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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CAMPUS MINISTRO PETRÔNIO PORTELLA


CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS
CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS
ECONOMIA POLÍTICA III

A MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL
François Chesnais

Prof. Me. Paulo Henrique S. Pereira Junior

Teresina - PI
Outubro/2023
A MUNDIALIZAÇÃO DO CAPITAL
François Chesnais

Capítulo 3 - A empresa multinacional hoje


CHESNAIS, F. A mundialização do Capital. São Paulo: Xamã, 1996.
A EMPRESA MULTINACIONAL HOJE

● “A empresa multinacional está assumindo, cada vez mais, o papel de regente da


orquestra, em relação a diversas atividades de produção e transações, que se dão
no interior de um “cacho” ou “rede” de relações transnacionais, tanto internas como
externas às companhias, e que podem incluir ou não um investimento de capital,
mas cujo objetivo consiste em promover seus interesses globais”.
● É na lógica de acumulação e concentração do capitalismo, lógica que atua num
mundo parcelizado em Estados-nações, que deita raízes o florescimento das
companhias multinacionais.

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DEFINIÇÕES DE MULTINACIONAIS E SEUS LIMITES

● Na definição de empresa multinacional, também chamada de companhia


multinacional ou mesmo transnacional, nunca se chegou a um acordo entre
pesquisadores, nem mesmo entre as organizações internacionais.
○ Vemon - multinacional seria uma grande companhia com filiais industriais em,
pelo menos, seis países. Sob pressão dos principais países de origem dessas
companhias, que, encabeçados pelos Estados Unidos, procuravam dificultar o
estudo desses grandes grupos, diluindo-os num mar de médias ou pequenas
empresas, esse limite foi reduzido a dois países, e depois, a um só.
● Em 1990, cem grupos concentravam em suas mãos cerca de um terço do
montante total mundial de investimento estrangeiro direto.

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DEFINIÇÕES DE MULTINACIONAIS E SEUS LIMITES
● Michalet, procurou definir a empresa multinacional:
○ A definição proposta apresenta a companhia multinacional como “uma
empresa” (ou um grupo) em geral de grande porte, que, a partir de uma base
nacional, implantou no exterior várias filiais em vários países, seguindo uma
estratégia e uma organização concebidas em escala mundial.
○ Essa definição permanece útil em vários aspectos; ela lembra que a companhia
multinacional invariavelmente começou por se constituir como grande empresa
no plano nacional, o que implica, ao mesmo tempo, que ela é resultado de um
processo, mais ou menos longo e complexo, de concentração e centralização
de capital, e que, frequentemente, se diversificou, antes de começar a se
internacionalizar
○ A companhia multinacional tem uma origem nacional, de modo que os pontos
fortes e fracos de sua base nacional e a ajuda que tiver recebido do estado
serão componentes de sua estratégia e de sua competitividade
○ Essa companhia é em geral, um grupo, cuja forma jurídica contemporânea é a
de holding internacional e por fim, que esse grupo atua em escala mundial e
tem estratégias e uma organização estabelecidas para isso.

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DEFINIÇÕES DE MULTINACIONAIS E SEUS LIMITES

● O aspecto mais problemático de Michalet é a menção “à implementação de


filiais”.
● Até a década de 70, era possível distinguir três estratégias diferentes:
○ estratégia de aprovisionamento: características de multinacionais do setor
primário, especializadas na integração vertical a partir de recursos minerais,
energéticos ou agrícolas situados nos antigos países coloniais ou semicoloniais,
depois chamados de terceiro mundo.
○ estratégias de mercado: com o estabelecimento de filiais intermediárias -
enfoque doméstico.
○ estratégias de produção racionalizada: produção integrada
internacionalmente, mediante o estabelecimento de montadoras.

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DA AMPLITUDE DA CONSTITUIÇÃO DAS MULTINACIONAIS COMO GRUPO

● Morin (1974) - chega a uma definição


○ A definição especificava que se devia entender por grupo “o conjunto formado
por uma matriz (geralmente chamada de holding do grupo) e as filiais
controladas por ela.
○ A matriz é, portanto, em primeiro lugar, um centro de decisão financeiro, ao
passo que as firmas sob seu controle, na maioria das vezes, não passam de
empresas que exploram alguma atividade.
○ Assim, o papel essencial da matriz é a permanente arbitragem das
participações financeiras que detém, em função da rentabilidade dos capitais
envolvidos.
○ Função de arbitragem da matriz que confere caráter financeiro ao grupo.
● A estruturação em conjunto, às vezes muito diversificado, de firmas envolvidas
em múltiplas atividades, como grupo “em torno de um centro financeiro e
através de uma teia de vínculos, principalmente financeiros, mas em certos casos
pessoais -> O MODO DOMINANTE DE SEGMENTAÇÃO DO CAPITAL
○ Estágio atual do capitalismo

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DA AMPLITUDE DA CONSTITUIÇÃO DAS MULTINACIONAIS COMO GRUPO

● O Conjunto formado por uma matriz e as filiais controladas por ela.


● A matriz
○ Centro de decisão financeiro
○ Arbitragem
● Filiais
○ Exploram alguma atividade específica
● Forma produtiva de investimentos em capital
● Formas de investimento não produtivo
● Estratégias predominantemente financeiras
○ Câmbio
○ Juros

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A ESTRATÉGIA TECNO-FINANCEIRA E AS MULTINACIONAIS “NOVO ESTILO”

● Estratégia tecno-financeira
○ Forma de internacionalização baseada nos ativos intangíveis da companhia e
no seu capital humano
○ A estratégia tecno-financeira é resultado de uma evolução das atividades das
companhias no exterior, passando da produção material direta para o
fornecimento de serviços.
○ A base da competitividade é alicerçada na definição de know-how e P&D
■ Tentará valorizar a vantagem em todos os setores onde for possível
aplicar sua competência tecnológica.
● Tendência de sair do seu setor de origem e diversificar-se em modalidades
totalmente originais.
○ Capacidade de montar operações complexas -> combinando fatores
diferentes.
■ Empresas industriais
■ Firmas de engenharia
■ Bancos internacionais
■ organismo multilaterais

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A ESTRATÉGIA TECNO-FINANCEIRA E AS MULTINACIONAIS “NOVO ESTILO”

● Dunning atribui o nome de “multinacionais novo estilo”


○ Seriam, antes de mais nada, “o sistema nervoso central de um conjunto mais
amplo de atividades, interdependentes mas gerenciadas menos formalmente,
cuja função primordial consiste em fazer progredir a estratégia concorrencial
global e a posição da organização que está no âmago.
● Não é apenas, ou mesmo principalmente, pela organização mais eficiente de sua
produção interna e de suas transações, ou por sua estratégias de tecnologia de
produtos e de comercialização, que essa organização atinge seu objetivo, e sim
pela natureza e forma das relações que estabelece com outras empresas.
○ O objetivo mais do que nunca é o lucro o qual se soma em combinações
variáveis de um capitalismo nacional para outro objetivo de crescer e durar.

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AS NOVAS FORMAS DE INVESTIMENTO

● As novas formas de investimento são definidas por contraposição ao


investimento direto, que comporta um aporte de capital monetário
● As NFIs garantem a uma companhia uma fração do capital e o direito de
conhecer a conduta de outra companhia, sendo que o operador/parceiro
estrangeiro não fornece nenhum aporte em capital, mas somente em ativos
imateriais
○ NFI originam, seja uma participação minoritária, seja uma empresa comum
(joint-venture) reconhecendo a multinacional a propriedade de uma fração do
capital, um direito de participação nos lucros e um direito de acompanhar a
conduta de um parceiro menos poderoso, com base num aporte sob forma de
ativos imateriais.
○ Franchising
○ Leasing
○ Exemplo: joint-ventures criadas pela SABIC (braço industrial da Arábia Saudita)
com a Shell, a Exxon, Mobil: foi a atribuição de uma parte da comercialização,
assegurando aos sauditas um acesso ao mercado protegido por barreiras
industriais na entrada, como contrapartida importante na participação no
capital.

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PARÊNTESE SOBRE O CONCEITO DE CAPITAL

● Críticas formuladas por Andreff a definição de Michalet (existem certas


contradições).
○ Porque a referência às grandes dimensões, quando existe “multinacionalização”
de certas categorias de pequenas e médias empresas?
○ Porque a referência às filiais, quando as novas formas de investimento são
cada vez mais importante?
● A única saída consistiria em “ater-se a uma definição muito ampla de
multinacional, entendia como toda companhia cujo capital está envolvido num
processo de acumulação internacional.

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PARÊNTESE SOBRE O CONCEITO DE CAPITAL
● Luta contra os custos de transações geram as multinacionais
○ As falhas de mercado geram as multinacionais ou as multinacionais geram as falhas
de mercado?
● Mercado intrafirma
● Fonte de competitividade
● Conflito com os pressupostos ortodoxos
○ Falhas nos mercados obrigam as empresas a internalizar atividades
■ Falta de contato entre comprador e vendedor
■ Ignorância de seus desejos recíprocos
■ Falta de acordo quanto a preços
■ Falta de confiança
■ Necessidade de deslocar mercadorias e fatores de produção
■ Tarifas aduaneiras
■ Taxação de ganhos
■ Controle de preços
■ Cotas
● Internacionalização para contornar ou criar falhas de mercado
● Monopólio tecnológico

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