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Aprendizagem, Motivação e Emoção

Medo e Raiva

Lilian Rivera (110820), Melina Pugnaloni (109927), Rita Pombo (109969) e Sofia Antunes
(109940)

Docente: Patrícia Arriaga

18 de novembro, 2022

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Este trabalho tem como objectivo fazer uma breve análise dos principais conceitos e
conclusões de alguns estudiosos e pesquisadores, bem como apresentar dois estudos
empíricos relacionados com o tema do trabalho.
Medo
O medo é entendido como o conjunto das componentes comportamentais, fisiológicas
e experienciais de um sistema que resulta da necessidade do organismo se defender de
predadores potenciais (Fanselow, 2018). Para Paul Ekman (1992), as características únicas de
cada emoção resultam do processo evolutivo. O medo é, por excelência, aquela que melhor
manifesta esta função homeostática, como fenómeno universal, com uma história evolutiva
específica e manifestações comportamentais e fisiológicas distintivas. O artigo “The Biology
of Fear” de Ralph Adolphs (2013) define o medo como uma correlação entre determinados
estímulos e respostas, numa aproximação funcional à definição do medo como estado central.
Balan e colegas (2020) também consideram o medo como uma emoção inata, ou mecanismo
evolutivo de adaptação para a sobrevivência, que aparece em resposta a um perigo concreto
que antecipamos ou não. Esta emoção é controlada pelo sistema nervoso autónomo, que
desencadeia no corpo um estado de fight-or-flight - ou tend-and-befriend, segundo a
psicóloga Shelley Taylor (Taylor et al., 2000)1 - e uma resposta fisiológica característica.
No caso da distinção conceptual entre medo e ansiedade, podemos dizer que o
primeiro é apontado como uma reacção a um evento específico que envolve uma elevada
activação e rápido on set. Na medida em que a ameaça desaparece, o organismo rápida e
progressivamente irá voltar à normalidade. Já a ansiedade será um estado de expectativa mais
geral sobre um potencial perigo e, na ausência de identificação do estímulo, a resolução
mantém-se em aberto (eg. Lazarus, 1991; Shiota & Kalat, 2012).
A principal função do medo é a mobilização de recursos para a sobrevivência.
Podemos distinguir entre um grupo de funções intrapessoais e outras de adaptação social. No
livro The Expression of the Emotions in Man and Animals, Charles Darwin fez uma primeira
tentativa de explicar a vantagem evolutiva das reacções como o medo, que teria a função
específica de permitir uma reacção rápida a uma situação de ameaça. Para o neurocientista
português António Damásio (2013), a função biológica - o que alguns autores chamam
intrapessoal - é dupla: produzir uma reacção específica e a mobilização dos sistemas para
suportar a mesma.

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Segundo esta psicóloga existirá uma diferença na resposta ao stress entre fêmeas e machos, tendo as primeiras
mais tendência para procurar o apoio do grupo em situações de ameaça.

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Ante uma ameaça são desencadeados um conjunto de processos no organismo para o
preparar para o comportamento a seguir. Por exemplo, segregamos endorfinas que funcionam
como analgésicos, as pupilas dilatam-se, ou o ritmo cardíaco aumenta. Todas estas alterações
facilitam a execução de uma resposta para a situação e reforçam a aprendizagem para o
futuro (eg. Adolphs, 2013; Lazarus, 1991; Ohman, 2008). O homem distingue-se dos animais
pelo desenvolvimento de estratégias mais estáveis e complexas de sobrevivência e de gerir o
medo, como são: um sistema imaginativo capaz de simular ameaças futuras; ou a capacidade
de reduzir o potencial das ameaças alterando o ambiente (Mobbs et al., 2015).
Outra das funções prende-se com as alterações dos processos cognitivos. A atenção
foca-se na ameaça e na possível resposta e ignoramos o resto do campo. No caso da
percepção, há um aumento do intake na informação sensorial dado pela maior abertura do
olhar, dilatação das pupilas e abertura das narinas. O medo afecta também o processamento
tardio, a memória e a tomada de decisão (Phelps, 2006). Sobre o impacto das emoções na
cognição e para ilustrar a função adaptativa do medo, Damásio relata o caso de S. Esta
mulher, com uma calcificação na amígdala, ao não sentir medo, coloca-se em situações de
desconforto social e perigo, sendo incapaz de aprender com a experiência anterior (Damásio,
2013).
O medo também pode ser uma ferramenta de adaptação social. As relações de
dominância-submissão permitem que se mantenha a ordem social, através do estabelecimento
de hierarquias (Ohman, 2013). No contexto social, as expressões faciais e vocalizações
podem ser úteis para captar a ajuda do grupo, tal como a aparência grande dos olhos, que faz
com que o rosto pareça mais semelhante ao das crianças (Shiota & Kalat, 2012). Também no
caso das crianças o medo de estranhos tem uma função protectiva, favorecendo que esta se
mantenha próxima da mãe (Camras et al., 2016).
Verifica-se também que respostas emocionais inapropriadas para o contexto, ou de
excessiva intensidade, podem ser disfuncionais, resultando em incapacidade para lidar com
os desafios do quotidiano e até em doença física. Já no final do século XIX, Freud alertava-
nos para o potencial patológico das nossas emoções não normalizadas, introduzindo o
conceito do neurotic fear, advertindo que uma reacção exagerada de medo pode ser
contraproducente e paralisante (Starkstein, 2018). No artigo “The Biology of Fear”, Adolphs
(2013) enumera algumas das psicopatologias associadas ao medo disfuncional, como são a
ansiedade por antecipação, a perturbação de ansiedade generalizada, as fobias aprendidas, ou
o pânico situacional ou espontâneo.

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O medo disfuncional conduz a expectativas aumentadas de que algo mau aconteça,
leva-nos a identificar estímulos neutros como ameaças, a um estado geral de activação e a
maior vigilância, o que pode ser incapacitante (Adolphs, 2013). O medo anormal tem ainda
um efeito negativo na performance, resultando numa sensação generalizada de baixa auto-
eficácia e auto-estima, ruminação e pobre tomada de decisão. O viés atencional para o medo
torna as pessoas predispostas para acreditar num maior risco de terrorismo, ou a preferir a
segurança, mesmo à custa do sacrifício de liberdades pessoais (Oxley et al., 2008). O medo
disfuncional pode ter um sério impacto na qualidade de vida e nas relações, levando, em
casos extremos, a fenómenos como o do Hikikomori, no Japão, onde jovens adultos insistem
em ficar fechados no quarto.
Outra das disfunções do medo manifesta-se na reacção a eventos traumáticos e
desenvolvimento de fobias. Eventos extremos podem desencadear reacções de medo com
consequências a longo prazo, como o Síndrome do Stress Pós-traumático, ou transtornos
obsessivo-compulsivos. Estímulos negativos percepcionados como aleatórios e perante os
quais o organismo se sente impotente conduzem a aquilo que Seligman identificou como
learned helplessness e a um humor geral deprimido (McNally, 2016). Segundo Lazarus
(1991), as pessoas que padecem de fobias mostram sinais patológicos de disfunção,
resultantes de condicionamentos anteriores ou appraisals pouco adequados. Tanto nas fobias
como nos transtornos de ansiedade, existe um incremento do viés atencional para o estímulo
negativo, maior resistência à extinção e maior generalização do medo.
O estudo do medo comporta algumas particularidades e limitações: é difícil de induzir
com uma intensidade semelhante ao real em laboratório; no estudo com humanos estes são
conscientes de que fazem parte de uma experiência; questões éticas proíbem um conjunto de
métodos. Ainda assim foi das primeiras emoções a ser estudada. Já em 1897, G. Stanley Hall
fazia um primeiro inquérito a mais de 1000 americanos adultos sobre os seus medos, que
posteriormente categorizaria e descreveria (Hall, 1897). Este método de self-report continua a
ser ainda um dos mais utilizados.
Para elicitar o medo são utilizados métodos como ler uma história, ou mostrar
fotografias com estímulos ameaçadores, com recurso ao International Affective Picture
System (IAPS) (Brandley & Lang, 2007). Um exemplo de estudo que recorreu a imagens para
avaliar o viés atencional nas pessoas com ansiedade foi o de Calvo e Avero (2005). Existem
ainda outros métodos como recorrer a filmes (eg. Ekman, 1971; Rottenberg et al., 2007). A
música foi utilizada por Zentner e colegas (2008), mas concluíram que não tendia a produzir
emoções negativas como o medo ou a raiva. É possível também alterar o comportamento para

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ver se este gera a emoção, nomeadamente através da mímica, ou da acção facial direccionada
(Levenson et al., 1990); ou sugerir mudanças posturais (Duclos et al., 1989). No caso das
crianças, tem-se utilizado o método de Gibson do visual cliff experiment (Schwartz et al.,
1973), mas também sons altos, ou brinquedos-robot. Nos últimos tempos, face às
necessidades de respeitar as preocupações éticas, recorre-se também à realidade virtual
(Somarathna et al., 2022). Nos animais é possível usar o cheiro de predadores, barulhos altos
que desencadeiem o startle reflex, ou ainda o condicionamento. Também nos humanos é
utilizado o condicionamento. Uma categoria importante nos estímulos indutores do medo são
os sociais. Um método comum para induzir a ansiedade nos humanos é a avaliação pública,
como no caso do paradigma experimental que recorre ao Trier Social Stress Test para avaliar
como as pessoas reagem ao stress em situações de interacção social. (Frisch et al., 2015).
Para medir as reacções induzidas nos vários estudos são usados parâmetros como a
frequência cardíaca, a resposta galvânica da pele, a temperatura, actividade somática, a
sudoração, níveis hormonais, a actividade cerebral, ou comportamentos como a expressão
facial, vocalizações, fugir, atacar, ou a supressão dos movimentos nos animais. No caso dos
humanos, ainda é utilizada a imagiologia para perceber que áreas do cérebro são activadas.
“Distinctive effects of fear and sadness induction on anger and aggressive behavior”
Zhan et al. (2015)
Objectivo: Demonstrar empiricamente que é possível regular emoções através de um
sistema “livre de cognição” (que não dependa das funções cognitivas superiores).
Hipóteses: 1. O medo actua promovendo (ou reforçando) a raiva e a agressividade
2. A tristeza alivia (ou neutraliza) a raiva e o comportamento agressivo.
Método:
1. A investigação das hipóteses ocorreu através de dois estudos, cada um com 90
estudantes universitários de Pequim.
2. Em cada etapa, sentimentos de raiva foram medidos usando a subescala de
hostilidade do Multiple Affect Adjective Checklist revisado (MAACL; Zuckerman e Lubin,
1985). O Programa de Afectos Positivos e Negativos (PANAS; Watson e Tellegen, 1985) foi
usado para avaliar os estados emocionais dos participantes.
3. Os participantes foram divididos em 3 grupos de 30 e a raiva foi induzida nos três
grupos. No Estudo 1, a raiva foi induzida através da leitura de um feedback extremamente
negativo sobre as suas opiniões. Em seguida, os participantes assistiram a filmes para induzir
tristeza, medo ou emoções neutras. Por fim, os participantes foram submetidos ao TAP -
Taylor Aggression Paradigm (Taylor, 1967) para medir o comportamento agressivo. No

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Estudo 1, o participante acreditava estar a competir com o indivíduo que lhe tinha atribuído o
feedback negativo em um jogo em que poderia “castigar” o oponente com barulhos entre 61 e
105 decibéis em cada uma das 25 rodadas.
No Estudo 2, foi usado o mesmo procedimento experimental do Estudo 1 com duas
excepções. Primeiro, a raiva foi induzida por vídeos indutores de raiva. E, em segundo lugar,
na TAP, os participantes foram informados de que iriam jogar com uma pessoa seleccionada
aleatoriamente.
Resultados: O sentimento subjectivo de raiva dos participantes era maior se eles
assistissem a filmes indutores de medo em relação a assistir a filmes tristes ou neutros. Os
participantes eram mais agressivos se assistissem a filmes indutores de medo ou neutros em
relação aos que assistiam a filmes tristes. Além disso, o efeito positivo nos indivíduos depois
de assistir a filmes tristes era significativamente ou marginalmente maior do que depois de
assistir a filmes que induzem medo ou emoções neutras.
Conclusão: Ficou demonstrado que induzir o medo quando o indivíduo está
experimentando a raiva potencializa a intensidade da raiva. E, ao contrário, a indução da
tristeza alivia a sensação de raiva.
Raiva
Paul Ekman e outros autores caracterizam a raiva como uma emoção básica (Ekman
& Cordaro, 2011). Porém, há algum debate sobre se a raiva deve ser ou não considerada uma
emoção básica (Lewis et al., 2010) pois alguns autores defendem que a raiva é, em grande
parte, desenvolvida, construída e regulada no contexto social. E realmente, são inegáveis os
efeitos do ambiente social na raiva (Ekman & Cordaro, 2011).
A American Psychological Association define raiva como derivada da frustração, de
dano real ou imaginado, ou de injustiça percepcionada (appraisal negativo). A mesma fonte
distingue raiva de agressão, sendo que podem traduzir uma relação de influência
significativa, mas não uma relação de causalidade obrigatória
Curiosamente, a raiva é difícil de diferenciar pois o termo é usado
indiscriminadamente para definir outras emoções hostis (Miceli & Castelfranchi, 2019). Tem
importância conseguirmos distinguir a frustração e a fúria da raiva. A frustração é uma
“forma moderada” de raiva, com um appraisal mais situacional (Antonetti et al., 2020), tendo
a raiva um appraisal em que assenta nos outros a responsabilidade do evento (Lewis et al.,
2010). A fúria tem um nível de arousal e readiness superiores ao da raiva, resultando,
frequentemente, em comportamentos de agressividade e disruptivos (Frijda et al., 1989).

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Darwin descreve os sinais físicos da raiva: elevação das narinas, compressão da boca,
testa franzida, olhos abertos, cabeça erguida, peito expandido, tremores, entre outros (Lewis
et al., 2010). O tamanho das pupilas aumenta, consistente com o aumento do arousal (Lafont
et al., 2018); o sangue circula para os braço e mãos, “consistent with the argument that we are
prepared phylogenetically to fight” (Ekman & Cordaro, 2011); e os níveis de cortisol e
adrenalina no plasma sanguíneo aumentam (Schmidt et al., 2020). Existem outros indicadores
da raiva como o tom da voz, afirmações centradas no Eu, entre outros (Coan & Allen, 2007).
É, portanto, compreensível que a raiva seja vista como uma emoção negativa e
indesejada, de valência negativa e de high arousal, que induz comportamentos antagonistas,
hostis, punitivos ou agressivos e leva a consequências desvantajosas para os outros (van
Doorn et al., 2014). No entanto, a raiva apresenta várias funções adaptativas e pode ter
consequências positivas não só para o próprio, mas para a sociedade em geral.
A raiva organiza e regula processos psicofisiológicos e comportamento interpessoais e
sociais relacionados com a defesa pessoal e o domínio (Lewis et al., 2010). Implica ter um
objectivo – querer mantê-lo, adquiri-lo ou até acreditar que o objectivo poderá vir a ser
prejudicado (Miceli & Castelfranchi, 2019). Deste modo, a função da raiva é motivar a
pessoa para ultrapassar ou remover esse obstáculo e atingir o objectivo (Lewis et al., 2010).
Tendo por base as funções anteriores, é possível que para sentir raiva seja preciso (e
suficiente) que a pessoa acredite que o obstáculo tenha prejudicado os seus próprios
interesses ou os interesses de outros importantes para a mesma, representando uma injustiça
percebida (Miceli & Castelfranchi, 2019). Pode, portanto, levar a sentimentos hostis sentidos
“pelos interesses dos outros”, instigando mudanças de comportamento (comportamento pró-
social) que poderão ser benéficas para os outros e a sociedade em geral (van Doorn et al.,
2014). No entanto, é importante relembrar que a raiva nem sempre subentende uma injustiça
percebida – “mere anger is not elicited by perceived injustice, although it often leads to
perceived injustice to legitimize it” (Miceli & Castelfranchi, 2019). Outra possível
consequência da raiva é a partilha social de sentimentos, que se intensifica nas pessoas com
raiva por apresentarem uma necessidade maior de se expressarem e “libertarem” (Miceli &
Castelfranchi, 2019; van Doorn et al., 2014). Esta partilha poderá levar a uma maior conexão
entre os actores envolvidos (Lewis et al., 2010)
Apesar do seu significado adaptativo e da sua regulação e expressão serem tarefas
importantes do desenvolvimento, as pessoas devem aprender a expressá-la correctamente e de
acordo com as “display rules” da cultura onde estão inseridos (Lewis et al., 2010).

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Desde o século XIX, a raiva tem sido associada a eventos cardiovasculares, podendo
ser um factor de risco tão grande quanto a dieta ou fumar (Lewis et al., 2010). Episódios
limitados de raiva (state anger) têm sido associados a aumentos transitórios da pressão
arterial e frequência cardíaca (Cowell et al., 2021). Enquanto a tendência para experienciar
episódios mais frequentes e duradouros de raiva (trait anger) tem sido associada a um maior
risco de doenças cardiovasculares, como hipertensão, fibrilhação auricular, doenças
coronárias e insuficiência cardíaca, e a um aumento da mortalidade associada (Cowell et al.,
2021; Titova et al., 2022), podendo esse efeito ser independente de outros factores biológicos
e sociais do individuo (Williams et al., 2000). Um estudo de Davidson e Mostofsky (2010)
propõe que o risco pode não estar associado apenas à raiva, mas à forma como a
expressamos.
A raiva pode, também, ser um preditor da severidade dos sintomas da Perturbação de
Stress Pós-Traumático (PTSD) e afectar as intervenções terapêuticas para a perturbação.
Adicionalmente, a raiva relacionada com traumas pode incitar actos de automutilação e
ideação suicida (Boelen et al., 2022) e o trait anger está associado à severidade dos sintomas
de depressão (Crisan & Nechita, 2022).
A raiva foi, também, associada a consequências sociais e interpessoais, como a
condução de risco (Yu et al., 2022) ou a violência no namoro (Eckhardt et al., 2002).
Existem várias formas de indução emocional, mas nem todas são eficazes na mesma
medida:
- Excertos de filmes ou imagens: Usando, por exemplo, o IAPS (International Affective
Picture System) ou excertos de filmes já estudados como o “My Bodyguard” (Coan & Allen,
2007). Estudos reportam alterações fisiológicas (Siedlecka & Denson, 2019) e a eficácia do
método, sendo fácil a sua aplicação. Porém, a raiva é uma das emoções mais difíceis de
induzir com este método pois é difícil reproduzir o nível o imediatismo e envolvimento
pessoal necessários (Coan & Allen, 2007). Muitas vezes, acaba por ser induzida uma
amalgama de emoções negativas, como o nojo e a tristeza (Coan & Allen, 2007).
- Recordações autobiográficas: Recordar uma memória do passado em que tenham
experienciado raiva de modo a reactivar a emoção (Lobbestael et al., 2008). Vários estudos
revelaram níveis de raiva auto-reportada significativos e alterações psicofisiológicas
(Siedlecka & Denson, 2019).
- Imaginação: Imaginação de uma situação que provoque raiva, através da leitura, imaginação
guiada, entre outros (Siedlecka & Denson, 2019).

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- Música: Alguns estudos associam determinados géneros de música, como o rap, heavy
metal e Japanese noise a estados auto-reportados de raiva (Siedlecka & Denson, 2019).
Porém, este efeito pode estar mais associado à preferência musical do participante
(Gowensmith & Bloom, 1997). Poucos estudos relatam mudanças fisiológicas. Por estas
razões, há poucas provas da eficácia deste método para induzir raiva.
- Manipulação do comportamento: Reprodução de características faciais e posturais da
emoção como falar num tom zangado ou outros comportamentos agressivos; a FACS, em que
é manipulada a contracção e relaxamento de determinados músculos por forma a mimicar a
expressão de raiva, etc. Este método afecta as respostas psicofisiológicas (Coan & Allen,
2007).
- Procedimentos situacionais: Reprodução em laboratório de situações mais próximas das
vividas na vida real através de, por exemplo: insultos, feedback negativo, manipulação de
variáveis ambientais (temperatura de uma sala), perder injustamente num jogo, serem
expostos a informação antagonista às suas atitudes ou crenças, entre outros (Coan & Allen,
2007; Siedlecka & Denson, 2019). Este método apresenta maiores níveis de raiva auto-
reportada e de respostas psicofisiológicas.
- Crianças: É difícil de elicitar emoções especificas de forma fidedigna nos bebés (Lewis et
al., 2010). Pode ser usada a contenção do movimento de um membro, mas este método pode
elicitar outras emoções como alegria e surpresa. Torna-se, então, importante avaliar várias
emoções e ter em atenção o ambiente, onde e por quem é realizado o estudo, pois poderá ter
impacto na emoção sentida (Coan & Allen, 2007). Um estudo de Lewis, Alessandri e
Sullivan (1990) utilizou o condicionamento operante em participantes dos 2 aos 8 meses, no
qual, ao puxarem uma fita, ocorria um estímulo positivo. A um dado momento, o estímulo é
extinto, o que induz a raiva por ser um objectivo bloqueado (Lewis et al., 1990).
No geral, a maioria dos estudos consultados refere os procedimentos situacionais e as
recordações autobiográficas como os métodos mais eficazes na indução da raiva.
Quanto à avaliação da raiva, pode ser feita, por exemplo, por auto-reportes. Estes têm
por base a resposta dos participantes a perguntas (em entrevista ou por escalas). Podem ir
desde escalas como a State-Trait Anger Expression Inventory-2 (STAXI-2) – que avalia,
também, o trait anger e a expressão da raiva (SIGMA Assessment Systems, n.d.)– até a
escalas analógicas, como a Emotional Wheel, que avalia outras emoções para além da raiva
(Rogé et al., 2015).
A medição de respostas psicofisiológicas é um dos métodos mais usado em bebés e
crianças. Podem ser usadas escalas como a como a FACS ou Baby-FACS (Soussignan et al.,

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2018), o ECG (electrocardiograma) para medir a frequência cardíaca (Lafont et al., 2018),
entre outras técnicas.
A tendência para comportamentos agressivos, como o uso de vocabulário agressivo
(Jasinski et al., 2016) ou comportamentos de punição (Eder et al., 2020), também é usada
para avaliar a raiva.
Por fim, as técnicas imagiológicas, como a fMRI BOLD (ressonância magnética
funcional blood-oxygen-level-dependent) que detecta mudanças no fluxo de sangue em
diferentes áreas do cérebro, são e poderão tornar-se uma melhor maneira de avaliar a raiva
(Lebois et al., 2020; MacNamara et al., 2018). Porém, esta é ainda uma área a explorar e, por
agora, pode ser dispendiosa para o processo de investigação.
Sendo a raiva, em certa parte, estigmatizada na sociedade, a avaliação da mesma por
auto-reporte pode estar condicionada, por exemplo, por factores de desejabilidade
(Lobbestael et al., 2008). São vários os estudos que utilizam uma combinação entre auto-
reporte e um dos outros métodos para aumentar a fiabilidade dos resultados.
“The effect of emotion regulation strategies on anger”, Szasz et al., (2011)
Existem diversos estudos sobre a regulação emocional da raiva.
O presente estudo concentrou-se na raiva disfuncional que é provocada pela
recordação de situações pessoais nas quais os participantes sentiram raiva de outra pessoa.
Estudos anteriores descobriram que a baixa tolerância à frustração está associada ao
estado de raiva.
Objectivo: Investigar e comparar as diferentes estratégias de regulação da raiva:
aceitação, reavaliação e supressão.
Hipótese: A supressão está associada a uma maior experiência da raiva, enquanto que
a reavaliação está associada a uma menor experiência da emoção e a um alto nível de
tolerância à frustração.
Método e Procedimento:
97 estudantes universitários
Sujeitos a um processo de indução de raiva;
Medição da raiva através de medidas de auto-reporte.
1. Os participantes começaram por preencher a escala analógica visual, como medida
base.
2. De seguida, os participantes, aleatoriamente escolhidos, receberam uma de três
instruções por escrito: de aceitação, de supressão e de reavaliação da raiva.

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2.1. Instruções de reavaliação: Após uma situação que o deixe com raiva, tente dizer a
si mesmo que seria preferível que os outros fossem correctos e justos, mas caso
não sejam, isso não significa que seja uma situação catastrófica (ou seja, o pior
que podia acontecer), é apenas uma situação (muito) desagradável.
2.2.Instruções de aceitação: Após uma situação que o deixe com raiva, em vez de a
tentar controlar, tente aceitá-la e experimentá-la, completamente. Tente aceitar a
situação.
2.3.Instruções de supressão: Após uma situação que o deixe com raiva, faça os
possíveis para não pensar no que sente e, em vez de sentir a emoção, tem que a
reprimir.
3. Seguiu-se o procedimento de indução de raiva, através de pensamentos sobre uma
situação não resolvida, em que, recentemente, tivessem sentido raiva.
4. Foram instruídos a traçar um ponto vermelho ao longo de uma estrela, no écran do
computador, usando o rato que estava programado para se mover no sentido
inverso.
5. No final das tarefas, mediu-se, novamente, o nível de raiva dos participantes.
Conclusão: Confirmou-se que a reavaliação é a estratégia mais eficaz para a
regulação da raiva e a mais benéfica para a modulação da expressão da raiva em indivíduos
com mais dificuldade no seu controlo. A técnica da supressão é a menos eficaz por levar a
níveis elevados de sofrimento, como outros estudos, anteriormente, tinham também
demonstrado.
Conclusão
Medo e raiva são duas emoções indispensáveis para a sobrevivência humana. É
inegável que a regulação de ambas é de extrema importância para garantir o bem-estar dos
indivíduos. Raiva e medo não regulados podem, até mesmo, representar uma questão de
saúde pública, pois podem contribuir para o desenvolvimento de problemas físicos,
psicológicos e sociais nos seres humanos.
Vivendo na “Sociedado do Risco” (Beck, 2006), raiva e medo tendem a ser cada vez
maiores. Assim, políticas públicas que incentivem a pesquisa e a difusão de estratégias de
regulação da raiva e do medo, seja através das funções cognitivas superiores, seja através da
indução de outras emoções, são indispensáveis para uma sociedade que, não apenas busque o
bem-estar e o apaziguamento social, mas que também tenha coragem de desenvolver
cidadãos aptos a evoluir.

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