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UNIVERSIDADE PAULISTA

CURSO DE PEDAGOGIA

PSICOLOGIA SÓCIO – INTERACIONISTA DE HENRI WALLON

Manaus- AM
2021
DÂMARIS ANDRADE DA SILVA - D72BDB8
GABRIEL BRAGA DE OLIVEIRA - N642JF6
JOANA DARC DA SILVA SILVA – F143325
KAMILA DA SILVA CORREA - F239594
RAFAEL TAVARES FRAGATA – F143333

“ESTÁGIO CATEGORIAL DE HENRI WALLON”

Atividade para obtenção de nota parcial da


NP1, do Curso de Pedagogia da Universidade
Paulista, da disciplina Psicologia Sócio –
Interacionista..

Orientadora: Prof.ª Elaine Ferreira Cabral

Manaus-AM
2021
INTRODUÇÃO

Considerando o momento de pandemia e a necessidade da ampliação de


conhecimentos práticos no desenvolvimento educacional para atender uma aprendizagem
significativa e aplicar a teoria na pratica no curso Pedagogia, este trabalho pretende ilustrar
brevemente a teoria do desenvolvimento cognitivo e afetiva de Henri Wallon, visando mostrar
e compreender melhor sobre os seus estágios, focando no estágio Categorial.
Foi feita a seleção de uma tira de história em quadrinhos para correlacionar e articular
com a teoria deste autor em especial ao 4º estágio de desenvolvimento. Através da história a
equipe descreve e relaciona as características que a criança apresenta nesse estágio e sua
percepção do mundo exterior.
A história escolhida foi da personagem Mafalda, menina de 06 anos que além de se
encaixar na idade que propõe Wallon para o Estágio Categorial, o exemplifica bem em
diversas aparições. Por fim, destaca-se a relevância desse estágio para o desenvolvimento e o
aprendizado das crianças nessa faixa etária de idade e descreve a importância de compreender
e entender essa teoria de Henri Wallon para os profissionais da educação.
DESENVOLVIMENTO

O francês Henri Paul Hyacinthe Wallon foi psicólogo, filósofo, médico e político, viveu
entre os anos de 1879 à 1962, e tornou-se conhecido por seu trabalho científico sobre a
Psicologia do Desenvolvimento. Dedicou-se ao trabalho com crianças especiais, portadoras de
deficiência mental, serviu como médico na Primeira Guerra Mundial, atuou em instituições
psiquiátricas, atuou também como professor do Departamento de Psicologia do College de
France onde permaneceu na clandestinidade, retornando às atividades ao final da Segunda
Guerra Mundial.
A teoria de Wallon também conhecida como teoria da pessoa completa, tem como
característica fundamental a tentativa de explicar o ser humano de forma mais abrangente,
muito embora reconheça que o desenvolvimento é um fenômeno altamente complexo, sobre o
qual não temos total controle. Sua teoria foi fortemente influenciada pelos princípios do
materialismo dialético, por isso, valorizava o contexto sociocultural como a base para a
constituição dos sujeitos, tendo em vista que fornece os componentes à construção da
personalidade desde o nascimento.
Para explicar o desenvolvimento humano Wallon articulou os estudos da psicologia, da
neurologia, da filosofia e da antropologia. Essa visão multidisciplinar contribuiu para que ele
formulasse uma teoria do desenvolvimento que englobou, ao mesmo tempo, os componentes
emocionais, a maturação do sistema nervoso e a evolução dos processos de pensamento.
Wallon ressalta em sua obra que o ser humano é organismo antes de ser psiquismo, por
isso “a maturação orgânica” é indispensável para a evolução funcional. Ela deposita neste, a
cada vez, possibilidades que se acrescentam ao material anterior e que não podem ser
extraídas dele como um simples efeito de seus mecanismos intrínsecos (WALLON, 2008, p.
119). Ele considera como uma construção progressiva, onde se realiza a integração das duas
principais funções: a afetividade – relacionada ao meio social, as relações “eu-outro”, e a
inteligência – relacionada ao conhecimento do mundo físico, à adaptação ao objeto.
Segundo Wallon, o desenvolvimento é um processo marcado por conquistas e conflitos de
ordem interna e externa, configurando-se num processo que tem como principal objetivo a
individuação, ou seja, a constituição da identidade. Ele estabeleceu que a criança passa por
cinco estágios de desenvolvimento, cada um com suas características próprias: o primeiro
seria o “Estágio Impulsivo Emocional” (de 0 a 1 anos de idade), o segundo “Estágio Sensório-
Motor e Projetivo” (1 a 3 anos), o terceiro “Estágio do Personalismo” (3 a 6 anos), o quarto
“Estágio Categorial” (de 6 aos 11 anos) e o quinto e último “Estágio Puberdade e
Adolescência”, que se inicia por volta dos 11 anos.

Para explicar os estágios do desenvolvimento Wallon recorreu a três princípios básicos: -


princípio da alternância funcional, princípio da predominância funcional e – princípio da
integração funcional.
Dentre os cinco estágios de desenvolvimento de Wallon será abordado o Estágio
Categorial, que acontece aproximadamente entre os 06 e 11 anos de idade e é caracterizado
pela “diferenciação nítida entre o eu e o outro”, e claro, pela Categorização propriamente dita,
que se trata do fator que reforça essa diferenciação.
Ao adentrar neste estágio a criança volta-se para o meio externo, com o predomínio
das funções cognitivas. A principal característica desse estágio é o aguçamento do
desenvolvimento cognitivo e o aumento da sociabilidade. A criança se vê capaz de participar
de vários grupos estando bastante aberta ao desenvolvimento de aptidões intelectuais e
sociais.
O estágio categorial coincide com o momento da escolarização em que a aprendizagem se
volta mais ao desenvolvimento de conceitos e da capacidade de generalizar, classificar e
combinar categorias de conhecimento. O que permite à criança importantes avanços na
compreensão do mundo que a cerca.
Nesse período, a criança continua a se desenvolver, tanto no plano
motor como no afetivo, mas as características do comportamento são
determinadas principalmente pelo desenvolvimento intelectual, e é
nesse domínio que se podem perceber grandes saltos. A criança
aprende a se conhecer como pessoa pertencente a diferentes grupos,
exercendo papéis e atividade variadas (MAHONEY et al., 2010, p.
52).

Através de uma tirinha de Mafalda conseguimos exemplificar esse desenvolvimento pelo


qual as crianças passam, uma vez que a personagem tem a mesma idade das crianças em
estudo, como propõe Wallon para o Estágio Categorial, exemplificando bem em diversas
aparições.
Na charge acima, aparece uma crítica política, insinuando que tudo o que acontece na vida
seja fenômeno natural ou não, é culpa do governo, sem levar em consideração as relações de
causa e efeito. Há a opinião de três crianças, sendo duas na faixa etária de 06 anos e uma,
chamada Guilé, irmão caçula de Mafalda, com idade inferior (mais novo), não está na mesma
fase que ela. E este por sua vez não é capaz de fazer essa análise, o que enfatiza ainda mais a
teoria de Wallon.
Segundo Henri Wallon o Estágio Categorial é marcado por duas fases, a primeira dos 06
aos 09anos (chamada de pré-categorial) e a segunda fase partir dos 09 anos, que é a
categorização propriamente dita, com elementos de classificação intelectuais.
A primeira fase ainda é marcada pelo sincretismo (que pode ser identificado na fala de
Guilé) e embora Mafalda tenha apenas 06 anos, ela se encaixa na segunda fase, que trata-se
do momento em que a criança faz claramente a separação dos elementos e isso a permite
ordenar a realidade para se posicionar no mundo (como acontece na tirinha de Mafalda) onde
emerge o pensamento categorial, que juntamente com o pré-categorial caracteriza a
inteligência discursiva”.
Na tirinha trazida como exemplo, Mafalda alcançou o “Pensamento Categorial”, ou seja, é
capaz de diferenciar objetos ou situações que pertencem ou não a realidade, ao mito, a
religião, por exemplo, e a partir disso consegue “ordenar o mundo”.
A charge da personagem Mafalda apresenta de forma resumida e objetiva o resultado do
crescimento e da participação no meio cultural, seu pensamento se organiza em torno de
noções fundamentais que ordenam os dados da realidade, a noção de tempo, de espaço e
causa. No exemplo, Mafalda consegue distinguir que, embora grande parte dos problemas
sociais sejam causados pelo governo, o calor não poderia ser um deles.
CONCLUSÃO

O objetivo do trabalho foi observar os quadrinhos e contextualizar com o estágio


(Pensamento Categorial) estudado por Wallon. Foram analisadas as expressões e fala de cada
personagem caracterizado nesse estágio de desenvolvimento. Observou- se que a personagem
Mafalda se encontra no estágio Categorial, mais precisamente na segunda fase, o que levou a
concluir que a personagem alcançou o Pensamento Categorial, pois a mesma é capaz de
diferenciar objetos ou situações que pertencem ou não a realidade, seu pensamento se
organiza em torno de noções fundamentais que ordenam os dados da realidade.
Já o segundo personagem “Guilé”, apresenta em suas falas nos quadrinhos o pensamento
sincrético que é pensamento natural da infância quando a criança tenta explicar as coisas, mas
acabam misturando realidade e fantasia, sem distinção.
O sincretismo é a principal característica do pensamento infantil: percepções e pensamentos
se apresentam de modo confuso e global. A criança, em seu pensamento, mistura aspectos
fundamentais, percebendo a realidade de forma indiferenciada. Essa insuficiência de
continuidade, confusões e falta de coordenação está relacionada com uma falta de domínio
sobre os instrumentos do pensamento (FARIA, 2015, p.03)..
Dessa forma, ressaltamos a importância dos estudos de Henri Wallon para o processo de
ensino aprendizagem e enfatizamos a relevância desse estudo para os profissionais de
educação. Vale ressaltar que é de suma importância que educadores conheçam a teoria de
desenvolvimento de Henri Wallon, pois através destes conhecimentos é possível conhecer as
crianças de maneira correta, respeitando as características e particularidades de cada uma,
sempre considerando a importância de cada estágio levando em conta a relação e a interação
que a criança tem com as pessoas e o mundo ao seu redor.
REFERÊNCIAS

FARIA, Daniela. Contribuições Da Teoria Psicogenética De Henri Wallon À Educação


Infantil. In: V SEMINÁRIO INTERNACIONAL SOBRE PROFISSIONALIZAÇÃO
DOCENTE.26 a 29. 2015, Paraná: PUCPR, 2015. Disponível :< 20861_8401.pdf
(bruc.com.br)>. Acesso em:07 de outubro de 2021.

MAHONEY, Abigail et al. Henri Wallon. Psicologia e Educação. São Paulo: Edição
Loyola, 2010.

WALLON, Henri. Do ato ao pensamento. Petrópolis: Vozes, 2008.

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