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NEUROBIOLOGIA DO

TRAUMA
O trauma é uma experiência
marcante que ameaça a
integridade física e/ou emocional
de um indivíduo. Pode resultar de
eventos como abuso, violência,
acidentes graves ou desastres
naturais.

Traumas também podem ser


causados ​por eventos mais sutis,
como experiências repetidas de
negligência ou violência psicológica.
O trauma é uma
experiência que desafia a
homeostase regulatória e
pode ter impactos na
estrutura e função do
cérebro, levando a
mudanças
comportamentais,
cognitivas e emocionais.
Os traumas têm um
impacto profundo nas
estruturas envolvidas na
regulação emocional, como
a amígdala, o hipocampo e
o córtex pré-frontal.
A amígdala, em particular,
desempenha um papel
fundamental na avaliação
de ameaças e na resposta
emocional.
O estudo da neurobiologia do
trauma nos permite
compreender os efeitos
profundos que o trauma
causa no cérebro e no corpo.

O trauma desregula o
sistema nervoso e hormonal,
afetando a regulação
emocional, a formação de
memórias e a resposta ao
estresse.
Em indivíduos com trauma, a
amígdala pode se tornar
hiperativa, levando a respostas
exageradas ao estresse e ao
medo.
Além disso, o hipocampo,
responsável pela formação de
memórias, pode ser
prejudicado, gerado em
problemas de memória
relacionados ao trauma.
Ao entender as respostas do
cérebro ao trauma, podemos
desenvolver intervenções mais
eficazes e ajudar aqueles que
sofrem com suas consequências.

É fundamental abordar o trauma


de forma holística, considerando
os aspectos biológicos, psicológicos
e sociais, para fornecer um
tratamento abrangente e centrado
no paciente.
O corpo e o trauma:
O trauma não afeta apenas o
cérebro, mas também o
corpo. O sistema nervoso
autônomo, que regula
funções como frequência
cardíaca e resposta
hormonal, pode ser
desregulado como resultado
do trauma.
Durante o trauma, ocorre
uma liberação intensa de
hormônios do estresse, como
o cortisol.
Em casos de trauma agudo,
esse sistema pode ficar
disfuncional, causado em uma
resposta contínua ao
estresse.
As respostas ao trauma: Luta, fuga ou congelamento
Quando somos expostos a um evento traumático, nosso
sistema nervoso desencadeia uma resposta de "luta ou
fuga" para nos proteger.
No entanto, quando essa resposta é superada ou
impossível, o sistema nervoso pode entrar em um
estado de imobilidade, conhecido como resposta de
"congelamento"
Os sintomas de trauma:
Variam amplamente, mas
alguns comuns incluem
pesadelos, flashbacks,
evitação de gatilhos
relacionados ao trauma,
hiperatividade, dificuldade de
concentração e problemas de
sono, ansiedade, etc.
Efeitos do trauma:
Efeitos a longo prazo da desregulação da

neurobiologia do trauma

Perda da autorregulação emocional

A incapacidade de autorregulação

emocional é característica de crianças que

sofreram traumas de forma crônica. A sua

falta de processos de autorregulação leva a

problemas com a autodefinição.


Neurobiologia do trauma
A falta de um senso contínuo e previsível de si mesmo, com
um sentido de separação e alterações da imagem corporal.
Modulação deficiente do afeto, bem como baixo controle de
impulsos, incluindo a agressão contra si mesmo e outras
pessoas.
Incerteza sobre a confiabilidade e a previsibilidade dos
outros, o que pode levar à desconfiança e a problemas
relacionados à intimidade.
Aprendizagem e memória

Algumas características das crianças traumatizadas são:

Tendência à hipervigilância: elas se preocupam com o

perigo iminente e tendem a ter estímulos ambíguos. Isso

afeta a maneira como organizam as suas percepções do

mundo e é frequentemente associado ao desenvolvimento

de problemas generalizados no aprendizado e no

desempenho acadêmico.
Limitação da sua atenção a fontes de ameaça: podem mostrar

desinteresse em resposta a coisas que outras crianças podem

achar desafiadoras ou estimulantes.

Também podem surgir ideias e percepções paranoicas.

Problemas sociais

As crianças que foram expostas à violência tendem a:

Ter dificuldade em adaptar a sua excitação comportamental às

demandas sociais apropriadas .

Como resultado, geralmente não estão em sintonia com outras

crianças.
Doenças físicas:
Outros estudos demonstraram que as crianças
traumatizadas são vulneráveis ​a uma variedade de
doenças físicas. Quando adultas, elas têm entre 10%
e 15% mais chances de apresentar câncer, doenças
cardíacas e diabetes.
Durante a adolescência, participam de atos
destrutivos contra si mesmas e contra os outros.
Muitas crianças afetadas por um trauma
tendem a comunicar o que lhes
aconteceu sem palavras, posicionando-se
diante do mundo como se ele fosse um
lugar cheio de perigos e ativando
sistemas neurobiológicos orientados para
a sobrevivência, mesmo quando estão
seguros.
Caso clínico de abuso infantil:
Uma criança que sofreu abuso pode reprimir suas
memórias traumáticas como um mecanismo de
defesa para proteger sua psique.
Essa repressão pode levar a dificuldades
emocionais e comportamentais na idade adulta,
bem como a modificações neurobiológicas em
áreas relacionadas à regulação emocional e ao
estresse.
Bibliografia:

BRANDÃO, Marcos Lira. As bases Biológicas do Comportamento: Introdução a


Neurociência. São Paulo, Editora Pedagógica e Universitária, 2004.

CONTI,Paul. Trauma a epidemia invisível.Como lidar com as feridas emocionais e


avançar em direção à cura. Tradução Beatriz Medina. 1ª ed.- Rio de Janeiro: Sextante,
2022.

HOUZEL, Suzana Herculano – O cérebro nosso de cada dia; Descobertas da neurociência


sobre a vida cotidiana – 1 ed. – Rio de Janeiro; Vieira & Lent, 2002

LENT, R., Coordenador. Neurociência da Mente e do Comportamento. Rio de Janeiro:


Koogan, 2015.
SCHOR, Daniel. Heranças invisíveis do abandono afetivo.

SOLER, Colette. De um trauma ao outro. tradução de Cícero Alberto de Andrade


Oliveira ; revisão da tradução e revisão técnica de Sandra Leticia Berta. – São Paulo :
Blucher, 2021. (Série Dor e Existência

VAN,Der Kolk, Bessel. O corpo guarda marcas cérebro, mente e corpo na cura do
trauma. tradução Donaldson M. Garschagen.Rio de Janeiro: Sextante, 2020.

https://www.scielo.br/j/csp/a/MjZw5QS6948RTFDjhd44m5M/

www.scielo.br/j/csp/a/MjZw5QS6948RTFDjhd44m5M/?lang=pt&format=pdf
acessado em 10/07/23

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