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EVIDÊNCIAS DAS IMPLICAÇÕES HEPATOTÓXICAS DOS

FITOTERÁPICOS NA DOENÇA HEPÁTICA INDUZIDA POR DROGAS.

Evidence of hepatotoxic implications of phytotherapy in drug-induced hepatic


disease.

Anne Caroline Almeida RODRIGUES¹


Bárbara Andrade LIMA 2
Carlos Felipe Bezerra BARROS 3
Gabrielle Nogueira LUCIANO4
Lavínia Brito GONÇALVES 5

Introdução: A Doença Hepática Induzida por Drogas (drug-induced liver injury – DILI)
se caracteriza como uma reação adversa ao uso de drogas, plantas medicinais e
suplementos dietéticos capazes de causar lesões às células hepáticas de forma aguda ou
crônica, causando um variado espectro de apresentações clínicas e de difícil diagnóstico.
Uma mensurável parte dos caos de DILI podem ser atribuídos ao uso de suplementos
fitoterápicos e dietéticos, todavia esses valores ainda permanecem como um número
subestimado . Objetivo: Buscar na literatura evidências científicas sobre a
hepatotoxidade dos fitoterápicos e relaciona-las à DILI. Método: Foi realizada uma
revisão sistemática de literatura com base nos seguintes passos: (1) identificação do
problema; (2) pesquisa literária, com delimitação dos descritores, bases de dados e
aplicação dos critérios de elegibilidade; e (3) avaliação dos dados obtidos. Como etapa
inicial, foi sintetizada a questão norteadora: Quais as implicações hepatotóxicas dos
fitoterápicos na doença hepática induzida por drogas? Para o levantamento de dados, as
bases de pesquisa utilizadas foram: PubMed (National Library of Medicine; National
Institutes of Health) e Biblioteca Virtual de Saúde (BVS). Para a pesquisa na base de
dados PubMed foram utilizados os descritores “herbs” e “hepatotoxicity” utilizando os
operadores booleanos “and”. Na base de dados da BVS foram utilizados os descritores
“hepatotoxicity” e “phytotherapy” e “bdrug-induced liver injury”. Também utilizando os
operadores booleanos “and” e “or”. Para a inclusão dos artigos, os critérios estabelecidos
envolviam estudos atualizados e completos disponíveis eletronicamente, nos idiomas
inglês, português e espanhol, que apresentassem a temática proposta, no período de 2018
a 2023. Os critérios de exclusão foram: cartas, editoriais, revisões integrativas,
dissertações e artigos em duplicidade. Após exclusão dos artigos que não entravam nos
critérios, foram lidos para avaliação completa e verificação de elegibilidade dentro do
contexto pré-estabelecido e selecionados 7 artigos para a inclusão desse estudo.
Resultados: As principais evidências associam o uso dessas substâncias ao aumento de
enzimas hepáticas e ativação de p38α levando à lesão hepática. Além disso, outros estudos
demostram que em grupos de indivíduos que já possuem DILI e utilizam as plantas
medicinais, as lesões hepáticas são mais graves, tendo como consequências maiores
índices de complicações e mortalidade. Outros estudam, denotam que fitoterápicos
específicos só oferecem reais riscos em altas concentrações, mas ressalta a importância
de avaliar risco e benefício, associação com comorbidades, uso de outrosfármacos,
além do aconselhamento aos usuários sobre o uso discriminado. Conclusões: Embora a
prática do uso de fitoterápicos para fins medicinais seja milenar, as espécies vegetais
podem apresentar toxicidade, principalmente se forem usados de forma contínua, não
segura e associada a outros medicamentos. Por ser o órgão responsável pela
metabolização das substâncias, o fígado é o principal alvo de danos, suscetível à
hepatopatias agudas e crônicas. Nesse sentido, vale ressaltar a importância de estudos
com aprofundamento no tema, a fim de compreender melhor a farmacovigilância dos
fitoterápicos.
REFERÊNCIAS:

[1] HUANG, Yu-Wen; TUOZO, Arianne Jan; TAN, Roger S. Hepatotoxicity and
Mutagenicity assessment during chronic in vivo exposure to aqueous extracts from
Peperomia pellucida. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 94, p.
e20191255, 2022.

[2] WOROŃ, Jarosław; SIWEK, Marcin. Unwanted effects of psychotropic drug


interactions with medicinal products and diet supplements containing plant
extracts. Psychiatr Pol, v. 52, n. 6, p. 983-96, 2018.

[3] DING, Yannan et al. Potentiation of flutamide-induced hepatotoxicity in mice


by Xian-Ling-Gu-Bao through induction of CYP1A2. Journal of
Ethnopharmacology, v. 278, p. 114299, 2021.

[4] LI, Fan et al. Molecular mechanisms involved in drug-induced liver injury
caused by urate-lowering Chinese herbs: A network pharmacology study and
biology experiments. PLoS One, v. 14, n. 5, p. e0216948, 2019.

[5] HUANG, Yi-Shin et al. Herbal and dietary supplement-induced liver injury in
Taiwan: comparison with conventional drug-induced liver injury. Hepatology
international, v. 15, n. 6, p. 1456-1465, 2021.

[6] GONÇALVES, Rodrigo Noll et al. Plantas medicinais na Atenção Primária à


Saúde: riscos, toxicidade e potencial para interação medicamentosa. Revista de
Aps, Campo Largo, v. 25, n. 1, p. 120-153, jul. 2022.

[7]LIMA, Bruna Soares de Souza et al. FITOTERAPIA: TOXICIDADE E


DESINFORMAÇÃO. Revista Saúde Dinâmica: Revista Científica Eletrônica,
[s. l], v. 9, n. 3, p. 84-97, dez. 2021.

[8] SOUZA, Aécio Flávio Meirelles de. Hepatotoxicidade por Chás. Revista Ged,
[s. l], v. 30, n. 1, p. 22-24, fev. 2011.

[9] Navarro VJ, Khan I, Björnsson E, Seeff LB, Serrano J, Hoofnagle JH. Liver
injury from herbal and dietary supplements. Hepatology. 2017;65:363-373.

[10] Bittencourt PL, Farias AQ, Carrilho FJ. Fígado e Drogas. In Cordeiro FTM,
Mattos AA (eds.). Condutas em Gastroenterologia. 1ª edição, Federação Brasileira
de Gastroenterologia, São Paulo: Revinter, 2004; p 475-482.

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