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“Uma pequenina luz”

Uma pequenina luz bruxuleante


Não na distância brilhando no extremo da estrada
Aqui no meio de nós e a multidão em volta
Une toute petite lumière
Just a little light
Una picolla… em todas as línguas do mundo
Uma pequena luz bruxuleante
Brilhando incerta mas brilhando
Aqui no meio de nós
Entre o bafo quente da multidão
A ventania dos cerros e a brisa dos mares
E o sopro azedo dos que a não vêem
Só a adivinham e raivosamente assopram.
Uma pequena luz
Que vacila exata
Que bruxuleia firme
Que não ilumina apenas brilha.
Chamaram-lhe voz ouviram-na e é muda.
Muda como a exatidão como a firmeza
Como a justiça.
Brilhando indefetível.
Silenciosa não crepita
Não consome não custa dinheiro.
Não é ela que custa dinheiro.
Não aquece também os que de frio se juntam.
Não ilumina também os rostos que se curvam.
Apenas brilha bruxuleia ondeia
indefetível próxima dourada.
Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha.
Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha.
Tudo é pensamento realidade sensação saber: brilha.
Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha.
Desde sempre ou desde nunca para sempre ou não:
Brilha.
Uma pequenina luz bruxuleante e muda
Como a exatidão como a firmeza
Como a justiça.
Apenas como elas.
Mas brilha.
Não na distância. Aqui
No meio de nós.
Brilha

Andreia Vale Mayra


Orientações para a exposição oral
1- Identificação do poema e breve apresentação do autor;
2- Leitura expressiva/declamação do poema;
3- Análise do poema:
- identificação do tema do poema;
- explicitação da forma como o tema é desenvolvido ao longo do texto (divisão interna do
poema);
- linguagem e expressividade: recursos expressivos presentes e respetivo valor;
- análise formal: classificação das estrofes, rima e métrica.

Biografia do Autor
 Jorge Sena nasceu a 2 de Novembro de 1919, em Lisboa.
 Faleceu a 4 de Junho de 1978, em Santa Bárbara, na Califórnia.
 Ao longo da sua vida foi poeta, crítico, ensaísta, ficcionista, dramaturgo, tradutor e
professor universitário.

Identificação do tema do poema:


Tema:
Este poema retrata a condição humana, o que somos e como vivemos.
A angústia, o medo camuflado por sorrisos, a espera constante que a luz do túnel chegue e
que nos salvará a todos de todo o mal.
Fingir apenas que estamos felizes usando o dinheiro para nos acariciar de coisas superficiais,
esquecendo-nos do que é mais importante na vida.

Explicitação da forma como o tema é desenvolvido ao longo do texto (divisão interna do


poema):
Este poema está dividido em 6 partes:
-Na primeira parte é retratado a pequena luz como universal em todo mundo. (vv1-6)
-Na segunda parte essa luz realça a sua presença no mundo e nas pessoas. (vv7-13)
-Na terceira parte o poeta afirma que essa luz está escondida de todos e que essa luz é
pequena e não incomoda ninguém, na vida das pessoas, ignorantes e ingênuas. (vv14-23)
-Na quarta parte o poeta trata essa luz como oferta às pessoas que não sabem aproveitar a
vida e limitam-se a seguir em frente. (vv24-28)
-Na quinta parte é reforçada as ideologias e atos praticados pela humanidade, sejam atos
bons ou maus, essa luz está sempre presente na vida das pessoas. (vv29-34)
-Por fim a sintetização das características que a pequena luz apresenta comparando o destino
da realidade (vv.42).

Linguagem e expressividade: recursos expressivos presentes e respetivo valor:


Os recursos expressivos presentes na obra são:
 Antítese: versos 14-16 (“Uma pequenina luz/ que vacila exata / que bruxuleia firme /
que não ilumina apenas brilha”.
 Anáfora- nos versos 24-26 com a repetição da palavra “não”; e nos versos 29-32 com
a repetição da palavra “tudo”.
 Enumeração- nos versos de 29-32 (“Tudo é incerto ou falso ou violento: brilha” /
“Tudo é terror vaidade orgulho teimosia: brilha” / “Tudo é pensamento realidade
sensação saber: brilha” / “Tudo é treva ou claridade contra a mesma treva: brilha”.
 Comparação: versos 35-36 (“Uma pequenina luz bruxuleante e muda /como a
exatidão como a firmeza / como a justiça.

Análise formal: classificação das estrofes, rima e métrica


 Este poema é constituído por uma única estrofe de 42 versos que se designa por
estrofe irregular.
 Estrutura Métrica: o número de sílabas métricas é variável ao longo dos versos por
isso se designam-se por versos livres. Tendo no 1ºverso 11 sílabas métricas e no 2º
verso 13 sílabas métricas.
 Estrutura rimática: neste poema predominam os versos soltos pois não apresentam
rima. Existe também rima emparelhada (versos 25-26 e 29 a 32), rima cruzada (vv.32
e 34) e rima interpolada (vv.39 e 42).

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