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CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS

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13 Congresso
de Estudos Espíritas
Temas gerais sobre a Ciência
e a Filosofia Espírita

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24 de abril de 2022
24/4/2022 Complexos
Psíquicos
Transtornos da Mente

9º Grupo de Estudos Espíritas do Grupo de


Estudos Espíritas sobre as Mulheres Espíritas
CELD/CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS
13º Congresso de Estudos Espíritas
Mulheres Espíritas – Vida e Obra de Yvonne do Amaral Pereira – Tema 1: Complexos Psíquicos
Temas 2: Mediunidade com Jesus e a Evangelização de Espíritos / Tema 3: Recursos Divinos

PATRONESSE:

Quem foi Zilda Gama?

Zilda Gama nasceu em 11 de março de 1878, em Três Ilhas, Juiz de Fora


(MG), e desencarnou em 10 de janeiro de 1969, no Rio de Janeiro. Era a
segunda filha dos 11 filhos de Augusto Cristino da Gama, escrivão de paz,
e Elisa Emílio Klörs da Gama, professora estadual.

Vida Profissional

“Era, como sua mãe, professora pública, diplomada pela Escola


Nacional de São João del-Rei, MG. Exerceu o magistério no município de
Além-Paraíba, tendo assumido, por várias vezes, a direção dos Grupos Escolares Castelo Branco e
Sales Marques, na mesma cidade, após ter obtido duas promoções por inegável merecimento. Em
1929, tendo a Secretaria de Educação de Minas Gerais posto em concurso aulas-modelos, obteve o
primeiro lugar, na Classificação Oficial e, foi inscrita na Escola de Aperfeiçoamento de Belo Horizonte,
onde concluiu o curso, em 6 de dezembro de 1929.”
As Primeiras Provas

“Sua vida familiar foi, na verdade, um drama. Em 1901, ano em que faleceu sua irmã mais velha,
Maria Antonieta Gama, a poetisa conhecida pelo pseudônimo de Marieta. Assumiu Zilda Gama a
progenitura e a chefia da família, por morte de seus pais, ocorrida, no ano seguinte, com o espaço de
apenas quatro meses. Deixando para ela a responsabilidade da criação de cinco irmãos menores.
O destino, porém, reservara-lhe duas provas para lhe dar maior merecimento, na vida espiritual;
provas que ela soube vencer com galhardia e conquistar, como conquistou, a admiração e o louvor
unânime de todos com os quais convivia. Uma delas, quando seu noivo, prestes a consorcia-se com
ela, depois de um noivado demorado, apaixonou-se e casou-se com outra, tendo sido infeliz; a outra,
quando faleceu sua querida irmã, Adélia Maria, enchendo o seu modesto lar com cinco criancinhas,
sequiosas de carinho e de amor, e que se tornaram o principal alvo de sua vida de muitas lutas e
sofrimentos.” (Francisco Klörs Werneck. Prefacio do Livro Seara Bendita de Victor Hugo, psicografia de Zilda Gama)

O Despontar da Mediunidade

Por volta de 1912, Zilda Gama já era adepta da Doutrina Espírita, embora, não ostensivamente.
Em fins do referido ano, combalida por íntimos dissabores, sentiu que uma entidade do mundo invisível
desejava corresponder-se com ela. Pegou do lápis e, prontamente, veio-lhe, pela psicografia, salutar
conselho, dado por seu pai, e outro, por sua adorada irmã, Maria Antonieta Gama, a poetisa.
Pouco depois, ela passava a psicografar mensagens de “Mercedes”, entidade que lhe foi de
inexcedível dedicação, consorcia-se de todos os seus instantes de dor e de raras alegrias. Enfim, um
dos seus mais desvelados guias espirituais, que lhe revelara a importante missão, que o Alto lhe
reservava, no Espiritismo.
Com surpresa, ainda no ano de 1912, Zilda Gama psicografava a primeira mensagem assinada
por Allan Kardec:
“Sobre tua fronte está suspenso um raio luminoso, que te guiará através de todas as dificuldades, de
todos os obstáculos, e será a tua glória ou a tua condenação – conforme o desempenho que deres aos
teus encargos psíquicos. Cinge-te de coragem, fé, benevolência, cumpre, sem desfalecimento e sem
deslizes, todos os teus deveres sociais e divinos, e conseguirás ser triunfante.” (Allan Kardec. Diário dos
Invisíveis, psicografia de Zilda Gama)

Os romances que escreveu, mediunicamente, sob a tutela do Espírito Victor Hugo, escritor
francês do século XIX, um dos maiores expoentes da literatura moderna, mais tarde foram publicados
em várias edições pela Federação Espírita Brasileira, a única editora espírita da época.
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Mulheres Espíritas – Vida e Obra de Yvonne do Amaral Pereira – Tema 1: Complexos Psíquicos
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INTRODUÇÃO:
LE 22 -“Define-se geralmente a matéria como sendo o que tem
extensão, o que é capaz de nos Impressionar os sentidos, o que
é impenetrável. São exatas estas definições?”
“Do vosso ponto de vista, elas o são, porque não falais
senão do que conheceis. Mas a matéria existe em estados que
ignorais. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil que nenhuma
impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria.
Para vós, porém, não o seria.”
(Allan Kardec, “O Livro dos Espíritos. Capítulo II. Questão 22 . CELD)

Palavras de Allan Kardec, no livro, A Gênese


A.G. XIV – 2. “Como já foi demonstrado, o fluido cósmico universal é a
matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a
inumerável variedade dos corpos da Natureza. Como princípio elementar universal,
ele apresenta dois estados distintos: o de eterização ou de imponderabilidade, que
se pode considerar como o estado normal primitivo, e o de materialização ou de
ponderabilidade, que, de certa maneira, é apenas consecutivo àquele outro. O ponto
intermediário é o da transformação do fluido em matéria tangível, mas, ainda aí, não
ocorre uma transição brusca, uma vez que podemos considerar nossos fluidos
imponderáveis como um ponto intermediário entre os dois estados.
Cada um desses dois estados dá, necessariamente, origem a fenômenos especiais: ao segundo,
pertencem os fenômenos do mundo visível, e, ao primeiro, os do mundo invisível. Uns, os chamados
fenômenos materiais, são da alçada da Ciência, propriamente dita; os outros, qualificados de fenômenos
espirituais ou psíquicos, porque eles se ligam, mais especialmente, à existência dos espíritos, pertencem
às atribuições do Espiritismo. Porém, como a vida espiritual e a vida corporal estão em incessante
contato, muitas vezes os fenômenos dessas duas categorias ocorrem, simultaneamente. No estado de
encarnação, o homem pode perceber apenas os fenômenos psíquicos que se prendem à vida corpórea;
os que pertencem ao domínio exclusivo da vida espiritual escapam aos sentidos materiais, e só podem
ser percebidos no estado de espírito.” (Allan Kardec. A Gênese. Capítulo XIV, item 2. CELD)
*******
A.G. XIV – 9. “A natureza do envoltório fluídico está sempre de acordo com o grau
de adiantamento moral do espírito. Os espíritos inferiores não podem trocar de
envoltório a seu bel-prazer e, por consequência, não podem passar, à vontade, de
um mundo para outro. Existem alguns cujo envoltório fluídico, mesmo sendo etéreo
e imponderável em relação à matéria tangível, ainda é muito pesado, se assim
podemos dizer, em relação ao mundo espiritual, para permitir que eles saiam do
meio onde se encontram. É preciso incluir, nessa categoria, aqueles cujo perispírito
é bastante grosseiro para que o confundam com o corpo carnal, razão pela qual
continuam achando que estão vivos. Esses espíritos, cujo número é grande,
permanecem na superfície da Terra, como os encarnados, julgando-se sempre
entregues às suas ocupações; outros, um pouco mais desmaterializados, ainda não o são o suficiente
para se elevarem acima das regiões terrestres.” (Allan Kardec. A Gênese. Capítulo XIV. Item 9. CELD)

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Mulheres Espíritas – Vida e Obra de Yvonne do Amaral Pereira – Tema 1: Complexos Psíquicos
Temas 2: Mediunidade com Jesus e a Evangelização de Espíritos / Tema 3: Recursos Divinos

OBJETIVO GERAL:
- Abordar a vida e a obra da médium Yvonne do Amaral Pereira, no aspecto mediúnico, no seu contato
com os espíritos sofredores.

PALAVRAS DE YVONNE PEREIRA SOBRE SUA MEDIUNIDADE


Yvonne Pereira nos diz:
A mediunidade apresentou-se em minha vida ainda na infância,
conforme relato em o livro Recordações da Mediunidade. Com um mês de
idade, ia sendo enterrada viva devido a um fenômeno de catalepsia, “morte
aparente”, que sofri, fenômeno que, no decorrer de minha existência, repetiu- se
muitas vezes.
Aos 5 anos, eu já via Espíritos, e com eles falava, e, assim continuei até os dias presentes.
Nunca desenvolvi a mediunidade, ela apresentou-se, por si mesma, naturalmente, sem que eu me
preocupasse em atraí-la, pois, em verdade, não há necessidade em se desenvolver a faculdade
mediúnica, ela se apresentará sozinha, se realmente existir, e se formos dedicados às operosidades
espíritas.
A primeira vez em que me sentei em uma mesa de sessão prática, recebi uma comunicação do
Espírito Roberto de Canalejas, tratando de suicídios. Espírito que me aparecia e comigo falava desde
minha primeira infância. Antes, porém, já eu me desdobrava em corpo espiritual, pois, também, esta
faculdade apresentou-se na infância. Como médium psicógrafo, trabalhei a vida inteira, desde 1926 até
1980, como receitista, assistida por entidades de grande elevação, como Bezerra de Menezes,
Bittencourt Sampaio, Augusto Silva, Charles, Roberto de Canalejas e outros, cujos nomes nunca soube.
Fui e até hoje sou, médium conselheira (ver a classificação em O livro dos Médiuns), psicoanalista e
passista, assistida pelos mesmos Espíritos. Como médium de incorporação não fui da classe de
sonambúlicos, mas falante (ver no Livro dos Médiuns, cap.16, it.187) e tive especialidade para os casos
de obsessão e suicidas, e um longo trabalho tenho exercido, neste setor.
Fui, igualmente, médium de efeitos físicos (materializações) e cheguei a realizar algumas
materializações, à revelia da minha vontade, naturalmente, sem o desejar, durante sessões do gênero a
que eu assistia, em plena assistência, isto é, sem cabine ou outra qualquer formalidade. Eram
luminosas essas materializações. Mas não cheguei a me interessar por esse gênero de fenômeno,
nunca o apreciei e não o cultivei, mesmo a conselho de Bezerra de Menezes e Charles, que não viam
necessidade de me dedicar a tal setor da mediunidade.
No entanto, minhas outras faculdades foram cultivadas com muito amor, perseverança e
respeito, tendo eu seguido, fielmente, e as prescrições de O livro dos Médiuns, sem nunca sofrer
decepções ao obedecê-las. Segui sempre as orientações dos livros básicos e dos próprios Guias, que
por mim velavam, e, entre os humanos, observei orientações do eminente espírita Zico Horta, de Barra
Mansa, que me guiou, no meu início, com grande critério e espírito de fraternidade. Desde o ano de
1926, exerço a mediunidade, sem desfalecimentos, e pode-se mesmo dizer que a minha maior tarefa,
no campo espírita, foi através da mediunidade, principalmente, no setor de receituário e passes para
curas, que pratico há cinquenta e quatro anos. Fui, também, médium orador. Falei na tribuna espírita,
assistida pelos mentores espirituais do ano de 1927 ao ano de 1971, quarenta e quatro anos, portanto,
só abandonando esse setor por ordem dos mesmos guias espirituais. No entanto, nunca viajei para
esse serviço. Falava apenas nas localidades, onde residia.
Pratiquei, também, a literatura mediúnica em livros, crônicas, contos etc., mas, jamais, em
mensagens. Estas somente me eram concedidas para conselhos e orientações pessoais, àqueles que
me procuravam. Colaborei, em vários jornais do interior do país e, também, no Reformador, órgão da
Federação Espírita Brasileira, sob o pseudônimo de Frederico Francisco, em homenagem ao meu caro
amigo espiritual, Frédéric François Chopin. (Yvonne Pereira. Luz do Consolador; Texto 5 – Mediunidade. FEB)
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TEMA1 : COMPLEXOS PSÍQUICOS


OBJETIVO:
- Identificar como os espíritos podem influenciar o ambiente com seus complexos psíquicos.

L.E. 459. Os espíritos influem nos nossos pensamentos e nas


nossas ações?
“Sob este aspecto, a influência deles é maior do que
imaginais, pois, com muita frequência, são eles que vos dirigem.”
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Capítulo IX. Questão 459. CELD)

Neste capítulo, Yvonne nos narra um atendimento, feito por ela, em 1958, um dos
muitos, realizados por ela, na sua imensa lavra de trabalhos, dentro da Doutrina Espírita e
que nos revela aspectos muito importantes da mediunidade.

—" Pelo ano de 1958, um parente meu, a quem, nestas páginas, tratarei pela inicial C,
adoeceu, gravemente, declarando os médicos consultados tratar-se de úlcera do duodeno. Chamada que
fui, do Estado de Minas Gerais, onde, então me encontrava, a fim de auxiliar no tratamento ao doente,
logo de início constatei, por minha vez, que, além da enfermidade física, muito bem diagnosticada pelos
médicos, existiam ainda, na pessoa de C, as influências psíquicas deletérias de duas entidades
desencarnadas sofredoras, agravando-lhe o mal, as quais eu distinguia facilmente, através da vidência,
detendo-se, de preferência, no próprio aposento particular de C, uma delas com a particularidade de se
deixar ver deitada no soalho, sobre uma velha esteira e um travesseiro roto e seboso, sem fronha, e
coberto com uns miseráveis restos de cobertor”. (Grifo nosso) (Yvonne do A. Pereira. Recordações da
Mediunidade, pág. 125, 12ª ed. FEB)

DEFINIÇÃO: COMPLEXOS

Em psicanálise, um grupo de ideias ou imagens carregadas emocionalmente; de


determinada situação psíquica, com a acentuada carga emocional e incompatível
com a atitude habitual da consciência. (L. Plhano Jr. Dicionário de Filosofia Espírita.
2ª ed. CELD

No momento atual da sua vida, qual o


seu pensamento fixo mais perturbador?

Todos temos complexos de vários tipos e, a consciência não possui domínio sobre as associações, pois
elas são automáticas e vão se realizando, a cada nova experiência do Espírito.

“Os complexos são agrupamentos de conteúdos psíquicos carregados de emoções. Quanto maiores
são as emoções e o campo de associação maior são os complexos. Os complexos possuem o poder
impulsionador da vida psíquica.” (Carl Jung. A Teoria dos Complexos de Jung)

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Esses complexos têm origem na interiorização de nossas dificuldades ou necessidades que, em


determinado momento, exteriorizamos.
À medida que crescemos e nos desenvolvemos, alguns complexos se tornam conscientes.

“Os conteúdos psíquicos exteriorizados pelo inconsciente através dos sutis mecanismos cerebrais
ressurgem como complexos quando possuem conteúdo perturbador, efeitos naturais das ações
morais iníquas que as soberanas Leis de Causa e Efeito impõem ao espírito como necessidades de
reparação e de reeducação.” (Joana de Ângelis. Triunfo pessoal pg. 24).

“Quanto menos consciente for um complexo, iremos projetar o seu conteúdo sobre os outros. Vale
dizer, veremos nas outras pessoas, aquilo que nos recusamos a ver em nós mesmos.” (Rosana de
Rosa. Os Complexos e a Mediunidade)

Yvonne continua sua narrativa, falando-nos sobre o espírita suicida, Adão.

(...) “Tratava-se, a segunda entidade, do Espírito suicida de um primo de C, por nome Adão, o
qual ingerira formicida dois anos antes e, apesar de haver residido em outro Estado da República e
nem mesmo ser muito afim com C, agora se plantava no domicilio deste, como Espírito, e era
então por mim visto em desatinos pela casa, contorcendo-se em dores e sofrimentos violentos,
tais como vômitos constantes, tosse, sufocações, asfixia, aflições desesperadoras,
alucinações, etc., e com tais complexos atingindo fluidicamente o enfermo, que externava os
mesmos sintomas e tinha os seus males agravados.” (Grifos nossos) (Yvonne do A. Pereira.
Recordações da Mediunidade, pág. 126, 12ª ed. FEB)

L.E. 957. Em geral, quais são as consequências do suicídio, relativamente ao estado de espírito?
“As consequências do suicídio são muito diversas; não há penas fixas e, em todos os casos,
são sempre relativas às causas que o produziram; mas existe uma consequência à qual o suicida
não pode escapar: é o desapontamento (...)” (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Capítulo I. Questão 957.
CELD)

DEFINIÇÃO: OBSESSÃO — do latim obsession. Impertinência, perseguição, vexação.


Preocupação com determinada ideia, que domina doentiamente o espírito, e resultante ou não de
sentimentos recalcados; ideia fixa; mania. (L. Palhano Jr. Dicionário de Filosofia Espírita. Ed. CELD)

L.M. 237 – (...) “a obsessão, isto é, o domínio que alguns Espíritos sabem exercer sobre certas
pessoas. Ela nunca ocorre, senão através dos Espíritos inferiores, que procuram dominar; os bons
Espíritos não infligem qualquer constrangimento; aconselham, combatem a influência dos maus e,
se não os ouvem, retiram-se. (...)” (Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. Capitulo XXIII, item 237. CELD)

E.S.E. XXVIII – 81. “A obsessão é a ação persistente que um mau espírito exerce sobre um
indivíduo. Ela apresenta características muito diferentes, desde a simples influência moral, sem
sinais exteriores sensíveis, até uma perturbação completa do organismo e das faculdades
mentais.”
(...) A obsessão é, quase sempre, o resultado de uma vingança exercida por um espírito
que, na maior parte das vezes, tem sua origem nas relações que o obsidiado teve com o
obsessor em uma existência precedente. (Ver cap. X, item 6 e cap. XII, itens 5 e 6.)
(Allan Kardec. O Evangelho segundo o Espiritismo. Capítulo XXVIII. Item 81. CELD)

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“Quase sempre a obsessão exprime vingança tomada por um Espírito e cuja origem
frequentemente se encontra nas relações que o obsidiado manteve com o obsessor, em
precedente existência.”, (Allan Kardec. A Gênese, capítulo XIV, item 48. CELD)

Continua, Yvonne:
“Médium de faculdades positivas, absolutamente afim com Espíritos de suicidas,
dessa vez eu nada sentia de anormal no contacto com as duas entidades, limitando-se a
minha ação, no caso, apenas ao fenômeno da vidência. No entanto, a entidade suicida,
Adão, foi facilmente retirada pela ação da caridade espiritual em conjunção com a terrena
e encaminhada a uma sessão do “Grupo Espírita Meimei”, de Pedro Leopoldo, em Minas
Gerais, comunicando-se ostensivamente, através do fenômeno de incorporação, por um dos
médiuns do Grupo, apresentando todas as particularidades da própria personalidade e do gênero de
morte que tivera, inclusive os vômitos, a tosse e a asfixia, conquanto o médium permanecesse alheio à
existência da mesma entidade e dos fatos em geral a ela relacionados, sendo, ao demais, vista e
descrita com minudências pela vidência do médium Francisco Cândido Xavier, que igualmente
desconhecia a existência do suicida e os laços de parentesco entre este e C.” (Grifo nosso) (Yvonne do A.
Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 126, 12ª ed. FEB)

L.M. 193. 3) Médiuns positivos: suas comunicações têm, em geral, um caráter de nitidez e
precisão que se presta, de boa vontade, aos detalhes circunstanciais, às informações exatas.
Bastante raros. (Allan Kardec. O Livro dos Médiuns. Questão 193. Item 3. CELD)

VAMOS REFLETIR: Depois do que leu você já é capaz de responder a essa pergunta?

E você já consegue reconhecer quais são os


complexos que atingem a humanidade, na atualidade?

Continua Yvonne no seu relato, dando-nos informações sobre o aspecto físico da primeira
entidade, que se mostrava à sua vidência, tal como estava, quando desencarnou:

“Entrementes, a primeira entidade acima citada não fora retirada e continuava sendo vista
por mim frequentemente materializada e externando singulares particularidades. Tratava-se
do fantasma de um homem de cor negra, regulando quarenta anos de idade, alto e corpulento, obeso,
indicando enfermidade grave, pois dir-se-ia atacado de inchação geral, como quem padecesse de
grandes males renais. Os pés, muito visíveis, estavam descalços e traziam inchação impressionante e a
entidade se deixava ver muito pobremente trajada.
O meu parente C residia numa casa recém- adquirida, no Rio de Janeiro, que fora reformada
pelo anterior proprietário e que, por isso mesmo, tomara aspecto assaz agradável. Essa casa, no
entanto, fora erguida em terreno onde existira um casebre, sendo este demolido para a nova
construção. (...) (Grifo nosso) (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 127, 12ª ed. FEB)

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DEFINIÇÃO: MATERIALIZAÇÃO

No vocabulário espírita, trata-se de um fenômeno de ectoplasmia


(teleplastia), quando um ser ou objeto de outra dimensão (espiritual)
tornar-se visível e tangível, por condensação de substância sutil
(ectoplasma) que se desprende do médium. A formação ectoplasmática
dos Espíritos pode ser parcial (dedos, mãos, braços, rostos) ou total (corpo
inteiro), com substância luminosa ou não. Sob o aspecto da tangibilidade,
as formações ectoplasmáticas podem ser do tipo rarefeito, de pouca
densidade, mais denso e opaco, com bastante nitidez e denso com solidez e tangibilidade total. (L.
Palhano Jr. Dicionário de Filosofia Espírita .Ed. CELD)

Yvonne, agora, vai nos descrever a sua rotina de trabalho, na casa de C, e a sua percepção do
ambiente:
“Como de hábito, ao ingressar na residência de C, comecei a orar diariamente, à
hora do trabalho psicográfico, que não fora interrompido. E nessas ocasiões, e ainda em
outras mais, às vezes até inesperadamente durante as lides domésticas, minha visão
espiritual, ou o que quer que seja, talvez até mesmo a faculdade psicométrica do
ambiente, surpreendia, no local da casa, um casebre, e, em vez do jardim com suas
bonitas árvores e folhagens e o piso de cerâmica e cimento, um pobre terreno em ruínas,
com canteiros de hortaliças ressequidas e alguns poucos galináceos enfezados, além de utensílios
imprestáveis esparsos por toda a parte. (...)” (Grifos nossos) (Yvonne do A. Pereira. Recordações da
Mediunidade, pág. 127, 12ª ed. FEB)

DEFINIÇÃO: PSICOMETRIA
1 - Registro e medida dos fenômenos psíquicos, por meio de métodos experimentais.
2 – Na mediunidade, estudada à luz da Doutrina Espírita, a psicometria é uma variedade de
psicoscopia, isto é, uma faculdade que tem o médium de estabelecer contato com toda a vida psíquica
de alguém, coisa ou ambiente podendo perscrutar o passado, o presente e futuro. O médium localiza
no tempo e no espaço o objeto de suas perquirições, seguindo-o por uma espécie de “rastreamento”
psíquico. (L. Palhano Jr. Dicionário de Filosofia Espírita. Ed. CELD)

“— Uma vez, transportada ao estado de espírito semi-liberto, vi


que desaparecera a casa atual e, em seu lugar, via-se apenas um terreno
com um casebre construído em adobes, coberto de telhas velhas, com
janelas minúsculas, sem vidros, e portas muito toscas, de tábuas
grosseiras, e chão de terra batida
(...) Um negro ainda moço, ou o seu Espírito, corpulento, simpático,
cuidava das ervilhas com muita atenção, amarrando-as com tiras de
“imbira” às estacas (1). Usava camisa branca andrajosa, calças escuras
com muito uso e sujas de terra, chapéu de feltro velhíssimo, e tudo oferecendo visão de extrema
pobreza e decadência. Pés descalços, inchados, como que atacados de elefantíase, enquanto o corpo
reluzia, deformado pela inchação.” (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 128 12ª ed. FEB)
(1) “Imbira” — fibra de casca de árvores, verdes, usada pelos homens da lavoura como amarrilho para os seus
serviços.

Com a continuação do fenômeno, nas noites subsequentes, e com a orientação do Espírito


Guia Charles, fui informada de que aquela entidade chamara-se Pedro, quando
encarnada, residira no casebre, e que, agora, desencarnada, continuava no mesmo
local, fixando o pensamento no cenário passado e, por isso mesmo, construindo-o
ao derredor de si, para seu desfruto ou seu infortúnio, à força de tanto recordá-lo,
sendo, portanto, esse o seu “ambiente imediato”, ou seja, tipo de criação mental
sólida, idêntica às analisadas pelo sábio Professor Ernesto Bozzano em seu interessante livro “A Crise
da Morte”, (...) (Grifo nosso) (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 128 12ª ed. FEB)

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As vibrações de nossos pensamentos, de nossas palavras, renovando-se em sentido


uniforme, expulsam de nosso invólucro os elementos que não podem vibrar em harmonia com elas;
atraem elementos similares que acentua as tendências do ser. (...)
Se meditarmos em assuntos elevados, na sabedoria, no dever, no sacrifício, nosso ser
impregna-se, pouco a pouco, das qualidades de nosso pensamento. (...)
Se, ao contrário, nosso pensamento é inspirado por maus desejos, pela paixão, pelo ciúme,
pelo ódio, as imagens que cria sucedem-se, acumulam-se em nosso corpo fluídico e o
entenebrecem. Assim, podemos à vontade fazer em nós a luz ou a sombra, (...)” (Léon Denis. O
Problema do Ser e do Destino. Terceira Parte. Capítulo XXIV - CELD)

A alma humana percorre seu caminho cercada de uma atmosfera brilhante ou turva,
povoada pelas criações de seu pensamento. É isso, na vida do Além, sua glória ou sua vergonha.”
(Léon Denis. O Problema do Ser e do Destino. Terceira Parte. Capítulo XXIII. CELD)

L.E. 242. Como os espíritos têm o conhecimento do passado? E esse conhecimento para eles não
tem limite?
“O passado, quando dele nos ocupamos, é presente; exatamente como te lembras de uma
coisa que te impressionou no decorrer do teu exílio. Simplesmente, como não temos mais o véu
material que obscurece tua inteligência, nós nos lembramos de coisas que se te apagaram da
memória; mas, nem tudo é conhecido pelos espíritos: a começar pela sua própria criação.” (Allan
Kardec. O Livro dos Espíritos; Capítulo VI. Questão 242. CELD)

L.E. 914. Estando o egoísmo baseado no sentimento do interesse pessoal, parece bem difícil
extirpá-lo inteiramente do coração do homem; chegaremos a consegui-lo?
“À medida que os homens se esclarecem sobre as coisas espirituais, menos valor dão às
coisas materiais; e, além disso, é preciso reformar as instituições humanas que o entretêm e o
excitam. Isso depende da educação.” (Alla Kardec. O Livro dos Espíritos. Capítulo I. Questão 914. CELD)

TEMA 2: MEDIUNIDADE COM JESUS E A EVANGELIZAÇÃO DE ESPÍRITOS

OBJETIVO:
- Compreender os recursos mediúnicos utilizados por Yvonne
Pereira para auxiliar os espíritos sofredores.
- Ressaltar a importância do Evangelho, visando a educação e a
sensibilização do espírito.
DEFINIÇÃO: MEDIUNIDADE
A mediunidade é um grande instrumento de iluminação, quando
vinculada ao Evangelho de Jesus, o grande código moral para todas as
realizações humanas. Porém, quando exercida distanciada da proposta
cristã, não passa de simples fenômeno destituído das condições pelas quais foi oferecida ao ser humano:
tornar-se um caminho de elevação moral. (Grifo nosso) (Alírio Cerqueira Filho. Prática da Mediunidade com
Jesus. ED. Espiritualizar)

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“A mediunidade exercida sobre assistência de Jesus, deve dar os primeiros passos na


direção da caridade para que o medianeiro no exercício do amor, possa entrar em sintonia com
seu próximo, ouvindo do seu coração os apelos e as rogativas sinceras de amparo para suas
dificuldades.
A vivência da fraternidade, o olhar carinhoso da solidariedade e o abraço que descansa,
alimentam a alma enfraquecida pelos embates da luta de regeneração...” (Espírito Yvonne do Amaral
Pereira. Mediunidade: Tarefa com Jesus, psicografia de Alda Maria. BH, CEMFS, 2012)

Yvonne continua seu relato apresentando-nos quadros muito importantes constatados


através de sua mediunidade:

“O cenário dava, pois, até a mim mesma, a ilusão da mais positiva realidade, quando
nada mais era que criação mental, inspirada nas recordações fortes do passado, sobre a matéria
quintessenciada, ou força cósmica universal, disseminada, como sabemos, por toda a parte. Yvonne
Pereira. Recordações da Mediunidade. (Grifo nosso) (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 128 12ª ed.
FEB)

“Se o pensamento e a vontade podem exercer tal influência sobre a matéria corporal,
compreender-se-á que essa influência seja ainda maior e produza efeitos mais intensos quando for
aplicada à matéria fluídica, imponderável, de que o perispírito é formado.” (...) (Léon Denis. O Problema
do Ser e do Destino. Segunda parte: O Problema do Destino, pág. 215. RJ, CELD)

E Charles acrescentou:
“Entrego-te esse pobre irmão para que o consoles dos seus infortúnios, instruindo-o nos
princípios da renúncia aos bens terrenos, que ainda aprecia, pela aquisição dos bens espirituais. “Podes
fazer isso. Faze-o, e serás auxiliada.” (Yvonne Pereira. Recordações da Mediunidade. (Grifo nosso) (Yvonne do A.
Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 128 12ª ed. FEB)

E.S.E. XX - 4. Ide, portanto, levando a palavra divina aos grandes, que irão desprezá-lo; aos
sábios, que desejarão provas; aos simples e humildes, que aceitarão, porquanto é principalmente
entre os mártires do trabalho, desta expiação terrena que encontrareis entusiasmo e fé.
Ide, pois eles receberão com alegria, louvando e agradecendo a Deus, pela santa Consolação
que lhe derdes, e, baixando a fronte, renderão graças pelas aflições que a Terra lhes reservou.
(...)
Ide agradecei a Deus a gloriosa tarefa que ele lhe confiou; .... (Allan Kardec. O Evangelho
Segundo o Espiritismo. Capítulo XX. Item 4. CELD)

“Compreendi que insólita confusão se estabelecera no entendimento do pobre


Espírito, o qual, se via nova casa no local da sua e a reforma geral do terreno, também
continuava vivendo no seu amado casebre, o que equivale dizer que, criando , ele
mesmo o seu ambiente, através das recordações fixadas na mente, residia, como
Espírito, entre nós outros, os moradores do prédio novo, ao passo que, se deitava
na sua velha esteira, eu o distinguia, deitado no soalho do próprio quarto de dormir de C.
(Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 142, 12ª ed. FEB (...). (Grifo
nosso) (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 129, 12ª ed. FEB)

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13º Congresso de Estudos Espíritas
Mulheres Espíritas – Vida e Obra de Yvonne do Amaral Pereira – Tema 1: Complexos Psíquicos
Temas 2: Mediunidade com Jesus e a Evangelização de Espíritos / Tema 3: Recursos Divinos

“Sabemos que o corpo fluídico se materializa ou se purifica conforme a natureza dos


pensamentos e das ações do Espírito. As almas viciosas atraem a si, por suas tendências, fluidos
impuros, que lhes tornam mais espesso o invólucro e lhes diminuem as radiações. À morte, não
podem elevar-se acima das nossas regiões e ficam confinadas na atmosfera ou misturadas com os
humanos.” (Léon Denis. O Problema do Ser e do Destino. Segunda Parte. O Problema do Destino, pág. 202. CELD)

“A situação do Espírito, depois da morte, é a consequência direta das suas inclinações,


seja para a matéria, seja para os bens da inteligência e do sentimento. Se as propensões
sensuais dominam, o ser forçosamente se imobiliza nos planos inferiores que são os mais
densos, os mais grosseiros. Se alimenta pensamentos belos e puros, eleva-se a esferas em
relação com a própria natureza dos seus pensamentos.” (Léon Denis. O Problema do Ser e do Destino.
Primeira Parte: O Problema do Ser, pág. 165. CELD)

E Charles insistia:
— Será necessário socorrê-lo, não só a bem dele mesmo, como de todos vós. Entrego-te para
que o ajudes. Os médiuns são colaboradores dos seus mentores espirituais e devem aprender os
serviços comuns à vida espiritual, quanto antes, visto que muito auxílio recebe para facilitar-lhes os
desempenhos. O amigo em questão apenas necessita de amor e caridade. Os médiuns
forçosamente devem ser habilitados, antes que qualquer outra pessoa, para esses certames
humanitários. Se não os realizam é porque não querem. E a mulher, com as tendências maternais
que lhe são próprias, obterá resultados superiores com a prática da mediunidade, bem sentida e
compreendida, em todos os seus ângulos. (Grifo nosso) (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade,
pág. 1430 12ª ed. FEB)

E.S.E. XXVI - 1. “Devolvei a saúde aos doentes, ressuscitai os mortos, curai os leprosos, expulsai os
demônios. Dai gratuitamente o que recebestes gratuitamente.” (Mateus, X: 8.) (Allan Kardec. O Evangelho
Segundo o Espiritismo. Cap. XXVI, item 1. CELD)

“Mais uma vez se revela à mulher em sua sublime função de mediadora, que o é em toda a
Natureza. Dela provém a vida; é ela a própria fonte desta, a regeneradora da raça humana, que não
subsiste e se renova senão por seu amor e seus ternos cuidados. E essa função preponderante que
desempenha no domínio da vida, ainda a vem preencher no domínio da morte. (...)
A grande sensibilidade da mulher a constitui o médium por excelência, capaz de exprimir, de
traduzir os pensamentos, as emoções, os sofrimentos das almas, os altos ensinos dos Espíritos
celestes. Na aplicação de suas faculdades encontra ela profundas alegrias e uma fonte viva de
consolações. (...)” (Léon Denis. No Invisível. Cap. VII – O Espiritismo e a Mulher. CELD)

E.S.E. IX - 8. A doutrina de Jesus ensina, por toda a parte, a obediência e a resignação, duas
virtudes que acompanham a doçura, e que são muito ativas, embora os homens as confundam,
erradamente, com a negação do sentimento e da vontade. A obediência é o consentimento da
razão; a resignação é o consentimento do coração. As duas são forças ativas, pois levam o fardo
das provas que a revolta insensata deixa cair(...) (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Cap IX - item 8 CELD)

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Temas 2: Mediunidade com Jesus e a Evangelização de Espíritos / Tema 3: Recursos Divinos

“Seria necessário, portanto, que eu instruísse, ou doutrinasse aquele Espírito


sem promover nenhuma sessão mediúnica, tal como no caso do suicida Guilherme.
Seria como lecionar-lhe os rudimentos da moral do Cristo, dentro do lar, como as
mães zelosas aos seus filhos, moral que ele absolutamente não possuía, e da
Doutrina dos Espíritos, que ele possuía ainda menos, trabalho preparatório quais os
realizados nos Centros Espíritas, que possibilitasse esclarecimentos maiores, no verdadeiro estado
espiritual, que ele ainda não conhecia, nem podia viver, dadas as precárias condições vibratórias em
que se encontrava. Mas esse serviço seria antes realizado em corpo astral, durante transes de
desdobramento, e como de uso no Invisível, onde o esclarecimento individual é feito naturalmente,
durante conversações amistosas ou em aulas para, os mais afins, e não com” ( Grifo nosso) (Yvonne do A.
Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 130, 12ª ed. FEB)

E.S.E. XX – 4. (...)” Ide e pregai: os espíritos elevados estão convosco. (...) Aos avarentos pregareis
o desinteresse; aos dissolutos, a abstinência; aos tiranos domésticos, como aos déspotas, a
mansidão. Palavras perdidas, eu o sei; mas que importa! É preciso que regueis com o vosso suor o
terreno em que tendes de semear, porque ele não produzirá nem frutificará, a não ser com
reiterados esforços da enxada e da charrua evangélica. Ide e pregai! aos dissolutos, a mansidão aos
tiranos domésticos, como aos déspotas! Palavras perdidas, eu o sei; mas não importa. Faz-se
mister regueis com os vossos suores o terreno onde tendes de semear, porquanto ele não frutificará
e não produzirá senão sob os reiterados golpes da enxada e da charrua evangélicas. Ide e pregai!
(...)” (grifo nosso) (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XX. Item 4.. CELD)

DEFINIÇÃO: DESDOBRAMENTO. “
Transe, no qual o espírito do percipiente, desloca-se e vai até outros
lugares, distantes ou não, fora da dimensão tempo/espaço, e descreve
o que vê e o que faz.

É o processo de exteriorização do perispírito, decorrendo vários outros fenômenos. A


bicorporeidade ou bilocação (Livro dos Médiuns 114 a 125) por exemplo, é a materialização do
perispírito do médium desdobrado, emancipado, (parcialmente ou momentaneamente) do corpo. Como
qualquer tipo de transe, o médium pode estar consciente ou não. (Grifo nosso). (L. Palhano R. Dicionário de
Filosofia Espírita, 2ª ed. CELD)

“Não me atemorizei, porém, pois tudo me parecia natural, e lembro-me ainda de que, da
primeira vez que me defrontei com a entidade em questão, de modo a poder falar-lhe a
fim de iniciar a tarefa que me fora confiada, passou-se o seguinte:
— Bom dia, Pedrinho, como tem passado você? Exclamei, saudando a
entidade.

É de notar que as cenas que se seguirão se desenrolavam durante a madrugada, quando já o


sono magnético, ou o que quer que seja, era profundo, estando o cérebro já descansado das
impressões do dia e isento, portanto, de interferências. No entanto, jamais presenciei escuridão. Sentia-
me, ao contrário, alumiada como que pela claridade do plenilúnio, o que faz supor tratar-se da luz
própria do mundo invisível, visto que o fato se passava pela madrugada (...) (Yvonne do A. Pereira.
Recordações da Mediunidade, pág. 130/131, 12ª ed. FEB)

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Temas 2: Mediunidade com Jesus e a Evangelização de Espíritos / Tema 3: Recursos Divinos

A.G. XIV – 24. “Visto que a visão espiritual não se efetua pelos olhos do corpo, segue-se
que a percepção das coisas não acontece por meio da luz comum: de fato, a luz material é feita
para o mundo material; para o mundo espiritual existe uma luz especial cuja natureza nos é
desconhecida, mas que, sem dúvida, é uma das propriedades do fluido etéreo, adequada às
percepções visuais da alma. Há, portanto, a luz material e a luz espiritual. A primeira tem focos
circunscritos nos corpos luminosos; a segunda tem seu foco em toda a parte (...)” (Allan Kardec. A
Gênese. Cap. XIV, item 24. CELD)

“Ouvindo o cumprimento, a entidade sorriu, satisfeita, tendo eu então compreendido


que ela me supunha uma nova vizinha, daquelas que lhe compravam as pobres hortaliças
ou levavam pequenas dádivas que o auxiliassem na sua miséria, e respondeu, sem deixar
de pelejar com o amarrilho das ervilhas:
— Bom dia, Sinhá... Vai-se indo com a graça de Deus... Não ando bom nem nada,
Sinhá, como a Senhora vê, estou cada vez pior... (Grifo nosso)
— É, vejo que você não está muito bem mesmo, E trabalhando assim... Quer que eu o ajude a
amarrar as ervilhas às estacas? Você está um pouco fraco, Pedrinho, esse serviço é penoso para uma
pessoa nas suas condições... e assim você se cansará cada vez mais... — respondi, observando que
ele gostava de se sentir mártir e a fim de cativar a sua confiança antes de mais nada.” (Grifo nosso)
(Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 131, 12ª ed. FEB)

L.E. 257. O corpo é o instrumento da dor; se não é a causa primeira, é, pelo menos, a causa
imediata. A alma tem a percepção dessa dor: esta percepção é o efeito. A lembrança que dela
conserva pode ser muito penosa, mas não pode ter ação física. Com efeito, nem o frio nem o
calor podem desorganizar os tecidos da alma; a alma não pode enregelar-se nem se queimar (...)
O perispírito é o elo que une o espírito à matéria do corpo; ele é haurido do meio ambiente,
do fluido universal; participa, ao mesmo tempo, da eletricidade, do fluido magnético e, até um certo
ponto, da matéria inerte. Poder-se-ia dizer que é a quintessência da matéria; é o princípio da vida
orgânica, mas não o é da vida intelectual: a vida intelectual está no espírito. É, além disso, o agente
das sensações exteriores. No corpo, a recepção destas sensações localiza-se nos órgãos que lhes
servem de canais. Destruído o corpo, as sensações tornam-se gerais.” (Allan Kardec. O Livro dos
Espíritos. Capítulo IV. Questão 257 CELD)

“Ele aceitou o oferecimento e eu me pus a ajudá-lo no trato às queridas plantas. O que não deixava
dúvidas era que as minhas próprias vibrações se conjugavam positivamente com as ondas vibratórias
que dele se distendiam e eu via o terreno tal como fora noutro tempo, enquanto as hastes das ervilhas e
as estacas de taquara pareciam tão sólidas ao meu contacto como se se tratasse, efetivamente, de
realizações terrenas, a tira de imbira inclusive, que eu ouvia estalar ao ser, por um de nós dois, sacudida
para amarrá-la aos arbustos.” (Grifo nosso) (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 131, 12ª ed. FEB)

DEFINIÇÃO: SINTONIA
“Termo aproveitado da eletrônica para designar a condição de um circuito
mental ou psíquico cuja frequência de oscilação é igual á um outro circuito
mental. Estado de quem se encontra em correspondência ou harmonia
com outrem, mesmo que seja espírito. (L. Palhano Jr. Dicionário de Filosofia
Espírita. Ed. CELD)

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Temas 2: Mediunidade com Jesus e a Evangelização de Espíritos / Tema 3: Recursos Divinos

SINTONIA VIBRATÓRIA
Estamos intimamente relacionados com as forças que se sintonizam conosco, associando- nos às
energias edificantes, se o nosso pensamento frui em direção à vida superior ou às forças perturbadoras e
deprimentes, se ainda nos escravizamos às sombras da vida primitivista ou torturada. (André Luiz. Nos
Domínios da Mediunidade. Introdução) ( L. Palhano Jr. Dicionário de Filosofia Espírita. Ed. CELD)

“Seguiu-se conversação amistosa, por assim dizer diária, durante cerca de dois
meses. Na maioria das ocasiões em que assim conversámos, não foi possível recordar
integralmente o assunto de que tratávamos. Em transes como esse, as lembranças se
conservam intermitentes e muita coisa se esvai ao despertar do mesmo
Lembro-me, entretanto, de que, chorando, Pedrinho se queixava amargamente de
uma pessoa, um homem, que muito o prejudicara, chamando-o frequentemente pelo nome de “Seu
Romano”, e ao qual responsabilizava pela miséria em que se encontrava. (Grifo nosso) (Yvonne do A.
Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 132, 12ª ed. FEB)

L.E. 895. Postos de lado os defeitos e os vícios sobre os quais ninguém poderia enganar-se, qual
o sinal mais característico da imperfeição?
“É o interesse pessoal. (...)
“O apego às coisas materiais é um sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais o
homem se prende aos bens deste mundo, menos compreende o seu destino; pelo desinteresse,
ao contrário, ele prova que vê o futuro de um ponto de vista mais elevado.” (Allan Kardec. O Livro
dos Espíritos. Capítulo XII. Questão 895. CELD)

“Não raro, durante esses colóquios espirituais, eu me via sentada sobre um


caixote velho, ao lado do meu pupilo, no quintal, ouvindo-o relatar os próprios infortúnios,
enquanto, igualmente sentado, chorava e ouvia, depois, as lições de instrução
evangélica e rudimentos da Doutrina Espírita sobre a vida de Além-Túmulo, que eu lhe
transmitia, único bálsamo que a inspiração de Charles me fornecia para lhe aliviar as
amarguras.”) (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 132, 12ª ed. FEB)

E.S.E. VI - 6. “Venho ensinar e consolar os pobres deserdados; venho dizer-lhes que elevem
sua resignação ao nível de suas provas; que chorem, visto que a dor foi consagrada no Jardim
das Oliveiras, mas que esperem, pois os anjos consoladores também virão enxugar suas
lágrimas (...)” (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo VI. Item 6. CELD)

E.S.E. VI - 8. “Deus consola os humildes e dá força aos aflitos que imploram por ela. Seu poder
cobre a Terra inteiramente e, por toda a parte, ao lado de cada lágrima ele colocou um
bálsamo que consola. O devotamento e a abnegação são uma prece contínua, e encerram um
ensinamento profundo. A sabedoria humana reside nessas duas palavras. Que todos os
espíritos sofredores possam compreender essa verdade, em vez de se revoltarem contra as
dores e os sofrimentos morais que são o seu quinhão aqui na Terra. (...)” (Allan Kardec. O
Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo. VI. Item 8. CELD)

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Pedrinho era qual criança, dispondo de pequena capacidade de


entendimento para instruções mais amplas, incapaz de forças de
penetração para outra forma de esclarecimento. Falava-lhe das curas
realizadas por Jesus nos cegos, nos paralíticos, nos leprosos,
acrescentando que aquele que tais curas fizera outrora, também,
certamente, estenderia sobre ele, (...)” Seu amor à Humanidade. Seus
sofrimentos heroicamente suportados, o generoso perdão concedido aos
que o haviam perseguido.” (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade,
pág. 132, 12ª ed. FEB)

AS CURAS REALIZADAS POR DE JESUS


Evangelho de Evangelho de Evangelho de Evangelho de
Mateus Marcos Lucas João
Cura de um leproso Cura de um Leproso Cura de um leproso
(Mt.8.1-4) (1.40-45) (5.12-16)
Curou um paralítico Cura de um paralítico Cura de um paralítico Cura do Paralítico no
(Mt.9.1-8) (2.3-12) (5.18-26) Tanque de Bethesda
(5.1-9)
Cura dos cegos Cura do cego Bartimeu Cura de um cego Cura de um cego de
(Mt.9.27-31) (Mc.10.46-52) (18.35-43 nascença (9.1-7)

“Certa vez exclamou ele, provando que assimilava o ensinamento:


— Ah, Sinhá! Se eu vivesse no tempo dele, não é verdade que ele me curaria
dessa minha doença também?
— O tempo é sempre o mesmo, Pedrinho, o Divino Mestre não nos abandonou, e
estou certa de que há de curar também a sua doença... A sua cura já começou, meu irmãozinho, e
dentro em breve você não sentirá mais nada do que vem sofrendo, estará fortalecido e feliz, para
conquistar o futuro
De outra feita, porque eu lhe apresentasse explicações sobre o fenômeno da morte, garantindo
que nossa alma continuaria a viver para progredir sempre 80 para Deus e jamais se aniquilando em
paragens infernais, riu-se com alegria e declarou:
— Deus permita que seja assim mesmo, porque eu tenho muito medo de ir para o inferno,
quando morrer...
As intuições que me eram fornecidas não aconselhavam a surpreendê-lo com a notícia
chocante de que ele próprio já não era um homem e sim um habitante do Além, seria talvez cedo, dado
o atraso mental em que permanecia e os múltiplos prejuízos daí derivados. O esclarecimento, ele o
receberia mais tarde, por normas naturais, no momento que lhe fosse possível gravitar para plano
atmosférico menos denso que aquele em que na realidade estava vivendo.” (Yvonne do A. Pereira.
Recordações da Mediunidade, pág. 133, 12ª ed. FEB)

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L.E. 941. O temor da morte é, para muitas pessoas, uma causa de perplexidade; de onde se
origina esse temor, visto que elas têm diante de si o futuro?
“É sem motivo que têm esse temor; mas, que queres? Se procuram persuadi-las,
quando jovens, de que há um inferno e um paraíso, mas que é mais certo irem para o inferno,
porque lhes dizem que o que está na Natureza constitui um pecado mortal para a alma. Então,
quando se tornam adultas, se têm um pouco de juízo, não podem admitir isso e se tornam
ateias ou materialistas; é assim que são levadas a acreditar que, além da vida presente, nada
mais há. Quanto às que persistiram nas suas crenças de infância, elas temem aquele fogo
eterno que deve queimá-las sem as consumir.
A morte nenhum temor inspira ao justo, porque, com a fé, ele tem a certeza do futuro; a
esperança faz com que aguarde uma vida melhor e a caridade, cuja lei praticou, dá-lhe a
certeza de que não encontrará, no mundo onde vai entrar, nenhum ser cujo olhar deva temer.”
(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Capítulo I. Questão 941. CELD

“Pedrinho gostava das histórias evangélicas e costumava rir-se, encantado, ao ouvir que o
Samaritano passava pela estrada «que ia de Jerusalém a Jericó, e socorria o infeliz ferido
pelos salteadores”, ao marrar-lhe a Parábola do Bom Samaritano; e lembro-me ainda da
satisfação com que ouvia a comovente história do Filho Pródigo, perdoado pelo pai depois
de tantas peripécias sofridas
Ao ouvir as palavras de Pedrinho, Yvonne continua o seu trabalho de doutrinação e
evangelização desse espírito, com o objetivo de mostrar-lhe os ensinamentos de Jesus e o amor e a
misericórdia de Deus. (...)

Notava, ao demais, que o paciente se ia afeiçoando a mim e confiando em minha palavra,


sensibilizado e atraído pelo trato afetuoso que eu lhe dispensava. Às vezes chorava, queixando-se de
terríveis dores e ardência nos rins, no fígado e no estômago, que o impossibilitavam de alimentar-se.
Até que um dia lhe perguntei, enquanto segurava a haste de um pé de ervilhas para que ele o atasse à
estaca de taquara: (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 134, 12ª ed. FEB)

L.E. 255. Quando um espírito diz que sofre, experimenta que tipo de sofrimento?
“Angústias morais, que o torturam mais dolorosamente que os sofrimentos físicos.” (Allan
Kardec. O Livro dos Espíritos. Capítulo VI. Questão 255. CELD)

— “Quer um médico para se consultar, Pedrinho? Essa doença não vale nada, isso é
apenas o seu pensamento, que recorda o tempo em que a doença existiu, fazendo você
sofrer novamente... Contudo, ainda assim, você precisa de certo tratamento para a
enfermidade da alma, pois é a sua alma que está doente... Será melhor você ir para um
hospital, porque lá haverá conforto, tratamento adequado, enfermeiros para atendê-lo,
além dos médicos, e tudo será gratuito. Se você quiser, arranjarei sua entrada num hospital
muito bom, que eu conheço...
— Mas... — respondeu, interessado, não compreendendo o meu intuito, que era afastá-lo
daquele ambiente, ao mesmo tempo proporcionando-lhe ensejo de melhoras espirituais. “— Eu quero ir
para um hospital, sim, a questão é encontrar uma pessoa para tratar das minhas galinhas e das minhas
plantas... Não posso ir porque, além de tudo, preciso refazer minha hortinha para ganhar alguma coisa,
não posso continuar nessa miséria...” (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 134, 12ª ed. FEB)
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L.E. 895. O apego às coisas materiais é um sinal notório de inferioridade, porque, quanto mais o
homem se prende aos bens deste mundo, menos compreende o seu destino; pelo desinteresse,
ao contrário, ele prova que vê o futuro de um ponto de vista mais elevado. (Allan Kardec. O Livro dos
Espíritos. Capítulo XII. Questão 895. CELD)

E.S.E. XXV - 6. “Não acumuleis para vós tesouros na Terra, onde a ferrugem e as traças os
consomem, e onde os ladrões os desenterram e roubam. Fazei vossos tesouros no céu, onde
126 Tobias: ao fazer uma viagem a mando de seu pai (também chamado Tobias, um judeu
célebre por sua piedade, pertencente à tribo e cidade de Nefta li, Galileia nem a ferrugem, nem a
traça os consomem, e nem os ladrões os desenterram e roubam. Porque onde está o vosso
tesouro, aí está também o vosso coração. (...)
Procurai, pois, primeiramente o reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos
serão dadas por acréscimo. Eis por que não deveis vos inquietar pelo amanhã, visto que o
amanhã se ocupará do bem-estar de si mesmo. A cada dia basta o seu mal.” (Mateus, VI: 19 a
21 e 25 a 34.) (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XXV, item 6. CELD)

— “Ora, em primeiro lugar está a sua saúde, porque doente ninguém pode
trabalhar... Eu tomarei conta de tudo, para você poder ir... Acaso você não confia em
mim? Pois, conforme você sabe, eu também gosto de criar galinhas, até já possuí
grande criação de galinhas... e, também gosto de tratar de plantas...

Esse serviço de persuasão, porém, nem foi rápido nem fácil. Levou cerca de dois meses de
dedicação e coragem, enquanto o meu parente C era submetido a tratamento rigoroso de passes a fim
de desintoxicar o próprio organismo das irradiações deletérias da entidade invisível, fortalecendo-se
mental e fisicamente a fim de resistir ao delicado complexo. E todo aquele trabalho requeria de mim
inteiro senso de responsabilidade, visto que me fora confiado por uma entidade espiritual de categoria
elevada, que respeito e amo pelo muito que me tem amado e servido. “(Yvonne do A. Pereira. Recordações
da Mediunidade, pág. 134, 12ª ed. FEB)

“É um dos objetivos do Atendimento Fraterno levar o atendido a essa compreensão de si


mesmo (ainda que em níveis superficiais, no início) para que ele atendido — seja capaz de
flexibilizar suas crenças pouco racionais e lógicas e alterar os seus valores, a forma de ver a vida
e a própria situação, tornando-se mais otimista, para, a partir daí, fazer uma programação de
vida, traçar um roteiro evolutivo que envolva a superação das dificuldades na ocasião
apresentadas.” (Manoel Philomeno de Miranda (Espírito). Atendimento Fraterno, pág. 62. Ed. Boa Nova)

“Eu exigia, portanto, de minhas próprias forças grande cabedal de amor, de


paciência, de desvelo e atenções diárias, mesmo em horas de vigília, sem o que a
tentativa seria nula e eu não corresponderia à confiança nem ao desejo dos amigos
espirituais, e tampouco ao dever para com o Evangelho. Não raro ouvia que Charles me
animava:
— “Ama-o! — dizia, sussurrante. — Trata-o com a alegria do coração, a mesma
alegria com que protegerias a renovação educativa de um ser muito amado de sempre. Também esse é
teu irmão, credor do teu desvelo.” (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 135, 12ª ed. FEB)

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E.S.E. XI - 10 “Amar, no sentido mais profundo da palavra, é ser leal, honesto, consciencioso,
para fazer aos outros o que se deseja para si mesmo. É procurar à sua volta a razão íntima de
todas as dores que oprimem vossos irmãos, para levar-lhes um alívio; é olhar a grande família
humana como a sua, ... (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XI, Item 10. CELD)

E.S.E. XIII - 17. “A piedade, uma piedade bem sentidas, vem do amor; o amor é devotamento; o
devotamento é o esquecimento de si mesmo, e este esquecimento, esta abnegação em favor dos
infelizes, é a virtude por excelência, aquela que o divino Mestre praticou em toda a sua vida e
ensinou na sua doutrina tão santa e tão sublime” (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Capítulo XIII. Item 17. CELD)

“Perguntar-se-á, no entanto, porque não foi a entidade Pedro retirada do ambiente de C


pelo poder dos dois abnegados guias espirituais que orientaram o trabalho, como fora
retirada a entidade suicida Adão. A essa pergunta responderei que, em primeiro lugar,
cumpre ao obreiro do Senhor obedecer aos seus dirigentes espirituais, executando as
tarefas que lhe foram confiadas, e não tergiversar. O mundo espiritual é complexo, as leis
que o regem e as circunstâncias de vida muito elásticas e, também, complexas, e longe estamos de
conhecê-lo em sua verdadeira estrutura para ousarmos criticar a forma de agir dos mentores invisíveis.
Complexas serão, por isso mesmo, as circunstâncias dos casos a tratar, e, ignorando a razão por que
recebemos uma incumbência e não outra qualquer, o que nos cumpre é obedecer às orientações
recebidas e nos alegrarmos com a honra, que do Invisível recebemos, de trabalhar servindo à causa da
fraternidade.’ (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 135, 12ª ed. FEB)

E.S.E. XVIII - 10. “O servidor que conheceu a vontade do seu amo e que, apesar disso, não
se preparou e não procedeu de acordo com a vontade dele, será rudemente castigado. Mas
aquele que não sabendo da sua vontade, fez coisas dignas de castigo, será menos castigado.
Muito se pedirá àquele a quem muito foi dado, e maiores contas serão pedidas àquele a
quem muito foi confiado.” (Lucas, XII: 47 e 48.) (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo,
Capítulo. XVIII. Item 10. CELD)

“Entrementes, eu continuava no labor de evangelização e esclarecimentos à entidade


Pedro, preparando-o quanto possível para a adaptação à vida do Espírito. Já agora, à
noite, durante o expediente psicográfico, religiosamente executado diariamente, era-me
dado ler temas espíritas, a par dos evangélicos, e convidava-o a se aproximar de mim
para ouvir a leitura, pois sabia-o perambulando pela casa e pelo quintal, supondo-se
nos labores da sua horta, e muitas vezes vi-o ao meu lado, neste mesmo aposento onde estas páginas
são escritas, ouvindo atentamente a leitura de excelentes páginas, instrutivas e consoladoras.” Yvonne do
A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 135, 12ª ed. FEB)

L.E. 250. Sendo as percepções atributos do próprio espírito, é-lhe possível subtrair-se a elas?
“O espírito apenas vê e ouve o que quer. Diz-se isto, de maneira geral e, sobretudo, com
relação aos espíritos elevados, pois os que são imperfeitos, estes, ouvem e veem, frequentemente,
contra a sua vontade, o que pode ser útil para seu melhoramento.” (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos.
Capítulo. VI. Questão 250. CELD)

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13º Congresso de Estudos Espíritas
Mulheres Espíritas – Vida e Obra de Yvonne do Amaral Pereira – Tema 1: Complexos Psíquicos
Temas 2: Mediunidade com Jesus e a Evangelização de Espíritos / Tema 3: Recursos Divinos

E certa vez, à noite, estando eu a exercitar a “Sonata ao Luar”, de Beethoven, ao piano,


fui surpreendida com a presença do mesmo Pedrinho. Sentava-se numa cadeira de
braços, próximo ao piano, como qualquer ser humano, e, com as mesmas vestes rotas e
maculadas de terra, o rosto apoiado à mão, ouvia a música com enternecimento e
chorava, acrescentando que jamais, em toda a sua vida, ouvira melodia tão linda e
agradável como essa. Ele era como o filho desamparado e necessitado, confiado pelo Consolador ao
meu cuidado maternal para os serviços de uma iniciação nas alvoradas do Evangelho, iniciação que
seria como o renascimento para fases novas na sua existência de Espírito em lutas pela evolução.
Sendo as percepções atributos do próprio espírito, é-lhe possível subtrair-se a elas? (Grifo nosso)
(Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 136, 12ª ed. FEB)

L.E. 249. O espírito percebe os sons?


“Sim; percebe até sons que vossos sentidos obtusos não podem perceber.”
a) A faculdade de ouvir está em todo o seu ser, como a de ver?
“Todas as percepções são atributos do espírito e fazem parte de seu ser; quando está
revestido de um corpo material, elas só lhe chegam através do canal dos órgãos; porém, no
estado de liberdade, elas não estão mais localizadas” (Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Capítulo VI.
Questão 249 . CELD)

VAMOS RECORDAR...

1-Pedrinho possuía as mesmas percepções de quando encarnado?

2-Como apresenta seus conhecimentos, durante as conversas?

3- Apresentou algum conhecimento da vida espiritual?

4-Pedrinho demonstrou ter a noção da duração do tempo de permanência, naquele ambiente?

5- Demonstrou ter conhecimento do seu passado?

6-Em suas conversas demonstra alguma ideia de Deus e sua justiça?

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13º Congresso de Estudos Espíritas
Mulheres Espíritas – Vida e Obra de Yvonne do Amaral Pereira – Tema 1: Complexos Psíquicos
Temas 2: Mediunidade com Jesus e a Evangelização de Espíritos / Tema 3: Recursos Divinos

TEMA 3: RECURSOS DIVINOS

OBJETIVOS
 Reconhecer os recursos utilizados pelo plano espiritual para remover o espírito sofredor da sua
criação psíquica.
 Utilização da médium, através da sua faculdade mediúnica de desdobramento

Yvonne continuava com denodo e initerruptamente a tarefa a ela confiada por Charles, de
doutrinação e evangelização do espírito Pedrinho, porém, embora, já menos conturbado, ainda
mantinha a mente presa aos antigos complexos.

Nos diz ela:


Certa noite, porém, durante os trabalhos psicográficos, recebi a visita de um dos nossos bons
amigos espirituais, o qual, muito afim com o próprio C, por particularidades psíquicas ainda não
esclarecidas, afirma chamar-se José Evangelista, ter sido homem de cor, quando encarnado, e escravo
de descendência africana no Brasil, ao tempo da monarquia, (...)
É, no entanto, grande trabalhador e frequentemente se comunica em nosso núcleo espírita, trabalhando
dedicadamente a bem do próximo, às vezes mesmo sob direção de mentores mais elevados. (...)
O Espírito José Evangelista, no entanto, em se afirmando execrado no Brasil, não apresentava
complexos conservados do estado de encarnação, por isso que se exprimia naturalmente, sem o
palavreado da raça, senão em estilo clássico, pelo menos de modo normal, embora fácil.
Afeiçoado igualmente a mim, na noite acima citada tornou-se visível e fez-se compreender,
sussurrando ao meu entendimento:
— Recebi ordem de nossos mestres para auxiliá-la a retirar o Pedro daqui. Ele se encontra já
bastante melhor do desajustamento em que teimava conservar-se, e, portanto, apto a compreender
alguma coisa, porque mais serenado está o seu coração das amarguras que o oprimiam. De outro
modo, ele vem prejudicando C com sua presença e a justiça manda que o afastemos agora com um
pouco mais de pressa, uma vez que melhorou bastante.
— Com muita satisfação, meu irmão, aceito seus préstimos, porquanto retirar daqui o nosso
paciente realmente não me será possível, senão apenas confortá-lo, ajudando-o a serenar as revoltas
do coração e a voltar-se para Deus, a fim de progredir... — respondi, reanimada com a presença do
excelente servo do Bem.
“Nessa mesma noite, retirando-me facilmente do fardo carnal, conforme vinha acontecendo
frequentemente, fui surpreendida com outras confidências de Pedrinho, e delas me recordo com tanta
precisão como se as recebera neste momento, não obstante os sete anos decorridos. Elas, porém, as
confidências, foram espontâneas. Nada perguntei, não as provoquei nem incentivei, nem mesmo sequer
as desejei, mas, uma vez externada, aceitei-as e aqui as transcrevo tais como foram reveladas, por
entender que o intercâmbio com o Além-Túmulo é precioso ensinamento para nós, por
apresentarem lições expressivas e impressionantes da vida real, visto que também com as ilustrações
conferidas pelos Espíritos sofredores, e não somente com os instrutores de ordem elevada, aprendemos
as grandes teses que nos reeducarão o caráter, pois que os primeiros como que nos facultam lições
práticas para corrigirem nossa conduta diária” (Grifo nosso) (Yvonne do A. Pereira. Recordações da
Mediunidade, pág. 138, 12ª ed. FEB)

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13º Congresso de Estudos Espíritas
Mulheres Espíritas – Vida e Obra de Yvonne do Amaral Pereira – Tema 1: Complexos Psíquicos
Temas 2: Mediunidade com Jesus e a Evangelização de Espíritos / Tema 3: Recursos Divinos

L.M. XVI – 197. Bons médiuns - podem classificar se: em médiuns sérios, modestos,
devotados e seguros.
Os médiuns sérios: não se servem de sua faculdade se não para o bem e para as coisas
verdadeiramente úteis;
Médiuns modestos: não se atribuem nenhum mérito pelas comunicações que recebem e não
se julgam ao abrigo das mistificações; longe de fugir dos avisos acerca de sua faculdade, eles
o solicitam;
Médiuns devotados: compreendem que é o verdadeiro médium tem uma missão a cumprir e
deve, quando necessário, sacrificar seus gostos, seus hábitos, seus prazeres, seu tempo e
mesmo seus interesses materiais, para o bem dos outros;
Médiuns seguros: são os que, além de facilidade de execução, merecem maior confiança por
seu caráter e pela natureza elevada dos Espíritos que os assistem, e são menos expostos a
serem enganados;
(Allan Kardec. O Livro dos médiuns. Capítulo XVI. Item 197. CELD)

“Amarrávamos, como sempre, as queridas ervilhas, pois eram essas plantas que
maiores cuidados exigiam do antigo horticultor, não obstante já se fazer notória a
fadiga que se ia apossando dele, levando-o ao desinteresse pela horta. Chorava
enquanto trabalhava, como se as recordações das passadas angústias se
aviventassem sobremodo na ocasião. Penalizada, falei-lhe:
— Não chore, Pedrinho, você então não tem fé em Deus? Vamos orar, para que
o Senhor nos ajude... Tudo há de melhorar para você, tenhamos um pouquinho mais de paciência...
— Sim, minha Sinhá, eu tenho fé em Deus, sim Senhora... Deus Nosso Senhor até é muito bom,
na verdade — respondeu, chorando —, e não sei como agradecer tanta bondade que tenho recebido
dele... Não vê a Senhora, minha Sinhá, que, se eu estou sofrendo tanto assim, também tenho quem me
ajude muito, graças a Deus... O culpado da minha desgraça foi o “seu” Romano. A Senhora conhece o
“seu” Romano?
— Não, Pedrinho, não conheço, não...
— Pois ele é o vendeiro dali, da rua de cima, um “intaliano’’ muito “inzigente” e “ambicioneiro”...
Eu tinha uns negócios com ele, quer dizer, comprava no armazém dele os “mantimentos” para mim, o
milho para as galinhas, que era bem pouco, porque elas pastavam bem, o querosene para a candeia, o
carvão para cozinhar e o sabão para lavar a minha roupa, os pratos e as panelas. Mas depois eu
adoeci, fiquei ruim como a Senhora não imagina, não pude trabalhar mais, não ganhei nada, pois como
era que eu havia de bater enxada e sair por aí vendendo as verduras, com a febre que me atacou?
Fiquei três meses muito mal, sim Senhora, mas continuei comprando no armazém do “seu” Romano.
Pois então eu havia de passar fome? E as galinhas então não precisavam do milho? Mas, não pude
pagar nada disso com pressa. Então, minha Sinhá, foi que o “seu” Romano me fez uma traição tão
grande que me deixou na miséria que a Senhora vê...” (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade,
pág. 139, 12ª ed. FEB)

E.S.E. IX - 11. Não julgueis para não serdes julgados. Que aquele que está sem pecado, atire a
primeira pedra. “Não julgueis para não serdes julgados; pois sereis julgados segundo houverdes
julgado os outros; e com a medida com que tiverdes medido, vos medirão também a vós.”
(Mateus, VII: 1 e 2.) (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. IX. item 11. CELD)

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13º Congresso de Estudos Espíritas
Mulheres Espíritas – Vida e Obra de Yvonne do Amaral Pereira – Tema 1: Complexos Psíquicos
Temas 2: Mediunidade com Jesus e a Evangelização de Espíritos / Tema 3: Recursos Divinos

—" Não pense mais nisso, Pedrinho! O que passou não mais deve ser comentado.
Lembrando-se desse triste passado, você se martiriza novamente, sem razão de ser, e
piora do seu estado geral... Pense antes em Deus e no futuro e peça forças para
esquecer o mau passado e começar vida nova, que será muito melhor do que essa, que
tanto o fez sofrer... — acudi eu, desejando arredá-lo dos dissabores que justamente eram
os fatores do seu complexo psíquico. (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág.
139, 12ª ed. FEB)

E.S.E. VI - 6. “(...) Bebei na fonte viva do amor, e preparai-vos, cativos da vida, para um dia vos
lançardes, livres e felizes, no seio daquele que vos criou frágeis, para vos tornar perfectíveis, e
deseja que modeleis, vós mesmas, a vossa própria argila, a fim de serdes os artesãos da vossa
imortalidade. (O Espírito de Verdade. Paris, 1861.) Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Capítulo VI. Item 6. CELD)

“Mas ele insistia num desabafo que lhe aliviava o coração:


— Mas é que a traição foi grande, minha “dona”, eu quero que a Senhora saiba de tudo,
porque até hoje o meu coração sangra... Isso “já foi” há muito tempo, não sei mais há
quantos anos, não Senhora... Mas agora “já vou” melhorando de vida, graças a Deus.
Estou bem aliviado das minhas dores e posso trabalhar um pouquinho... Faltam as
ferramentas para revirar a terra, minha enxada, meu ancinho, minha pá, meu machado... O que “seu”
Romano fez comigo não se faz com um cachorro, fique a Senhora sabendo... Eu também sou gente,
ou não sou? Então, porque sou negro não sou gente? Só ele é que é gente, porque é alvo? Ele veio
aqui, eu estava deitado na minha cama, tiritando com o frio da febre. Ele me tirou da cama, fez-me
deitar numa esteira velha, dizendo que ela era mais fresca e boa para a saúde do que a cama; carregou
minha cama, meu colchão, minhas “cobertas”, minha mesa, meu armário, minhas cadeiras e meus
bancos, pois eu tinha a casa muito arrumadinha porque estava viúvo “de pouco tempo”; carregou meu
baú de roupa, minhas panelas e meus pratos e minhas latas, carregou até minhas abóboras e minhas
couves, sim Senhora, ele fez isso! carregou os quiabos, os jilós, os cheiros verdes, as ervilhas!” (Grifo
nosso) (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 136, 12ª ed. FEB)

L.E. 803. Todos os homens são iguais, diante de Deus?


“Sim, todos tendem para o mesmo objetivo e Deus fez suas leis para todo o mundo.
Frequentemente dizeis: O Sol brilha para todos; e aí está uma verdade maior e mais geral do que
pensais.”
Todos os homens estão submetidos às mesmas leis da Natureza; todos nascem igualmente fracos, estão
sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. Portanto, Deus a nenhum homem concedeu
superioridade natural, nem pelo nascimento, nem pela morte: diante dele, todos são iguais.

(Allan Kardec. O Livro dos Espíritos. Capítulo IX. Questão 803. CELD)

“Nem as galinhas, nem meus galos de briga e os ovos escaparam da ladronice dele, e levou
até as minhas ferramentas, tudo para pagar a tal dívida. Então eu devia tanto assim a “Seu”
Romano? Foi ou não foi ladronice dele? Mas eu ia pagar a dívida, sim Senhora, a questão
era eu ficar bom para poder trabalhar e ganhar o dinheiro. Não era preciso ele fazer isso,
não é mesmo? Só ficou aquela esteira velha, acolá... porque mesmo o travesseiro foi a
vizinha aí do lado que me favoreceu, por bondade. Os vizinhos pediram a “seu” Romano para
não fazer essa maldade comigo, mas ele respondeu com má-criação, dizendo que ia chamar a polícia
para me levar para um hospital, que eu devia muito a ele e ele não podia perder... mesmo porque eu não
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Mulheres Espíritas – Vida e Obra de Yvonne do Amaral Pereira – Tema 1: Complexos Psíquicos
Temas 2: Mediunidade com Jesus e a Evangelização de Espíritos / Tema 3: Recursos Divinos

ficaria bom, mesmo, nunca mais, ia morrer, e, antes que outra pessoa arrecadasse o que era meu,
arrecadava ele, a quem eu devia muito... A Senhora já viu coisa igual na sua vida? Ah, eu chorei muito, e
então foi que fiquei sem recursos para poder trabalhar, piorei muito da minha doença devido ao desgosto
sofrido, e até hoje estou assim... e se não fosse a bondade das minhas vizinhas eu até teria morrido de
fome, elas é que me traziam a comida, fiquei vivendo de esmolas, minha Sinhá...(Yvonne do A. Pereira.
Recordações da Mediunidade, pág. 140, 12ª ed. FEB)

E.S.E. XVI - 14. “(...) Nós nos devemos uns aos outros, e somente por uma união sincera
e fraterna entre os espíritos e os encarnados é que a regeneração será possível.
Vosso amor pelos bens terrenos é um dos fortes empecilhos ao vosso adiantamento
moral e espiritual; por esse apego às posses materiais, destruís as faculdades de amar levando-
as todas para as coisas materiais. (...) (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XVI.
Item 14. CELD)

“Entregue seu desgosto a Deus, Pedrinho, e não pense mais nisso, para você
conseguir a paz do coração — repeti, penalizada. — Mais possui Deus para conceder
a você do que “seu” Romano teve para levar daqui. Ele é mais infeliz do que você, pois,
praticando tal violência, em vez de observar os deveres da Fraternidade para com o
próximo, saiu da graça de Deus, enquanto que, se você perdoar, estará na mesma graça. Não se
lembra da resposta de Jesus, quando o apóstolo perguntou quantas vezes deveria perdoar ao ofensor?
Jesus respondeu: Perdoa até setenta vezes sete... isto é, perdoa sempre... O melhor é você concordar
em ir para o hospital a fim de se restabelecer e poder trabalhar nos serviços de Deus... e não mais com
a enxada nas mãos... (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 141, 12ª ed. FEB)

E.S.E. X - 2. “Se perdoardes aos homens as faltas que fazem contra vós, vosso Pai Celeste,
também perdoará vossos pecados; mas se não perdoardes aos homens, quando vos ofendem,
vosso Pai também não perdoará os vossos pecados.” (Mateus, VI: 14 e 15.) (Allan Kardec. O Evangelho
Segundo o Espiritismo. Cap. IX. Item 2. CELD)

“Mas ele prosseguiu, a mente sufocada pelo complexo que lhe impedia o
progresso, talvez impelido por uma necessidade de expansão que lhe forneceria
benefícios:
— Que Deus Nosso Senhor perdoe a ele e a mim ....... Para dizer a verdade,
minha Sinhá, eu já odiei “seu” Romano muito mais do que odeio agora. Mas “no
princípio” senti um ódio por ele que, se pudesse, eu o teria devorado “vivinho”... Fiz até
um trabalhinho” com fogo e pólvora, para ver se ele devolvia o que era meu. Quis pôr “um mal” nele,
para me vingar. Mas qual! “Seu” Romano parece até o próprio “manhoso”. Tem o “corpo fechado” a sete
trancas, sim Senhora, não pegou nada nele, minha Sinhá, perdi o tempo, piorei da saúde porque me
levantei e abusei sem poder, e ainda gastei o último dinheirinho que tinha, para comprar os
apetrechos...” (Grifo nosso) (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 141, 12ª ed. FEB)

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E.S.E. X - 15. “Perdoar aos seus inimigos é pedir perdão para si mesmo; perdoar aos seus
amigos é lhes dar uma prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar que se está melhor.
Perdoai, pois, meus amigos, a fim de que Deus vos perdoe, porque se fordes duros, exigentes,
inflexíveis, se usardes de rigor, mesmo para uma leve ofensa, como podeis querer que Deus
esqueça de que cada dia tendes mais necessidade de indulgência? Oh! Infeliz aquele que diz: “Eu
nunca perdoarei,” pois que pronuncia a sua própria condenação.” (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o
Espiritismo. Cap. X. Item 15. CELD)

— “Nisso você fez mal, Pedrinho, porque, desejando o pior para o próximo, você
saiu da graça de Deus e se aliou ao Espírito das trevas. A lei de Deus recomenda perdoar
e esquecer as ofensas, e Jesus-Cristo, nosso Mestre, aconselha-nos a amar os próprios
inimigos, sem jamais desejar-lhes qualquer mal. Não devemos, portanto, exercer
vinganças, seja contra quem for. Deus, nosso Pai, é o único que saberá e poderá corrigir
com justiça as nossas faltas. Perdoe, pois a “seu” Romano e vá sossegado para o
hospital, porque eu garanto que dentro em breve você estará forte e alegre para o trabalho
que Deus confiar às suas forças.” (Yvonne do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 142, 12ª ed. FEB)

E.S.E. XXVIII - 46. Prefácio Disse Jesus: “Amai os vossos inimigos”. Estas palavras são o que há de
mais sublime na caridade cristã; entretanto, ao pronunciá-las, Jesus não quis dizer que devemos ter
pelos inimigos a ternura que temos pelos nossos amigos. Ele nos disse, por essas palavras, para
esquecer suas ofensas, perdoar-lhes o mal que nos fazem e, em troca desse mal, oferecer-lhes o
bem. Além do mérito que essa conduta traz aos olhos de Deus, ela mostra aos homens a verdadeira
superioridade. (Ver cap. XII, itens 3 e 4.) (Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. XXVIII, item
46 – Prefácio. CELD)

“Ele ia responder, mas, inesperadamente, apareceu entre nós a figura amável de José
Evangelista, apresentando-se tal como se ainda fora um homem e declarando-se
comprador de imóveis. Chegou-se a ‘Pedrinho, cumprimentou-o com atenção,
apertando-lhe a mão, e afirmando que fora informado de que ele, Pedro, desejava
vender sua propriedade. O antigo horticultor protestou fracamente, sem convicção
na negativa. E quem os visse conversando tão naturalmente, sem misticismo nem
afetação transcendental, julgaria tratar-se de dois cidadãos terrenos empenhados
em negócios e não seres espirituais a quem somente questões espirituais poderiam
interessar. A certa altura da conversação, demonstrando inequívoca vivacidade, José
exclamou, retirando do bolso uma carteira e conservando-a na mão para ser vista pelo interlocutor:
— Desejo comprar, sim, um terreno por estas imediações, e, dentre alguns que sei estarem à
venda, o seu é o que mais me convém, pela proximidade da Estação da Estrada de Ferro. A você, meu
amigo, conviria muito o negócio. Está doente, e assim não poderá trabalhar para desenvolver sua
lavourazinha, porque não tem saúde nem recursos e por isso sofre dificuldades sem fim. Venda, pois, o
terreno, eu compro e pago à vista... depois trataremos da escritura... Coloque o dinheiro no Banco, vá
para o hospital tratar-se... e ao restabelecer-se, deixando o hospital, terá uma quantia razoável para
comprar outra propriedade maior e melhor do que esta, e tocar a lavourazinha... Afinal, sou seu amigo e o
aconselho bem... Somos da mesma raça, da mesma cor. Nossas avós e nossas mães foram escravas,
choraram e gemeram no cativeiro, e isso nos deve unir... E esteja certo, amigo Pedro, que em mim você
terá um irmão leal ao seu dispor, para protegê-lo e defendê-lo de hoje em diante... Suas infelicidades
passaram, confie em Deus e nada receie... A pobre entidade pôs-se a rir, encantada com o amigo que o
Céu lhe enviava. Pediu minha opinião para vender ou não a propriedade, já plenamente familiarizada
comigo. Aprovei a proposta de José, incentivando-o a aceitá-la, pois era o melhor que tinha a fazer,
compreendendo a caridosa tentativa de José Evangelista a bem de todos nós. E finalmente Pedrinho
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aceitou a proposta, contagiado pela persuasão do “comprador”. Vi, então, José retirar o dinheiro da
carteira e passá-lo a Pedrinho, que o recolheu febrilmente, guardando-o, ligeiro, no bolso da calça. Assisti-
o a preparar-se para sair demandando o hospital, pois José prontificou-se a acompanhá-lo até lá.” (Yvonne
do A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 142/143, 12ª ed. FEB)

E.S.E. VI – 6. “(...) bebei na fonte viva do amor, e preparai-vos, cativos da vida, para um dia vos
lançardes, livres e felizes, no seio daquele que vos criou frágeis, para vos tornar perfectíveis, e
deseja que modeleis, vós mesmas, a vossa própria argila, a fim de serdes os artesãos da vossa
imortalidade. (O Espírito de Verdade. Paris, 1861). Allan Kardec. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Cap. VI, item
6. CELD)

Vestiu um pobre paletó de brim surrado, tal qual um homem, colocou na cabeça o
chapéu seboso e tomou de uma pequena mala de mão, quase imprestável, enquanto
repetia em surdina, como que para si mesmo:
— Deus Nosso Senhor é muito bom, na verdade, e Jesus-Cristo é o nosso Mestre
e Protetor, conforme explicou a minha Sinhá... “Seu” Romano foi que me fez uma traição
muito grande, mas agora, vejam só, encontro gente boa para me ajudar. O que “seu”
Romano me fez não se faz com um bicho...
— Esqueça o passado, Pedrinho, esqueça e perdoe, para Deus perdoar também as suas faltas.
Agora, pense no futuro para recuperar o tempo perdido nas trevas do ódio... E vá com Deus... (Yvonne do
A. Pereira. Recordações da Mediunidade, pág. 143, 12ª ed. FEB)

E.S.E. XIII – 19. “É preciso sempre ajudar os fracos, mesmo sabendo, antecipadamente, que
aqueles a quem se faz o bem não agradecerão. Sabei que, se aquele a quem prestastes um
benefício esquecer o bem que recebeu, Deus o levará mais em conta do que se tivésseis sido
recompensados pelo reconhecimento do vosso beneficiado. Deus permite que por vezes sejais
pagos com a ingratidão, para provar vossa perseverança em fazer o bem.” (Allan Kardec. O Evangelho
Segundo o Espiritismo. Cap. XIII, item 19. CELD)

“Não respondeu e saiu naturalmente, pela porta da rua, onde José o esperava,
tranquilamente.
Parecia aturdido, sonolento, distraído.
Não se despediu de mim. Compreendi então que ele se encontrava exausto e
que não demoraria a se deixar vencer pelo chamado “sono reparador”, fenômeno
importante, que se dá com o desencarnado, após o decesso físico, sem o qual este não poderá,
realmente, estabilizar-se no verdadeiro estado espiritual.” (Grifo nosso)

C.I. I – 6. “Na passagem da vida corporal para a vida espiritual, produz-se ainda um outro
fenômeno de uma importância capital: o da perturbação. Nesse momento a alma experimenta um
entorpecimento que paralisa momentaneamente suas faculdades e neutraliza, pelo menos em
parte, as sensações; ela está, por assim dizer, cataleptizada, de maneira que quase nunca é
testemunha consciente do último suspiro. (...)
A perturbação, portanto, pode ser considerada como o estado normal no instante da morte;
sua duração é indeterminada, ela varia de algumas horas a alguns anos. (...) (Allan Kardec. O Céu e o
Inferno. Segunda Parte. Capítulo I. Item 6. CELD)

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Mulheres Espíritas – Vida e Obra de Yvonne do Amaral Pereira – Tema 1: Complexos Psíquicos
Temas 2: Mediunidade com Jesus e a Evangelização de Espíritos / Tema 3: Recursos Divinos

“Saí com ele, enlaçando-o pelos ombros e entregando-o ao novo amigo já no


portão do jardim, compreendendo a boa intenção do alvitre supremo planeado
pelo excelente José a fim de minorar as angústias do próximo, enquanto
raciocinava, já despertando do transe:
— O bom José Evangelista será também profundo psicólogo, não obstante
sua humilde condição de ex-escravo, de raça africana. Ele sabe que até mesmo
uma entidade desencarnada, tal seja a inércia moral-espiritual em que se encontre,
se deixará convencer pela ideia do lucro financeiro, preocupação absorvente do
gênero humano...
Entregue a entidades espirituais consagradas aos serviços de recuperação dos Espíritos
retardados no progresso, Pedrinho foi, certamente, encaminhado a planos de reajustamento à vida
espiritual equivalentes a hospitais terrenos, e, ali, melhor esclarecido e confortado para uma
reencarnação indispensável, visando à fase nova de progresso geral. E nunca mais obtive notícias dele.
Todavia, não o esqueci jamais e grande afeição uniu desde então o meu espírito ao dele, e é com o
coração enternecido que registro estas recordações. Essa entidade poderia ter sido pessoa humilde e
simples quando encarnada, mas a injustiça humana e o menosprezo da sociedade revoltaram-na
profundamente, acendendo a chama do ódio no seu coração. Por isso mesmo, ou seja, porque odiou e
tentou vingar-se, muito sofreu, tolhida pelas correntes de vibrações desarmoniosas, mas certamente
suas faltas foram levadas em conta da ignorância e da penúria em que se movimentou naquela fase da
própria evolução.
Com a retirada de tão incomodativo “inquilino” invisível, o doente C melhorou, gradativamente,
chegando a se restabelecer. O mal físico, no entanto, era passível de cirurgia terrena e não de medicina
psíquica. Dois anos depois, aconselhado pelo Espírito Dr. Bezerra de Menezes, através da faculdade
mediúnica de Francisco Cândido Xavier, submeteu-se a melindrosa intervenção cirúrgica, ficando
radicalmente curado.
Entrementes, cerca de dois meses após a retirada da entidade Pedro do domicílio de C para
regiões apropriadas do mundo invisível, tive ocasião de falar ao amigo espiritual José Evangelista, em
memorável sessão intima em que esse amável e operoso servo do Bem se incorporara no seu médium
preferido, formosa Senhora desconhecedora dos verdadeiros princípios espíritas, mas portadora de
uma faculdade positiva e severamente dirigida por ele nos preceitos do dever e da moral:
— Caro irmão José Evangelista — comecei —, o Sr. entende por verdadeiramente lícita, perante
os códigos espirituais, a farsa da compra da propriedade do nosso Pedrinho, para obrigá-lo a sair dela?
— pois sinceramente acredito, com Allan Kardec, que todos nós, experimentadores espíritas, temos o
direito de procurar instruir-nos com os Espíritos que nos honram com suas. atenções, visto que a
própria Doutrina Espírita nos faculta tal direito, para que as dúvidas não persistam obumbrando nosso
raciocínio. A entidade silenciou por alguns instantes, como se meditasse sobre a impertinência da
interrogação, talvez medindo a vantagem ou a desvantagem da resposta, e finalmente respondeu, com
interessante pergunta:
— Responderei a sua pergunta depois que a Senhora me disser como entende a questão da
Caridade e me indicar que “propriedade” nosso amigo Pedro possuía, sendo Espírito desencarnado...
Aturdi-me, de início, surpreendida, pois realmente, talvez ainda sugestionada pela forte mentalização do
próprio Pedro, me esquecera daquela particularidade, ou seja, esquecera-me de que ele nada mais
possuía na Terra. Mas respondi, algo desapontada:
— Bem... Realmente, ele não mais possuía nada, era tudo imaginação revivendo o passado...
Entendo que a Caridade é o próprio amor de Deus irradiando virtudes sobre nós, suas criaturas,
inspirando-nos a prática do Bem, que então realizaremos segundo nossas forças de assimilação e
possibilidades, na marcha da própria evolução.
— Sim, pode ser isso também, mas é muito, muito mais do que isso, porque a Caridade é Amor
e o Amor é infinito e indefinível. Então, pois, a “farsa da compra” não foi Caridade, segundo minhas
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13º Congresso de Estudos Espíritas
Mulheres Espíritas – Vida e Obra de Yvonne do Amaral Pereira – Tema 1: Complexos Psíquicos
Temas 2: Mediunidade com Jesus e a Evangelização de Espíritos / Tema 3: Recursos Divinos

próprias possibilidades, para com o nosso amigo Pedro? Não foi Caridade com o pobre C, chefe de
família carregado de responsabilidades, necessitando trabalhar para manter os seus, e que havia três
meses sofria os terríveis reflexos das vibrações nocivas daquele cujo corpo físico tombara com um
câncer generalizado? Não foi Caridade com o próprio Pedro, livrá-lo da fixação mental nesse câncer,
que o fez desencarnar há tanto tempo, mas cuja lembrança o afligia ainda, conservando-o
imaginariamente doente? Não foi Caridade com a família de C, que sofria por vê-lo sofrer e temendo um
desenlace do corpo carnal, e que se fatigava nas lides e peripécias que a grave enfermidade do seu
chefe arrastava? E não foi Caridade também com a Senhora, que se esgotava fisicamente nos serviços
de ajuda ao enfermo e aos labores domésticos, e à noite continuava a se esgotar mental e
psiquicamente, no penoso contacto com uma entidade endurecida nas próprias opiniões, enredada em
distúrbios mentais provindos da amargura do ódio e do agarramento à matéria? Com a Senhora,
incumbida de ensiná-lo a amar e perdoar, dedicando-se a ele com paciência maternal, e que levou
cerca de dois meses nesse penoso trabalho, quando outras tarefas lhe competiam junto a outros
sofredores, talvez mais graves do que o mesmo Pedro? Às vezes, minha filha, nós, os servos
desencarnados, nos vemos na contingência de nos valermos de «farsas desse tipo para impedir que o
mal se alastre, provocando crises imprevisíveis, e para preparar o ensejo de o amor resplandecer e a
verdade se manifestar, reeducando o ignorante...
— Tem razão, caro irmão — retorqui, edificada —, compreendo e agradeço a lição... e peço
perdão pela minha impertinência. Mas quando Pedrinho descobrir tudo o que se passou poderá
aborrecer-se conosco e nos querer mal...
Ele sorriu para sua médium e acrescentou, convictamente: — Quando ele compreender já estará
adaptado ajusta razão e não mais poderá querer mal a quem o ajudou na desgraça. De outro modo, por
muito ignorante e preso às coisas terrenas que um Espírito seja, ao se reconhecer favorecido pela
justiça da Espiritualidade acomodar-se-á a ela de boa mente e o passado de amarguras que viveu na
Terra ser-lhe-á incômodo, mesmo pungitivo, muitas vezes, às recordações. Nosso amigo Pedro
depressa esquecerá sua hortazinha de couves, suas estacas de taquara e a pobre casa onde tanto
sofreu. E ao reconhecer a “farsa da compra”, como a Senhora diz, não se zangará: Rir-se-á da própria
ignorância, admirar-se-á do pesadelo que o encegueceu durante tanto tempo e do triste papel que
desempenhou, tratando de hortaliças que só existiam nas suas forças mentais de criação, tal como o
adulto, que se ri dos folguedos dos seus tempos de menino... “(Yvonne do A. Pereira. Recordações da
Mediunidade, pág. 146, 12ª ed. FEB)

“No trato com os nossos irmãos desequilibrados, é preciso afinar a nossa boa vontade à
condição em que se encontram, para falar-lhes com o proveito devido.
Vocês não desconhecem que cada criatura humana vive com as ideias a que se afeiçoa.
(...)
Mesmo entre vocês, não é difícil observar mendigos esfarrapados que, por dentro, se acreditam
fidalgos, e pessoas bem-nascidas, conservando a humildade real no coração, entre o amor ao
próximo e a submissão a Deus!
Aqui, na esfera em que a experiência terrestre continua a si mesma, os problemas dessa ordem
apenas se alongam.
Temos milhares de irmãos escravizados à recordação do que foram no passado, mas, ignorando
a transição da morte, vivem por muito tempo estagnados em tremenda ilusão!…
Sentem-se donos de recursos que perderam de há muito e tiranos de afeições que já se
distanciaram irremediavelmente do trecho de caminho em que paralisaram a própria visão.”
(Francisco Cândido Xavier. Instruções Psicofônicas, por diversos Espíritos. Organizado por Arnaldo Rocha. 9. ed. Rio
de Janeiro. FEB, 2006. Capítulo 4 (No intercâmbio - mensagem do Espírito José Xavier), p. 31-33

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Temas 2: Mediunidade com Jesus e a Evangelização de Espíritos / Tema 3: Recursos Divinos

CONCLUSÃO:
Diz Yvonne Pereira:
“Os homens são os colaboradores do Senhor para auxílio uns dos
outros e, também, dos Espíritos desencarnados mais necessitados. Por
isso mesmo, ambos seriam socorridos, de qualquer forma, senão pelos
homens, ao menos por servos espirituais da seara do Bem. E, assim, o
Espiritismo é, em qualquer situação, a grande ciência que enaltece e
orienta as criaturas na marcha evolutiva para a conquista do reino de Deus,
o doce Consolador que protege e fortalece as almas doloridas que
bracejam na torrente da adversidade, dizendo-lhes sempre que o Amor é,
com efeito, o supremo bem que redime a Humanidade.” (Yvonne do A. Pereira.
Recordações da Mediunidade, pág. 147, 12ª ed. FEB)

VAMOS RECORDAR...

1. Em suas conversas demonstra alguma ideia de Deus e sua justiça?

2. Pedrinho demonstrou alguma necessidade da nossa luz para ver?

3. Conseguia se movimentar nos dois ambientes sem dificuldade?

4. Conseguia ver, com clareza, as coisas do ambiente onde vivia?

5. Pedrinho percebia com clareza os sons do ambiente onde vivia?

6. 1Ele poderia deixar de utilizar as suas percepções de ver ou ouvir?

7. Demonstrou sensibilidade pela música terrestre?

8. Pedrinho demonstrou ser sensível as belezas naturais?

9. Ele experimentava sofrimentos físicos?

10. Apresentava fadiga ou cansaço?

11. Que tipos de sofrimento se queixava com frequência?

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13º Congresso de Estudos Espíritas
Mulheres Espíritas – Vida e Obra de Yvonne do Amaral Pereira – Tema 1: Complexos Psíquicos
Temas 2: Mediunidade com Jesus e a Evangelização de Espíritos / Tema 3: Recursos Divinos

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BÍBLIA DE JERUSALÉM, 1ª edição. Paulus, 2002


DENIS, Léon. No Invisível. 2ª edição. CELD, 2011

DENIS, Léon. O Problema do Ser e do Destino. RJ, CELD, 2021


FILHO, Alírio Cerqueira. Prática da Mediunidade com Jesus. ED. Espiritualizar)
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, 5ª ed. Rio de Janeiro, CELD, 2010
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos, 1ª ed. Rio de Janeiro, CELD, 2010
KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns, 1ª ed. Rio de Janeiro, CELD, 2009
Kardec, Allan. O Céu e o Inferno ou a Justiça Segundo o Espiritismo, 2ª ed. Rio de Janeiro. CELD,
2011
KARDEC, Allan. A Gênese, 3ª ed. Rio de Janeiro, CELD, 2010
MIRANDA, Manoel Philomeno de (Espírito). Atendimento Fraterno. Ed. Boa Nova

PALHANO, Júnior L. Dicionário de Filosofia Espírita. 2ª ed. CELD

PEREIRA, Yvonne do Amaral. A Luz do Consolador; Texto 5 – Mediunidade. FEB)


PEREIRA, Yvonne do Amaral. Recordações da Mediunidade, pág. 125, 12ª ed. FEB)

PEREIRA, Yvonne do Amaral (Espírito). Mediunidade: Tarefa com Jesus, psicografia de Alda Maria.
BH, CEMFS, 2012

XAVIER< Francisco Cândido. Instruções Psicofônicas, por diversos Espíritos. Organizado por Arnaldo
Rocha. 9. ed. Rio de Janeiro. FEB, 2006

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13o Congresso de Estudos Espíritas
Temas gerais sobre a Ciência e a Filosofia Espírita

Filhos,
Os estudos do Congresso aprofundarão os conceitos básicos da Doutrina
Espírita, que sempre necessitam ser melhor entendidos por todos: a Ideia de Deus,
a continuidade da vida, a Criação do Universo, a pluralidade dos mundos habitados,
a reencarnação e o Evangelho de Jesus.
Embora alguns estudos remetam às coisas do passado, do ponto de vista
histórico, eles não serão menos importantes, pois que darão a ideia de quanto
preparo houve para a chegada de Jesus.
Que os estudos revigorem as vossas forças para que possam seguir àquela
máxima de Jesus: “Aquele que quiser vir após Mim, negue-se a si mesmo e siga-me”.
Esperamos que terminem esses estudos, no final da manhã, com a fé
renovada, reconhecendo que a Doutrina Espírita traz bastantes esclarecimentos
capazes de vos fazerem lembrar sempre Daquele que é “o Caminho, a Verdade e a
Vida”.
Busquem, pois, na Doutrina Espírita, o fortalecimento nas lutas que
atravessam na certeza de que com Jesus vocês vencerão.
Que o Senhor da Vida a todos abençoe,
Paz,

Vitor
(Mensagem psicográfica recebida pelo médium Mário Coelho, em 01/04/2022.)

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