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Neurociência Na Prática Pedagógica
Neurociência Na Prática Pedagógica
Este livro foi revisado por duplo parecer, mas a editora tem a política de reservar a privacidade.
R321n
Relvas, Marta Pires
Neurociência na prática pedagógica/ Marta Pires Relvas - 2. ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2023.
168p. : 21cm
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-7854-181-1
2023
WAK EDITORA
Av. N. Sra. de Copacabana, 945 – sala 107 – Copacabana
Rio de Janeiro – CEP 22060-001 – RJ
Tels.: (21) 3208-6095, 3208-6113 e 3208-3918
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Dedicatória
Este livro é dedicado a todos os meus familiares e pessoas intimamente ligadas à minha vida, que, no
período de desenvolvimento deste trabalho, me ajudaram com paciência, carinho e compreensão,
demonstrando que a superação nos momentos difíceis vale a pena, por estarmos ao lado de quem
realmente se importa com nosso sucesso.
Sylvia Pabst
Psicóloga/Universidade Gama Filho
Psicoterapeuta/Universidade Gama Filho
Pós-graduação Neurociência Pedagógica/UCAM-AVM
Sumário
Prefácio
Introdução
Apresentação
Waldir Pedro
Filósofo e jornalista.
Autor do livro “Em Busca da Transformação”,
publicado pela Wak Editora.
Introdução
“Um homem deve dizer simples e profundamente que não compreende como a consciência leva à
existência é perfeitamente natural. Mas um homem deve grudar seus olhos em um microscópico e olhar e
olhar, e ainda assim não ser capaz de ver como está acontecendo; é ridículo, e é particularmente ridículo
quando se supõe que isto é sério... Se as ciências naturais estivessem desenvolvidas nos tempos de Sócrates
como agora, todos os sofistas seriam cientistas. Haveria microscópios pendurados do lado de fora das
lojas para atrair fregueses e teria uma placa dizendo: Aprenda e veja através de um microscópio gigante
como um homem pensa (e, lendo esta placa, Sócrates teria dito: Assim se comporta um homem que não
pensa).”
brissoslino.wordpress.com
TEORIAS E PESQUISAS
Definição de Neurociência
É um campo de estudo entre Anatomia, Biologia, Farmacologia,
Fisiologia, Genética, Patologia, Neurologia, Psicologia, Psiquiatria, Química,
Radiologia e os vislumbrados estudos inerentes à educação humana no ensino
e na aprendizagem.
Existe uma ponte entre os entendimentos da ciência com a educação?
Esforços são necessários para compreender como se aprende, tendo como
principal processo a inter-relação do sistema nervoso, as funções cerebrais,
mentais e o ambiente. Por isso, a questão é provocar nas ciências da educação
essa possibilidade de que aprendizagem e comportamento começam no
cérebro e são mediadas por meio de processos neuroquímicos.
Essa é uma maneira encontrada nesse diálogo, por uma Pedagogia mais
neurocientífica, compreendendo então que os cérebros humanos são
diferentes por meio de seus processamentos e procedimentos, e que a
Neurociência é, assim, o conjunto das disciplinas que estudam, pelos mais
variados métodos, o sistema nervoso e a relação entre as funções cerebrais e
mentais.
Doutrina Neural
Referências
GAZZANIGA, Michael S. Neurociência Cognitiva: a Biologia da Mente. Porto Alegre: Artmed, 2005.
KANDEL, E. R. et al. Principles of Neural Science. 4ª ed. s/l: Editora McGraw-Hill, 2000.
A Neuropedagogia e a Complexidade Cerebral na Sala de Aula
gabrielaotto.blogspot.com
Novos Rumos...
O novo caminho que o professor poderá percorrer a fim de despertar o
interesse do estudante diante das novas aprendizagens é por meio das
conexões afetivas e emocionais do sistema límbico, sendo estas ativadas no
cérebro de recompensa. Por isso, precisam ser preservadas e respeitadas, pois
são centelhas energéticas que provocam a liberação de substâncias naturais, os
mensageiros químicos conhecidos como serotonina e dopamina, pois estão
relacionados à satisfação, ao prazer e ao humor. Já o estresse na sala de aula
provoca a liberação de adrenalina e cortisol, substâncias que agem como
bloqueadores da aprendizagem e que alteram a fisiologia do neurônio,
interrompendo as transmissões das informações das sinapses nervosas.
Para uma aprendizagem significativa, a aula tem de ser prazerosa, bem-
humorada, elaborada e organizada estrategicamente a fim de atender os
movimentos neuroquímicos e neuroelétricos do estudante. O cérebro é ávido
por novas informações. O professor que não instiga seus estudantes à dúvida e
à curiosidade inibe o potencial de inteligências e afetividade no processo de
aprender.
O cérebro humano no início de uma aula solicita, por meio de suas
conexões neurais, fatos novos, pois a concentração inicial é fundamental para
receber novas informações, devido à produção de acetilcolina, que mantêm os
movimentos das sinapses da célula neural. E, muitas vezes, o que o professor
acaba fazendo? Usa esses momentos iniciais e preciosos para o cérebro fazendo
“chamada” ou “dando” informações que este cérebro muitas das vezes já
conhece, por exemplo, revisão do que já foi dito. Esta estratégia deveria ser
reservada para o final da aula.
O professor precisa provocar inicialmente no educando aquilo que ele
ainda não sabe ou não conhece e propor desafios. O cérebro agradece, diante
de fatos novos!!! Ao final de uma aula, solicite ao estudante que relate,
oralmente ou por escrito ou por outra estratégia, o que ele aprendeu. Na
verdade, ele não diz o que aprendeu, e sim o que fez na aula.
Por isso, é momento de se pensar uma nova maneira de ensinar, pois o
aprender é se transformar intrinsecamente por meio de reflexões de atitudes e
de comportamentos. O estudante tem de encontrar significado no que estuda;
do contrário, o cérebro, como fiel escudeiro da aprendizagem significativa,
deve encontrar coerência na informação que recebe, senão a deleta.
Currículo Escolar e Aprendizagem
Referências
DANTAS, Pedro da Silva. Para conhecer Wallon – uma psicologia dialética. 1ed. São Paulo: Brasiliense,
1983.
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OLIVEIRA, Jayr Figueiredo de. TIC – Tecnologias da Informação e da Comunicação. São Paulo: Ed. Érica,
2003.
RELVAS, Marta Pires. Neurociência e transtornos de aprendizagem: as múltiplas eficiências para uma
Educação Inclusiva. 4 ed. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2007.
NEUROAPRENDÊNCIA – A EDUCAÇÃO DA EMOÇÃO
centrodedesenvolvimento
doser.blogspot.com
Todo o ser humano deve ser preparado, especialmente pela educação que
recebe na juventude, para elaborar pensamentos autônomos e críticos e para
formular os seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo,
como agir nas diferentes circunstâncias da vida. (DELORS, 1999. 99)
É por meio de uma educação integral que o educando poderá, pelo
conhecimento cognitivo, compreender o mundo que o cerca, pois
compreenderá a si mesmo, terá um comportamento como ator participante,
responsável e justo na construção de seu tempo, de sua sociedade. Por isso,
não devemos esquecer que, mais do que nunca, a educação parece ter como
papel essencial conferir a todos os seres humanos a liberdade de pensar, de
discernir, de sentir e imaginar o de que necessitam. A vivência dos
conhecimentos tem papel fundamental neste processo.
Introduzir a noção de humanização nos estudos, no ensino, que envolve
a vida humana, particularmente a educação, significa reconhecer a
implicabilidade dos sentimentos e emoções que fazem brilhar a presença do
ser no mundo.
A maior ou menor intensidade desse brilho depende da força interior que
impulsiona o humano para o autodesenvolvimento por meio da
autotranscendência.
Podemos concluir, assim, que existe uma íntima ligação entre o aprender
e a forma como ocorre o processo de compreensão das informações. Quando
este processo ocorre de forma harmônica entre as partes cerebrais, a
aprendizagem torna-se integral, significativa, prazerosa, humanizada.
Muitos educandos não conseguem aprender determinadas matérias por
não encontrarem um sentido neste aprender. O conhecimento não possui
nenhum sentido na vida do educando, contudo, se o educador criar novas
metodologias visando à integração do educando com o conhecimento, poderá
ocorrer uma melhora significativa na qualidade de suas aulas, bem como no
resultado final do processo de ensino e aprendizagem, transformando sua
prática cotidiana em uma educação pelo afeto ou neuroaprendente.
Referências
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Edições Técnicas, 2002.
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CAMARGO, J. Educação dos sentimentos. Porto Alegre, RS: Letras de Luz, 2001.
DELORS, Jacques. Educação: Um tesouro a descobrir. 8 ed, São Paulo: Cortez, Brasília, DF: MEC =
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Referências
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Bases Neurobiológicas do Bullying Escolar
Referências
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SILVA, Ana Beatriz B. Mentes Perigosas nas Escolas – Bullying. RJ: Objetiva, 2010.
NEUROBIOLOGIA E SEXUALIDADE
Enquanto eles caçavam, elas cuidavam da prole. Vem dessa divisão de tarefas dos nossos ancestrais boa
parte das explicações sobre as diferenças comportamentais entre homens e mulheres. Hoje já se sabe,
porém, que os motivos vão além. Desde o feto, a atuação de hormônios no cérebro influencia o
desenvolvimento de habilidades específicas em cada gênero. Tais substâncias fazem com que, em geral,
meninas sejam mais comunicativas, cuidadosas e preocupadas com estética e detalhes e garotos gostem de
competir, testar a relação de causa e efeito e dispensar grandes rodas de amigos. Veja como essas
características se manifestam em diversas situações.
Refletindo...
Aspectos Psicológicos
Aspectos Sociais
Referências
BARBOSA, M. À procura da história das mulheres. Cadernos da Condição Feminina, Lisboa, n. 29, 1989.
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http://www.nce.ufrj.br/ginape/publicacoes/trabalhos/RenatoMaterial/neurociencia.htm
http://www.psychclassics.yorku.ca/author.htm
http://www.sciam.com.br
Neuroplasticidade e os Pressupostos Teóricos da
Aprendizagem
Plasticidade Cerebral
A plasticidade cerebral é a denominação das capacidades adaptativas do
sistema nervoso cerebral, ou seja, é a sua habilidade para modificar sua
organização estrutural própria e funcionamento. É a capacidade que o cérebro
tem em se remodelar em função das experiências do sujeito, reformulando as
suas conexões em virtude das necessidades e dos fatores do meio ambiente.
Há alguns anos, admitia-se que o tecido cerebral não tinha capacidade
regenerativa e que o cérebro era definido geneticamente, ou seja, possuía um
programa genético fixo. No entanto, não era possível explicar o fato de
pacientes com lesões severas obterem, com técnicas de terapia, a recuperação
da função. Porém, o aumento do conhecimento sobre o cérebro mostrou que
este é muito mais maleável do que até então se imaginava, modificando-se sob
o efeito da experiência, das percepções, das ações e dos comportamentos.
Deste modo, podemos referir que a relação que o ser humano estabelece
com o meio produz grandes modificações no seu cérebro, permitindo uma
constante adaptação e aprendizagem ao longo de toda a vida. Assim, o
processo da plasticidade cerebral torna o ser humano mais eficaz.
A plasticidade cerebral explica o fato de certas regiões do cérebro
poderem substituir as funções afetadas por lesões cerebrais. Como tal, uma
função perdida devido a uma lesão cerebral pode ser recuperada por uma área
vizinha da zona lesionada. Contudo, a recuperação de certas funções depende
de alguns fatores, como a idade do indivíduo, a área da lesão, o tempo de
exposição aos danos, a natureza da lesão, a quantidade de tecidos afetados, os
mecanismos de reorganização cerebral envolvidos, assim como outros fatores
ambientais e psicossociais.
A plasticidade é minimizar ou reverter uma adaptação
funcional/estrutural do sistema nervoso central. A aprendizagem é uma
plasticidade. Quando se escuta uma notícia ou se lê um jornal, executamos
atividades que modificam o nosso cérebro.
Ao assimilarmos um novo conceito, é porque houve modificação em
algum nível sináptico ou estrutural. É uma aprendizagem que exercitamos no
dia a dia, um milissegundo atrás é diferente do momento atual. É um processo
bastante amplo, que envolve diversos aspectos, principalmente na área de
formação de novas sinapses, novos contatos e na formação de novos
neurônios.
Assim, a plasticidade cerebral não é apenas relevante em caso de lesões
cerebrais, uma vez que ela está continuamente ativa, modificando o cérebro a
cada momento. Os mecanismos por meio dos quais ocorrem os fenômenos de
plasticidade cerebral podem incluir modificações neuroquímicas, sinápticas,
do receptor neuronal, da membrana e ainda modificações de outras estruturas
neurais.
Este fato é mais bem compreendido por meio do conhecimento do
neurônio, da natureza das suas conexões sinápticas e da organização das áreas
cerebrais. A cada nova experiência do indivíduo, portanto, redes de neurônios
são rearranjadas, outras tantas sinapses são reforçadas e múltiplas
possibilidades de respostas ao ambiente tornam-se possíveis.
Plasticidade Sináptica
Referências
BEAR, M. F.; CONNORS, B. W.; PARADISO, M. A. Neurociências Desvendando o Sistema Nervoso. 2 ed.
Porto Alegre, RS: Artmed, 2002.
KANDEL, E.R.; SCHWARTZ, J. H.; JESSELL, T. M. Princípios da Neurociência. 4 ed. São Paulo: Ed.
Manole, 2003.
LURIA, A. R. A mente e a memória: um pequeno livro sobre uma vasta memória. Trad. Claudia Berliner.
São Paulo: Martins Fontes, 1999.
OLIVEIRA, Martha Kohl. Vygotsky Aprendizado e Desenvolvimento Um processo socio-histórico. São Paulo:
Ed. Scipione, 2003.
“Como uma floresta, o cérebro está ativo algumas vezes, quieto outras, mas sempre cheio de vida.
Semelhante à selva o cérebro tem regiões distintas para lidar com várias funções mentais, tais como
pensar, sexualidade memória, emoções respiração e criatividade. Ambos, as plantas e animais e a rede de
neurônios funcionam tanto de forma competitiva como cooperativa, respondendo aos desafios do
ambiente. A lei da selva como a do cérebro é a sobrevivência.”
Gerald Edelman
klebereana.blogspot.com
Referências
FILATRO, Andrea. Design Instrucional contextualizado: educação e tecnologia. São Paulo: Editora SENAC
São Paulo, 2004.
LEVY, Pierre. Rumo à uma Ecologia Cognitiva (III – p. 135-184). In: As Tecnologias da Inteligência: o
futuro do pensamento na era da Informática. 10ª reimpressão. Rio de Janeiro: Ed. 34, 2001.
OLIVEIRA, Jayr Figueiredo de. TIC – Tecnologias da Informação e da Comunicação. São Paulo: Ed.
Érica, 2003.
RELVAS, Marta Pires. Neurociência e transtornos de aprendizagem: as múltiplas eficiências para uma
Educação Inclusiva. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2007.
SENTIMENTOS E EMOÇÕES
Marta Relvas
Sistema Límbico
O Hipotálamo
Um importante centro coordenador das funções cerebrais é o chamado
diencéfalo, uma região formada pelo tálamo e pelo hipotálamo. O primeiro
consiste em uma massa cinzenta que processa a maior parte das informações
destinadas aos hemisférios cerebrais. É uma grande estação de elaboração dos
sentidos.
O hipotálamo, por sua vez, regula a função de abastecimento do sistema
endócrino e processa inúmeras informações necessárias à constância do meio-
interno corporal (homeostasia). Coordena, por exemplo, a pressão arterial, a
sensação de fome e o desejo sexual.
A importância do hipotálamo é inversamente proporcional ao seu
tamanho. Ocupando menos de 1% do volume total do cérebro humano, o
hipotálamo contém muitos circuitos neuronais que regulam aquelas funções
vitais que variam com os estados emocionais, como, por exemplo, a
temperatura, os batimentos cardíacos, a pressão sanguínea, a sensação de sede
e de fome etc. O hipotálamo controla também todo sistema endócrino por
meio de uma glândula localizada em seu assoalho, a hipófise. Desse modo, o
hipotálamo é um dos grandes responsáveis pelo equilíbrio orgânico interno (a
homeostasia).
O hipotálamo está, pois, intimamente relacionado ao sistema nervoso
autônomo, primariamente, o sistema de controle de todas as vísceras (músculo
cardíaco, sistema digestivo, glândulas endócrinas etc.). Esse possui duas
divisões principais: o sistema simpático e o sistema parassimpático.
Sobre o sistema endócrino, o hipotálamo exerce sua influência direta e
indiretamente. Diretamente essa influência se dá por meio da secreção de
produtos neuroendócrinos direto na circulação sanguínea a partir da porção
posterior da glândula hipófise. Indiretamente a influência se dá pela secreção
dos chamados hormônios reguladores, os quais atuam liberando ou inibindo
outras glândulas do organismo, tais como: as suprarrenais, tireoide,
paratireoides e sexuais.
A Área Pré-Frontal
(Córtex)
O córtex cerebral é a camada mais alta e externa do encéfalo, ou seja, dos
dois hemisférios. Trata-se de uma capa de substância cinzenta de mais ou
menos 0,3 centímetros de espessura.
Os sulcos e as fissuras do córtex cerebral é que definem suas regiões em,
por exemplo, polo frontal, polo temporal, parietal e occipital. O polo frontal é
um lugar onde se concentra ali enorme variedade de importantes funções,
incluindo o controle de movimentos e de comportamentos necessários à vida
social, como a compreensão dos padrões éticos e morais e a capacidade de
prever as consequências de uma atitude.
O polo parietal recebe e se processam as informações dos sentidos,
enviadas pelo lado oposto do corpo. O polo temporal está permanentemente
envolvido em processos ligados à audição e à memorização, enquanto o polo
occipital é o centro que analisa as informações captadas pelos olhos e as
interpreta mediante um intrincado processo de comparação, seleção e
integração.
O córtex pré-frontal, considerado uma formação recente na evolução das
espécies, é a sede da personalidade e da vida intelectiva, modula a energia
límbica e tem a possibilidade de criar comportamentos adaptativos adequados
ao tomar consciência das emoções.
Na ausência desta parte do córtex, as emoções ficam fora de controle, são
exageradas e persistem após cessar o estímulo que as provocou, até que se
esgote a energia nervosa. Por outro lado, o sistema límbico por meio do
hipotálamo pode exercer um efeito supressor ou inibidor sobre o neocórtex,
inibindo momentaneamente a cognição e até o tônus muscular tônico, como
se observa nas fortes excitações emocionais.
Esse embotamento de emoções se manifestava, inclusive, como uma
espécie de cegueira emocional; os animais não se mobilizavam com objetos
familiares nem com os próprios familiares. Ao mesmo tempo, eles
apresentaram uma contundente tendência oral, levando à boca todos os
objetos.
A área pré-frontal se desenvolveu bastante, na escala filogenética, com o
aparecimento dos mamíferos, sendo particularmente desenvolvida no ser
humano e, curiosamente, em algumas espécies de golfinhos. Entre os seres
humanos, essa região do cérebro começa a adquirir maturidade suficiente
entre os quatro e seis anos de idade.
Mas a área pré-frontal não faz parte do sistema límbico. Entretanto, as
intensas conexões que mantêm com o tálamo, amígdala e outras estruturas
subcorticais límbicas, justificam seu importante papel na expressão dos estados
emocionais comportamentais, pela manutenção da atenção e pelo controle do
comportamento emocional.
A mais importante função associativa do polo pré-frontal parece ser,
efetivamente, integrar informações sensitivas externas e internas, pesar as
consequências de ações futuras para efetuar o planejamento motor de acordo
com as conclusões.
Referências
BALLONE, G. J. Sentimentos e Emoções. In: PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br,
revisto em 2005.
ROTTA, Neura Tellechea; OHLEWEILER, Lygia; RIEGO, Rudimar dos Santos. Transtornos da
Aprendizagem – Abordagem Neurobiológica e Multidisciplinar. Porto Alegre: Artmed, 2006.