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A etnia Krenak, a qual pertence Ailton, ocupa um território indígena que vai
do Nordeste brasileiro até o leste de Minas Gerais, onde passa o rio Doce;
também está presente na Amazônia, na região do Alto Rio Negro, na
fronteira do Brasil com Peru e Bolívia. É um território que ficou bastante
reduzido devido à ação dos colonizadores, que foram dominando a área e
limitando os espaços dos habitantes tradicionais da região para espaços que
hoje se mantêm preservados, mas sofrendo invasões, tal como ocorria no
passado.
Ailton Krenak aborda em seu livro, com certa ironia, a forma que os brancos
adotam para viver, abrindo mão da liberdade de estar em contato e em
harmonia com a natureza, respeitando-a como mãe.
Assim, ele fala sobre a importância dos vínculos profundos que os indígenas
têm com a memória ancestral e com as referências de identidade, que é o
que livra as pessoas de enlouquecem. Diz que os indígenas não se veem
separados da natureza, mas se sentem parte integrante dela. Por isso, as
pedras, as montanhas, as árvores, são tratados como pessoas, como sendo
seus pais, mães, filhos, parentes. Nessa troca de afeto com a natureza, eles
recebem e dão presentes entre si.
Por isso, a natureza é algo sagrado para eles. Isso justifica o fato deles
considerarem desrespeitoso que as corporações entrem nos territórios
indígenas para criar ambientes artificiais, para “devorarem” a terra, as
montanhas e os rios, deixando lixo no local. Para ele, esse desrespeito é
chamado de progresso pelos brancos.
“É claro que durante esses anos nós deixamos de ser colônia para constituir o
Estado brasileiro e entramos no século XXI, quando a maior parte das
previsões apostava que as populações indígenas não sobreviveriam à
ocupação do território, pelo menos não mantendo formas próprias de
organização, capazes de gerir suas vidas. Isso porque a máquina estatal atua
para desfazer as formas de organização das nossa sociedades, buscando
uma integração entre as populações e o conjunto da sociedade brasileira” (p.
39).
O líder indígena também fala sobre a visão que o branco europeu tinha
sobre os indígenas, como se fosse uma “humanidade obscurecida”, que
precisava ser “civilizada”, tal como eles eram. É crítico ao se referir às
instituições como o Banco Mundial, Organização dos Estados Americanos
(OEA), e Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a
Cultura (UNESCO), dizendo que quando se trata da questão da mineração,
parece que se importam apenas em deixar pedaços do planeta
preservados, como se fossem “amostras grátis da Terra” que ainda não
foram devoradas.
Na sua fala, diz que a natureza é para todos, mas que não pode ser exaurida
de modo predatório. Menciona o rio Doce, que para os indígenas é
considerado um avô, e que foi todo coberto por material tóxico, de modo
criminoso, destruindo a vida dos que viviam em sua extensão.
Obs: Em Manaus, o livro “Ideias para adiar o fim do mundo”, com 85 páginas e
editado pela Companhia das Letras, pode ser adquirido na Banca do Joaquim,
no Largo São Sebastião, ao lado do Teatro Amazonas.
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Ailton Krenak Elvira Eliza França floresta
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