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CURSO DE
BRAILLE
Aluno:
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CURSO DE
BRAILLE
MÓDULO III
Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição
do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido
são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.
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MÓDULO III
Iniciamos este módulo com a frase do escritor argentino Jorge Luiz Borges,
que foi perdendo a visão ainda na infância e é conhecido mundialmente por suas
obras literárias, cujo tema principal é a cegueira. Jorge Luiz Borges foi escritor,
poeta, professor e crítico literário.
Abordaremos neste material, temas como orientação e mobilidade e sua
importância no cotidiano do deficiente visual em busca de qualidade de vida;
inclusão do deficiente respaldada pela legislação brasileira; a importância do
Instituto Benjamin Constant e suas contribuições a favor da cegueira; o Conselho
Mundial para cegos e acessibilidade.
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realizar escolhas, pois temos limitações, mas somos ativos e proativos. Portanto,
ajuda especializada é essencial para abrir nosso caminho.
Os portadores de necessidades especiais visuais possuem uma área voltada
aos assuntos relacionados com sua aprendizagem e reabilitação. É a orientação e
mobilidade (OM) a área educacional responsável por sua integração ao meio
estimulando seus sentidos.
A orientação e mobilidade visam proporcionar ao cego segurança na sua
locomoção e com isso ter sua autoestima elevada, facilitando a integração ao seu
meio. Funciona como estímulo aos outros sentidos. Ele aprende a perceber o
ambiente em que está inserido, pequenas modificações em pisos, paredes,
localização de móveis é o suficiente para se localizar. É por meio de estudos
práticos que a OM atua na vida do deficiente.
Sentir a direção do vento ou o barulho do carro é o suficiente para o cego se
situar no espaço e perceber se pode seguir em frente e atravessar uma rua, por
exemplo. Aqui a audição ajuda a se mover.
Os cheiros são características para perceber a proximidade de lojas de
lanches, padarias, restaurantes. Enfim, os odores são para o cego um instrumento
de orientação. O olfato aguça e dá a orientação necessária para seguir seu caminho.
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Sem a visão há outras perdas, inclusive a referente ao contato com o todo
que está a sua volta, pessoas, objetos e o próprio meio ambiente, causando uma
enorme dependência do outro se não houver incentivo para que o cego possa se
mover com liberdade.
As atividades rotineiras de um cego são preocupantes. O asseio corporal,
banho, o uso da escova dental, as toalhas para se enxugar. Nestas situações ele
pode ser picado por animais peçonhentos ou utilizar objetos sujos. A utilização de
roupas limpas que podem estar amassadas ou no avesso e até manchadas.
Causando desconforto ao cego e, às vezes, má impressão.
Podemos imaginar seu cotidiano, na realização de compras, alimentos e
medicamentos ao percorrer calçadas esburacadas e pisos disformes? Há outras
situações constrangedoras causadas pela dependência, que dizem respeito aos
próprios familiares quando tratam o cego com atitudes grosseiras e hostis ou quando
se mostram superprotetors. A superproteção limita o indivíduo, ignora suas
qualidades e subestima sua relação saudável com a vida.
Essas situações são causadoras de sensação de inutilidade, um sentimento
que deprime qualquer um. Muitas vezes, pelos videntes se percebe a expressão de
pena. Muitos amigos, vizinhos ou colegas videntes se dispõem a ajudar, tentando
demonstrar solidariedade, mas acabam causando desconforto ao cego.
Resumindo, é difícil perceber uma relação normal entre o cego e seus
familiares e entre o cego e seus colegas de trabalho. A melhor relação é aquela em
que o cego se sente protegido e capaz de desenvolver qualquer tarefa.
Como todos, os cegos buscam ser independentes, desejam ser livres, ir e vir
de qualquer direção. A orientação e mobilidade, sendo uma área da educação
voltada para o atendimento a deficientes visuais, possui um projeto de atividades
elaborado por nível de ensino que é aplicado por etapas, por níveis de ensino.
Respeitando seus limites e seus saberes. O trabalho de orientação e mobilidade é
desenvolvido a partir dos sentidos saudáveis e conta com os recursos externos
disponíveis como a bengala, o cão guia e o Braille.
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- Em localização de padarias ou restaurantes:
O cheiro dos alimentos informa ao cego que está próximo ou passando por
um restaurante; o cheiro do pão associa à padaria. Neste caso, ele associa o local
por meio do olfato.
Há outras vantagens de se aplicar a OM ao cotidiano do deficiente visual,
como:
Facilidade ao caminhar;
Adquire independência e segurança;
Simples de transmitir;
Eficaz se for transmitida corretamente;
Exige prática e acompanhamento orientado;
Melhora a confiança e autoestima;
Passa a conhecer seu corpo e controlar o deslocamento.
Utilização postural da bengala e cão guia.
A Bengala
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emite som ao se aproximar de algo baixo. Os sensores possuem também botões em
Braille, facilitando seu manuseio.
A bengala eletrônica foi criada pelo médico oftalmologista Leonardo Gontijo,
que contou com o apoio e os conhecimentos de um amigo eletrotécnico para
desenvolver os sensores que denominou de bengala eletrônica. Este é apenas mais
um produto que ainda não está disponível no mercado, mas surpreende pela
inovação.
Cão Guia
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Nos Estados Unidos é comum encontrar cegos com seu cão guia nas ruas,
em parques, isto porque lá há treinamentos específicos e o deficiente recebe o
companheiro sem nenhum custo.
Em 1931, surgiu a primeira escola para cão guia nos Estados Unidos,
chamada “The Seeing Eye”. No Brasil, há o Integra (Instituto de Integração Social e
de Promoção da Cidadania), em Brasília, que desenvolve o Projeto Cão Guia de
Cegos. Um projeto filantrópico que funciona com ajuda comunitária de treinamento e
adestramento para cão guia.
O cão guia é um cão como outro qualquer, porém treinado para exercer
funções de orientação a pessoas cegas; portanto evite distrair o cão guia em
atividade, para que ele não perca o sentido de orientação.
Cuidado ao se aproximar de um cego com o cão guia, use o lado oposto ao
do cão se um cego lhe solicitar algum tipo de ajuda; evitando inclusive tocá-lo.
O cão guia não é um animal doméstico comum, por isso o seu acesso a
restaurantes, lanchonetes, teatros e cinemas é garantido pela Lei 11.126/ 2005 e
pelo Decreto 5.904/2006.
Guia vidente
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Se desejar auxiliar um cego apresente-se primeiro, para não assustá-lo.
Seja claro em suas perguntas referentes à direção, usando termos como
direita ou esquerda. Evite as expressões “prá cá” ou “prá lá”.
A informação ao cego deve ser exata. Informações erradas atrapalham
mais que dizer “não sei”.
Ao se afastar do deficiente visual avise a ele, assim evita que ele fique
falando sozinho, causando-lhe constrangimento.
Autoproteção
Orientação
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Atender aos obstáculos como escadas, pilares, árvores; seu caminhar
deve permitir-lhe segurança. O uso da bengala permite detectar
obstáculos em percursos.
A repetição de uma atividade é importante para que se perceba detalhes
e desenvolva o senso de percepção por meio da audição.
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Estímulos por meio da gustação permitem identificar alimentos com base no
paladar:
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Os óculos têm grande importância na história. Desde o ano de 1200 d.C.
passou a ser utilizado para identificar doentes mentais, suas lentes eram planas e
não possuíam hastes até as orelhas.
Aos poucos foi mudando seu design e passou a ser apoiado no nariz, ter
apenas uma haste e até ser modernizado como é hoje. Óculos podem ser
encontrados de diversos tamanhos, cores e modelos.
Para correções ópticas há variados tipos de lentes: acrílicas, com proteção
UV, lente de cristal ou mineral, de policarbonato, orgânicas, multifocal e bifocal,
antirreflexo, antiabrasivo, polarizadas e as solares.
7 O DEFICIENTE E A LEI
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Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos
com necessidades especiais:
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e
organização específicos para atender às suas necessidades;
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem
atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em
virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor
tempo o programa escolar para os superdotados;
III - professores com especialização adequada em nível médio
ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do
ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas
classes comuns;
IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva
integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para
os que não revelarem capacidade de inserção no trabalho competitivo,
mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para
aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística,
intelectual ou psicomotora;
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais
suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular.
Em 1999, o Decreto Federal nº. 3298/99, que regulamentou a Lei nº. 7853,
garantiu direitos legais a todos os cidadãos brasileiros portadores de deficiência em
solo brasileiro referentes à educação, à saúde, ao lazer, ao trabalho, ao desporto, ao
turismo, aos transportes, às construções públicas, à habitação, à cultura e outros.
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Este decreto classifica as deficiências amparadas no artigo 4º e especifica a
cegueira no Parágrafo III:
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PORTARIA N.º 319, de 26 de fevereiro de 1999 trata da
inclusão do sistema Braille na escolarização nacional:
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Localizado no Rio de Janeiro, sede do governo, foi inaugurado em 17 de
setembro de 1854. Esta é considerada a primeira ação brasileira, prática voltada a
atender aos deficientes visuais. Vemos como o primeiro trabalho de cidadania desde
os séculos anteriores.
A cegueira sempre existiu e foi causa de preocupação dos governantes. O
jovem cego José Álvares de Azevedo recém-chegado da Europa e tendo estudado
no Instituto Real de Jovens Cegos em Paris, na França, visitou o imperador e contou
seu interesse em abrir uma escola que ensinasse cegos a ler e escrever.
Inicialmente com ações tímidas o Imperial Instituto de Meninos Cegos foi recebendo
e escolarizando crianças e jovens por meio da lupa e do sistema Braille.
Após a grande demanda de alunos, o prédio recebeu ampliações e reformas
e, em 1891, o Instituto Real passou a chamar Instituto Benjamim Constant.
Alfabetizava os cegos e oferecia a conclusão do curso primário. Somente a
partir de 1945 ofereceu o curso ginasial e ofereceu a essa população o ingresso ao
curso secundário e às universidades.
O Instituto Benjamin Constant realiza trabalhos de estimulação precoce e
escolarização, atividades artísticas, físicas e musicais. Também ministra cursos de
capacitação profissional formando profissionais para atuarem com a deficiência
visual.
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O Instituto Benjamin Constant assessora instituições de ensino em todo o
país. Realiza publicações em Braille e disponibiliza material. Promove palestras e
ministra cursos. Disponibiliza gratuitamente orientação jurídica.
Assista ao vídeo abaixo e conheça a história da professora cega Luiza
Muniz, que foi também aluna do IBC.
Em 1952, foi criado o Conselho Mundial para Bem-Estar dos Cegos com o
objetivo de unificar a simbologia Braille nas áreas de matemática e das ciências e
assim estabelecer um código único de comunicação mundial. O tempo passou e
ainda não se conseguiu a unificação plena.
No Brasil, especialistas realizam estudos e desenvolvem projetos e
estratégias para a unificação do código matemático em todo o território brasileiro.
Para as operações matemáticas, o deficiente visual utiliza instrumentos simples,
porém eficientes como Soroban ou Ábaco Japonês na realização de cálculos. Esse
instrumento chegou ao Brasil no início do século XIX pelos imigrantes japoneses que
o utilizavam para as operações próprias.
Em 1956, Fukutaro Kato divulgou a utilização do Soroban quando publicou
um livro denominado “Soroban pelo Método Moderno”. Kato fundou a Associação
Cultural de Shuzan do Brasil (ACSB) em São Paulo. A ACSB ainda hoje promove
anualmente a realização de campeonatos de Soroban.
Desde as décadas de 1940 e 1950 o Soroban é utilizado por deficientes
visuais para efetuar cálculos. O Soroban utilizado pelos deficientes visuais é
adaptado; suas contas são ajustadas para correrem somente quando manuseadas.
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10 ACESSIBILIDADE NO BRASIL
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A Lei traz informações obrigatórias que devem estar presentes em
construções civis urbanas e em obras públicas para a comunidade, seguindo as
normas de acessibilidade, disponibilizadas pela Associação Brasileira de Normas
Técnicas (ABNT).
A Lei garante o acesso aos deficientes para utilizar o transporte coletivo,
tratando de normas para que os coletivos como ônibus, avião, trem e metrô
permitam o acesso e o transporte seguro.
Estabelecem prioridade ao atendimento em instituições públicas, privadas,
bancárias, comerciais. Também obriga tratamento diferenciado como assento e
mobiliário, área especial com identificação, terminais de autoatendimento, telefones
públicos sem cabines e tamanhos permitindo acessos aos cadeirantes, por exemplo.
Conheça a Lei da Acessibilidade Brasil, acessando:
Disponível em:
<http://www.acessobrasil.org.br/index.php?itemid=43>.
Disponível em:
<http://www.youtube.com/watch?v=cnYdZ6J46fU&feature=related>.
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