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Teologia Bíblica Batista Reformada
Teologia Bíblica Batista Reformada
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décadas, se espalhou erroneamente a informação de que os batistas nada
tinham com a doutrina calvinista da salvação. Depois que esse frágil muro
ruiu, com o surgimento de incontáveis livros e documentos confessionais que
provavam exatamente o contrário, um novo muro foi erguido e uma nova
afirmação rapidamente surgiu. Agora, o calvinismo dos batistas era
reconhecido, mas negava-se que eles fizessem parte da tradição reformada.
“Os batistas não são reformados” passou a ser ouvido em muitas partes.
Essa também era uma falácia, e mais uma vez os fatos provaram o contrário.
Os batistas são parte da grande tradição de igrejas reformadas surgidas no
século XVII, e a harmonia doutrinária das Confissões de Fé de 1689, de
Westminster e Savoy são apenas uma parte do conjunto de evidências que
testemunha a favor disso.
Em tempos mais recentes, a teologia pactual batista foi contestada. A
negação do pactualismo batista veio, principalmente, dos arraiais
pedobatistas, e para muitos batistas esse não era um assunto importante que
merecesse uma resposta; outros, inclusive, concordaram com os pedobatistas
e juntaram suas vozes às deles. Mas, afinal, os batistas são pactualistas ou
não? Em Teologia Bíblica Batista Reformada, o pastor Fernando Angelim
ajuda a esclarecer esse assunto e a desfazer mais essa falácia. Os leitores de
língua portuguesa ganharam um livro valioso e simples, que pode ajudar
muito os batistas brasileiros, especialmente os batistas reformados.
Recomendo que essa obra seja não somente lida, mas utilizada nas igrejas
como recurso para o ensino.
Marcus Paixão
Pastor da Igreja Batista Bom Samaritano – Teresina, Piauí
Fundador do Curso de História e Teologia Batista (CHTB)
Diretor acadêmico do Seminário Batista Confessional do Brasil (SBCB)
É difícil descrever brevemente o quanto o livro Teologia Bíblica Batista
Reformada, do meu amigo, pastor Fernando Angelim, é imprescindível à
igreja batista brasileira, especialmente às igrejas batistas reformadas, cuja
identidade foi perdida. Em meio ao mar de confusão eclesiástica e teológica
em que vivemos, a confessionalidade é o antídoto germinado desde a
Reforma Protestante. Aprendemos, nesta obra, que ser uma igreja batista
reformada vai muito além dos Cinco Solas da Reforma ou dos Cinco Pontos
do calvinismo, e que ser pactualista não significa necessariamente ser
pedobatista. Portanto, assumir a confessionalidade consolidada pelos
batistas puritanos do século XVII fornecerá a identidade, solidez e segurança
histórico-teológica de que nossas igrejas carecem urgentemente. Aproveite
cada página e consolide sua identidade eclesiástica!
Elivando Mesquita
Pastor da Igreja Batista Reformada em Russas – Ceará
Foi com grande alegria que recebi a notícia de que meu amigo, pastor
Fernando Angelim, teria sua obra sobre o valiosíssimo tema do federalismo
batista reformado publicada pela respeitável editora O Estandarte de Cristo.
Angelim tem se mostrado um fiel ministro do Evangelho, tanto na pregação
quanto em seus livros, sempre apontando para Cristo como meio de
chegarmos a Deus e vivermos para Sua honra. Uma de suas características é
escrever de forma simples, didática e direta sobre assuntos essenciais e
difíceis, o que os torna acessíveis a um grande número de pessoas.
Ora, o assunto da presente obra é fundamental, ainda mais para nossos
tempos de grande confusão nessa área. De fato, a doutrina das alianças é
básica para a correta interpretação das Escrituras, tocando em todo o corpo
teológico e áreas da vida da igreja. Estou convencido de que a linha seguida
por Angelim é bíblica, e é exatamente a mais negligenciada, mesmo entre
batistas, trazendo grande prejuízo para as igrejas. Resgatar essas verdades é
fomentar a restauração da boa doutrina em cada aspecto. O livro do pastor
Angelim cumpre esse papel. E aqui, o talento para a simplicidade do nobre
escritor se evidencia mais uma vez. Ele desenvolve o assunto com base nas
Escrituras de forma lógica, tornando-o claro na medida em que se lê, mesmo
para aqueles que estão lidando pela primeira vez com o tema. Portanto, é
com grande prazer que indico esta obra, acreditando que esta publicação se
tornará uma importante introdução para os que queiram conhecer o
federalismo bíblico batista reformado. Oro que seja assim, para a glória de
nosso amado Redentor e o bem de Sua Igreja, que resgatou com Seu sangue.
Manoel Coelho Jr.
Pastor da Congregação Batista Reformada de Belém – Pará
Como um caudaloso cometa em meio a densas trevas, este tomo traz de volta
parte importante de nossa tradição batista reformada: o aliancismo como
fundamento hermenêutico de nossa teologia! A Confissão de Londres de
1689 (originalmente 1677) adotava este viés hermenêutico, irmanada à
Westminster e Savoy. O Rev. Fernando Angelim nos ilumina com um estudo
sério e profundo de nosso aliancismo batista com suas similaridades e
distintivos. Aos que pouco conhecem nossa história, este trabalho será um
facho de luz. Que Cristo Jesus continue a iluminar nossos dias com obras
deste calibre!
Prof. Dr. D. B. Riker, Ph.D.
Pastor Presidente, Primeira Igreja Batista do Pará
Título Original
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Copyright © 2012 Editora O Estandarte de Cristo
Francisco Morato, SP, Brasil
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1ª edição em português: 2020
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Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Editora O Estandarte de Cristo. Proibida a
reprodução por quaisquer meios, salvo em breves citações, com indicação da fonte.
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Salvo indicação em contrário e leves modificações, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da
versão Almeida Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica
Trinitariana do Brasil.
■
Edição: William Teixeira
Revisão: Pedro Issa, Silvia Hudaba Issa, Talita do Vale
Capa: Fernando Angelim e William Teixeira
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Visite: OEstandarteDeCristo.com
Fernando Angelim
1ª Edição
Francisco Morato, SP
O Estandarte de Cristo
2020
Agradecimentos
O conteúdo deste livro é baseado em uma série de aulas que gravei para o
canal da Escola Teológica Charles Spurgeon, em um módulo de Introdução à
Teologia Bíblica Batista Reformada. Seu conteúdo foi revisado e adaptado
para o formato de livro. Portanto, agradeço à Escola, especialmente ao
pastor Cleyton Gadelha, que me convidou para gravar sobre esse assunto tão
importante. Além disso, sou muito grato à editora O Estandarte de Cristo,
que decidiu lançar o livro ao lado da seleta e excelente lista de obras
publicadas por essa editora.
Alguns grandes amigos foram muito importantes no processo de
revisão do material. São eles: William Teixeira, Pedro Issa, Elivando
Mesquita, D.B. Riker, Janyson Ferreira, Marcus Paixão, Talita do Vale e meu
pai, Antônio Caxinauá, entre outros que assistiram e leram o conteúdo antes
da publicação. Sou grato a todos os irmãos da Igreja Batista Reformada de
Belém, onde tenho o privilégio de servir ao Senhor ao lado de irmãos tão
queridos que sempre me ajudam em oração.
Sou grato por minha amada esposa, Alana, minha mãe, Cléa, e toda a
família que sempre me dá suporte. Além disso, dou graças a Deus pelos
escritos de homens como Nehemiah Coxe, John Owen, Charles Spurgeon,
A.W. Pink, Paul Washer, Jeffrey Johnson, Pascal Denault, Samuel Renihan,
James Renihan, Richard Barcellos, dentre vários outros que muito me
ajudaram na compreensão do conteúdo aqui apresentado.
Acima de tudo, dou graças ao meu Senhor e Deus, Pai, Filho e Espírito
Santo.
Soli Deo Gloria!
Sumário
Prefácio
Introdução
1 • O que é Teologia Bíblica?
2 • Quem são os Batistas?
3 • Um Resumo do Enredo das Sagradas Escrituras
4 • O Pacto de Obras
5 • O Pacto da Graça
6 • O Pacto da Redenção
7 • A Antiga e a Nova Aliança
8 • A Lei de Deus
9 • O Dia do Senhor
10 • Teologia Credobatista x Teologia Pedobatista
Conclusão
Referências
Sites Importantes
Prefácio
As Escrituras Sagradas e a nossa Confissão revelam que “a distância entre
Deus e a criatura é tão grande, que, embora as criaturas racionais Lhe devam
obediência como seu Criador, nunca poderiam ter alcançado a recompensa
da vida, senão por alguma condescendência voluntária da parte de Deus, que
Ele Se agradou em expressar por meio de aliança” (CFB1689 7.1).[1]
Sendo assim, uma compreensão correta dessas alianças e de como, através
delas, Deus condescende em se relacionar com os homens, é da mais alta
importância para todos aqueles que, com um coração pronto e sincero,
desejam interpretar e aplicar corretamente as Escrituras para a glória de
Deus e para edificação de Seu povo pactual, a igreja.
Portanto, quando falamos de aliancismo, estamos falando de um
método de interpretar a Bíblia, ou, para usar uma linguagem mais moderna,
estamos falando de um método de fazer teologia bíblica, mas que, ao mesmo
tempo leva em conta a sistematização de todo o conselho de Deus declarado
na “palavra da verdade” (2 Timóteo 2:15).
Sobre a importância vital desse tema, bem como a abrangência de sua
influência e relação com as demais doutrinas bíblicas, o amado pastor
Jeffrey Johnson disse com propriedade: Quando se trata de uma visão
sistemática e holística da Escritura, nada é mais vital do que uma
compreensão adequada do relacionamento entre os pactos de Deus —
principalmente o relacionamento entre a Antiga e a Nova Alianças. A
teologia pactual molda o entendimento da soteriologia, da eclesiologia e da
escatologia, e, em particular, a visão da natureza e do futuro de Israel, do
reino de Deus, da igreja, das ordenanças e da natureza do retorno de Cristo.
Além disso, observar como a Bíblia é dividida em dois Testamentos (o
Antigo e o Novo) e compreender a continuidade e a descontinuidade entre
eles é primordial para o teólogo sistemático.[2]
Particularmente, estou convencido da extrema necessidade e urgência
da igreja brasileira, especialmente os batistas, recuperar um entendimento
bíblico profundo e piedoso sobre os pactos de Deus. E estou igualmente
convencido de que este excelente livro, do querido pastor Fernando
Angelim, tem muito a contribuir para esse fim.
Escrito de maneira clara e didática, e sobretudo bíblica, este livro se
mostrará útil tanto para o pai de família que deseja conhecer melhor sua
Bíblia e guiar a sua família piedosamente quanto para aquele que foi
chamado a se “apresentar a Deus aprovado, como obreiro que não tem de
que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo
2:15).
O autor inicia definindo o que é teologia bíblica e, mais
especificamente, o que é teologia bíblica reformada, bem como seu método e
suas características. Então, nos toma pela mão e nos conduz a um passeio
pela história da igreja, mostrando como os batistas surgiram no contexto da
Inglaterra do século XVII, a partir do separatismo. Esses batistas ingleses
confessavam uma teologia bíblica que era distintivamente reformada e
pactual.
Em seguida, somos levados a perceber como Deus estruturou a grande
história da Bíblia através de alianças, desde a revelação do Pacto da Graça,
na promessa do Salvador em Gênesis 3:15, até o seu cumprimento na Nova
Aliança, em Cristo Jesus. O livro, então, passa a tratar dos três grandes
pactos de Deus: em primeiro lugar, do Pacto de Obras, que diz respeito à
aliança feita por Deus com Adão no Éden, antes da queda. Adão era o
representante de toda a humanidade, portanto, a queda de Adão em pecado
afetou todos nós. Mas Cristo é o Segundo Adão, o que cumpre perfeitamente
as exigências divinas no lugar do Seu povo crente, que nos liberta da
maldição e nos concede vida eterna. Em segundo lugar, o Pacto da Graça,
que surge do eterno Pacto da Redenção, é revelado progressivamente na
Antiga Aliança e formalmente estabelecido na cruz do Calvário, no
derramamento do sangue do Mediador Prometido. Em terceiro lugar, o Pacto
da Redenção, que foi feito na eternidade e consiste em um acordo entre as
pessoas da Trindade para a redenção dos eleitos no tempo.
Após um tratamento bíblico desses três grandes pactos, surge então a
oportunidade para lidar com o assunto fundamental da natureza da Antiga e
da Nova Aliança, e da distinção entre elas. A Antiga Aliança diz respeito,
particularmente, à aliança legal feita por Deus com Israel, mediada por
Moisés, mas também pode se referir, grosso modo, a todo o período anterior
à morte e ressureição de Cristo. E a Nova Aliança, que, segundo as
Escrituras, equivale ao Evangelho e ao Pacto da Graça, é a maneira pela
qual Deus salva pecadores da caída posteridade de Adão através da obra
redentora do Filho.
Os capítulos 8 e 9 são dedicados a mostrar o relacionamento do
cristão com a lei de Deus, especialmente com o Quarto Mandamento do
Decálogo. O entendimento reformado, puritano e confessional da lei é
explicado à luz das Escrituras e somos exortados a obedecer à lei moral de
Deus em amor e gratidão, seguindo o exemplo do Senhor Jesus, e evitando
tanto o antinomismo quanto o legalismo.
O último capítulo traz uma comparação na qual são traçados as
semelhanças e os contrastes entre a teologia pactual credobatista e a
pedobatista. O livro é concluído com breves reflexões sobre os temas
bíblicos estudados, nas quais o escritor expressa a esperança de que sua
obra seja útil para promover nos leitores o aumento de seu amor a Deus e ao
próximo, e de que todo o conhecimento adquirido nestas páginas resulte em
uma vida piedosa para a glória de Deus.
William Teixeira
Introdução
Uma outra definição dessa área pode ser encontrada no livro “Teologia
Bíblica”, de Nick Roark e Robert Cline, que a define da seguinte maneira:
Teologia bíblica é um modo de ler a Bíblia como uma única história de um
único autor divino, que culmina em quem Jesus Cristo é e o que Ele fez;
então, cada parte da Escritura é entendida em relação a Ele. A teologia
bíblica nos ajuda a entender a Bíblia como um grande livro constituído de
vários livros menores que contam uma única grande história. O herói e o
ponto central dessa história, de capa a capa, é Jesus Cristo.[13]
Portanto, a teologia bíblica é a maneira de observarmos a revelação
de Deus, a sequência dos eventos na grande narrativa bíblica. Trata-se de
uma forma de ler as Escrituras como um único grande livro composto por
diversos livros menores em uma história que culmina em Cristo. Ele é o
ponto central da história e cada parte deve ser entendida em relação a Ele.
Graeme Goldsworthy explica que: A teologia bíblica é um meio de entender
a Bíblia no seu todo, a fim de podermos perceber o desenrolar do plano da
salvação estágio por estágio. A teologia bíblica se ocupa da mensagem de
Deus para nós na forma em que ela realmente assume nas Escrituras.[14]
Portanto, podemos perguntar: Qual é o tema central desse enredo
bíblico? Qual é o elemento unificador encontrado nessa grande narrativa?
Como compreender a história revelada ao longo do Antigo e Novo
Testamento?
O tema central e unificador do enredo bíblico pode ser encontrado na
pessoa de Jesus Cristo. Toda a Escritura fala a Seu respeito. A Bíblia revela
como o Deus Todo-Poderoso resgatou um povo, por meio do sacrifício do
Seu filho unigênito, pelo poder do Espírito Santo, a fim de viver para a Sua
glória. Durante o Antigo Testamento, o Messias é anunciado e prefigurado de
várias formas, e, no Novo Testamento, Ele vem ao mundo para salvar Seu
povo dos seus pecados. Após cumprir Sua missão, Ele é apresentado como
Aquele a Quem toda autoridade foi dada e já reina à destra de Deus, como o
cabeça de Sua igreja que voltará no tempo determinado por Deus para a
consumação de todas as coisas. O príncipe dos puritanos, John Owen,
complementa: Esse princípio sempre deve ser retido em nossas mentes ao
lermos a Escritura, a saber, que a revelação e a doutrina da pessoa de Cristo
e Seu ofício são o fundamento sobre o qual todas as outras instruções dos
profetas e dos apóstolos, para a edificação da igreja, são construídas, e pelo
qual elas são esclarecidas… Portanto, o próprio Senhor Jesus Cristo
manifestou isso de forma geral em Lucas 24:26-27, 45-46. Deixe de lado
essa consideração e as Escrituras deixam de ser o que pretendem, ou seja,
uma revelação da glória de Deus na salvação da igreja…[15]
Owen destaca a revelação e doutrina de Cristo, expressa pelo próprio
Senhor Jesus Cristo no caminho de Emaús, que pode ser observada no
seguinte relato: “Porventura não convinha que o Cristo padecesse estas
coisas e entrasse na sua glória? E, começando por Moisés, e por todos os
profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras” (Lucas
24:26-27). William Hendriksen comenta o que ocorreu ali: É razoável
presumir que nosso Senhor, ao interpretar em todas as Escrituras as coisas
referentes a Ele, mostrou como o Antigo Testamento completo, de diversas
maneiras, aponta para Ele.[16]
Goldsworthy complementa:
Uma vez que Cristo é a síntese de toda a revelação bíblica, o que é
revelado dEle rege nosso modo de fazer teologia bíblica. Jesus de
Nazaré é a mais plena autorrevelação de Deus à humanidade. Ele
traz plena luz ao que, desde o início, foi apresentado no Antigo
Testamento como sombra.[17]
Portanto, a teologia bíblica busca compreender como se desenvolve a
grande história bíblica, a qual Roark e Cline assim resumem: “Deus, o Pai,
enviou seu Filho por meio do Espírito para conquistar um povo para a Sua
própria glória”.[18]
CONCLUSÃO
Nesta introdução, alguns pontos importantes foram trabalhados, a
saber:
1) O estudo da teologia bíblica influencia nossa compreensão de toda
a Escritura e das demais doutrinas bíblicas.
2) A teologia bíblica tem como objetivo estudar a história da
revelação especial de Deus, a história da redenção, a maneira de
observarmos toda a Bíblia como um livro só.
3) A doutrina pactual foi a espinha dorsal que caracterizou a teologia
reformada.
4) A teologia bíblica reformada segue uma hermenêutica clássica, é
pactual, crê na existência de dois representantes federais (Adão e Cristo),
culmina em Cristo e entende que a salvação é concedida com base na Nova
Aliança.
Nos próximos capítulos, daremos maior atenção à teologia bíblica
batista pactual que encontramos na Confissão de Fé Batista de Londres, de
1689. Consideraremos, ademais, os distintivos batistas da teologia pactual, a
qual, por ser uma posição robusta e profundamente bíblica, deve ser
considerada com atenção.
2
Quem são os Batistas?
Católica Romana de seu tempo, o ponto que motivou o rei Henrique VIII à
ruptura com Roma era bem peculiar. A Inglaterra havia saído de uma longa e
devastadora guerra civil, a Guerra das Duas Rosas (1455-85), e estava em
Europa, um processo que começou, na Inglaterra, com seu pai. A ruptura com
Supremacia) sobre a igreja da Inglaterra. Mais do que uma cisão com Roma,
foi uma afirmação do poder de Henrique VIII sobre a igreja. Henrique VIII
alegando que ela havia consumado sexualmente seu casamento anterior com
o irmão de Henrique VIII e, por isso, aquele casamento era ilegítimo aos
olhos de Deus — e por isso, também, Deus não lhes concedia um filho
homem. O papa negou a anulação por ter uma enorme proximidade com os
[45]
Católicos”.
Sendo assim, Henrique VIII rompeu com o papado e fundou a Igreja
Anglicana. Inicialmente tratava-se de uma igreja nacional inglesa de
orientação claramente semelhante à Romana.[46] Elton explica que “Henrique
VIII parece ter pensado que a ruptura com Roma poderia ser realizada sem
uma alteração da doutrina e do culto da Igreja Inglesa”.[47]
O rei, então, teve o apoio do arcebispo da Cantuária, Thomas
Cranmer, que o auxiliou no processo do distanciamento teológico de Roma.
Entretanto, Elton explica ainda que a reforma política estava começando a
provocar certa turbulência religiosa. O pequeno, porém, notável, grupo de
teólogos que adotou as doutrinas de Lutero e Tyndale achava que havia
chegado a hora deles, e Cranmer sentiu-se inclinado a apoiá-los. A
sequência dos acontecimentos mostraria que, posto que a Inglaterra havia
rompido com Roma, o início puramente político da Reforma rapidamente
ganharia a companhia de uma força verdadeiramente religiosa e até
espiritual.[48]
Após a morte de Henrique VIII, seu filho Eduardo VI o sucedeu. Nessa
época, os partidários de uma reforma mais profunda da Igreja Inglesa
tiveram maior influência sobre o rei e isso possibilitou que a Igreja
Anglicana se tornasse protestante. G.R. Elton explica que “Cranmer logo
produziu uma revisão do Livro de Oração (1552), que descartou o que havia
restado da doutrina católica em sua versão anterior e assumiu uma posição
completamente alinhada ao protestantismo”.[49]
Entretanto, esse período foi breve, uma vez que Eduardo VI governou
apenas por seis anos (1547-1553) e foi sucedido por sua irmã, Maria Tudor
(1553-1558), filha de Catarina de Aragão. A rainha ficou conhecida como
“Maria, a sanguinária” devido à sua crueldade na perseguição aos
protestantes. Elton esclarece: Ao longo do ano de 1553 ficou claro que
Eduardo VI tinha pouco tempo de vida. A menos que algo fosse feito, ele
seria sucedido por sua irmã Maria, filha de Catarina de Aragão e uma
seguidora inabalável da Igreja de Roma. Para os contemporâneos, essa
sucessão significou uma reversão completa da política religiosa [adotada
por Eduardo VI] [...].[50]
Em seus dias de reinado, Maria tentou restaurar a Igreja Católica
Romana na Inglaterra e perseguiu ferozmente os líderes protestantes, a ponto
de executar mais de 270 mártires, dentre eles Thomas Cranmer ( † 1556).
Outros fugiram para o continente (Genebra, Zurique, Frankfurt), dentre eles
John Knox e William Whittingham (o principal responsável pela Bíblia de
Genebra). Nesse período, surgiram em Londres as primeiras congregações
autônomas.[51] O relato do martírio de muitos cristãos protestantes desse
período foi registrado no Livro dos Mártires, escrito por John Foxe.
Após o — também breve — reinado de Maria I, um longo reinado
ocorreu sob o governo de Elizabete I (1558-1603). A princípio, os puritanos
se animaram com sua ascensão, mas logo se decepcionaram, pois a rainha
possuía preocupações primordialmente políticas. Com vistas a manter o
controle sobre as igrejas e assegurar certa estabilidade política, procurou
garantir um sistema de governo episcopal, ou seja, a rainha insistiu em
controlar a igreja, reservou para si a nomeação dos bispos.
Então, os protestantes que reivindicavam uma reforma mais profunda
da Igreja Anglicana ficaram conhecidos como “puritanos”, tratava-se de um
nome pejorativo, atribuído pelo alto clero anglicano. O nome se consagrou
especialmente no contexto da “Controvérsia das Vestimentas” (1563-1567),
um protesto que foi feito contra o uso de vestimentas clericais. Os puritanos
afirmavam que a igreja não era plenamente reformada, pois preservava
muitos resquícios do Catolicismo Romano, por isso ela precisava ser
purificada. Essa luta se tornou mais intensa ao longo dos reinados de Jaime I
(1603-1625) e Carlos I (1625-1649). O puritanismo é uma mentalidade ou
atitude religiosa que começou cedo na história da Reforma Inglesa. A
princípio, era identificado com a Igreja Anglicana, contudo, muitos puritanos
separaram-se dela posteriormente, dando origem a diversos grupos como:
batistas, congregacionais e presbiterianos.
Em seu livro Os Puritanos: Suas Origens e Seus Sucessores, D.M.
Loyd-Jones explica que “a mentalidade puritana busca colocar a verdade
antes das questões de tradição e autoridade, e é caracterizada por uma
insistência na liberdade de servir a Deus de maneira como cada qual julga
certa”.[52]
CONCLUSÃO
Vimos brevemente a origem dos batistas e sua identidade pactual
histórica. Mencionamos verdades importantes, tais como: 1) Os batistas têm
suas origens na Reforma, especialmente nos Separatistas da Inglaterra.
2) Os batistas surgiram inicialmente como dois grupos distintos, os
“batistas gerais”, que criam na expiação geral, e os “batistas particulares”,
que tinham forte posição a favor da expiação particular e foram
influenciados pela teologia de homens como João Calvino.
3) Os batistas particulares compuseram as suas confissões de fé em
uma linha teológica reformada.
4) As principais confissões de fé reformadas eram todas pactuais em
sua estrutura de teologia bíblica, com muitas semelhanças em diversos
aspectos, mas havia um distintivo pontual que culminou em uma diferença em
relação ao batismo.
5) Nomes notáveis como John Spilsbery, Henry Lawrence, Thomas
Patient, John Bunyan, Nehemiah Coxe, Benjamin Keach, Charles Haddon
Spurgeon fazem parte dessa história dos batistas.
A seguir, trabalharemos um breve panorama do enredo das Sagradas
Escrituras, antes de examinarmos alguns dos principais termos teológicos
usados para expressar conceitos importantes da teologia pactual batista.
3
Um Resumo do
Enredo Das Sagradas Escrituras
Neste capítulo, faremos um sobrevoo panorâmico na Bíblia para obtermos
uma noção geral do seu enredo e observaremos como a Confissão de Fé
Batista de 1689 apresenta e compreende esse grande enredo. Examinaremos,
à luz das Sagradas Escrituras, um trecho crucial da Confissão de 1689, no
qual encontramos de maneira sintetizada uma parte importante de sua
teologia bíblica. Em seu capítulo Sobre a Aliança de Deus, a Confissão de
Fé Batista de Londres explica: Essa Aliança é revelada no Evangelho;
primeiramente a Adão, na promessa de salvação pela descendência da
mulher, e depois, por etapas sucessivas, até que a sua plena revelação foi
completada no Novo Testamento; e é fundada naquela transação pactual
eterna que houve entre o Pai e o Filho para a redenção dos eleitos; e é
somente pela graça dessa Aliança que todos da posteridade do caído Adão,
que já foram salvos, obtiveram a vida e a bem-aventurada imortalidade. O
homem é agora totalmente incapaz de ser aceito por Deus naqueles termos
em que Adão permanecia em seu estado de inocência.[74]
A Confissão Londrina fala a respeito de uma aliança que foi revelada
no protoevangelho, primeiramente a Adão, por meio de uma promessa de
salvação através de um descendente da mulher, e essa promessa desenvolve-
se ao longo de todo o Antigo Testamento. Além disso, foi revelada por meio
de etapas sucessivas, alcançando sua consumação somente no Novo
Testamento. A confissão também afirma que essa aliança é fundada em uma
transação feita entre as pessoas da Trindade, especificamente entre o Pai e o
Filho, na eternidade, para a salvação de um povo escolhido e que somente
através da graça dessa aliança é que os pecadores da caída posteridade de
Adão podem ser salvos, uma vez que encontram-se em um estado de
incapacidade de serem aceitos nos mesmos termos de Adão enquanto ainda
estava em seu estado de inocência.
Ao longo desse livro, vamos examinar as Escrituras para verificarmos
se encontramos tais afirmações no relato bíblico. Começaremos agora com
um breve panorama das Sagradas Escrituras.
1. ANTIGO TESTAMENTO
Deus criou todas as coisas (Gênesis 1:1). Fez o ser humano à Sua
imagem e semelhança (Gênesis 1:26). O Senhor fez uma aliança condicional
com Adão no Éden, segundo a qual, se ele obedecesse, poderia comer da
árvore da vida e viver eternamente, porém, se desobedecesse, morreria
(Gênesis 3:22, 3:3), com todas as implicações dessa morte (física, espiritual
e eterna). Adão e Eva, seduzidos pela serpente (o Diabo, Apocalipse 12:9),
pecaram contra Deus e quebraram essa aliança, sofrendo as consequências
da queda (Gênesis 3:17; Oséias 6:7). Por ser Adão o cabeça federal (um
indivíduo que representa um grupo) da humanidade, toda a sua descendência
foi afetada por seu pecado (Romanos 5:12). Porém, o Senhor prometeu que
um descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente e que ela lhe
feriria o calcanhar (Gênesis 3:15).
Nota-se que a promessa divina a respeito de um descendente da
mulher que daria o golpe fatal na cabeça da serpente é a primeira promessa
do Evangelho nas Escrituras (protoevangelho), apontando para o Messias,
aquele que viria para desfazer as obras do Diabo (1 João 3:8). Ao longo de
todo o Antigo Testamento, a promessa a respeito do descendente da mulher
se desenvolveu através de sombras, sinais e tipos que apontavam para Cristo
(Lucas 24:27; Colossenses 2:16-17; 2 Timóteo 3:14-15).
Após a queda, toda a criação foi afetada (Romanos 8:18). Os
descendentes do primeiro casal protagonizam uma história trágica: Caim
mata Abel. Em seguida, Lameque, filho de Caim, também se torna assassino
e a imoralidade se multiplica grandemente na terra (Gênesis 6). Diante da
perversidade do coração humano, o Senhor emite um juízo, envia um dilúvio,
porém preserva um remanescente, Noé e sua família são salvos da morte em
uma arca. Após o dilúvio, o Senhor faz uma aliança com Noé, cujo sinal
seria um arco no céu (Gênesis 9:12) e cuja promessa divina era de
preservação da humanidade, pela qual o Senhor garante que não destruiria
mais a terra por meio de um dilúvio. Essa garantia traz uma estabilidade
física para o desenvolvimento da promessa. Entretanto, após o dilúvio, a
corrupção humana permanece. Notamos, na sequência, que os homens em
direta rebelião contra Deus, em vez de honrá-lO e obedecê-lO, buscam unir-
se para engrandecerem a si mesmos, erigindo uma torre que chegasse até o
céu para tornarem, a si mesmos, célebres. O Senhor intervém mais uma vez,
o que culmina na dispersão deles pela terra após o Senhor confundir a língua
que falavam, a ponto de não entenderem uns aos outros (Gênesis 11:4-9).
No desenrolar da história, o Senhor chama Abrão de Ur dos Caldeus
(Gênesis 12), a quem faz promessas a respeito de uma terra, uma
descendência e de que, por meio de seu descendente, todas as nações da
terra seriam abençoadas. Essas promessas tinham aspectos físicos e
espirituais, aspectos terrenos e aspectos celestiais, aspectos condicionais e
aspectos incondicionais (Gênesis 12 e 17). Os aspectos físicos da aliança
abraâmica se cumpririam na nação de Israel, o sinal desta aliança era a
circuncisão física, a terra prometida era Canaã e o desenvolvimento dessa
aliança se daria com sua descendência física na nação de Israel sob a Antiga
Aliança (Gálatas 4:24-31). Entretanto, os aspectos espirituais da aliança
abraâmica referiam-se a Cristo, o descendente de Abraão (Gálatas 3:16), e
se cumpririam na Nova Aliança. A circuncisão, na Nova Aliança, é do
coração, os herdeiros dessas promessas são aqueles que creem em Cristo, os
que têm a fé de Abraão (Gálatas 3:29).
Notamos, mais uma vez, a condução do Senhor na história. Lembrando
da aliança que fez com Abraão, Deus resgata o povo do Egito de maneira
milagrosa sob a liderança de Moisés. O Senhor endurece o coração de
Faraó, envia dez pragas, e após a última delas, o Senhor os tira com mão
forte do Egito, abrindo o mar vermelho para que o povo hebreu passe e
fechando o mar em juízo ao Faraó e seu exército.
Com Moisés, Deus também faz uma aliança no Sinai (Êxodo 20). A
Antiga Aliança (aliança feita no Sinai) tem aspectos condicionais, como o
pacto feito com Adão no Éden (obedeça e viva, desobedeça e morra). É uma
aliança nacional, condicional e temporal. A nação de Israel é constituída nas
leis cerimoniais, civis e morais da aliança sinaítica. Ela serve para
preservar a linhagem do Messias, aponta para Ele através de suas sombras,
sacrifícios e cerimônias, mostra a necessidade de obediência perfeita à Lei,
de expiação de pecados, da necessidade de um mediador e serve como aio
para conduzir a Cristo (Gálatas 3:24-25).
Depois da morte de Moisés, o Senhor levanta Josué para possuir a
terra que prometera, Canaã, e de maneira sobrenatural as muralhas de Jericó
são derrubadas e a terra é conquistada. Após a morte de Josué, o Senhor
suscita juízes para guiar a nação de Israel, que faz o que é mau perante o
Senhor, seguindo o costume de nações pagãs.
Em seguida, o povo de Israel, embora sabendo que o Senhor era o seu
Deus, deseja um rei, como os das outras nações, e escolhe Saul. Esse rei,
porém, torna-se um transgressor. Então, um rei segundo coração de Deus, da
linhagem de Judá, foi escolhido conforme a profecia de Jacó (Gênesis 49:9-
12). Deus faz uma aliança com Davi e lhe promete que um descendente seu
herdaria o trono para sempre. Essa promessa também se referia a Jesus
Cristo (Atos 2:25-35). Após a morte de Davi, seu Filho Salomão assume o
reinado e Israel tem um período de grande prosperidade. Salomão, porém,
não era ainda, em última instância, o descendente prometido. Após sua
morte, seu filho Roboão age de maneira insensata e o reino acaba divido em
dois. Diante de tantas transgressões e imoralidades os dois reinos que agora
existem acabam sendo levados para o cativeiro. O reino do Norte, para o
cativeiro na Assíria, e o reino do sul, para o cativeiro babilônico.
No período do cativeiro babilônico, o rei Nabucodonosor tem um
sonho que revela eventos futuros, nesse sonho ele vê uma grande estátua
possuindo uma cabeça de ouro, peito e braços de prata, ventre e quadris de
bronze e as pernas e os pés em parte de ferro e em parte de barro. No sonho,
uma pedra foi cortada, sem auxílio de mão, a qual feriu a estátua nos pés de
ferro e de barro e os esmiuçou (Daniel 2:31-34). Daniel, por meio de uma
revelação divina interpreta o sonho do rei afirmando que a cabeça
representava o rei da Babilônia, Nabucodonosor, e as outras partes,
dinastias subsequentes, até que, nos dias desses reis, o Deus do céu
levantará um reino que não será jamais destruído, e esse reino não passará a
outro povo, esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas ele mesmo
subsistirá para sempre (Daniel 2:44).
Muitos intérpretes entendem que os reinos mencionados por Daniel
correspondem à seguinte ordem: a cabeça de ouro representa o rei da
Babilônia Nabucodonosor; o peito e braços de prata, o império Medo-Persa;
o ventre e os quadris de bronze, o império grego sob o domínio de
Alexandre, o Grande; as pernas e os pés, o império Romano; e a pedra que
derruba a estátua representa Cristo e o avanço do Reino de Deus.[75]
Além disso, os profetas anunciam a vinda do Messias, explicam que
Ele seria a salvação divina até à extremidade da terra (Isaías 49:6),
declaram sua obra sacrificial e vitoriosa em resgate do seu povo (Isaías
53), falam de uma aliança superior que está por vir, mas não conforme a
aliança que foi feita no Egito, uma vez que o povo a quebrou. Por meio
dessa Nova Aliança, o Senhor imprime Suas leis no coração do Seu povo
particular e todos os que fazem parte dela conhecem o Senhor que promete
perdoar Seus pecados e não lembrar de Suas iniquidades (Jeremias 31:31-
34).
2. O NOVO TESTAMENTO
Por meio de Sua providência, o Senhor conduziu a história, levantou e
derrubou reinos, fez promessas e alianças, mas um propósito central não pode
ser perdido de vista: John Owen compreendeu bem que “Cristo é […] o fim
principal de toda a Escritura”.[76] William Ames acerta ao constatar que “o
Antigo e o Novo Testamento podem ser resumidos a estas duas coisas: ‘o
Antigo promete o Cristo que viria e o Novo testifica que Ele veio’”.[77]
Portanto, na plenitude dos tempos, Cristo Jesus vem, nascido sob a Lei
(Gálatas 4:4), da linhagem de Abraão e Davi, o Filho de Deus, o Verbo que
se fez carne (João 1:14), como cumprimento de todas as profecias, para
resgatar a Sua igreja, aqueles que foram eleitos antes da fundação do mundo
(Efésios 1:4), consumar a obra que o Pai Lhe deu para cumprir (João 17:4),
pagar o preço por todos os pecados do Seu povo (Mateus 1:21), de todos
aqueles que nEle creem (João 3:16). Cristo Jesus é a substância para Quem
todas as sombras apontavam, Ele é a revelação superior (Hebreus 1:1-2). O
sinal de Jonas apontava para a Sua ressurreição (Mateus 12:39-40), a
serpente no deserto, para o Seu sacrifício (João 3:15), o maná apontava para
o pão da vida (João 6), Melquisedeque, para o Seu sacerdócio real (Hebreus
7). Ele é o sumo sacerdote superior, o Rei superior, o Profeta superior
(Hebreus 1:1-4). Ele é o descendente da mulher, o Segundo Adão (Romanos
5:19). Os acontecimentos dos dias de Noé demonstram como será Sua
segunda vinda (Mateus 24.37-39), Ele é o descendente de Abraão, por meio
de Quem todas as nações seriam abençoadas (Gálatas 3:16), Ele é o
cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29), Ele é o
descendente de Davi que assenta no trono (Atos 2:25-36). A Nova Aliança
em Cristo Jesus é superior à Antiga. A Lei foi dada por Moisés; a graça e a
verdade vieram por Jesus Cristo (João 1:17).
A Nova Aliança é incondicional, todos os que fazem parte dela
conhecem o Senhor e tem seus pecados perdoados, ou seja, essa aliança é
um Pacto de Graça e é feita com os salvos (Hebreus 8; Gálatas 4; Lucas
22:20). O sangue de bodes e ovelhas não tinha poder para pagar pecados
(Hebreus 9:12), somente o precioso sangue de Cristo Jesus é que nos redime
de todo pecado (1 Pedro 1:18-19). A Nova Aliança é estabelecida com
todos aqueles que foram regenerados, todos os que estão em Cristo, pois
nEle não há judeu nem grego, Ele é tudo em todos (Gálatas 3:28). Os gentios
convertidos são enxertados na oliveira (Romanos 11), fazem parte da
aliança, como o apóstolo Paulo afirma em Efésios 2:14-16: Porque ele é a
nossa paz, o qual de ambos os povos fez um; e, derrubando a parede de
separação que estava no meio, na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei
dos mandamentos, que consistia em ordenanças, para criar em si mesmo dos
dois um novo homem, fazendo a paz, e pela cruz reconciliar ambos com
Deus em um corpo, matando com ela as inimizades.
Portanto, a Nova Aliança é firmada com os crentes, os eleitos, quer
judeus, quer gregos, com todos que se rendem a Cristo. A igreja de Deus é
composta de judeus e gentios convertidos a Cristo.
Entendemos que o reino de Deus já está entre nós (Lucas 17:21;
Mateus 3:2). Toda autoridade foi dada a Cristo (Mateus 28:18), Ele
assentou-se à destra da majestade nas alturas (Hebreus 1:3), mas ainda
não na sua plenitude, que se dará em Sua segunda vinda e na consumação
de todas as coisas (Apocalipse 21:1). É o período da proclamação do
Evangelho por toda a terra (Mateus 28:18-19), no qual chamamos os
rebeldes para renderem-se, enquanto há tempo, ao grande Rei que virá. O
Senhor Jesus Cristo voltará, descerá do céu com alarido e com voz de
arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo
ressuscitarão primeiro. Depois, aqueles que ficarem vivos, serão
arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para encontrar o Senhor nos
ares, e assim estaremos sempre com o Senhor (1 Tessalonicenses 4:16-17).
E então, virá o fim, quando Ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando
houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder (1
Coríntios 15:24). Na consumação de todas as coisas, Satanás e seus
demônios serão lançados no lago de fogo junto com todos os ímpios, para
sofrerem eternamente em justa condenação (Apocalipse 20:10), e os justos
viverão eternamente com Deus e serão o Seu povo, e viverão em novos céus
e nova terra, onde habita a justiça (Apocalipse 21:1). Por fim, o Deus triuno
reinará absoluto em majestade e glória.
Assim, pudemos observar o enredo das Escrituras de modo bem
resumido, seguindo a linha: Criação, Queda, Redenção e Consumação. No
final das contas, ou alguém está em Adão, tentando se salvar por suas
próprias obras, ou está em Cristo, sendo salvo por meio dEle. Cristo é o
cabeça federal da igreja. Na consumação dos tempos, o Senhor reinará
plenamente junto ao Seu povo, que resgatou por Sua maravilhosa graça.
Diante disso podemos dizer junto com Paulo: Ó profundidade da riqueza da
sabedoria e do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os Seus juízos,
e inescrutáveis os Seus caminhos! “Quem conheceu a mente do Senhor? Ou
quem foi Seu conselheiro?”. “Quem primeiro lhe deu, para que Ele o
recompense?”. Pois dEle, por Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele seja
a glória para sempre! Amém.[78]
CONCLUSÃO
Neste capítulo, tivemos a oportunidade de passear pelas Escrituras e
notar várias passagens importantes para compreendermos o desenvolvimento
de seu enredo. Alguns desses eventos marcantes foram destacados pela
Confissão de Fé de 1689, como por exemplo: 1) A queda de Adão afetou
toda a sua descendência, pois ele era o representante federal da
humanidade.
A Confissão de Fé Batista de 1689 concorda: “Nossos primeiros pais,
por esse pecado, decaíram de sua retidão original e da comunhão com Deus,
e nós neles, e por isso a morte veio sobre todos: todos nos tornamos mortos
em pecado e totalmente corrompidos em todas as faculdades e partes da
alma e do corpo”.[79]
2) Um Salvador foi prometido desde Gênesis 3:15.
A Confissão de Fé Batista de 1689 afirma: “Essa Aliança é revelada
no Evangelho; primeiramente a Adão na promessa de salvação pela
descendência da mulher”.[80]
3) Essa promessa se desenvolveu ao longo de todo o Antigo
Testamento, por etapas sucessivas.
Micah e Samuel Renihan afirmam que a promessa de redenção informa
e une toda a história redentora.[81] A Confissão de Fé Batista de 1689 cita:
“e depois por etapas sucessivas”.[82] Notamos diversas sombras, tipos e
figuras que apontavam para Cristo e várias alianças que Deus fez que
prepararam o caminho para a vinda do Messias na plenitude dos tempos.
4) O cumprimento dessa promessa se deu somente na Nova Aliança
em Cristo.
A Confissão de Fé Batista de 1689 concorda: “Até que a sua plena
revelação foi completada no Novo Testamento”.[83]
5) A Nova Aliança é a realização completa, na história, da eterna
aliança da Redenção.
A Nova Aliança, o Pacto da Graça, ocorreu com base na eterna
aliança entre as pessoas da Trindade, antes da fundação do mundo. A
Confissão de Fé Batista de 1689 explica: “e é fundada naquela transação
pactual eterna que houve entre o Pai e o Filho para a redenção dos eleitos”.
[84]
1. DEFINIÇÃO DE TERMOS
Existem alguns termos que utilizamos para obtermos uma melhor
compreensão da teologia bíblica e resumir pontos importantes. Esses termos,
quando empregados, servem para exprimir realidades bíblicas. Embora
alguns deles não estejam expressos literalmente nas Escrituras, eles expõem
conceitos extraídos delas, como, por exemplo, o termo “Trindade”, que não é
encontrado literalmente na Escritura, mas expressa algo que é claramente
encontrado na Bíblia, ou seja, o Deus que é, ao mesmo tempo, único e tri-
pessoal (Pai, Filho e Espírito Santo). John Owen defende a utilização de tais
termos ao afirmar: […] deverá ser feito o uso de algumas palavras e
expressões que, talvez, não estejam literal e formalmente contidas na
Escritura; mas essas palavras e expressões, para nossas concepções e
apreensões, servirão apenas para expor o que está contido nas Escrituras. E
negar a liberdade para isso, e até mesmo a necessidade disso, é negar toda a
interpretação da Escritura, todos os esforços para expressar o sentido das
palavras para o entendimento uns dos outros, o que é, em uma palavra, tornar
a própria Escrituras completamente inútil. Pois se for ilegítimo falar ou
escrever o que eu concebo ser o sentido das palavras da Escritura, e a
natureza do que é significado e expressado por elas, também é ilegítimo para
mim pensar ou conceber em minha mente o sentido das palavras ou da
natureza das coisas, e isso implica em nos embrutecermos a nós mesmos, em
frustrar todo o desígnio de Deus ao nos dar o grande privilégio de Sua
Palavra.[86]
Portanto, é importante definirmos alguns desses termos antes de
avançarmos, para evitarmos equívocos.
1.1. Pacto/Aliança
Sobre os pactos feitos por Deus para com os homens, Kline define uma
aliança como “um compromisso com sanções divinas entre um Senhor e um
servo”.[87] Entretanto, a Nova Aliança (Pacto da Graça), trate-se mais de
uma concessão unilateral do que um pacto bilateral, uma vez para os homens
é incondicional uma vez que Deus é quem toma a iniciativa e Cristo é
cumpre as condições no lugar de seu povo.[88]
1.2. Promessa
Além disso, é importante fazermos a distinção entre promessa e
aliança. John Spilsbery ressalta a diferença entre elas, mostrando que uma
promessa sem resposta não é uma aliança, esse entendimento será útil para
evitarmos certos equívocos no desenrolar do estudo. Segue a definição de
Spilsbery do que queremos dizer com “promessa”: Sabemos que toda
promessa não é uma aliança: há uma grande diferença entre uma promessa e
uma aliança. Que seja bem considerado o que aqui se quer dizer por
promessa, que é o Messias enviado por Deus, ou a descendência em quem as
nações devem ser abençoadas; e, portanto, a promessa consiste no envio de
um Salvador ou Redentor para Israel.[89]
1.5. Tipo/Antítipo
Richard Barcellos define tipo como “uma pessoa, um lugar, uma
instituição ou um evento histórico designado por Deus para apontar para
alguma pessoa, lugar, instituição ou evento históricos futuro”. E exemplifica:
Primeiro, um tipo é uma pessoa, um lugar, uma instituição ou um evento
histórico designado por Deus para apontar para alguma pessoa, lugar,
instituição ou evento históricos futuro. Um exemplo disso seria o sistema
sacrificial revelado a nós no Antigo Testamento. Essa instituição foi
designada por Deus para apontar para o sacrifício definitivo de Cristo.
Segundo, aquilo para o quê os tipos apontam são sempre maiores que os
tipos em si. Por exemplo: “o sangue de touros e bodes” poderiam apontar
para Cristo, mas não poderiam e nem fizeram o que o sacrifício de Cristo fez
— tirar os pecados (Hebreus 10:4, 11-14). Terceiro, tipos são ao mesmo
tempo semelhantes e diferentes de seus antítipos. O sangue de animais foi
derramado; o sangue de Cristo foi derramado. O sangue de animais não
tirava o pecado; o sangue de Cristo tira o pecado. Quarto, os antítipos nos
dizem mais acerca de como seus tipos antecedentes funcionavam como tipos.
O sangue de Cristo tira o pecado; o sangue de animais apontava para isso.[91]
O antítipo é a substância daquilo que foi prefigurado pelo tipo, é a
realidade para a qual o tipo apontava. Por exemplo, o sangue e sacrifício de
animais no Antigo Testamento era o tipo que apontava para o antítipo, o
sacrifício de Cristo.
CONCLUSÃO
Observamos o significado de vários termos importantes para o estudo
da teologia bíblica e salientamos especificamente ao “Pacto de Obras” e
buscamos compreender suas implicações na história da salvação.
Observamos que: 1) O Pacto de Obras diz respeito à aliança feita por Deus
com Adão no Éden, antes da queda.
2) Adão foi criado moralmente justo, mas mutável.
3) Adão deveria obedecer perfeitamente à lei de Deus e não comer da
árvore do conhecimento do bem e do mal; se obedecesse, viveria e poderia
comer da árvore da vida, se desobedecesse, morreria, com todas as
implicações dessa morte.
4) Adão era o representante de toda a humanidade, por isso a queda de
Adão afetou toda a sua descendência.
6) Os descendentes de Adão continuam obrigados a obedecer
perfeitamente à lei de Deus, mesmo que agora estejam incapacitados para
tanto.
7) Cristo é o Segundo Adão que cumpre perfeitamente as exigências
divinas no lugar do Seu povo.
8) O pecado de Adão foi imputado a todos quantos estavam em Adão,
e assim também a obediência de Cristo é imputada a todos que estão em
Cristo.
9) Os seres humanos só podem ser salvos pela graça, mediante a fé em
Cristo Jesus.
10) Entender o Pacto de Obras nos ajuda a entender melhor a vocação
de nosso Senhor e o Evangelho com mais claridade e profundidade
teológica.
A seguir daremos sequência aos nossos estudos falando sobre um tema
importantíssimo, o Pacto da Graça.
5
O Pacto da Graça
1. PACTO DA GRAÇA
O Pacto da Graça diz respeito à maneira pactual pela qual Deus
escolheu salvar pecadores da caída posteridade de Adão, a saber, pela graça,
mediante a fé em Cristo Jesus. Pascal Denault resume: O Pacto de Graça é
simplesmente a salvação em Jesus Cristo; a vida eterna gratuita pelo
Evangelho. Nós o chamamos de “Pacto da Graça” porque a salvação é dada
sob a forma de uma aliança que procede exclusivamente da graça incondicional
de Deus. Todos os homens estão debaixo do Pacto de Obras em Adão, mas
apenas os eleitos se tornam participantes do Pacto de Graça.[115]
Há muitos textos das Escrituras que falam sobre esse precioso Evangelho
da salvação em Cristo que foi dado em forma de aliança divina. Após a queda
do primeiro Adão, o Senhor promete, em Gênesis 3:15, que o descendente
da mulher esmagaria a cabeça da serpente. É notável que, em 1 João 3:8, o
apóstolo afirme que o Filho de Deus Se manifestou para desfazer as obras do
Diabo. Observamos, em Lucas 24:27, 44 e João 5:39, que Jesus era o
messias prometido ao longo de todas as Escrituras, as quais dão testemunho
dEle. Em Colossenses 2:16, Paulo demonstra que todo o sistema cerimonial
era como sombra das coisas que haveriam de vir e apontava para Cristo. Em
João 17, notamos que o Filho veio cumprir a missão que Lhe fora dada pelo
Pai antes da fundação do mundo (João 17:4-6). Em 1 Coríntios 15:45 e ao
longo do capítulo 5 de Romanos, entendemos que Jesus Cristo é o último
Adão, que cumpre Sua missão e justifica Seu povo. Ele é o cabeça da igreja
(Efésios 4:15). Jesus morreu na cruz do Calvário suportando a ira divina no
lugar de pecadores, tomou sobre Si a pena de muitos e por eles intercedeu
(Isaías 53). Ele venceu a morte e ressuscitou ao terceiro dia (1 Coríntios
15:4, 55-56) para a justificação de todo aquele que nEle crê (João 3:16). 1
Timóteo 2:5 afirma que há um só Deus e um só Mediador entre Deus e os
homens, Jesus Cristo, homem. Hebreus 12:24 afirma que Jesus Cristo é o
mediador de uma Nova Aliança. Em Hebreus 8, vemos que a Nova Aliança
em Cristo é substancialmente superior à Antiga e baseada em superiores
promessas, e 1 Coríntios 11:25 nos informa que, durante a Sua última ceia, o
Senhor Jesus explicou que o cálice representa a Nova Aliança no Seu sangue.
Em Efésios 2:1-10 Paulo afirma que, em Cristo, os crentes são salvos pela
graça mediante a fé. Em 2 Coríntios 3:6, Paulo afirma que os cristãos são
ministros de uma Nova Aliança.
Esses são apenas alguns textos sobre o assunto. Notamos, portanto, que
as boas novas de salvação em Cristo podem ser claramente encontradas nas
Escrituras como um plano eterno de Deus revelado ao longo da Bíblia,
primeiramente como uma promessa no Antigo Testamento, mas que tem seu
estabelecimento na Nova Aliança. Jesus Cristo é o Segundo Adão, o Mediador
da Nova Aliança que foi confirmada em Seu próprio sangue, Cristo é o
representante de Seu povo. Portanto, aqueles que estão nesse pacto são salvos
não por seus próprios méritos, mas pela graça, mediante a fé em Cristo, seu
cabeça federal. Essa Nova Aliança, pela qual Deus salva o Seu povo por meio
de um Mediador, e que é claramente mencionada nas Escrituras, é o que
chamamos de Pacto da Graça. Passemos, então, a observar algumas
características desse pacto.
entre o Federalismo dos Batistas Particulares e dos Pedobatistas do Século XVII. 1ª ed. São
CONCLUSÃO
Aprendemos, neste capítulo, a respeito do Pacto da Graça, que na
visão batista equivale à Nova Aliança em Cristo Jesus. Sobre esse Pacto da
Graça aprendemos importantes verdades: 1) O Pacto da Graça deriva do
Pacto da Redenção.
2) O Pacto da Graça foi revelado progressivamente na Antiga Aliança
e formalmente estabelecido na Nova Aliança em Cristo Jesus.
3) A Nova Aliança possui efeito retroativo que alcança até mesmo os
crentes do Antigo Testamento.
4) Os crentes do Antigo Testamento foram salvos pela graça, mediante
a fé na promessa do Messias que viria.
5) Os crentes do Novo Testamento são salvos pela graça, mediante a
fé no Cristo que já veio, estabeleceu a Nova Aliança e voltará.
6) Para os crentes, a Nova Aliança é incondicional, pois Cristo
cumpriu todas as exigências em nosso lugar. Portanto, participamos desse
Pacto pela Graça, mediante a fé em Cristo.
Diante de tudo o que foi exposto, convido você a refletir nas palavras
de C.H. Spurgeon: “A pergunta a ser feita para você, e para mim, e para
cada um, é: ‘Eu sou participante de Cristo? Será que Cristo Jesus é meu
Representante?’”.[148]
6
O Pacto da Redenção
https://oestandartedecristo.com/2020/01/01/um-grafico-sobre-teologia-biblica-batista
CONCLUSÃO
Neste capítulo, estudamos o “Pacto da Redenção”, e sobre ele
destacamos as seguintes verdades:
1) O Pacto da Redenção serve de fundamento para o Pacto da Graça;
2) O Pacto da Redenção foi feito na eternidade;
3) O Pacto da Redenção é um acordo entre as pessoas da Trindade;
4) O Pacto da Redenção foi feito para a salvação dos eleitos.
Concluímos, assim, a definição dos três grandes pactos. Nos próximos
capítulos, trabalharemos o tema da Lei de Deus e Seus mandamentos, em
uma perspectiva bíblica, batista e pactual, e alguns aspectos de continuidade
e descontinuidade entre a Antiga e a Nova Aliança.
7
A Antiga e a Nova Aliança
1. A ANTIGA ALIANÇA
2. A NOVA ALIANÇA
Já notamos que na perspectiva batista reformada, o termo Pacto da
Graça é equivalente à Nova Aliança e diz respeito à manifestação do eterno
plano redentor na história, à promessa salvadora revelada no Antigo
Testamento e estabelecida na plenitude dos tempos em Cristo Jesus. Este é
um dos pontos em que a teologia bíblica batista pactual se distingue da
teologia pactual pedobatista. O Pacto da Graça foi revelado como uma
promessa em Gênesis 3:15 e estabelecido na história somente na Nova
Aliança em Cristo, portanto, a Nova Aliança equivale ao Pacto da Graça
estabelecido e ratificado no sangue de Cristo. Na Antiga Aliança, apesar de
o Pacto da Graça ser prometido, ele ainda não fora estabelecido. Assim, os
batistas entendem que existe uma diferença substancial entre a Antiga e a
Nova Aliança, ao passo que os pedobatistas entendem de maneira diferente.
Para os pedobatistas, o Pacto da Graça foi estabelecido já em Gênesis
3:15 e administrado de diversas formas ao longo do Antigo Testamento. Ou
seja, todas as alianças feitas no Antigo Testamento são administrações do
Pacto da Graça, e a Nova Aliança seria somente mais uma administração
desse pacto. Logo, eles não creem que a Nova Aliança é substancialmente
diferente da Antiga. Trabalharemos esse ponto adiante.
Os batistas, por sua vez, compreenderam que o texto de Hebreus 8:6-
13 apresenta claramente a distinção entre a Antiga e a Nova Aliança: Mas
agora alcançou ele ministério tanto mais excelente, quanto é mediador de
uma melhor aliança que está confirmada em melhores promessas. Porque, se
aquela primeira fora irrepreensível, nunca se teria buscado lugar para a
segunda. Porque, repreendendo-os, lhes diz: Eis que virão dias, diz o
Senhor, em que com a casa de Israel e com a casa de Judá estabelecerei uma
nova aliança, não segundo a aliança que fiz com seus pais no dia em que os
tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; como não permaneceram
naquela minha aliança, eu para eles não atentei, diz o Senhor. Porque esta é a
aliança que depois daqueles dias farei com a casa de Israel, diz o Senhor;
porei as minhas leis no seu entendimento, e em seu coração as escreverei; e
eu lhes serei por Deus, e eles me serão por povo; e não ensinará cada um a
seu próximo, nem cada um ao seu irmão, dizendo: Conhece o Senhor; porque
todos me conhecerão, desde o menor deles até ao maior. Porque serei
misericordioso para com suas iniquidades, e de seus pecados e de suas
prevaricações não me lembrarei mais. Dizendo Nova aliança, envelheceu a
primeira. Ora, o que foi tornado velho, e se envelhece, perto está de acabar.
O texto apresenta Jesus Cristo como Mediador de uma melhor aliança,
baseada em melhores promessas. Explica também que, se a aliança anterior
(a Antiga Aliança) fosse sem defeito, não se procuraria lugar para outra.
Mas o autor aos Hebreus prossegue citando o texto de Jeremias 31,
mostrando que, desde o Antigo Testamento, havia a promessa de uma
superior e Nova Aliança.
A função da Antiga Aliança foi demonstrar que todos estavam debaixo
do pecado e os conduzir, através de tipos, sombras e promessas, a Cristo.
Em sua exegese de Hebreus 8, John Owen destaca a superioridade da Nova
Aliança em relação à Antiga: Aquilo que antes estava oculto em promessas e
em muitas coisas obscuras — e quando os principais mistérios eram um
segredo escondido no próprio Deus — foi agora trazido à luz; e aquela
aliança que, invisivelmente, em forma de promessa, mostrou sua eficácia sob
tipos e sombras, foi agora solenemente selada, ratificada e confirmada na
morte e ressurreição de Cristo. Antes, ela [a Aliança da Graça ou Nova
Aliança] havia sido confirmada em forma de uma promessa, que é um
juramento; agora, foi confirmada como uma aliança, que é o sangue.
Aquilo que antes não tinha adoração visível, exterior, própria e peculiar a
ela, agora é feita a única regra e instrumento de adoração para toda a igreja,
nada passa a ser admitido, senão o que lhe pertence e é designado por ela. É
isso que o apóstolo intenciona ao usar o termo νενομοθέτηται, a saber, o
“estabelecimento legal” da Nova Aliança, com todas as ordenanças de sua
adoração. E, nisso, a outra aliança é anulada e abolida; e não apenas a
aliança em si, mas todo aquele sistema de culto sagrado segundo o qual ela
foi administrada. […] Quando a Nova Aliança foi dada apenas em forma de
uma promessa, ela não introduziu adoração e nem privilégios pertencentes a
ela. Por isso, ela foi consistente com uma forma de adoração, ritos e
cerimônias e todas aquelas outras instituições da Antiga Aliança que, juntas,
constituíam um jugo de escravidão, pois tudo isso não pertencia à Nova
Aliança. E assim também essas, se forem adicionadas após o
estabelecimento da Nova Aliança, embora não anulem sua natureza como
uma promessa, contudo são inconsistentes com ela, enquanto já concluída
como uma aliança; pois, então, todo a adoração da igreja deveria proceder e
ser conformada a ela. Então ela estava estabelecida.[202]
Portanto, Owen compreendia que na Antiga Aliança o Pacto da Graça
havia sido revelado, e na Nova Aliança ele foi estabelecido legalmente com
suas ordenanças de culto e selado com sangue. Portanto, as cerimônias e
sombras da Antiga Aliança seriam abolidas uma vez que encontrassem sua
consumação em Cristo. Por exemplo, digamos que você tenha um ticket de
um grande prêmio. Uma vez que você já recebeu o prêmio, você não precisa
mais do ticket, ele já cumpriu a sua função. Uma vez que Cristo estabeleceu
a Nova Aliança, não precisamos mais nos apegar às cerimônias que O
anunciavam, elas cumpriram a sua função. Uma vez que temos o Sumo
Sacerdote superior da ordem de Melquisedeque, o sacerdócio levítico já
cumpriu a sua função, não há mais necessidade de sacrifícios de animais,
tampouco de um outro sacerdote, pois Cristo é o Mediador de uma aliança
superior.
Além disso, a Nova Aliança não seria como a aliança mosaica, a qual
era condicional e cujos participantes não cumpriram suas condições — pelo
contrário, quebraram a aliança. Diferente da Antiga Aliança, na qual
encontramos condições do tipo “se” vocês fizerem isso, “então eu” farei
aquilo, a Nova Aliança é incondicional para todos os seus participantes,
aqueles que são verdadeiramente salvos pela fé em Cristo. Stuart Ollyot
comenta: Na Antiga Aliança, Deus disse, com efeito: “Se vocês… então
eu…”. As bênçãos pactuais estavam condicionadas à obediência humana. Na
Nova Aliança, Deus fala: “Eu quero fazer…”. É interessante observar
quantas vezes isso ocorre nos versículos de Hebreus 8:7-12. Embora não
esteja claro, mas apenas implícito, a partir desses versículos, o fato é que
tais bênçãos são condicionadas à obediência de Cristo. Ele é o Mediador da
Nova Aliança.[203]
Charles Spurgeon afirma que a promessa da Nova Aliança, anunciada
em Jeremias 31:31, destaca a distinção substancial entre a Antiga e a Nova
Aliança, salientando que esta possui caráter incondicional, inquebrantável e
que sua membresia é composta somente de verdadeiros descendentes de
Abraão, ou seja, de crentes verdadeiros. Ele diz: No capítulo 31 de
Jeremias, versículo 31, essa aliança é chamada “nova aliança”. Isso
contrasta com a aliança anterior que o Senhor fez com Israel quando o trouxe
para fora do Egito. É nova no que diz respeito ao princípio em que se baseia.
O Senhor havia dito aos Seus que, se guardassem as Suas leis e andassem
nos Seus estatutos, Ele os abençoaria. Ele colocou diante deles uma longa
lista de bênçãos, ricas e plenas; todas elas seriam a sua porção se
escutassem o Senhor e obedecessem à Sua lei. Mas nos dias presentes, o
Senhor, em Cristo Jesus, tem feito com a verdadeira descendência de
Abraão, com todos os crentes verdadeiros, uma Nova Aliança; não segundo
o teor da Antiga, nem passível de ser quebrada, como aquela. Irmãos, tomem
o cuidado de distinguirem entre a Velha Aliança e a Nova Aliança, porque
nunca deverá haver confusão entre elas. Muitos nunca percebem a
verdadeira natureza da Aliança da Graça; eles não entendem um pacto de
pura promessa. Falam a respeito da graça, mas consideram que ela depende
do mérito. Falam da misericórdia de Deus, porém a misturam com condições
que fazem com que seja mais justiça do que graça. Irmãos, façam distinção
entre coisas diferentes. Se a salvação é por graça, não é por obras, senão, a
graça já não seria graça; e se é por obras, não é por graça, senão as obras já
não seriam obras (conforme Romanos 11:6). A Nova Aliança é toda pela
graça, desde a primeira letra até à sua palavra final.[204]
A Nova Aliança é incondicional para os seus participantes. Uma vez
que Cristo cumpriu todas as condições em nosso lugar, todos os participantes
dessa aliança são salvos, todos conhecem o Senhor. Aqueles que estão na
Nova Aliança são aqueles que estão em Cristo, são os herdeiros das
promessas espirituais feitas a Abraão (Gálatas 3:29). Paul Washer afirma
corretamente que: Ela [a Nova Aliança] assegura a nós crentes que, apesar
de nossa incapacidade, fomos levados a uma aliança eterna e incondicional
com Deus. Tudo é obra dEle, e, portanto, temos uma palavra segura sobre a
qual nos firmar, não somente nesta vida como também em todas as eras por
vir. É por essa razão que reconhecemos livremente, de comum acordo, que é
pela graça que somos salvos, não por nós, não por obras para que ninguém
se glorie (Efésios 2:8-9). As promessas do Antigo Testamento quanto à
natureza eterna e incondicional da Nova Aliança não se limitam ao profeta
Jeremias, mas são igualmente reveladas nas palavras do profeta Isaías. Por
ele, Deus declara a Seu povo: “Inclinai os ouvidos e vinde a mim; ouvi, e a
vossa alma viverá; porque convosco farei uma aliança perpétua, que consiste
nas fiéis misericórdias prometidas a Davi (55:3)”.[205]
Outro fator a ser considerado é que na Antiga Aliança a lei foi gravada
em tábuas de pedra, já na Nova Aliança, a lei é gravada na mente e no
coração do povo de Deus (Hebreus 8:10). A Antiga Aliança mostra o
pecado, a Nova aliança resolve o problema do pecado através da obra do
Mediador, Jesus Cristo, que derramou o Seu sangue que nos lava de todo
pecado. Em Hebreus 8:12 o Senhor diz: “Porque serei misericordioso para
com suas iniquidades, e de seus pecados e de suas prevaricações não me
lembrarei mais”. Jeffrey Johnson explica muito bem esses pontos: A
principal diferença entre as duas alianças foi que, enquanto a Antiga Aliança
foi quebrada, a Nova Aliança seria inquebrantável. Por exemplo, a Antiga
Aliança apresentava a lei escrita em pedra, mas não podia mudar um
coração de pedra. Em contraste, a Nova Aliança escreve a lei sobre o
coração (Jeremias 31:33). A Antiga Aliança exigia um coração
circuncidado, mas a Nova Aliança fornece um coração circuncidado. Alguns
membros da Antiga Aliança foram afastados de Deus, mas todos os membros
da Nova Aliança são preservados em um relacionamento amoroso e pessoal
com Deus (Jeremias 31:34). A lei condenou os membros da Antiga Aliança,
enquanto os membros da Nova Aliança são justificados em Cristo.[206]
Portanto, vimos que a entrada na Antiga Aliança se dava pela
circuncisão, logo após o nascimento, mas a entrada na Nova Aliança é pela
circuncisão do coração, pelo novo nascimento. A Antiga Aliança era como
uma sombra, a Nova Aliança, a substância; com o estabelecimento da Nova,
a Antiga torna-se antiquada. Micah e Samuel Renihan acertam ao afirmar
que: No Antigo Testamento, a Antiga Aliança era um tipo e sombra da
plenitude que estava por vir. Essa plenitude foi envolta em mistério e tipos
que esperavam por serem revelados em Cristo. Com a vinda de Cristo, agora
temos essa plenitude. Os elementos externos, tipológicos da Antiga Aliança
são abolidos. O mistério e as sombras se foram.[207]
Paul Washer afirma corretamente que:
É impossível que o sangue de touros e bodes tire os pecados ou
aperfeiçoe a consciência do adorador (Hebreus 9:9, 10:4). É
impossível à lei, devido à fraqueza da carne humana, mudar os afetos
da pessoa, transformando-a em pensamento e ação (Romanos 8:3).
Por essa razão Deus declara, por intermédio de Jeremias, a feliz
notícia de uma nova e superior aliança, estabelecida sobre
promessas melhores (Hebreus 8:6). Ela possuiria e demonstraria
uma plenitude da qual a Antiga Aliança era apenas tipo ou sombra.
Faria demandas sobre o povo de Deus que excederiam em muito o
que Moisés lhes entregara, contudo, proveria uma transformação e
um poder que os capacitaria a obedecer.[208]
Micah e Samuel Renihan complementam que:
Com a Nova Aliança, vem o irromper do tempo escatológico em sua
forma “já-ainda não”. O povo da Antiga Aliança foi gerado
naturalmente e marcado pela circuncisão da carne. O povo da Nova
Aliança é gerado espiritualmente e, do mesmo modo, circuncidados
no coração — é o antítipo da circuncisão. Portanto, o batismo deve
ser administrado apenas para aqueles que nasceram espiritualmente
na aliança, que entraram na Nova Aliança através da fé em Cristo ao
nascerem de novo. A única forma prescrita nas Escrituras para
avaliar se alguém está na aliança é uma profissão de fé. Após a
profissão de fé, o batismo é administrado. Este é precisamente o
padrão que vemos no Novo Testamento: o batismo acontece após
uma profissão de fé.[209]
Nesse trecho, os irmãos Renihan demonstram o motivo dos batistas,
conforme esse entendimento da Nova Aliança, batizarem somente aqueles
que fazem profissão de fé em Cristo. Uma vez que na Nova Aliança todos
conhecem o Senhor e tem seus pecados perdoados, e a entrada nesse
concerto não se dá por nascimento físico, mas pelo novo nascimento. A
única maneira prescrita na Escritura para avaliar esse ponto é a profissão de
fé. Portanto, os batistas entendem que somente devem batizar aqueles que
demonstram arrependimento e fé em Cristo, pois esse é o sinal de que fazem
parte do Pacto da Graça. Fred Malone, complementa: Quem é a
“descendência” de Cristo, a quem pertencem as promessas da Aliança com
Abraão? São aqueles que pertencem a Cristo (Gálatas 3:29) e estes somente
são revelados por sua fé. Os únicos que têm uma reivindicação à herança de
Deus são os filhos de Deus pela regeneração do Espírito (Romanos 8:9, 14-
17; João 1:12-14). Portanto, ninguém é considerado um herdeiro das
promessas abraâmicas até que, pela fé, ele dê evidência de ser um
“descendente” de Abraão por meio de Cristo, que é o cumprimento literal da
descendência de Abraão. E nós “pertencemos a Cristo” somente através da
fé que evidencia a regeneração (Gálatas 3:22, 29).[210]
CONCLUSÃO
Aprendemos aqui algumas verdades importantes sobre a definição da
Antiga e a Nova Aliança, e da relação entre elas: 1) Há uma dicotomia na
aliança abraâmica: seus aspectos físicos e condicionais desenvolvem-se na
Antiga Aliança e suas promessas espirituais e incondicionais se cumprem na
Nova Aliança.
2) A Antiga Aliança é uma aliança temporal, condicional e nacional,
cuja entrada é por meio da circuncisão física, sob a qual estão crentes e
descrentes.
3) A Antiga Aliança aponta tipologicamente para Cristo, preserva a
linhagem do messias, mostra que todos estão debaixo do pecado e aponta
para um salvador.
4) Embora esteja relacionada, dessa maneira, com a Nova Aliança, a
Antiga Aliança é distinta, substancialmente, da Nova.
5) A Nova Aliança é o Pacto da Graça que foi prometido no Antigo
Testamento e estabelecido na plenitude dos tempos em Cristo.
6) A Nova Aliança para os crentes é incondicional, pois Cristo, o
Mediador, cumpriu todas as condições exigidas por ela em nosso lugar.
7) A Nova Aliança é eterna e inquebrantável, todos que estão sob essa
aliança são salvos e conhecem o Senhor. Ela promete bençãos espirituais e
sua entrada é por meio do novo nascimento.
Reflita sobre essas boas novas e tão preciosas promessas. Jamais
confunda o significado da Antiga e da Nova Aliança, esse é um assunto de
supremo valor. Esperamos que este capítulo o tenha ajudado a entender
melhor esse tema.
No próximo capítulo, trabalharemos o tema da lei de Deus. Você sabe
como os cristãos na Nova Aliança se relacionam com a lei de Deus?
8
A Lei de Deus
CONCLUSÃO
No presente capítulo, estudamos sobre a lei de Deus em diversos
aspectos e como ela é apresentada na Segunda Confissão Londrina. Alguns
pontos foram destacados: 1) As confissões reformadas são muito
semelhantes em relação à lei de Deus.
2) Na Antiga Aliança, as leis foram gravadas em tábuas de pedra, na
Nova Aliança as leis são gravadas na mente e no coração do povo de Deus.
3) Os teólogos reformados entendiam a tripartição da lei como: moral,
cerimonial e civil.
4) As leis civis foram dadas para a nação de Israel e cessaram e
expiraram com a nação daquele povo.
5) As leis cerimoniais apontavam para Cristo e seu uso também foi
consumado em Cristo.
6) Desde Adão, o Senhor criou o ser humano com a norma da lei
gravada dentro de si.
7) Esses mandamentos tornaram-se expressos claramente nas duas
tábuas da lei dadas a Moisés no Sinai.
8) A lei expõe o caráter ético de Deus, demonstra Sua vontade, expõe
o pecado do homem e mostra a necessidade de um salvador.
9) Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se, Ele próprio,
maldição em nosso lugar (Gálatas 3:13).
10) Existem dois extremos errados aos quais devemos evitar:
antinomianismo e legalismo.
11) O cristão, em gratidão a Deus, observará a lei de Deus em amor
por Aquele que o amou primeiro.
12) A lei de Cristo é nada menos do que a lei de Moisés cumprida na
vida de Cristo. Vamos, portanto, obedecer à lei moral seguindo o exemplo de
Cristo.
No próximo capítulo estudaremos o Quarto Mandamento conforme ele
é apresentado na Confissão de Fé Batista de 1689.
9
O Dia do Senhor
Entendemos que Cristo não veio revogar a lei e que o cristão não está
debaixo da lei como um pacto de obras, ele não se encontra mais debaixo da
condenação ou maldição da lei. Portanto, Cristo não aboliu a lei moral, antes
a cumpriu e a confirmou. Mas não somente isso, Ele também corrigiu a
interpretação errônea dos fariseus acerca dela, sua hipocrisia e seu
legalismo, e mostrou o real significado da lei. O problema não são os
mandamentos em si, mas a deturpação deles, como os legalistas fizeram ao
acrescentar regras e colocar um peso maior do que era exigido do povo nas
Escrituras.
Outrossim, Cristo também explicou, no sermão do monte, que a raiz
dos mandamentos é mais profunda do que se imaginava, Cristo expõe o
verdadeiro significado da lei. Por exemplo, Ele demonstra que o “não
matarás” não trata somente de não assassinar literalmente, mas que, desde o
ódio no coração e o insulto com os lábios, o mandamento já está sendo
quebrado e o transgressor se torna réu do juízo divino. Da mesma maneira, o
mandamento “não adulterarás” não se limita à consumação do adultério, mas
o mandamento já está sendo quebrado desde a cobiça com os olhos e o
desejo do coração, e assim por diante. Cristo expõe a correta interpretação
da lei.
Além disso, o cristão deve compreender que os mandamentos de Deus
são para o seu próprio bem, e protegem aquilo que é mais valioso: a vida, o
casamento, a glória de Deus entre outras coisas. Por exemplo, o mandamento
“não matarás” protege a vida. Se alguém mata uma pessoa, está destruindo
outro ser humano criado à imagem e semelhança de Deus e trará
consequências para ruins para sua própria vida. O mandamento “não
adulterarás” protege o casamento, pois se alguém adultera, poderá destruir a
própria família e não demonstrará corretamente o relacionamento de Cristo
com a igreja, o qual o matrimônio deve expressar. Além disso, se alguém
trabalhar de domingo a domingo, sem tirar um dia para descansar, para
adorar e ter maior e mais profunda comunhão com Deus, trará, como
consequência, malefícios para sua própria vida, tanto fisicamente quanto
espiritualmente, e assim, é prejudicado em seu fim principal, viver para a
glória de Deus. Obedecer aos mandamentos, no final das contas, produzirá
benefícios para os próprios crentes e os privará de muito sofrimento.
Consequentemente, a lei não exige nada além do que é bom para nós. Charles
Spurgeon destacou esse ponto: Não existe nenhum Mandamento da Lei de
Deus que não signifique um sinal de perigo, como aquele colocado sobre o
gelo fino. Cada um, por assim dizer, afirma com segurança: “Perigo!”. Fazer
o que Deus proíbe nunca resulta em bem para o homem! Deixar uma ordem
de Deus incompleta nunca resulta na sua felicidade última e verdadeira. As
orientações mais sábias para a saúde espiritual e para se evitar o mal são
aquelas providas pela Lei de Deus sobre o certo e o errado![242]
1. FUNDAMENTOS SOBRE O DIA DO
SENHOR
Sendo assim, observemos o Quarto Mandamento, que diz respeito ao
sabbath. O termo traduzido por “sábado”, no decálogo, é “sabbath”, e
significa o dia de descanso para adorar a Deus, ou seja, o homem deveria
trabalhar seis dias na semana e santificar um dia, assim como o Senhor fez
após a criação dos céus e da terra (Gênesis 2.2).
Entretanto, o sabbath vai além do benefício religioso da observação
do dia, ele possui um aspecto escatológico que aponta para Cristo e para o
descanso eterno prometido aos crentes conquistado por Ele, como
Geerhardus Vos explica: A Lei universal do Sabbath recebeu uma
importância modificada sob o pacto da graça. A obra que leva ao descanso
não pode mais ser o trabalho do próprio homem. Ela se torna a obra de
Cristo. Isso o Antigo e o Novo Testamentos têm em comum. Mas eles
diferem quanto à perspectiva na qual cada um vê o emergir do trabalho e do
descanso. Visto que o antigo pacto ainda estava olhando para a frente para a
realização da obra messiânica, naturalmente os dias de trabalho vêm
primeiro, o dia de descanso fica no final da semana. Nós, sob o novo pacto,
olhamos para trás, para a obra realizada de Cristo. Nós, portanto,
celebramos primeiro o descanso em princípio obtido por Cristo, apesar de
que o Sabbath também ainda permanece como um sinal que aponta para o
descanso escatológico final.[243]
Vos enfatiza que os cristãos já celebram o descanso obtido por Cristo
embora o sabbath ainda possua um aspecto que aponta para o descanso
escatológico final, sobre o qual, o autor aos Hebreus atentou: “Portanto,
resta ainda um repouso para o povo de Deus” (Hebreus 4:9). Observemos o
texto da Confissão de Fé Batista de Londres de 1689 sobre o Quarto
Mandamento: Pelo desígnio de Deus, há uma lei da natureza que, em geral,
uma proporção do tempo seja destinada ao culto a Deus; dessa forma, em
Sua Palavra, por um preceito positivo, moral e perpétuo, válido a todos os
homens em todas as eras, Deus particularmente nomeou um dia em sete para
um descanso, para ser-Lhe santificado, que desde o início do mundo até a
ressurreição de Cristo, foi o último dia da semana; e a partir da ressurreição
de Cristo foi mudado para o primeiro dia da semana, o que é chamado de dia
do Senhor, e deve continuar até o fim do mundo como o sabbath cristão;
sendo abolida a observação do último dia da semana (22.7).
A Segunda Confissão Londrina apresenta o dia de descanso para
adorar a Deus (sabbath) não apenas como uma instituição judaica, mas como
algo instituído por Deus na criação (Gênesis 2:1-3). Trata-se de um dom de
Deus para a humanidade (Marcos 2:27). Portanto, destaca que devemos
separar uma parte do nosso tempo para adorá-lo.
O dia de descanso para adorar a Deus se encontra na ética da criação,
na lei moral, que é perpétua e transcende as culturas, por isso é válido para
todos os homens em todas as eras. A Confissão explica que Deus nomeou um
dia em sete para ser um dia de descanso, para ser santificado a Ele, e que,
desde o início do mundo até a ressurreição de Cristo, esse foi o último dia
da semana, mas, a partir da ressurreição de Cristo, o dia foi mudado para o
primeiro dia da semana. Assim, os cristãos entenderam que, a partir do
estabelecimento da Nova Aliança, o mandamento moral continua, embora
trazendo uma mudança no dia. C.H. Spurgeon afirmou, sobre isso:
Congregamo-nos no primeiro dia da semana em lugar do sétimo dia, porque
a redenção é até mesmo uma obra maior que a criação, e mais digna de
comemoração, e porque o descanso que seguiu à criação é superado pelo
repouso que segue à consumação da redenção. Reunimo-nos no primeiro dia
da semana, como os apóstolos, esperando que Jesus esteja em nosso meio, e
diga: ― Paz seja convosco! (Lucas 24:36). Nosso Senhor arrebatou o dia de
descanso de suas velhas e enferrujadas dobradiças em que fora
anteriormente colocado pela lei, desde os tempos antigos, e o colocou sobre
as novas dobradiças de ouro que seu amor tinha arquitetado. Ele colocou
nosso dia de descanso, não ao fim de uma semana de trabalho, mas sim no
começo do repouso que resta para o povo de Deus. Em cada primeiro dia da
semana devemos meditar sobre a ressurreição de nosso Senhor, e devemos
buscar entrar em comunhão com Ele em Sua vida ressurreta.[244]
Spurgeon relata que a partir da ressurreição de Cristo houve uma
mudança do dia de descanso para adorar a Deus, do sétimo dia para o
primeiro dia da semana, o dia em que Jesus Cristo, o Senhor do sábado,
ressuscitou dentre os mortos (Marcos 2:23-28). Geerhardus Vos
complementa: Nós não percebemos, suficientemente, o senso profundo que a
igreja primitiva teve da importância extraordinária da aparição e,
especialmente, da ressurreição do Messias. A última era para eles nada
menos do que o trazer de outra, a segunda, criação. E eles sentiram que isso
deveria ter expressão na colocação do Sabbath com referência aos outros
dias da semana. Os crentes se viam em certa medida como participantes do
cumprimento do Sabbath. Se a criação de um requeria uma sequência, então
a criação do outro requeria outra sucessão.[245]
Vos, explica que a obra redentora de Cristo que fora tipificada no
Antigo Testamento e realizada no Novo, especialmente Sua ressurreição, foi
compreendida pela igreja primitiva de maneira marcante, como uma nova
criação, um evento histórico a celebrar, a saber, a entrada de Cristo e seu
povo em um estado de descanso sem fim. Essa compreensão os levou a
celebrar o sabbath no primeiro dia da semana, o dia da ressurreição do
Messias. François Turretini afirma que “o dia do Senhor (kyriakē hēmera),
no uso cristão, aplica-se ao primeiro dia da semana, designado para o culto
público de Deus em memória da ressurreição de Cristo”[246]. Chad Van
Dixhoorn explica que os puritanos entendiam que havia, no Quarto
Mandamento, um aspecto cerimonial que, como uma lei positiva, estaria
sujeita à mudança, e um aspecto moral que permaneceria até o fim do mundo:
Os puritanos distinguiam o que era cerimonial daquilo que era moral no
Quarto Mandamento. O dia a ser guardado era considerado aspecto
“cerimonial” e, assim, sujeito à mudança. O ritmo de descanso (um dia em
sete) era uma ordenança moral, que deveria ser cumprida por todos até o fim
do mundo. Em outras palavras, o mandamento não contém a observância do
sétimo dia (em ordem), mas de um sétimo dia (em frequência).[247]
Além disso, Dixhoorn também comenta que:
[...] os cristãos há muito perceberam que não foi por acaso que
Aquele que “habitou entre nós” (João 1:14), Aquele que era as
primícias de uma grande colheita (1 Coríntios 15:23), Aquele que
chamou a Si mesmo de o pão da vida (João 6:35), Aquele que irá
retornar ao mundo ao som de trombeta do céu, Aquele que foi o
cumprimento de toda celebração e todos os sábados do Antigo
Testamento, foi ressuscitado dentre os mortos no primeiro dia da
semana. Esse é o motivo pelo qual os cristãos começaram a cultuar
especialmente no primeiro dia da semana.[248]
Passaremos, então, a observar alguns fatos importantes para
compreendermos como o primeiro dia da semana passou a ser observado
como “o dia do Senhor”. O Senhor Jesus Cristo afirmou que era Senhor
sobre o sábado/sabbath (Marcos 2:27-28), Cristo ressuscitou no primeiro
dia da semana (Mateus 28:1; Marcos 16:2; João 20:1), O Senhor ressurreto
encontrou com Seus discípulos no primeiro dia da semana (João 20:19),
Jesus reaparece no domingo seguinte (João 20:26), Pentecostes ocorreu no
primeiro dia da semana (Levítico 23:15-16; Atos 2:14), os primeiros
cristãos cultuavam a Deus no primeiro dia da semana (Atos 20:7), Paulo
pede para que a coleta seja feita no “primeiro dia da semana” (1 Coríntios
16:2), o apóstolo João, no livro de Apocalipse, fala sobre o “dia do Senhor”
(Apocalipse 1:10). Documentos históricos demonstram que essa foi a prática
dos primeiros cristãos. Observemos mais de perto cada um desses pontos.
1.1. O Senhor Jesus Cristo afirmou que era Senhor sobre o Sábado
Em Marcos 2:27-28, o Senhor Jesus afirmou que o sábado foi
estabelecido por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de
sorte que o Filho do Homem é senhor também do sábado (Marcos 2:27-28).
Augustus Nicodemus, em sua exposição dessa passagem, afirmou: Aqui você
tem uma das justificativas que foram usadas pelos primeiros cristãos para
não guardarem mais o sábado (sétimo dia). Já no primeiro século os cristãos
passaram a considerar o primeiro dia da semana, o domingo, como sendo
cumprimento do Quarto Mandamento. Por quê? Primeiro, porque Jesus disse
que Ele é maior do que o sábado e que Ele está acima do sábado, e segundo
porque Ele ressuscitou no primeiro dia. Ora, qual é o dia do Senhor? É o dia
da Sua ressurreição. Logo, o domingo substitui o sábado na nova
dispensação, porque Cristo é Senhor do sábado e o dia de Cristo é o dia da
Sua ressurreição. Já no primeiro século, os cristãos observavam o dia de
domingo como sendo a observância correta do sábado [sabbath]. Nós não
entendemos que estamos quebrando o Quarto Mandamento quando
descansamos e observamos o domingo, entendemos que estamos dando o
real cumprimento do sábado. O sábado apontava para a ressurreição de
Jesus. É no descanso do Senhor Jesus que nós encontramos descanso eterno
também.[249]
Sendo assim, Nicodemus destaca que Cristo é maior que o sábado e
que o sábado apontava para a ressurreição de Cristo. Portanto, após o
cumprimento desse evento na Nova Aliança, o dia da ressurreição de Cristo
torna-se o dia de descanso e adoração do Seu povo. Nicodemus também
destaca que, desde o primeiro século, os cristãos observaram o domingo
como a correta observância do sabbath.
1.7. Paulo Pede para que a Coleta Seja Feita no “Primeiro Dia da
Semana”
Em 1 Coríntios 16:2, Paulo conclama: “No primeiro dia da semana,
cada um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá
juntando, para que se não façam coletas quando eu for”. François Turretini
expõe o contexto do versículo demonstrando que os cristãos passaram a
fazer no primeiro dia da semana suas assembleias públicas e contribuições,
os quais, os judeus tinham costume de fazer no sábado: O apóstolo deseja
que as coletas sejam feitas pelos crentes em cada primeiro dia da semana
(ou seja, no dia em que deviam ter suas assembleias públicas), o que ele
extrai do costume dos judeus que, segundo Filo (cf. The Special Laws I.
14.76–78 [Loeb, 7:145]) e Josefo (AJ 18.312 [Loeb, 9:180-181]), em cada
sábado em que costumavam reunir-se tinham o hábito de fazer coletas nas
sinagogas, dos dízimos e de outras ofertas voluntárias, e em seguida os
enviavam a Jerusalém para uso do templo e dos levitas. Em virtude da
perseguição dos judeus, o advento de muitos estrangeiros e seu zelo contínuo
em propagar o Evangelho, a igreja de Jerusalém se viu grandemente premida
por carência, e o apóstolo deseja que os crentes promovam coletas em
benefício deles. Como, pois, ele ordena coletas em cada primeiro dia da
semana, assim também se considera, por paridade de razão, ter ordenado
assembleias nas quais se costumava fazer tais coletas (ou as haver aprovado
por seu voto como já ordenado).[259]
John Gill comenta essa mesma passagem, enfatizando a adequação da
coleta ter sido fixada, pois esse era o dia em que os cristãos se reuniam para
outros atos de adoração, como ouvir a palavra e observar as ordenanças de
Cristo. Ele diz: A razão de sua fixação no primeiro dia da semana foi
porque, nesse dia, os discípulos de Cristo e as igrejas primitivas se reuniram
para adoração divina, para ouvir a palavra e observar as ordenanças de
Cristo (João 20:19, 26; Atos 20:7).[260]
Kistemaker corrobora:
“No primeiro dia da semana”. Este é o fraseado judaico costumeiro
para o que nós hoje chamamos de domingo (Mateus 28:1 e paralelos;
Atos 20:7; ver também Apocalipse 1:10). Na noite do primeiro dia
da semana, os cristãos se reuniam para o partir do pão, isto é, a Ceia
do Senhor (Atos 20:7). Os cristãos primitivos comemoravam o
primeiro dia da semana como o dia da ressurreição de Jesus. E
tinham escolhido esse dia para culto e comunhão.[261]
1.8. O Apocalipse Fala sobre o “Dia do Senhor”
Em Apocalipse 1:10 o apóstolo João afirma: “Achei-me em espírito,
no dia do Senhor, e ouvi, por detrás de mim, grande voz, como de trombeta”.
Vários teólogos, de diferentes vertentes doutrinárias em outros aspectos,
concordam que, neste texto, “dia do Senhor” diz respeito ao primeiro dia da
semana, o dia em que Cristo ressuscitou. Por exemplo, Simon Kistemaker
afirma que: João escreve que estava no Espírito no dia do Senhor. Essa é a
única passagem no Novo Testamento em que esse dia é descrito dessa
maneira, pois em outros lugares ele é chamado de primeiro dia da semana. É
o dia da ressurreição do Senhor, e no fim do século I os cristãos haviam
começado a se referir a ele não como primeiro dia da semana, mas como dia
do Senhor (compare com a expressão a ceia do Senhor, em 1 Coríntios
11:20). É o dia dedicado ao Senhor. A passagem não se refere à futura vinda
do Senhor e ao dia do juízo, mas ao fato de Jesus ter aparecido a João no
primeiro dia da semana — um dia consagrado a Cristo.[262]
Este é o comentário que John Gill faz a respeito da expressão “dia do
Senhor”, que aparece no texto de Apocalipse 1.10:
[A expressão “dia do Senhor”], aqui, não se refere ao sábado
judaico, pois que estava agora abolido; além disso, ele nun-ca foi
chamado o dia do Senhor, e se João quisesse dizer isso, ele teria dito
no dia do sábado… [mas] o primeiro dia da semana é que é
designado… e é chamado [pelo nome do Senhor], assim como a
ordenança da ceia é chamada de ceia do Senhor, sendo instituída
pelo Senhor e pela mesa do Senhor (1 Coríntios 10:21, 11:20); e isso
porque foi o dia em que nosso Senhor ressuscitou dos mortos
(Marcos 16:9) e no qual Ele apareceu em momentos diferentes para
Seus discípulos (João 20:19, 26).[263]
Turretini, também corrobora:
[...] por certo não no sábado judaico, porque indubitavelmente o
teria mencionado; não em algum outro dia dentre os sete, porque
nesse caso o título seria ambíguo, prestando-se mais para confundir
do que para esclarecer; mas naquele dia em que Cristo havia
ressuscitado, no qual os apóstolos costumavam reunir-se para a
realização do culto sacro e em que Paulo tinha ordenado se
fizessem coletas, como era costume na igreja primitiva. Uma vez
que ele fala daquele dia como conhecido e observado na igreja,
não há dúvida de que ele foi distinguido por esse nome com base
no uso aceito na igreja. De outro modo, quem entre os cristãos teria
entendido o que João tinha em mente com esta designação, se
porventura pretendesse designar algum outro dia?[264]
John MacArthur compreende da mesma maneira:
Essa expressão aparece em muitos escritos cristãos primitivos e se
refere ao domingo, o dia da ressurreição do Senhor. Alguns têm
sugerido que essa expressão se refere ao “Dia do SENHOR”, mas o
contexto não apoia essa interpretação, e a forma gramatical da
expressão “dia do Senhor” é adjetiva, portanto “o dia do Senhor”.
[265]
CONCLUSÃO
Estudamos sobre o Quarto Mandamento da lei e sua relação com o
“dia do Senhor” mencionado em Apocalipse 1:10. Alguns pontos merecem
ser destacados: 1) Observamos a lei moral na Nova Aliança, não como uma
tentativa de salvarmos a nós mesmos, mas por amor a Deus que nos amou
primeiro.
2) O dia de descanso para adorar a Deus (sabbath) foi algo instituído
por Deus na criação (Gênesis 2:1-3), e o sabbath não foi feito apenas para o
judeu, mas para o homem (Marcos 2:27).
3) O Quarto Mandamento também possuía um aspecto cerimonial que
foi cumprido. Entretanto, o aspecto moral da lei, que é guardar um dia em
sete, permanece.
4) A guarda do primeiro dia da semana (domingo) como dia do Senhor
reside em dois assuntos principais: O Senhor é maior do que o sábado
(Marcos 2:28), e o Senhor ressuscitou nesse dia, como as Escrituras afirmam
(Lucas 24:1-6).
5) Os apóstolos reuniram-se nesse dia. Em Apocalipse, o termo “dia
do Senhor” é mencionado, os documentos dos primeiros cristãos mencionam
esse dia, os mártires cristãos observaram esse dia e as grandes confissões de
fé reformadas mencionam “o dia do Senhor” como o primeiro dia da semana
(domingo).
6) O descanso do dia do Senhor não é total inatividade, mas é
descansar em Deus enquanto você O serve adorando, ajudando ao próximo e
fazendo o que Jesus fez. Temos no Senhor Jesus, e não nos fariseus, o
modelo de como guardar o Quarto Mandamento.
7) Assim como há uma prescrição de que se descanse um dia, há uma
diretriz implícita de que se trabalhe seis.
8) O dia do Senhor deve ser para o crente um deleite, um antegozo do
descanso eterno, e não um peso.
Cabe ressaltar que, nesse ponto, os batistas confessionais possuem
uma concordância substancial com outros reformados, tais como
presbiterianos e congregacionais confessionais — grupos estes que surgiram
a partir do movimento reformado puritano inglês do século XVII.
No próximo capítulo, estudaremos quais são os distintivos da teologia
pactual batista em relação aos pedobatistas e quais os pontos de unidade e
diversidade entre duas importantes confissões de fé, a saber, a Confissão
Batista de Londres de 1689 e a de Westminster.
10
Teologia Credobatista
x
Teologia Pedobatista
Gráfico 4. In DENAULT, Pascal: Os Distintivos da Teologia Pactual Batista: uma comparação entre o
federalismo dos batistas particulares e dos pedobatistas do século XVII. São Paulo: O Estandarte de Cristo,
2018, p. 114.
Gráfico 5. In DENAULT, Pascal: Os Distintivos da Teologia Pactual Batista: uma comparação entre o
federalismo dos batistas particulares e dos pedobatistas do século XVII. São Paulo: O Estandarte de Cristo,
2018, p. 114.
Gráfico 6. Elaborado por Brandon Adams e postado no site 1689Federalism.com. Traduzido por:
CONCLUSÃO
Após essa breve comparação entre o modelo credobatista e
pedobatista de teologia pactual, destacamos os seguintes pontos: 1) Existem
muito mais semelhanças do que diferenças entre Westminster e Londres, e
isso deve ser levado em conta para a promoção de nossa unidade como
irmãos em Cristo.
2) Os pedobatistas entendem que o Pacto da Graça existe sob várias
administrações e que a Nova Aliança é mais uma administração do Pacto da
Graça; logo, eles entendem que não há diferença substancial entre a Antiga e
a Nova Aliança.
3) Os credobatista entendem que o Pacto da Graça foi revelado em
Gênesis 3:15 como uma promessa, mas estabelecido somente na Nova
Aliança.
4) Os batistas compreendem a diferença substancial entre a Antiga e a
Nova Aliança.
5) Os pedobatistas assemelham a entrada no Pacto da Graça à
circuncisão física no nascimento e, portanto, entendem que seus filhos
recém-nascidos devem ser batizados e que fazem parte do Pacto da Graça.
6) Os batistas entendem que a entrada na Nova Aliança se dá pela
circuncisão do coração. A regeneração é o correto antítipo da circuncisão,
portanto, somente os regenerados estão no Pacto da Graça e somente eles
podem participar das ordenanças desse pacto.
7) A diferença entre credobatismo e pedobatismo emerge de uma
compreensão diferente dos pactos divinos.
8) Independente de nossas diferenças, credobatistas e pedobatistas são
irmãos em Cristo e devem trabalhar juntos pela propagação do Evangelho de
Cristo.
Conclusão
Chegamos ao final deste livro. Tivemos aqui um pontapé inicial para os seus
estudos sobre o assunto da teologia pactual batista. Se algo não ficou tão
claro ou se ainda restam muitas dúvidas a esse respeito, incentivamos você a
ler os outros materiais indicados e procurar se aprofundar no assunto.
Busque sempre examinar tudo o que foi apresentado à luz das Escrituras, e
sempre retenha o que for bom e bíblico. Destacamos aqui algumas reflexões
sobre nossos estudos: 1) Estudar a teologia bíblica batista pactual nos ajuda
a compreender melhor o enredo das Sagradas Escrituras. Notamos que a
Bíblia não é um emaranhado de histórias desconexas, mas que os sessenta e
seis livros da Bíblia apresentam o plano redentor de Deus para resgatar um
povo para a Sua glória. O Antigo Testamento promete a vinda do Messias, o
Novo Testamento testifica que Ele veio.
2) Conhecer melhor a teologia bíblica nos ajuda a compreender a
relação entre os testamentos e os aspectos de continuidade e
descontinuidade. Entendemos o motivo pelo qual não observamos mais as
cerimônias e os rituais que serviam de sombras e apontavam para Cristo, e
podemos compreender corretamente a relação entre os tipos e os antítipos.
3) Aprendemos um pouco sobre a história dos batistas, que surgem
durante o período da pós-Reforma, mais especificamente dos puritanos
separatistas ingleses, e que os batistas particulares defendiam uma teologia
pactual em suas confissões de fé.
4) O estudo da teologia bíblica nos apresenta uma visão exaltada a
respeito de Cristo como o cordeiro que foi morto desde a fundação do
mundo, que foi prometido desde Gênesis, prefigurado por toda a história,
vindo na plenitude dos tempos em resgate do Seu povo, que cumpriu as
exigências divinas, sacrificou-Se por Sua igreja, ressuscitou, foi exaltado e
reina até que todos os Seus inimigos sejam colocados debaixo de Seus pés.
Ele voltará para a consumação de todas as coisas.
5) Aprendemos que não estamos mais debaixo da maldição da lei,
mas, por amor a Deus buscamos obedecer a Sua lei. Na Nova Aliança, as
leis são gravadas na mente e no coração do povo de Deus, e nós amamos
aquele que nos amou primeiro. O Senhor remove nosso coração de pedra e
nos dá um de carne, sensível a Ele. O Espírito Santo nos regenera, mudando
nossas disposições e nos capacitando a servir a Deus. Portanto, o cristão tem
prazer na lei do Senhor. A lei nos leva até Cristo para a justificação e Cristo
nos leva até a lei para a santificação.
6) Entendemos que o Quarto Mandamento, que versa sobre os seis dias
de trabalho e a santificação de um dia em sete, para descansar de nossos
labores e adorar a Deus, passou, na Nova Aliança, a ocorrer no primeiro dia
da semana, o dia em que Cristo ressuscitou. Guardar o dia do Senhor não
deve ser um peso para o crente, mas um santo repouso, não um dia de total
inatividade, mas de dedicação em obras de adoração, necessidade e
misericórdia. Aproveite para deleitar-se no Senhor, tanto individualmente
quanto junto à igreja do Senhor no culto público, como uma antessala do
descanso eterno (Hebreus 4:9).
7) Compreendemos que ninguém, em toda a história, foi salvo se não
pela graça mediante a fé em Cristo. Reflita sobre a sua condição e, se
perceber que ainda não é um cristão, arrependa-se e creia em Cristo hoje,
ore ao Senhor e clame por salvação. E se você já é um cristão, encontre
encorajamento nessas preciosas verdades e compartilhe esse precioso
Evangelho com os outros.
8) Vimos que os batistas reformados compreenderam a diferença
substancial entre a Antiga e a Nova Aliança, por isso entendem que, na Nova
Aliança, a entrada se dá pelo novo nascimento. Logo, são os participantes
dessa aliança que devem desfrutar de suas ordenanças, o que significa que
somente crentes devem ser batizados.
9) Por fim, aprendemos que existem muito mais semelhanças do que
diferenças entre as confissões reformadas e, que acima das diferenças,
devemos focar em nossa unidade e lutar juntos pela causa do Evangelho.
Assim como Paulo, ao escrever os 11 primeiros capítulos de
Romanos, com muito conteúdo doutrinário, finalizou exaltando a Deus por
suas grandes maravilhas,[323] assim também espero que toda essa exposição
doutrinária que tivemos ao longo deste livro nos leve a adorarmos a Deus
diante de Seus maravilhosos feitos. E assim como Paulo prosseguiu no
restante da carta falando sobre as aplicações práticas à luz dessa preciosa
doutrina, do capítulo 12 em diante, também espero que essas preciosas
verdades aprendidas aqui nos levem a uma vida cada vez mais dedicada ao
Senhor. Portanto, espero que esse livro, de alguma forma, aumente seu amor
pelo Senhor e pelo próximo, e que todo o conhecimento venha resultar em
piedade. Deus o abençoe grandemente. Meu desejo para você é o mesmo
pelo qual orou o apóstolo Paulo, em favor dos Filipenses: E peço isto: que o
vosso amor cresça mais e mais em ciência e em todo o conhecimento, para
que aproveis as coisas excelentes, para que sejais sinceros, e sem escândalo
algum até ao dia de Cristo; Cheios dos frutos de justiça, que são por Jesus
Cristo, para glória e louvor de Deus (Filipenses 1:9-11).
Graça e Paz,
Fernando Angelim
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https://www.chtb.com.br
http://www.1689federalism.com
https://www.rbap.net
https://www.founders.org
https://www.thecalvinist.net/1689
https://www.cbtseminary.org
A editora O Estandarte de Cristo é fruto de um trabalho que
começou a ser idealizado por volta do início de 2013, por
William e Camila Rebeca, com o propósito principal de
publicar traduções de autores bíblicos fiéis. Fizemos as
primeiras publicações no dia 2 de dezembro de 2013
(publicação de 4 eBooks). De lá para cá já são mais de 7 anos
e centenas de traduções de autores bíblicos fiéis, sobre
diversos temas da fé cristã.