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CENTRO DE ENSINO MÉDIO 02

DISCIPLINA: PORTUGUÊS

PROFESSOR(A): ROSANE ROCHA

O VELHO DA HORTA_GIL VICENTE

ALUNO(A): MARJORIE LUIZA MORAIS

SÉRIE: 1° ANO DO ENSINO MÉDIO

TURMA: “N”

BRASÍLIA-DF

NOVEMBRO/2021

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 3
O VELHO DA HORTA, OBRA DE GIL VICENTE 4
I. Biografia de Gil Vicente 4
II. Humanismo em Portugal 6
III. Características da Obra O Velho da Horta 7
IV. O Velho da Horta 8
V. Análise da
obra....................................................................................................................9
CONCLUSÃO............................................................................................................11
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS.....................................................................................................12

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INTRODUÇÃO

Esse trabalho aborda a obra literária “O Velho da Horta”, de Gil Vicente. O


dramaturgo e escritor de peças português viveu, aproximadamente, entre 1465 e
1536, Gil Vicente escreveu mais de quarenta peças e marcou o teatro em Portugal,
que ficou conhecido como “Teatro Vicentino”.

A obra, resumidamente, se passa na horta, onde uma Moça vai para


comprar mantimentos, o Velho já inicia o diálogo om seus galanteios em direção a
jovem que, por sua vez, sempre o responde em um tom zombeteiro. A fim de
conquistar a Moça, o Velho paga uma alcoviteira que acaba extorquindo toda sua
fortuna. No final, o Velho se arrepende e fica pobre, a alcoviteira é punida e a Moça
se casa com um jovem rapaz.

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O VELHO DA HORTA, OBRA DE GIL VICENTE

I. BIOGRAFIA DE GIL VICENTE

Gil Vicente nasceu em Guimarães, Portugal no ano de 1465. Foi um


dramaturgo e autor de diversas obras teatrais, sua ascensão ocorreu durante os
reinados de D. Manuel I (1465-1521) e de seu filho D. João III (1502-1557), pelo qual
recebeu aval da monarquia. Por falta de documentos, pouco se sabe sobre sua vida,
no entanto, o que se sabe é que o escritor teve dois matrimônios. A primeira esposa
talvez se chamasse Branca Bezerra, ela lhe deu dois filhos e faleceu em 1514. Três
anos depois, o autor se casou com Melícia Rodrigues, com quem teve três filhos.
Possivelmente, Gil Vicente atuou também como ouvires, pois na mesma época foi
relatada a existência de outro Gil Vicente, que por sinal era ouvires, sendo assim,
alguns estudiosos afirmam que os dois eram a mesma pessoa.

O nome de Gil Vicente apareceu pela primeira vez em 1502, quando


encenou a peça “Auto da Visitação” ou “Monólogo do Vaqueiro”, em homenagem ao
nascimento do príncipe D. João, futuro D. João III, filho de D. Manuel I e de D. Maria
de Castela. No monólogo, escrito em castelhano, um simples homem do campo
expressa sua alegria pelo nascimento do herdeiro, desejando-lhe felicidades. A
interpretação entusiasmou a Corte, iniciando assim sua carreira que se estendeu por
mais de 30 anos.

O escritor português viveu no período em que oscilava o fim da Era


Medieval e o começo da Era Moderna na história. Suas obras possuíam
características medievais e retratavam o período do Humanismo, suas peças eram
determinadas por serem primitivas e popular, embora tenha surgido no ambiente da
corte, para servir de entretenimento nos serões oferecidos ao rei.

Gil Vicente escreveu mais de quarenta peças, algumas em espanhol e

outras em português que, por muitas vezes, criticava a sociedade do seu tempo. O
escritor fazia parte de um movimento artístico e intelectual conhecido
como Humanismo, introduzido em Portugal a partir de 1385. O teatro vicentino é

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marcado por possuir caráter moralizante, residindo na sátira e contrabalançado pelo
pensamento cristão. De suas sátiras, o escritor não deixou ninguém de fora, onde
eram direcionadas para papa, rei, clero feiticeiras, alcoviteiras, judeus, moças
casadouras e agiotas. As suas obras podem ser divididas em três fases, sendo elas:

Primeira fase (1502-1508): O autor apresenta peças que possuem um conteúdo


religioso onde a mímica representa papel importante nesse teatro:

 Auto da Visitação ou Monólogo do Vaqueiro

 Auto Pastoral Castelhano

 Auto de São Martinho

 Auto dos Reis Magos

Segunda fase (1508-1516): a sátira social apresenta ampla visão da sociedade da


época, a arte possui uma linguagem ferina e adquire caráter mais pessoal:

 Quem Tem Farelos?

 Auto da Índia

 O Velho da Horta

 Exortação da Guerra

Terceira fase (1516-1536): atinge sua maturidade intelectual e aparecem ao lado da


crítica de costume, atitudes moralizantes de caráter medieval. São dessa época as
melhores obras teatrais da Literatura Portuguesa:

 Farsa de Inês Pereira

 Auto da Beira

 O Clérigo da Beira

 Auto da Lusitânia

 Comédia do Viúvo

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 Trilogia das Barcas (Auto das Barcas do Inferno, Auto da Barca do Purgatório
e Auto da Barca da Glória)

 A Floresta dos Enganos (1536, sua última peça)

Gil Vicente morreu em 1536, provavelmente em Évora, Portugal. O


escritor é considerado o criador do teatro português, pois ele fundou uma tradição
teatral em Portugal e tudo indica que o autor não se restringia apenas a escrever
suas peças, mas também atuava nelas e dirigia os atores. Era, portanto,

responsável por todas as etapas da montagem do espetáculo teatral. Gil Vicente


teve uma vida bem-sucedida como dramaturgo e marca até nos dias de hoje a
literatura com suas obras e peças.

II. HUMANISMO EM PORTUGAL

É importante ter o devido conhecimento sobre esse período para


compreender melhor as obras de GIL Vicente e como o Humanismo influenciou em
suas obras.

O Humanismo é o nome dado a um movimento cultural, que marcou a


transição entre a Idade Média e a Idade Moderna, ou entre o Trovadorismo e o
Renascimento. Além do surgimento da burguesia, outras mudanças marcaram esse
período na Europa, entre elas, a expansão marítima, o desenvolvimento do
comércio, o surgimento de pequenas indústrias, etc., e todas essas transformações
foram desenvolvidas pelos humanistas. Assim, lentamente, a mentalidade medieval
foi sendo deixada no passado daquela sociedade.

Se iniciou no século XIV, na Itália, porém o Humanismo português é


desenvolvido durante o século XV e XVI e se produziu manifestações literárias de
vários gêneros, como: prosa, poesia e teatro, onde Gil Vicente se destacou. Por
causa de sua influência, inclusive, esse tipo de produção literária ficou conhecida
como “teatro vicentino”, e suas principais características eram: retrato dos costumes

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e tipos da sociedade portuguesa; crítica social; caráter universal; antropocêntrismo;
retrato de personagens caricaturadas e alegóricas; retrato psicológico das
personagens; presença de humor e comicidade; presença de alegorias e misticismo;
caráter moralizante e satírico; temas pastoris, cotidianos, profanos e religiosos.

III. CARACTERÍSTICAS DA OBRA O VELHO DA HORTA

Em O Velho da Horta, obra escrita em 1512, Gil Vicente revela perfeito


domínio do diálogo e do uso da comicidade em sua peça. A história em si é uma
farsa, ou seja, é uma pequena peça cômica popular, de concepção simples e de
ação trival ou burlesca, em que predomina gracejos e situações ridículas. Utiliza
pouco aparato cênico, colocando toda a ação em um mesmo cenário (a horta) e os
acontecimentos que se realizam fora da horta são referidos como fatos que vêm de
fora. Todos os episódios têm uma única direção: o desfecho, e isso garante a
unidade da peça.

O Velho da Horta é uma peça de enredo, na qual se desenvolve uma


ação contínua e encadeada, em torno de um episódio extraído da vida real, ou em
torno de uma série de episódios envolvendo uma personagem central, ou
articulando uma ação dramática homogênea e completamente desenvolvida, com
um travejamento mais complexo, com começo, meio e fim. Os personagens da peça
são:

Parvo – criado do Velho com pouca cultura, limitando-se a chamar-lhe às realidades


primárias da vida (o comer) incapaz de compreender grandes dramas.

Alcoviteira – figura pitoresca da baixa sociedade peninsular astuciosa e


mistificadora, cuja moral independe de todas as leis da sensibilidade.

Alcaide – antigo oficial de Justiça.

Beleguins – agentes de polícia.

Mocinha – personagem que vai até a horta comprar.

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Mulher – espera do Velho.

Velho – idoso, proprietário de uma horta, apaixona-se subitamente por uma jovem
compradora.

Moça – rapariga com certa experiência, já balzaquiana, com resposta ao pé da letra,


confiante em si mesmo, disposta a zombar de um velho inofensivo, sem quebra da
sua dignidade pessoal.

Como foi citado acima, o diálogo é algo com bastante relevância na obra.
O Velho usa a linguagem da poesia palaciana, sendo representada por ser ilusória
ridícula, onde o personagem tenta conquistar a moça com seus galanteios. A Moça,
por sua vez, é marcada pelo uso da sátira em suas falas, em decorrência as
investidas amorosas recebidas do Velho em que ela sempre o responde com seus
ditos zombeteiros.

A peça é estruturada em quatro versos em rodilhas maiores e um quinto


verso com três sílabas métricas.

IV. O VELHO DA HORTA

A peça se inicia quando a Moça vai a horta do Velho para comprar


cheiros para a panela (temperos), e este se apaixona perdidamente por ela,
iniciando uma série de “cantadas” do Velho para a Moça, que desde o início rebateu
com ditos zombeteiros, que não se deixa enganar pelas palavras encantadoras do
pretendente e não se sente atraída nem por ele, nem por sua fortuna, nem por sua
"lábia" cortesã. São duas visões opostas da realidade: a visão idealizadora do Velho
apaixonado e a visão realista da Moça.

Após várias tentativas falhas de tentar conquistar a jovem, ela sai da cena
e entra o parvo, criado do Velho, onde ele o chama para ir se alimentar com sua
esposa, mas o Velho se recusa, ainda iludido pela Moça.

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Uma alcoviteira, Branca Gil, promete ao Velho a posse da jovem amada
e, com isso, vai extorquindo todo seu dinheiro. Na cena final, O Velho perde sua
fortuna, pois gastara tudo o que tinha, deixando ao desamparo suas quatros filhas,
reconhecendo seu erro e se arrepende.
A alcoviteira é açoitada por suas malandragens e será expulsa do país. A
Moça se casa com um jovem rapaz. A introdução ao texto da peça esclarece que a
farsa foi encenada em 1512, na presença de D. Manuel I, rei de Portugal.

V. ANÁLISE DA OBRA

A peça em resumo se passa na horta, em que o Velho, que é o dono da


horta, se apaixona por uma Moça que vai comprar temperos. O diálogo é marcado
por investidas amorosas por parte do Velho, que usa a poesia palaciana para tentar
conquistar a Moça, ela por sua vez, usa da sátira e do tom zombeteiro para rebater
suas cantadas. O Velho contrata uma alcoviteira para tentar conquistar a moça,
porém a alcoviteira extorque o Velho que, por fim, perde sua fortuna e se arrepende
de seus atos. A alcoviteira é punida e moça se casa com um jovem rapaz.

Geralmente, o Gil Vicente usa de termo moralistas em suas peças, ou


seja, o teatro vicentino tem uma função relacionada a formação moral de cada
indivíduo e da sociedade da época, que tem como base alguns princípios defendidos
pela igreja católica, onde ele expressava isso por meio de seus personagens.

Outro ponto é a relação da Moça e do Velho, e a problemática em torno


da diferença de idades. A crítica moralista para quem recorria aos serviços das
alcoviteiras, casamenteira e feiticeiras para conseguir quem deseja. Outros fatores
que podemos destacar são:

• Peça teatral de Gil Vicente de 1512, Século XVI, encenada na presença do Rei D.
Manoel I
• Métrica : Escrita em versos, são quatro versos em redondilha maior e um quinto
verso com três sílabas
• O Velho utiliza uma linguagem lírica ,repleta de galanteios vazios ,que serve ao
aspecto cômico da peça (Farsa).
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• O Velho tem postura inadequada para a idade e também devido ao seu estado
civil, pois é um homem casado
• A visão moralista de Gil Vicente que tem como objetivo corrigir os costumes e levar
o homem para junto de Deus
• A Moça é lúcida, bem humorada e firme em seus valores, sua linguagem é
marcada pela crítica a postura inconveniente do velho, a Moça muitas vezes zomba
das sandices do Velho
• Alcoviteira é fofoqueira ,mentirosa ,casamenteira ,interesseira ,mexe com
mandinga, na verdade o autor tenta alerta ao povo através do riso e do estereótipo
da personagem ,que o povo não deveria buscar os serviços desse tipo de pessoa
(feitiço)
• O Parvo é o funcionário da horta, bastante limitado, pois parvo significa tolo,
ingênuo, bobo mentalmente lento. O empregado está limitado ao mundo prático, a
realidade objetiva do cotidiano (o jantar)
•Alcaide e beleguins são respectivamente oficiais de justiça e os policiais
• A esposa do velho tenta mostrar o absurdo, o ridículo daquela paixão fora de hora,
tardia e imoral
•Ao final a justiça (do Rei) entra em ação e a Alcoviteira é humilhada e punida
publicamente, enquanto a imprudência do ancião é punida pela perda do dinheiro
que lhe foi roubado e da jovem amada que casara com outro.

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CONCLUSÃO

O trabalhou apresentou a vida e obra de Gil Vicente e como ele se tornou


importante para a literatura. O humanismo também foi um período estudado, já que,
influencia em suas obras e peças. Mostra as características do “O Velho da Horta” e
um resumo da peça, e por fim, a sua análise.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Autor desconhecido. O VELHO DA HORTA – GIL VICENTE(RESUMO). Mundo


Vestibular. Disponível em: https://www.mundovestibular.com.br/estudos/resumo-de-
livro/o-velho-da-horta-gil-vicente-resumo/. Acesso em: 06/11/2021.

ARAÚJO, Ana Paula. O VELHO DA HORTA. Info Escola. Disponível em:


https://www.infoescola.com/livros/o-velho-da-horta/. Acesso em: 06/11/2021.

VICENTE, Gil. O VELHO DA HORTA. Domínio Público. Disponível em:


http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000112.pdf. Acesso em:
06/11/2021.

FRAZÃO, Dilva. GIL VICENTE. Ebiografia. Disponível em:


https://www.ebiografia.com/gil_vicente/. Acesso em: 06/11/2021.

RIGONNATO, Mariana. HUMANISMO. Mundo Educação. Disponível em:


https://mundoeducacao.uol.com.br/literatura/humanismo.htm. Acesso em:
06/11/2021.

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