Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Resumo
Nos anos 1950, pintores organizaram-se em torno da figura de Abelardo da Hora
e criaram o Atelier Coletivo em Recife. Participaram desse importante movimento para
as artes plásticas pernambucanas, Gilvan Samico, Wellington Virgolino, Wilton de
Souza, José Cláudio, Ionaldo Cavalcanti, João Câmara, entre outros.
A produção pictórica inicial do Atelier mostrava-se engajada tanto nos temas
quanto nas formas que assumiam as composições, principalmente a de Abelardo da
Hora, que se empenhou em dar ao grupo uma feição política de combate às misérias e
desigualdades sociais. Atuando como uma espécie de coordenador, Abelardo dirigiu a
produção do grupo no sentido de compor uma iconografia sobre a vida do “povo”. A
“realidade” nordestina deveria ser transposta em telas combativas.
Na medida em que alguns integrantes do Atelier Coletivo amadureciam
tecnicamente e passavam a expor em circuitos do Rio de Janeiro e de São Paulo, suas
pinturas deixaram o tom de “denúncia” e assumiram a exaltação de temas
“regionalistas” em cores alegres. Por meio da análise de algumas telas de Wellington
Virgolino, pretende-se demonstrar como sua inserção em um circuito de consumo de
arte do Sudeste do país permitiu e demandou a adequação de sua pintura, que antes
respondia às demandas locais, aos temas mais amenos e “dignos”, aos olhos de
paulistanos e cariocas, de expressar sua região.
Palavras-chave: Pintura Pernambucana; Arte e Antropologia; Representações
***
1
engajada que dialogasse com a realidade local. Por outro, ao analisar alguns trabalhos
de Wellington Virgolino, um dos alunos de Abelardo e integrante do Atelier Coletivo, é
possível identificar a influência que o Sudeste do país teve no direcionamento da obra
deste pintor. Na medida em que ele passava a ser exposto por galerias em São Paulo e
no Rio de Janeiro, suas telas assumiam um caráter cada vez mais decorativo,
abandonando a referência à realidade local e ao engajamento apregoado por Abelardo da
Hora. Este artigo explora esses dois aspectos, o engajamento e o decorativismo,
presentes na pintura pernambucana de meados do século XX.2
Outra oportunidade foi dada por Álvaro Amorim, professor tanto da Escola
Industrial como da Escola de Belas Artes de Pernambuco. Foi Amorim quem, vendo o
“talento” do aluno do curso de Artes Decorativas, levou-o como bolsista para frequentar
a Escola de Belas Artes no período noturno.
2
Abelardo teria sido tão bem recebido pela família que chegou a dividir quarto
com os filhos do industrial: Francisco, Cornélio e Jorge. Foi nessa convivência também
que Abelardo iniciou Francisco na cerâmica artística. No entanto, tal intimidade
interrompe-se quando Abelardo da Hora, por meio de uma escultura, expressa suas
intenções de namoro com a filha do industrial. Ricardo não aprovou a ideia, e o
pretendente ao posto de genro deixou a casa no dia seguinte. Segundo o artista, sua
partida ocorreu de maneira pacífica; a amizade com a família Brennand continua viva
até hoje.5
5 Para um relato do próprio Abelardo sobre o assunto, ver a entrevista concedida por Abelardo da Hora
a Magalhães (2009).
6 Abelardo Rodrigues foi uma figura importante no mecenato pernambucano. Além de ter trabalhado na
divulgação das esculturas de Vitalino, incentivou a Sociedade de Arte Moderna do Recife e o Atelier
Coletivo.
7 Apesar de Abelardo assumir tal feito em entrevista (HORA; MAGALHÃES, 2009), com as fontes
disponíveis até o momento não fica claro quais eram os artistas com os quais ele manteve contato.
3
As aspirações de Abelardo somaram-se às de Hélio Feijó, funcionário do
Departamento de Documentação e Cultura da Prefeitura do Recife, e às de Ladjane
Bandeira, artista plástica e redatora da coluna sobre artes da empresa Jornal do
Comércio. Segundo Ladjane, um dos objetivos da Sociedade era concorrer com a
Escola de Belas Artes e com a pintura acadêmica que predominava nos Salões de Artes
de Pernambuco. (CLÁUDIO, 1979, p. 55)
Uma gama enorme de nomes fizeram, formalmente, parte desse novo colegiado
em prol da arte moderna. No entanto, segundo José Cláudio (1979, p. 11), essa
sociedade existiu de maneira frágil. Poucas foram as atividades desenvolvidas sobre a
rubrica dessa organização. As mais importantes delas, no entanto, foram o Curso de
Desenho e o Atelier Coletivo, ambos comandados por Abelardo da Hora.
O curso de desenho ocorria em uma das salas do Liceu de Artes e Ofícios, que
Abelardo conseguiu emprestada graças aos contatos de seu irmão Bianor, Presidente da
Sociedade de Cultura Estevão Cruz, formada por ex-alunos do Ginásio Pernambucano.
Em um dado momento, a diretoria do Liceu pediu a sala de volta, inviabilizando o
curso.8
8 Wilton de Souza, em depoimento ao autor em Junho de 2010, afirmou que o fato de Abelardo anunciar
publicamente que era comunista desagradou a diretoria do Liceu que deixou de emprestar a sala.
4
montar um Atelier Coletivo. Todos os envolvidos se cotizariam para pagar as despesas
de aluguel e material de pintura.9
9 Inicialmente participaram das aulas de desenho e do Atelier Coletivo: Gilvan Samico, Ionaldo
Cavalcanti, Wellington Virgolino, Wilton de Souza e Abelardo da Hora. Em seguida, somaram-se ao
grupo José Cláudio, Ivan Carneiro, Marius Bern, Armando Lacerda, Corbiniano Lins, Antônio
Heráclito Campelo Neto, Nelbe Rios, Reynaldo Fonseca, Ladjane Bandeira, Armando Lacerda, Maria
de Jesus, Guita Charifker, entre outros. O Atelier teve quatro sedes durante sua existência: rua
Soledade, em 1952; rua Velha, em 1953; rua da Matriz, em 1956; e a última na rua Bernardo
Guimarães em 1958-1959. Esses endereços são usados pelos membros do grupo para diferenciarem
“fases” do Atelier. Nem todos os integrantes conviveram entre si, pois na medida que uns
ingressavam, outros se desligavam. Para mais detalhes ver José Cláudio (1979).
10 Mesmo essa afirmação é controversa pois Ladjane provinha de uma importante família de
comerciantes de Nazaré da Mata. Se sua família não estava ligada à produção de açúcar, tampouco era
de origem modesta.
5
deste grupo.
Abelardo era o mais experiente e o professor dos demais. Ele guiava os trabalhos
e promovia seções de desenho de pose rápida, onde cada um deveria, em poucos
minutos, extrair as linhas essenciais do modelo. Abelardo também direcionava os temas
que mereceriam ser trabalhados em sua busca por uma arte em diálogo com a “realidade
do povo”. A convivência no Atelier Coletivo fez com que os artistas construíssem uma
unidade em suas produções. Diz Abelardo da Hora:
6
esculturas de tipos populares inspiradas na cerâmica popular e que
estão no Parque 13 de Maio, "Os Cantadores" e o "Vendedor de
Caldo de Cana", "O Sertanejo" na Praça Euclides da Cunha – em
frente ao Clube Internacional e o "Vendedor de Pirulitos" em Dois
Irmãos. Fiz todas no Atelier Coletivo, com uma turma vendo e
aprendendo. (CLÁUDIO, 1979, p. 36)
Além dessas esculturas feitas para a prefeitura com tipos populares, é da época
do Atelier Coletivo, também a gravura em gesso Enterro de um Camponês, 1953,
(Figura 1). Dois homens, sustentando uma viga nos ombros na qual uma rede está
armada, levam o corpo do lavrador. Outros dois, um de cada lado do falecido, estão
prontos para assumir o lugar dos carregadores quando necessário, assim que o peso e o
calor intenso esvair as forças dos companheiros. Todos com seus chapéus nas mãos, um
deles com os braços às costas, seguem passos idênticos e cadenciados, direita e
esquerda, em uma marcha fúnebre. Três mulheres também compõe o cortejo. Duas, do
lado direito da rede, que posta horizontalmente para o observador, as encobre quase
completamente revelando apenas das pernas para baixo e dos olhos para cima. Uma
menina, ainda criança, também à direita do morto, mas um pouco à frente dos demais,
tem todo o seu desespero revelado. Mãos tencionadas ao rosto, encobrem os olhos que
evitam olhar adiante. Postura semelhante a de uma das mulheres atrás da rede.
Os personagens pouco se diferenciam no olhar ou na fisionomia. Cabeça baixa,
olhos fundos mirando para frente como quem não quer enfrentar o que está por vir: o
enterro, a morte. A fisionomia dos homens é exatamente a mesma: queixo pontudo,
nariz reto, olhos fundos e cabelos lisos e curtos. Todos jovens, com braços fortes
evidenciando a profissão de lavradores.
Os pés descalços chamam a atenção. Pés expressivos, largos e com músculos e
veias saltados. Pés castigados pelo chão pedregoso, quente e seco.
A imagem se divide apenas em dois planos; o primeiro, onde se desenvolve a
cena, é marcado por traços negros horizontais. O segundo plano, o céu, é representados
por um tracejado em 45 graus. Todas essas linhas e manchas, que formam o chão, o céu
e os personagens surgem em um ambiente quente, vermelho cobre, onde mesmo as
nuvens assumem a cor quente de uma região árida e terrosa. O vermelho crepuscular
oprime, assim como o tracejado negro cortante do cair da noite: áspero, desolador.
Não há nenhum refúgio nesta paisagem. Não há pontos de descanso nem para o
cortejo, nem para o olhar do observador. O sofrimento está em toda parte. A saudade
7
deixada pelo morto, se intensifica no desamparo da paisagem e na solidão anunciada do
cair da noite.
O mesmo tom engajado vemos na gravura Incêndio no Pátio do Paraíso,
também de 1953 (Figura 3). Traços brancos surgem em um fundo negro em um estilo
expressionista. Cortes largos, como que ferindo a escuridão da noite. Ao se pousar o
olhar mais detidamente, percebe-se formas que parecem ser homens, mulheres, crianças,
cachorro e gato. Casas em chamas ao fundo. No primeiro plano, o amontoado dos
personagens olha para a direita do quadro, que revela ao observador apenas fortes traços
remetendo às chamas, explosões, ou ao desmoronamento de alguma construção causado
pelo fogo. Todos os homens e as crianças, com os braços ao céu, exitam entre a fuga e o
reflexo de segurar o que estaria desabando ou queimando e que não é para nós revelado.
A mulher, apesar de ser a única que está de costas para o evento, continua a olhá-
lo virando a cabeça em sua direção. Com seu dorso, protege o bebê que carrega em seus
braços. Por sua vez, o bebê segura as costas da mãe em um abraço forte, e parece pedir
por mais proteção. Os seus bracinhos cobrem boa parte do rosto, deixando apenas os
olhos à mostra. Miram diretamente o observador, com uma expressão que mistura o
susto e a raiva, como quem perguntasse: “Você vai ficar só olhando?”
Toda a luz da gravura vem das chamas. Ao mesmo tempo, elas atraem a atenção
dos personagens, destroem suas casas, revelam para nós suas desgraças e, pelo olhar do
menino, nos demandariam uma atitude.
Essas gravuras dialogam com as esculturas de Abelardo que traziam como tema
a fome nordestina, como é o caso de A Fome e o Brado (Figura 8). Com suas linhas
retas e ângulos agudos, assim como suas gravuras, lembram as telas de Portinari da série
de retirantes.
8
A problemática social chegou antes por influência mexicana que
por Portinari (quem, aliás, naquela época, andava brigando com o
Partido) e nós aqui não conhecíamos nada de Portinari, nunca
víramos coisas suas. Em compensação chegara-nos […] um livro
sobre Rivera, que muitos nos impressionou.
13 Os Clubes de Gravura funcionaram com base em uma lista de assinantes que pagavam mensalidades
e, em troca, recebiam gravuras produzidas pelo grupo de artistas.
9
por Scliar no I Congresso de Intelectuais, em Goiânia. Participaram, ainda, da
Exposição do Clube da Gravura de Porto Alegre, também a convite de Scliar. Dessa
mostra, a qual, segundo Abelardo, percorreu países da Europa, China, União Soviética,
Israel, Argentina e Mongólia, fizeram parte Enterro de um Camponês, de Abelardo,
Pescadores com Puçá, de Samico e outras gravuras de Virgolino, Wilton Souza e
Corbiniano Lins.
10
Minhas figuras eram muito sofisticadas naquela época. Você
[provavelmente se referindo a José Cláudio] achava que minhas
mulheres só pareciam máscaras. As minhas figuras representavam
o ambiente em que vivia. Convivia com gente muito refinada. Todo
o movimento de Dom Vital aconteceu na casa do meu avô: a
Baronesa de Lucena era uma Carneiro Rodriguez Campello, prima
do meu avô. O Barão de Lucena foi quem prendeu o Arcebispo de
Olinda e Recife Dom Vital de Oliveira. (CLÁUDIO, 1979, pp. 69-
70)
11
casa, tinha, desde criança, um convívio intenso com as artes.14
Uma mulher, com as costas apoiadas nas costas do homem, está em uma posição
similar a dele, embora seu corpo penda para trás, aumentando a superfície de contato
entre eles. Em seus braços, acomodado no vão criado pela suas pernas cruzadas, está a
criança já crescidinha, mas que ainda, com algum esforço, a mãe consegue manter em
seu colo. Fora essas três figuras humanas, há apenas uma cabaça, ou jarro de barro,
reconhecível dentre os traços rápidos que estabelecem o chão e o fundo.
A atmosfera de pobreza, criada pela postura do casal, pela criança nua e com
cara de adulto, pela ausência de objetos ou de qualquer outro elemento que localize
melhor os personagens, que os ancore em uma relação de tempo e espaço, é, com o
título, Gente de Mocambo, reforçada.
14 É dessa forma que Wilton de Souza, irmão de Wellington, escreve a biografia do pintor tentando
compreender a linhagem artística que o irmão se vincularia. Não encontramos outros dados sobre a
família Virgolino de Souza para contrastarmos com esse discurso romantizado, no entanto, parece que
tal família já possuía uma certa inserção na produção artística, mesmo que de maneira amadora.
12
Wellington Virgolino optou por excluir qualquer ambientação pictórica. Apenas
o título indica a que o quadro se refere. A expressão das figuras, um tanto sonolentas ou
moribundas, acometidas por uma “leseira”, por um desânimo ou uma desesperança, só
se tornam factíveis quando associadas ao título da tela.
Na tela Lavadeiras, de 1957 (Figura 4), não apenas a temática, mas a própria
fatura da pintura se aproximam da linguagem de Abelardo da Hora em Enterro de um
Camponês (Figura 1). É a imagem de duas mulheres sentadas em torno de uma poça
d'água lavando roupas. A primeira delas está de perfil, enquanto a segunda, um pouco
mais ao fundo, está apoiada em seus joelhos e de frente para o espectador. Ambas
figuras humanas ocupam praticamente toda a composição – assim como na gravura de
Abelardo, em que a cena domina a superfície do quadro. Resta espaço apenas para a
água no canto inferior direito e para um campo, lembrando plantações, visível por
brechas de espaços entre os corpos das mulheres, no fundo.
Poucas são as linhas curvas neste quadro. Ele é basicamente composto pela
concatenação de planos separados por tons e semitons de azuis, verdes, vermelhos e
marrons, todos de cor pastel. Até mesmo o pano torcido, na mão de uma das mulheres, é
representado por linhas retas e variações de vermelho.
Esse engajamento irá se arrefecer nas telas de Virgolino a partir dos anos 1960.
Em 1961, dois quadros do artista são aceitos para fazerem parte da VI Bienal de São
Paulo: Duas Meninas e Menino e Pássaro. Importante notar que a organização da
Bienal associou Virgolino aos primitivistas, fato que, apesar de ter irritado o pintor,
13
pode ter se tornado um condicionante importante em sua produção futura. 15
De 1949 até 1959, Virgolino trabalhou na Mala Real Inglesa 16, fazendo pintura
apenas nos tempos livres, muitas vezes durante à noite. Pediu demissão, no entanto,
para investir na carreira de pintor profissional. Essa carreira já começava a se mostrar
promissora em função dos diferentes prêmios e vendas que o pintor conseguiu emplacar
na década de 1950 (SOUZA, 2009, pp. 51-53). Em 1958, por exemplo, a Grande Loja
Maçônica de Pernambuco concedeu-lhe a Medalha de Honra ao Mérito Maçônico pela
execução do mural A Maçonaria Trabalha, realizado na recepção do Hospital São João
da Escócia, em Recife.
15 Segundo Wilton de Souza, os quadros de Virgolino foram colocados em uma sala junto com “grandes
expressões de artistas primitivos, como Manezinho Araújo, Heitor dos Prazeres, entre outros. A
princípio, Wellington não concordava com o fato de figurar nessa categoria. E, de repente, exclamou:
'É, esses merdas são burros, colocando-me entre os primitivistas!'. E passou todo o tempo discordando
dos 'ilustres' organizadores da Bienal.” Pelo catálogo da VI Bienal, Manezinho de Araújo não foi
encontrado como expositor. Assim como não foi possível também reconstituir quais eram os quadros
que dividiam o mesmo espaço de exposição (BIENAL ET AL., 1961).
16 Royal Mail Steam Packet Company, conhecida como Mala Real Inglesa, era uma companhia de
transporte marítimo com sede em diversos pontos da América e Caribe. No Brasil, operava em Recife,
Salvador e Rio de Janeiro.
17 Hermilo Borba Filho, importante dramaturgo, diretor e crítico de teatro na cena recifense, entre outras
atividades ligadas ao meio artístico, dirigiu o Departamento de Documentação e Cultura em 1959.
Este mesmo departamento, organizou também, mostras individuais de Corbianiano Lins, Genilson
Soares, Wilton de Souza, Montez Magno e Abelardo da Hora.
14
(SOUZA, 2009, p. 58)
A tela Rosalina (Figura 5), 1963, traz uma menina ou mulher, que ocupa
praticamente toda a composição, sentada em meio a uma trepadeira. O vestido, o corpo
da menina e as plantas e flores ao fundo, são todos em tons de vermelho, verde e pontos
brancos nas flores. A padronagem floral do vestido em fundo verde e flores vermelhas,
dialoga com o fundo vermelho e flores e folhas verdes do segundo plano. As flores da
trepadeira, provavelmente um jasmim branco, passam do fundo para a figura
transformando-se em colares, coroa, pulseiras.
O pintor teve uma grande sensibilidade para os negócios em arte. Logo percebeu
que o decorativo movimentava as vendas de seus quadros e, explicando o seu processo
de criação, Virgolino afirma:
15
venda, contabilidade e compra de material com o galerista que também começou a
organizar exposições, catálogos e a divulgação da produção do artista. O fato de
Ranulpho operar a partir de Recife, também teria facilitado a comunicação entre artista
e galerista. Enfim, Wellington Virgolino tornou-se, praticamente, um funcionário da
galeria Ranulpho com obrigações de produção e venda.
18 Basta lembrar que as esculturas de Vitalino, as coleções de ex-votos etc. estavam extremamente
valorizadas a partir dos anos 1950 (VIANA, 2002); Manezinho de Araújo, Heitor dos Prazeres e
outros pintores chamados “primitivos” estavam ganhando espaço, inclusive na Bienal de São Paulo.
16
Imagens
17
Figura 7) Wellington Virgolino. Avareza (série
Sete Pecados Capitais), 1977. Óleo sobre tela.
Coleção Museu do Estado de Pernambuco.
18
Bibliografia:
AMARAL, A. A. Arte Para Quê: a preocupação social na arte brasileira 1930-1970.
3 ed. São Paulo: Estúdio Nobel, 2003.
19