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O ódio não é dado, deve ser conquistado a cada instante, tem de ser
elevado ao ser em conflito com complexos de culpa mais ou menos
conscientes. O ódio pede para existir e aquele que odeia deve manisfestar
esse ódio através de atos, de um comportamento adequado; em certo
sentido, deve tornar-se ódio. É por isso que os americanos substituíram a
discriminação pelo linchamento (Fanon, 2008, p.65)
E visivel que os negrófobos não são movidos pelo ódio direto ao negro; na
verdade, eles não têm a coragem de odiar ou perderam essa capacidade. O ódio
não é algo dado, mas sim algo que precisa ser conquistado a cada momento,
elevado ao ser em conflito com complexos de culpa mais ou menos conscientes.
Fanon sugere que o ódio requer uma expressão constante, uma manifestação
através de ações e comportamentos adequados, tornando-se parte integrante da
pessoa que odeia.
No terceiro capítulo de "Pele Negra, Máscaras Brancas" de Frantz Fanon,
intitulado "O Homem de Cor e a Branca", o autor explora as intrincadas dinâmicas
sociais e psicológicas presentes nas relações entre homens de cor (pessoas negras)
e mulheres brancas em uma sociedade colonial. Nessa análise, Fanon oferece uma
interpretação aplicada, sugerindo que essas dinâmicas revelam uma subdivisão
adicional do preconceito, na qual a carga de gênero parece afetar de maneira ainda
mais pronunciada as mulheres negras, destacando a presença de misoginia.
A interpretação de Fanon sugere que, dentro desse contexto específico, as
mulheres negras enfrentam desafios adicionais derivados não apenas da questão
racial, mas também devido à carga misógina presente nas interações inter-raciais.
Essa subdivisão do preconceito destaca a complexidade e a sobreposição de fatores
que moldam as experiências das mulheres negras em uma sociedade colonial.
Um trecho em que se pode apontar essa caracteristica, e na qual Frantz
Fanon descreve uma situação em que um homem branco concorda em permitir que
um homem negro se case com a irmã, mas com uma condição subentendida.
Solicitado, o branco consente em lhe dar a mão da irmã, mas protegido por
um pressuposto: você não tem nada a ver com os verdadeiros pretos. Você
não é negro, é “excessivamente moreno”. Este processo é bem conhecido
pelos estudantes de cor na França. Recusam-se a considerá-los como
verdadeiros pretos. O preto é o selvagem, enquanto que o estudante é um
“evoluído”. Você é “nós”, lhe diz Coulanges, e se o consideram preto é por
equívoco, pois de preto você só tem a aparência. Mas Jean Veneuse não
aceita, não pode, pois ele sabe.(Fanon, 2008, p.73)