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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

CUIDADORES FORMAIS DE DOENTES CRÓNICOS


ADULTOS: EXPERIÊNCIA DE BURNOUT, COPING E
SIGNIFICAÇÕES

Mariana Maurício Vieira

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA


Área de Especialização em Psicologia Clínica e da Saúde

Psicologia da Saúde e da Doença

2021
UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

CUIDADORES FORMAIS DE DOENTES CRÓNICOS


ADULTOS: EXPERIÊNCIA DE BURNOUT, COPING E
SIGNIFICAÇÕES

Mariana Maurício Vieira

Dissertação orientada pelo Professor Doutor Fernando Fradique

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA


Área de Especialização em Psicologia Clínica e da Saúde

Psicologia da Saúde e da Doença

2021
I

“Se é fisicamente desgastante, se é emocionalmente desgastante, eu acho que depende da

quantidade de carga que aquela pessoa tem e também da capacidade que ela tem para

resolver ou o stress ou o cansaço. Eu acho que isso vai depender muito de pessoa para

pessoa.” (CF16, 2016)


II

Resumo

A prestação de cuidados a doentes crónicos adultos é fisicamente e psicologicamente exigente

para os cuidadores formais. Uma das suas consequências para estes cuidadores é o

desenvolvimento de uma experiência de stress prolongado no contexto ocupacional, definida

como burnout. No presente estudo, procurou-se compreender a experiência de burnout de 19

cuidadores formais, pertencentes a diferentes categorias sociodemográficas. Para isso,

realizaram-se entrevistas semiestruturadas a estes cuidadores, tendo os dados sido analisados

segundo uma abordagem qualitativa e apoiada na análise temática. Os resultados apontaram

para a existência de poucas diferenças na experiência de burnout entre as categorias

sociodemográficas. Identificou-se o risco de desenvolvimento de burnout nos cuidadores de

todas as categorias sociodemográficas, sendo a exaustão, nas suas vertentes emocional e

física, o principal sinal de burnout, apoiando a literatura sobre o tema. De entre todas as

categorias sociodemográficas, os cuidadores mais novos apresentaram um risco acrescido

para o desenvolvimento de burnout, experimentando sinais de exaustão, despersonalização e

de baixa realização pessoal. Os fatores de risco mais associados, ao burnout na maioria das

categorias sociodemográficas, relacionaram-se com as funções desempenhadas e com os

beneficiários. Por outro lado, as relações interpessoais positivas, a utilização de estratégias de

coping adaptativas e a valorização do ato de cuidar contribuíram para a proteção face ao

agravamento da experiência de burnout. Neste sentido, o treino de competências

interpessoais e de resolução de problemas pode beneficiar os cuidadores formais, prevenindo

o desenvolvimento de manifestações mais graves de burnout.

PALAVRAS CHAVE: Cuidadores formais; burnout; coping; significações


III

Abstract

Providing caregiving to chronic illness patients is physically and psychologically demanding

for the formal caregivers. One of its consequences for these caregivers is the development of

a long term stress experience on the work place, defined as burnout. On the present study I

try to understand the burnout experience of 19 formal caregivers, who belonged to different

social demographical categories. For that, semi-structured interviews were conducted to these

caregivers, and the data was analyzed using a qualitatively approach based on the thematic

analysis. The results pointed out to the existence of low diferences in the experience of

burnout between the social demographical categories. The risk for the development of

burnout was identified on the caregivers of all the social demographical categories, and the

exhaustion, both the physical and the emotional, was the main sign of burnout, supporting the

literature over this theme. Between all the social demographical categories, the younger

caregivers exhibited a higher risk for developing burnout, experiencing signs of exhaustion,

depersonalization and low personal accomplishment. The burnout risk factors, for the most

social demographical categories, were related to working factors or related to patients. On the

other hand, positive interpersonal relationships, the use of adaptive coping strategies and

appreciating the care act contributed to the protection for developing burnout. In that sense,

training interpersonal competences and resolution problem strategies can benefit the formal

caregivers, preventing the development of worst burnout experiences.

KEY WORDS: Formal caregivers; burnout; coping; meanings


IV

Índice

Introdução 1

Enquadramento teórico 3

1. Os contextos de saúde e de doença e o cuidador 3

2. O cuidador formal 5

2.1. Consequências do ato de cuidar para o cuidador formal 6

2.1.1. Fatores de risco para o desenvolvimento de burnout 8

2.2. Coping 11

2.3. Significações 14

3. O presente estudo 16

Método 17

1. Amostra 17

2. Material 19

3. Procedimento 20

Resultados 23

1. Experiências de burnout 23

1.1. Manifestações de burnout 24

1.1.1. Totalidade da amostra 24

1.1.2. Idade 25

1.1.3. Escolaridade 26

1.1.4. Formação 27

1.2. Fatores de risco e de proteção 28

1.2.1. Totalidade da amostra 28


V

1.2.2. Idade 31

1.2.3. Escolaridade 32

1.2.4. Formação 33

2. Coping 34

2.1. Totalidade da amostra 35

2.2. Idade 36

2.3. Escolaridade 37

2.4. Formação 37

3. Significações relativas ao ato de cuidar 38

3.1. Características ou competências dos cuidadores formais 41

3.1.1. Totalidade da amostra 41

3.1.2. Idade 42

3.1.3. Escolaridade 43

3.1.4. Formação 44

3.2. Características do ato de cuidar 44

3.2.1. Totalidade da amostra 44

3.2.2. Idade 45

3.2.3. Escolaridade 45

3.2.4. Formação 46

3.3. Benefícios de ser cuidador/ato de cuidar 46

3.3.1. Totalidade da amostra 46

3.3.2. Idade 46

3.3.3. Escolaridade 47
VI

3.3.4. Formação 47

Discussão 48

1. Experiências de burnout 48

1.1. Manifestações de burnout 48

1.2. Fatores de risco e de proteção 50

2. Coping 52

3. Significações 53

Conclusão 56

Referências 60
VII

Índice de quadros

Quadro 1. Características Sociodemográficas da Amostra 18

Quadro 2. Manifestação de Burnout nos Cuidadores Formais (N = 19) 25

Quadro 3. Fatores de Risco e de Proteção de Burnout nos Cuidadores Formais (N = 19) 29

Quadro 4. Estratégias de Coping Utilizadas pelos Cuidadores Formais (N = 19) 34

Quadro 5. Significações dos Cuidadores Formais (N = 19) 39


VIII

Anexos

Anexo A - Questionário Sociodemográfico (Margarido, 2016)

Anexo B - Guião de Entrevista Semiestruturada (Margarido, 2016)

Anexo C - Guião de Entrevista Semiestruturada (Martins, 2016)

Anexo D - Consentimento Informado (Margarido, 2016)

Anexo E - Consentimento Informado (Martins, 2016)


1

Introdução

Atualmente as doenças crónicas são um dos temas que tem suscitado mais interesse,

afetando, em Portugal, quase metade da população. Para além da prevalência elevada, estas

doenças caracterizam-se por consequências, que ultrapassam o domínio individual, e pela

longa duração, tornando necessária a prestação de cuidados prolongados. Os cuidadores

informais e formais asseguram essa mesma prestação de cuidados, contribuindo para a

satisfação das necessidades básicas dos doentes, ou beneficiários, e para a sua qualidade de

vida.

Os cuidadores formais, responsáveis por providenciar cuidados adequados aos

beneficiários a troco de uma remuneração, desempenham funções fisicamente e

psicologicamente exigentes. Diariamente, eles enfrentam as dificuldades (e.g., de

locomoção), as alterações cognitivas e/ou comportamentais (e.g., agressividade; perda de

orientação), o sofrimento, e por vezes a morte dos beneficiários dos seus cuidados. Para além

disso, nem sempre têm tempo suficiente para cuidar dos beneficiários como gostariam e

experimentam muitas vezes relações pouco cooperantes com os colegas. Nesse sentido, as

consequências que a prestação de cuidados tem para os cuidadores formais estão

consistentemente reportadas na literatura, abrangendo problemas físicos e emocionais, dos

quais se destaca o burnout.

O burnout é definido como uma experiência de stress prolongado no contexto

ocupacional, manifestando-se, principalmente, em exaustão emocional, frequentemente

descrita como “cansaço”. Outras manifestações desta experiência, incluem um afastamento

emocional do stressor (i.e., uma experiência de despersonalização) e perceções de baixa

competência e satisfação no desempenho do seu trabalho (i.e., uma baixa realização pessoal).
2

A experiência de burnout não depende apenas de fatores de risco (e.g., relações

interpessoais com os colegas pouco satisfatórias), como também dos recursos cognitivos

(e.g., re-enquadramento positivo), comportamentais (e.g., coping ativo) e emocionais (e.g.,

expressão emocional) dos cuidadores para lidarem com o stress associado ao seu trabalho.

Para além disso, como o ato de cuidar é um processo dinâmico e interativo, os cuidadores

que experimentam burnout tendem a prestar cuidados de menor qualidade, propiciando uma

menor satisfação e um maior sofrimento dos seus beneficiários.

Assim, o presente estudo tem como principal objetivo compreender a experiência de

burnout de alguns cuidadores formais de doentes crónicos adultos, dividindo-se em várias

partes. Primeiro, apresenta-se o enquadramento teórico, salientando o que a literatura refere

sobre o tema deste trabalho; a seguir, apresenta-se a forma como a investigação foi realizada,

i.e., a método; em terceiro lugar apresentam-se os resultados obtidos; em quarto lugar, estes

resultados são conceptualizados tendo por base as referências da literatura e, por último

apresentam-se as principais conclusões, assim como algumas limitações desta investigação e

sugestões para investigações futuras sobre esta temática.


3

Enquadramento teórico

1. Os contextos de saúde e de doença e o cuidador

No mundo atual um dos temas que mais atenção tem recebido por parte das pessoas é a

saúde, enfatizando-se a importância dos cuidadores formais (e.g., médicos; enfermeiros;

auxiliares de ação direta) e as consequências do desempenho da sua profissão (e.g., da Silva

& Neto, 2021).

Primeiramente, importa definir o cuidador como aquele que presta ajuda à pessoa cuidada,

i.e., ao doente, dependente, ou beneficiário, com o objetivo de facilitar a realização das suas

atividades quotidianas, em termos de higiene, alimentação, toma da medicação ou acesso a

outros cuidados ou serviços de saúde (Diniz et al., 2018).

Os cuidadores podem ainda ser formais ou informais, sendo a existência de remuneração

em troca da prestação de cuidados a principal diferença entre os dois (Lucchetti et al., 2014).

Ainda que em Portugal, atualmente, exista a possibilidade de o cuidador informal receber um

subsídio de apoio (Assembleia da República, 2019).

Embora as características sociodemográficas dos cuidadores possam variar de estudo para

estudo, existe evidência da maioria dos cuidadores, tanto informais como formais, ser do sexo

feminino (Diniz et al., 2018; Miyamoto, Tachimori, & Ito, 2010). Contudo, alguns estudos

(e.g., Diniz et al., 2018) apontam para algumas diferenças entre estes dois grupos de

cuidadores (i.e., entre os cuidadores formais e os cuidadores informais), com os cuidadores

informais a terem uma média de idade superior; menor escolaridade; mais anos de

experiência enquanto cuidador e mais horas diárias de prestação de cuidados,

comparativamente aos cuidadores formais (Diniz et al., 2018).


4

Salienta-se também que a prestação de cuidados por um cuidador ocorre no contexto da

saúde e da doença. Assim, importa definir que “ a saúde é um estado de completo bem-estar

físico, mental e social e não apenas a ausência de doença ou enfermidade” (World Health

Organization (WHO), 2005a, p.1). Tal como esta definição de saúde sugere, relacionado com

o conceito de saúde, existe o conceito de doença e, inseridas na doença, existem, mais

especificamente, as doenças crónicas, que representam hoje um dos principais contextos no

qual os cuidadores prestam cuidados.

De facto, as doenças crónicas, caracterizadas pela sua longa duração (WHO, 2018), são

hoje um dos assuntos que gera uma maior preocupação no mundo, não só pela sua

prevalência como pelas suas consequências (WHO, 2005b). As doenças crónicas incluem

doenças diversas, de entre as quais se destacam as doenças cardiovasculares; o cancro; a

diabetes e as doenças respiratórias crónicas, por serem as mais prevalecentes e as mais

mortais doenças crónicas no mundo (WHO, 2018).

Pensando agora nas doenças crónicas em Portugal, 3.9 milhões de pessoas residentes no

país, entre os 25 e os 74 anos de idade, reportam ter pelo menos uma doença crónica, sendo a

hipertensão a mais comum (Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA), 2015).

De facto, em 2016, 86% das mortes no país estiveram associadas a doenças crónicas,

principalmente a doenças cardiovasculares (WHO, 2018).

Embora as pessoas consigam hoje viver mais anos com doença crónica (WHO, 2018),

com a contribuição de inúmeros fatores (e.g., melhoria nas condições de vida das pessoas;

maior acesso a medicamentos e serviços de saúde (Schmidt et al., 2011)), as doenças crónicas

continuam a ter consequências.


5

Estas consequências podem manifestar-se diretamente no doente (e.g., pior qualidade de

vida (Ge, Ong & Yap, 2018); ter uma perturbação do humor, pensamentos, planos ou

tentativas de suicídio (Ferro et al., 2017)) ou traduzir-se em elevados custos económicos para

os países (e.g., devido à incapacidade de trabalhar de alguns doentes crónicos, especialmente

quando as suas doenças são músculo-esqueléticas (Theis, Roblin, & Helmick, 2018);

absentismo, falta de produtividade no contexto laboral e mortalidade precoce (Png, Yoong, &

Phan, 2016)).

De facto, as doenças crónicas representam hoje a principal causa da incapacidade com que

as pessoas podem viver vários anos antes de morrerem (Schmidt et al., 2011). Dada esta

diferença entre o número de anos em que a pessoa vive no total e o número de anos em que a

pessoa vive com saúde (Schmidt et al., 2011), e também dada a complexidade da doença

crónica (e.g., toma de medicamentos; idas a diferentes médicos especialistas (Ghosh et al.,

2019)), os cuidadores de doentes crónicos, especificamente, desempenham um papel

importante, que merece ser estudado com detalhe.

2. O cuidador formal

O cuidador formal é aquele que tem uma formação adequada aos cuidados

disponibilizados (Diniz et al., 2018) e que é remunerado (Guerra et al., 2019). Este cuidado

pode ser prestado em contexto institucional (e.g., hospital; lar) ou na casa do beneficiário do

cuidado (Paulus, Van Raak, & Keizer, citados por Bentwich, Dickman, & Oberman, 2017).

O ato de cuidar é também um processo dinâmico (Soltys & Tyburski, 2020) e

caracterizado pela reciprocidade (i.e., a satisfação do cuidador e do doente relacionam-se

(Ayalon & Roziner, 2016)), existindo uma troca entre quem cuida, i.e., o cuidador, e quem é
6

cuidado, i.e., o beneficiário. Neste sentido, importa perceber que consequências pode ter o ato

de cuidar para o cuidador formal.

2.1. Consequências do ato de cuidar para o cuidador formal

A literatura sugere que o ato de cuidar está associado a consequências físicas e

psicológicas para o cuidador formal, que muitas vezes tem de lidar com o sofrimento do outro

diariamente (Lucchetti et al., 2014). Quatro dessas consequências são o stress; a depressão; a

ansiedade (Lucchetti et al., 2014) e o stress traumático secundário, i.e., o stress

experimentado pelos cuidadores formais de doentes que viveram um evento traumático, ainda

que os cuidadores não tenham vivido diretamente esse evento (Hamid & Musa, 2017).

Uma outra consequência é a sobrecarga, ainda que esta seja mais estudada em cuidadores

informais (e.g., Edelstein, Band-Winterstein, & Bachner, 2017). De facto, o conceito de

sobrecarga remete para um conjunto de consequências para o cuidador formal, em vários

domínios (e.g., físico; social; psicológico; comportamental; económico) resultantes de cuidar

de alguém doente (Kalanlar & Alici, 2019).

O conceito de sobrecarga tem uma dimensão objetiva e outra subjetiva (Schene, 1990). A

dimensão objetiva comporta o conjunto de sintomas e comportamentos dos beneficiários dos

cuidados e as suas consequências para os cuidadores (Schene, 1990), sendo que estas

consequências se podem manifestar em domínios diversos (e.g., social; profissional (Azman,

Singh, & Sulaiman, 2017; Schene, 1990)). A dimensão subjetiva relaciona-se mais com a

perceção, ou avaliação, do cuidador relativamente à sobrecarga objetiva (Schene, 1990),

associando-se à perceção que o cuidador tem da sua saúde física e mental (e.g., presença de
7

emoções negativas (e.g., culpa; raiva); sintomas depressivos, ansiosos e somáticos (e.g., dores

de cabeça; perda de apetite)) (Schene, 1990).

A sobrecarga geral dos cuidadores parece ser mais afetada pela dimensão subjetiva (e.g.,

perceção de saúde; preocupação com o doente) do que pela dimensão objetiva (e.g., esforço

físico; tempo despendido a cuidar do idoso dependente), pelo menos em cuidadores informais

(Edelstein et al., 2017; Iecovich, 2011).

Quando comparados com os cuidadores informais, os cuidadores formais têm níveis de

sobrecarga inferiores (Diniz et al., 2018).

Existem outras consequências do ato de cuidar para os cuidadores formais para além da

sobrecarga. Neste sentido, não só a sua qualidade de vida geral é menor, comparativamente à

população não cuidadora (Pinheira & Beringuilho, 2017), como a qualidade de vida no

trabalho é menor, com impacto físico (e.g., fadiga; dores nas costas e no pescoço);

psicológico (e.g., medo de ser acusado de roubo, quando um doente não sabe onde pôs o seu

pertence); e social (e.g., falta de tempo para conversar com os colegas) (Kalanlar & Alici,

2019).

O ato de cuidar pode ainda contribuir para o burnout, i.e., uma experiência de stress no

contexto ocupacional dos cuidadores formais (Vicente & Oliveira, 2015). Maslach e Leiter

(2017) definem o burnout como uma síndrome psicológica cuja manifestação envolve

sintomas de três dimensões: a exaustão emocional; a despersonalização e a baixa realização

no trabalho.

A exaustão emocional (i.e., o esgotamento dos recursos emocionais, morais, psicológicos e

físicos do cuidador (Vicente & Oliveira, 2015)) é geralmente a primeira dimensão de burnout

a tornar-se saliente, manifestando-se através do cansaço (Maslach & Leiter, 2017).


8

A seguir, tende a surgir a despersonalização, que traduz um distanciamento emocional e

afetivo dos outros (e.g., dos doentes; dos colegas) (Vicente & Oliveira, 2015) e do próprio

trabalho (Yang & Hayes, 2020). I.e., a despersonalização consiste no afastamento emocional

do estímulo stressor (Maslach & Leiter, 2017).

Por último, tende a manifestar-se uma realização pessoal reduzida, que traduz a

diminuição dos sentimentos de prazer e competência no exercício do seu trabalho (Schaufeli,

Leiter, & Maslach, 2009, cit. em Vicente & Oliveira, 2015). Sendo que esta realização

pessoal reduzida também se pode traduzir em dúvidas do trabalhador acerca do seu valor e se

escolheu o trabalho/profissão certa (Maslach & Leiter, 2017).

Salienta-se que a exaustão emocional parece ser a principal manifestação do burnout

(O’Connor et al., 2018; Vandenbroeck et al., 2017; Vicente & Oliveira, 2015), por ser a mais

reportada por cuidadores formais, e que o burnout também se associa a um pior bem-estar

psicológico (Yates & Samuel, 2019).

Por fim, relativamente às consequências de ser cuidador, importa referir que estas se

relacionam. De facto, a sobrecarga tem semelhanças com a depressão, nomeadamente a

estabilidade temporal (e.g., 12 meses) (Griffiths, Wood, & Tai, 2018) e com o burnout, dado

compartilharem fatores de risco (e.g., maior número de horas semanais despendidas a prestar

cuidados; cuidar de pessoas com maior dependência) (Oliva-Moreno et al., 2018).

2.1.1 Fatores de risco para o desenvolvimento de burnout

Maslach e Leiter (2017) conceptualizam o burnout como um fenómeno que resulta da

interação de múltiplos fatores, entre os quais fatores do cuidador formal, e fatores da

organização/contexto ocupacional do trabalhador/cuidador. Estes autores sugerem ainda que


9

as estratégias de coping são também importantes, contribuindo para o desenvolvimento ou

para a prevenção do burnout (Maslach & Leiter, 2017), o que é igualmente proposto por

outros estudos (e.g., Gibson, O’Connor, & White, 2021; Yang & Hayes, 2020). Outros

autores acrescentam que também os fatores do beneficiário do cuidado intervêm no

desenvolvimento de burnout no cuidador (Yang & Hayes, 2020), assim como as significações

que o cuidador tem sobre o que é ser cuidador ou sobre o ato de cuidar (Vicente & Oliveira,

2015).

Começando pelos fatores do cuidador formal, e mais particularmente pelas suas

características sociodemográficas, o sexo feminino associa-se a níveis mais elevados de

burnout (Tavares, Souza, & Silva, 2014) e, mais particularmente, à sua dimensão específica

de exaustão emocional (Guveli et al., 2015) e uma maior intenção de permanecer no seu

trabalho atual (Eltaybani, Noguchi-Watanabe, & Igarashi, 2018). Por outro lado, ser-se do

sexo masculino associa-se sobretudo às outras duas dimensões do burnout, i.e., a uma maior

despersonalização (Balbay, Isikhan, & Balbay, 2011), mas também a uma maior realização

pessoal ou satisfação profissional (Franěk, Mohelská, & Zubr, 2014).

Quanto à idade, não existe um consenso na literatura. Por um lado, aponta-se que ser

jovem é um fator de risco para o desenvolvimento de burnout (Chuang, Tseng, & Lin, 2016;

Tavares et al., 2014; Yates & Samuel, 2019); exaustão emocional (Ilhan, Durukan, & Taner,

2008); e despersonalização (Ilhan et al., 2008). Outros estudos apontam que ter mais idade se

relaciona a uma maior realização pessoal (Delp, Wallace, & Geiger-Brown, 2010; Hamid &

Musa, 2017; Ilhan et al., 2008; Merlo, Stoian, & Motofei, 2020) e a uma maior intenção de

permanecer no trabalho atual (Eltaybani et al., 2018).


10

A experiência profissional dos cuidadores quando menor, associa-se a níveis mais

elevados de burnout (Chuang et al., 2016; Tavares et al., 2014); de exaustão emocional e de

despersonalização (Ilhan et al., 2008); quando maior associa-se, por outro lado, a uma maior

realização pessoal (Ilhan et al., 2008) e intenção de permanecer no trabalho atual (Eltaybani

et al., 2018).

No que diz respeito à escolaridade ou habilitações literárias dos cuidadores, ter uma

escolaridade superior associa-se a maiores níveis de burnout (Hamid & Musa, 2017);

exaustão emocional (Guveli et al., 2015) e despersonalização (Balbay et al., 2011; Guveli et

al., 2015). Uma menor escolaridade parece associar-se a uma maior satisfação profissional

(Balbay et al., 2011; Delp et al., 2010).

A categoria profissional do cuidador não parece relacionar-se com o burnout de um ponto

de vista global (Campos, Angélico, & de Oliveira, 2015). Contudo, considerando

especificamente as suas dimensões, há evidência de que ser enfermeiro é um fator de risco

para a exaustão emocional (Balbay et al., 2011; Guveli et al., 2015); ser médico para a

despersonalização (Balbay et al., 2011); e ser psicólogo para a menor satisfação no trabalho

(e.g., Balbay et al., 2011; Hamid & Musa, 2017).

Do ponto de vista relacional, o facto de o cuidador não estar envolvido numa relação

amorosa parece predispô-lo para desenvolver burnout (Chuang et al., 2016; Tavares et al.,

2014; Yates & Samuel, 2019) e ter menos contactos sociais relaciona-se com níveis mais

elevados de burnout (Celik et al., 2021).

Considerando o domínio da saúde do cuidador, um estilo de vida sedentário também

parece contribuir para aumentar a sua exaustão emocional (Socaciu, Ionuț, & Barsan, 2020).
11

Passando para os fatores da organização, refere-se que o ambiente laboral influencia o

burnout dos cuidadores formais. De facto, os fatores de risco organizacionais para o

desenvolvimento de burnout apontados na literatura são: (i) o trabalho em turnos noturnos

(Chuang et al., 2016; Socaciu et al., 2020); (ii) a carga de trabalho elevada/trabalhar durante

mais horas (Balbay et al., 2011; Delp et al., 2010; Gibson et al., 2021; Maslach & Leiter,

2017; O’Connor et al., 2018; Yates & Samuel, 2019); (iii) uma relação conflituosa, não

apoiante ou pautada pela baixa perceção de reconhecimento com os colegas e chefias

(Campos et al., 2015; Gibson et al., 2021; Maslach & Leiter, 2017; O’Connor et al., 2018;

Vicente & Oliveira, 2015; Yang & Hayes, 2020) ou com os beneficiários dos cuidados ou

respetivas famílias (Delp et al., 2010); (iv) baixa perceção de controlo em relação às decisões

que são tomadas e que dizem respeito ao seu trabalho (Maslach & Leiter, 2017); e (v)

perceção de injustiça (e.g., cuidadores formais que não gostam de trabalhar em locais onde

percepcionam que os pacientes não são tratados de forma adequada, justa) (Maslach & Leiter,

2017).

Transitando para os fatores do beneficiário do cuidado que influenciam o burnout dos

cuidadores formais, a doença de que eles sofrem parece ser importante. De facto, doenças que

exijam mais tempo de cuidados e cuidados mais especializados tendem a contribuir para o

burnout dos cuidadores formais (Gibson et al., 2021). Doenças (e.g., demência) que

envolvam sintomas de agressividade comportamental também contribuem mais para a

presença de burnout, no cuidador formal (Holst & Skär, 2017).

2.2. Coping
12

Revela-se ainda como relevante perceber como os cuidadores respondem ao stress

(Carver, Scheier, & Weintraub, 1989), já que há autores que sugerem a relação entre a

utilização de estratégias de coping desadaptativas e o burnout dos cuidadores formais

(Gibson et al., 2021; Yang & Hayes, 2020).

De facto, as estratégias de coping referem-se às respostas comportamentais, cognitivas ou

emocionais do cuidador na presença de um stressor, como é o ato de cuidar, de modo a

diminuir as suas consequências negativas e a aumentar a sua qualidade de vida (Faronbi,

2018).

As estratégias de coping são várias e dividem-se, tendencialmente, em três grupos:

estratégias focadas na emoção (i.e., para o controlo da emoção perante um evento stressor);

estratégias focadas no problema (i.e., para a sua resolução através de uma ação) e estratégias

desajustadas (Carver et al., 1989; Folkman & Lazarus, 1980), sendo rara a utilização de

apenas uma estratégia de coping perante um evento stressor.

Posteriormente, Carver (1997) focou-se mais na designação das estratégias de coping do

que no grupo ao qual elas pertencem. De facto, este autor propôs um instrumento que avalia

14 estratégias de coping possíveis de serem usadas perante um problema, ou evento stressor:

(i) o coping ativo, que traduz uma ação que é uma tentativa de resolução da situação; (ii) o

planeamento, que traduz a elaboração de um plano para resolver a situação; (iii) o re-

enquadramento positivo, que traduz a tentativa de ver o problema de uma forma mais positiva

ou concentrar-se nos aspetos positivos do problema; (iv) a aceitação do problema; (v) o

humor, que traduz a tentativa de se rir da situação; (vi) a religião, que traduz comportamentos

de oração ou meditação e tentativas de encontrar um significado para o problema, tendo por

base as suas crenças religiosas/espirituais; (vii) o apoio social emocional, que traduz a
13

tentativa de compreensão pelos outros e/ou a partilha de emoções; (viii) o apoio social

instrumental, que traduz a procura de proximidade dos outros a fim de encontrar ajuda para

resolver o problema; (ix) a auto-distração, que traduz o envolvimento noutras atividades, para

não pensar no problema; (x) a negação, que traduz a recusa da aceitação da realidade; (xi) a

expressão emocional, que traduz a expressão do que se sente, mesmo as emoções negativas;

(xii) o uso de substâncias (e.g., drogas; álcool) para se sentir melhor emocionalmente; (xiii) o

desinvestimento comportamental, que traduz a desistência comportamental de tentar resolver

o problema ou de tentar lidar com a situação; e (xiv) a auto-culpabilização, que traduz a

crítica e a atribuição de culpa a si próprio pelo problema (Carver, 1997).

A procura de apoio social emocional é apontada como a estratégia de coping preferencial

dos cuidadores (Balbay et al., 2011). Outros estudos (e.g., Lucchetti et al., 2014) evidenciam

também a religião como estratégia de coping preferencial, de modo a manter a sua saúde

mental ajustada, i.e., diminuindo os sintomas de depressão, ansiedade e stress.

O afastamento do stressor, através, por exemplo, do trabalho a tempo parcial e de dias de

folga/férias são também estratégias de coping reportadas pelos cuidadores formais (Gibson et

al., 2021).

O uso de substâncias, por outro lado, é a estratégia de coping menos utilizada pelos

cuidadores formais (Guveli et al., 2015).

Bentwich et al. (2018) identificaram uma outra estratégia de coping, que foi a

normalização, i.e., o facto de o cuidador formal de pessoas com demência definir a relação

com estes doentes como sendo normal para si, i.e., ignorando a presença de sintomas (e.g.,

problemas na memória) que poderiam causar ao cuidador stress psicológico acrescido (e.g.,

sintomas depressivos; frustração) (Clarke, cit. por Bentwich et al., 2018).


14

De facto, no estudo de Bentwich et al. (2018), a normalização surgiu sob diferentes formas

(e.g., reconhecer o passado e a identidade do doente (e.g., dar uma quipa a um judeu que a

usou durante mais de 40 anos); atribuir a estes doentes as capacidades de ver e ouvir (e.g.,

admitir que a pessoa chora porque ouviu e compreendeu o que o cuidador lhe disse)

(Bentwich et al., 2018). Esta estratégia contribuiu positivamente para a saúde mental e o

bem-estar dos cuidadores, assim como para os cuidados prestados aos doentes (e.g., visão do

doente como uma pessoa completa, i.e, com desejos, emoções, uma história, etc.) (Bentwich

et al., 2018).

Conhecer a pessoa, nomeadamente a sua personalidade e a forma como gosta de ser

tratada, é a estratégia efetiva mais mencionada pelos cuidadores para lidar com

comportamentos agressivos dos doentes, que seriam potencialmente desgastantes emocional e

fisicamente (Holst & Skär, 2017).

Importa ainda referir que a utilização de estratégias de coping (e.g., apoio social

emocional e o coping ativo) se associa a uma maior satisfação no trabalho (Delp et al., 2010;

Guveli et al., 2015); a uma melhor saúde geral e a uma menor exaustão emocional (Guveli et

al., 2015), apoiando o seu efeito protetor face ao desenvolvimento de burnout.

2.3. Significações relativas ao ato de cuidar

Importa também atender às significações dos cuidadores formais relativamente ao ato de

cuidar, percebendo qual a sua relação com o burnout.

Seguindo esta ordem de ideias, verifica-se que os cuidadores formais valorizam o ato de

cuidar, dando-lhe uma conotação positiva através do carinho, confiança e apoio em que se

baseia a sua relação com o beneficiário dos seus cuidados (Guerra et al., 2019). Mas também
15

porque gostariam de ser tratados desta forma positiva quando envelhecessem (Ayalon, 2009).

Ao cuidarem de idosos, os cuidadores formais lembram-se igualmente da sua relação com os

avós e/ou pais, nomeadamente das suas experiências enquanto cuidadores informais (Vicente

& Oliveira, 2015).

Os cuidadores formais sentem-se mais satisfeitos no desempenho da sua profissão quando

têm a perceção de que os beneficiários estão bem e confortáveis graças aos cuidados que lhes

são prestados e quando há reconhecimento e apreço pelo seu trabalho, tanto por parte do

beneficiário, como por parte da família deste e da própria instituição (Guerra et al., 2019).

Ainda em relação às significações dos cuidadores, ressalva-se que estes cuidadores

interpretam como sendo importante no ato de cuidar a atenção dada não apenas ao aspeto

físico do beneficiário (e.g., dar-lhe banho e vesti-lo) como também ao seu aspeto psicológico

(e.g., dar-lhe carinho; tratá-lo pelo nome) (Ayalon, 2009; Bentwich et al., 2018; Guerra et al.,

2019).

Os cuidadores focam-se na paciência como uma característica importante no desempenho

da sua profissão (Ayalon, 2009), assim como na empatia e na preocupação, pelos

beneficiários dos seus cuidados, pensando mais nas necessidades destes do que nas suas

(e.g., trabalham mais horas, ao invés de irem para casa, para que o doente seja tratado como

eles acham que só eles o conseguem tratar) (Gibson et al., 2021). O facto de os cuidadores

não poderem prestar os cuidados que desejariam compromete a sua satisfação, relacionando-

se com o desenvolvimento de burnout (Vicente & Oliveira, 2015).


16

3. O presente estudo

A revisão de literatura ressalvou que o ato de cuidar tem várias consequências para os

cuidadores formais, das quais se salienta o burnout. Para além disso, a literatura também

apoia a ideia de que o burnout se desenvolve através de uma interação complexa entre fatores

do cuidador (e.g., sociodemográficos), da organização, do beneficiário do cuidado, estratégias

de coping utilizadas pelo cuidador e significações que este tem sobre o ato de cuidar.

O burnout e os seus fatores associados têm sido estudados principalmente segundo

abordagens quantitativas. Não se conhecendo estudos que atendam a fatores

sociodemográficos no desenvolvimento deste síndrome psicológico que tenham por base uma

abordagem qualitativa. O presente estudo pretende, então, preencher esta lacuna, estudando o

burnout a partir de uma abordagem qualitativa.

Mais especificamente, os objetivos desta investigação são: (i) Compreender como são as

experiências de burnout dos diferentes cuidadores formais, considerando a totalidade da

amostra e as suas características sociodemográficas (i.e., a idade; a escolaridade (i.e.,

completaram um curso no ensino superior vs. não completaram); e a formação na área do

cuidado ao doente crónico adulto (i.e., têm formação nesta área vs. não têm)); (ii)

compreender quais são e como são utilizadas as estratégias de coping pelos diferentes

cuidadores formais, considerando a totalidade da amostra e as suas características

sociodemográficas (i.e., idade; escolaridade e formação) e (iii) compreender as significações

relativas ao que é ser cuidador ou ao ato de cuidar dos diferentes cuidadores formais,

considerando a totalidade da amostra e as suas características sociodemográficas (i.e., idade;

escolaridade e formação na área do cuidado).


17

Método

Tendo por base os objetivos anteriormente enumerados, esta investigação baseia-se numa

abordagem metodológica qualitativa, com foco na exploração e descrição da experiência de

burnout em cuidadores formais de doentes crónicos adultos (na sua maioria idosos).

Realizou-se, então, uma entrevista semiestruturada, para se compreender a experiência de

burnout nos cuidadores formais, assim como as estratégias de coping utilizadas e as suas

significações sobre o que é ser cuidador. Os cuidadores também responderam a um

questionário sociodemográfico, para a obtenção de dados relativos às suas características

sociodemográficas (e.g., idade; escolaridade). Estes dados foram recolhidos por Margarido

(2016) e por Martins (2016).

1. Amostra

Nesta investigação, a amostragem foi não probabilística, por conveniência. A seleção

baseou-se na disponibilidade dos sujeitos de duas instituições prestadoras de cuidados e o

critério de inclusão foi desempenhar a função de cuidador formal de doentes crónicos adultos

no momento da recolha de dados.

O Quadro 1 ilustra as características sociodemográficas da amostra. Neste quadro,

destaca-se que a amostra é constituída por 19 cuidadores formais, maioritariamente mais

velhos, i.e., com idade igual ou superior a 46 anos. A maioria dos cuidadores da amostra tem

o ensino básico como escolaridade máxima, ainda que a diferença relativamente aos

cuidadores que têm o ensino secundário/superior seja mínima (i.e., 10 vs. 9). Relativamente à

formação na área do cuidado ao doente crónico adulto, a maioria dos cuidadores reporta ter
18

algum tipo de formação (e.g., realização de cursos no centro de emprego; formações

providenciadas pela instituição onde trabalham).

Quadro 1

Características Sociodemográficas da Amostra

Cuidador Idade Escolaridade Formação


CF01 23 Ensino secundário/ Não (N)

superior (ES)

CF02 61 Ensino básico (EB) Sim (S)

CF03 46 ES S
CF04 30 ES S
CF05 25 ES S
CF06 65 EB S
CF07 53 EB S
CF08 48 EB N
CF09 45 ES S
CF10 46 EB N
CF11 50 EB S
CF12 31 EB N
CF13 53 EB N
CF14 44 ES N
CF15 56 EB S
CF16 23 ES S
CF17 31 EB N
CF18 51 ES S
CF19 35 ES S
19

2. Material

Na recolha de dados desta investigação utilizaram-se o questionário sociodemográfico

(Anexo A) e o guião da entrevista semiestruturada (Anexos B e C). Estes instrumentos foram

elaborados e utilizados por Margarido (2016) e por Martins (2016).

O questionário sociodemográfico, tal como referido anteriormente, permitiu recolher

informação sociodemográfica sobre a amostra, incluindo: (i) o sexo; (ii) a idade; (iii) a

escolaridade; (iv) o estado civil; (v) a filiação e a existência de dependentes; e (vi) o contexto

residencial/habitacional. Também permitiu a recolha de informação relacionada com o

contexto ocupacional da amostra, nomeadamente: (vii) a categoria profissional; (viii) as

funções desempenhadas na instituição; (ix) os anos de serviço na instituição; (x) a prática ou

não de uma outra profissão no passado; (xi) a quantidade de horas de trabalho por semana;

(xii) a assiduidade no trabalho e (xiii) se mudaria de profissão caso houvesse essa

possibilidade.

O guião da entrevista semiestruturada visou responder a objetivos gerais e específicos. Do

ponto de vista geral, procurou compreender-se a formação dos cuidadores formais,

especificando a sua formação na área do cuidado ao doente crónico adulto (e.g., o cuidador

tem ou não essa formação; que tipo de formação tem; quando e onde foi adquirida); a

utilidade percebida dessa formação e a vontade de adquirir mais formação. Procurou-se ainda

perceber as tarefas desempenhadas pelos cuidadores, atendendo às mais fáceis/difíceis e

àquelas de que eles menos/mais gostam; e o ambiente laboral, sobretudo em termos das

relações interpessoais estabelecidas com colegas e ao seu impacto no exercício de funções na

instituição de cuidados.
20

Em relação às consequências do ato de cuidar para o cuidador, procurou-se compreender a

experiência de burnout nestes cuidadores, interrogando-os sobre o cansaço sentido (e.g., se

tem uma dimensão mais física ou mais psicológica; se se relaciona com tarefas específicas e

com as relações com os colegas/beneficiários). E a experiência de sobrecarga, atendendo ao

impacto de cuidar na vida do cuidador, i.e., no seu funcionamento emocional e social; na sua

saúde; na sua relação com o beneficiário do cuidado e na sua autoeficácia.

Salienta-se que, apesar de este guião não ter como objetivos compreender as estratégias de

coping utilizadas pela amostra nem as suas significações sobre o que é ser cuidador/o ato de

cuidar, estes temas surgiram ao longo das entrevistas.

3. Procedimento

Nos estudos de Margarido (2016) e de Martins (2016), previamente à recolha de dados

quantitativos, os cuidadores assinaram um consentimento informado. A seguir, responderam

ao questionário sociodemográfico, em formato impresso (Anexo A). Os cuidadores que se

mostraram disponíveis para participarem nas entrevistas semiestruturadas, depois da recolha

dos dados quantitativos, assinaram um novo consentimento informado (Anexos D e E).

No presente estudo, só se consideraram os dados do questionário sociodemográfico e das

entrevistas semiestruturadas. Para a análise posterior dos dados sociodemográficos,

consideraram-se a idade; a escolaridade; e a formação na área do cuidado ao doente crónico

adulto.

Cada entrevista semiestruturada realizou-se individualmente, i.e., com a presença da

investigadora e do cuidador, tendo por base o guião já anteriormente explicitado (Anexos B e

C). Em todas as entrevistas de Margarido (2016) utilizou-se o mesmo guião (Anexo B) e em


21

todas as entrevistas de Martins (2016) também se utilizou o mesmo guião (Anexo C), para

que as questões colocadas a todos os participantes permitissem dar resposta aos objetivos da

investigação. As condições contextuais em que as as entrevistas se realizaram foram também

semelhantes (i.e., numa sala na instituição onde os cuidadores trabalhavam). As entrevistas

tiveram uma duração média de uma hora e recorreu-se à sua gravação áudio. O conteúdo

verbal (i.e., da investigadora/entrevistadora e do cuidador/entrevistado) foi depois transcrito.

Procedeu-se depois à análise dos dados qualitativos obtidos nas entrevistas, tendo por base

as considerações de Bardin (2018) em relação à análise de dados qualitativos.

Neste sentido, começou-se por ler integralmente cada entrevista, de modo a compreender o

seu sentido global. Em seguida, iniciou-se análise, recorrendo-se à técnica de análise de

conteúdo e, mais especificamente, à análise temática. Quer isto dizer que, os dados obtidos

começaram por ser categorizados, e depois codificados, tendo por base um critério semântico,

i.e., o tema.

Os temas gerais utilizados, pertinentes na medida em que corresponderam aos objetivos

desta dissertação e à revisão de literatura elaborada, foram a “experiência de burnout”; as

“estratégias de coping” e as “significações sobre o que é ser cuidador/ato de cuidar”.

Deste modo, todos os excertos das entrevistas cujo significado remeteu para uma experiência

de cansaço físico e/ou psicológico, baixa realização pessoal, distanciamento afetivo e/ou

físico dos beneficiários dos cuidados e impacto na sua vida e saúde decorrentes do ato de

cuidar incluíram-se na categoria, i.e., no tema, designado por experiência de burnout. Todos

os dados relacionados com as estratégias de coping enumeradas na revisão de literatura (i.e.,

o coping ativo; o planeamento; o re-enquadramento positivo; a aceitação do problema; o

humor; a religião; o apoio social emocional; o apoio social instrumental; a auto-distração; a


22

negação; a expressão emocional; o uso de substâncias; o desinvestimento comportamental e a

auto-culpabilização (Carver, 1997)) incluíram-se no tema das estratégias de coping. Por

último, o tema das significações sobre o que é ser cuidador/ato de cuidar incluiu as

características consideradas como importantes para se exercer funções como cuidador formal;

as características atribuídas ao ato de cuidar (e.g.,cuidado centrado na pessoa); os benefícios

percebidos decorrentes de ser cuidador (e.g., perceção de utilidade).

Durante a análise temática foram depois considerados alguns sub-temas, ou categorias de 2.ª

ou 3.ª ordens, integrantes mais específicos dos temas gerais, e.g., a “exaustão emocional”

como um sub-tema ou categoria de 2.ª ordem do burnout; o “re-enquadramento positivo”

como um sub-tema ou categoria de 2.ª ordem das estratégias de coping e “competências

interpessoais” categoria de 1.ª ordem das significações sobre as competências ou

características dos cuidadores.

A análise temática consistiu na averiguação da presença dos temas e dos sub-temas nos

dados, tendo em conta a totalidade da amostra e depois as características sociodemográficas

dos cuidadores (i.e., a idade; a escolaridade; e a formação). Exemplificando, procurou-se

perceber como é a experiência de burnout em cuidadores mais velhos vs. mais novos. A idade

considerou-se como sendo “mais nova” (idade inferior a 46 anos) ou “mais velha” (idade

igual ou superior a 46 anos), sendo os 46 anos a idade adotada como critério de inclusão/

exclusão numa destas categorias, por corresponder à mediana das idades da amostra; a

escolaridade, como “ter frequentado o ensino secundário ou o ensino superior” ou “ter

frequentado só o ensino básico”; e a formação na área do cuidado ao doente crónico adulto

como “ter formação nesta área” ou “não ter”.

Os resultados desta análise surgem nas páginas seguintes.


23

Resultados

Após a recolha de dados com os cuidadores formais, analisaram-se as suas experiências

de burnout, as estratégias de coping utilizadas e as suas significações sobre o que é ser

cuidador ou sobre o ato de cuidar, de acordo com os objetivos previamente definidos. Esta

análise procurou identificar os temas emergentes das entrevistas realizadas com os cuidadores

formais. Posteriormente, consideraram-se nesta análise as características sociodemográficas

dos cuidadores (i.e., a idade; a escolaridade e a formação). No que diz respeito à idade,

consideraram-se os cuidadores mais velhos (CF02, 03, 06, 07, 08, 10, 11, 13, 15, 18, 19) e os

cuidadores mais novos (CF01, 04, 05, 09, 12, 14, 16, 17). Quanto à escolaridade,

consideraram-se os cuidadores com menos escolaridade (CF02, 06, 07, 08, 10, 11, 12, 13, 15,

17) e os cuidadores com mais (CF01, 03, 04, 05, 09, 14, 16, 18, 19). Por fim, em relação à

formação, consideraram-se os cuidadores com formação (CF02, 03, 04, 05, 06, 07, 09, 11, 15,

16, 18, 19) e os cuidadores sem formação (CF01, 08, 10, 12, 13, 14, 17).

1. Experiências de burnout

A seguir apresenta-se a análise das experiências de burnout dos cuidadores formais,

primeiro considerando as manifestações de burnout e depois considerando os fatores de risco

e de proteção. Na análise das manifestações de burnout e dos fatores de risco e de proteção,

começa-se por considerar a totalidade da amostra e depois as categorias sociodemográficas.

Estas experiências comportam, por um lado, sinais indicadores da manifestação de

burnout e, por outro, fatores de risco e protetores da manifestação de burnout. Tanto os sinais

de burnout como os fatores de risco e protetores (e.g., foram codificados como categorias de

1.ª ordem. Como categorias de 1.ª ordem surgem, então, os sinais de exaustão; de
24

despersonalização e de baixa realização pessoal. Estes sinais (e.g., exaustão) podem ter

associadas categorias de 2.ª (e.g., emocional e física) e de 3.ª ordens (e.g., cansaço).

Os fatores de risco e protetores de burnout, igualmente codificados como categorias de 1.ª

ordem têm associadas categorias de 2.ª (e.g., características dos beneficiários) e de 3.ª ordens

(e.g., dependência).

1.1. Manifestações de burnout

1.1.1. Totalidade da amostra

Apelando ao Quadro 2, no que diz respeito às manifestações de burnout nos 19

cuidadores formais, salienta-se que a exaustão foi o principal sinal identificado (i.e., pela

totalidade da amostra). Sendo que a maioria dos cuidadores identificou, mais particularmente,

sinais tanto de exaustão física (e.g., dores nas costas (“Bem, quando fico mal das costas, ando

assim uns dias um bocado mal (…), um bocado grande mesmo (…). Quase não me mexo,

pareço um robô” (CF13)), quanto sinais de exaustão emocional (e.g., emocionalidade

negativa, como a raiva, “Depois das higienes costumo estar mais zangado…” (CF04)). De

entre os sinais de exaustão, destaca-se o cansaço, que conjuga algumas vezes aspetos físicos e

emocionais, “O físico é mais ali no grupo. Mas assim é um cansaço mais psicológico… Estou

ambas… É as duas coisas” (CF01).

As outras duas manifestações de burnout, i.e., a despersonalização e a baixa realização

foram menos frequentes que a exaustão. Entre as duas, a baixa realização pessoal foi mais

comum, “(…) eu se fosse mais nova já não estava aqui” (CF06).


25

Quadro 2

Manifestação de Burnout nos Cuidadores Formais (N = 19)

Burnout (1.ª ordem) Burnout (2.ª ordem) Burnout (3.ª ordem)

Exaustão (19) Emocional (2) Cansaço (2)


(CF01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, (CF05, 09) (CF05, 09)
09, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17,
18, 19)

Emocional e física (17) Cansaço (15)


(CF01, 02, 03, 04, 06, 07, 08, 10, (CF01, 03, 04, 06, 07, 08, 10, 11,
11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19) 12, 14, 15, 16, 17, 18, 19)
Sequelas (7)
(CF03, 04, 06, 07, 12, 13, 15)
Dores (6)
(CF02, 07, 11, 12, 13, 19)
Emocionalidade negativa (8)
(CF02, 03, 04, 10, 12, 14, 18, 19)
Ruminação (2)
(CF13, 16)
Sono (4)
(CF01, 03, 08, 12)
Despersonalização (4)
(CF03, 12, 14, 17)
(Baixa) Realização pessoal (5) Desmotivação (1)
(CF01, 04, 05, 06, 14) (CF14)
Baixa (2)
(CF01, 14)
Moderada (2)
(CF04, 05)
Desejo de mudar de trabalho (1)
(CF06)

Nota. Entre parêntesis (em negrito e itálico) está o número de cuidadores que mencionou

cada categoria.

1.1.2. Idade

Tal como ilustrado no Quadro 2, tanto nos cuidadores formais mais velhos (CF02, 03, 06,

07, 08, 10, 11, 13, 15, 18, 19) quanto nos cuidadores mais novos (CF01, 04, 05, 09, 12, 14,

16, 17) a exaustão foi a principal manifestação de burnout surgindo na totalidade dos
26

cuidadores mais velhos e na totalidade dos cuidadores mais novos, “É extremamente

desgastante (…)” (CF18).

A totalidade dos cuidadores mais velhos apresentou sinais emocionais, “Sinto mais

ansiedade, pronto. E tenho tendência para andar a correr” (CF10); e sinais físicos de

exaustão, “(…) doi-me as costas (sic.)” (CF19). Nos cuidadores mais novos, ocorreu algo

diferente. De facto, embora a maior parte dos cuidadores mais novos tenha apresentado sinais

físicos e emocionais de exaustão, houve dois cuidadores que só revelaram sinais emocionais

de exaustão, “Pois eu acho que seria mesmo em termos emocionais… Estou muito cansada

(…)” (CF05).

De entre os sinais de exaustão, o cansaço foi o mais reportado, tanto pelos cuidadores

mais velhos quanto pelos mais novos.

No que diz respeito à despersonalização e à baixa realização pessoal, destaca-se que estas

foram mais comuns nos cuidadores mais novos, comparativamente aos mais velhos. A

citação, “Às vezes, há dias em que não me apetece mesmo estar aqui…” (CF01) ilustra a

baixa realização pessoal de um cuidador mais novos e a próxima, “Respiro fundo e não ligo à

pessoa. Mesmo que ela às vezes esteja, dê ordens ou que se arme em esperta, ignoro

completamente” (CF17) ilustra a experiência de despersonalização.

1.1.3. Escolaridade

Voltando ao Quadro 2, relativamente às manifestações de burnout dos cuidadores formais

com menos escolaridade (CF02, 06, 07, 08, 10, 11, 12, 13, 15, 17), salienta-se que a exaustão

foi o principal sinal manifestado, estando presente na totalidade destes cuidadores, “Sinto-me

um bocado cansada” (CF08). Também a totalidade dos cuidadores com mais escolaridade
27

reportou sinais de exaustão, “(…) aqueles que têm mais dificuldades (…), que são mais

inibidos, ou estão menos participativos, (…) eu fico exausta, exausta mesmo” (CF01). De

entre os sinais mais particulares de exaustão (ou categorias de 3.ª ordem), destaca-se o

cansaço, sendo o mais reportado pelos cuidadores com menos escolaridade e pelos

cuidadores com mais escolaridade (CF01, 03, 04, 05, 09, 14, 16, 18, 19).

Apesar de o reporte de sinais físicos e emocionais de exaustão ser o mais frequente entre os

cuidadores com mais escolaridade e com menos escolaridade, salienta-se que houve dois

cuidadores com mais escolaridade que só reportaram sinais emocionais, “Desgastante. Muito

desgastante. Mais desgastante emocionalmente do que fisicamente. Porque fisicamente as

pessoas com ajuda conseguem” (CF09). Pelo contrário, entre os cuidadores com menos

escolaridade não houve nenhum a reportar apenas sinais emocionais.

No que concerne à despersonalização esta manifestou-se numa proporção semelhante de

cuidadores com mais escolaridade e com menos. No entanto, a baixa realização pessoal foi

mais comum nos cuidadores com mais escolaridade, “Aí a nível pessoal é mesmo aquela

questão de quando, quando… venho, quando eu venho sinto, às vezes não sinto vontade de

estar aqui (…)” (CF01).

1.1.4. Formação

Como demonstra o Quadro 2, a exaustão foi a principal manifestação de burnout

reportada pelos cuidadores com formação (CF02, 03, 04, 05, 06, 07, 09, 11, 15, 16, 18, 19) e

pelos cuidadores sem formação (CF01, 08, 10, 12, 13, 14, 17), surgindo na totalidade destes

cuidadores. Todos os cuidadores sem formação reportaram, mais especificamente, sinais de

exaustão emocional e sinais de exaustão física, “Fisicamente a gente praticamente é sempre.


28

Ainda hoje foi um dia puxado e cansados a gente ficamos sempre porque dar banhos

pesados, fazer camas, é complicado (…) (sic.)” (CF17). Pelo contrário, dois cuidadores com

formação reportaram apenas sinais de exaustão emocional, exibida através do cansaço, “É

sem dúvida mais psicológico… o cansaço é mais psicológico” (CF05).

Nos dois grupos de cuidadores, o cansaço foi o sinal de exaustão mais comum.

Quanto à despersonalização, destaca-se que esta foi mais frequente entre os cuidadores

sem formação, surgindo em quase metade dos cuidadores sem formação, “Só que eu já estou

tão habituada a ouvi-los que acabo por desligar. É porque é automático. Eu já nem, já

desligo completamente” (CF12). Pelo contrário, a baixa realização pessoal foi mais comum

nos cuidadores com formação.

1.2. Fatores de risco e de proteção

1.2.1. Totalidade da amostra

O Quadro 3 ilustra que as características das funções constituem o principal fator de risco

para a experiência de burnout, sobretudo por as funções serem consideradas como

fisicamente exigentes e por terem de ser desempenhadas por poucos profissionais (devido à

falta de pessoal), “O trabalho é muito e neste momento é mesmo muito, muito, muito, porque

estamos com falta de pessoal” (CF19).

Cuidar de beneficiários com determinadas características (e.g., com comportamentos

opositores ou doenças como a demência) constitui, igualmente, um fator de risco apontado

pela maioria dos cuidadores, “estes estados de demência tão avançados… Aí é muito difícil e

isso dá, dá cansaço psicológico” (CF01).


29

Identificaram-se, também, fatores de proteção face ao desenvolvimento de burnout, com

destaque para as relações interpessoais globalmente positivas mantidas, pela maioria dos

cuidadores, com os colegas e/ou chefias e com os beneficiários.

Quadro 3

Fatores de Risco e de Proteção de Burnout nos Cuidadores Formais (N = 19)

Fatores (1.ª ordem) Fatores (2.ª ordem) Fatores (3.ª ordem)

Características dos beneficiários Dependência (4)


(15) (CF04, 08, 12, 18)
(CF01, 02, 03, 04, 05, 07, 08, 09, Doença (7)
10, 11, 12, 14, 17, 18, 19) (CF01, 03, 05, 10, 11, 18, 19)
Comportamento opositor (7)
(CF01, 02, 05, 07, 12, 14, 17)
Menos idade (1)
(CF09)
Morte (7)
(CF04, 07, 09, 12, 14, 17, 19)
Características dos cuidadores (2) Vida adversa (1)
(CF01, 15) (CF15)
Preferência outra população (1)
(CF01)
Características organizacionais (6) Falta de comunicação c/ chefias (1)
(CF01, 03, 05, 06, 12, 14) (CF14)
Baixa remuneração (3)
(CF06, 12, 14)
Falta organização (3)
(CF01, 03, 05)
Falta de apoios p/ beneficiários (1)
(CF05)
Falhas nas contratações (1)
(CF03)
Características das funções (17) Sobrecarga de trabalho (10) Falta de pessoal (6)
(CF01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, (CF03, 04, 05, 06, 07, 10, 12, 14, (CF03, 04, 05, 10, 14, 19)
10, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19) 16, 19) Distribuição não equitativa (2)
(CF04, 07)
S/ descanso (2)
(CF10, 14)
C/ descanso (1)
(CF19)
Falta tempo (5)
(CF03, 05, 06, 12, 16)
Complexidade das funções (4)
(CF04, 05, 14, 16)
30

Fatores (1.ª ordem) Fatores (2.ª ordem) Fatores (3.ª ordem)

Esforço físico (13)


(CF01, 02, 04, 06, 07, 08, 10, 12,
13, 15, 17, 18, 19)
Medos (9) Errar (6)
(CF01, 02, 03, 04, 06, 12, 13, 14, (CF02, 03, 04, 06, 13, 14)
18) Não saber o que fazer (2)
(CF01, 12).
Lesão (1)
(CF18)
Relações interpessoais (CC) (19) Positiva (16) Não (2)
(CF01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, (CF01, 02, 03, 04, 05, 08, 09, 10, (CF06, 07)
09, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 11, 12, 13, 14, 16, 17, 18, 19)
18, 19)
Importância (17) Sim (15)
(CF01,02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, (CF01,02, 03, 04, 05, 07, 08, 09,
09, 11, 12, 13, 14, 16, 17, 18, 19) 12, 13, 14, 16, 17, 18, 19)
Não (2)
(CF06, 11)
Reconhecimento (16) Sim (7)
(CF01, 02, 03, 05, 06, 07, 08, 10, (CF06, 07, 10, 12, 15, 17, 19)
11, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 19) Não (4)
(CF02, 08, 14, 18)
Mais ou menos (2)
(CF01, 13)
Não sei (3)
(CF03, 05, 11)
Relações interpessoais (U) (18) Dificuldades (4) Comunicação (4)
(CF01, 02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, (CF04, 12, 14, 16) (CF04, 12, 14, 16)
10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18,
19)
Positiva (16)
(CF01, 02, 03, 05, 06, 07, 08, 10,
11, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 19)
Importância (10) Sim (9)
(CF02, 03, 04, 05, 12, 13, 15, 16, (CF02, 03, 05, 12, 13, 15, 16, 17,
17, 19) 19)
Mais ou menos (1)
(CF04)
Reconhecimento U (14) Sim (13)
(CF01, 02, 03, 05, 06, 07, 08, 10, (CF01, 02, 05, 06, 07, 08, 10, 11,
11, 13, 16, 17, 18, 19) 13, 16, 17, 18, 19)
Não (1)
(CF03)
31

Nota. Entre parêntesis (em negrito e itálico) está o número de cuidadores que mencionou

cada categoria. U = utente/beneficiário. CC = colegas e chefias.

1.2.2. Idade

Analisando o Quadro 3, percebe-se que tanto nos cuidadores mais velhos (CF02, 03, 06,

07, 08, 10, 11, 13, 15, 18, 19) quanto nos cuidadores mais novos (CF01, 04, 05, 09, 12, 14,

16, 17), as características dos beneficiários constituíram um fator de risco muito apontado.

Contudo, o desgaste dos cuidadores mais velhos ligou-se principalmente à doença dos

beneficiários (e.g., demência), “ (A beneficiária) está constantemente a dizer a mesma

coisa… É assim um bocado desgastante” (CF11), enquanto o desgaste dos cuidadores mais

novos se associou, preferencialmente, aos comportamentos opositores dos beneficiários, “(…)

é daquelas pessoas que se a gente não vai com cuidado insulta-nos e lá está, quando é assim

uma pessoa fica mais cansada psicologicamente” (CF17), ou à sua morte, “(…) tivemos aí

uma utente que fez anos num dia, no próprio dia foi para o hospital; no dia a seguir faleceu.

Emocionalmente é desgastante” (CF04).

Outro fator de risco apontado pelos cuidadores mais velhos e também pelos mais novos

relacionou-se com as funções desempenhadas, que originam sobrecarga, principalmente pela

falta de pessoal, “Falta aqui pessoal, tanto na enfermagem como por exemplo às vezes de

auxiliares. Então por vezes tens de fazer sozinho, (…) sozinho é complicado” (CF04). Para

além da sobrecarga, metade dos cuidadores mais novos reconheceram complexidade nas

funções que desempenham, “Isto é muita responsabilidade, são muitos horários para gerir,

muitas tarefas para fazer, muitas horas levadas ao extremo” (CF14), o que não sucedeu com

os cuidadores mais velhos. Uma outra diferença tem a ver com o esforço físico das funções
32

desempenhadas ser um fator de risco para a maioria dos cuidadores mais velhos, mas não

para a maioria dos cuidadores mais novos.

Quanto a fatores de proteção, identificaram-se as relações interpessoais positivas tanto

com os colegas e chefias como com os beneficiários, pela maioria dos cuidadores dos grupos.

Ainda assim, os cuidadores mais novos apontaram dificuldades na sua relação com os

beneficiários, “As principais dificuldades é às vezes querer-lhes explicar as coisas e eles

acharem que não, não…” (CF12). Já os cuidadores mais velhos não apontaram dificuldades

na relação com os beneficiários.

1.2.3. Escolaridade

Igualmente no Quadro 3, quanto aos fatores de risco para o desenvolvimento de burnout,

identificaram-se, sobretudo, as características das funções desempenhadas, tanto para os

cuidadores formais com menos escolaridade (CF02, 06, 07, 08, 10, 11, 12, 13, 15, 17) como

para os com mais escolaridade (CF01, 03, 04, 05, 09, 14, 16, 18, 19). Apesar disto, houve

uma diferença entre os dois grupos de cuidadores. De facto, a quase totalidade dos cuidadores

com menos escolaridade recorreu ao esforço físico para caracterizar as suas funções, “Sinto

mais dificuldade quando tenho que os carregar e transportar para a casa de banho ou para

levantá-los das cadeiras de rodas. Para mim, é mesmo o pior porque fico cheia de dores nas

costas” (CF13). Os cuidadores com mais escolaridade, diferentemente, caracterizaram as suas

funções como sendo mais exigentes por causa da falta de pessoal e não pelas tarefas em si,

“(…) quando falta pessoal (…) a higiene acaba por ser mais cansativa (…). Tudo isso acaba

por despender mais fisicamente (…)” (CF03).


33

As características dos beneficiários foram o segundo fator de risco mais apontado pelos

cuidadores com menos escolaridade e pelos cuidadores com mais. No entanto, os cuidadores

com menos escolaridade referiram preferencialmente o impacto negativo que têm os

comportamentos opositores dos beneficiários, “é quando há aqueles maus… há idosos que

são tão mauzinhos tão mauzinhos que isso é… é muito complicado lidar com esses idosos”

(CF07); enquanto os cuidadores com mais escolaridade se focaram mais na doença dos

beneficiários, “(…) chega a uma fase em que me começo a sentir irritada mais facilmente

com a repetição dos idosos. A maioria dos idosos está com demência portanto repetem (…)”

(CF18).

Como fatores de proteção não houve diferenças entre os dois grupos de cuidadores, pois

os cuidadores de ambos os grupos, na sua maioria, relataram manter relações interpessoais

positivas com os colegas e chefias e com os beneficiários, sentindo-se valorizados, “Muito

boa, dou-me bem com toda a gente aqui” (CF13).

1.2.4. Formação

Como ilustra o Quadro 3, os cuidadores com formação (CF02, 03, 04, 05, 06, 07, 09, 11,

15, 16, 18, 19 ) e os sem formação (CF01, 08, 10, 12, 13, 14, 17) identificaram fatores de

risco semelhantes, destacando as características das funções e as características dos

beneficiários. Todavia, os cuidadores sem formação, caracterizaram mais as suas funções

como fisicamente exigentes do que os cuidadores com formação, “(…) hoje (…) já limpei um

piso, agora vou subir e vou limpar outro (…), é muito puxado” (CF19).

Houve também outra diferença entre os dois grupos de cuidadores, porque para os cuidadores

com formação, o mais difícil é lidar com as características da doença dos beneficiários, “(…)
34

quando ele colabora e está orientado e consciente (…). Se não está, isso às vezes é um

problema” (CF03); e para os cuidadores sem formação, o mais difícil é lidar com

comportamentos opositores, “Agora quando é aqueles que… quando eles nos tratam mal (…)

aí custa mais a fazer o trabalho” (CF17).

Os fatores de proteção identificados pelos cuidadores com formação e sem formação

assemelharam-se, tendo a ver com a vivência de relações interpessoais positivas com os

colegas, chefias e beneficiários, “Eu acho que é boa. Pelo menos eu tento ter uma relação

boa com todos e acho que tenho uma relação boa com todos” (CF10).

2. Coping

No que concerne às estratégias de coping utilizadas pelos cuidadores formais de modo a

lidar com situações de stress decorridas do ato de cuidar, o Quadro 4 destaca que a maioria

destes, i.e., 11 dos 19 cuidadores, utilizaram mais do que uma estratégia.

Em seguida apresenta-se a análise das estratégias de coping utilizadas por todos os

cuidadores formais e depois de acordo com a sua categoria sociodemográfica.

As estratégias de coping foram codificadas como categorias de 1.ª ordem (e.g., apoio

social) podendo incluir, igualmente, categorias de 2.ª ordem (e.g., instrumental).

Quadro 4

Estratégias de Coping Utilizadas pelos Cuidadores Formais (N = 19)

Coping (1.ª ordem) Coping (2.ª ordem)

Apoio social (3) Emocional (1)


(CF04, 10, 19) (CF19)
Instrumental (2)
(CF04, 10)
Humor (6)
(CF01, 06, 07, 10, 12, 17)
35

Coping (1.ª ordem) Coping (2.ª ordem)

Auto-distração (2)
(CF07, CF10)
Auto-culpabilização (2)
(CF02, 08)
Aceitação (1)
(CF03)
Expressão emocional (2)
(CF14, 15)
Planeamento (1)
(CF09)
Re-enquadramento positivo (11) Foco no positivo (8)
(CF02, 06, 07, 08, 10, 12, 13, 16, 17, 18, 19) (CF06, 07, 10, 13, 16, 17, 18, 19)
Doença (4)
(CF06, 12, 17, 19)
Normalização (2)
(CF02, 17)
Intenção positiva (1)
(CF08)
Coping ativo (6)
(CF05, 07, 09, 11, 14, 18)
Desinvestimento (3)
(CF01, 12, 17)

Nota. Entre parêntesis (em negrito e itálico) está o número de cuidadores que mencionou

cada categoria.

2.1. Totalidade da amostra

Tal como ilustrado no Quadro 4, o re-enquadramento positivo foi a estratégia de coping

mais relatada pelos cuidadores, surgindo em mais de metade destes (i.e., em 11 de 19). Mais

particularmente, vários os cuidadores preferiram focar-se nos aspetos positivos de uma

situação problemática (e.g., a morte de um beneficiário) como forma de lidar com o stress,

“Penso nas coisas boas que passámos” (CF17).


36

As outras estratégias mais comuns foram o humor e o coping ativo. O humor manifestou-

se na tentativa de o cuidador se rir de uma situação stressora, como é o ato de cuidar, “(…) às

vezes vou-me a rir. A primeira vez que essa senhora me chamou estu… ou teimosa ou as duas

coisas, fui até casa (…), fui-me a rir” (CF01). O coping ativo manifestou-se no

empreendimento de esforços para resolver diretamente a situação stressora, “É extremamente

desgastante (…). Por isso é que eu faço atividade física. Precisamente para manter a minha

capacidade física (…)” (CF18).

2.2. Idade

Tal como sistematizado no Quadro 4, relativamente às estratégias de coping utilizadas

pelos cuidadores formais, verificou-se que o re-enquadramento positivo surgiu como a

estratégia preferencial dos cuidadores mais velhos (CF02, 03, 06, 07, 08, 10, 11, 13, 15, 18,

19). A maioria dos cuidadores mais velhos re-enquadrou positivamente experiências

potencialmente stressoras, focando-se nos aspetos positivos, "Eu vejo a coisa assim (…)

todos nós temos um fim, estes têm a sorte de ter chegado a velhos. Portanto de velho agora

só a morte” (CF18).

Por outro lado, nos cuidadores mais novos (CF01, 04, 05, 09, 12, 14, 16, 17) não se

encontrou a predominância de uma determinada estratégia de coping. De facto, três

cuidadores mais novos reportaram utilizar um humor eutímico para lidar com o stress do ato

de cuidar, “Aliás, o meu companheiro (…) tem mais trinta anos que eu. Então eu farto-me de

gozar com ele a dizer “estou a estagiar para tomar conta de ti” (CF12). Outros três

cuidadores mais novos reportaram tentar resolver ativamente uma situação stressora (i.e.,

estratégia de coping ativo), “Eu vou lá acima, digo o que penso, o que sinto, aos poucos vou
37

conseguindo melhorar alguma coisa (…)” (CF14). Outros três cuidadores mais novos

preferiram desinvestir da situação stressora, “E aquilo que eu faço é: digo ok eu agora vou

deixá-lo aqui um bocadinho e vou dar uma voltinha, até logo. E afasto-me um bocado

quando sinto que eles são desagradáveis e estão descompensados” (CF01). Outros três

cuidadores mais novos utilizaram o re-enquadramento positivo.

2.3. Escolaridade

Ainda no Quadro 4, verificaram-se diferenças nas estratégias de coping mais utilizadas

tendo por base a escolaridade. Os cuidadores formais com menos escolaridade (CF02, 06, 07,

08, 10, 11, 12, 13, 15, 17) utilizaram predominantemente o re-enquadramento positivo e o

humor, “Que nem consigo dormir porque há certas posições em que nem consigo por causa

do joelho… Às vezes digo isto assim a brincar: Daqui a nada pego no martelo e dou aqui no

joelho e fica logo bom” (CF07).

Pelo contrário, nos cuidadores com mais escolaridade (CF01, 03, 04, 05, 09, 14, 16, 18, 19), o

humor surgiu em apenas um dos 9 cuidadores e o coping ativo foi a estratégia mais reportada,

tal como no exemplo exposto a seguir, no qual se percebe que a cuidadora, face ao stress

associado à falta de tempo para cuidar de todos os beneficiários, resolve a situação intervindo

apenas num número limitado deles, “Não é ver 30 ou 40 utentes e depois cada um só ter um

bocadinho (…), nunca vou ter evoluções. Tenho de se calhar ter menos utentes (…)” (CF05).

2.4. Formação

Concluindo a análise do Quadro 4, as estratégias de coping utilizadas pelos cuidadores

formais revelaram ser diferentes tendo em conta a formação na área do cuidado ao doente
38

crónico adulto ou a ausência desta. De facto, os cuidadores com formação (CF02, 03, 04, 05,

06, 07, 09, 11, 15, 16, 18, 19) relataram utilizar preferencialmente o re-enquadramento

positivo e o coping ativo, e.g., tomando medicação para as dores derivadas do exercício de

funções de cuidador, “Sim, por vezes temos umas dorzinhas (…), tomamos uma

medicaçãozinha e isso passa” (CF11).

Diferentemente, os cuidadores sem formação (CF01, 08, 10, 12, 13, 14, 17) reportaram pouco

a utilização do coping ativo, utilizando principalmente o re-enquadramento positivo e o

humor, “Tento estar sempre na brincadeira. Há situações muito complicadas como já disse

(…) e eu tento sempre fazer uma brincadeira” (CF10).

3. Significações

Apresenta-se de seguida a análise das significações organizadas pela totalidade da

amostra e, a seguir, pela categoria sociodemográfica do seu autor.

O Quadro 5 salienta que estas significações consistem (i) nas características ou

competências que os cuidadores identificam como sendo importantes para se ser cuidador

(podendo estas incluir características e competências que eles identificam em si próprios); (ii)

nas características do ato de cuidar; e (iii) nos benefícios percebidos pelos cuidadores

decorrentes do ato de cuidar. As características ou competências dos cuidadores formais

incluem, como categorias de 1.ª ordem, as competências interpessoais; a menção ao cuidador

informal e as competências de trabalho. As características do ato de cuidar incluem, como

categorias de 1.ª ordem, a compreensão do desenvolvimento humano, a compreensão do

outro; a relação de proximidade; o cuidado centrado na pessoa; o trabalho rotineiro e o apoio


39

incondicional. Por fim, os benefícios percebidos incluem, como categorias de 1.ª ordem, a

utilidade/gratificação; a atividade física; o sustento e o contacto intergeracional.

As significações foram, então, codificadas como categorias de 1.ª ordem (e.g.,

compreensão do desenvolvimento humano), podendo estas englobar categorias de 2.ª (e.g.,

comparação idoso-criança) e de 3.ª ordens (e.g., comportamentos).

Quadro 5

Significações dos Cuidadores Formais (N = 19)

Significações (1.ª ordem) Significações (2.ª ordem) Significações (3.ª ordem)

Competências interpessoais (18) Empatia (3)


(CF02, 03, 04, 05, 06, 07, 08, 09, (CF05, 08, 19)
10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18,
19)
Comunicação (9)
(CF02, 03, 04, 05, 06, 12, 14, 18,
19)
Gosto contacto interpessoal (14)
(CF02, 03, 06, 07, 08, 09, 10, 11,
12, 13, 14, 15, 17, 19)
Paciência (9)
(CF02, 04, 07, 08, 10, 13, 16, 17,
18)
Sensibilidade/Afetividade (7)
(CF02, 11, 12, 13, 14, 15, 18)
Talento (5)
(CF02, 03, 06, 07, 13)
Calma (1)
(CF09)
Cuidador/a informal (6) Família (6)
(CF03, 07, 08, 15, 17, 19) (CF03, 07, 08, 15, 17, 19)
Descobrir a vocação (1)
(CF07)
Competências de trabalho (16) Responsabilidade (4)
(CF02, 03, 05, 06, 07, 08, 09, 10, (CF13, 14, 15, 19)
11, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 19)
Eficiência (3)
(CF09, 11, 19)
40

Significações (1.ª ordem) Significações (2.ª ordem) Significações (3.ª ordem)

Disponibilidade (12)
(CF02, 03, 06, 08, 09, 10, 12, 13,
14, 15, 17, 18)
Honestidade (1)
(CF15)
Experiência (1) Muita (1)
(CF09) (CF09)
Gosto pelo trabalho (7)
(CF02, 05, 07, 11, 12, 13, 15)
Perfeccionismo (3)
(CF02, 12, 13)
Força física (1)
(CF12)
Compreensão do desenvolvimento Crença num mundo justo (4) Futuro (3)
humano (8) (CF04, 06, 07, 17) (CF04, 07, 17)
(CF04, 06, 07, 08, 10, 12, 17, 19) Presente (1)
(CF06)
Comparação idoso-criança (5) Valorização do beneficiário (1)
(CF07, 08, 10, 12, 19) (CF19)
Paciência (1)
(CF08)
Comportamentos (1)
(CF07)
Sabedoria (1)
(CF12)
Atenção (1)
(CF10)
Compreensão do outro (3) Interpretação sinais, reações (3)
(CF02, 04, 17) (CF02, 04, 17)
Relação de proximidade (5) Diferencial (3) Dependência (2)
(CF04, 08, 15, 16, 19) (CF04, 16, 19) (CF04, 19)
Solidão (2)
(CF16, 19)
Circunstâncias vida adversa (1)
(CF16)
Reciprocidade (1)
(CF16)
Igualitária (2)
(CF08, 15)
Cuidado centrado na pessoa (8) Conhecimento das características Conhecimento do seu estado de
(CF01, 05, 07, 12, 16, 17, 18, 19) do beneficiário (8) saúde (1)
(CF01, 05, 07, 12, 16, 17, 18, 19) (CF19)
41

Significações (1.ª ordem) Significações (2.ª ordem) Significações (3.ª ordem)

Conhecimento como deve ou gosta


de ser cuidado (6)
(CF01, 07, 12, 16, 17, 18)
Conhecimento da sua história de
vida (2)
(CF05, 16)
Trabalho rotineiro (2) Comparação c/ as tarefas
(CF07, 19) domésticas (1)
(CF19)
Turno da manhã (1)
(CF07)
Apoio incondicional (2)
(CF13, 15)
Utilidade/gratificação (13) Impacto positivo beneficiário (10)
(CF01, 03, 04, 05, 07, 08, 10, 12, (CF01, 03, 04, 05, 07, 10, 13, 15,
13, 14, 15, 16, 19) 16, 19)
Moralidade (6)
(CF05, 07, 08, 12, 14, 15)
Atividade (física) (2)
(CF12, 13)
Sustento (2)
(CF11, 12)
Contacto intergeracional (6) Divertimento (1)
(CF03, 05, 06, 07, 13, 18) (CF13)
Aprendizagem (5)
(CF03, 05, 06, 07, 18)

Nota. Entre parêntesis (em negrito e itálico) está o número de cuidadores que mencionou

cada categoria.

3.1. Características ou competências dos cuidadores formais

3.1.1. Totalidade da amostra

Tomando em consideração o Quadro 5, compreende-se que a quase totalidade dos

cuidadores formais identificou a importância das competências interpessoais, atribuindo a si

próprio ou a um cuidador formal ideal, maioritariamente, o gosto pelo contacto interpessoal,


42

“(…) gostar de idosos também, gostar de cuidar de pessoas independentemente de ser idosos

ou não (…)” (CF10). Competências de comunicação e ter paciência foram as outras

competências interpessoais mais identificadas.

As competências de trabalho foram também muito identificadas (i.e., por 16 dos 19

cuidadores) como importantes, sobretudo em termos de o cuidador se mostrar atencioso e

disponível para providenciar os melhores cuidados ao beneficiário, “ Não tenho um dia de

folga, o meu trabalho é garantir que as pessoas idosas que estão aqui à nossa

responsabilidade são bem tratadas e recebem os cuidados necessários” (CF14).

3.1.2. Idade

Como ilustra o Quadro 5, quanto às características ou competências dos cuidadores,

destacaram-se as competências interpessoais, sobretudo o gosto pelo contacto interpessoal,

tanto nos cuidadores mais velhos (CF02, 03, 06, 07, 08, 10, 11, 13, 15, 18, 19), quanto nos

cuidadores mais novos (CF01, 04, 05, 09, 12, 14, 16, 17), “Não se trabalha com objetos, mas

com pessoas, por isso precisa-se falar, ouvir” (CF14). Outra característica interpessoal

importante enumerada por cinco dos 11 cuidadores mais velhos foi o talento, ou vocação,

para cuidar, “Para mim ser cuidadora é uma coisa que já vem daqui [apontando para o

peito]. Eu costumo dizer assim: Isto não é um trabalho, isto é uma vocação” (CF02) que, não

foi, contudo, reportada por nenhum cuidador mais novo. Abordar os cuidadores formais como

desempenhando funções semelhantes aos cuidadores informais, substituindo a família dos

beneficiários, foi também mais frequente nos cuidadores mais velhos, em relação aos mais

novos, “Às vezes é mais ser como família para eles, porque às vezes fazemos mais do que a

própria família” (CF17).


43

As competências de trabalho, principalmente a atenção/disponibilidade, foram também

enumeradas pelos cuidadores mais velhos, “(…) ser um cuidador atento. O idoso tem muitas

alterações todos os dias e por horas até. Portanto ser atento e estar disponível para” (CF18),

e pelos cuidadores mais novos (i.e., por quatro dos 8).

3.1.3. Escolaridade

Como exposto no Quadro 5, salienta-se que as competências interpessoais foram as mais

comuns nos cuidadores com mais escolaridade (CF01, 03, 04, 05, 09, 14, 16, 18, 19) e nos

cuidadores com menos escolaridade (CF02, 06, 07, 08, 10, 11, 12, 13, 15, 17). Ainda assim,

de entre as competências interpessoais, os cuidadores com menos escolaridade privilegiaram

o gosto pelo contacto interpessoal, “Eu gosto muito de trabalhar com pessoas assim, gosto

mesmo” (CF13), enquanto os cuidadores com mais escolaridade privilegiaram as

competências de comunicação, “Eu facilmente comunico com as pessoas” (CF18).

Outra diferença entre os dois grupos de cuidadores residiu no relato da semelhança entre o

cuidador formal e o cuidador informal, no sentido do beneficiário ser encarado, e.g., como

um membro da família, sendo isto mais comum nos cuidadores com menos escolaridade,

“Para mim é quase tudo avós, avós, avos… E depois eu estou a sofrer um bocado com a

morte desta senhora… Foi como a perda de um familiar.” (CF07).

As competências de trabalho foram características commumente identificadas pelos

cuidadores com mais escolaridade e pelos cuidadores com menos, sendo a disponibilidade a

mais frequente para os dois grupos de cuidadores, “(…) sempre gostei muito do trabalho com

idosos” (CF14).
44

3.1.4. Formação

A partir do Quadro 5, compreendeu-se a relevância atribuída às competências

interpessoais, principalmente na sua vertente do gosto pelo contacto interpessoal, quer pelos

cuidadores com formação (CF02, 03, 04, 05, 06, 07, 09, 11, 15, 16, 18, 19) quer pelos

cuidadores sem formação (CF01, 08, 10, 12, 13, 14, 17). No entanto, os cuidadores com

formação deram também uma especial relevância às competências de comunicação,

“Convencê-los (os beneficiários) a fazer; convencê-los a comer (…)” (CF06), contrariamente

aos cuidadores sem formação, que, deram uma maior relevância à paciência, “Ui, em

primeiro lugar é precisa muita paciência” (CF12).

A maioria dos cuidadores com formação e sem formação ressalvaram a importância das

competências de trabalho, sobretudo em termos de o cuidador formal se mostrar atencioso ou

disponível, “Agora quando (…) a pessoa pede por tudo leve-me à casa de banho (…). Qual é

a postura da pessoa do lado de cá? Não lhe posso levar à casa de banho porque vai demorar

muito tempo? A pessoa não consegue dizer isso.” (CF09).

3.2. Características do ato de cuidar

3.2.1. Totalidade da amostra

Ainda tendo em conta o Quadro 5, percebe-se que os cuidadores (i.e., 8 deles)

caracterizaram o ato de cuidar como sendo, ou devendo ser (nem sempre conseguido pela

falta de tempo), como individualizado, focado nas características e necessidades do

beneficiário, “Além disso, também gosto muito de… pronto sendo a minha função também a

parte da comunicação, acho muito interessante saber o percurso de vida destas pessoas, as

suas opiniões” (CF05). Também 8 cuidadores associaram o ato de cuidar à compreensão do


45

desenvolvimento humano, manifestando, e.g., a crença num mundo justo, “(…) tratá-los

bem. Nunca sabemos qual vai ser o nosso amanhã” (CF17).

3.2.2. Idade

Ainda no Quadro 5, no que diz respeito às características do ato de cuidar, destaca-se os

cuidadores mais novos (CF01, 04, 05, 09, 12, 14, 16, 17) caracterizaram o ato de cuidar como

sendo centrado na pessoa mais commumente do que os cuidadores mais velhos (CF02, 03,

06, 07, 08, 10, 11, 13, 15, 18, 19), “(…) penso que eu tento me adaptar um bocadinho ao

feitio de cada um (…)” (CF16).

3.2.3. Escolaridade

Como ilustrado no Quadro 5, os cuidadores com menos escolaridade (CF02, 06, 07, 08,

10, 11, 12, 13, 15, 17) caracterizaram o ato de cuidar de forma diferente dos cuidadores com

mais escolaridade (CF01, 03, 04, 05, 09, 14, 16, 18, 19). De facto, a maioria dos cuidadores

com menos escolaridade focaram-se principalmente na compreensão do desenvolvimento

humano, destacando a comparação entre o idoso e a criança, “(…) (os beneficiários) estão na

terceira idade, semi-infância, semi-idade (…)” (CF07). Pelo contrário, a maioria dos

cuidadores com mais escolaridade focaram-se mais na prestação de um cuidado

individualizado, ou centrado na pessoa, destacando, e.g., o conhecimento da sua história de

vida, “ (há que) tentar perceber a pessoa que eles (os beneficiários) eram, qual foi a história

de vida deles, para também perceber como é que nos devemos comportar. E como é que

devemos intervir” (CF16).


46

3.2.4. Formação

Como exposto no Quadro 5, a caracterização do ato de cuidar não divergiu muito entre os

cuidadores com formação (CF02, 03, 04, 05, 06, 07, 09, 11, 15, 16, 18, 19) e os sem

formação (CF01, 08, 10, 12, 13, 14, 17). De facto, cerca de metade dos cuidadores de cada

um dos grupos salientaram que o ato de cuidar deve ser centrado na pessoa, baseando-se no

conhecimento das características do beneficiário (e.g., do seu estado de saúde; de como gosta

de ser tratado). Ainda assim, destaca-se que a compreensão do desenvolvimento humano foi

mais comum nos cuidadores sem formação, sendo expressa, e.g., na comparação entre cuidar

de um idoso e de uma criança, “Eu já trabalhei com crianças, é tal e qual (…) ” (CF12).

3.3. Benefícios de ser cuidador/do ato de cuidar

3.3.1. Totalidade da amostra

Ainda no Quadro 5, destacam-se os benefícios que os cuidadores identificaram. Destes, a

perceção de utilidade ou gratificação pelo seu trabalho foi a mais comum, surgindo em 13 dos

19 cuidadores, “É muito gratificante” (CF19). O segundo benefício mais apontado pelos

cuidadores foi o contacto intergeracional, que potencia a aprendizagem do cuidador através

da escuta e da observação das experiências dos beneficiários mais velhos, “Olhe tem vários

benefícios, por exemplo, já me vejo amanhã como é que vai ser se chegar à velhice. É uma

aprendizagem” (CF18).

3.3.2. Idade

Também no Quadro 5, as respostas dos cuidadores mais velhos (CF02, 03, 06, 07, 08, 10,

11, 13, 15, 18, 19) e dos mais novos (CF01, 04, 05, 09, 12, 14, 16, 17) assemelharam-se, pois
47

a maioria destes cuidadores destacaram a utilidade ou gratificação que sentem decorrente do

seu trabalho, “sinto-me útil” (CF10).

3.3.3. Escolaridade

Como escrito no Quadro 5, tanto os cuidadores com menos escolaridade (CF02, 06, 07,

08, 10, 11, 12, 13, 15, 17) como os cuidadores com mais (CF01, 03, 04, 05, 09, 14, 16, 18,

19) identificaram, sobretudo, a perceção de utilidade ou gratificação como um benefício. A

perceção de utilidade apoiou-se no impacto positivo dos seus cuidados na vida dos

beneficiários e na moralidade que eles reconhecem ao ato de cuidar, “(…) acabo por sair

daqui bem comigo mesma porque sei que estou a ajudá-los… É, é gratificante.” (CF12).

3.3.4. Formação

Como salienta o Quadro 5, os benefícios percebidos assemelharam-se entre os

cuidadores com formação (CF02, 03, 04, 05, 06, 07, 09, 11, 15, 16, 18, 19) e os sem

formação (CF01, 08, 10, 12, 13, 14, 17), na medida em que a perceção de utilidade foi o mais

comum nos dois grupos de cuidadores, “Sinto-me bem, acho que até é gratificante” (CF13).

Contudo, também houve divergências, nomeadamente porque contacto intergeracional entre

os cuidadores e os beneficiários (tendencialmente mais velhos), propiciador de aprendizagem,

foi um benefício importante, para cinco dos 12 cuidadores com formação, “Aprende-se muito

com eles (os beneficiários). E esta malta jovem devia ouvir mais os idosos porque eles têm

muito para nos ensinar” (CF07), não o sendo para nenhum dos cuidadores sem formação.

Nas páginas seguintes, os principais resultados, de entre os que acabaram de ser descritos,

são conceptualizados tendo por base a literatura sobre a prestação de cuidados.


48

Discussão

Este estudo teve como principal objetivo compreender as experiências de burnout dos

cuidadores formais de doentes crónicos adultos. Para isso, consideraram-se as suas

manifestações (e.g., exaustão emocional), assim como os fatores associados ao seu

desenvolvimento (e.g., características dos beneficiários), a utilização de estratégias de coping

e as significações a respeito do que é ser um cuidador.

1. Experiências de burnout

1.1. Manifestações de burnout

Os resultados apontam para a congruência entre as diferentes categorias

sociodemográficas no que diz respeito à manifestação de sinais de burnout. De facto, a

exaustão foi o sinal de burnout mais comum em todas as categorias sociodemográficas, o que

é consistente com a literatura (e.g., Maslach & Leiter, 2017; Vicente & Oliveira, 2015), que

identifica a exaustão como a principal manifestação de burnout e também como a primeira a

surgir, temporalmente à frente da despersonalização e da baixa realização pessoal do cuidador

no desempenho das suas funções no contexto ocupacional.

No que diz respeito à expressão da exaustão, esta tanto foi física quanto emocional para a

maior parte dos cuidadores, de forma transversal às categorias sociodemográficas.

Mais especificamente, os cuidadores revelaram que a sua exaustão se traduz, principalmente,

em cansaço (físico e/ou emocional) e na vivência de emoções negativas, como a ansiedade e

a raiva. Outros sinais de exaustão são as dores (e.g., músculo-esqueléticas) e mesmo a

presença de sequelas do seu trabalho (e.g., hérnias; dores nas articulações).


49

Quanto às outras manifestações de burnout, i.e., a despersonalização e a baixa realização

pessoal, que costumam surgir após a exaustão (Maslach & Leiter, 2017), estas foram menos

enfatizadas que a exaustão nas diferentes categorias sociodemográficas, surgindo sempre em

metade ou menos dos cuidadores. Sugere-se que o facto de os cuidadores mencionarem

poucos sinais de despersonalização e de baixa realização pessoal se associe a uma

experiência de burnout ainda precoce ou com menor gravidade clínica (Vicente & Oliveira,

2015).

A baixa realização pessoal foi mais comum que a despersonalização. De facto,

considerando as categorias sociodemográficas, a despersonalização só foi mais comum que a

baixa realização pessoal nos cuidadores com menos escolaridade e nos cuidadores sem

formação. Estes dados são consistentes com alguns estudos (e.g.,Vicente & Oliveira, 2015)

realizados com cuidadores formais de doentes crónicos adultos em Portugal, nos quais a

baixa realização pessoal é mais comum que a despersonalização. Por outro lado, contrastam

com as ideias de alguns autores (e.g., Maslach & Leiter, 2017), que sugerem a

despersonalização como a segunda manifestação de burnout mais comum, surgindo

tendencialmente depois da exaustão mas antes da baixa realização pessoal, do ponto de vista

temporal.

Apesar da consistência global na manifestação de burnout, os resultados destacaram,

igualmente, algumas diferenças tendo por base a categoria sociodemográfica. Considerando a

idade dos cuidadores, verificou-se uma maior manifestação de sinais de burnout nos

cuidadores mais novos, tal como já reportado na literatura (Chuang et al., 2016; Tavares et

al., 2014; Yates & Samuel, 2019). Especificando, apenas a exaustão não foi mais comum nos

cuidadores mais novos, comparativamente aos mais velhos, afetando, de resto, a totalidade
50

dos cuidadores dos dois grupos. Assim, percebe-se que a baixa realização pessoal foi mais

comum nos cuidadores mais novos, o que vai ao encontro dos dados da literatura (e.g., Delp

et al., 2010), assim como a despersonalização (Ilhan et al., 2008).

Tendo em conta a escolaridade, salienta-se que a exaustão não foi mais comum nos

cuidadores com mais escolaridade (vs. com menos escolaridade), contrariando a literatura

(Guveli et al., 2015). Por outro lado, a manifestação de baixa realização pessoal foi mais

comum nos cuidadores com mais escolaridade, sendo este um resultado já consistente com o

reportado por outros autores (Balbay et al., 2011; Delp et al., 2010).

Por fim, tomando em consideração a formação na área do cuidado, a expressão de exaustão

não foi mais frequente nos cuidadores sem formação, contrariando outros estudos (e.g., Ilhan

et al., 2008). Ainda assim, os cuidadores sem formação (vs. com formação) demonstraram

mais despersonalização, concordando com os dados da literatura (Ilhan et al., 2008). Por

outro lado, seria de esperar encontrar mais relatos de maior realização pessoal nos cuidadores

com formação, de acordo com a literatura (e.g., Ilhan et al., 2008), mas tal não se verificou.

1.2. Fatores de risco e de proteção

Passando para os fatores associados a estes sinais de burnout, concluiu-se, primeiramente

e de forma transversal às categorias sociodemográficas, a importância de os cuidadores se

sentirem sobrecarregados com as funções a desempenhar. De facto, grande parte dos

cuidadores, em todas as categorias sociodemográficas, revelou sentir dificuldade em lidar

com a elevada carga de trabalho, resultando esta maioritariamente da falta de pessoal e

culminando numa falta de tempo para providenciar os cuidados que gostariam aos

beneficiários. Ora, estes dados conjugam-se com outros estudos, que associam uma carga de
51

trabalho elevada com o desenvolvimento de burnout (Balbay et al., 2011; Delp et al., 2010;

Gibson et al., 2021; Maslach & Leiter, 2017; O’Connor et al., 2018; Yates & Samuel, 2019).

E, mais particularmente com a manifestação de exaustão (Maslach & Leiter, 2017).

Fatores ligados aos beneficiários revelaram, igualmente, ser relevantes no que diz respeito

à manifestação de exaustão emocional e de outros sinais de burnout,, sendo identificados

sempre por mais de metade dos cuidadores, qualquer que fosse a sua categoria

sociodemográfica. Estes fatores poderiam traduzir-se numa maior dependência dos

beneficiários, que exige um maior esforço físico por parte do cuidador e mais tempo de

prestação de cuidados, contribuindo para um maior cansaço do cuidador, tal como reportado

na literatura (Gibson et al., 2021). Para além da dependência, também as doenças dos

beneficiários, das quais se destaca a demência, que provoca alterações cognitivas e

comportamentais, contribuem para um maior cansaço dos cuidadores, fazendo-o através, e.g.,

das dificuldades na comunicação com os doentes. De facto, esta associação entre as doenças

dos beneficiários e as dificuldades emocionais dos cuidadores encontra-se bem reportada na

literatura (e.g., Holst & Skär, 2017).

Por outro lado, a maioria dos cuidadores de todas as categorias sociodemográficas

consideradas ressalvaram que mantêm globalmente relações interpessoais positivas no seu

contexto ocupacional, tanto com os beneficiários como com os colegas, embora possam ser

mais próximos de alguns colegas do que de outros. Nesse sentido, salientaram que gostam de

cuidar dos doentes crónicos adultos, sentindo-se reconhecidos e valorizados por eles, e que

estabelecem, globalmente, contactos positivos com os colegas, ilustrados, e.g., pela

cooperação na execução das tarefas. Tendo em conta que relações interpessoais negativas ou

conflituosas, contribuem para o desenvolvimento de burnout (e.g., Delp et al., 2010; Vicente
52

& Oliveira, 2015), neste estudo estas relações apoiantes parecem ter funcionado como fatores

protetores de experiências de burnout mais severas.

2. Coping

Outros fatores apontados na literatura (e.g., Maslach & Leiter, 2017) como importantes

para o desenvolvimento de burnout têm a ver com a forma como os cuidadores respondem

ao stress associado ao desempenho das suas funções, pois a ineficácia das estratégias de

coping utilizadas contribui para o desenvolvimento desta síndrome (Gibson et al., 2021).

Neste estudo, os cuidadores falaram sobre várias estratégias de coping que utilizam para lidar

com o stress, sendo que a maior parte revelou utilizar mais do que uma, tal como sugerido

por alguns autores (e.g., Folkman & Lazarus, 1980) como sendo o mais comum.

O re-enquadramento positivo, manifestado, e.g., através de uma re-abordagem da situação

stressora de uma forma mais positiva (e.g., focar que cuidar de beneficiários com demência

contribui para o desenvolvimento de competências de regulação comportamental, como o

auto-controlo), foi a estratégia de coping mais utilizada pelos cuidadores. Enfatiza-se ainda

que o re-enquadramento positivo assumiu diferentes expressões (e.g., foco no positivo;

normalização, tal como Bentwich et al. (2018) sugeriram para os cuidadores de beneficiários

com demência).

As outras duas estratégias, transversalmente mais identificadas nas várias categorias

sociodemográficas, foram o coping ativo e o humor. O coping ativo consistiu na execução de

uma ação comportamental para resolver a situação stressora (Carver, 19997) e o humor

consistiu na re-conceptualização da situação stressora de uma forma positiva e que contribuiu

para um humor mais eutímico (Carver, 1997).


53

Salienta-se também que não foram mencionadas estratégias de coping desadaptativas

(e.g., uso de álcool ou outras substâncias), que surgiram noutros estudos (e.g., Vandenbroeck

et al., 2017).

Por fim, no que concerne ao coping, importa referir que os resultados acima descritos

contrastam com a literatura. De facto, a literatura sugere que o apoio social emocional

(Balbay et al., 2011); a religião (e.g., Lucchetti et al., 2014); e o desinvestimento

comportamental e/ou cognitivo (Gibson et al., 2021) são as estratégias de coping

preferenciais dos cuidadores formais. Neste estudo, pelo contrário, apenas um cuidador

mencionou recorrer ao apoio social emocional, nenhum mencionou recorrer diretamente à

religião (embora vários conceptualizem o ato de cuidar como dotado de moralidade,

descrevendo-o como “fazer o bem”) e apenas três dos 19 cuidadores admitiram afastar-se das

situações stressoras. Admite-se que o facto de a identificação das estratégias de coping dos

cuidadores não ter sido um dos objetivos definidos para a realização das entrevistas com estes

cuidadores possa ter influenciado estes resultados, na medida em que nem todos os

cuidadores foram questionados diretamente sobre o que fazem para lidar com o stress do seu

trabalho.

3. Significações

Para finalizar esta conceptualização das experiências de burnout dos cuidadores formais,

abordam-se agora as suas significações a respeito das características que eles identificam em

si próprios ou que qualquer cuidador formal deveria ter; da caracterização que elaboram do

ato de cuidar e dos benefícios que identificam decorrentes do seu trabalho.


54

Em primeiro lugar, salienta-se a concordância geral em termos das significações dos

cuidadores das diferentes categorias sociodemográficas. Especificando, as competências

interpessoais (e.g., o gosto pelo contacto interpessoal; a paciência; boas competências de

comunicação; talento/vocação para cuidar) foram as mais comummente identificadas como

importantes para se desempenhar funções como cuidador formal. Para além destas, surgiram

as competências diretamente mais relacionadas com o trabalho, e.g., a atenção ou

disponibilidade e o gosto pelo trabalho. Estas significações refletem, então, a imagem do

cuidador formal como alguém que gosta e é capaz de estabelecer uma relação próxima,

positiva e afetiva com os beneficiários, preocupando-se com o seu bem-estar e empenhando-

se ativamente na provisão dos melhores cuidados, mesmo que isso implique pensar nas

necessidades e no bem-estar dos beneficiários em detrimento do próprio. Esta imagem do

cuidador formal está já bem reportada na literatura (e.g., Ayalon, 2009; Gibson et al., 2021).

Também consistente com a literatura é o facto de os cuidadores formais se lembrarem das

suas experiências enquanto cuidadores informais, encarando o beneficiário como um membro

da sua família (Vicente & Oliveira, 2015), algo que foi comum neste estudo, sobretudo nos

cuidadores mais velhos e com menos escolaridade.

Conjugando-se com esta imagem positiva do cuidador formal, o ato de cuidar foi

valorizado, em todas as categorias sociodemográficas (mas principalmente pelos cuidadores

mais novos, com mais escolaridade e com formação), atribuindo-se-lhe, tal como descrito por

outros autores (Gibson et al., 2021; Guerra et al., 2019), uma conotação positiva, baseada no

cuidado centrado na pessoa/beneficiário, i.e., no reconhecimento da sua individualidade, e

muitas vezes da sua história de vida e da forma como gosta ou deve ser tratado. Os

cuidadores mostraram, assim, flexibilidade e adaptação aos beneficiários, desenvolvendo uma


55

relação próxima e afetiva com a maior parte deles, sobretudo com aqueles por quem criavam

mais empatia (e.g., os mais solitários; os mais dependentes). Enfatizando até que gostariam

de passar mais tempo com cada beneficiário, de forma a conhecê-lo melhor, mas que, devido

à sobrecarga de trabalho isto não era possível.

Por outro lado, os cuidadores também se mostraram capazes de lidar com comportamentos

opositores dos beneficiários, providenciando-lhes apenas os cuidados considerados como

básicos e não estabelecendo uma proximidade relacional e afetiva com eles.

O ato de cuidar de um doente crónico adulto foi, igualmente, comparado ao ato de cuidar

de uma criança, e.g., por causa da semelhança de comportamentos, e foi percebido como útil

e gratificante, refletindo um conjunto de ações tidas como morais pelos cuidadores. A

moralidade de cuidar refletiu-se também na crença num mundo justo, já identificada

previamente na literatura (Ayalon, 2009), segundo a qual alguns cuidadores se projetam no

futuro, afirmando tratar dos beneficiários como gostariam de ser tratados ou acreditando que

ao tratarem bem dos beneficiários irão também ser tratados de igual modo, quando forem eles

os beneficiários.

Sugere-se que a imagem positiva que os cuidadores formais construíram de si enquanto

profissionais, juntando-se à conotação positiva que atribuem ao ato de cuidar e aos benefícios

que reconhecem desta profissão funcionam como fatores protetores, a par das estratégias de

coping utilizadas e das relações interpessoais positivas estabelecidas, face à sua experiência

de burnout.

Por fim, importa apenas referir que nas páginas seguintes, surge um resumo da

conceptualização da experiência de burnout, assim como as limitações da presente

investigação e sugestões para estudos futuros.


56

Conclusão

Pensando na conceptualização da experiência de burnout dos 19 cuidadores formais de

doentes crónicos adultos que participaram nesta investigação, resulta como importante

salientar alguns aspetos.

Primeiramente, as experiências de burnout, em termos das suas manifestações, das

estratégias de coping utilizadas e das significações sobre o cuidador e o ato de cuidar não

diferiram consideravelmente entre as categorias sociodemográficas.

Relativamente às manifestações de burnout, a exaustão emocional e física, ilustrada em

inúmeros relatos de cansaço, de ansiedade e de dores foi a principal em todas as categorias

sociodemográficas, com uma larga distância (i.e., quase sempre o dobro ou mais) em relação

às outras duas dimensões. A baixa realização pessoal foi a segunda mais comum.

Globalmente, os cuidadores evidenciaram sinais de risco para o desenvolvimento de

burnout, manifestando quase todos exaustão. Estas manifestações relacionam-se,

principalmente com as características das funções, que são fisicamente mais exigentes e, por

isso, mais difíceis de executar sozinhos e diariamente, devido à falta de pessoal. Acresce a

contribuição de beneficiários mais difíceis de cuidar, por causa das suas limitações funcionais

ou alterações cognitivas e comportamentais.

Admite-se que fatores como as relações interpessoais globalmente positivas (tanto com os

colegas como com os beneficiários), as estratégias de coping utilizadas (i.e.,

predominantemente o re-enquadramento positivo e o coping ativo), assim como a conotação

positiva atribuída ao cuidador, ao ato de cuidar e aos benefícios decorrentes do trabalho

estejam a exercer um impacto positivo, protegendo os cuidadores de experimentarem burnout

com maior gravidade clínica e de ocorrer uma influência negativa das experiências de
57

burnout nos cuidados prestados aos beneficiários, ainda que não se tenha avaliado a

qualidade destes cuidados.

De entre os 19 cuidadores formais, destaca-se que os mais jovens são os que apresentam

sinais de risco mais preocupantes, pois a totalidade destes reporta experimentar exaustão,

metade reporta experimentar baixa realização pessoal e praticamente metade reporta

experimentar despersonalização. Dos quatro cuidadores que reportam experimentar

despersonalização, três são mais novos, e dos cinco que reportam experimentar baixa

realização pessoal, quatro são mais novos. Embora estes cuidadores caracterizem

positivamente as suas relações interpessoais no contexto ocupacional, as estratégias que estão

a utilizar para lidar com o stress podem não estar a resultar. A importância que eles atribuem

à prestação de um cuidado centrado na pessoa, pode também estar a contribuir para esta

experiência de stress, devido à falta de tempo para conhecer a individualidade de cada utente,

e manter uma relação de intimidade emocional com cada um.

Conclui-se, então, que a maioria dos cuidadores de todas as categorias sociodemográficas

apresenta risco para o desenvolvimento de burnout, sobretudo os mais novos, devendo as

instituições de prestação de cuidados a doentes crónicos adultos promover relações

interpessoais cooperantes entre os seus funcionários, assim como formações que permitam

aos cuidadores o ganho de conhecimentos e de competências sobre as doenças mais comuns

dos beneficiários (e.g., demência) e sobre o que fazer em situações psicologicamente e

fisicamente exigentes (e.g., quando os doentes são agressivos).

Uma vez que a falta de pessoal foi também amplamente identificada pelos cuidadores

como um problema, que dificulta a prestação de cuidados adequados aos beneficiários e a

saúde dos próprios cuidadores, física e psicológica, as instituições deveriam garantir a


58

existência de recursos humanos suficientes para a prestação de cuidados a todos os

beneficiários.

Apesar destes resultados importantes, este estudo tem algumas limitações. Uma delas

relaciona-se com o facto de a amostra ser reduzida e não representativa da população de

cuidadores formais a exercer funções em Portugal. Mais particularmente, os participantes

trabalhavam em apenas duas instituições diferentes, complicando a identificação de

diferenças, nomeadamente face aos fatores de risco para o desenvolvimento de burnout (e.g.,

organizacionais). Juntando a isto, a maioria dos cuidadores formais deste estudo pertencia ao

sexo feminino, existindo apenas dois do sexo masculino, o que impossibilitou a consideração

do sexo como uma categoria sociodemográfica na análise de dados.

Outra limitação deste estudo foi a não aplicação de um instrumento (e.g., Inventário de

Burnout de Copenhaga), antes das entrevistas. Se este instrumento tivesse sido aplicado

previamente, poder-se-ia selecionar para a realização de entrevistas meramente os cuidadores

com pontuações elevadas no burnout, permitindo depois uma melhor compreensão deste

fenómeno (e.g., ao nível da identificação de fatores de risco e de proteção), tal como fizeram

Vicente e Oliveira (2015).

Quanto a estudos futuros, seria interessante providenciar aos cuidadores formais

formações/intervenções psicológicas sobre estratégias de coping e de auto-cuidado

adaptativas (e.g., treino em resolução de problemas; comunicação assertiva; apoio social)

avaliando depois o seu impacto no burnout e na qualidade de vida destes cuidadores, pois

alguns autores sugerem que funcionam como fatores protetores face ao burnout (Maslach &

Leiter, 2017).
59

Também seria interessante contemplar, em investigações futuras, a avaliação das

características dos cuidadores de uma forma mais direta, e.g., ao nível da personalidade, na

tentativa de perceber se estas influenciam a prestação de cuidados e o burnout dos

cuidadores, como demonstram alguns estudos (e.g., Yang & Hayes, 2020). Esta avaliação

poderia ser feita tendo por base base a utilização de instrumentos como o NEO Inventário da

Personalidade Revisto (NEO-PI-R), já validado para a população portuguesa (Lima &

Simões, cit. por Pedroso-Lima et al., 2014) ou o NEO Inventário dos Cinco Fatores (NEO-

FFI), igualmente validado para a população portuguesa e com menos itens que o anterior

(Magalhães et al., 2014). Estes dois instrumentos são amplamente utilizados na avaliação da

personalidade e têm a mesma base teórica, i.e., a consideração da personalidade como um

conjunto de cinco grandes traços ou dimensões (i.e., o neuroticismo; a extroversão; a abertura

à experiência; a amabilidade; e a conscienciosidade), divididos, cada um, em várias facetas

(McCrae & Costa, 2003). A investigação demonstra que o neuroticismo dos cuidadores

formais é um fator de risco para o desenvolvimento de burnout, enquanto a extroversão é um

fator protetor (Yang & Hayes, 2020).


60

Referências

Assembleia da República. (2019). Lei n.º 100/2019. Diário da República, 171(I), 3-16.

Retirado de https://dre.pt/home/-/dre/124500714/details/maximized

Ayalon, L. (2009). Family and family-like interactions in households with round-the-clock

paid foreign carers in Israel. Ageing & Society, 29(5), 671-686.

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68

Anexo A - Questionário Sociodemográfico (Margarido, 2016)


69
70

ANEXO IV – Guião da Entrevista


Anexo B - Guião Entrevista Semiestruturada (Margarido, 2016)

Objetivos Objetivos específicos Perguntas Tipo


Gerais
Formação - Descrever a formação na área do cuidado ao idoso; Qual a sua formação na área do cuidado ao
- Compreender como os cuidadores entendem a formação. idoso?
Considera essa formação útil?
Se tivesse a oportunidade prosseguiria a sua
formação? Como? Em que áreas?
Tarefas - Descrever a natureza das tarefas desempenhadas pelo cuidador; Que funções desempenha nesta instituição?
- Compreender como percecionam as diferentes tarefas. Quais são as tarefas que mais/menos gosta de
desempenhar? Porquê?
Quais as tarefas em que sente mais/menos
dificuldade? Porquê?
Ambiente - Compreender como são as relações entre colaboradores da Como descreve a sua relação com os seus
Laboral instituição. colegas?
- Compreender como estas relações influenciam o envolvimento no Considera as relações no trabalho importantes?
trabalho Porquê?
Como é que a natureza dos seus
relacionamentos no local de trabalho influencia
a execução de tarefas/ satisfação/envolvimento
no trabalho.
Observar Burnout pessoal Quando costuma estar mais cansado?
experiencia Fadiga e exaustão física e psicológica experienciada Pode descrever o seu cansaço? O cansaço mais
de Burnout Burnout relacionado com o trabalho prevalente no dia a dia.
Fadiga e exaustão física e psicológica experienciada em relação ao seu Consegue relacionar o seu cansaço a alguma
trabalho atividade específica? (cuidar dos utentes?
Burnout relacionado com o cliente (utente) Acordar e pensar que tem de ir trabalhar?)
Fadiga e exaustão física e psicológica experienciada em relação ao utente
Em que situações o seu cansaço é mais 77
físico/psicológico…?
Considera seu trabalho como sendo
emocionalmente desgastante? E fisicamente?
Porquê?
Como é que a sua relação com os utentes
influencia o seu cansaço num dia de trabalho?
Como se sente em relação às pessoas de quem
cuida?
Como se sente em relação a si próprio cuidando
das pessoas de quem cuida?
O que há de melhor/pior em cuidar de quem
cuida? Porquê?
Que sentimentos são despoletados pelo seu
trabalho em si?
Que situações do seu trabalho sente que o
afetam negativamente? E positivamente?
Porquê?
Observar Identificar fatores que levem à exaustão informações sobre a saúde, vida social, vida pessoal,
sentimentos Sobrecarga objetiva situação financeira, situação emocional e tipo de
de sobrecarga Sobrecarga subjetiva relacionamento
percecionados Identificar impacto da prestação de O que pensa do seu salário relativamente às
pelo cuidador sobrecarga relacionada com a prestação de cuidados diretos, destacando- funções que desempenha?
se a alteração do estado de saúde, elevado número de cuidados, alteração
das relações sociais e familiares, escassez de tempo e desgaste físico e
Como é que o seu trabalho afeta a sua vida
mental pessoal?
Observar impacto de relação interpessoal Como é que o seu trabalho afeta a sua saúde?
relação entre o cuidador e o indivíduo dependente, avaliando o impacto Quais são os seus maiores medos no que toca ao
interpessoal, bem como as dificuldades da interação. seu trabalho? (na prestação de cuidados)
Observar expetativas com o cuidar Sente-se realizado na prestação de cuidados?
expetativas do cuidador relativamente à prestação de cuidados (medos,
receios, disponibilidades)
Observar perceção de autoeficácia
opinião do cuidador relativamente ao seu desempenho profissional. Como é a sua relação com os utentes? Quais as
78
maiores dificuldades/facilidades na manutenção
dessa relação?
147
71

Anexo VI - Guião de entrevista semiestruturada ao cuidador formal


Anexo C - Guião Entrevista Semiestruturada (Martins, 2016)

Objetivos Gerais Objetivos específicos Perguntas Tipo


Formação - Explorar a formação na área do cuidado ao idoso; Qual a sua formação na área do cuidado ao idoso?
- Compreender como os cuidadores percecionam a formação em termos de Considera essa formação útil?
utilidade; Se tivesse a oportunidade prosseguiria a sua formação?
Como? Em que áreas?
Tarefas - Descrever a natureza das tarefas desempenhadas pelo cuidador; Que funções/tarefas desempenha nesta instituição?
- Compreender como percecionam a execução das diferentes tarefas; Quais são as tarefas que mais gosta de desempenhar? E as
- Explorar as principais dificuldades bem como aspetos positivos percecionadas pelos que menos gosta? Porquê?
cuidadores formais no desempenho da sua profissão; Quais as tarefas em que sente mais dificuldade? E menos
- Explorar as estratégias de resolução de problemas utilizadas; dificuldade? Porquê?
O que costuma fazer para ultrapassar as dificuldades que
surgem?
Ambiente Laboral - Compreender como são as relações entre colaboradores da instituição; Como descreve a sua relação com os seus colegas?
- Compreender como estas relações influenciam o envolvimento no trabalho; Considera as relações no trabalho importantes? Porquê?
Como é que a natureza dos seus relacionamentos no local
de trabalho influencia a execução de tarefas/ a satisfação/
o envolvimento no trabalho?
Satisfação profissional - Explorar o significado de cuidador; Como define o que é ser cuidador de idosos?
- Identificar fatores de satisfação na vida do cuidador provenientes da sua profissão Quais as principais qualidades que aponta como essenciais
no trabalho com idosos?
Quais são os principais benefícios da prestação de
cuidados a idosos?
Sente que o seu trabalho é apreciado pelo idoso e/ou
família?
Sente que a sua profissão é reconhecida na instituição? E
socialmente?

Relação com o idoso - Compreender a natureza da relação entre o cuidador e o idoso; Como descreve a sua relação com os idosos?
- Compreender como a relação influencia o cuidado prestado; Como é que a sua relação comos idosos influencia o
- Conhecer as dificuldades presentes na relação entre cuidador e idoso; serviço/cuidado prestado? 148
Quais as principais dificuldades que aponta na sua relação
com os idosos?
Observar experiencia de Burnout Burnout pessoal
Fadiga e exaustão física e psicológica experienciada Quando costuma estar mais cansado?
Burnout relacionado com o trabalho Pode descrever o seu cansaço? O cansaço mais prevalente
Fadiga e exaustão física e psicológica experienciada em relação ao seu no dia a dia.
trabalho Consegue relacionar o seu cansaço a alguma atividade
Burnout relacionado com o cliente (utente) específica? (cuidar dos utentes? Acordar e pensar que tem
Fadiga e exaustão física e psicológica experienciada em relação ao utente de ir trabalhar?)
Em que situações o seu cansaço é mais
físico/psicológico…?
Considera seu trabalho como sendo emocionalmente
desgastante? E fisicamente? Porquê?
Como é que a sua relação com os utentes influencia o seu
cansaço num dia de trabalho?
Como se sente em relação às pessoas de quem cuida?
Como se sente em relação a si próprio cuidando das
pessoas de quem cuida?
O que há de melhor/pior em cuidar de quem cuida?
Porquê?
Que sentimentos são despoletados pelo seu trabalho em
si?
Que situações do seu trabalho sente que o afetam
negativamente? E positivamente? Porquê?
Observar sentimentos de sobrecarga Identificar fatores que levem à exaustão Informações sobre a saúde, vida social, vida pessoal, situação
percecionados pelo cuidador Sobrecarga objetiva financeira, situação emocional e tipo de relacionamento
Sobrecarga subjetiva O que significa para si o seu trabalho?
Identificar impacto da prestação de cuidados Sente que a instituição reconhece o seu trabalho?
Sobrecarga relacionada com a prestação de cuidados diretos, destacando- Como se define enquanto trabalhador? Como é o
se a alteração do estado de saúde, elevado número de cuidados, alteração desempenho profissional? (eficácia na prossecução de
das relações sociais e familiares, escassez de tempo e desgaste físico e objetivos da instituição e na execução de tarefas;
mental interesse; entusiasmo)
Observar impacto de relação interpessoal Como é que o seu trabalho afeta a sua vida pessoal?
Relação entre o cuidador e o indivíduo dependente, avaliando o impacto Como é que o seu trabalho afeta a sua saúde?
interpessoal, bem como as dificuldades da interação. Quais são os seus maiores medos no que toca ao seu
Observar expetativas com o cuidar trabalho? (na prestação de cuidados)
Expetativas do cuidador relativamente à prestação de cuidados (medos, Sente-se realizado na prestação de cuidados?
receios, disponibilidades) Como é a sua relação com os utentes? Quais as maiores
Observar perceção de autoeficácia dificuldades/facilidades na manutenção dessa relação?
Opinião do cuidador relativamente ao seu desempenho profissional.
72

Anexo D - Consentimento Informado (Margarido, 2016)

ANEXO VI – Protocolo de Consentimento Informado 2

82
73

83
140
74

Anexo II - Protocolo do Consentimento


Anexo Informado
E - Consentimento do Cuidador
Informado Formal
(Martins, 2016) (2º fase)

Consentimento Informado do Cuidador

Código:
________

Eu, _______________________________________________ aceito participar de livre


vontade na 2ª fase do estudo da autoria de Susana Calvinho Martins (estudante da Faculdade
de Psicologia da Universidade de Lisboa), orientada pelo Professor Doutor Fernando Fradique
(Professor Associado da Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa), no âmbito da
dissertação de Mestrado em Psicologia, na área de Psicologia da Saúde e da Doença.

Foi-me explicado e compreendo o principal objetivo desta 2ª fase do estudo:

Compreender a profissão de cuidador formal de idosos procurando identificar fatores de


satisfação/insatisfação provenientes do ato de cuidar.

No âmbito desta 2ª fase do estudo estou a proceder a uma recolha de dados para a qual
solicitamos a sua colaboração através da uma entrevista. Todas as informações fornecidas por
si serão confidenciais e os dados recolhidos serão usados exclusivamente para esta investigação.
Com o intuito de facilitar o registo dos dados da entrevista gostaria de obter uma autorização
para gravar, em áudio, a entrevista. Também entendi os procedimentos que tenho de realizar:

Responder a algumas questões em contexto de entrevista. A entrevista terá a duração


prevista de 60 minutos, podendo ser realizada em dois períodos de menor duração

Outras observações:

Compreendo que a minha participação neste estudo é voluntária, podendo desistir a


qualquer momento, sem que essa decisão se reflita em qualquer prejuízo para mim.
Compreendo que toda a informação obtida neste estudo será estritamente confidencial
e que a minha identidade nunca será revelada em qualquer publicação, a menos que eu
autorize.
75
141

Ao participar neste trabalho, estou a colaborar para o desenvolvimento de investigação


em Psicologia Clínica na área da qualidade de vida e do burnout do cuidador formal,
não sendo, contudo, acordado qualquer benefício direto ou indireto pela minha
colaboração.

Nome:________________________________________________________________

Assinatura:____________________________________________________________

Data: ____ /____ /____

Se tiver alguma dúvida por favor contacte para:

susanacalvinhomartins@hotmail.com

963078830

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