Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
APRESENTAÇÃO
Figura 1 - Oficina de Histórias Musicadas do Projeto Caixa Mágica. Fonte: Arquivo Pessoal, 2023.
JUSTIFICATIVA
Figura 2 - Leidemar, de azul à direita, auxiliando os pescadores a puxar canoa na praia de Piratininga.
Fonte: Instagram, 2023.
Figura 3 - Distribuição de doação de roupas durante o Projeto Caixa Mágica. Fonte: Arquivo Pessoal, 2023.
A pesquisa também busca entender quais oportunidades de subsistência para a
comunidade são geradas a partir do estabelecimento da intervenção como protagonista
nas atuações social e política do bairro, por isso, na criação de alternativas para o
território, se tratando de uma intervenção que carrega muito da identidade caiçara, será
necessário conduzir uma desconstrução da concepção de trabalho baseada no
produtivismo, nas relações de poder (FOUCAULT, 2015) e na “relação capital-salário”
(QUIJANO, p.118, 2005), para o desenvolvimento de uma nova perspectiva a partir dos
princípios de autodeterminação de grupos sociais, sua relação com o território e o
reconhecimento da natureza como um ser social (LAZZARATO e NEGRI, 2001).
Nesse ponto será extremamente importante mapear os conflitos presentes na
região e nos seus coletivos. São diversas organizações espalhadas pela Região Oceânica
com seus próprios interesses no uso do território, o que impacta diretamente na
quantidade de tensões que permeiam as relações entre população, território e
administração pública. Em algum nível, toda mobilização é política, portanto, a pesquisa
também busca estabelecer diálogos com essas outras frentes de mobilização e
intervenção da Região Oceânica para estimular “o exercício público e político dos
diversos atores sociais” (RODRIGUES, p. 87, 2009), e encontrar caminhos para que essa
rede de intervenções seja fortalecida e consiga se organizar para unificar suas pautas nas
representações políticas. Ainda que tais pautas não sejam centralizadas, talvez seja
possível encontrar denominadores comuns na mobilização política pelo território e na luta
contra “as formas de controle e de exploração do trabalho” (QUIJANO, p.118, 2005).
METODOLOGIA
Para contextualizar uma atuação política para o projeto será necessário fazer um
levantamento dos aspectos da formação urbana da Região Oceânica de Niterói. Existem
diversas produções acadêmicas que estabelecem relações entre passado e presente do
território, das quais valem ser ressaltadas a monografia da historiadora Lucia Velasco de
Mendonça, que destaca os conflitos gerados a partir do parcelamento das terras nos
atuais bairros de Itaipu e Engenho do Mato, além de um cuidado minucioso com o
alinhamento da cronologia das leis de ocupação e uso do solo com a história da região; a
pesquisa dos geógrafos Thiago Fontenelle e Wanderson Corrêa que oferece uma ampla
visão sobre a expansão imobiliária na região entre 1976 e 2010, a crescimento
demográfico até o último censo e zonas de maior e menor renda per capita; e o livro
Notas Para a História de Niterói, de José Maia Forte, que observa parte da organização
social do município em geral desde o período colonial.
A pesquisa vai considerar Leidemar e o Projeto Caixa Mágica como indiscerníveis,
por tanto, ao mesmo tempo que vai acompanhar os eventos e os oficineiros, vai tratar
sempre dos direcionamentos com Leidemar. Além disso, é interessante que a pesquisa
tenha acesso e participe da produção, entrevistando oficineiros, artistas e voluntários
envolvidos no projeto tanto no dia do evento quanto na pré-produção. A ideia dessas
entrevistas é não só reunir conteúdo sobre o projeto, mas também permitir que os
envolvidos elaborem suas próprias representações para que essas marcações de
diferenças (HALL, 2014) sirvam como base de entendimento e orientação para a
pesquisa.
Será uma prioridade na pesquisa atuar na construção do projeto, assim, as
proposições serão realizadas também a partir das atividades de campo, conhecimento do
território de atuação do “Projeto Caixa Mágica”, visitação a outras ações e outros
produtores da Região Oceânica. O contato com os poderes públicos também será
importante para a consolidação do projeto, dessa forma, vereadores e deputados que se
relacionem com o tema, além de secretários e presidentes de fundações artísticas e
culturais, serão procurados e questionados como representantes institucionais para a
construção de uma análise sobre a organização administrativa da cultura que servirá de
embasamento para os direcionamentos do “Projeto Caixa Mágica”.
BIBLIOGRAFIA
FOUCAULT, M. Microfísica do Poder (2ª Ed). São Paulo: Paz e Terra, 2015.
FORTE, J. M. M. Notas para a história de Niterói (2ª Ed). Niterói: Instituto Niteroiense de
Desenvolvimento Cultural, 1973.
KAMBEBA, M. W. O Lugar do Saber. São Leopoldo: Editora Casa Leiria, 2020.
RODRIGUES, L. A. F.. Gestão Cultural e seus eixos temáticos. In: CURVELLO, Maria
Amélia [et al.] (org.). Políticas públicas de cultura do Estado do Rio de Janeiro:
2007-2008. Rio de Janeiro: UERJ/Decult, 2009. p. 76-93.
SILVA, Tomaz Tadeu da; HALL, Stuart; WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: A
perspectiva dos Estudos Culturais. 14ª ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2014