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De início Fanon deixa claro que a intenção não é provocar uma explosão instantânea com sua
obra. Ela se constitui como uma reflexão psicológica sobre as construções do colonialismo, com
sua visão racista e sobre a realidade do negro. Tem consciência disso inclusive pelo público alvo
de sua obra ser de intelectuais ou àqueles à sua volta falando em termos sociais (Fanon possuía
Seu projeto se constitui como um projeto humanista ou universalista, ou seja, teria por objetivo
um mundo no qual as pessoas fossem vistas de forma igualitária e sem divisões ou valorações
Essa visão se basearia na visão do homem negro somente como homem, assim como o branco. O
negro é marcado por essa diferenciação, o homem negro x homem (que seria branco, mas que não
é marcado por sua cor de forma epidérmica como o negro o é). O negro está preso em uma zona
de “não-ser”. Estar no papel de homem é poder ter recomeços, sendo assim, é preciso libertar o
homem negro do lugar de negro e torná-lo homem como todos, mas essa prisão é limitada por
outro signo muitas vezes implícito, o de branco. Tem-se assim o par: o negro e o branco.
Fanon afirma que qualquer operação que se baseie nesse maniqueísmo contribui para ela por mais
que possa primariamente ser considerado como ruptura, como por exemplo a valorização de
aspectos considerados pertencentes à “alma negro” (aquele que ama o preto – negritude?) ou o
ódio ao branco.
“Trata-se de deixar o homem livre”. Objetivo de tornar o homem livre das amarras, auxiliá-lo a
No processo de o branco assumir para si a condição de ser humano, ele retira do negro a
humanidade, o negro por querer ser humano, tenta ser branco e recuperar assim a sua humanidade.
Esse processo aprisiona os dois sujeitos, o branco na sua brancura e o negro na sua negrura.
Para Fanon, é claro que o processo de alienação e assim também o de desalienação se dão no
pele). Esse processo não se dá somente no tempo de vida (ontogenia), nem em um processo
evolutivo como espécie (filogenia), mas em um plano social (sociogenia). O projeto de clínica
deve então se dar nesse espaço social, que envolve tanto negro, quanto branco. Sendo assim, “o
negro deve conduzir sua luta em dois planos”, pois “toda libertação unilateral seria imperfeita”.
Fanon se mostra disposto a fazer uma análise psicológica da sociedade, mas diz que não se aterá
aos métodos, que tal função não será assumida (ficaria então para “Os condenados da terra”?).
Sobre os capítulos:
5: Experiência vivida do negro – preto diante de sua raça, aquele que tenta se encontrar na
identidade negra. A civilização branca impôs ao negro um desvio de existencial. Aqui, vemos o
negro “evoluído” (educado na cultura francesa) tentando se reinserir no seu povo. Processo
Nota:
Nègre = nigger = preto: termos pejorativos (exceto em culture, poèsie e art nègre)
Fanon alterna entre esses, inclusive dentre frases e as vezes sem critério.