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COMPETÊNCIAS PARA
A VIDA
UNIDADE 1 – GERENCIAMENTO DE
EMOÇÕES
Aula 1. Emoções e comportamento
De acordo com Paul MacLean (1990), a progressão da vida pode ser vista
em nosso cérebro a partir dos níveis de desenvolvimento que ele possui:
reptiliano (primitivo ou instintivo), límbico (emocional) e neocórtex
(racional). Nossos tecidos corticais são mais complexos, lentos, situam-se
na periferia do cérebro (ou topo) e são responsáveis pelas nossas funções
executivas (tomada de decisão, raciocínio lógico, memória da linguagem).
No centro do cérebro, abaixo do córtex e acima do tronco cerebral, fica
nossa região subcortical, também conhecida como sistema límbico.
Cada uma dessas cinco rotas abre caminho para centenas de estados
emocionais secundários, como melancolia, ansiedade ou frustração,
perceptíveis em nossas relações de trabalho. Para cada “família”
emocional existem determinadas atitudes, e todas as emoções são “úteis”
no sentido de que nos trazem informações sobre nossa relação com o
mundo. No entanto, podemos utilizá-las a nosso favor, de maneira
construtiva (visando ao bem-estar e a uma melhor relação com a
realidade) ou destrutiva (quando não nos desvencilhamos dos estados
negativos ou prejudicamos outras pessoas).
Vamos às competências:
● Autoconsciência: é a principal competência de inteligência
emocional, pois exerce grande influência nas demais, e é baseada
numa vontade de ter acesso a novas perspectivas e no
entendimento de si mesmo(a). Pessoas com essa habilidade têm
maior facilidade para o desenvolvimento pessoal.
Ele nos permite regular as emoções no cotidiano e ter maior controle das
respostas emocionais em situações desafiadoras.
…
A concretude da criatividade
Há um certo consenso de que os indivíduos criativos, sejam eles artistas,
líderes ou cientistas, têm em comum uma ampla capacidade de
observação, uma motivação e energia ímpar e às vezes uma forma
particular de viver e tomar decisões. Entende-se que seu pensamento é
mais livre e menos dependente da lógica, mais inclinado ao sonho e à
fantasia.
Contrapondo em parte essa visão, o sociólogo Domenico De Masi (2003)
desenhou um modelo para explicar grupos criativos que equilibram
razão e emoção, fantasia e realidade. De acordo com o autor, existem
quatro forças entre as quais a criatividade atua: a) o pensamento
primário, b) o pensamento secundário, c) a esfera emotiva e d) a esfera
racional.
O pensamento primário tem a ver com o funcionamento inconsciente da
psique, em que prevalece o sonho e algumas psicoses. Já o pensamento
secundário diz respeito ao funcionamento da mente desperta e serve-se
da lógica comum. A esfera emotiva é composta de emoções, sentimentos
e atitudes e a esfera racional de conhecimentos e habilidades.
Das intersecções entre esses quatro fatores surgem as condições para a
criatividade acontecer, conforme apresentado na Figura 1. Da
intersecção entre a esfera emotiva e o pensamento secundário surge a (1)
área das emoções administradas. Um exemplo dessa primeira intersecção
são os diálogos em torno de nossos sentimentos ou a dramatização em
forma de arte. Da união entre a racionalidade e a mente consciente surge
a (2) área da concretude, em que as soluções e inovações tornam-se
materiais e reais. Na intersecção entre emotividade e a mente
inconsciente está a (3) área da fantasia, em que os primeiros movimentos
involuntários do processo criativo podem surgir e entre a esfera racional,
e no pensamento primário está a (4) área das técnicas introjetadas, como
aqueles sonhos que não servem para o campo da realidade.
Assim, entende-se que a criatividade não se caracteriza apenas pela
imaginação e fantasia, mas também pelo movimento para sua realização
(concretude), ainda que na síntese do entroncamento entre fantasia e
concretude, entre emoções administradas e técnicas introjetadas
instala-se a criatividade, conforme resumido na figura a seguir.
O encontro com o artista
As páginas matinais são três páginas escritas à mão com livre associação.
Simplesmente isso, sem um plano prévio e sem necessidade de editar o
texto. A intenção é liberar as preocupações cotidianas ou as histórias que
passam em nossa cabeça, de forma que sobre o espaço para a criatividade
acontecer. As páginas permitem que nos afastemos de nossos censores ou
críticos internos e vão aos poucos permitindo que nos livremos de
medos, dúvidas, negatividade e outros humores que impeçam nossa ação
criativa.
Métodos naturalistas
Daniel Kahneman et al. (2021), em seu mais recente livro, exploram outros
atalhos comuns no meio corporativo:
● Ilusão de compreensão: construímos narrativas para ajudar na
compreensão e dar sentido ao mundo. Procuramos causalidade
onde não existe.
● Ilusão de validade: analistas e especialistas tendem a
sobrevalorizar suas capacidades de análise e tomada de decisão.
● Falsa Intuição de especialista: algoritmos, mesmo os
aparentemente primitivos, aplicados com disciplina muitas vezes
superam os especialistas.
● Falácia de planejamento: essa falácia aflige muitas profissões e se
origina de planos e previsões que estão irrealisticamente próximos
do melhor caso e não levam em consideração os resultados reais de
projetos semelhantes.
● Otimismo e a ilusão empreendedora: a maioria das pessoas é
excessivamente confiante, tende a negligenciar os concorrentes e
acredita que eles terão um desempenho melhor do que a média.
Nos últimos anos, o grande desafio tem sido capturar a atenção das
pessoas, uma vez que o uso de imagem e vídeos em alta escala
transformou a figura do professor em um facilitador de diferentes
conhecimentos, encriptados em diversas “mídias”. Se antes o único meio
de ensino era da fala de um professor para um aluno, atualmente as
metodologias ativas de aprendizagem provocam o aluno para um maior
envolvimento em seu processo de aprendizagem.
Você já ficou perdido na busca pelo filme ou série ideal para assistir? Já
chegou ao ponto de esgotar as opções disponíveis de entretenimento? Na
Netflix existe a opção “me surpreenda”, disponível para aqueles
expectadores realmente indecisos, que procura “zerar” o perfil existente
e trazer novas possibilidades. Mas ainda assim há aqueles que desligam a
tela depois de muito tempo “zapeando”, havendo desistido de escolher.
Em seu discurso de formatura em Harvard, o orador Pete Davis (2018)
chamou esse fenômeno de dificuldade de tomar decisões e se
comprometer com uma única alternativa de “mantenha minhas opções
em aberto” e disse que é o típico estado mental que caracteriza toda uma
nova geração de trabalhadores.
Por isso, vamos explorar aqui como a tríade de emoções negativas, medo,
tristeza e raiva, influencia nossa percepção da realidade.
● Medo – a força para evitarmos a perda, a dor ou a morte é o desejo
mais primitivo em todos nós, nosso motivador primário. Por isso, a
tentativa de puramente evitá-lo é infrutífera. Devemos, ao
contrário, compreender qual é exatamente a situação que tememos.
Explorar cenários e possibilidades que desejamos e investigar as
possibilidades que aconteçam. A melhor arma contra o medo é o
conhecimento.
● Tristeza – Na leitura interpessoal, a emoção da tristeza acaba
aparecendo em comportamentos de carência e privação afetiva,
uma vez que quando estamos tristes acabamos interrompendo o
fluxo de trocas e “nos isolando” em nós mesmos. Quando estamos
carentes, tendemos a “precisar” de soluções ou respostas rápidas.
Uma boa saída é ganhar tempo e verificar se aquilo que tanto
desejamos é mesmo necessário e urgente ou se só estamos tentando
preencher algum vazio interior.
● Raiva – a principal barreira para compreender a realidade que a
raiva oferece é a incapacidade de ouvir que ela provoca. Quando
estamos nos sentindo acuados, tendemos a só ver as coisas de
nosso ponto de vista, nos tornando incapazes de conhecer as razões
de outras pessoas. Aqui a estratégia de saída é buscar conhecer
mais todos os elementos envolvidos. Só assim conseguimos ter
nosso melhor julgamento.
Julgamentos e rótulos
Praticando a CNV
Mas o contágio emocional pode também ser positivo. E eis que nos vemos
gargalhando após vermos outra pessoa gargalhar ou quem sabe fiquemos
felizes tão somente por ver uma criança sorrir. O fato é que participamos
o tempo todo de uma espécie de economia emocional, em que são feitas
trocas entre as pessoas a partir da forma como se sentem. Tudo isso
ocorre de forma subconsciente, o que faz com que seja muito importante
termos consciência de que tipo de mensagem não verbal estamos
emitindo, a partir da expressão de nossos sentimentos e o que estamos
conseguindo captar.
Relações ressonantes e salutares
“É por observação que no futuro eles não vão se lembrar do que você disse,
eles não vão se lembrar do que você fez, mas vão se lembrar de como você
os fez se sentirem.”
Carl Rogers (1902-1987) traz uma visão de ser humano similar à de Maslow
e propõe que há uma incongruência entre o eu real e o eu ideal que nos
causa desconforto e sofrimento. Ao contrário, quando por meio da
descoberta de nós mesmos nos aproximamos de nosso eu ideal, entramos
em estado de congruência e adquirimos o melhor funcionamento que
podemos ter.
As emoções positivas
Mas como podemos fazer isso? Nosso cérebro pode ser estimulado pela
imaginação, assim como pela percepção do que acontece em tempo real.
Isso porque a mente emocional não distingue entre uma imagem
imaginada e uma real. Dessa forma, a imaginação torna-se uma poderosa
ferramenta para a mudança pessoal. Técnicas de imaginação ativa nos
colocam em situações de melhor desempenho, em que atuamos
exatamente como desejamos. Nesse processo, entendemos que o melhor
cenário é uma realidade possível de ser alcançada. Por isso é tão
importante nos questionarmos: onde queremos chegar? Qual é a situação
por nós desejada? Só respondendo essas perguntas sobre uma visão de
futuro desejado é que chega o momento de buscar a colaboração da
mente racional e de afirmar: “ok, agora que esse cenário é possível e
tangível em minha melhor visualização, é hora de me colocar em ação e
caminhar para chegar lá”. Sem dúvida traçar o plano de ação e a agenda
de atividades é muito mais fácil após termos delimitado qual é nosso
destino desejado.
Lições de felicidade
Alguns hábitos contribuem para que possamos reter a felicidade por mais
tempo. Por exemplo, estudos mostram que pessoas felizes conseguem
reter por mais tempo suas experiências positivas, inclusive pensando
que ocorrem em maior número. Fato exatamente oposto às pessoas que se
sentem infelizes: elas só conseguem lembrar do que dá errado. Outro
exemplo é que pessoas felizes vivenciam o momento presente com mais
intensidade.
Isso me faz lembrar de um dos melhores livros de psicologia positiva que
tive o privilégio de encontrar: Conversas com Minha Gata, de Eduardo
Jáuregui (2015). O livro conta a história de Sara, que, prestes a fazer
quarenta anos, descobre que não é feliz. Seu trabalho não a motiva mais e
seu relacionamento com o namorado não é mais o mesmo. Como resposta
de uma fase de exaustão emocional, ela experimenta um colapso nervoso
e passa a ouvir uma elegante e misteriosa gata amarela, chamada Sibila. A
gata traz conselhos tão interessantes quanto ensinamentos de um mestre
Jedi e ensina Sara a viver no momento presente, apreciando inteiramente
sua experiência de vida, diminuindo o poder das emoções negativas e dos
pensamentos que transitam entre o passado e o futuro.
“Nossa maior glória não é nunca falhar, mas sim nos erguermos a cada vez
que falhamos.” Confúcio (apud CASTRO, 2016, p. 64)
…
É fácil ler essa lista e pensarmos que por vezes nós mesmos não somos
assim tão saudáveis ou que as pessoas “tropeçam” em seus
comportamentos e nem por isso vamos descartá-las de nosso círculo de
amizades. A questão aqui não é acertar sempre, mas ter em mente que o
relacionamento positivo é nutridor, nos faz sentir bem, enquanto o
relacionamento tóxico nos traz sentimentos negativos. Por isso, caminhar
em direção ao bem-estar compartilhado é a melhor intenção que
podemos ter em qualquer relacionamento.
Motivação na base da realização
Por outro lado, não é preciso muito esforço para ver a motivação
manifesta no comportamento de outras pessoas. Basta que estejam
executando alguma tarefa e, se estiverem motivados, será possível ver o
grau de engajamento, a disposição física, a persistência, a concentração
de esforços. A motivação é também contagiosa: eis que motivamos mais
quando estamos motivados.