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Humanização e assistência na UTI

pediátrica e neonatal
Figura 13 - Rede de balanço simulando o conforto do útero
materno

Fonte: Agência Saúde,


2020.

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Humanização e assistência na UTI
pediátrica e neonatal
Mas o que é “humanização” ?
A humanização é a valorização dos usuários, trabalhadores e
gestores no processo de produção de saúde (PNH, 2004).
Esse conceito vai além da assistência e das intervenções clínicas
em si, ele demanda uma visão holística do paciente e dos seus
aspectos individuais, por meio de um tratamento globalizado e
voltado à integralidade do indivíduo enquanto ser humano.

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Humanização e assistência na UTI pediátrica e neonatal

Não devemos considerar a “Humanização” como mais um


programa, um favor, uma caridade ou apenas educação, mas sim
como uma Politica Nacional fundamental à assistência.

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Humanização X
UTI neonatal e pediátrica

Figura 14 – RN prematuro na
incubadora

Fonte: https://www.gazetadopovo.com.br.

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Humanização e assistência na UTI
pediátrica e neonatal
A dor de um dedo preso na porta
dura de 3 a 10 minutos.

No RN, um estímulo doloroso


dura de 30 a 90 minutos.
(GUELLER; SOUZA, 2018).

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Humanização e assistência na UTI pediátrica e
Ruídos dos Luz Intensaneonatal
Sinais vitais Baixa
Monitores temperatura

Glicemias de horário Barulho da fralda


DOR / ESTRESSE
Vários Interrupção
Manuseios do sono

Materiais em cima Interação Punções para


da Incubadora abrupta coleta de exames.

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Humanização e assistência na UTI
pediátrica e neonatal
Ativação dos Morte
Estímulo receptores (NMDA) neuronal
doloros N-metil-D-aspartato citotóxica
o
O dano neuronal mediado pelo NMDA predispõe ao atraso cognitivo
e às alterações do desenvolvimento comportamental, muitas vezes
visíveis apenas no período escolar e pré-escolar (CELESTE;
MONTEIRO; PEDRESCHI, 2019).

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Humanização e assistência na UTI pediátrica e
A mensuração eneonatal
avaliação da dor no RN
Escala de Dor no Recém Nascido e Lactente – Neonatal Infant Pain Scale (NIPS)

Considerado dor ≥ 3
SILVA et al.,
2020.

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Humanização e assistência na UTI pediátrica e
A mensuração neonatal
e avaliação da dor no RN
Escore para avaliação da Dor Pós-Operatória do RN (CRIES)

Se pontuação ≥ 5, deve ser administrado medicação para alivio da dor.

SILVA et al., 2020.

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A mensuração e avaliação da dor no RN
Escala do perfil da Dor do Recém Nascido Prematuro (PIPP)

Escores ≥ 12 indicam dor moderada a intensa SILVA et al.,


2020.

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Aspectos psicológico da criança hospitalizada
- 02 a 03 anos: Sentem que sua hospitalização é um abandono por parte
dos pais.
- 04 a 06 anos: Interpretam como um castigo por algo que tenham feito.
- 07 a 09 anos: Não querem aceitar a doença/enfermidade e nem a
separação dos pais.
- 10 a 12 anos: Apresentam ansiedade, angustia e medo dos
procedimentos e da morte, mesmo já tendo capacidade de entender a
necessidade.
PÊGO; BARROS, 2016.

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- Quantos apitos e sirenes! Tão diferente da minha casa!
- Quem são essas pessoas? Cadê a minha mãe?
- Você fez o pedido da sonda 06? Sim, mas acho que acabou a cânula
3,5.
- Ai, meu Deus, essa criança não para de chorar! O que a gente faz
para conseguir esse acesso periférico?
- Como vou colher esse líquor, se esse menino não para de se mexer?

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Humanização e assistência na UTI pediátrica e neonatal

A UTI é um local altamente agressivo e invasivo, por apresentar risco


de morte, falta de privacidade do paciente, ausência de iluminação
natural, presença de ruídos e uma rotina dinâmica da equipe.

Figura 15 – Enfermeiro na UTI


neonatal

Fonte:
https://santajoana.com.br/.

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A falta de compromisso de alguns profissionais têm tornado a
assistência mecanicista e fragmentada, afastado o paciente e a família da
equipe, descaracterizando o cuidado como ação humana (MESQUITA
et al., 2019).
Figura 16 – Monitor na UTI
neonatal
Os profissionais, na maioria das vezes
esquecem de tocar, conversar e ouvir o ser
humano que está à sua frente envolvido
pela rotina diária complexa.
Fonte:
https://santajoana.com.br/.

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Figura 17 – Enfermagem por amor, meme.

Fonte: Internet

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- Desmotivados; Mas e o paciente?

- Sobrecarregados;
- Com dupla jornada de trabalho;
- Problemas pessoais; Ele se encontra em uma
posição ainda mais
- Ambiente hostil;
desfavorável que a sua!
- Cobranças indevidas;
- Falta de coleguismo e cooperação;
- Dimensionamento inadequado;
Ele necessita do seu apoio,
- Condições precárias de assistência; cuidado, atenção e proteção.

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Princípio Fundamental: (COFEN 240/2000)
Art. 3° Respeito à vida, dignidade e os direitos da pessoa humana, em
todo o seu ciclo vital, sem discriminação.
Responsabilidades e Deveres: (COFEN 311/2007)
Art. 82, §4º - O segredo profissional referente ao menor de idade
deverá ser mantido, mesmo quando a revelação seja solicitada por pais
ou responsáveis, desde que o menor tenha capacidade de
discernimento, exceto nos casos em que possa acarretar danos ou
riscos ao mesmo.

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Humanização e assistência na UTI
pediátrica e neonatal
Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados: (Resolução do
Conanda nº 41/1995)
Art. 7° Direito de não sentir dor, quando existam meios para evitá-la.
Figura 18 – Criança hospitalizada

https://www.metlife.pt

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Humanização e assistência na UTI pediátrica e neonatal

Método Canguru

Figura 19 – Método mãe Canguru

Fonte: https://www.prematuridade.com/

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A “posição canguru” foi idealizada na Colômbia, em 1979, com o objetivo
de diminuir a mortalidade neonatal. A ideia era de promover maior
estabilidade térmica, substituindo as incubadoras, permitindo, assim, alta
precoce, menor taxa de infecção hospitalar e, consequentemente, melhor
qualidade de assistência com menor custo para o sistema de saúde.
Figura 20 – Método Canguru

No Brasil: Método Canguru é uma política de


saúde instituída pelo Ministério da Saúde no
contexto da humanização da assistência neonatal.
(BRASIL, 2014).
Fonte: https://www.prematuridade.com/

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Caracteriza-se pelo contato pele a pele precoce entre a mãe e o recém-nascido
de baixo peso, pelo tempo que ambos entenderem ser prazeroso e suficiente,
permitindo uma participação maior dos pais no cuidado do seu bebê.

Figura 20 – Método O sucesso do tratamento de um RN internado


Canguru
em UTI não é determinado apenas pela sua
sobrevivência e alta hospitalar, mas também pela
construção de vínculos que irão garantir a
continuidade do aleitamento materno e
dos cuidados após a alta. (BRASIL, 2014).
Fonte: https://www.prematuridade.com/

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Humanização e assistência na UTI pediátrica e neonatal

Vantagens:

(BRASIL, 2014).
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Humanização e assistência na UTI pediátrica e neonatal

Primeira etapa na Unidade Canguru

Figura 21 – Método
Canguru

Fonte: Internet

(BRASIL, 2014).
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• Mãe segura, psicologicamente motivada, bem orientada, e familiares
conscientes quanto ao cuidado domiciliar do bebê.
• Compromisso materno e familiar para a realização da
posição canguru pelo maior tempo possível.
• Peso mínimo de 1.600g.
• Ganho de peso adequado nos três dias que antecederem a alta.
• Sucção exclusiva ao peito ou, em situações especiais, mãe e família
capacitadas para realizar a complementação.

(BRASIL, 2014).
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Figura 22 – Método
Canguru

Fonte: Internet

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Humanização e assistência na UTI pediátrica e
neonatal Terceira Etapa

A terceira etapa do Método Canguru tem início com a alta hospitalar. Implica
na utilização da posição canguru e no acompanhamento do bebê pela equipe
que o assistiu durante a internação até que alcance o peso de 2.500g.

(BRASIL, 2014).

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Humanização e assistência na UTI pediátrica e neonatal
Estratégias de Humanização na
UTI neonatal e pediátrica
Figura 23 – Profissional segurando a mão do
RN

Fonte:
https://www.shutterstock.com

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Método Mãe Canguru (MMC): Reduz o choro e as caretas faciais em
até 82%.
Amamentação: Analgésico natural dos RNs durante procedimentos,
diminuindo o choro e caretas faciais em até 91%.
Banho com enrolamento e retirada progressiva: Respeita o estado de
calma e vigília, com mudanças suaves e ritmo constante e evita
alterações respiratórias.
Sucção não nutritiva durante procedimentos dolorosos: Chupeta de
gaze com glicose 25%; dedo enluvado;

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Acolher a família: Manter a família informada, com palavras simples e
condizentes com o nível sociocultural, além de prepara-la para a visita
na UTI.
Olhar nos olhos: Transmite confiança e respeito.
Programar alarmes dos monitores: Diminuir os ruídos
desnecessários.
Musicoterapia: Proporciona um ambiente mais agradável e tranquilo.
Proteger a incubadora: Evitar claridade no RN.

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Referir-se ao RN/criança pelo nome: Não são número de prontuário,
leito e nem doença.
Evitar interrupções no período de sono: O sono
profundo é fundamental para o desenvolvimento do RN.
Pesagem com tecido de peso conhecido: Além de
promover o conforto, evita a hipotermia.
Troca de fralda com atenção ao barulho da fita: Evita o estresse
pelo barulho, e respeita o sono do bebê.

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Comunicação Verbal e Não verbal: Possibilita
compreender o paciente e construir uma relação de confiança.
Toque terapêutico: O toque pode diminuir o ritmo
cardíaco por passar tranquilidade e confiança.
Brinquedoterapia: Técnica usada para fazer com que a
criança compreenda a necessidade de determinados procedimentos.
Respeitar a privacidade do paciente: Os pacientes não estão
separados por sexo ou gravidade da doenças, levando-os a vivenciar
tudo o que acontece ao seu redor.

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Cuidar não é a soma de procedimentos, trata-se de um processo em que
conjugam sentimentos, valores, atitudes e princípios científicos, com a
finalidade de satisfazer a necessidade dos indivíduos envolvidos.
Não somos capazes de anular o sofrimento e a doença, mas podemos
contribuir para uma internação menos dolorosa.
Figura 24 – Profissional segurando a mão do RN

Colocar-se no lugar do próximo, deixar aflorar


a sensibilidade, promover uma assistência mais
humana e digna.
Fonte:
https://www.shutterstock.com (CELESTE; MONTEIRO; PEDRESCHI, 2019).

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Referências bibliográficas
BRASIL. Ministério da Saúde. Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde.
Brasília, 2014.

BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Política Nacional de Humanização - PNH.
Brasília: Ed. Ministério da Saúde, 2013c. Disponível em:
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_2004.pdf>. Acesso em: 05 jul. 2022.

CELESTE, L.; MONTEIRO, A.; PEDRESCHI, J. D. P. Cuidados de Enfermagem em UTI Neonatal. Revista
Saúde em Foco, n. 11, p. 551–559, 2019.

COFEN - Resolução COFEN nº. 311/2007: Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem. Disponível
em <http://www.cofen.gov.br/>. Acesso em 06 jul. 2022.

GUELLER, A. S.; SOUZA , A. S. L. Psicanálise com crianças: perspectivas teórico-clínicas. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 2018.

GURSUL, D.; HARTLEY, C.; SLATER, R. Nociception and the neonatal brain. Semin Fetal Neonatal Med. n.
4, v. 24, 2019. Disponível em: <https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/31201139/>. Acesso em: 07 jul. 2022.

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Referências
bibliográficas
MESQUITA, D. S. et al., Acolhimento de enfermagem na unidade de terapia intensiva (UTI) neonatal
segundo binômio pais-filhos: estudo de revisão integrativa da literatura. Revista Eletrônica Acervo
Saúde, v. 11, n. 13, p. 980, 2019.

PÊGO, C. O.; BARROS, M. M. A. Unidade de terapia intensiva pediátrica: expectativas e sentimentos


dos pais da criança gravemente enferma. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, [S. l.], v. 21, n. 1,
p. 11–20, 2016. Disponível em: <https://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/rbcs/article/view/23827>.
Acesso em: 05 jul. 2022.

SCOCHI, C. G. S.; COSTA, I. A. R.; YAMANAKA, N. M. A. Evolução histórica da assistência ao recém-


nascido: um panorama geral. Acta Paul Enferm., v. 9, p. 91-101, 2015.

SILVA, F. F. F. et al., Avaliação por especialistas do curso online “Programa de Avaliação da Dor
Neonatal”. Revista Brasileira de Enfermagem, n. 4, v. 73, 2020. Disponível em:
<https://doi.org/10.1590/0034-7167-2018-0392>. Acesso em: 05 jul. 2022.

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