Você está na página 1de 1

LITERATURA PORTUGUESA/PORTUGUÊS 10º ano

Módulo 2: GIL VICENTE, FARSA DE INÊS PEREIRA

FICHA DE TRABALHO 1

Resolução

O teatro de Gil Vicente

Leia o texto informativo e responda às tarefas propostas.

1. Indique os sinónimos para as palavras destacadas.


imiscuem - misturam, ligam
estro – inspiração poética ou artística
2. Apresente a informação essencial presente no desenvolvimento.
Destacada no texto
3. Justifique o uso do ponto e vírgula no segundo parágrafo.
Serve para separar os vários elementos de uma enumeração, neste caso, cada um
dos planos em que há dualidade na obra de Gil Vicente.

Gil Vicente é, ao mesmo tempo, o derradeiro dramaturgo medieval e o


primeiro dramaturgo moderno. E essa é talvez a faceta mais importante da dualidade
que caracteriza o seu teatro.
Dualidade que se estende aliás a vários planos: dualidade temática, que faz
confrontarem-se autos religiosos e autos profanos e se manifesta no próprio seio de
cada uma dessas categorias, em que elementos da outra (…) se imiscuem; dualidade
estrutural, que permite contrapor o esquematismo dos autos pastoris (…) e a
linearidade das farsas à complexa arquitetura das alegorias; dualidade linguística, que
levava Gil Vicente a adotar umas vezes o idioma pátrio, outras o castelhano, e outras
ainda a mesclar os dois na mesma obra; (…) dualidade ideológica, que permitia a este
poeta cortesão, ao mesmo tempo que punha o seu estro ao serviço do rei, denunciar
em termos violentos a corrupção administrativa, a venalidade (1) da justiça, o
parasitismo da aristocracia, o baixo materialismo do clero (…). Mas onde porventura,
essa dualidade mais se evidencia é no tocante a matéria religiosa. Um cristianismo
ortodoxo e tradicional (…) é contrabalançado pela irreverente, audaciosa e por vezes
rude liberdade com que noutras peças se criticam não só o clero como a autoridade
pontifical (2) e até a própria Igreja.

Luiz Francisco Rebello, História do Teatro Português, Lisboa, Europa-América, 1968.

Notas:

1) - corrupção; 2) – relativo ao Papa.

Você também pode gostar