Você está na página 1de 4

FAUSTO, Boris (org.).

A Igreja entre a Revolução de 30, O Estado Novo e a


Redemocratização; Estratégia Eleitoral 1932-1934 (A Liga Eleitoral Católica); A Igreja e a
Revolução de Outubro; As Manifestações de 1931; A Igreja e o Operariado (in: História
Geral da Civilização Brasileira: O Brasil Republicano, Volume II). 4ª ed. Rio de Janeiro.
Bertrand Brasil, 2007. p. 337-350.

Sobre o autor: formou-se Bacharel em Direito pela Universidade de São Paulo (USP) em
1953. No ano de 1966 graduou-se em História pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências
Humanas da USP, obtendo seu título de doutor pelo Departamento de História em 1969, pela
mesma instituição. Foi Professor Colaborador aposentado, em nível de Professor Titular, do
Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo, de 1988 a 1997, e colunista
semanal do jornal “Folha de São Paulo” de 1998 a 2003. Atualmente é membro da Academia
Brasileira de Ciências, eleito em 2001. Outras obras: Trabalho Urbano e Conflito Social
(1976), Brasil, de colônia a democracia (1995), História Concisa do Brasil (1999) e História
Mínima do Brasil (2022).

p. 337

- Crise de 29 causa a queda da oligarquia cafeeira; O Estado passa a interferir mais na


economia e sociedade; novas classes sociais ascendem e a burguesia industrial ganha
mais força política; internacionalmente rompe com o Eixo, e em 45 Vargas cai.
- A Igreja se redefine, se articula com o novo bloco no poder e concorre
ideologicamente com o integralismo pequeno-burguês e o socialismo revolucionário
dos trabalhadores

p. 338

- O papel da Igreja no período é quase ignorado pela historiografia, os poucos são:


Paulo Krischke pontua o nacionalismo como agente de mudança na Igreja e seu papel
na rev nacional-burguesa; Luiz Vianna fala da neocristandade (movimento de
restauração do catolicismo no BR usando a cultura, os meios de comunicação, a
aproximação com o governo e e a reunião das massas e intelectuais) estudando o
PDC;
- Thomas Bruneau fala da reintegração Estado-Igreja, e Pablo Richard, que também
fala do nacionalismo no projeto cristão de hegemonia política fazendo o agente de
ligação dessas instituições
Momentos chave: 30-34, Igreja detém a iniciativa ideológica quando articulando com o
Estado; 35-37, Ação Integralista Br e Aliança Nacional Libertadora tomam a frente até a
implementação da Lei de Segurança Nacional e o estado de sítio em 35, e Estado Novo em
37.
p. 339

- Santa Sé (cúpula eclesiástica da IC) nas ações de alianças com a Itália fascista (1929),
com o Reich (1933) e mais tarde o condenando junto com o comunismo e presta
apoio a Ação Católica> influencia fortemente o BR ainda mais "após 1934, quando a
Igreja perde a iniciativa para o Estado e para outros grupos da sociedade civil)”
- Fausto se afasta de fontes limitadas no RJ e procura no RS, em 1930, pelo forte papel
hegemônico da Igreja na sociedade civil (escolas, redes de crédito, hospitais, jornais,
militares e políticos) que apoia a rev de 30, também procura em fontes de Minas e
superficialmente do Ceará e Nordeste

ANTECEDENTES DE 1930
p. 340

- A ascensão e crise da ordem liberal vai da guerra do Paraguai (1870) à rev de 30; com
a República, as oligarquias se fazem hegemônicas principalmente pela economia
cafeeira com os antigos escravocratas se subordinando.

p. 341

- A Igreja se enfraquece com a ruína dos escravocratas e as elites partem para o


liberalismo, protestantismo, positivismo e maçonaria como instituições sociais e não
mais a Igreja enquanto órgão legitimador.
- O Estado liberal passa não mais procurar se aliar com a Igreja mas sim afastá-la.

p. 342

- Deslegitimada pelo caráter anticientífico e antimoderno, a Igreja não tem como


negociar uma posição e em 1890 a separação estatal é oficializada (mas, ainda livre da
intervenção); irrompem revoltas camponesas por conta da penetração capitalista no
campo e da aliança da oligarquia com o capital externo e buscam apoio na Igreja, que
se afasta e condena as mesmas buscando aceitação pela nova ordem
- Ela manteve uma forte aliança de classe com oligarquiais rurais; em comunidades
imigrantes alemãs e italianas em SC e RS a aliança é com o pequeno proprietário,
donos e operários das pequenas indústrias nas vilas
- A igreja afasta estes revoltosos para ter aceitação no novo meio, e camponeses se
ligam então ao socialismo e sindicalismo; pe. Júlio Maria pregava aliança da Igreja
com o povo e este retoma várias vezes nos anos 60 até que sofre com a repressão em
64
p. 344

- Pedro Ribeiro de Oliveira: aparelho eclesiástico, institucional - discussões sobre


laicidade do Estado e da educação; aparelho religioso, religiosidade (práticas
não-instituicionais, crenças populares, devoções)
-
p. 345

- A Igreja, assim como a elite brasileira, se submete a modelos europeus e em 30 anos


se difere muito da religião luso-brasileira, se tornando mais nacionalista e intelectual,
entra em conflito com a fé até então vigente

p. 346

- A Igreja republicana buscava cristianizar o povo de cima para baixo a partir de


colégios para as elites enquanto o povo ficava afastado desta em práticas íntimas: “O
povo vivendo uma pauta tradicional luso-brasileira; o clero esmerando-se por uma
pauta europeizante e romanizante"
- O Estado passa a ser leigo, assim como a legislação e educação, pontos atacados pela
Igreja em defesa da maioria católica brasileira

p. 347

- Dec. de 20: as discussões do aparelho eclesiástico chegam na base popular por


intelectuais católicos; momento oportuno pela crise do Estado liberal com espaço para
a igreja se estabelecer nas relações com o poder institucional
- 2 figuras lideram esse movimento:
Jackson de Figueiredo: tradicionalista, antiliberal, antiplutocrata e contra a revolução das
artes, morre em 1928;
Dom Leme, arcebispo da Arquidiocese de Olinda (1916-1921), crítico ao catolicismo
brasileiro como uma força nacional não atuante e desorganizada - maioria ineficiente por
conta da ignorância religiosa e falta de ação social (maioria católica asfixiada, humilhada pela
minoria), organizador do movimento leigo, responsável por convencer Washington Luís a
renunciar da presidência

p. 348

- Ambos organizam um partido católico que unia as pautas do aparelho eclesiástico e o


apoio popular com um catolicismo tradicional militante
- "o nacionalismo não corresponde a um movimento de ódio contra o estrangeiro
europeu mas "um fato a autonomia do brasileiro em sua própria terra, para que a
direção intelectual e política da nação tenha caráter positivamente brasileiro", 1921
- A Constituição de 1891 aprovou a liberdade de crença, casamento civil, secularização
(passagem do domínio religioso para o laico) de cemitérios, educação leiga, proibição
de relação de dependência ou aliança Estado-Igreja
-
p. 349

- República Velha permitia autoridade para cada Estado ter uma Constituição adequada
ao local: Constituição do RS era dura em dividir o espiritual e o temporal; a mineira
citava Deus (algo abolido); em SP tem verbas para a Catequese dos Índios do Estado
- O Estado não conseguia efetivar a legislação na igreja por resistência popular

Você também pode gostar