝑞 (7) foram retirados um a um e observou-se as medições
𝑚 e o comportamento da mola novamente. Com isso a
constante elástica em cada situação pôde ser
O período pode ser definido com a relação entre calculada e a média pôde ser feita e também a
a frequência, assim; frequência angular do conjunto completo com as 3
massas pôde ser calculada.
2𝜋 Depois, o processo de ir acrescentando massas e
𝑇= 𝐸𝑞(8)
𝜔 retirando massas foi refeito novamente, mas dessa
Logo; vez com duas molas em série e duas molas em
𝑚 paralelo. O cálculo da constante elástica foi feito
𝑇 = 2𝜋√ 𝐸𝑞(9)
𝑘 para as duas situações, assim como o cálculo da
frequência angular. A figura 3 e 4 mostras como
Portanto, o objetivo deste trabalho consiste em ficou os dois esquemas montados, a figura 3 mostra
analisar o comportamento de um sistema massa o esquema das molas em série e a figura 4 mostra o
mola, inicialmente com uma certa massa, em seguida esquema das molas em paralelo. O processo é
com acréscimo de massas verificando seu semelhante para os esquemas acrescidos das outras
comportamento novamente. Assim como, observar o massas.
comportamento de associação de três molas,
primeiramente em série em seguida em paralelo,
além de medir o valor da constante elástica.

II. Procedimento Experimental


Os materiais utilizados durante o experimento
estão listados abaixo.

➢ 3 discos de massa m = 50 g;
➢ 3 molas helicoidais;
➢ Régua;
Fig. 3 – massa acoplada a duas molhas em
➢ Multicronômetro;
série.
➢ Tripé para sustentação;
➢ Gancho de 10 g para prender os discos
Fonte: autoria própria
de massa;
𝑘
𝜔=√
𝑚

36,75
𝜔=√ = 15,65
0,15

Para realizar esse cálculo foi utilizado as três


massas de 50 g.

É verificado que à medida que ∆x aumenta o


Fig. 4 – massa acoplada há duas molas em
valor da constante elástica da mola diminui, e isso é
paralelo.
esperado já que a constante é inversamente
proporcional a elongação da mola.
Fonte: autoria própria
A tabela 2 mostra os resultados obtidos com o
Posteriormente, as duas molas em série
uso de duas molas em série, onde seu ponto de
juntamente com as três massas foram distendidas
relaxação foi 0,105 m.
cerca de 1 cm em relação a posição que as molas
estavam com as massas, ou seja, a posição que a
Tabela 2 – dados obtidos com duas molas série
mola ficou distendida com as massas, e em seguida
liberada, e com isso pôde-se se observar o período Ponto de relaxação X0 = 0,105 m
do movimento através da marcação no # Adicionando massa Retirando massa
multicronômetro. Os quatros tempos mais m (kg) 0,05 0,1 0,15 0,1 0,05 0
semelhantes foram escolhidos e uma média foi feita. ∆x (m) 0,028 0,058 0,088 0,058 0,028 0
O mesmo processo ocorreu para a associação das K (N/m) 17,50 16,89 16,70 16,89 17,50 0
molas em paralelo e os quatro períodos semelhantes
foram anotados e feito uma média. Calcule 𝑘méd = 14,11 N/m ꙍ(150g) = 10,55 rad/s

III. Resultados e Discussão Para esses valores encontrados as equações (7) e


(10) foram usadas novamente. É possível observar
A tabela 1 mostra os resultados obtidos durante a que com duas molas em série o valor das constantes
primeira parte do experimento onde seu ponto de elásticas é aproximado, mas seus valores vão
relaxação foi 0,030 m. decrescendo de acordo com quantidade de massa que
é acrescentada no sistema.
Tabela 1 – dados obtidos
Na tabela 3 é mostrado os resultados obtidos com
Ponto de relaxação X0 = 0,03 m uso de duas molas em paralelo, onde seu ponto de
# Adicionando massa Retirando massa relaxação é 0,023 m.
m (kg) 0,05 0,1 0,15 0,1 0,05 0
∆x (m) 0,012 0,026 0,04 0,026 0,012 0 Tabela 3 - dados obtidos com duas molas em
K (N/m) 40,83 37,69 36,75 37,69 40,83 0 paralelo
Calcule 𝑘méd = 32,30 N/m ꙍ(150g) = 15,65 rad/s
Ponto de relaxação X0 = 0,023 m
A constante K foi calculado através da seguinte # Adicionando massa Retirando massa
equação; m (kg) 0,05 0,1 0,15 0,1 0,05 0
∆x (m) 0,007 0,017 0,023 0,017 0,007 0,00
𝑚⋅𝑔
𝑘= 𝐸𝑞(10) K (N/m) 70 57,64 63,91 57,64 70 0
𝛥𝑥
Calcule 𝑘méd = 53,19 N/m ꙍ(150g) = 20,64 rad/s
𝑚
0,05 𝑘𝑔 ⋅ 9,8
𝑘= 𝑠 2 = 40, 83
0,012 𝑚 Ao analisar os resultados paras as molas em
paralelo a constante da soma das molas individuais
Esse cálculo foi realizado para os demais valores. divergiu um pouco do esperado, já que a constante
da mola esperada era a da mola individual, mas isso
Para calcular a frequência angular a equação (7) acontece pois há imprecisões, como a observação da
foi utilizada; régua, a distenção que a mola pode apresentar pelo
seu uso recorrente entre outros. O mesmo acontece
para as molas em série.
A tabela 4, apresenta o período de oscilação das dinâmica com as molas em paralelo, assim usando as
molas em série com 3 massas de 50 g quando equações (7) e (8) podemos encontrar os mesmos,
distendida 1 cm em relação a posição de relaxação logo;
do conjunto completo.
2𝜋
𝜔=
Tabela 4 – períodos de oscilação mola série Tméd
# T(s)
2𝜋
1 0,61585 𝜔= = 19,52 𝑟𝑎𝑑/𝑠
0,321725
2 0,619
3 0,6139 E para a constante elástica temos;
4 0,6074 𝑘 = 𝑚 ⋅ 𝜔2
Tméd = 0,6140375
𝑘 = 0,15 𝑘𝑔 ⋅ (19,52)2
Com o período médio é possível calcular a
frequência angular e a constante elástica das duas 𝑘 = 57,15 𝑁/𝑚
molas, assim usando a equação (8), temos;
Com base nos valores encontrados podemos
2𝜋 observar que tanto a frequência angular dinâmica
𝜔= como a constante elástica dinâmica são bem
Tméd
próximos do caso estático, diferindo por unidades,
2𝜋 para ser mais específico, cerca 1,12 rad/s para a
𝜔= = 10,23 𝑟𝑎𝑑/𝑠
0,6140375 frequência angular e 3,96 N/m para a constante
elástica. Além disso, podemos observar que a
Modificando a equação 7 é possível achar o a amplitude vai diminuindo com o passar do tempo, já
constante elástica já que temos a frequência angular, que não se trata de um caso ideal.
assim;
IV. Conclusão
𝑘 2
𝜔=√ => 𝑘 = 𝑚 ⋅ 𝜔 Portanto, diante do experimento realizado
𝑚
verificou-se a atuação do movimento periódico em
um sistema massa mola, onde foi possível medir a
𝑘 = 0,15 𝑘𝑔 ⋅ (10,23)2
constante elástica de uma mola e da associação de
molas, e, ao colocamos mais massa ao sistema a
𝑘 = 15,70 𝑁/𝑚
constante elástica tende a diminuir, para a associação
de molas em série e em paralelo as constantes
É possível perceber que a frequência angular
elásticas das mesmas diferem por uma pequena
dinâmica é quase igual a estática, ou seja, esse valor
diferença, isso é aceitável, visto que não se trata de
é muito considerável, visto que foi feito com a média
um sistema 100% ideal, pois pode-se mudar a
do período, já a constante elástica dinâmica difere
constante da mola se houver uma distenção qualquer.
por uma unidade e meia da estática. Os resultados
A lei de Hooke está de acordo com o movimento
são satisfatórios.
periódico, pois se trata de uma força restauradora,
fazendo com que haja uma oscilação em torno da
Na tabela 5 são apresentados o período de
posição de equilíbrio.
oscilação das molas em paralelo com três massas de
50g.
V. Referências
Tabela 5 – períodos de oscilação mola paralelo

[1] SILVA, Victor Abath da.; CRUZ, Frederico


# T(s)
A. O. Análise do movimento periódico: uma
1 0,32495 proposta de abordagem virtual. Ensino de Ciências
2 0,32285 e Tecnologia em Revista, Seropédica, Vol. 7, n. 2.
Jul./Dez. 2017.
3 0,31860 [2] HELERBROCK, Rafael. Oscilador massa-
4 0,32050 mola. In: MUNDO EDUCAÇÃO. Disponível em:
Tméd = 0,321725 https://mundoeducacao.uol.com.br/fisica/oscilador-
massa-mola.htm. Acesso em: 03 set. 2022.
Com o período médio é possível determinar a
frequência angular dinâmica e a constante elástica
HELERBROCK, Rafael. Lei de Hooke. In:
PreParaEnem. Disponível em: 10𝑁/𝑚 . (0,02𝑚)²
https://www.preparaenem.com/fisica/lei-hooke.htm 𝐸= = 0,002 𝐽
2
Acesso em: 03 set. 2022

QUESTÕES E PROBLEMAS 3) No problema 2, qual o valor da velocidade


máxima atingida pela massa e em
1) Com a massa de 150g na condição de qual(ais) posição(ões) isto ocorre?
equilíbrio determine a elongação que se
faz necessária para ocorrer um depósito Podemos encontrar a velocidade máxima
energético de 0,3 J na energia elástica da atingida pela massa com a seguinte expressão;
mola. OBS.: utilize o valor da constate
encontrada pelo método estático. 𝑣𝑚 = 𝜔𝐴𝑚

Usando equação de energia potencial 𝑟𝑎𝑑


𝑣𝑚 = 7,07 . 0,02 𝑚 = 0,1414 𝑚/𝑠
elástica podemos determinar o valor da 𝑠
elongação, assim
Essa velocidade máxima é atingida na posição de
kx 2 equilíbrio, ou seja, para este na posição 8 cm ou
U= 0,08 m.
2
4) Se alterarmos a amplitude de oscilação de
2U um sistema massa-mola quais grandezas
x=√
k são mantidas invariáveis?
logo;
A massa, a constante elástica, a frequência e
frequência angular e o período são
2.0,3J invariáveis.
x=√
32,30N/m
5) Cite algumas aplicações que envolvem o
x = 0,1362 m sistema massa-mola.

2) Se uma massa de 200 g é presa a uma mola Podemos encontrar o sistema massa mola
de constante elástica k = 10,0 N/m oscila em amortecedores de carros e motos,
entre os valores 6 e 10 cm. Qual amplitude dinamômetros entre outros.
de oscilação, a frequência angular, a
energia mecânica do sistema?

Para a amplitude:

𝐴𝑚 − 𝐴𝑚−
𝐴𝑚 =
2
10 − 6
𝐴𝑚 = = 2𝑐𝑚 𝑜𝑢 0,02𝑚
2

Para a frequência angular:

𝑘
𝜔=√
𝑚

10 𝑁/𝑚
𝜔=√ = 7,07 𝑟𝑎𝑑/𝑠
0,2 𝑘𝑔

Para a energia mecânica:

𝑘𝐴2𝑚
𝐸=
2

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