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FUVEST
Exasiu
Exasiu EXTENSIVO
Caderno de propostas
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Caderno de Proposta 1
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Sumário
APRESENTAÇÃO 7
1.2 Comentário 30
Tema 1: Redes sociais 30
Tema 2: Dobradiça 33
Tema 3: Ignorância Ostentação 36
Tema 4: Desvalorização do idoso (Pandemia) 40
Tema 5: Imigrantes Autoral 2020 modelo FUVEST (Fernando Andrade) 42
Tema 6: Os jovens e o retorno ao mundo pré-pandemia Autoral modelo Fuvest 2020(Fernando Andrade) 44
Tema 7: Negacionismo 47
Tema 8: Ódio que existe na sociedade brasileira Autoral modelo Fuvest 2020 (Fernando Andrade) 49
Tema 9: Um novo contrato: é necessário? É possível? (Novo) 51
Tema 10: Outro mundo impossível é possível? (Novo) 54
Tema 11: O uso da tecnologia nos nossos dias (Novo) 57
Tema 12: Sociedade paliativa (Novo) 61
Tema 13: A preocupação com a defesa da vida e com a inclusão de populações excluídas tem lugar no mundo
contemporâneo? (Novo) 64
Tema 14: Reescrita da História – Monumentos (Novo) 67
Tema 15: Vivemos uma situação de zumbificação da informação? 69
2.2 Comentário 86
Proposta 1: FUVEST 2021 86
Proposta 2: FUVEST 2020 88
Proposta 3: FUVEST 2019 91
Caderno de Proposta 2
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Caderno de Proposta 3
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Caderno de Proposta 5
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Caderno de Proposta 6
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Apresentação
Olá!
Boa escrita.
Fernando Andrade
Na perspectiva de uma teoria da democracia, a esfera pública tem que reforçar a pressão exercida pelos
problemas, ou seja, ela não pode limitar-se a percebê-los e a identificá-los, devendo, além disso,
tematizá-los, problematizá-los e dramatizá-los de modo convincente e eficaz, a ponto de serem
assumidos e elaborados pelo complexo parlamentar. E a capacidade de elaboração dos próprios
problemas, que é limitada, tem que ser utilizada para um controle ulterior do tratamento dos problemas
no âmbito do sistema político.
(HABERMAS, Jurgen. Direito e Democracia: entre facticidade e validade. v.2. Rio de Janeiro: Tempo
Brasileiro, 2011.)
Caderno de Proposta 7
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
A Internet e as redes sociais se apresentavam, naquele contexto, com um enorme potencial democrático,
na medida em que permitiram empoderar cidadãos, sustentar vínculos de solidariedade e viabilizar a
afirmação de um novo fórum de deliberação.
(...)
Alguns anos depois, no entanto, o cenário se alterou e se deteriorou de forma significativa. As redes
sociais se converteram em um espaço marcado pela polarização e pelo extremismo, no qual o livre fluxo
de comunicação é constantemente corrompido por “ruídos” que, muitas vezes, obstam qualquer forma
efetiva de diálogo e de entendimento. Entre esses, destaca-se a proliferação de notícias falsas, incentivada
pelo modelo de negócios predominante na rede, segundo o qual quanto mais atenção – isto é, cliques e
visualizações – uma página obtém, maiores são seus retornos financeiros, pouco importando a qualidade
e a confiabilidade dos conteúdos publicados. Como consequência, o que era visto como uma fonte de
renovação da democracia se tornou, também, uma ameaça ao seu adequado funcionamento.
(Disponível em https://revista.internetlab.org.br/a-democracia-frustrada-fake-news-politica-e-
liberdade-de-expressao-nas-redes-sociais/, acessado em 15.12.2020).
A cada ano que passa, esse desafio torna-se mais urgente. O Facebook foi originalmente projetado para
conectar amigos e familiares – e tem se destacado nisso. Mas como um número sem precedentes de
pessoas expressa seu pensamento político através de redes sociais, elas estão sendo usadas de maneiras
imprevistas com repercussões sociais que nunca tinham sido antecipadas.
Em 2016, nós do Facebook demoramos muito para reconhecer como pessoas mal intencionadas estavam
abusando da nossa plataforma. Estamos trabalhando diligentemente para neutralizar esses riscos agora.
(...)
Notícias falsas
Mas a interferência estrangeira não é o único meio de corromper uma democracia. Reconhecemos que
as mesmas ferramentas que dão mais voz às pessoas podem às vezes ser usadas, por qualquer pessoa,
para espalhar boatos e desinformação. Existe um debate ativo sobre o quanto do nosso consumo de
informações é corrompido por notícias falsas – e quanto isso influencia o comportamento das pessoas.
Mas mesmo um punhado de histórias deliberadamente enganosas pode ter consequências perigosas.
(...)
Assédio político
Ao mesmo tempo em que queremos que o Facebook seja um lugar seguro para que as pessoas se
expressem politicamente, precisamos garantir que ninguém seja intimidado ou ameaçado por seus
pontos de vista.
Caderno de Proposta 8
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Para tornar as coisas mais complexas, os próprios governos às vezes se envolvem na intimidação. Em um
país que visitamos recentemente, um cidadão informou que, depois de ter publicado um vídeo criticando
as autoridades, a polícia o visitou para verificar se ele estava em dia com o fisco.
(https://about.fb.com/br/news/h/questoes-complexas-quais-efeitos-as-redes-sociais-tem-sobre-a-
democracia/)
Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes,
redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: As redes
sociais na democracia: renovação ou ameaça?
Instruções:
Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de
redação.
Tema 2: Dobradiça
Significado de Dobradiça
substantivo feminino
Conjunto de duas peças unidas por um pino sobre o qual giram, o que lhes permite afastar-se ou
aproximar-se uma da outra, formando ângulo mais ou menos aberto; charneira, gonzo, bisagra.
Junção ou lugar de contato de duas partes dobráveis uma sobre a outra numa obra ou armação.
Assento suplementar, preso ao braço da última cadeira numa fila de teatro, com mecanismo de
molas, que permite abaixá-lo para ser ocupado quando falta lugar na platéia, ou mantê-lo na
vertical quando não se faz necessário; borboleta.
(https://www.dicio.com.br/dobradica/)
Por que alguns pensadores acreditam que vivemos "momento decisivo" da história humana
Caderno de Proposta 9
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(...)
(...)
Nos últimos anos, cresceu a sustentação à ideia de que vivemos em um período de alto e incomum risco
de autoaniquilação.
Como afirmou o astrônomo britânico Martin Rees: "Nossa Terra existe há 45 milhões de séculos, mas
este século é especial. É a primeira vez que uma espécie, a nossa, tem o futuro do planeta em suas
mãos."
Pela primeira vez, temos nas mãos ações que podem destruir de forma irreversível a biosfera, ou
também tecnologias cujo uso equivocado podem causar um revés catastrófico à civilização, acrescenta
Rees, cofundador do Centro para o Estudo de Riscos Existenciais da Universidade de Cambridge.
Esses poderes destrutivos estão além de nossa sabedoria, de acordo com o filósofo australiano Toby
Ord, também de Oxford.
(...)
Superinteligência
A ideia de que estamos em um ponto de inflexão perigoso também dá munição ao segundo argumento
daqueles que apoiam a hipótese da dobradiça.
Caderno de Proposta 10
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Por si só, uma inteligência todo-poderosa pode marcar o destino da humanidade com base nos
objetivos e necessidades que possui.
Assim, o futuro da civilização poderia ser moldado pelo primeiro a controlar a inteligência artificial. E
isso pode fazer com que uma única força busque o bem de todos, ou que o poder seja usado de forma
repressora.
A palavra dobradiça, como utilizada no texto, tem um sentido figurado. Pode-se entender como algo
que pode abrir-se para um futuro mais promissor ou fechar-se a ele, lançando a humanidade em
tempos difíceis. O avanço tecnológico acelerou as mudanças em várias áreas da vida humana de tal
maneira que se pode dizer que vivemos em um momento dobradiça nas artes, na mídia, na medicina,
na geopolítica, nas relações trabalhistas, nas relações sociais, na política etc.
Com base nas ideias desenvolvidas acima, escolha uma dessas áreas que, para você, manifesta
claramente um momento “dobradiça”. Analise o passado, mostre os riscos e as possiblidades da possível
mudança que você vislumbra na área escolhida.
- Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da modalidade escrita culta da
língua portuguesa.
“Aprendi que todo problema complexo e difícil pede uma solução igualmente complexa e difícil e isso só
é possível por meio de esforço intelectual, observação, análise, reflexão e propostas de ação para
mudança. Descobri que toda decisão não pensada é perigosa e pode criar novos problemas ao invés de
resolver algum.
Mas, de repente, tudo mudou, e vivemos a era da “ignorância ostentação” (termo que ouvi em algum
lugar que não me recordo). Louvam e aplaudem o desastre, porque é cômodo não saber, é cômodo o
discurso de que os problemas não existem ou que suas soluções são fáceis, é mais fácil ignorar, é mais
fácil ser ignorante, é mais fácil não aprender.”
Caderno de Proposta 11
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(Disponível em . http://www.justificando.com/2019/05/07/ignorancia-ostentacao/
Terça-feira, 7 de maio de 2019, acessado em 04.12.2019)
“O problema que se põe é o seguinte: não estaria esse reprimido ou recalcado voltando à tona? Não
estariam querendo manifestar-se essas determinações invisíveis? Não estamos assistindo a uma
revanche do irracional? A uma onda de crítica à raciomania que se instaurou com a revolução científica
moderna? Não corre essa crítica o risco de converter-se em uma verdadeira misologia (ódio ou
hostilidade à Razão)? O ponto de estrangulamento dessa aversão se manifesta no jogo da Ciência e de
seu Outro, vale dizer, do Saber e do inconscientemente sabido. Esse “Outro” é o Oculto da própria
Ciência, aquilo que não está revelado ou que por ela foi sistematicamente proscrito, reprimido ou
recalcado.
No fundo, trata-se da subjetividade, frequentemente identificada com o irracional e o passional. A esse
respeito, dizia Espinoza: “Se os homens tivessem o poder de organizar as circunstâncias de sua vida ao
sabor de suas intenções, ou se o acaso lhes fosse sempre favorável, não seriam presas da superstição”.
Essas doutrinas nas quais os homens se convencem de que a natureza “com eles delira” são devidas à
condição humana mesma, à fraqueza dos seres humanos que são movidos, não tanto pela Razão, mas
por seus desejos e suas paixões, ficando angustiados entre a esperança e o medo em um mundo que
não mais lhes oferece nenhuma garantia de um sentido previamente dado.”
Disponível em https://saocamilo-sp.br/assets/artigo/bioethikos/85/181-185.pdf , acessado em
10.10.2020.
O estágio final da evolução intelectual moderna será uma macaqueação de nossas mais triviais ações
por máquinas?
Robert Kurz
Conhecimento é poder -trata-se de um velho lema da filosofia burguesa moderna, que foi utilizado pelo
movimento dos operários europeus do século 19. Antigamente conhecimento era visto como algo
sagrado. Desde sempre homens se esforçaram para acumular e transmitir conhecimentos. Toda
sociedade é definida, afinal de contas, pelo tipo de conhecimento de que dispõe. Isso vale tanto para o
conhecimento natural quanto para o religioso ou para a reflexão teórico-social. Na modernidade o
conhecimento é representado, por um lado, pelo saber oficial, marcado pelas ciências naturais, e, por
outro, pela "inteligência livre-flutuante" (Karl Mannheim) da crítica social teórica. Desde o século 18
predominam essas formas de conhecimento.
Mais espantoso deve parecer que há alguns anos esteja se disseminando o discurso da "sociedade do
conhecimento" que chega com o século 21; como se só agora tivessem descoberto o verdadeiro
conhecimento e como se a sociedade até hoje não tivesse sido uma "sociedade do conhecimento". Pelo
menos os paladinos da nova palavra-chave sugerem algo como um progresso intelectual, um novo
significado, uma avaliação mais elevada e uma generalização do conhecimento na sociedade. Sobretudo
se alega que a suposta aplicação econômica do conhecimento esteja assumindo uma forma
completamente diferente.
Filosofia das mídias Bastante euforia é o que se apreende por exemplo do filósofo das mídias alemão
Caderno de Proposta 12
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CIÊNCIA
Começo a ver no escuro
um novo tom
de escuro.
Começo a distinguir
um sonilho, se tanto,
de ruga.
E a esmerilhar a graça
da vida, em sua
fuga.
ANDRADE, Carlos Drummond de. In: Poesia completa ( Do livro: A vida passada a limpo)
Uma onda de questionamento em relação ao conhecimento e aos especialistas tem varrido
o mundo em pleno século XXI. O autor do primeiro texto chama esse novo ímpeto social de
“ignorância ostentação” e aponta uma mudança da sociedade em relação ao que era respeitado
e considerado como um grande valor.
Redija uma dissertação em prosa, na qual você interprete e discuta a ideia apresentada no
primeiro texto: o que esse fenômeno revela sobre nossa época? Você pode considerar os aspectos
mencionados na coletânea e outros que julgue relevantes.
Instruções:
Caderno de Proposta 13
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• A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
• Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da
folha de redação.
Vice-governador do Texas sugere que idosos arrisquem a vida pela economia (UOL 24/03/2020)
O vice-governador do Texas, Dan Patrick, sugeriu em um programa de TV da Fox News que as
pessoas devam voltar às suas vidas normais em meio a pandemia de coronavírus para salvar a economia
dos Estados Unidos. Na entrevista ao jornalista Tucker Carlson, o político disse que até mesmo os idosos
devem deixar o isolamento preventivo. (...)
Segundo Patrick, ver a economia dos EUA em colapso após um possível fechamento de três
meses é pior que a morte. "Nosso maior presente que damos ao nosso país, nossos filhos e netos, é o
legado de nosso país", afirmou o vice-governador. "E agora, isso está em risco, e eu sinto que, como
disse o presidente, a taxa de mortalidade é tão baixa, temos que fechar o país inteiro por isso?".
Os posicionamentos de Dan Patrick não foram bem recebidos nas redes sociais dos EUA e ele
recebeu muitas críticas.
(Disponível em https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2020/03/24/vice-governador-do-texas-sugere-que-idosos-
arrisquem-a-vida-pela-economia.htm, acessado em 30.03.2019 ).
Em 2014, a FUVEST solicitou que o candidato emitisse sua opinião sobre a frase de Taro Aso de que “os
velhos deveriam se apressar em morrer”. Na época, foi solicitado um texto que discutisse o significado
da frase no mundo atual.
Passados seis anos, em plena crise do coronavírus, uma frase semelhante foi ouvida de uma autoridade
pública. Sendo assim, vale a pena voltar ao tema. O que se propõe agora é o seguinte:
Dada a desvalorização do idoso, disserte sobre a questão do valor social das pessoas mais velhas. Elas
deveriam ser valorizadas somente se houver algum ganho? Há ganhos na preservação da vida dessas
pessoas? Quais são os valores que devem servir de premissa para a preservação da vida do idoso?
Refugiados
Itália: “Acabou o recreio, façam as malas e partam”, diz Salvini aos imigrantes
Os anúncios aconteceram no mesmo dia em que naufragava mais uma barcaça com 180 pessoas a bordo.
Apenas 68 sobreviveram
Caderno de Proposta 14
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Matteo Salvini, líder da Liga e novo ministro do Interior italiano, lançou no domingo (3) na Sicília a
nova campanha anti-refugiados. A principal mensagem de Salvini dirigiu-se à Europa: “Ou a UE nos
ajuda, ou escolheremos outras vias”. Ele anunciou também o encerramento dos portos italianos
aos barcos das organizações não governamentais que realizam operações de socorro.
A imigração é o tema mais mobilizador para a sua base eleitoral e uma preocupação muito difusa.
Por conta disso, ele disse num comício no Norte: “Acabou o recreio para os clandestinos. Façam as
malas e partam.” Um editorialista disse que estas palavras estão no “limite da indecência”. O
escritor Roberto Saviano apelou à resistência: “Desobedecer a este ministro do Interior que quer
afogar pessoas.”
Os anúncios aconteceram no mesmo dia em que naufragava mais uma barcaça com 180 pessoas
a bordo. Ontem, tinham sido recolhidos 43 corpos sem vida, tendo sido salvos 68 fugitivos. As
operações de busca continuavam.
O último relatório da ONU sobre a população mundial prevê que o número de migrantes deverá
continuar estável até 2050. Entretanto, o ex-ministro do Interior, Marco Minniti, conseguiu reduzir
drasticamente o número de imigrantes nos primeiros cinco meses do ano — 13.500 contra 60 mil
no período homólogo de 2017 — na sequência de negociações com países como a Líbia.
(Disponível em https://www.revistaforum.com.br/italia-acabou-o-recreio-facam-as-malas-e-partam-diz-salvini-aos-imigrantes/,
acessado em 20.04.2019)
Considere as opiniões expressas pelo político italiano, considerando todas as implicações em torno
do fato: éticas, culturais, sociais e econômicas.
O que essas opiniões revelam sobre a sociedade contemporânea? O que a motiva? Essa ideia seria
possível no Brasil? Como as jovens gerações encaram os movimentos migratórios?
Escolhendo, entre os diversos aspectos do tema, os que você considerar mais relevantes, redija
um texto em prosa, no qual você avalie as posições do Ministro, supondo que esse texto se destine
à publicação – seja em um jornal, uma revista ou em sum site da internet.
NOVA YORK — Noventa jovens de 18 a 26 anos, de dez países (Brasil, Emirados Árabes, Estados Unidos,
Índia, Jordânia, Líbano, Singapura, Tunísia, Turquia e Quênia), participaram de uma série de debates
online durante a quarentena organizada pelo Comitê sobre Pensamento Global da Universidade
Columbia, de Nova York. As conversas fazem parte da pesquisa “A juventude em um mundo em
transformação”. Nas discussões, os jovens compartilharam angústias e incertezas. Um tema recorrente
foi que eles não querem o retorno ao mundo pré-coronavírus e acreditam que a pandemia é uma
oportunidade de mudar suas comunidades e nações para melhor.
Caderno de Proposta 15
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Para a juventude dos países desenvolvidos, o momento atual é o de choque com uma situação de
profunda instabilidade: “Estamos habituados à certeza, como podemos normalizar a incerteza?”,
questiona o estudante americano Silas Swanson. Para seus colegas nas nações do Sul Global, as
turbulências são conhecidas: "Para a juventude turca, o futuro sempre foi incerto. Esta pandemia
apenas acrescentou mais uma camada de dúvidas. Sempre tivemos medo de nos formarmos com a
economia em declínio", diz a estudante Cansu Ceylan.
Disponível em https://oglobo.globo.com/mundo/artigo-jovens-nao-querem-retorno-ao-mundo-pre-pandemia-24494999 , acessado em
25/06/2020
Esse artigo expressa a ideia de alguns jovens como se fosse de toda uma geração. Você concorda com
ele? Como você avalia, em relação a esse tema, o jovem que hoje chega ao vestibular? Situados, em sua
maior parte, na faixa etária que vai dos dezesseis aos vinte e um anos, esses jovens desejam o retorno
ao estado pré-pandemia? Desejam algo diferente? São capazes de aproveitar essa oportunidade? Ou
encaram os efeitos da pandemia com pessimismo?
Para tratar desse tema, você poderá, por exemplo, identificar as principais virtudes ou os defeitos que
eventualmente essa jovem geração apresente; indicar quais são os valores que, de fato, ela julga mais
importantes e opinar sobre eles. Você poderá, também, considerá-la quanto à formação intelectual,
identificando, aí, os pontos fortes e as possíveis deficiências. Poderá, ainda, observar qual é o grau de
respeito pelo outro, de consciência social, de companheirismo, de solidariedade efetiva, de
conformismo ou de inconformismo que essa geração manifesta.
Refletindo sobre aspectos como os acima sugeridos, escolhendo entre eles os que você julgue mais
pertinentes ou, caso ache necessário, levantando outros aspectos que você considere mais relevantes
para tratar do tema proposto, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, apresentando argumentos que
deem consistência e objetividade ao seu ponto de vista.
“A intrusão do tipo de transcendência que denomino Gaia faz existir no seio de nossas vidas um
desconhecido maior, e que está aí para ficar. É o que, aliás, talvez seja mais difícil de conceber: não
existe futuro previsível em que ela [Gaia] nos restituirá a liberdade de ignorá-la; não se trata de ‘um
mau momento que vai passar’, seguido de uma forma qualquer de happy end no sentido pobre de
‘problema resolvido’. Não estamos mais autorizados a esquecê-lo. Teremos que responder sem cessar
por aquilo que fazemos face a um ser implacável, surdo às nossas justificações”
(Isabelle Stengers, Au temps des catastrophes: résister à la barbarie qui vient. Paris: La Découverte, 2009,
“E, no entanto, basta abrir os jornais ou ligar a TV para perceber o grau de esquizofrenia que acomete
hoje nossa sociedade, e como esse consenso científico estranhamente não gerou um consenso da
opinião, ou ao menos não gerou uma consciência da real gravidade da situação que estamos vivendo.
Enquanto os cientistas (inclusive pesquisadores brasileiros de instituições com alta legitimidade
científica) falam em um aumento de 4 a 6 º C na temperatura do planeta até o fim deste século , aqui
“embaixo”, por trás da enxurrada de campanhas publicitárias das empresas que cada vez mais usam e
Caderno de Proposta 16
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Negacionismo
nome masculino
1.atitude de quem afirma que algo não é verdadeiro ou não existe
2.rejeição da validade de conceitos apoiados por consenso científico ou empiricamente verificáveis
3.HISTÓRIA. posição de quem nega a existência de um facto documentado ou de quem propõe
interpretações não fundamentadas de fenómenos históricos já estudados; revisionismo
(disponível em https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/negacionismo, consultado em
21.02.2019)
Caderno de Proposta 17
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Estes textos apresentam notícias e opiniões sobre a reação negacionista frente ao possível aquecimento
global.
Como todo movimento social, esse fenômeno pode ser entendido como expressão de dilemas que a
sociedade contemporânea enfrenta. O que essa polêmica revela sobre os paradoxos e encruzilhadas em
que a humanidade se encontra? Que tipo de visão de mundo o negacionismo revela? Quais interesses?
Com que seriedade a geração atual encara tal discussão?
Redija uma dissertação em prosa, na qual você interprete e discuta esse fenômeno, considerando os
aspectos mencionados no parágrafo anterior e, se quiser, também outros aspectos que julgue
relevantes. Procure argumentar de modo a deixar claro seu ponto de vista sobre o assunto.
O fato mais singular, numa massa psicológica, é o seguinte: quaisquer que sejam os
indivíduos que a compõem, sejam semelhantes ou dessemelhantes o seu tipo de vida,
suas ocupações, seu caráter ou sua inteligência, o simples fato de se terem
transformado em massa os torna possuidores de uma espécie de alma coletiva. Esta
alma os faz sentir, pensar e agir de uma forma bem diferente da que cada um sentiria,
pensaria e agiria isoladamente. Certas ideias, certos sentimentos aparecem ou se
transformam em atos apenas nos indivíduos em massa. A massa psicológica é um ser
provisório, composto de elementos heterogêneos que por um instante se soldaram,
exatamente como as células de um organismo formam, com a sua reunião, um ser novo
que manifesta características bem diferentes daquelas possuídas por cada uma das
células.
(Le Bon, Gustave. Apud FREUD, Sigmund, A descrição de Le Bon da mente grupal
In.: Psicologia das Massas e a Análise do eu, São Paulo: Editora Schwartz, 2011, p. 12.)
Texto II
O Brasil, visto como pacífico, no qual buscam felicidade imigrantes de diversas origens, tornou-se
campo minado. Lugar perigoso para quem ousa exercer o direito à liberdade de opinião. Há feridos e
mortos por pensar diferente, não concordar com radicalismos políticos. E não fica só nisso, a barbárie já
alcança diferenças religiosas, de gênero, de cor e por aí vai a inconsciência quanto ao direito do próximo.
Fomos divididos em dois grupos: contra e a favor. E se perguntarmos de que ou quem, os
militantes nem saberão dizer. A tecnologia, criada para aproximar pessoas pelos telefones celulares, é
utilizada para acirrar ânimos, promover discórdia, gerar conflitos. Jogar uns contra outros. Todos os dias
recebemos vídeos de pessoas sendo ofendidas, agredidas, acuadas por suas posições ideológicas.
(Folha de São Paulo ,22/09/2019, “Cultura do ódio)
Texto III
Como funciona o maior grupo de propagação de ódio na internet brasileira, que lucra com misoginia,
racismo e homofobia
Além de apostar em conteúdos que geram indignação,
Caderno de Proposta 18
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Além da superfície de imagens fofas e curtidas, a internet cultiva o ódio. Rede narcísica, estimula um
novo personagem: o troll. É aquele usuário que provoca e enfurece outras pessoas, com comentários
injustos, ignorantes e, muitas vezes, criminosos. O objetivo do troll é provocar a ira dos outros
internautas — e, se possível, ganhar algum dinheiro de modo fácil. Os trolls se alimentam da atenção que
atraem e se valem de qualquer coisa para tal. Talvez, por isso, esta reportagem possa não ser uma boa
ideia, exceto pelo fato de que precisamos falar sobre esse novo Kevin.
É um monstrinho digital à moda do personagem da escritora americana Lionel Shriver. O Kevin*, de
Shriver, é aquela criança mimada que aprende que a violência é um método aceitável e simples para
obter o que quer. O Kevin digital o emula nas redes sociais e, principalmente, em fóruns privados de
discussão.
[...]
Os trolls estão transformando as mídias sociais e painéis de comentários em um gigante recreio de
adolescentes malcriados, repetindo epítetos raciais e misóginos, definiu uma reportagem recente da
revista Time. Uma pesquisa que a publicação cita mostrou que 7 em cada 10 jovens sofreram algum tipo
de assédio por meio da internet. Um terço das mulheres já se disse perseguida on-line. Um estudo de
2014 publicado no periódico de psicologia Personality and Individual Differences constatou que 5% dos
usuários da internet que se identificaram como trolladores obtiveram pontuação extremamente alta em
traços obscuros de personalidade: narcisismo, psicopatia, maquiavelismo e, principalmente, sadismo. E
não pense que isso não ocorre em sua vizinhança.
* Referência ao livro “Precisamos falar sobre Kevin”, de Lionel Shriver, que conta a história da mãe de um
menino que comete um massacre em uma escola. A história é vista da perspectiva dessa mãe.
Trecho retirado de Daniel Salgado, Igor Mello e Marcella Ramos, 02/07/2018. Disponível em:
<https://epoca.globo.com/sociedade/noticia/2018/06/como-funciona-o-maior-grupo-de-propagacao-de-
odio-na-internet-brasileira-que-lucra-com-misoginia-racismo-e-homofobia.html> Acesso em: 18 abr.2019.
Texto IV
Caderno de Proposta 19
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Os textos acima apresentam ideias sobre ódio que divide a sociedade brasileira. Com base nesses textos e
outras informações e reflexões que você julgue adequadas redija uma dissertação em prosa no qual você
análise e discuta o sentido desse fenômeno.
Artigo: Jovens não querem retorno ao mundo pré-pandemia
Em debates organizados por comitê da Universidade Columbia, juventude de 10 países acredita que
surto de Covid-19 é uma oportunidade de mudar suas comunidades e nações para melhor
Vishakha Desai, Laura Neitzel e Darlene Dubuisson – 24/06/2020 - 08:00 / Atualizado em 24/06/2020 -
13:02
NOVA YORK — Noventa jovens de 18 a 26 anos, de dez países (Brasil, Emirados Árabes, Estados Unidos,
Índia, Jordânia, Líbano, Singapura, Tunísia, Turquia e Quênia), participaram de uma série de debates
online durante a quarentena organizada pelo Comitê sobre Pensamento Global da Universidade
Columbia, de Nova York. As conversas fazem parte da pesquisa “A juventude em um mundo em
transformação”. Nas discussões, os jovens compartilharam angústias e incertezas. Um tema recorrente
foi que eles não querem o retorno ao mundo pré-coronavírus e acreditam que a pandemia é uma
oportunidade de mudar suas comunidades e nações para melhor.
Para a juventude dos países desenvolvidos, o momento atual é o de choque com uma situação de
profunda instabilidade: “Estamos habituados à certeza, como podemos normalizar a incerteza?”,
questiona o estudante americano Silas Swanson. Para seus colegas nas nações do Sul Global, as
turbulências são conhecidas: "Para a juventude turca, o futuro sempre foi incerto. Esta pandemia
apenas acrescentou mais uma camada de dúvidas. Sempre tivemos medo de nos formarmos com a
economia em declínio", diz a estudante Cansu Ceylan.
Disponível em https://oglobo.globo.com/mundo/artigo-jovens-nao-querem-retorno-ao-mundo-pre-pandemia-24494999 , acessado em
25/06/2020
Esse artigo expressa a ideia de alguns jovens como se fosse de toda uma geração. Você concorda com
ele? Como você avalia, em relação a esse tema, o jovem que hoje chega ao vestibular? Situados, em sua
maior parte, na faixa etária que vai dos dezesseis aos vinte e um anos, esses jovens desejam o retorno
ao estado pré-pandemia? Desejam algo diferente? São capazes de aproveitar essa oportunidade? Ou
encaram os efeitos da pandemia com pessimismo?
Para tratar desse tema, você poderá, por exemplo, identificar as principais virtudes ou os defeitos que
eventualmente essa jovem geração apresente; indicar quais são os valores que, de fato, ela julga mais
importantes e opinar sobre eles. Você poderá, também, considerá-la quanto à formação intelectual,
identificando, aí, os pontos fortes e as possíveis deficiências. Poderá, ainda, observar qual é o grau de
respeito pelo outro, de consciência social, de companheirismo, de solidariedade efetiva, de
conformismo ou de inconformismo que essa geração manifesta.
Refletindo sobre aspectos como os acima sugeridos, escolhendo entre eles os que você julgue mais
pertinentes ou, caso ache necessário, levantando outros aspectos que você considere mais relevantes
para tratar do tema proposto, redija uma DISSERTAÇÃO EM PROSA, apresentando argumentos que
deem consistência e objetividade ao seu ponto de vista.
Caderno de Proposta 20
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Contrato
Substantivo masculino.
(...)
2. pacto entre duas ou mais pessoas, que se obrigam a cumprir o que foi entre elas combinado sob
determinadas condições.
Texto 2
Chefe da ONU pede novo contrato social e novo acordo global para tratar desigualdade
2020-07-20 17:53:20丨portuguese.xinhuanet.com
Nações Unidas, 18 jul (Xinhua) - O secretário-geral da ONU, António Guterres, pediu neste sábado um
novo contrato social e um novo acordo global para tratar da desigualdade em todo o mundo.
A COVID-19 é uma tragédia humana. Mas também criou uma oportunidade geracional para reconstruir
um mundo mais equitativo e sustentável, disse Guterres em seu discurso na Conferência Anual Nelson
Mandela, que foi realizada virtualmente. "A resposta à pandemia e ao descontentamento generalizado
que a precedeu deve ser baseada em um novo contrato social e um novo acordo global que crie
oportunidades iguais para todos e respeite os direitos e liberdades de todos".
http://portuguese.xinhuanet.com/2020-07/20/c_139226134.htm
Texto 3
O custo da aceitação é a renúncia absoluta de nossa condição original. O índice de abovinamento da
existência é a impressão digital que toca nas grandes oportunidades da vida social. O necessário
amesquinhamento das pulsões pode ser a chave interpretativa dos porquês de nossas frustrações.
Perdemos a guerra imaginária que o nosso inconsciente trava contra a cultura. O pacto social se mostra
como um contrato de adesão. As cláusulas que não necessariamente pactuamos são nossas amarras:
revelam a fragilidade de nossa vontade, o vício de nossa alternativa, a ditadura da falta de caminhos e o
erro das nossas opções.
(https://www.conjur.com.br/2019-dez-15/embargos-culturais-contrato-social-fonte-angustias-sigmund-
freud)
Texto 4
“Compromissos do tipo "até que a morte nos separe" se transformam em contratos do tipo "enquanto
durar a satisfação", temporais e transitórios por definição, por projeto e por impacto pragmático - e assim
passíveis de ruptura unilateral, sempre que um dos parceiros perceba melhores oportunidades e maior
valor fora da parceria do que em tentar salvá-la a qualquer - incalculável - custo. Em outras palavras, laços
e parcerias tendem a ser vistos e tratados como coisas destinadas a serem consumidas, e não produzidas;
estão sujeitas aos mesmos critérios de avaliação de todos os outros objetos de consumo.”
(Bauman, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 200.)
Texto 5
Contrato Social
Caderno de Proposta 21
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In: VOGT, Carlos. Metalurgia: poemas. São Paulo: Companhia das Letras, 1991
Onde há relação de compromisso entre duas ou mais pessoas pode-se dizer que há um contrato. Dentro
dessa perspectiva, o sentido metafórico e ampliado da palavra nos permite falar de contratos entre
casais, amigos, países, trabalhadores e empregados, professores e alunos etc. Escolha um desses recortes
ou outro que achar pertinente e considere a seguinte questão.
Um novo contrato: é necessário? É possível?
Instruções:
• A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
• Escreva, no mínimo,20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de
redação.
• Dê um título a sua redação.
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
O texto acima descreve os desafios do capitalismo avançado. Dentro dessa configuração, a revista Le
Monde fez uma pergunta interessante: “Outro mundo impossível é possível?”. Na chamada para o
artigo, foi feito o seguinte comentário:
Como será o pós-pandemia? As políticas para enfrentar a crise sanitária aceleraram tendências de fundos
que atravessam as sociedades e preocupam as populações: incerteza, precariedade, automação voraz,
eliminação das relações humanas. No essencial, essa transição para o capitalismo digital será pilotada
pelo Estado.
(Le Monde Diplomatique Brasil JANEIRO 202)
No texto, mencionam aspectos dessa sociedade como incerteza, precariedade, automação voraz,
eliminação das relações humanas. Com base nas ideias desenvolvidas acima, escolha um desses aspectos
para responder à pergunta do periódico: Outro mundo impossível é possível?
Texto 2
“Não mais desenvolvemos técnicas ‘a fim de fazer’ o que queremos que seja feito, mas escolhemos coisas
para fazer simplesmente porque a tecnologia para isso foi desenvolvida (ou melhor, foi encontrada por
acaso, acidentalmente, ‘por sorte’). Quanto maior a distância ao logo da qual a tecnologia nos permite
fazer as coisas aparecerem ou desaparecerem, menor a chance de que as novas oportunidades
possibilitadas pela tecnologia fiquem subaproveitadas - para não dizer não empregadas, porque seus
resultados potenciais ou efeitos colaterais podem se chocar com outras considerações (morais inclusive)
irrelevantes para a tarefa em questão. Em outras palavras, o efeito mais seminal do progresso na
tecnologia de “ausência, de distanciamento e automação” é a libertação progressiva e talvez incontrolável
de nossos limites morais. Quando o princípio do “podemos fazer, então façamos” governa nossas
escolhas, alcançamos um ponto em que a responsabilidade moral dos feitos humanos e seus efeitos
desumanos não pode ser mais oficialmente postulada nem exercida de fato.”
(Bauman, Z. Vigilância Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor Ltda, 2013)
O texto 1 é uma reportagem sobre até onde vai o uso da tecnologia nos nossos dias. Esse fato,
aparentemente banal, carrega pressupostos e implicações. Ele revela uma certa mentalidade, projeta uma
dada visão de mundo, manifesta uma escolha de valores e assim por diante. O texto 2 manifesta uma
reflexão sobre o uso da tecnologia na nossa realidade.
Redija uma dissertação em prosa, na qual você interprete e discuta os significados do fato
apresentado na reportagem, considerando os aspectos mencionados no texto 2 – concordando ou
Caderno de Proposta 23
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
discordando - e, se quiser, também outros aspectos que julgue relevantes. Procure argumentar de modo
a deixar claro seu ponto de vista sobre o assunto.
(...)
A sociedade paliativa coincide com a sociedade do desempenho. A dor é vista como um sinal de fraqueza.
(..)
A sociedade paliativa é, ademais, uma sociedade do curtir [Gefält-mir]. Ela degenera em uma mania de
curtição [Gefälligkeitswahn]. Tudo é alisado até que provoque bem-estar. O like é o signo, sim,
o analgésico do presente. Ele domina não apenas as mídias sociais, mas todas as esferas da cultura. Nada
deve provocar dor. Não apenas a arte, mas também a própria vida tem de ser instagramável, ou seja, livre
de ângulos e cantos, de conflitos e contradições que poderiam provocar dor. Esquece-se que a dor
purifica. Falta, à cultura da curtição, a possibilidade da catarse. Assim, sufocamo-la com os resíduos
[Schlacken] da positividade, que se acumulam sob a superfície da cultura de curtição.
https://www.nexojornal.com.br/estante/trechos/2021/05/14/%E2%80%98Sociedade-
paliativa%E2%80%99-o-modo-contempor%C3%A2neo-de-lidar-com-a-dor
Texto II
Caderno de Proposta 24
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Ilustración de @johansson.linnea
Texto III
Um bom exemplo desta cultura de negação da origem psíquica da dor, e, portanto, do seu tratamento
por meio de uma psicoterapia que implique o sujeito, é um filme publicitário de uma marca de analgésico.
Veiculado na televisão no ano de 2010, o mesmo objetiva transmitir a mensagem de que ao tomar o
analgésico para dor de cabeça, esta é neutralizada, induzindo a pensar que com o remédio também é
possível livrar-se dos problemas pessoais. Estes seriam conflitos com o chefe, uma multa, uma discussão
com o namorado, entre outros, que são levados em direção ao céu por meio de balões com o símbolo do
remédio e ao som de uma música calma e agradável. Desse modo, há uma busca de prazer momentâneo,
em que a dor física é anestesiada e os problemas pessoais ligados a essa dor poderiam ser resolvidos
rapidamente com um simples medicamento.
(Primeiros Passos • Rev. latinoam. psicopatol. fundam. 16
(2) • Jun 2013 • https://doi.org/10.1590/S1415-47142013000200009 )
O primeiro texto é parte de um ensaio de Byung-Chul Han, filósofo sul-coreano no qual ele
discorre sobre o que chama de sociedade paliativa. Ele descreve com exemplos a aversão que a sociedade
contemporânea tem à dor. O segundo texto, uma charge, apresenta os novos imperativos que giram em
torno da felicidade. Por fim, o texto três descreve uma propaganda que parece prometer a eliminação de
qualquer dor através de analgésicos.
Considere a ideia de Byung-Chul Han. Suas opiniões são realmente válidas para os nossos dias? O
que motiva esse jeito de viver? O que essa postura revela sobre nossa sociedade? Quais as consequências
desse tipo de postura? Como avaliar? Reflita sobre essas ideias e redija uma dissertação em prosa,
argumentando de modo a deixar claro o seu ponto de vista
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Legenda da foto,
Arma de fogo Block19, que se parece a um brinquedo, foi chamada de 'irresponsável' e 'perigosa'
Uma empresa americana de armas gerou polêmica ao produzir uma pistola que parece um brinquedo
infantil feito de Lego.
A Culper Precision disse que sua arma Glock customizada, chamada Block19, foi desenvolvida para
"destacar o puro prazer dos esportes de tiro".
Mas a fabricante de brinquedos dinamarquesa Lego escreveu à empresa exigindo que ela pare de produzir
o revólver, devido à sua semelhança com um brinquedo Lego.
(https://www.bbc.com/portuguese/internacional-57838563)
O sociólogo camaronês Achile Mbembe formulará o conceito de necropolítica. Ou seja, o poder de ditar
quem deve viver e quem deve morrer. É um poder de determinação sobre a vida e a morte ao desprover
o status político dos sujeitos. A diminuição ao biológico desumaniza e abre espaço para todo tipo de
arbitrariedade e inumanidade. No entanto, para o sociólogo há racionalidade na aparente irracionalidade
desse extermínio. Utilizam-se técnicas e desenvolvem-se aparatos meticulosamente planejados para a
execução dessa política de desaparecimento e de morte. Ou seja, não há, nessa lógica sistêmica, a
intencionalidade de controle de determinados corpos de determinados grupos sociais. O processo de
exploração e do ciclo em que se estabelecem as relações neoliberais opera pelo extermínio dos grupos
que não têm lugar algum no sistema, uma política que parte da exclusão para o extermínio.
(MBEMBE, A. Necropolítica. In: Arte & Ensaios, 2016)
O primeiro texto que reproduz a imagem de uma arma que imita Lego traduz a sensação de banalização
da morte. O texto seguinte, um comentário de Achile Mbembe, define uma palavra que começa a circular
no meios acadêmicos, necropolítica, a gestão da morte como forma de controle de grupos sociais. A
partir desse quadro, reflita sobre a seguinte questão:
A preocupação com a defesa da vida e com a inclusão de populações excluídas tem lugar no mundo
contemporâneo?
Redija uma dissertação em prosa, argumentando de modo a deixar claro o seu ponto de vista.
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SÃO PAULO
Um passado glorioso de conquistas e grandes feitos. Um presente mais do que desconfiado. Um futuro
de reputação incerta, refletido nos olhares vazios de enormes crânios que miram para a história esculpida
em pedra e bronze.
A estátua de Bartolomeu Bueno da Silva, o Anhanguera ou “Diabo Velho” em Tupi, na Paulista, é uma
delas. O Monumento às Bandeiras, em frente ao Ibirapuera, outro. Logo ao lado, uma pequena praça em
frente ao 2º Exército, mais uma. Na zona sul, a controversa imagem de Borba Gato também já recebeu a
visita dos esqueletos sem corpos.
Desde junho, um grupo formado por professores, artistas, advogados e ativistas, entre outros, propõe um
novo olhar da sociedade para símbolos da nossa história marcados por sangue e violência.
Caderno de Proposta 27
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
1.
Monumento às Bandeiras, em São Paulo, foi um dos primeiros cartões-postais visitados pelos crânios do
Grupo de Ação Junae Andreazza/
(...)
Atos no prédio da Fiesp, a federação das indústrias paulistas, questionando quem lucra com as mortes e
um anti-Sete de Setembro na mesma avenida se seguiram. Mas e as caveiras em frente às estatuas?
As caveiras foram feitas pela artista plástica Dora Longo Bahia, explica o videoartista Junae Andreazza, 45,
integrante do grupo. “Estavam guardadas há anos após serem usadas em algum Carnaval” e passaram a
ser utilizadas para ressignificar esses monumentos.
(https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/10/cranios-visitam-estatuas-para-marcar-historia-
violenta-em-sp.shtml)
INSTRUÇÃO. Como você pôde verificar, observando o noticiário da imprensa, os crânios que apareceram
na frente de alguns monumentos, na verdade, era uma instalação cuja a finalidade é chamar a atenção
para o símbolo controverso que muitos monumentos representam. Tudo indica, portanto, que o grupo
Caderno de Proposta 28
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
responsável por esta ação acredita que a História pode e deve ser reescrita alterando o tecido simbólico
da cidade. Tendo em vista as motivações do grupo, você julga que a ideia por ele defendida se justifica?
Considerando essa questão, além de outras que você ache pertinentes, redija uma DISSERTAÇÃO EM
PROSA, argumentando de modo a apresentar seu ponto de vista sobre o assunto.
De forma similar a uma infecção contagiosa, a desinformação se espalha rapidamente nas redes
sociais, atingindo um grande número de indivíduos. Assim, o presente trabalho propõe a analogia entre a
proliferação do consumo e disseminação de conteúdos sem criticidade, e uma epidemia zumbi. Os zumbis
tornaram-se figuras folclóricas da cultura pop mundial e suas epidemias costumam representar coletivos
humanos infectados, que perdem sua racionalidade, andando sem rumo e instaurando o caos social.
Contágio
(...)
A decorrência principal da sociedade pós-moderna, inserida em um tempo que, assim como suas
conexões de rede, preza pela velocidade e quantidade, pelo aqui e agora, é o fortalecimento do
instantâneo. Como Bauman (2001) propõe, a liquidez toma conta da vida e das relações humanas.
E essa mesma relação se dá com a informação. Mas nem sempre esta incerteza gera uma atitude
de indagação e vigilância. O excesso de vozes, a sobrecarga de oferta de informação, muitas vezes faz as
pessoas decaírem para um estado de indiferença ou apatia, próprio da zumbificação.
Caderno de Proposta 29
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Epidemia
O caos informacional é, assim, gerado por uma série de fatores. Por um lado, a pós-verdade e as
fake news têm em sua origem questões político-econômicas. Pois, dentro da sociedade da informação, a
guerra e a disputa pelo poder também assumem uma dimensão informacional. Por outro lado, a
desinformação também passa a ser uma forma de gerar renda. Conforme reportagem de Rabin (2017), a
ação conhecida como clickbait, procura gerar lucros financeiros ao disseminador do conteúdo pela
quantidade de clicks que uma notícia recebe dentro de um determinado portal. Por conta disso, vários
“profissionais” autônomos investem na técnica, divulgando desinformações que possuem potencial para
se tornarem “virais”.
Com base nas ideias presentes nesse texto, acima apresentado, e valendo-se tanto de outras informações
que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da realidade, redija uma
dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema:
Vivemos uma situação de zumbificação da informação ?
1.2 Comentário
O tema “As redes sociais na democracia: renovação ou ameaça?” leva o candidato a refletir sobre o
papel inicial das redes sociais, de estabelecer contato mais próximo entre as pessoas, fortalecer os laços
entre parentes e amigos, e o que ela, de fato, transformou-se: espaço de exposição de fake News, de
polarização política e de disseminação de preconceitos e de discursos de ódio. Essa discussão é muito
atual, até porque, durante a pandemia, as redes sociais foram a maneira mais segura de se manter
contato com os conhecidos e parentes e ganharam mais importância ainda no cotidiano.
No entanto, não se pode deixar de considerar o uso político que elas ganharam nas eleições norte-
americanas, quando a campanha à presidência de Donald Trump usou-as como forma de catapultar os
votos do republicano por meio da interferência dos algoritmos da Cambridge Analytica em uma
Caderno de Proposta 30
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
estratégia cuja lisura ainda está em questão. Também é possível reconhecer seu uso na última
campanha eleitoral brasileira à presidência, quando Jair Bolsonaro fez sua divulgação por meio das
redes sociais. Seus apoiadores foram responsáveis por divulgar muitas fake News a respeito do seu
adversário, numa clara postura antidemocrática.
A partir das informações elencadas no quadro, percebe-se que você pode abordar o tema por diferentes
e variadas perspectivas. Tudo vai depender da resposta que você der para a pergunta temática, que
constituirá a sua tese. Caso você reconheça que as redes sociais representam uma renovação à
democracia, você poderia trabalhar exemplos que demonstrem isso, ou discutir as causas desse
processo, ou as consequências disso. Já se você considera que as redes sociais representam uma
ameaça à democracia, será necessário mostrar como e por que isso ocorre, bem como refutar os
argumentos daqueles que pensam ao contrário.
Como você deve ter percebido, existem muitos caminhos para a reflexão sobre esse tema, então caberá
a você escolher um deles. Escolhido o caminho, o próximo passo é elaborar o projeto do seu texto. Nele
você delineia brevemente o esqueleto do texto, definindo qual será a sua tese e quais serão os
argumentos que você irá usar para defendê-la. Considere em seu projeto que se trata de um texto de 30
linhas, o que deve ser suficiente para elaborar quatro ou cinco parágrafos. O primeiro é a introdução; os
centrais são o desenvolvimento da sua argumentação; o último é a conclusão. Na introdução, espera-se
que você apresente e contextualize o tema e já defina a sua tese. Também é possível já dar algum
indício do seu percurso argumentativo, o que orienta muito bem a leitura do seu texto e dificulta que
você se perca durante a escrita, porque já ficou explicitado o que você irá abordar na sua argumentação.
A argumentação ocupa o centro do texto e cada argumento deve ocupar um parágrafo. Procure usar
repertório – exemplos, dados estatísticos, citações, fatos históricos – para enriquecer seu argumento e
auxiliar a sua defesa da tese. No entanto, não basta apenas citá-los, é preciso estabelecer a conexão
entre a informação trazida e o tema que está sendo discutido. É preciso que o repertório traga luz ao
que está sendo exposto, que contribua para a tarefa de justificar a sua tese e evidenciar por que ela é
defensável e legítima em relação ao que está sendo debatido.
O último parágrafo é a conclusão, e nela espera-se que você reafirme sua tese e retome seus
argumentos brevemente, fechando o raciocínio elaborado no texto. Não se espera que você elabore
uma proposta de intervenção, como no ENEM, e nem isso é aconselhável, porque muitas vezes o tema
nem permite que se construa uma. Assim, a conclusão por síntese é a mais indicada.
Caderno de Proposta 31
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Coletânea de textos
O primeiro texto é uma frase de Francis Fukuyama, filósofo nipo-americano, que ressalta o crescente
poder político exercido pelas plataformas digitais e focaliza o perigo disso.
O segundo texto é um trecho do filósofo Jürgen Habermas que trata da forma como a esfera pública
deve tratar os problemas sob a perspectiva de uma teoria da democracia. Além de percebê-los e
identificá-los, ela deve tematizá-los, problematizá-los e dramatizá-los para que sejam assumidos e
elaborados pelo complexo parlamentar.
O quarto texto é um trecho de um artigo sobre as redes sociais que fala especificamente sobre o intuito
inicial do Facebook de agregar parentes e amigos e sobre o uso abusivo de que ele tem sido vítima –
como notícias falsas, assédio político. De acordo com o artigo, a empresa está tentando neutralizar tais
abusos.
De acordo com o posicionamento escolhido em relação ao tema, você irá compor uma tese que explicite
esse posicionamento. Uma vez escolhida e redigida a tese, é hora de escolher quais são os melhores
argumentos para defendê-la. Na primeira seção do comentário desta proposta, foram dadas algumas
sugestões de teses que poderiam ser escolhidas, o que não esgota as suas possibilidades. Lembre-se de
que a ideia chave nessa escolha é o fato de que as informações selecionadas de fato comprovem a sua
tese, mostrem por que ela se justifica no mundo atual, por que ela se legitima em nossa sociedade.
São elencadas a seguir algumas ideias que podem ser usadas como base para os seus argumentos.
Caderno de Proposta 32
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de exemplos, dados estatísticos, citações de especialistas ou escritores, podem ser referências
de séries, filmes, livros que você tenha lido e que se articulem à ideia que você está desenvolvendo.
Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de
referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e
possibilitar uma nota mais alta.
Tema 2: Dobradiça
Comentário.
Essa proposta de redação se inspirou em alguns modelos da FUVEST, nos quais a banca pede que
o candidato trabalhe com um conceito-metáfora. No segundo texto, o autor usa uma expressão,
“momento ‘dobradiça’ da história”, que significa um momento decisivo, que pode nos levar a um futuro
promissor ou à aniquilação, segundo ele.
Caderno de Proposta 33
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
As instruções exigem que se escolha uma área do conhecimento para discutir de maneira mais
específica esse momento de decisão, em uma tentativa de compreensão do fenômeno. A questão
direciona a reflexão, que embora difícil, pode contar com algumas sugestões de encaminhamento
dadas pela coletânea.
Coletânea
O primeiro texto traz a definição de dicionário da palavra “dobradiça”. Ela explica as diferentes acepções
do termo, o que facilita a você entender o funcionamento do objeto, bem como interpretar a metáfora
que será apresentada logo a seguir.
O segundo texto traz uma preocupação de certos estudiosos, que pensam que estamos em um
“momento ‘dobradiça’ da história”. Depreende-se pelo contexto que eles se referem a estarmos
vivendo em um momento decisivo da história humana. Suas preocupações têm fundamento: temos o
futuro do planeta em nossas mãos. O primeiro ponto discutido é a possibilidade de uso inadequado de
alguma tecnologia que possa pôr o planeta em perigo ou que nosso próprio estilo de vida o faça. O
segundo ponto destaca a possibilidade de transição, no século XXI, da inteligência artificial para a
superinteligência e os desdobramentos disso, visto que o domínio dessa tecnologia pode mudar os
destinos do planeta, pois isso dependerá de a serviço de que interesses ela será colocada. O resultado
pode ser o bem coletivo ou seu uso de forma repressiva.
Teses e possíveis
As instruções da proposta pedem que você escolha uma área do conhecimento que para você manifesta
claramente um momento “dobradiça” e faça a sua reflexão especificamente sobre ela. São dadas
algumas sugestões de encaminhamentos de sua reflexão: analisar o passado, mostrar os riscos e as
possibilidades da possível mudança que você vislumbra na área escolhida.
Sua tese irá depender da área que você escolher. A título de exemplificação didática, vou escolher a
área de medicina. Seguem algumas ideias, dentre outras.
• O avanço da medicina, em muitos aspectos, tem levantado discussões éticas acerca de suas
práticas e procedimentos.
• As descobertas médicas não são usufruídas por toda a população, visto que novas técnicas
e medicamentos têm custo elevados que não estão acessíveis a todas as classes e em todos
os lugares.
• O uso da inteligência artificial na medicina tem levantado questões sobre sua adequação e
sobre se, no futuro, quem tomará as decisões sobre a nossa saúde serão máquinas.
Caderno de Proposta 34
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Tese: A medicina vive um momento de decisão porque seus avanços, em muitos aspectos,
têm levantados discussões éticas acerca de suas práticas e procedimentos. Questiona-se se
ela realmente caminha para o benefício da humanidade.
• As descobertas médicas não são usufruídas por toda a população, visto que novas
técnicas e medicamentos têm custo elevados que não estão acessíveis a todas as
classes e em todos os lugares.
• Tese: A medicina vive um momento de decisão porque as descobertas médicas não são
usufruídas por toda a população, visto que novas técnicas e medicamentos têm custo
elevados que não estão acessíveis a todas as classes e em todos os lugares.
Repertório
Caderno de Proposta 35
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Como quase toda proposta de redação da FUVEST, esta é bem ampla, possibilitando caminhos
variados. Abaixo, listo algumas sugestões de argumentos, a título de exemplo, para que você tenha uma
ideia de possibilidades e pense em outras tantas.
• A sequenciação do genoma humano abriu as portas para terapias com o uso de células tronco e
discussões éticas sobre a utilização desse tipo de informação. Questionou-se, inclusive, que as
informações genéticas das pessoas seriam usadas como critério em entrevistas de emprego e por
convênios médicos para a aceitação de novos conveniados.
• Os procedimentos cirúrgicos com robôs já são uma realidade no mundo, realizando procedimentos
complexos com alta precisão, com a vantagem de cortes menores e menor tempo de recuperação
para os pacientes. Hoje, eles não assumem todas as funções dentro das salas de cirurgia, mas essa
é uma possibilidade que não pode ser descartada.
• A pandemia trouxe à tona a telemedicina, que é uma forma complementar e não substituta do
tratamento médico presencial, utilizando as novas tecnologias para realizar acompanhamento
médico remoto. No entanto, criou-se um precedente perigoso de que as consultas no futuro possam
se realizar dessa forma e o contato entre médico e paciente se restrinja a uma tela.
• Descobertas médicas como o primeiro bebê de proveta e a primeira clonagem (da ovelha Dolly)
causaram certa insegurança no princípio, mas abriram as portas para muitas revoluções quanto à
fertilização in vitro e para a produção de órgãos que hoje são encaradas com naturalidade e não
trouxeram prejuízo, e sim benefício à sociedade.
Caderno de Proposta 36
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Caderno de Proposta 37
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
A postura de consumidor como rei, já que ele paga e pode ter o que quiser,
reflete-se na relação com o conhecimento; o indivíduo acredita que tem o
direito de manifestar a ideia que melhor lhe convier.
A ostentação envolve mostrar aos outros aquilo que eles não têm; afirmar
publicamente a ignorância pode ser visto como coragem e ousadia que os
outros não têm; a agressividade envolvida nesse tipo de ostentação tem a
função de provocar a inveja e manifestar poder; pessoa tem tanta segurança
que é capaz de ir contra o que dizem cientistas, professores e técnicos.
A partir dessas e de outras causas, parte-se para a tese. É importante começar pelo
sujeito, “ostentação da ignorância”, depois o verbo “revelar” seguido do objeto direto que deve ser
uma síntese do que foi pensado como causa. Isso ajuda a não desviar do tema. A título de exemplo,
considere como seria possível expressar cada uma das causas elaboradas acima em forma de tese.
Caderno de Proposta 38
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
A ostentação envolve mostrar aos outros aquilo que eles não tem...
Tese: A ostentação da ignorância revela a necessidade de um sujeito
de se auto-afirmar na sociedade de massas.
Repertório
Como quase toda proposta de redação da FUVEST, esta é bem ampla, possibilitando caminhos
variados. Abaixo, alisto algumas estratégias argumentativas, a título de exemplo, para que você tenha
uma ideia de possibilidades e pense em outras tantas.
Analogia
Pode-se comparar o consolo da ignorância como a história do cavalo de Tróia. Os troianos
queriam acreditar que tinham vencido a guerra e que o cavalo representava o troféu. No cavalo havia
guerreiros que destruíram os troianos. Cassandra, a profetiza, que, tendo conhecimento, avisou-os da
iminente tragédia, foi hostilizada.
Comparação
Caderno de Proposta 39
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Passamos do oito para oitenta. Antigamente, as pessoas mais humildes, numa postura
subserviente, dirigiam-se às pessoas ilustradas como “seu dotô”. Hoje, observa-se o contrário, uma
radical posição que não suporta qualquer detentor de conhecimento como sendo fonte de ideias.
Definição
Ignorar significa não conhecer, que se manifesta de duas formas: realmente não saber nada
sobre o assunto; ou ter uma ideia equivocada sobre o assunto e não se predispor a considerar o
contraditório.
Filosofia
Segundo a Escola de Frankfurt, a Industria cultural cria ideias sob medida para o desejo de seu
público consumidor. O indivíduo acostumado a ser o aparente rei do entretenimento passa a se
comportar diante do conhecimento da mesma maneira. Ele escolhe e assume aquilo que o apraz.
Atualidades
Governos populistas têm se pautado pela ostentação da ignorância como forma de mostrar
proximidade com o povo. A ciência sempre foi elitista e o governante técnico não empolga o povo,
num momento em que as massas têm força política, mas as democracias estão em crise.
História
As dificuldades enfrentadas pelo povo alemão, antes da Segunda Guerra Mundial, permitiram a
ascensão de Hitler, que ostentava desprezo por qualquer tipo de ideia que o contrariasse. Devido à
situação sem esperança, os alemães abraçaram o hitlerismo sem notar suas incoerência, aceitando a
resposta simples da luta do superior versus inferior.
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parte desse ponto: qual é a valorização que devemos endereçar aos idosos? Eles devem ser valorizados
independente de sua “participação” na sociedade ou só devem ser valorizados quando forem
“produtivos”?
Vale nosso primeiro cuidado por aqui: ainda que não tenhamos indicação de anulação da
redação quando há ferimento dos direitos humanos, cuidado para que sua tese não se encaminhe para
esse lado. Evite construir uma redação em que os direitos, inclusive os garantidos por lei, sejam
atacados e desrespeitados por suas ideias. Particularmente, eu acho muito complicada a ideia de dizer
que a morte de idosos, simplesmente porque o são, deve ser defendida em qualquer nível, para ser
sincero. Contudo, há sempre defendida a liberdade de expressão.
Seus argumentos, que na Fuvest, como vocês bem sabem, são extremamente importantes,
devem apresentar-se e construir-se a partir da resposta às duas outras perguntas do tema: Há ganhos
na preservação da vida dessas pessoas? Quais são os valores que devem servir de premissa para a
preservação da vida do idoso? Claro que a resposta a essas perguntas se correlacionarão com o que
você falará na sua tese. Nem preciso te dizer isso, né?
Por fim, é interessante que você retome sua tese e resuma seus argumentos, naquela típica
conclusão por retomada e resumo. Claro que, se você problematizar bastante, pode construir uma
proposta de intervenção. Ainda assim, acho que ela corre um risco muito forte de ser clichê e mais
atrapalhar do que ajudar na sua nota. Por isso, recomendo que você pense na clássica conclusão por
retomada e resumo.
Texto motivador
O texto apresentado nessa proposta, literalmente no singular, é um texto que serve, apenas para
que entendamos de onde surge essa discussão, sendo, literalmente, um texto motivador e direcionador
para o tema. Tema importante, como dissemos acima, e que está sendo discutido de formas distintas,
como mostra o próprio texto, com “apagamento” da importância dos mais velhos na nossa sociedade.
Essa forma de ver é motivada, claramente, em meio à pandemia em que vivemos no momento. Apesar
disso, é possível afirmar que temos essa visão sempre, somente muito à tona por conta do momento.
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mais rápida. Além disso, a globalização cultural faz com que o estilo de vida europeu seja visto como o
ideal por parte dos outros povos.
Do ponto de vista do cidadão comum que vive nos países que recebem esse fluxo de imigrantes, a
situação é vista com desconfiança e desconforto. A entrada de tantas pessoas dispostas a qualquer
trabalho altera o valor da mão de obra e a concorrência por postos de trabalho. O excedente desses
trabalhadores estrangeiros em condições precárias dá a sensação de aumento da pobreza. Do ponto de
vista cultural, o outro com seus costumes assusta os habitantes nativos que ficam com a impressão de
que sua cultura está sendo ameaçada.
Encaminhamentos possíveis
Primeiramente seria interessante que você selecionasse que implicação você gostaria de abordar. Lógico
que você poderia escolher mais do que uma, mas isso tornaria a tarefa mais difícil, mas não
necessariamente mais vitoriosa. Depois da escolha, você deveria fazer um esquema com a tese e os
argumentos escolhidos. A título de exemplo, elaborei abaixo esboços, um para cada tipo de implicação.
Implicação cultural
Tese A fala do Ministro Italiano mostra que a cultura universalista da
Europa está caindo em descrédito.
Argumento 1 Depois da 2ª Guerra, os Europeus foram responsáveis pela
divulgação de uma cultura humanista universal. Fato: Criação dos
Fóruns de Proteção (ONU etc)
Argumento 2 A fala do Ministro vai contra esse universalismo. Fato: outros
países tem movimentos parecidos França, Alemanha, Hungria
Argumento 3 O que motiva? O medo do outro; no Brasil não é diferente.
Fato: as manifestações contra imigrantes venezuelanos em Roraima.
Implicação
econômica
Tese A fala do Ministro Italiano é fruto do medo da população nativa
de perder seu poder aquisitivo ou suas garantias trabalhistas
Argumento 1 A proteção trabalhista e a garantia de altos salários dependem
de escassez de trabalhadores. Se houver falta de trabalhadores, os
salários sobem.
Argumento 2 Entre os refugiados, é possível encontrar vários tipos de
trabalhadores e o número elevado desse contingente, faz com que as
populações nacionais temam a concorrência.
Argumento 3 No Brasil, não seria diferente. A taxa de desemprego é alta e
afeta os jovens. Se houvesse fluxo intenso ocorreria algo parecido..
Implicação ética
Tese A fala do Ministro Italiano mostra que uma ética perigosa está
sendo construída no mudo contemporâneo: a ética do conflito aberto.
Argumento 1 Depois do Nazismo, tal tipo de discurso anti-humanista seria
considerado vergonhoso. Fato: as marcas do nazismo/racismo na
Europa.
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Implicação social
Tese A fala do Ministro italiano estimula o preconceito e a divisão
interna; marginalizando os imigrantes que se tornam um perigo social.
Argumento 1 O fluxo de imigrantes não vai ser detido até porque os
europeus estão envelhecendo.
Argumento 2 A fala do Ministro pode até fazer diminuir o fluxo para a Itália,
mas também leva os italianos a verem os imigrantes como marginais,
não ajuda a integrá-los
Argumento 3 Isso é claro na França. Os imigrantes franceses não se sentem
parte da nação e já protestaram violentamente várias vezes. São foco
de tensão.
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Merece destaque, além do que apresentamos antes, como possibilidade de discussão em seu
texto, as modificações já sentidas pelo meio ambiente em dois momentos distintos: o primeiro,
relacionado ao isolamento nos países mais industrializados, revela que o meio ambiente passou por um
momento de desaceleração da poluição, com melhoria em índices que sempre foram assustadores, tais
como os de poluição por gases tóxicos, também chamados de gases de efeito estufa. Em um segundo
momento, com a retomada da produção industrial em países que já controlaram a epidemia, um
aumento considerável de emissão de poluição para a atmosfera. Como demonstração desses dois
momentos, destacamos a poluição atmosférica de São Paulo capital, diminuída sensivelmente com o
isolamento da população, e a volta, aos canais de Veneza, de uma série de espécies marinhas que não
conseguem habitar tais canais, dada a poluição das águas. Esses dois exemplos servem para a
demonstração da primeira realidade. Para a segunda, destacamos o retorno à produção na China, que,
segundo especialistas, duplicou a quantidade de poluição jogada na atmosfera quando conseguiu
controlar a epidemia de Coronavírus.
Esses exemplos e as discussões propostas conseguem evidenciar a necessidade de modificação
do mundo, apregoada pelos jovens entrevistados. Não temos como achar que as coisas serão as
mesmas no chamado pós-pandemia, que também tem sido, com constância, entendido como “novo
normal”. Inclusive, essa ideia relacionada ao novo normal é excelente para sua construção de texto,
dado que é um tema muito atual e uma discussão que tem se configurado como muito profícua. Essa
nova normalidade, entendida como apresentado a seguir, torna-se cada vez mais palpável,
principalmente a partir do momento em que pensamos o que se vivencia no mundo.
Texto motivador
A proposta apresenta um único texto motivador, que serve para gerar as perguntas de reflexão
apresentadas durante a construção da proposta. Perceba que o texto é uma demonstração de que a
pandemia mudou a forma como as pessoas observam o mundo e como pensam que devem ser os novos
comportamentos em um momento pós-pandêmico, como apresentado no próprio texto. Perceba que a
ideia é a construção de um pensamento que inclui, essencialmente, os jovens e a forma como esses
veem o mundo. Como informações principais do texto, temos:
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Teses possíveis
Como aponta o sensacional professor Fernando Andrade (um lorde inglês) na construção da
proposta, seu posicionamento pode variar conforme a sua visão de mundo e de expectativas em meio a
tantas pressões e mudanças na forma de observar as relações interpessoais. Assim, compreendemos
algumas possibilidades de tese, com outras variações que vocês podem encontrar, dependendo do
caminho que queiram seguir, essencialmente, dividido em dois:
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Destacamos, claro, que vocês sempre se lembrem de que, principalmente em um tema como
esse, recheado de pensamentos ligados diretamente ao senso comum e às opiniões pessoais, é
necessário fundamentar de forma clara a sua argumentação, para evitar que seus argumentos não
sejam entendidos como mera especulação (nome que damos para argumentos que não conseguem ser
comprovados por meio de repertório). Passemos à sugestão de argumentos e de repertórios.
Tema 7: Negacionismo
Nessa proposta, foram selecionados 4 textos verbais e um não verbal como estímulo para se pensar o
tema: “a reação negacionista frente ao possível aquecimento global”. Após a seleção, observavam-se
três parágrafos nos quais era possível compreender o tema e o recorte exigido pelo elaborador da
proposta.
Os primeiros fragmentos expressavam, de forma diferente, o descontentamento com a maneira de lidar
com a questão ambiental. O primeiro, de cunho mais poético, fazia uma advertência, retomando a
mitologia grega cuja deusa, Gaia, era a própria personificação do nosso planeta. Segundo a autora, não
podemos ignorar o globo em que vivemos, não há final feliz sem incluir em nossos projetos o cuidado
com Gaia. Não estaríamos sequer autorizados a nos esquecermos desse perigo ambiental que nos
espreita.
O segundo texto dava detalhes de como ocorre esse esquecimento. O fragmento partia da tese de que
nossa atitude diante do aquecimento global é esquizofrênica. Temos consciência da catástrofe que se
avizinha, mas adotamos ações inócuas como lutar pela reciclagem de lixo, algo que pouco altera a
marcha da devastação, basta observar que os governos têm afrouxado as leis ambientais.
O texto visual fechava esse grupo de fragmentos que pareciam ter a finalidade de sensibilizar o leitor
para a gravidade do problema: o planeta derrete-se diante de uma lupa que aquece sua superfície.
Os textos restantes consideravam a outra parte do tema: o negacionismo. Havia um fragmento com a
definição da ideia, “rejeição da validade de conceitos apoiados por consenso científico”, que se
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associava com a notícia de que houve, na cidade do Porto, um encontro de cientistas que negavam a
existência do fenômeno.
Na sequência dos textos da coletânea, o examinador apresentava o tema explicitamente e enumerava
perguntas que serviam de baliza para o recorte temático desejável. Uma das estratégias possíveis seria a
de responder a cada pergunta, tentando elaborar uma tese.
Perguntas e possíveis respostas/sugestões de teses e encaminhamentos
Veja que maravilha! O examinador incluiu questões. Vamos fazer um exercício de respondê-las
rapidamente:
- O que essa polêmica revela sobre os paradoxos e encruzilhadas em que a humanidade se
encontra? Encontramo-nos numa encruzilhada entre o crescimento econômico e a preservação
ambiental, esse é um dos paradoxos.
- Que tipo de visão de mundo o negacionismo revela? Revela uma preocupação com o lucro; e
uma mentalidade mais imediata, supõe-se que tudo possa ser resolvido no futuro.
- Quais interesses? Econômicos (grandes corporações precisam de matéria prima), políticos (os
governos dependem da estabilidade econômica), sociais (uma limitação da matéria prima levaria a uma
crise social).
- Com que seriedade a geração atual encara tal discussão? Uma seriedade parcial: enquanto
tema genérico, não há quem não defenda a preservação ambiental, mas quando isso começa a afetar o
dia a dia, as pessoas desconsideram na prática o discurso teórico de condenação.
Óbvio que há outras possibilidades de respostas. Mas tentei mostrar para você que, a partir das
respostas, começa a despontar uma tese e um encaminhamento argumentativo. A título de exemplo,
vou considerar duas possibilidades de formulação de tese e de projeto de desenvolvimento textual.
Tese 1: O negacionismo é uma reação irracional ao risco de crise econômica
Argumentos: não é simplesmente uma maldade de gente que quer destruir a terra; a agressão ao
meio ambiente tem como causa a necessidade crescente de matéria prima; sem matéria prima o
crescimento econômico mundial entra em colapso (exemplo, crise do petróleo de 1973); o processo é
irracional: a tragédia será maior no futuro.
Tese 2: O negacionismo é criticado de forma hipócrita, pois execram-se aqueles que
publicamente negam o aquecimento global, mas cotidianamente cada um de nós nega o aquecimento
nas ações mais simples.
Argumentos: Trump, que nega o aquecimento, é duramente criticado; ele teve apoio de parcela
da população que aceita suas ideias sem dizê-las publicamente; o cidadão que hoje critica o
negacionismo consome produtos que estão ameaçando o planeta (considerar a importância do
petróleo); o estilo de vida atual deveria ser totalmente reformulado; é possível?
Essas duas teses seguem o caminho da tentativa de compreender o fenômeno. Lógico que você
poderá enveredar pela condenação do negacionismo, se bem que, convenhamos, depois de perceber as
causas, a tarefa fica um pouco mais difícil, mas encare o desafio, tente provar algo como: o
negacionismo é uma ação inconsequente e quase suicida por parte da humanidade.
FICA A DICA
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Você deve ter observado que, ao ler as paráfrases da coletânea nos comentários de encaminhamento,
as ideias de tese ou de desenvolvimento de texto surgiam quase espontaneamente. Se você percebeu
isso - você que somente leu -, imagine o que eu percebi, uma vez que eu elaborei as paráfrases!
É surpreendente que o simples exercício de colocar em palavras o que eu entendi do texto já
desencadeou processos mentais que me permitiram relacionar informações.
Então fica a dica: diante de um tema obscuro ou diante de uma situação em que faltam ideias, pegue a
caneta e comece a parafrasear a coletânea, isso pode ajudá-lo.
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forma, vale a discussão, no texto, desse ponto: de que maneira devemos observar os preconceitos?
Como ideologias ou como formas reprováveis de ver o outro?
Outro ponto interessante de ser tratado é a liberdade que a internet, também chamada de “terra sem-
lei”, garante aos disseminadores de ódio. O palco de julgamento e de exposição virtual é pouco
controlado e sem uma regulamentação efetiva. Se analisarmos a partir de um pressuposto do
pensamento de Durkheim, é possível classificarmos a internet como uma anomia, uma vez que a ausência
de regulamentação própria e clara impede que os discursos de ódio sejam combatidos. É comum
encontrarmos comentários extremamente preconceituosos com relação a algumas publicações.
Além disso, se tomarmos a ideia daquele que trolla como um acontecimento normal e esvaziado de
significado, podemos pensar como os discursos de poder, como Foucault afirma em sua obra, enraízam-
se na base social a partir de uma repetição constante e disseminação aceita por todos. Esse enraizamento
torna-se ainda mais perigoso quando há um esvaziamento de significados nos discursos de ódio: a
brincadeira esvazia a maldade do discurso e isso faz com que ele seja constantemente repetido e
defendido, ainda mais em meio a discussões como a de liberdade de expressão.
Por fim, antes de partirmos para os argumentos, vale analisar duas características possíveis dentro da
internet: a facilidade de anonimato, com a criação possível de perfis fakes e a liberdade de falar o que
quer na segurança da internet. Ali, não há confronto físico possível.
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em relação a um novo contrato social. Ao mesmo tempo, ela serve de alerta para aqueles que, de forma
bem otimista, acreditam que é possível estabelecer relações intersubjetivas diferentes das existentes.
Lembre-se qualquer pacto é penoso. Nossa vontade infantil, diria Freud, é de experimentarmos a
liberdade absoluta, uma fantasia de criança.
O Texto 4 é do sociólogo Zygmunt Bauman, texto-chave para entender as nuances da proposta.
Bauman não se refere ao contrato social como o entendemos na filosofia política. Ele começa com a
referência ao contrato que um casal faz na frente do juiz para, para, em seguida, generalizar incluindo
qualquer tipo de compromisso que as pessoas firmam com outras. E qual o problema desses pactos? No
mundo líquido de relações transitórias, eles não são garantia de nada. Consumimos os laços com os
outros enquanto eles forem convenientes para nós, mas no momento em que a contrapartida for exigida,
furtamo-nos dos deveres próprios de um contrato que exige algum tipo de correspondência. E qual o
problema? O contrato significa a união de forças para se enfrentar o que for desagradável. Se por um
lado, atender à contrapartida nos aflige, a solidão decorrente da quebra de vínculos torna a vida mais
difícil.
O Texto 5, um poema de Carlos Vogt, permite vislumbrar um outro recorte. O autor retoma a
discussão do contrato social no título do poema. Para Locke, por exemplo, as pessoas fazem um pacto
para abrir mão da liberdade e terem seus direitos garantidos. No poema, o autor faz alusão ao pacto que
vige no Brasil, onde as pessoas mais vulneráveis abrem mão da liberdade, mas não têm seus direitos
garantidos por uma elite, homens de bem, que garantem somente para si a vantagem de qualquer
contrato.
Escolha do recorte
Por si só, a coletânea já indica possíveis contratos que podem ser considerados.
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Por fim, vale lembrar que você poderia escolher outros tópicos que não estavam elencados tais
como contrato entre consumidor e empresa; entre plataformas digitais e usuários; etc
Pressuposto
Para qualquer um desses recortes deve-se partir do pressuposto de que se vive uma crise de
paradigmas. Se a resposta à primeira pergunta, “um novo contrato é necessário?” , for “não”, o texto não
terá muita graça e a pergunta que o leitor fará é: se esse recorte que o escritor escolheu não precisa de
novo contrato, por que escrever sobre isso?
Portanto, a percepção de crise deve guiar a escolha do recorte e da tese. Em relação a quais temas,
você consegue perceber que há um grande desafio a ser enfrentado?
As necessidades
Retomando os tópicos sugeridos na proposta, seguem-se alguns motivos que levam a necessidade
de um novo contrato.
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O comando é bastante complexo, mas não deveria assustar, pois a banca já indica que a resposta
pode ser diferente de acordo com o aspecto considerado e dá liberdade ao candidato de escolher um
caminho.
O importante nesse caso, é transformar esse exposição complexa em algo mais simples. O que se
pergunta? Se o mundo da capitalismo digital e impactado pela pandeia será melhor. Essa proposta não
está tão distante daquela dada na ultima prova da FUVEST. Naquele certame, perguntava-se: o mundo
está fora da ordem? Fora dos eixos? Neste, pergunta-se: o mundo estará nos eixos?
Pressuposto
A pergunta “Outro mundo impossível é possível?” é capciosa, pelo jogo de palavras. O
“impossível” é polissêmico. Em uma primeira leitura, o outro mundo pode ser traduzido por esse novo
capitalismo digital. O impossível, nesse caso, pode se referir às transformações insondáveis que nos
esperam . Nesse caso, pode-se pensar nas possibilidades dentro desse enquadramento. Haveria algum
tipo de mudança que tornasse a vida humana melhor? Ao mesmo tempo que se fala de um maravilhoso
mundo novo, sabe-se que ele continuará a ser pautado pelas necessidades do capitalismo que domina as
formas de viver basicamente de toda a humanidade. O sistema torna-se o próprio limite das possibilidades
que a era digital abre para o homem.
A outra leitura supõe a utopia. Um mundo melhor, mais fraterno e menos injusto seria possível?
O “impossível”, nesse caso, trata-se de uma esperança idealizada.
Por fim, pode-se pensar no contexto da pandemia. Vivencia-se uma realidade surreal, marcada
pelo mundo impossível. Essa experiência poderia ter efeito revolucionário nas formas de viver e deixar
marcas na construção de uma outra realidade.
Texto de apoio e capitalismo
O enquadramento do que se pensa sobre o futuro aparece no texto-fonte dado. A grande mudança
que é um tanto quanto imprevisível diz respeito ao que se descreve no artigo como Capitalismo digital.
A mudança de paradigma, nós já observamos. A dita sociedade tecno-científica ganha cada vez mais
projeção, resumida na seguinte frase “, a maior parte do capital, pelo menos em termos de valor,
encontra-se nos neurônios, e não no chão de fábrica”. O capital se tornou intangível, mas também a
mercadoria. O que se vende? O meio informacional no qual as pessoas interagem. As plataformas da
internet oferecem de graça vários tipos de serviços que são monetizados de outra forma.
A pergunta chave é: quem governará ou se apropriará da chamada economia digital? As batalhas
estão surgindo, lembra o artigo, e o mundo impossível, possível, será o resultado delas. A grande questão
gira em torno da capacidade que teremos de democratizar todos os benefícios que uma grande revolução
informacional pode provocar. Até agora, o velho modelo de capitalismo tem se repetido provocando
crises que podem apontar para uma mudança. As Big techs, fruto de práticas de monopólio, por exemplo,
concentraram poder demais, com resultados nefastos em campanhas eleitorais ao redor do mundo
ameaçando sistemas políticos, informacionais, econômicos etc. Já há um movimento na Europa e Estados
Unidos para diminuir o poder dessas gigantes que está indo além do econômico. Aliás, esse
é um traço dessa sociedade informacional. As áreas de atividade humana passam a ser encaradas como
informacionais, de um música de Beethoven à fake News que elege um presidente.
Tese
De início a tese é simples. Feita a tradução, podemos colocar nos seguintes termos:
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Contudo, esse seria o ponto de partida. O ideal é que você já indique na tese qual o traço escolhido
para fazer tal afirmação e um ou outro termo que permita o encaminhamento. Por exemplo,
Tal mundo melhor é possível, Tese simples
Traço
pois a automação
livrará o homem dos trabalhos mais extenuantes liberando a humanidade para atividades mais
satisfatórias.
Motivo da
afirmação
Encaminhamentos possíveis (ilustrativos)
Basicamente, o julgamentos positivo ou negativo seguem duas grandes linhas mestras.
Para manifestar ceticismo diante de um futuro melhor, basta considerar o que nós já conhecemos
do capitalismo. Trata-se de um sistema econômico no qual a finalidade é o aumento exponencial do
próprio capital. Para isso, é valida a exploração do trabalho e do meio ambiente sem fim. Nesse sentido,
a transformação digital só ampliaria o que presenciamos.
Par manifestar otimismo diante do novo cenário, bastaria apostar suas fichas no próprio sistema
informacional. Ao longo da história do homem, a tecnologia foi utilizada para tornar a vida humana mais
confortável e minimizar os possíveis efeitos negativos. Não seria diferente com a revolução digital em
andamento.
Caberia ao escritor escolher um dos 4 aspectos citados no artigo do Le Monde Diplomatique:
incerteza, precariedade, automação voraz, eliminação das relações humanas.
- Incerteza
A incerteza pode estar relacionada, sob uma perspectiva negativa, com as novas relações fluidas
de trabalho – como na chamada uberização – em que os direitos trabalhistas garantidos pela C.L.T. não
são oferecidos. Também pode-se pensar em uma concorrência desmedida entre e dentro das empresas,
bem como na desregulamentação financeira, como se observa com as bitcoins. As incertezas também
podem estar relacionadas com a política, visto que as democracias continuarão sob ataque.
No outro extremo, pode ser um mundo menos incerto porque as gerações nativas da internet
saberão lidar melhor com o excessivo fluxo de informação. Ou então, a incerteza será assimilada por uma
geração que aprendeu a lidar com ela.
- Precariedade
O mundo pode ser menos precário visto que, durante a pandemia, a sociedade reatou os laços de
solidariedade e se ajudou mutuamente a fim de evitar a fome dos mais vulneráveis socialmente. Houve
crescimento do voluntariado em vários tipos de atividades de ajuda ao próximo. Ainda em se tratando de
alimentação, nunca se produziu tanto alimento, as safras bateram recordes no Brasil, o país exportou
muito.
Além disso, a experiência do home office e do ensino remoto mostraram-se frutíferas para apontar
as fortalezas e fraquezas do trabalho e do ensino, indicando os caminhos para as mudanças e
aprimoramentos necessários. Certamente, tais experiências serão incorporadas ao novo normal no
futuro. Durante a pandemia, a economia criativa cresceu, diante da necessidade de as pessoas terem
alguma renda. De uma hora para a outra, todos redescobriram seus talentos.
O mundo pode ser mais precário se pensarmos no número altíssimo de desempregados e
desalentados do Brasil, que provavelmente não serão absorvidos pelo sistema produtivo. Dada a
automação, a mão-de-obra torna-se desnecessária. Uma parcela da humanidade pode se tornar obsoleta
para um sistema digital.
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- Automação voraz
Ela pode proporcionar uma vida melhor se pensarmos que os trabalhos manuais e repetitivos
serão realizados pelas máquinas. Isso não é pouca coisa, pois evitam-se as lesões por esforço repetitivo
(LER), por exemplo, que são responsáveis por muitos trabalhadores afastados do trabalho por tendinite,
bursite. As pessoas não precisarão pegar pesos excessivos, porque haverá máquinas para realizarem esse
tipo de atividade. Além disso, as pessoas poderão se dedicar a atividades que realmente fazem sentido
para elas. A tendência é de que o setor de serviços se amplie cada vez mais, ou seja, a atividade de tornar
a vida dos outros seres humanos melhor será impulsionada.
Se formos pelo viés de uma vida pior, haverá eliminação de postos de trabalho e isso afetará
justamente uma parcela da população que é pouco qualificada, que terá dificuldade em se ocupar em
outra atividade produtiva ou em buscar formas de se especializar por meio do estudo. Isso significa que
haverá aumento do desemprego e, consequentemente, da população socialmente vulnerável, que
depende dos programas de assistência social do governo, como o Bolsa Família.
- Eliminação das relações humanas
Em se tratando de uma vida melhor, as relações humanas podem passar por uma depuração, ou
seja, serão valorizadas as relações humanas realmente ricas e gratificantes e serão eliminados os
relacionamentos superficiais, tóxicos e pouco enriquecedores. Diante da facilidade do contato via
WhatsApp e de videoconferência, muito poderá ser resolvido por meio dessas tecnologias, evitando-se
inclusive viagens dispendiosas para realizar reuniões, apresentações de projetos. O contato pessoal ficará
restrito aos momentos importantes e às relações pessoais mais próximas. Na pandemia, o uso inovador
de aplicativos para fomentar as relações pessoais foram responsáveis pela minimização dos efeitos da
solidão.
No contexto de um mundo pior, haverá a eliminação do contato humano para a realização das
pequenas tarefas do dia a dia, como o contato com o funcionário do supermercado, da padaria ou do
restaurante. O delivery deve se impor no cotidiano, restringindo o contato do consumidor ao entregador.
Diante do home office, acaba o contato com os colegas de trabalho, consequentemente há poucas trocas
com eles. Também fica mais difícil a mobilização de uma categoria diante da necessidade de reivindicação
de alguma coisa ao empregador. Por último, o efeito bolha das redes sociais tende a se tornar algo
permanente com a consequente intolerância que tem sido a marca registrada das sociedade nesse
começo do século XXI.
Essa proposta foi inspirada na de 2013 (FUVEST) , na qual banca pedia que o candidato
interpretasse uma propaganda sobre o cartão de crédito “x”. As imagens e mesmo o slogan apresentado
permitiam refletir sobre o significado do consumo para as pessoas nos dias de hoje. Lógico que o texto
visual assim “jogado” seria um tremendo desafio para o candidato. Para ajudá-lo, havia um comentário
da banca com questionamento indireto que permita ao candidato pensar em uma forma de abordagem.
Neste simulado, observa-se algo parecido. Há uma reportagem breve, na qual se noticia o uso de
robôs para se fazer recrutamento de humanos e pede-se que, a partir disso, você reflita sobre nossa
sociedade e suas relações humanas. Você não ficou no “vácuo”. Havia questões indiretas que poderiam
ser respondidas e um texto do sociólogo Zygmunt Bauman com uma abordagem teórica que se ajustava
ao fato apresentado.
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Coletânea
O primeiro texto, do sociólogo Zygmunt Bauman, discorre sobre a evolução da tecnologia e o seu
uso pelos seres humanos. O autor relata sobre a detenção e já existência de uma tecnologia que permite
uma liberdade de possibilidade de ação enorme à sociedade e cita ainda que esse poder faz o ser humano
esquecer de seus limites morais, já que a ação é feita pela máquina, pela tecnologia, de forma distante e
automática, retirando, assim, de certa forma, a ideia de responsabilidade sobre o ato feito. Dessa forma,
o sociólogo defende que a automação exacerbada e esse poder de liberdade desvalorizam e revogam os
valores e limites morais da sociedade atual e influenciam nas escolhas e atos feitos.
O texto 2 é uma reportagem de uma revista e relata sobre robôs se tornarem recrutadores em
seleções para vagas de emprego. No texto, é explicado o funcionamento do software; o candidato à vaga
acessa um link e, neste, por meio de vídeo, é analisado em vários quesitos se é adequado à vaga ou não.
O texto em si tem caráter informativo e, assim, cabe ao leitor inferir sobre várias questões nele presentes.
Primeiramente, observa-se o fato de robôs substituírem humanos em postos de trabalhos, nesse caso
específico, o de recrutador. Isso é uma consequência da chamada Quarta Revolução Industrial, processo
abordado no livro homônimo de Klaus Schwab, a qual visa automatizar totalmente a forma de trabalho,
vida e de se relacionar atuais, inserindo a tecnologia e a inteligência artificial em situações cotidianas,
desumanizando, assim, atividades humanas.
Interpretação da proposta
Basicamente, você teria que responder ao seguinte comando: escreva sobre a mentalidade, a visão
de mundo, ou os valores que esse simples fato de um robô escolher um trabalhador revela sobre o
mundo em que vivemos. É mais ou menos o que faz Bauman, mas de forma teórica. Poderíamos brincar
de adivinhar como o sociólogo responderia às questões.
Teses possíveis
Observe que, como é costumeiro no caso da FUVEST, as possibilidades de caminhos são variadas,
pois trata-se de um tipo de proposta que envolve análise de uma dada situação e, ao mesmo tempo, um
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julgamento a respeito disso. Isso é muito importante, de alguma maneira, o leitor deve perceber que você
tem uma opinião valorativa sobre a questão, ou corre-se o perigo de fazer simplesmente um texto
expositivo. O ideal nesse caso é aplicar a velha fórmula de tese que inclui argumento 1 e argumento 2.
Os exemplos a seguir partirão de uma afirmação valorativa para depois apresentar os argumentos
que podem enveredar pela causa ou consequência. Lembre-se de que são exemplos ilustrativos e que há
outras possibilidades
O uso de tecnologia em atribuições humanas revela uma mentalidade perigosa (julgamento), a de que
as máquinas podem ser mais eficientes do que os homens, pois isso os tornaria supérfluos
(consequência).
O uso de tecnologia em atribuições humanas revela uma mentalidade tecnicista (julgamento), a de que
a tecnologia sempre tem respostas e pode organizar a sociedade, isso pode levar a um novo
positivismo.
O uso de tecnologia em atribuições humanas revela uma geração aberta para o futuro (julgamento),
pois não tem medo de romper com a tradição (causa), o que deve levar a novas formas de viver
(consequência).
Observe que, em alguns casos, ao responder às questões apresentadas pela proposta, você já tem
teses prontas. As duas últimas respostas à pergunta “quais são os valores e as consequências?” estão
prontas para serem transformadas em teses.
Caderno de Proposta 59
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Caderno de Proposta 60
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Essa proposta pede que o candidato avalie se vivemos em uma sociedade que sofre de algofobia,
aversão à dor, na qual se propõe uma ideologia do bem-estar permanente, ainda que à custa de fármacos
que prometem a anestesia de qualquer tipo de dor. Trata-se de uma sociedade paliativa, nas palavras de
Byung-Chu Han, autor do ensaio em que essas ideias são apresentadas, na qual o intuito é curtir e eliminar
tudo aquilo que possa provocar dor, já que persiste nela a ideia da positividade e do bem-estar. A proposta
dá algumas indicações sobre como discutir o texto: avaliar a validade dessas ideias para a
contemporaneidade; identificar os motivos para que esse jeito de viver ocorra; analisar o que essa postura
revela sobre nossa sociedade; refletir sobre as consequências que essa postura traz e como avaliar isso.
Essa discussão é bastante pertinente para o momento atual, pois certamente se verificam alguns
dos indícios apontados por Han na sociedade atual. O mais visto deles é a busca incessante por likes ou
curtidas nas redes sociais de forma obsessiva, o que para ele é uma espécie de analgésico do presente,
porque ratifica aquilo que a pessoa postou, trazendo-lhe prazer e bem-estar, o que está no outro extremo
da dor.
Também é preocupante a crise de opioides nos EUA, ou seja, o vício nesses medicamentos.
Geralmente prescritos pelos médicos norte-americanos muito frequentemente para algum problema de
saúde, eles viciam o paciente, que, depois de curado, torna-se um consumidor constante desse fármaco,
devido ao seu efeito anestésico para a dor. Isso aparece caracterizado, por exemplo, na série House, na
qual o personagem-título sofre de uma dor crônica na perna e é viciado em um opioide chamado
oxicodona. Esse uso indiscriminado de opioides pode trazer efeitos colaterais ao usuário, sobretudo em
interação com outros medicamentos, e até levá-lo à morte por overdose.
Essa postura social de aversão à dor revela uma sociedade imatura, incapaz de sofrer reveses, que
são tão comuns na vida de qualquer um. A perda de um emprego, o insucesso em um trabalho escolar,
um relacionamento rompido ou a perda de um ente querido são situações pelas quais todos nós
passamos, e elas trazem uma dose de dor, às vezes maior, às vezes menor.
O vestibulando não precisaria discutir todos os aspectos apontados pela proposta no texto,
bastaria selecionar 2 ou 3 para compor a sua reflexão sobre o que foi proposto, sempre lembrando-se de
que é necessário estabelecer algum diálogo com, pelo menos, dois textos da coletânea no caso desta
proposta. Agora que você já entendeu o básico do tema, bora para a coletânea, para nos aprofundarmos
em seus detalhes.
Coletânea de textos
O primeiro texto é uma seleção de recortes de um ensaio do filósofo sul-coreano Byung-Chu Han,
no qual ele trata da sociedade paliativa, na qual existe uma aversão a sentir dor (algofobia) e baixa
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
O segundo texto é uma charge que retoma a ideia de culto à positividade. Nele uma figura feminina
está cercada de frases motivacionais que a ressaltam: “a vida é maravilhosa”, “sempre sorrindo”, “good
vibes”, “xô negatividade”.
O terceiro texto mostra que a cultura de negação da origem psíquica da dor (e o seu tratamento
por meio de psicoterapia) é retratada em uma propaganda de uma marca de analgésico para dor de
cabeça de 2010, na qual há a ideia de que a dor de cabeça será neutralizada ao tomar o remédio. Assim,
essa propaganda induz a pensar que com o remédio também seria possível livrar-se dos problemas
pessoais: conflitos com o chefe, uma multa, briga com o namorado, os quais são levados para o céu dentro
de balões com o símbolo do remédio. Ou seja, eles seriam resolvidos de forma prática e fácil, indolor.
Primeira pergunta: As ideias de Byung-Chu Han são realmente válidas para os nossos dias?
O problema inicial é que as ideias do filósofo se assentam em duas afirmações: vivemos em uma
situação de algofobia e isso gera uma sociedade paliativa, ou seja, uma sociedade em que o sofrimento
latente é negado através de formas superficiais que desviam o enfrentamento da dor.
Vivemos numa sociedade com aversão à dor e que procura a todo custo
formas paliativas.
Vivemos numa sociedade com aversão à dor, mas que tenta enfrentar
esses problemas através de recursos proporcionados pela ciência.
A dor sempre existiu, mas hoje temos à disposição uma gama variada
de produtos e serviços que nos permitem não perceber a dor.
- O próprio princípio físico do prazer e do desprazer presente em nós, afinal a natureza nos dotou
dessas duas formas de sentir as experiências da vida; ou seja, parte-se de algo que é natural.
Caderno de Proposta 62
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
- Os pais, frustrados pelo mundo do trabalho e sentindo-se culpados pelos relativo abandono dos
filhos, tornaram-se superprotetores, afastando das crianças qualquer fonte de sofrimento, atitude que
não prepara os jovens para a dor ou o sofrimento que invariavelmente terão que enfrentar na vida.
- Desde que o entretenimento se tornou um grande negócio, vivemos em uma sociedade que
oferece todos as facilidades para que possamos ter sempre prazer; até mesmo o desprazer se torna
inevitável, são oferecidos remédios ou paliativos para a dor. O par prazer/sofrimento tornou-se um
grande negócio.
- A busca do prazer significou e ainda significa a recusa de padrões morais conservadores que,
através de padrões bem estritos de comportamento sexual, promoviam também o controle do indivíduo.
Atenção: Observe que, dependendo da causa, a tese tem que seguir outro caminho. Suponha que
você considere a última resposta, a que considera a aversão à dor uma espécie de resistência ao
conservadorismo. Como seria a tese? Algo como: “A aversão à dor não decorre somente de uma
sociedade consumista, isso seria diminuir muito a questão, a busca do prazer foi uma forma como
encontramos para nos contrapor a uma geração que usava a moral restritiva como forma de controle.
Observe que, ao discordar da tese do filósofo coreano, seria mais interessante fazer uma tese que
contra-argumentasse a ideia radical de Byung-Chu Han. Ou seja, no caso de se fazer uma redação
discordante, ela deve ser contra-argumentativa ou concessiva, aquela que concede alguma verdade ao
argumento contrário, mas defende, grosso modo, uma opinião que se contrapõe ao que foi apresentado.
- Sociedade tecnológica, não-tradicional, livre de padrões morais restritivos, aberta para um futuro
sem dor, no caso de se discordar do filósofo.
Se vivemos de fato em uma sociedade de aversão à dor, somos imaturos com todas as
consequências próprias de quem vive nessa condição. Uma criança, que busca somente o prazer, não
consegue avaliar o futuro e se preparar para ele, já que não vê a causa da dor. Isso se observa na forma
com agimos despreocupadamente em relação aos grandes desafios globais como o do meio ambiente.
Além disso, quando a dor se tornar inevitável, as pessoas não conseguem tirar forças de si mesmas para
Caderno de Proposta 63
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enfrentar os problemas que geram a dor. Esperneiam, gritam e sofrem mais ainda, como se pudessem
apenas chorar ou reclamar com violência daquilo que não se controla.
Se a dor não é novidade, e vivemos simplesmente numa época em que a ciência conseguiu
encontrar formas de tornar o fardo mais leve, devemos tomar cuidado para que isso não torne alienados.
Observação: Note que, nesse segundo caso, que significaria discordar do filósofo, não seria
possível tirar uma consequência linear - “se a ciência nos ajudou a viver sem dor, devemos aproveitar
e viver bem”-, pois tal conclusão seria inocente demais. Vivemos em uma época de grandes riscos.
Portanto, essa consequência teria que ser seguida de algum tipo de advertência.
Você notou que ao responder às questões, já se tem um grande esquema de como desenvolver
o texto?
Veja.
• Vivemos numa sociedade com aversão à dor e que procura a todo custo formas
Tema e paliativas.
tese
• Isso revela uma sociedade imatura. Uma criança, que busca somente o prazer,
não consegue avaliar ou futuro e se preparar para ele, já que não vê a causa da
dor. Isso se observa na forma com agimos despreocupadamente me relação aos
Consequência grandes desafios globais como o do meio ambiente.
A proposta pede que o candidato discuta o tema “A preocupação com a defesa da vida e com a
inclusão de populações excluídas tem lugar no mundo contemporâneo?” Trata-se de uma reflexão
importante no mundo atual, pois o número de populações excluídas – como pessoas em situação de rua,
vítimas de países em guerra, refugiados, ou mesmo populações miseráveis que não contam com um
sistema de assistência social que as acolha – ampliou-se nos últimos anos, sobretudo com a pandemia de
COVID-19 e seus reflexos econômicos nos países mais afetados, como o Brasil.
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Essa situação de exclusão implica menor segurança, vide as balas perdidas, por exemplo nas
favelas cariocas, devido aos confrontos entre traficantes e policiais, que têm feito vítimas inocentes,
sobretudo crianças e jovens. Também se notam os casos de truculência policial com os mais pobres,
muitas vezes vitimando-os sem justificativa suficiente. Diante de tamanha violência, a pergunta feita pela
proposta é muito pertinente no mundo atual, pois dialoga com as circunstâncias que vivemos.
Caderno de Proposta 65
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
lugar que outrora as virtudes teológicas ocupavam na Idade Média. Contudo, ao lado dessa circulação
ideológica, surgem governos que se valem de ações violentas para justificar a ordem. Sistematicamente,
os pretos, os pobres, os imigrantes, os mendigos são mortos em nome de uma não-adequação deles a
um sistema que nega qualquer possibilidade de inclusão. Há, assim uma gestão da morte, que elimina
os descartáveis e, ao mesmo tempo, consagra alguns valores como o de ser “homem de bem”, que, na
prática, atribui a uma determinada classe o direito de reconhecimento que os outros não têm.
Isso, obviamente, só pode acontecer porque nos tornamos tolerantes em relação à morte e à
violência. Cada vez menos, surpreendemo-nos com as chacinas e outros tipos de mortandade que foram
sendo naturalizadas em nossas vidas. Na prática, essa “necropolítica” nega, na ação, apresentada como
sendo necessária, os direitos humanos duramente conquistados. Esses dois movimentos, o da negação
prática dos direitos humanos e o da naturalização da violência e do extermínio nos leva a perguntar se há
espaço para a defesa da vida.
Teses possíveis (ideias a serem defendidas) entre outras
A pergunta temática explícita é: “A preocupação com a defesa da vida e com a inclusão de
populações excluídas tem lugar no mundo contemporâneo?”
Geralmente, diante de uma pergunta polêmica, que inclui respostas opostas, é possível pensar
em três encaminhamento básicos, dentre outros:
Em termos. Nos paises desenvolvidos, nos quais a desigualdade social não é tão
grande, a defesa da vida continuará a ser valorizada
De acordo com a sua resposta para essas perguntas, serão definidos os argumentos que você usará
para defender o seu ponto de vista.
Encaminhamentos possíveis:
Sim, a defesa da vida tem lugar no mundo.
- A conquista ideológica dos direitos humanos não pode ser revertida, pois não há argumento plausível
para ser afirmar que uns tem mais direitos do que outros.
- Apesar de estar em andamento uma espécie de necropolítica, há também instituições de caráter até
mundial, como ONU, UNICEF etc, e também nacionais como OAB, ONGs, etc, que mantém espaços
institucionais abertos capazes de servir como freio à gestão da morte.
- Os movimentos sociais que se organizaram e mostraram a sua força, como “Me too” contra o machismo
e 'Black lives matter' contra o racismo, deixam claro que a consciência dos direitos humanos não será
facilmente sobrepujada.
Não, a defesa da vida não terá lugar no mundo.
- As crises constantes econômica, sanitária e ambiental criam um ambiente propício para que as pessoas
abram mão de seus direitos em favor da segurança.
- O crescimento dos partidos de extrema-direita demonstra o desmonte da noção de direitos humanos e
uma crescente crença de que os direitos devem ser garantidos para um determinado grupo.
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Em termos
Nesse caso, deve-se pensar nas circunstâncias, onde, tais “direitos humanos” podem ser
respeitados e onde não podem.
- Nos países desenvolvidos em que a desigualdade não é tão grande, não existe o medo de convulsão
social que justifique a banalização da violência em relação a grupos de excluídos. Isso não ocorre nos
países em que a quantidade de pobres e miseráveis parece ameaçar a ordem.
- Nos países democráticos, que respeitam o Estado de direito, a defesa da vida é uma prerrogativa
constitucional; nos países ditatoriais, não há como evitar a necropolítica, até porque, nesse caso, a gestão
da morte inclui também a eliminação dos opositores.
Repertório
Esse tema abre o leque de inclusão de um repertório bastante vasto, uma vez que esse jogo entre
defesa da vida e gerenciamento da morte não é novo, basta lembrarmos da escravidão. Vale considerar
como evidências (fatos e exemplos) as campanhas contra os imigrantes, os atos de Trump contra aqueles
que ousavam cruzar a fronteira, separando inclusive pais e filhos, as ações de eugenia como as da
prefeitura de São Paulo contra os viciados da cracolândia. Nesses casos, o critério segue a lógica da
exclusão daqueles que parecem ser um ameaça a uma sociedade já bem constituída.
Outra exclusão ou negação de direitos ocorre por motivos econômicos. Podemos mencionar a
perseguição e extermínio de povos indígenas por eles habitarem região de garimpo ou áreas cobiçadas
pelo agronegócio. O mesmo vale para os quilombolas, no caso do Brasil.
Há ainda uma outra espécie de critério para promover a necropolítica: diferenças religiosas. Pode-
se considerar a guerra entre Palestinos e Judeus; o extermínio de budistas em Mianmar; ou mesmo a
perseguição aos islâmicos na Índia.
Em relação ao repertório da história, a discussão de como se deu o projeto colonial ajuda a
entender a lógica de reconhecimento dos direitos humanos em lugares diferentes.
Essa proposta da FUVEST se sustenta a partir de uma notícia da imprensa. Nessa notícia, temos
como temática principal um segundo olhar para os monumentos/estátuas históricas que apresentam um
passado que a princípio parece glorioso, mas que possuem como pano de fundo a exploração e a violência.
Diante desses fatos, o texto discute a intervenção artística de protesto contra esses monumentos e o que
eles representam. Essa intervenção ocorreu em um momento em que é cada vez mais discutido acerca
da ressignificação da História, de modo a dar novos olhares aos símbolos que indicam a opressão vivida
nos registros do país.
Logo, a partir da leitura desse texto e da reflexão da intervenção da artista plástica Dora Longo
Bahia, em que ela se propôs a dispor caveiras enfileiradas de frente ao Monumento às Bandeiras, na
cidade de São Paulo, construa uma dissertação em prosa.
Desse modo, lembre-se dos aspectos estruturais de uma dissertação. Nesse gênero discursivo, há
a apresentação de uma tese que deve ser defendida ao longo de sua argumentação. Para tanto, reflita
sobre a temática e reúna as ideias necessárias para apresentar o que pede a banca da FUVEST. Nesse caso,
a banca exige que você desenvolva o seu ponto de vista ao longo de seu texto, ou seja, você deve construir
a sua tese e defendê-la.
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Outro aspecto essencial da proposta é fazer com que o candidato seja capaz de defender a sua
tese e argumentação ao passo que responde o seguinte questionamento:
Tendo em vista as motivações do grupo, você julga que a ideia por ele defendida se justifica?
Teses possíveis
Essa proposta exige que primeiro se localize a ideia defendida pelo grupo. Digamos que há dois
aspectos a serem considerados: a ação do grupo e a ideia de que há monumentos que devem ser
questionados porque representariam a barbárie do passado.
- A História do Brasil foi fundado em muitos eventos que foram marcados pela exploração e atos
violentos, até mesmo contra os povos originários do território, logo, reavaliar os monumentos/estátuas
que relembram e exaltam esses episódios é uma medida fundamental.
- Muitos fatos históricos não eram de conhecimento geral da população, desse modo, as
motivações do grupo ao realizar a intervenção por meio dos crânios/caveiras tem o intuito de dar lume a
esses eventos violentos.
- Evitar que os opressores sejam os exaltados na História do Brasil é fundamental para reavaliar a
simbologia dessas estátuas e prevenir a exploração futura de minorias sociais, como ocorreu em
determinados momentos de nossa história.
- Apesar de os eventos ocorridos historicamente serem marcados por sangue e violência pelos
homenageados pelas estátuas, vandalizar ou remover determinadas representações pode denominar um
apagamento na História de fatos que não deveriam ser esquecidos.
- O patrimônio público constituído por essas obras precisa ser respeitado, pois não seria uma
exaltação dos acontecimentos violentos, mas sim uma forma de representação e documentação histórica.
Caderno de Proposta 68
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
- A presença das estátuas e monumentos são fundamentais para que tais eventos não ocorram
novamente na história do país, ainda que seja necessário avaliar criticamente esses monumentos, não se
justifica realizar a intervenção com intuito de ressignificar a obra.
Essa proposta modelo FUVEST se baseia em uma proposta de 2017, na qual a banca oferecia um
texto longo de Kant sobre maioridade e menoridade do ponto de vista moral. Sendo assim, escolhi apenas
um texto base e propus uma pergunta que gira em torno de uma metáfora. Desse modo, você terá que
ler com atenção as informações presentes no texto para que possa elaborar a dissertação em prosa. A
partir do conhecimento de mundo do vestibulando e das informações presentes no texto, a proposta
pede que o candidato escreva respondendo o questionamento: Vivemos uma situação de zumbificação
da informação?
Trata-se de um tema relevante que considera a delicada relação que as pessoas têm mantido com
a informação no contexto de que tudo passa necessariamente por canais informacionais como as redes
sociais. A pergunta é uma metáfora, logo não é possível pensar em qualquer tese sem antes desvendar o
que ela significa. É necessária uma breve interpretação do texto.
Ao iniciar a leitura do texto, nós nos deparamos com o seu tema central, a questão do excesso de
informações na contemporaneidade e como os indivíduos se comportam frente a esse bombardeio de
informações. Desse modo, o texto apresenta problemáticas que são geradas pela quantidade de dados e
notícias que na atualidade os cidadãos consomem todos os dias. Logo, um aspecto relacionado à explosão
de informações é a presença de notícias falsas que podem ser engatilhadas com um intuito malicioso ou
de forma não intencional.
Após apresentar o que o texto chama de “Poluição informacional”, por meio da réplica de
informações, o texto apresenta o conceito presente na frase tema: a zumbificação da informação. Vale a
pena observar o trecho em que o autor desvenda a metáfora: “Zumbificação da informação é, assim, o
processo de disseminar e consumir informação falsa ou distorcida sem perceber, devido à ausência de
interpretação crítica e checagem de fontes, contribuindo para a infecção generalizada da desinformação
na web”.
Fica claro que a tal zumbificação não se refere somente ao processo de espalhar sem querer
informações falsas, mas fazer isso sem qualquer criticidade em relação ao que recebemos como
mensagens. Mas por que os autores escolheram uma figura como um Zumbi? Num outro trecho do texto,
eles afirmam que “o excesso de vozes, a sobrecarga de oferta de informação, muitas vezes faz as pessoas
decaírem para um estado de indiferença ou apatia”. Ou seja, não se trata somente de não nos
preocuparmos com a checagem, mas a forma como consideramos as informações. Dessa leitura, já se
pode começar a questionar: os autores não estariam exagerando?
A seguir, o texto segue na metáfora explicando como se daria o contágio e a transmissão. Ao falar
do primeiro, os autores apresentam um diagnóstico interessante. Vivemos um cenário de “decadência
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
das verdades universais e ascensão da dúvida e da desconfiança. Isso aliado ao excesso de informação,
nos leva a não interagir com a informação de maneira apropriada.
Ao contágio segue-se a epidemia, facilitada pela proliferação de meios técnicos e pelo fato de que
a vida social tem sido transferida para o espaço virtual. Há ainda, nessa parte, outras informações valiosas
para quem deseja pensar no assunto. A zumbificação ocorre paralela à luta pelo poder de controlar essas
informações e usá-las a favor de grupos de poder. Por fim, no texto, considera-se a disseminação de
informações falsas a partir da perspectiva do lucro. A monetização dos clicks levou a uma corrida nada
ética por exposição de ideias e imagens que devem produzir o famoso like sem qualquer compromisso
com a realidade.
Teses
Nessa proposta, o vestibulando está diante de uma frase tema na forma de um questionamento,
um parâmetro bastante comum no Vestibular FUVEST. Desse modo, há algumas ideias possíveis de serem
desenvolvidas frente a essa pergunta: Vivemos uma situação de zumbificação da informação?
O vestibulando deve responder esse questionamento ao longo de sua argumentação, mas pode
adiantar seu posicionamento já em sua introdução, por meio da tese. Diante dessa pergunta, o candidato
pode se posicionar de duas maneiras:
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Essa reelaboração inclui já um projeto de texto. São, obviamente, exemplos de teses mais
elaboradas, pois as justificativas podem variar.
Pressuposto
No fundo, a metáfora do zumbi retoma uma oposição cara na sociedade ocidental: a autonomia
do indivíduo versus sua manipulação. Um zumbi é aquele que perdeu o controle pelo seu destino e atua
por inércia sem agir sobre seu próprio caminho. Essa é a mesma imagem daquela atribuída ao sujeito
manipulado.
Mas por que a informação estaria associada a essa manipulação? Ora, nós decidimos fazer x ou y
de acordo com a análise que fazemos da realidade. As informações que chegam aos nossos ouvidos serão
matéria prima para as nossas decisões.
Isso parece nos levar a uma teoria da conspiração. Não é exatamente o caso, pois as redes sociais
não estão na mão de grupos unificados. A disseminação de informações se dá por diversos fatores, entre
eles, ampliação de vozes que se manifestam nas redes sociais. Nesse sentido, há duas possíveis
consequências: ser manipulado, ou ficar indiferente às informações, já que a quantidade exagerada torna
o indivíduo insensível
Desenvolvimentos possíveis.
- As pessoas não são preparadas para exercer a crítica sobre as informações que recebem via
internet; até porque, muitas vezes , o usuário da rede deseja se entreter e não se informar.
- A monetização dos cliques transformará qualquer informação como mercadoria a ser trocada
sem que haja qualquer preocupação com seu conteúdo. A informação passa, assim, de elemento de
conscientização, para fator de alienação.
- A liquidez do mundo em que vivemos (Bauman) afeta também as informações, que são encaradas
como não tendo uma relevância substantiva a não ser quando validadas pelas posições pessoais. As
pessoas de valem dos conteúdos que recebem como forma de reforçar suas crenças.
Caso adote essa tese, tome cuidado. Os processos descritos no texto-fonte são verificáveis e
dificilmente podem ser contestados. É claro que vivemos em uma sociedade inundada por informações,
que há grupos poderosos e interessados em disseminar informações falsas, que a monetização torna os
conteúdos das postagens moralmente irrelevantes etc. Não é possível negar esses fatores. Contudo, é
possível dizer que isso não anula seja a responsabilidade pessoal, seja a capacidade crítica do sujeito.
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Sendo assim, o melhor, nesse caso, seria fazer uma dissertação concessiva. Aquela que reconhece os
argumentos apresentados, mas condena o exagero presente no termo.
- Essa perspectiva adotada pelos autores não leva em consideração que a circulação de
informações, ao contrário do que se poderia supor, gerou reações coletivas de conscientização de graves
problemas sociais como racismo, machismo, preconceito etc.
- A polarização presente nos dias de hoje nos dá uma imagem não de apatia diante da informação,
mas de reações ativas por parte dos atores sociais.
- A ideia de autonomia, embora dependa de fatores externos, está bastante vinculada com o
desejo do indivíduo. A não checagem das informações decorre do desejo do sujeito de reafirmar posições
próprias decorrentes da crença no senso comum. Ou seja, não são as informações que tornam as pessoas
zumbis, mas as pessoas talvez já sejam submissas a um senso comum do qual não desejam abdicar.
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Texto 3:
Aqui tudo parece que era ainda construção e já é ruína
Tudo é menina, menina no olho da rua
O asfalto, a ponte, o viaduto ganindo pra lua
Nada continua...
(...)
Alguma coisa está fora da ordem
Fora da nova ordem mundial
Caetano Veloso, Trecho da música Fora da Ordem, 1991.
Texto 5
Texto 5:
Os adultos ficam dizendo: “devemos dor esperanço aos jovens”. Mas eu não quero a sua esperança.
Eu não quero que vocês estejam esperançosos. Eu quero que vocês estejam em pânico. Quero que
vocês sintam o medo que eu sinto todos os dias. E eu quero que vocês ajam. Quero que ajam como
agiriam em uma crise. Quero que vocês ajam como se a cosa estivesse pegando fogo, porque está.
Greta Thunberg, Trecho de
discurso em Davos. 2019.
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ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes,
redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: O mundo
contemporâneo está fora da ordem?
lnstruções:
• A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa.
• Escreva no mínimo, 20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de
redação..
• Dê um título a sua redação.
Texto 2: Somente numa sociedade onde exista um clima cultural, em que o impulso à curiosidade e o
amor à descoberta sejam compreendidos e cultivados, pode a ciência florescer. Somente quando a
ciência se torna profundamente enraizada como um elemento cultural da sociedade é que pode ser
mantida e desenvolvida uma tecnologia progressista e inovadora, tornando-se, então, possível uma
associação íntima e vital entre ciência e tecnologia. Essa associação é uma característica da nossa época
e certamente essencial para a manutenção de uma civilização com os níveis presentes de população e
qualidade de vida.
Oscar Sala, O papel da ciência na sociedade. 1974. Disponível em
http://www.revistas.usp.br/revhistoria. Adaptado.
Caderno de Proposta 74
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Texto 4: Nós criamos uma civilização global em que os elementos mais cruciais – o transporte, as
comunicações e todas as outras indústrias, a agricultura, a medicina, a educação, o entretenimento, a
proteção ao meio ambiente e até a importante instituição democrática do voto – dependem
profundamente da ciência e da tecnologia. Também criamos uma ordem em que quase ninguém
compreende a ciência e a tecnologia. É uma receita para o desastre. Podemos escapar ilesos por algum
tempo, porém mais cedo ou mais tarde essa mistura inflamável de ignorância e poder vai explodir na
nossa cara.
Carl Sagan,1996.
Texto 5: Algo muito estranho está acontecendo no mundo atual. Vivemos melhor que qual quer outra
geração anterior. Pessoas são saudáveis graças às ciências da saúde. Moram em residências robustas,
produto da engenharia. Usam eletricidade, domada pelo homem devido ao seu conhecimento de
química e física. Paradoxalmente, essas mesmas pessoas ligam seus computadores, tablets e celulares
para adquirir e disseminar informações que rejeitam a mesma ciência que é tão presente em suas vidas.
Vivemos num mundo em que pessoas usam a ciência para negar a ciência.
Alicia Kowaltowski, Usando a ciência para negar a ciência. 2019. Disponível em
https://www.nexojornal.com.br/. Adaptado.
Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes,
redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: o papel da
ciência no mundo contemporâneo.
Instruções:
• A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma padrão da língua portuguesa.
• Escreva, no mínimo,20 linhas, com letra legível e não ultrapasse o espaço de 30 linhas da folha de
redação.
• Dê um título a sua redação.
Caderno de Proposta 75
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
A minha vontade, com a raiva que todos estamos sentindo, é deixar aquela ruína [o Museu Nacional
depois do incêndio] como memento mori, como memória dos mortos, das coisas mortas, dos povos
mortos, dos arquivos mortos, destruídos nesse incêndio. Eu não construiria nada naquele lugar. E,
sobretudo, não tentaria esconder, apagar esse evento, fingindo que nada aconteceu e tentando colocar
ali um prédio moderno, um museu digital, um museu da Internet – não duvido nada que surjam com
essa ideia. Gostaria que aquilo permanecesse em cinzas, em ruínas, apenas com a fachada de pé, para
que todos vissem e se lembrassem. Um memorial.
Eduardo Viveiros de Castro, Público.pt, 04/09/201
Articular historicamente o passado não significa conhece-lo ‘como ele de fato foi’. Significa apropriar-se
de uma reminiscência, tal como ela relampeja no momento de um perigo.
Walter Benjamin, Sobre o conceito de história,1940.
Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes,
redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: De que
maneira o passado contribui para a compreensão do presente?
Caderno de Proposta 76
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
http://gente.ig.com.br/cultura. Adaptado.
Graças aos seus três urubus, a obra “Bandeira Branca” é o acontecimento mais movimentado da
29ª Bienal [2010]. No dia da abertura, manifestantes de ONGs de proteção aos animais se posicionaram
diante da instalação segurando cartazes com dizeres que pediam a libertação das aves. Chegaram a ser
confundidos com a própria obra. “Me entristece o fato de que apenas os animais estejam sendo
ressaltados. Espalharam informações erradas sobre como os urubus estão sendo tratados”, lamenta
Nuno Ramos. Na obra, os urubus estão cercados por uma rede de proteção e têm como poleiro várias
caixas de som que, de tempos em tempos, tocam uma tradicional marchinha de carnaval. As aves
tinham a permanência na Bienal autorizada pelo próprio Ibama, que, depois, voltou atrás, alegando que
as instalações estavam inapropriadas para a manutenção dos animais. Denúncias e proibições à parte, a
obra de Nuno Ramos ganha sentido e fundamentação apenas na presença dos animais. Sem eles, a obra
perde seu estatuto artístico e vira mero cenário, já que os animais são seus principais atores.
IstoÉ. 08/10/2010. Adaptado.
Nos últimos dias, recebemos diversas manifestações críticas sobre a exposição “Queermuseu –
Cartografias da diferença na Arte Brasileira”. Ouvimos as manifestações e entendemos que algumas das
obras da exposição “Queermuseu” desrespeitavam símbolos, crenças e pessoas, o que não está em
linha com a nossa visão de mundo. Quando a arte não é capaz de gerar inclusão e reflexão positiva,
perdeu seu propósito maior, que é elevar a condição humana. Por essa razão, decidimos encerrar a
mostra neste domingo, 10/09. Garantimos, no entanto, que seguimos comprometidos com a promoção
do debate sobre diversidade e outros grandes temas contemporâneos.
https://www.facebook.com/SantanderCUltural/posts. Adaptado.
A arte é um exercício contínuo de transgressão, principalmente a partir das vanguardas do começo
do século 20. Isso dá a ela uma importância social muito grande porque, ao transgredir, ela aponta para
novos caminhos e para soluções que ainda não tínhamos imaginado para problemas que muitas vezes
sequer conhecíamos. A seleção dos trabalhos dos artistas para a próxima edição do festival
[Videobrasil], por exemplo, me fez ver que os artistas estão muito antenados com as diversas crises que
estamos vivendo e oferecem uma visão inovadora para o nosso cotidiano e acho que isso é um bom
exemplo.
Solange Farkas. https://www.nexojornal.com.b
Considerando as ideias apresentadas nos textos e também outras informações que julgar pertinentes,
redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: Devem existir
limites para a arte?
Caderno de Proposta 77
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Estes são os parágrafos iniciais de um célebre texto de Kant, nos quais o pensador define o
Esclarecimento como a saída do homem de sua menoridade, o que este alcançaria ao tornar-se capaz de
pensar de modo livre e autônomo, sem a tutela de um outro. Publicado em um periódico, no ano de
1784, o texto dirigia-se aos leitores em geral, não apenas a especialistas.
Em perspectiva histórica, o Esclarecimento, também chamado de Iluminismo ou de Ilustração, consiste
em um amplo movimento de ideias, de alcance internacional, que, firmando-se a partir do século XVIII,
procurou estender o uso da razão, como guia e como crítica, a todos os campos da atividade humana.
Passados mais de dois séculos desde o início desse movimento, são muitas as interrogações quanto ao
sentido e à atualidade do Esclarecido.
Com base nas ideias presentes no texto de Kant, acima apresentado, e valendo-se tanto de
outras informações que você julgue pertinentes quanto dos dados de sua própria observação da
realidade, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema: O
homem saiu de sua menoridade ?
Caderno de Proposta 78
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
UTOPIA (de ou-topia, lugar inexistente ou, segundo outra leitura, de eu-topia, lugar feliz). Thomas More
deu esse nome a uma espécie de romance filosófico (1516), no qual relatava as condições de vida em
uma ilha imaginária denominada Utopia: nela, teriam sido abolidas a propriedade privada e a
intolerância religiosa, entre outros fatores capazes de gerar desarmonia social. Depois disso, esse termo
passou a designar não só qualquer texto semelhante, tanto anterior como posterior (como a República
de Platão ou a Cidade do Sol de Campanella), mas também qualquer ideal político, social ou religioso
que projete uma nova sociedade, feliz e harmônica, diversa da existente. Em sentido negativo, o termo
passou também a ser usado para designar projeto de natureza irrealizável, quimera, fantasia.
Nicola Abbagnano, Dicionário de Filosofia. Adaptado.
A utopia nos distancia da realidade presente, ela nos torna capazes de não mais perceber essa
realidade como natural, obrigatória e inescapável. Porém, mais importante ainda, a utopia nos propõe
novas realidades possíveis. Ela é a expressão de todas as potencialidades de um grupo que se
encontram recalcadas pela ordem vigente.
Paul Ricoeur. Adaptado.
A desaparição da utopia ocasiona um estado de coisas estático, em que o próprio homem se transforma
em coisa. Iríamos, então, nos defrontar com o maior paradoxo imaginável: o do homem que, tendo
alcançado o mais alto grau de domínio racional da existência, se vê deixado sem nenhum ideal,
tornando-se um mero produto de impulsos. O homem iria perder, com o abandono das utopias, a
vontade de construir a história e, também, a capacidade de compreendê-la.
Karl Mannheim. Adaptado.
Acredito que se pode viver sem utopias. Acho até que é melhor, porque as utopias são ao
mesmo tempo ineficazes e perigosas. Ineficazes quando permanecem como sonhos; perigosas quando
se quer realiza-las.
André Comte-Sponville. Adaptado.
TEXTO V
Irmãos, cantai esse mundo
que não verei, mas virá
um dia, dentro em mil anos
talvez mais... não tenho pressa.
Um mundo enfim ordenado,
uma pátria sem fronteiras,
sem leis e regulamentos,
uma terra sem bandeiras,
sem igrejas nem quartéis,
sem dor, sem febre, sem ouro,
um jeito só de viver,
mas nesse jeito a variedade,
a multiplicidade toda
que há dentro de cada um.
Uma cidade sem portas,
de casas sem armadilha,
Caderno de Proposta 79
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
A utopia não é apenas um gentil projeto difícil de se realizar, como quer uma definição simplista. Mas se
nós tomarmos a palavra a sério, na sua verdadeira definição, que é aquela dos grandes textos
fundadores, em particular a Utopia de Thomas More, o denominador comum das utopias é seu desejo
de construir aqui e agora uma sociedade perfeita, uma cidade ideal, criada sob medida para o novo
homem e a seu serviço. Um paraíso terrestre que se traduzirá por uma reconciliação geral: reconciliação
dos homens com a natureza e dos homens entre si. Portanto, a utopia é a desaparição das diferenças,
do conflito e do acaso: é, assim, um mundo todo fluido – o que supõe um controle total das coisas, dos
seres, da natureza e da história.
Desse modo, a utopia, quando se quer realizá-la, torna-se necessariamente totalitária, mortal e
até genocida. No fundo, só a utopia pode suscitar esses horrores, porque apenas um empreendimento
que tem por objetivo a perfeição absoluta, o acesso do homem a um estado superior quase divino,
poderia se permitir o emprego de meios tão terríveis para alcançar seus fins. Para a utopia, trata-se de
produzir a unidade pela violência, em nome de um ideal tão superior que justifica os piores abusos e o
esquecimento da moral reconhecida.
Frédéric Rouvillois. Ad
O conjunto de excertos acima contém um verbete, que traz uma definição de seguido de outros cinco
textos que apresentam diferentes reflexões sobre o mesmo assunto. Considerando as ideias neles
contidas, além de outras informações que você julgue pertinentes, redija uma dissertação em prosa, na
qual você exponha o seu ponto de vista sobre o tema:
As utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas?
Caderno de Proposta 80
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
convivam na vida cotidiana, pois é assim que aprendemos a negociar e a respeitar as diferenças: ao
cuidar do bem comum.
Michael J. Sandel. Professor da Universidade Harvard. O que o dinheiro não compra. Adaptado.
Comentário do Prof. Michael J. Sandel referente à afirmação de que, no Brasil, se teria produzido uma
sociedade ainda mais segregada do que a norte-americana.
O maior erro é pensar que serviços públicos são apenas para quem não pode pagar por coisa melhor.
Esse é o início da destruição da ideia do bem comum. Parques, praças e transporte público precisam ser
tão bons a ponto de que todos queiram usá-los, até os mais ricos. Se a escola pública é boa, quem pode
pagar uma escola particular vai preferir que seu filho fique na pública, e assim teremos uma base
política para defender a qualidade da escola pública. Seria uma tragédia se nossos espaços públicos
fossem shopping centers, algo que acontece em vários países, não só no Brasil. Nossa identidade ali é de
consumidor, não de cidadão.
Entrevista. Folha de S. Paulo, 28/04/2014. Adaptado.
[No Brasil, com o aumento da presença de classes populares em centros de compras, aeroportos,
lugares turísticos etc., é crescente a tendência dos mais ricos a frequentarem espaços exclusivos, que
marquem sua distinção e superioridade.] (...) Pode ser que o fenômeno “camarotização”, isto é, a
separação física entre classes sociais, prospere para muitos outros setores. De repente, os
supermercados poderão ter ala VIP, com entrada independente, cuja acessibilidade, tacitamente, seja
decidida pelo limite do cartão de crédito.
Até os anos de 1960, a escola pública que eu conheci, embora existisse em menor número, tinha boa
qualidade e era um espaço animado de convívio de classes sociais diferentes. Aprendíamos muito, uns
com os outros, sobre nossas diferentes experiências de vida, mas, em geral, nos sentíamos pertencentes
a uma só sociedade, a um mesmo país e a uma mesma cultura, que era de todos. Por isso,
acreditávamos que teríamos, também, um futuro em comum. Vejo com tristeza que hoje se estabeleceu
o contrário: as escolas passaram a segregar os diferentes estratos sociais. Acho que a perda cultural foi
imensa e as consequências, para a vida social, desastrosas.
Os três primeiros textos aqui reproduzidos, referem-se à “camarotização” da sociedade, nome dado à
tendência a manter segregados os diferentes estratos sociais. Em contraponto, encontra-se também
reproduzido um testemunho no qual se recupera a experiência de um período em que, no Brasil, a
tendência era outra.
Tendo em conta as sugestões desses textos, além de outras informações que julgue relevantes, redija
uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema “Camarotização” da
sociedade brasileira: a segregação das classes sociais e a democracia.
Caderno de Proposta 81
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
FUVEST/2013
Caderno de Proposta 82
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Esta é a reprodução (aqui, sem as marcas normais dos anunciantes, que foram substituídas por
X) de um anúncio publicitário real, colhido em uma revista, publicada no ano de 2012.
Como toda mensagem, esse anúncio, formado pela relação entre imagem e texto, carrega
pressupostos e implicações: se o observarmos bem, veremos que ele expressa uma determinada
mentalidade, projeta uma dada visão de mundo, manifesta uma certa escolha de valores e assim por
diante.
Redija uma dissertação em prosa, na qual você interprete e discuta a mensagem contida nesse
anúncio, considerando os aspectos mencionados no parágrafo anterior e, se quiser, também outros
aspectos que julgue relevantes. Procure argumentar de modo a deixar claro seu ponto de vista sobre o
assunto.
Texto 2
O termo “idiota” aparece em comentários indignados, cada vez mais frequentes no Brasil, como
“política é coisa de idiota”. O que podemos constatar é que acabou se invertendo o conceito original de
idiota, pois a palavra idiótes, em grego, significa aquele que só vive a vida privada, que recusa a política,
que diz não à política.
Talvez devêssemos retomar esse conceito de idiota como aquele que vive fechado dentro de si e só
se interessa pela vida no âmbito pessoal. Sua expressão generalizada é: “Não me meto em política”.
M. S. Cortella e R. J. Ribeiro, Política – para não ser idiota. Adaptado.
Texto 3
FILHOS DA ÉPOCA
Somos filhos da época
e a época é política.
Caderno de Proposta 83
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Texto 4
As instituições políticas vigentes (por exemplo, partidos políticos, parlamentos, governos) vivem hoje
um processo de abandono ou diminuição do seu papel de criadoras de agenda de questões e opções
relevantes e, também, do seu papel de propositoras de doutrinas. O que não significa que se amplia a
liberdade de opção individual. Significa apenas que essas funções estão sendo decididamente
transferidas das instituições políticas (isto é, eleitas e, em princípio, controladas) para forças
essencialmente não políticas primordialmente as do mercado financeiro e do consumo. A agenda de
opções mais importantes dificilmente pode ser construída politicamente nas atuais condições. Assim
esvaziada, a política perde interesse.
Zygmunt Bauman. Em busca da política. Adaptado.
Os textos aqui reproduzidos falam de política, seja para enfatizar sua necessidade, seja para indicar suas
limitações e impasses no mundo atual. Reflita sobre esses textos e redija uma dissertação em prosa, na
qual você discuta as ideias neles apresentadas, argumentando de modo a deixar claro o seu ponto de
vista sobre o tema Participação política: indispensável ou superada?
Fuvest /2011
Observe esta imagem e leia com atenção os textos abaixo.
Caderno de Proposta 84
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Texto 1
Um grandioso e raro espetáculo da natureza está em cena no Rio de Janeiro. Trata-se da floração
de palmeiras Corypha umbraculifera, ou palma talipot, no Aterro do Flamengo.
Trazidas do Sri Lanka pelo paisagista Roberto Burle Marx, elas florescem uma única vez na vida, cerca de
cinquenta anos depois de plantadas. Em seguida, iniciam um longo processo de morte, período em que
produzem cerca de uma tonelada de sementes.
http://veja.abril.com.br, 09/12/2009. Adaptado
Texto 2
Quando Roberto Burle Marx plantou a palma talipot, um visitante teria comentado: “Como elas
levam tanto tempo para florir, o senhor não estará mais aqui para ver”. O paisagista, então com mais de
50 anos, teria dito: “Assim como alguém plantou para que eu pudesse ver, estou plantando para que
outros também possam contemplar”.
http://www.abap.org.br. Paisagem Escrita. nº 131, 10/11/2009. Adaptado.
Texto 3
Onde não há pensamento a longo prazo, dificilmente pode haver um senso de destino
compartilhado, um sentimento de irmandade, um impulso de cerrar fileiras, ficar ombro a ombro ou
marchar no mesmo passo. A solidariedade tem pouca chance de brotar e fincar raízes. Os
relacionamentos destacam-se sobretudo pela fragilidade e pela superficialidade.
Z. Bauman. Vidas desperdiçadas. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. Adaptado.
Texto 4
A cultura do sacrifício está morta. Deixamos de nos reconhecer obrigação de viver em nome de
qualquer coisa que não nós mesmos.
G. Lipovetsky, cit. por Z. Bauman, em A arte da vida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2009.
Como mostram os textos 1 e 2, a imagem de abnegação fornecida pela palma talipot, que, de certo
modo, “sacrifica” a própria vida para criar novas vidas, é reforçada pelo altruísmo* de Roberto Burle
Marx, que a plantou, não para seu próprio proveito, mas para o dos outros. Em contraposição, o mundo
atual teria escolhido o caminho oposto. Com base nas ideias e sugestões presentes na imagem e nos
textos aqui reunidos, redija uma dissertação argumentativa, em prosa, sobre o seguinte tema:
O altruísmo e o pensamento a longo prazo ainda têm lugar no mundo contemporâneo?
*Altruísmo = s.m. Tendência ou inclinação de natureza instintiva que incita o ser humano à preocupação
com o outro.
Dicionário Houaiss da língua portuguesa, 2009.
Instruções:
Lembre-se de que a situação de produção de seu texto requer o uso da norma padrão da língua
portuguesa.
A redação deverá ter entre 20 e 30 linhas.
Caderno de Proposta 85
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
2.2 Comentário
Pressupostos
Além dessa primeira constatação em relação ao tema explícito, era possível fazer outra
observação. A pergunta feita pela banca tinha viés filosófico, na medida em que a palavra “ordem” não
é óbvia e pode assumir vários sentidos diferentes. Uma boa possiblidade de escrita dessa redação seria
por esse veio. A ordem deve ser discutida a partir de algum recorte tal como o econômico, o social, o
moral, o político etc. Começar com a definição do que seria “ordem”, real ou utópica, permitiria
configurar a discussão. Por exemplo, alguém poderia mencionar os acordos feitos pós Segunda Guerra
Mundial que configuraram um mundo mediado por instâncias para garantir os direitos humanos, os
organismos multilaterais. Essa referência serviria como premissa para a discussão.
Esse seria um primeiro caminho e não o único. É de se esperar que poucas pessoas adotariam
esse percurso, e ele não era obrigatório. É possível defender, por exemplo, que o mundo está fora da
ordem, deixando implícito qual o critério que se está utilizando.
Por último vale destacar que a banca flertou com a sensação de que vivemos em tempos decisivos
e perigosos. A Amazônia e, por consequência, o clima estão próximos de um ponto de não retorno; a
democracia está sob ataque em várias nações; os parâmetros éticos foram alterados pelas redes sociais;
os organismo multilaterais estão sob ataque etc.
Pelo menos dois textos de apoio serviam como recorte ou como sugestão de desenvolvimento do
texto. O primeiro mencionava o Neoliberalismo. Tal fenômeno econômico, político e social varreu o
mundo alterando as relações de trabalho e as políticas de proteção da população excluída, além de
incentivar uma conduta permeada pela competição, algo que mina a solidariedade necessária para a
consolidação de uma sociedade menos violenta. Esse tema já era esperado há algum tempo.
Caderno de Proposta 86
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Aparentemente, a banca resolveu pedir que o candidato refletisse sobre isso no momento em que os
efeitos do Neoliberalismo se fazem sentir. Com certeza, a comissão contava com o fato de que esse tópico
não seria desconhecido pelo candidato, já que se trata de objeto de estudo de geografia ou sociologia.
O recorte não significa que a questão já está fechada. Seria possível considerar que o
Neoliberalismo é responsável pelo mundo fora do lugar, e aí bastaria relacionar os traços desse pacto
econômico-ideológico com as consequências que levaram à desordem. Por outro lado, há espaço para a
defesa do neoliberalismo. Segundo os defensores da liberdade econômica e redução do Estado, os
problemas que enfrentamos ocorrem justamente por haver ainda estatização das vidas.
Os outros 3 textos eram figurativos, 1 poema, 1 canção e uma charge. Todos eles apontavam para
algo fora do lugar. A charge era bastante clara, mostrava um mundo doente, numa tentativa de fazer o
candidato pensar em quais motivos teríamos para dizer isso. Entre o texto de Drummond e o de
Caetano Veloso havia um diálogo interessante.
O trecho da música de Caetano começa justamente com a referência às construções, mas não há
exaltação. Há contraposição entre o avanço material e as condições sociais que deixam menores no olho
da rua, provocando uma sensação de ruína. Nesse caso, a música parece indicar uma modernização
falha.
Não se pode dizer que esses textos são recortes do tema, mas fazem pensar. Seja na contradição
existente entre riqueza e pobreza, seja na metáfora de um mundo ou doente, ou fora da ordem.
Para quem tem alguma referência de filosofia, o verso de Drummond “os recursos da terra
dominados” lembra a crítica da Escola de Frankfurt em relação a uma racionalidade que deveria libertar,
mas que, ao se associar à logica financeira, submete natureza e homem à barbárie.
Encaminhamentos possíveis
Como apontado, em temas apresentados nesse formato polêmico, de imediato, teríamos duas
respostas: sim e não e algumas variações que podem ser consideradas respostas intermediárias.
Caderno de Proposta 87
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
- Geopolítica: A ordem da Guerra Fria, baseada em 2 potências deu lugar a um mundo instável
em que os EUA devem negociar seu poder e enfrentar a ascensão de uma nova potência econômica.
- Economia: a financeirização da economia produziu aumento da riqueza sem que tenha havido
aumento de produção de fato; o jogo da especulação aumentou a desigualdade social e estimulou
bolhas, tornando o sistema instável.
- Relações trabalhistas: o estado de bem estar social foi atacado nos últimos anos e percebe-se
um movimento de uberização do trabalhador; sistemas de aposentadoria e de saúde pública, quando
mantidos, tornaram-se inacessíveis.
- Há outras possibilidades.
Essa tese é um pouco mais complicada, dados os vários desafios que temos de enfrentar, mas
pode-se pensar em algumas discussões.
- Filosófica: O mundo está dentro da ordem capitalista e neoliberal, que sempre privilegiou o
capital e não o ser humano. Nesse sentido, o que se vê hoje é resultado coerente de um sistema que se
acelera.
- Nova ordem: estamos em transição, uma nova ordem está sendo construída dentro de uma
sociedade tecno-científica; o que percebemos como desordem é simplesmente uma transição.
O aluno deveria produzir um texto dissertativo sobre o tema explícito: o papel da ciência no
mundo contemporâneo. Como apoio, a Banca ofereceu uma coletânea com 5 textos, que, se bem
refletidos, permitiria ao candidato elaborar um percurso dissertativo bastante interessante. Vamos a
eles.
Caderno de Proposta 88
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
O texto 1, na verdade uma charge, tematizava o perigo que a ciência representa. Uma das cobras
que se apresenta como inventora da roda, manifesta arrependimento, quando o artefato, descendo um
plano inclinado, ameaça atropelá-la.
O texto 2 defende a tese de que “a manutenção de uma civilização com os níveis presentes”
depende do papel social que a ciência vier a ocupar. O texto 3 pode ser lido como ampliação poética
dessa ideia. Trata-se de uma música composta por Gilberto Gil, na qual ele propõe um tipo de
aproximação entre ciência e religião que aboliria a diferença entre essas esferas. No refrão ““Cântico
dos cânticos/ Quântico dos quânticos”, o eu lírico faz referência ao livro da bíblia que tem esse nome,
“Cântico dos cânticos”, e à expressão tirada das mais recentes teorias da física, a teoria quântica.
Os dois últimos fragmentos expõem o perigo que ronda essa relação entre ciência e sociedade. O
primeiro expressa o paradoxo em que vivemos, dependemos da ciência de uma forma nunca imaginada
e ao mesmo tempo desconhecemos o que é a ciência. Isso seria uma “receita para o desastre”, segundo
o texto 4. O último texto trata dessa contradição em uma medida mais profunda, considera aqueles que
podem ser denominados “negacionistas” (negam evidências). Tais pessoas valem-se da ciência e da
tecnologia para, justamente, “disseminar informações que rejeitam a mesma ciência”.
Percurso da coletânea
Como você pode observar, havia uma tese e três riscos que poderiam ser desenvolvidos em 3
parágrafos. Bastaria que o candidato preenchesse essas ideias gerais com repertório próprio,
progressão, coesão etc.
Outros percursos
Qualquer outro percurso argumentativo dependeria das teses que poderiam ser formuladas.
Lembre-se, para elaborar uma tese, retome o tema e acrescente o que você deseja afirmar: “o papel da
ciência no mundo contemporâneo é...”
A partir daí, podemos pensar em 2 possibilidades: (1) é importante ou (2) não é importante. Há
um posicionamento intermediário: o papel da ciência é acessório. Fazendo combinações, podemos
chegar a variações:
- A ciência tem papel fundamental e determinante para o futuro da sociedade.
- A ciência tem papel importante para transformar o mundo em algo melhor.
- A ciência tem papel importante, mas há riscos.
- A ciência tem papel acessório, pois...
- A ciência como constituída hoje tem um papel subordinado ao sistema econômico....
- A ciência tem assumido um papel que representa um risco para a humanidade...
- Diante de uma opinião pública hostil à ciência, o papel da ciência é o de se justificar perante a
sociedade.
- Etc.
Caderno de Proposta 89
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Pressupostos:
De certa forma, o próprio candidato deveria demonstrar que tem conhecimentos sobre a ciência.
Aliás, se alguém pretende fazer parte do circuito acadêmico regido pelos pressupostos do conhecimento
moderno, deve ser capaz de saber do que se está falando.
Tanto a ciência quanto a tecnologia devem ser vistas como meios, como ferramentas e não como
fins em si. São modos de se conseguir uma vida mais confortável. O que define o papel de alguma
ferramenta é o seu uso. Uma faca utilizada para cortar alimentos não representa qualquer ameaça,
empunhada na mão de um terrorista, o utensílio assume outro significado.
Repertório possível
A seguir enumero alguns percursos argumentativos dentre vários outros que poderiam ser
usados. Observe que eles poderiam ser utilizados para apoiar diferentes teses.
Crítica à ciência
- A ciência considerada como um ídolo sem qualquer crítica produz desastres, basta considerar
as teorias deterministas, evolucionistas e racistas do final do século XIX que serviram de base para
políticas de eugenia e extermínio.
- Michael Foucault criou o termo biopolítica para destacar que, a partir de desenvolvimento da
biologia, houve um processo de disciplinarização e vigilância que torna as pessoas dóceis aos poderes de
manipulação. Em nome da ciência médica, pode-se classificar pessoas, alterar seus hábitos, proibir
procedimentos (como fumar), constranger etc.
- Duas histórias bem conhecidas, dentre outras, expressam o risco da ciência: “o médico e o
monstro” e “o aprendiz de feiticeiro”. No primeiro caso, a ciência leva à criação de uma aberração
insustentável; no segundo, o aprendiz não consegue mais controlar as forças que ele mesmo despertou
na natureza.
Caderno de Proposta 90
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
- O filósofo brasileiro Paulo Arantes definiu barbárie de uma maneira nova. O termo não se
refere a procedimentos não-civilizacionais, mas à incapacidade de o homem lidar com o poder da
tecnologia e da ciência.
-Zigmunt Bauman, sociólogo, chamou a atenção em seu livro “Mundo para Consumo” para o fato
de que os aparatos informacionais produziram uma tal quantidade de informação que corremos o risco
de que sistemas de inteligência artificial ocupem o lugar decisório de seres humanos, algo que
parcialmente já ocorre, quando se considera o papel dos algoritmos na nossa vida.
- Historicamente, é possível destacar como a ciência fez grandes progressos a partir de cobaias
humanas.
Elogio à ciência
- A ciência ocupou o lugar do dogmatismo religioso, mais nefasto, pois a religião não permite a
dúvida o que leva frequentemente a massacres.
- Historicamente, a ciência foi capaz de aumentar a expectativa de vida, de encontrar alívios para
os sofrimentos humanos, de permitir uma vida mais confortável etc.
- Se as pessoas não perceberem o papel social da ciência e se não for usada para beneficiar a
grande maioria, ela se tronará simplesmente um instrumento poderoso na mão de pessoas ou de
instituições que usarão a tecnologia não para o bem comum, mas para vantagens particulares.
Caderno de Proposta 91
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
uma cadeia de acontecimentos que visa a transformação. Observa-se isso claramente quando olhamos
para os aparatos tecnológicos desde a Primeira Revolução Industrial e as mudanças decorrentes até o
presente. Essa cadeia de transformação leva o homem a cada dia reinventar e construir ferramentas
que permitem mais flexibilidade ao seu dia a dia. Portanto, em posse dessas informações, vejamos, a
seguir, possibilidades de se trabalhar o tema.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir
de variadas perspectivas. Assim, percebemos que o avanço social é um dos elementos centrais de
verificação do tema. Isso ocorre porque, mesmo que você queira trabalhar em seu texto que o passado
é essencial para que os erros que aconteceram não se repitam no presente e no futuro, isso também é
um avanço social. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual
mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você
aponte que a transformação tecnológica é uma das ferramentas que mostra a importância do
conhecimento do passado para que sempre possamos buscar novas transformações; por outro lado,
você pode salientar que conhecer o passado também é essencial para que os erros cometidos não se
repitam no presente. Com base nisso, caso você queira trabalhar com a primeira premissa, nela você
pode apontar evoluções históricas de fundamental importância para a modernização das sociedades,
como a criação da luz, do telefone, entre outros artefatos tecnológicos que atualmente ressignificam a
história do homem. Por sua vez, se seu interesse é trabalhar com o passado enquanto elemento de
sustento de transformação histórica, caminhe pelas guerras mundiais, o Holocausto, aspectos históricos
que não gostaríamos que voltasse a se repetir, portanto, precisamos desse conhecimento, para que essa
história não se repita. Portanto, você tem caminhos variados para está desenvolvendo seu texto, basta
se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma
argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Fuvest, compõe-se de
três partes essenciais:
Caderno de Proposta 92
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
Caderno de Proposta 93
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, o TEXTO I leva-nos à reflexão
do prejuízo que é perder o passado, pois o resultado é a possibilidade de repetir sempre a mesma coisa,
não evoluir. No TEXTO II, ressalta-se a importância do historiador para a manutenção da história,
apresentando-o como catalisador das memórias de uma sociedade. O TEXTO III, que é uma imagem com
um texto ao lado descrevendo o que se passa nela, lembra-nos da escravidão, da luta do povo negro, e
da necessidade de embranquecimento, - simbolizada pela tinta branca -, para ser aceito socialmente. No
TEXTO IV, lê-se uma revolta com a queima do Museu Nacional, que o falante sugere deixar como
registro maior da história os escombros da queima do Museu, como símbolo do desleixo das
autoridades com um dos maiores guardadores da história do país. O TEXTO V é uma frase que salienta
não ser necessário conhecer a história em detalhes, mas relembrar fatos significativos, para não os
repetir.
Caderno de Proposta 94
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes,
livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde
que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são
muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota
mais elevada.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir
de variadas perspectivas. Assim, percebemos que discutir que a arte não deve ser censurada é um dos
elementos centrais de verificação do tema. Isso porque você pode recorrer a eventos históricos que
censuraram a arte e apontar seus malefícios para o avanço social. Portanto, esse pode ser um
argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais
possibilidades de ideias a serem desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou
aponte que colocar limites na arte é censurar sua manifestação crítica e de transformação social; por
outro lado, você pode enfatizar que colocar limites na arte contribuirá com o apagamento da história
social de um povo. Dessa forma, caso você queira trabalhar com a primeira premissa, aborde eventos
históricos em que a arte foi fundamental para a emancipação de um povo. Por exemplo, pense nos
significados da obra de Chico Buarque para a sociedade em tempos de Ditadura, como as letras das
canções representavam um grande ideal de liberdade para os jovens daquela época, silenciados pelas
imposições ditatoriais. Por sua vez, caso você queira trabalhar com a segunda premissa, aborde a
importância da arte para a cultura de um povo e, por conseguinte, a história social de uma nação.
Saliente em seu texto que muitos episódios de fundamental importância para se conhecer a história de
uma nação não estão registrados nos livros de história, mas nos literários, nas canções, nas peças de
teatro, fazendo, da arte, elemento fundamental para a compreensão da história. Portanto, você tem
Caderno de Proposta 95
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
caminhos variados para estar desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as
ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Fuvest, compõe-se de
três partes essenciais:
Caderno de Proposta 96
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Assim, apresentamos suas ideias
principais, para facilitar seu entendimento sobre o assunto.
TEXTO I
TEXTO II
TEXTO III
TEXTO IV
Caderno de Proposta 97
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
TEXTO V
Caderno de Proposta 98
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros
que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja
bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e
o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada.
Tema e proposta
O tema “O homem saiu de sua minoridade?” de imediato nos lança aos cuidados excessivos de
pais para com os filhos, lembra-nos também do maior avanço da modernidade, a internet, que oferece
ao homem todas as suas necessidades com muita facilidade. Vivemos em uma sociedade a qual, a cada
dúvida, se lança à internet para sanar a problemática. Isso condiciona o indivíduo a não se preocupar em
adquirir determinados conhecimentos, em vista do acesso fácil possibilitado pelas mídias. Ademais, as
redes sociais, mergulhadas de informações, são outro aporte para o condicionamento do homem ao
outro, pois ele deixou de refletir sobre os acontecimentos sociais, passando a acreditar nos
pensamentos prontos oferecidos pela rede. Essa dependência midiática leva ao questionamento sobre a
saúde da minoridade, pois o acesso fácil à informação está anulando a reflexão humana. Portanto, em
posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir
de variadas perspectivas. Assim, percebemos que o acesso facilitado às informações devido à ascensão
às mídias digitais é um dos elementos centrais de verificação do tema. Isso porque, na modernidade, o
acesso facilitado ao conhecimento oriundo das mídias é uma das principais formas de anulação do
pensamento próprio, pois a internet abarca uma gama de conhecimentos, restando ao indivíduo apenas
escolher aquele que ele acredita representar seus ideais. Portanto, esse pode ser um argumento que
possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a
serem desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou
aponte que o acesso facilitado à internet é um dos inibidores da superação da minoridade; por outro
lado, você pode falar que o protecionismo familiar implica na superação do entrave. Com base nisso,
caso você queira trabalhar a primeira perspectiva, aponte, por exemplo, que a seleção de informações
realizadas pelas mídias dificulta que o indivíduo construa um pensamento próprio, perdendo sua
Caderno de Proposta 99
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
autonomia de pensamento e podendo alcançar um estágio de alienação. Por sua vez, caso você queira
trabalhar a segunda perspectiva, você pode falar dos ideais éticos de cada grupo familiar que condiciona
o indivíduo a seguir apenas aquela perspectiva. Esse aprisionamento de morais leva o sujeito a não
buscar novas formas de olhar o mundo, fazendo da realidade do outro, a sua. Observe que aqui você
pode enriquecer sua argumentação citando a Alegoria da Caverna, de Platão. Portanto, você tem
caminhos variados para estar desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as
ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Fuvest, compõe-se de
três partes essenciais:
fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus
argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório.
Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos
explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação.
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
O texto motivador da coletânea apresenta caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Assim, apresentamos suas ideias
principais, para facilitar seu entendimento sobre o assunto.
Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos
motivadores e pelo próprio tema.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros
que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja
bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e
o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada.
Tema e proposta
O tema “As utopias: indispensáveis, inúteis ou nocivas?” nos leva a refletir acerca dos sonhos
construídos a partir da leitura de cada livro, do ato de assistir a um filme, mas também nos reporta a
guerras, a conflitos, que se materializaram a partir da vontade de determinados líderes em alcançar um
ideal de comunidade. Perante isso, encontramo-nos em meio a uma questão complexa, que apresenta
posicionamentos tanto positivos quanto negativos. Salienta-se que as grandes transformações sociais
são frutos da utopia, que partiram do ideal de sujeitos históricos em criar ferramentas que melhorassem
a vida dos indivíduos sociais, sonhos esses transformados em realidade. Por sua vez, o Holocausto
também pode ser considerado um ideal utópico, que pregava a criação de uma unidade populacional,
pela eliminação do diferente. Portanto, a utopia apresenta diversas faces. Em posse dessas informações,
vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir
de variadas perspectivas. Assim, você pode defender em seu texto tanto se a utopia é importante,
quanto se ela é prejudicial à sociedade. Portanto, esses podem ser argumentos que possibilitem um
desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem
desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você
aponte que as utopias são impulsionadoras do crescimento; por outro lado, você pode discutir que as
utopias alienam a sociedade, levando-as a crer em um único tipo de sociedade. Com base nisso, caso
você queira trabalhar com a primeira perspectiva, saliente as grandes transformações sociais oriundas
do desejo de grupos específicos da sociedade para mudar os rumos da história. Aponte, por exemplo, a
luta por melhoras trabalhistas, por igualdade entre povos, apontando manifestações que possibilitaram
realmente a modificação social, portanto, o sonho utópico da melhora se tornou realidade. Por sua vez,
caso você queira trabalhar a segunda perspectiva, você pode exemplificar, com fatos históricos, como o
Holocausto, como os ideais utópicos podem ser prejudiciais ao mundo. Grandes líderes totalitários
construíram seus governos com base em premissas de um tipo de sociedade. Para concretizarem seu
ideal, procuraram eliminar o diferente, tornando o sonho utópico um grande problema para a
humanidade. Portanto, você tem caminhos variados para estar desenvolvendo seu texto, basta se
apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma
argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Fuvest, compõe-se de
três partes essenciais:
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, o TEXTO I traz o significado de
utopia a partir do romance de Thomas More. Thomas More deu esse nome a uma espécie de romance
filosófico (1516), no qual relatava as condições de vida em uma ilha imaginária denominada Utopia:
nela, teriam sido abolidas a propriedade privada e a intolerância religiosa, entre outros fatores capazes
de gerar desarmonia social. A partir disso, o termo passou a ser usado em diversos âmbitos da vida. No
TEXTO II, aponta-se duas visões sobre o termo, uma a qual a utopia é um problema, uma vez que pode
nos distanciar da realidade; por outro lado, há positividade, haja vista a capacidade de criar perspectivas
de mudança em um povo. No TEXTO III, relata-se o problema do homem sem utopias, em que se
perderia a vontade de construção e conhecimento da história. No texto IV, o autor é a favor da ausência
de utopias, pois acredita que são ineficazes e perigosas. No TEXTO V, um poema, relata-se uma
sociedade livre, sem nenhum problema que aflige a sociedade. O TEXTO VI evidencia que a tentativa de
perfeição pregada pela utopia é totalitária, mortal e até genocida, pois quer eliminar as diferenças, no
sentido de construir uma sociedade igual.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros
que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja
bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e
o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada.
Em 2015, a FUVEST fez uma proposta baseada na palavra “camarotização”. O nome remetia a um tipo
lendário que provocou frisson na internet chamado “Rei do Camarote”, em 2013. Alexander de
Almeida, 39, empresário, divulgou, na Veja São Paulo, os dez mandamentos de quem deseja provocar
inveja alheia. A arrogância e exibicionismo de alguém que faz questão de se colocar acima dos outros
mortais serviu para discussões sobre esse orgulho em ser alguém especial na sociedade.
Esse episódio não foi mencionado na coletânea, mas, obviamente, poderia ajudar o candidato a
entender melhor a condenação implícita que os textos da coletânea faziam à segregação social das
elites. O primeiro texto explicava o termo e defendia a tese de que essa postura ameaça a democracia.
O mapa mental do texto 1 exemplifica esse tipo de leitura.
Os textos 2 e 3 traziam a discussão para a realidade brasileira. Havia uma referência à afirmação de que
o Brasil teria produzido “uma sociedade ainda mais segregada do que a norte-americana”. O Prof.
Michael J. Sandel lamenta o fato de que, no país, os espaços públicos são estigmatizados por serem
coisas de pobre. O segundo texto exemplifica o que é segregação social, a tendência de a classe superior
se retirar dos espaços públicos, o que ameaça qualquer possibilidade de solidariedade social entre
classes.
Esboço
amigos. O homem constitui assim, à sua volta, uma pequena sociedade, para o seu uso, e deixa
voluntariamente de se interessar pela grande sociedade propriamente dita.”;
✓ Condomínios;
✓ Separação social no período colonial: casa grande e senzala.
Argumento 1:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos,
citações______________________________________________________________________
Argumento 2:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________
O comentário de Taro Aso provocou estranheza por vários motivos. Os japoneses têm um padrão de
vida elevado, o que nos faz imaginar que seria uma mesquinharia o Estado japonês propor a morte de
parte dos cidadãos como forma de fortalecer a economia da nação. Além disso, a cultura japonesa
sempre foi reconhecida pela valorização dos mais velhos; a fala do Ministro parece indicar uma nova
perspectiva em relação à própria tradição do país.
Por outro lado, a fala exagerada de alguém das finanças chama a atenção para um grande problema
econômico que deverá ser enfrentado num futuro próximo. O aumento da expectativa de vida, aliado à
queda no número de nascimentos, tem como consequência uma situação jamais imaginada. Haverá um
número alto de idosos que necessitarão de cuidados médicos extremamente caros e uma população
jovem que deverá arcar com essas despesas sociais. Será que a sociedade está disposta a aceitar esse
sacrifício?
A questão é bastante polêmica, mas a banca teria dado uma luz ao fazer comentários destacando que o
episódio tinha implicações e suscitava perguntas. No processo criativo do candidato, bastava pensar nas
implicações e responder às perguntas como uma espécie de brainstorming.
Esboço
Segue um mapa mental das ideias sobre o tema, a partir da sugestão do enunciado das instruções: pensar
nas implicações da opinião expressa por Taro Aso e nas perguntas que podem ser feitas.
Estrutura
Esse tipo de proposta, centrada num fato específico, deixa implícito que o candidato faria um artigo de
opinião. Esse gênero textual que circula nos jornais tem um traço muito particular. Normalmente, o
comentador parte de um fato muito específico e usa o incidente para registrar sua opinião. Isso significa
que seu texto deveria ter essa estrutura: paráfrase do que aconteceu (ou resumo da notícia de Taro Aso),
sua opinião sobre o acontecido e argumentos que sustentem sua tese.
Tese (resumo do que você irá defender no seu texto):
Exemplos:
✓ As opiniões de Taro Aso não são incomuns, já que os déficits dos governos com o Estado de bem-
estar social comprometem a manutenção de apoio aos idosos;
✓ As opiniões de Taro Aso representam uma postura antiética que deve ser repudiada por uma
sociedade que alcançou um nível de produção material que não condiz com o sacrifício dos idosos;
✓ As opiniões de Taro Aso manifestam um desprezo pelos idosos, próprio de uma sociedade que
exalta a juventude no plano cultural;
✓ Etc.
Argumento 1:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos,
citações______________________________________________________________________
Argumento 2:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________
Interpretação da Imagem
O texto visual focaliza num plano frontal o vão de um shopping center com todos os andares à
mostra. A composição é extremamente agradável: o espaço amplo, as cores pastéis e elementos
distribuídos de forma simétrica. A imagem evoca a experiência do receptor de ter andado pelas galerias
do templo do consumo. Nesse tipo de espaço, a temperatura é controlada e agradável, a distribuição
das lojas segue uma lógica compreensível, o boulevard é ornamentado como uma praça. Tudo isso
permite ao consumidor apreciar os objetos de consumo sem pressa como se estivesse num museu
observando obras de arte.
No canto direito da propaganda, há uma caixa de diálogo, na qual se lê: “aproveite o melhor que
o mundo tem a oferecer com o Cartão de Crédito X”. O jogo entre texto escrito e visual é imediato: o
que há de melhor no mundo estaria sendo oferecido em um shopping. A partir desse pressuposto,
chega-se a outra conclusão: a de que “o melhor” poderia ser comprado, consumido. A ligação entre
proposta e consumismo é imediata. O que se pedia ao candidato era que ele emitisse uma opinião sobre
a questão. Caberia nesse momento problematizar o consumismo, pensando em perguntas que
incluiriam “visão de mundo”, “valores” e “mentalidade”. Qual a mentalidade que esse anúncio revela?
Qual a diferença entre essa visão de mundo contemporânea e a visão de mundo que as pessoas
manifestavam no passado? Essa mentalidade se traduz em outros valores? Quais valores? O
consumismo altera a relação entre as pessoas? Quais os ganhos dessa mentalidade? Quais as perdas?
Cuidado com o conceito de “consumismo”. No dicionário Houaiss on-line, você encontrará a seguinte
definição: “ato, efeito, fato ou prática de consumir (no sentido de 'comprar em demasia')”. Esse sentido
leva em consideração o indivíduo - é consumista aquele que não consegue refrear seu ímpeto de
comprar sem necessidade. Contudo, a imagem não focaliza o indivíduo, mas a estrutura, o shopping.
Nesse caso, deve-se pensar no conceito da Sociologia de “sociedade de consumo”. Trata-se de um
sistema de produção material que necessita do consumo excessivo das pessoas sob o risco de colapso.
Consequentemente, o ímpeto de comprar deve ser estimulado ao máximo e qualquer pessoa que viva
nesse tipo de sociedade é consumista em alguma medida.
Tema e proposta
O tema “Participação política: indispensável ou superada?” nos leva a refletir sobre um grande
emblema social. Se pararmos para pensar sobre a vida, constataremos que a todo momento estamos
fazendo escolhas, e essas escolhas são políticas, pois elas determinam uma perspectiva social. Portanto,
nossa vida é mediada por ações políticas, por decisões que possuem impacto social. Quando paramos
para pensar se ainda é necessário haver participação política, e acolhemos a perspectiva em que ela é
superada, estamos nos libertando de todos os direitos sociais que temos, uma vez que todos eles são
frutos da política de um grupo social. Também, estamos deixando nas mãos dos outros a escolha de
nosso destino. Em vista disso, aparenta-se que a participação política é um ato de responsabilidade
consigo e com o outro.
Portanto, em posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir
de variadas perspectivas. Assim, percebemos que discutir a importância da participação política como
essencial para a manutenção da democracia é um caminho mais viável para o desenvolvimento de seu
texto, pois possibilita um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades
de ideias a serem desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou
discuta que a participação política é indispensável para a manutenção de um regime democrático; por
outro lado, você pode discutir que a participação política representa o exercício da cidadania. Observe
que, caso você queira trabalhar a primeira perspectiva, é possível relembrar variadas conquistas
históricas, como o direito às eleições diretas, como frutos da luta política de diversos cidadãos. Lembre-
se que esse direito acabou de ser conquistado, o que representa que a participação política, na
realidade, está em seu auge, inclusive porque ainda são necessárias várias mudanças sociais. Por sua
vez, caso você queira trabalhar a segunda perspectiva, enfatize que a vida humana é política, cada
decisão tomada gera um impacto no outro. Portanto, a política medeia as relações humanas em uma
sociedade que se diz democrática e prega a igualdade como pilar de sua Constituição. Portanto, você
tem caminhos variados para estar desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher
as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Fuvest, compõe-se de
três partes essenciais:
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Assim, os textos motivadores de sua
coletânea enfatizam a importância da ciência política, a forma como as pessoas começaram a distorcer
o significado da política, mas retorna e relembra que cada ação exercida por um cidadão é um ato
político. Também enfatiza o enfraquecimento das instituições políticas para o mercado do consumo.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros
que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja
bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e
o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada.
O tema “O altruísmo e o pensamento a longo prazo ainda tem lugar no mundo contemporâneo?”
nos leva a refletir sobre o individualismo na sociedade contemporânea. A expansão do consumo
alicerçada pelas redes sociais criou um novo indivíduo, aquele que se tornou objeto a ser contemplado
em uma mídia social. Por sua vez, para alcançar esse status, esse homem, fruto de uma sociedade
movida pelo agora, precisa dedicar atenção a si, o que o leva a esquecer tanto quem está ao seu lado,
quanto o futuro. Essa perspectiva imediatista coloca o homem dentro de uma bolha que o torna incapaz
de pensar no depois, bem como em exercer ações que impactam positivamente no outro a perto e a
longo prazo.
Portanto, em posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir
de variadas perspectivas. Assim, percebemos que um caminho mais viável para o desenvolvimento de
seu texto é pensar a influência das mídias sociais para a ascensão do imediatismo, camuflando o
altruísmo. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais
consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou
discuta que a luta para se alcançar o sucesso, exigência da sociedade do agora, leva os indivíduos a
pensarem apenas em si; por outro lado, você pode enfatizar em seu texto que as mídias sociais são as
principais responsáveis pela construção do homem moderno, marcado pelo individualismo. Observe
que, caso você queira trabalhar a primeira perspectiva, é possível enfatizar que vivemos em uma
sociedade que não aceita o fracasso, exige cada vez mais do indivíduo o sucesso. Em nome de alcançar
esse status, o indivíduo focaliza as ações em si, em alcançar esse sucesso, passando a tomar atitudes
apenas para alcançar essa necessidade do agora, o que esquece o outro e o futuro. Por sua vez, caso
você queira trabalhar a segunda perspectiva, saliente que as mídias sociais obrigam as pessoas a
construírem uma imagem de si que seja aceita socialmente. Para alcançar isso, as pessoas focalizam
suas energias na construção de uma figura social, inclusive, que não representa o seu eu interior.
Focados nessa busca exigida pela sociedade do agora, pela instantaneidade das mídias, elas esquecem a
construção de uma identidade a longo prazo. Portanto, você tem caminhos variados para estar
desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem
para desenvolver uma argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Fuvest, compõe-se de
três partes essenciais:
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Assim, destaca-se neles, especialmente, a
dificuldade de se pensar no outro na sociedade do consumo e das mídias sociais.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros
que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja
bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e
o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada.
TEXTO 1
T EXT O 2
Se organizasse um encontro de todos os seus trabalhadores domésticos, o Brasil reuniria uma
população maior que a da Dinamarca, composta majoritariamente por mulheres negras, de acordo com
a Organização Internacional do Trabalho (OIT). O professor e pesquisador David Evan Harris lembra que
“o Brasil foi um dos últimos países do mundo a acabar com a escravidão. Se olharmos para quem são as
empregadas, veremos que elas tendem a ser negras”, diz o acadêmico, formado pela Universidade da
Califórnia em Berkeley, nos EUA, e mestre pela USP.
Segundo a historiadora e escritora Marília Bueno de Araújo Ariza, mesmo após a abolição, em
1888, mulheres e homens negros continuaram sendo servos ou escravizados de maneira informal, o que
também deixou seu legado no mercado de trabalho. A ideia de ter um servo na família era muito
comum, mesmo entre quem não era rico e vivia nas regiões semiurbanas do século XIX: “a escravidão
brasileira foi diversa, mas foi sobretudo uma escravidão de pequena posse. No Brasil, todo mundo
possuía negros escravizados. Quando as pessoas tinham dinheiro, elas os compravam com muita
frequência”. Em São Paulo, por exemplo, muitas famílias - mesmo as relativamente pobres, muitas delas
chefiadas por mulheres brancas – “tinham uma ou duas negras escravizadas para realizar afazeres na
casa ou na rua”, diz Ariza.
(Marina Wentzel. “O que faz o Brasil ter a maior população de domésticas do mundo”. www.bbc.com,
26.02.2018. Adaptado.)
T EXT O 3
Uma pesquisa sobre emprego doméstico divulgada pela Companhia de Planejamento do Distrito
Federal (Codeplan) mostrou que, em 2016, 80% dos trabalhadores domésticos do DF eram mulheres
negras. Os dados ainda mostram que, em 2018, 75 mil mulheres trabalhavam como empregadas
domésticas ou diaristas, representando 5,8% do total de pessoas empregadas do DF no período.
Segundo a pesquisadora de políticas públicas em história e educação das relações raciais e gênero
Marta Santos Lobo, a principal preocupação é com o controle para que este trabalho saia da
informalidade. “Já existem sindicatos e órgãos que possam fiscalizar a situação de trabalho dessas
mulheres. Isso tem sido feito e tem que continuar, há agências internacionais e brasileiras que falam
desse conceito como trabalho doméstico decente, que seria o respeito dos direitos trabalhistas também
nesta categoria.” Os números mostraram que houve um pequeno aumento de trabalhadoras com
carteira assinada entre 2012 e 2016.
“No Brasil esse aspecto é cultural. Temos características de um país colonial que ainda tem a
dependência de outras pessoas trabalharem para a família, no sentido servil. O grande problema é que
na servidão não há direitos”. A professora contou que teve tias e a avó que foram empregadas e nunca
receberam contribuição ou pagamento para a aposentadoria. Em 2012, a média salarial de uma
empregada doméstica era de R$ 7,91 por hora, em 2016 esse valor subiu para R$ 9,24.
(Graziele Frederico. “Pesquisa mostra que 80% dos trabalhadores domésticos do DF são mulheres
negras”. https://g1.globo.com, 21.04.2017. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto
dissertativoargumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
“está previsto em seu caput, que a segurança pública é dever do Estado e direito e responsabilidade de
todos, sendo assim, o Estado tem o direito, dever e o poder de punir o infrator ou quem cometeu um
crime”
Mas, esse poder/dever não é ilimitado. Ele encontra limitação principalmente no Princípio da Dignidade
da Pessoa Humana, também assegurado no art. 1º, Inciso III da Constituição e em vários ordenamentos
jurídicos internacionais.
(https://www.politize.com.br/o-que-e-
punitivismo/?utm_term=semana_5_minutos_25&utm_campaign=leads_newsletter&utm_source=ego
i&utm_medium=email&eg_sub=e2e99bf6c3&eg_cam=ac4dbd0b567839681a08fe1ac0858993&eg_list
=1)
Texto II
Um estudo brasileiro, apresentado em 2018 pela pesquisadora e diretora-executiva do Fórum Brasileiro de Segurança Pública
Samira Bueno, levantou dados sobre a letalidade da polícia nos EUA e em outros três países: África do Sul, Brasil e El Salvador.
Em 2016, a cada 100 homicídios sem envolvimento da polícia nos EUA, policiais americanos matavam 2,9 pessoas. Na África
do Sul, esse número era 3,7 – e, no Brasil, 7,8. Quem liderava a lista é El Salvador, nação da América Central que é tida como
uma das mais violentas do mundo: 10,6 homicídios a cada 100 partiram das armas de policiais salvadorenhos.
(...)
De acordo com a plataforma, o Brasil teve pelo menos 5.804 pessoas mortas por policiais em 2019 (por sua vez, 159 policiais
morreram). No ano anterior, 2018, foram 5.716 mortes – um crescimento de 1,5%. O Amapá tem maior taxa de mortes por
policiais, com 15,1 a cada 100 mil. Mas é o Rio de Janeiro que se destaca em números absolutos: 1.810 mortes, ou 31% do
total, aconteceram no estado. Os números incluem mortes causadas por policiais em serviço (95% dos casos) ou à paisana.
(https://super.abril.com.br/sociedade/letalidade-policial-no-brasil-e-cinco-vezes-maior-que-nos-eua/)
Texto III
Oficialmente, a polícia brasileira pode usar força letal apenas no enfrentamento de uma ameaça iminente.
Mas uma análise de 48 mortes causadas por policiais no violento distrito policial do Rio onde Rodrigo foi
morto, mostra que agentes costumam atirar sem restrições, protegidos pelos superiores e por líderes
políticos, confiantes de que, mesmo que sejam investigados por assassinatos ilegais, não serão impedidos
de voltar às ruas.
Em ao menos metade das 48 mortes causadas por policiais analisadas pelo The New York Times, os mortos
foram baleados nas costas pelo menos uma vez, segundo autópsias, o que imediatamente levanta
questionamentos sobre a ameaça iminente que justificaria tais mortes.
E em todos os casos de homicídios por policiais revisados pelo Times, apenas dois policiais relataram ter
sofrido qualquer ferimento. Um foi acidente autoinfligido: o agente se feriu com o disparo acidental de
seu fuzil. O segundo policial tropeçou e caiu.
Um quarto dos homicídios por policiais examinados pelo Times envolvem um agente que já respondeu
por uma denúncia de homicídio. Metade envolve policiais previamente acusados de pelo menos um
crime. Um policial já havia sido suspenso para avaliação psicológica quando superiores se alarmaram com
a quantidade impressionante de munição que gastou em serviço em um ano: mais de 600 cartuchos.
Algumas autoridades também reconhecem que policiais matam suspeitos de crimes em emboscadas
premeditadas.
Mas os tiroteios, inclusive o número recorde de homicídios cometidos pela polícia ano passado, muitos
deles em bairros pobres controlados por facções do tráfico, geraram relativamente pouca indignação
entre brasileiros assediados pela violência.
Texto IV
A partir da leitura dos textos motivadores acima e de suas próprias reflexões, escreva um texto
dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema:
Punitivismo: ação eficaz contra a violência urbana, paliativo ou problema?
1. Greta conta que aos 8 anos, na escola, ouviu falar pela 1ª vez sobre aquecimento global e disse ter
ficado assustada com a falta de ação dos adultos
2. Ela conta que o temor em relação ao meio ambiente foi um dos fatores em um período depressivo,
no qual deixou de ir à escola por um tempo
3. Aos 11 anos, ela foi diagnosticada com Asperger, um tipo de autismo. Ela diz que essa condição é
chave em seu modo de agir e interpretar o mundo
4. Depois de pesquisar e convencer os pais sobre a crise climática, a estudante começou em 2018 a
deixar de ir a aulas nas sextas para protestar
5. Ato solitário ganhou apoio nas redes sociais e foi seguido pelo mundo sob o nome de "Fridays For
Future"
6. Greta já discursou eventos internacionais como a COP24, a Conferência do Clima da ONU, e o Fórum
Econômico Mundial
7. Ato desta sexta (20) é a terceira greve global e a 57ª sexta-feira em que Greta falta a aulas para
protestar.
Os atuais protestos começaram em agosto de 2018. Na época, a adolescente de trancinhas tinha 15
anos e resolveu faltar à escola e protestar, sozinha, em frente ao Parlamento sueco contra a crise
climática. E isso se repercutiu durante mais de um ano.
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/09/20/quem-e-greta-thunberg-a-jovem-ativista-que-esta-
por-tras-da-greve-global-pelo-clima.ghtml Acessado em 02.ago.2021 (Adaptado)
Texto 2
O diretor do The New York Times, Adam Ellick, que dirigiu o filme Malala’s Story e foi o responsável pela
revelação da fabulosa história da garota paquistanesa, a quem conheceu em 2009, quando ela tinha 11
anos e mantinha um diário anônimo em língua urdu na rádio BBC. No diário, ela relatava o medo que
sentia em estudar em meio ao domínio Talibã e reivindicava que as meninas do país tivessem mais acesso
à educação.
Malala, que acaba de obter seu diploma de filosofia, política e economia na Universidade de Oxford, tem
a legitimidade daqueles que viveram o sofrimento na pele. Três anos depois da veiculação de seu diário,
ela levou um tiro na cabeça quando saia da escola. Conseguiu sobreviver sem seqüelas e, em 2014, já
refugiada na Inglaterra, seu rosto foi para a capa da revista Time e ela tornou-se a pessoa mais jovem a
ganhar um Prêmio Nobel. “Esse prêmio não é somente para mim. É para as crianças esquecidas que
querem educação. É para a crianças assustadas que querem paz. É para aquelas crianças que não têm
voz”, afirmou. Desde então, ela comanda a Fundação Malala, que apóia projetos de inclusão educacional
em países em desenvolvimento.
Revista “Isto é”, Editora Três: 5.ago.2020 – ano 43 – no. 2638, pp. 41 e 442 (Adaptado)
Texto 3
Revista “Isto é”, Editora Três: 5.ago.2020 – ano 43 – no. 2638, pp. 41 e 442 (Adaptado)
Texto 4
O programa “Linhas Cruzadas”, do dia 17 de junho de 2021, problematizou a questão do ativismo. Thaís
Oyama e Luiz Felipe Pondé conversaram sobre a personalidade daquele indivíduo que incorpora uma
causa da humanidade: o ativista.
O filósofo e a jornalista exploraram o perfil dos ativistas fanáticos e buscaram compreender a diferença
entre defender uma causa e torná-la banal – algo que acontece, principalmente, quando uma empresa
começa a comercializar um movimento.
Pondé descreve o ativista fanático como uma pessoa de classe média-alta que se leva muito a sério,
monotemático; que acha que pode “jogar” regras na cara das outras pessoas o tempo todo e que pensa
que entendeu algo sobre o mundo que ninguém mais entendeu.
Thaís Oyama resumiu o perfil desse ativista como alguém que
- se ofende facilmente;
- sua “causa” é seu assunto;
- um dos seus palcos favoritos é o almoço de domingo (que ele sempre estraga);
- quem discorda dele vira inimigo, e
- o bom humor não é sua maior qualidade.
Pondé pontuou que ,atualmente o marketing de empresas de sucesso tem “seu ativista” e significa que,
na ponta do consume, isso um grande negócio .é um nicho de mercado.
Adaptado do programa “Linhas cruzadas, TV Cultura. Disponível em
https://mundodenoticias.com.br/linhas-cruzadas-ativista-e-um-chato-com-causa-17-06-2021/ Acesso
em 05.jul.2021.
Texto 5
Quem estiver no estado de São Paulo e se pegar olhando, no meio de uma praça, uma estátua em bronze
de uma figura humana que mira o horizonte, de cerca de três metros, provavelmente verá um
bandeirante.
O personagem foi usado na primeira metade do século 19 para construir a memória da cidade como
origem e ideal de progresso.
Mas parte da população enxerga nesses monumentos uma série de violências cometidas desde 1500
contra, sobretudo, povos indígenas e a população negra.
Para Pedro Alves, “São Paulo tem a história feita em camadas de concreto, passando e apagando”. Ele
conduz o projeto Cartografia Negra, junto com Carolina Piai e Raissa Albano de Oliveira.
Antes da pandemia, eles realizavam a passeios pelo centro da cidade para contar a história desses locais
e também passar por estátuas como a de Luiz Gama, referência negra do movimento pelo fim da
escravidão, ou de Zumbi dos Palmares. O projeto nasceu da inquietação de não se reconhecer no centro
de São Paulo e de se perguntar qual o lugar do negro na narrativa paulista. O grupo defende a derrubada
das estátuas como processo de afirmação de uma história plural e de inserção da narrativa negra e
indígena.
Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/06/pedido-de-retirada-de-estatuas-em-
sp-traz-debate-sobre-apagao-historico.shtml , acessado em 10.ago.2021.
Com base nas informações dos textos apresentados e em seus próprios conhecimento, redija um texto
dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema 1 ou 2.
1. Greta conta que aos 8 anos, na escola, ouviu falar pela 1ª vez sobre aquecimento global e disse ter
ficado assustada com a falta de ação dos adultos
2. Ela conta que o temor em relação ao meio ambiente foi um dos fatores em um período depressivo,
no qual deixou de ir à escola por um tempo
3. Aos 11 anos, ela foi diagnosticada com Asperger, um tipo de autismo. Ela diz que essa condição é
chave em seu modo de agir e interpretar o mundo
4. Depois de pesquisar e convencer os pais sobre a crise climática, a estudante começou em 2018 a
deixar de ir a aulas nas sextas para protestar
5. Ato solitário ganhou apoio nas redes sociais e foi seguido pelo mundo sob o nome de "Fridays For
Future"
6. Greta já discursou eventos internacionais como a COP24, a Conferência do Clima da ONU, e o Fórum
Econômico Mundial
7. Ato desta sexta (20) é a terceira greve global e a 57ª sexta-feira em que Greta falta a aulas para
protestar.
Os atuais protestos começaram em agosto de 2018. Na época, a adolescente de trancinhas tinha 15
anos e resolveu faltar à escola e protestar, sozinha, em frente ao Parlamento sueco contra a crise
climática. E isso se repercutiu durante mais de um ano.
https://g1.globo.com/natureza/noticia/2019/09/20/quem-e-greta-thunberg-a-jovem-ativista-que-esta-
por-tras-da-greve-global-pelo-clima.ghtml Acessado em 02.ago.2021 (Adaptado)
Texto 2
O diretor do The New York Times, Adam Ellick, que dirigiu o filme Malala’s Story e foi o responsável pela
revelação da fabulosa história da garota paquistanesa, a quem conheceu em 2009, quando ela tinha 11
anos e mantinha um diário anônimo em língua urdu na rádio BBC. No diário, ela relatava o medo que
sentia em estudar em meio ao domínio Talibã e reivindicava que as meninas do país tivessem mais acesso
à educação.
Malala, que acaba de obter seu diploma de filosofia, política e economia na Universidade de Oxford, tem
a legitimidade daqueles que viveram o sofrimento na pele. Três anos depois da veiculação de seu diário,
ela levou um tiro na cabeça quando saia da escola. Conseguiu sobreviver sem seqüelas e, em 2014, já
refugiada na Inglaterra, seu rosto foi para a capa da revista Time e ela tornou-se a pessoa mais jovem a
ganhar um Prêmio Nobel. “Esse prêmio não é somente para mim. É para as crianças esquecidas que
querem educação. É para a crianças assustadas que querem paz. É para aquelas crianças que não têm
voz”, afirmou. Desde então, ela comanda a Fundação Malala, que apóia projetos de inclusão educacional
em países em desenvolvimento.
Revista “Isto é”, Editora Três: 5.ago.2020 – ano 43 – no. 2638, pp. 41 e 442 (Adaptado)
Texto 3
Revista “Isto é”, Editora Três: 5.ago.2020 – ano 43 – no. 2638, pp. 41 e 442 (Adaptado)
Texto 4
O programa “Linhas Cruzadas”, do dia 17 de junho de 2021, problematizou a questão do ativismo. Thaís
Oyama e Luiz Felipe Pondé conversaram sobre a personalidade daquele indivíduo que incorpora uma
causa da humanidade: o ativista.
O filósofo e a jornalista exploraram o perfil dos ativistas fanáticos e buscaram compreender a diferença
entre defender uma causa e torná-la banal – algo que acontece, principalmente, quando uma empresa
começa a comercializar um movimento.
Pondé descreve o ativista fanático como uma pessoa de classe média-alta que se leva muito a sério,
monotemático; que acha que pode “jogar” regras na cara das outras pessoas o tempo todo e que pensa
que entendeu algo sobre o mundo que ninguém mais entendeu.
Thaís Oyama resumiu o perfil desse ativista como alguém que
- se ofende facilmente;
- sua “causa” é seu assunto;
- um dos seus palcos favoritos é o almoço de domingo (que ele sempre estraga);
- quem discorda dele vira inimigo, e
- o bom humor não é sua maior qualidade.
Pondé pontuou que ,atualmente o marketing de empresas de sucesso tem “seu ativista” e significa que,
na ponta do consume, isso um grande negócio .é um nicho de mercado.
Adaptado do programa “Linhas cruzadas, TV Cultura. Disponível em
https://mundodenoticias.com.br/linhas-cruzadas-ativista-e-um-chato-com-causa-17-06-2021/ Acesso
em 05.jul.2021.
Texto 5
Quem estiver no estado de São Paulo e se pegar olhando, no meio de uma praça, uma estátua em bronze
de uma figura humana que mira o horizonte, de cerca de três metros, provavelmente verá um
bandeirante.
O personagem foi usado na primeira metade do século 19 para construir a memória da cidade como
origem e ideal de progresso.
Mas parte da população enxerga nesses monumentos uma série de violências cometidas desde 1500
contra, sobretudo, povos indígenas e a população negra.
Para Pedro Alves, “São Paulo tem a história feita em camadas de concreto, passando e apagando”. Ele
conduz o projeto Cartografia Negra, junto com Carolina Piai e Raissa Albano de Oliveira.
Antes da pandemia, eles realizavam a passeios pelo centro da cidade para contar a história desses locais
e também passar por estátuas como a de Luiz Gama, referência negra do movimento pelo fim da
escravidão, ou de Zumbi dos Palmares. O projeto nasceu da inquietação de não se reconhecer no centro
de São Paulo e de se perguntar qual o lugar do negro na narrativa paulista. O grupo defende a derrubada
das estátuas como processo de afirmação de uma história plural e de inserção da narrativa negra e
indígena.
Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2020/06/pedido-de-retirada-de-estatuas-em-
sp-traz-debate-sobre-apagao-historico.shtml , acessado em 10.ago.2021.
Com base nas informações dos textos apresentados e em seus próprios conhecimento, redija um texto
dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema 1 ou 2.
A física canadense Donna Strickland recebe seu Prêmio Nobel do rei Carl XVI
Gustaf, da Suécia, durante a cerimônia de premiação de 2018. Em dezembro de 2018,
Donna Strickland, canadense, se tornou a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel de
Física em 55 anos. Neste dia 11 de fevereiro, quando comemoramos o Dia Internacional
das Mulheres e das Moças na Ciência, é mais importante do que nunca celebrar a
conquista de Donna. Mas podemos imaginar um mundo em que as manchetes recentes foram
redigidas de forma diferente? E se ao invés de ser vista como uma "mulher", Donna
fosse simplesmente descrita como uma excelente cientista? Eu queria que o gênero dela
fosse irrelevante, que não precisasse ser mencionado de forma alguma – mas em dias
como hoje, deveria ser.
Como líder feminina dentro de uma empresa global baseada na ciência (Royal
DSM), saúdo a celebração anual com emoções contraditórias. Embora devamos estar
orgulhosos de nosso progresso e continuar a capacitar as mulheres ao nosso redor,
nossa fascinação pela "feminilidade" de nossas a tuais e futuras cientistas destaca
como ainda temos um longo caminho a percorrer para acabar com a lacuna de gênero da
ciência.
Eu elogio Donna Strickland por ter sido a primeira mulher a ganhar o Prêmio Nobel
de Física em 55 anos? Sem dúvida. Eu acho importante mencionar que ela é uma mulher?
Neste dia sim. Mas, acima de tudo, eu admiro Donna Strickland por sua inteligência,
seu talento e sua capacidade de trabalhar duro no que ama.
Associados por uma mesma configuração temática, os fragmentos textuais que seguem visam a
fornecer subsídios para o encaminhamento da redação a ser desenvolvida pelo candidato. Leia-os com
atenção.
Intolerância é a certeza de estar de posse de uma verdade absoluta, que se procura impor por
anuência ou repressão. Desse ponto de vista, a Intolerância caracterizou toda a história europeia
religiosa e laica. Com suspeita e Intolerância sempre agiu na Europa a razão do Estado – religiosa,
política e social – para obter anuência ou para eliminar a oposição; desse Página 23 de 24 modo a
história do poder sempre justificou e justifica a violência legal, opondo-a à ilegal. (...)
As recentes ondas migratórias, a crescente difusão no mundo islâmico de concepções cada vez
mais integralistas e teocráticas, o renascimento dos vários particularismos políticos, as guerras de
religião ressurgidas dos fantasmas do passado, os racismos e as xenofobias que se insinuam por toda a
Europa e pelo mundo, voltam a propor, ainda hoje, também de um ponto de vista filosófico, a perene
atualidade do problema da Intolerância. (Nicola Abbagnano. Dicionário de Filosofia)
Ofende, porque desobedece a seus pais; ofende, porque agasalha no seio uma paixão reprovada
por toda a sociedade e principalmente por sua família; e ofende, porque, com semelhante união,
condenará seus futuros filhos a um destino ignóbil e acabrunhado de misérias! Ana Rosa, esse
Raimundo tem a alma tão negra como o sangue! Além de mulato, é um homem mau, sem religião, sem
temor de Deus! É um – pedreiro livre! – é um ateu! Desgraçada daquela que se unir a semelhante
monstro!... o inferno aí está, que o prova! O inferno aí está carregado dessas infelizes que não tiveram,
coitadas! um bom amigo que as aconselhasse, como te estou eu aconselhando neste momento!... vê
bem! Repara, minha afilhada, tens o abismo a teus pés! Mede, ao menos, o precipício te ameaça!... A
mim, como pastor e como padrinho, compete defender-te! Não cairás, porque eu não deixo! (Aluísio
Azevedo. O mulato)
intolerância se manifesta e, a partir disso, combatê-la com ações mais adequadas e efetivas é uma das
grandes tarefas civilizatórias do nosso tempo.
Refletindo a esse respeito, e considerando, como ponto de partida, os elementos trazidos pelos
fragmentos textuais reproduzidos, elabore um texto dissertativo-argumentativo, atendendo às
orientações dispostas no edital do Processo Vestibular, no qual se discutam possíveis razões para
manifestações de intolerância, suas características e algumas de suas consequências para a sociedade
como um todo.
A maioria dos brasileiros segue contrária à ampliação do porte de armas de fogo. Segundo
recente pesquisa Datafolha, 56% dos entrevistados se disseram contrários ao porte legal estendido a
todos os cidadãos.
Sancionado em 2003, o Estatuto do Desarmamento, criado para controlar o uso de armas no
país, é constantemente alvo de críticas por não ter contribuído para a redução da criminalidade.
Especialistas em segurança pública, porém, dizem o contrário.
(“Maioria no país segue contrária à ampliação do porte legal de armas”. www1.folha.uol.com.br,
07.01.2018. Adaptado.)
Texto 2
Imagine um país onde qualquer pessoa com mais de 21 anos pudesse andar armada na rua,
dentro do carro, nos bares, festas, parques e shoppings centers. Em um passado não muito distante,
esse país era o Brasil. Até 2003, aqui era possível, sem muita burocracia, comprar uma pistola ou um
revólver em lojas de artigos esportivos, onde as armas ficavam em prateleiras na seção de artigos de
caça, ao lado de varas de pesca e anzóis.
Mas, de acordo com os indicadores da época, os anos em que a população podia se armar para
teoricamente “fazer frente à bandidagem” não foram de paz absoluta, mas de crescente violência,
segundo dados do Ministério da Saúde e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Para
conter o avanço das mortes, foi sancionado, em 2003, o Estatuto do Desarmamento, que restringiu
drasticamente a posse e o acesso a armas no país. Atualmente a taxa de homicídios está em 29,9
assassinatos por 100.000 habitantes, o que pressupõe que o desarmamento não reduziu drasticamente
os homicídios mas estancou seu crescimento.
O tema é sensível, uma vez que um grupo de deputados e senadores quer voltar para os velhos
tempos, quando era possível comprar armas com facilidade. O tema ganha eco também em alguns
setores da sociedade que enxergam no direito de se armar – e a reagir à violência — uma possibilidade
de “salvar vidas”.
Daniel Cerqueira, pesquisador do IPEA, explica que uma grave crise econômica ocorrida durante
a década de 1980 ampliou a desigualdade social e foi um dos fatores responsáveis pelo aumento das
taxas de homicídio. “No meio desse processo, as pessoas começaram a comprar mais armas. Isso fez
com que o ciclo de violência se auto-alimentasse. Quanto mais medo as pessoas sentem e mais
homicídios ocorrem, mais elas se armam. Quanto mais se armam, mais mortes temos”, afirma. Ele
destaca que, ao contrário do que frequentemente se diz, a maior parte dos crimes com morte não são
praticados pelo “criminoso contumaz”, e sim “pelo cidadão de bem que, em um momento de ira, perde
a cabeça”.
Nem todos concordam com Cerqueira. “As pessoas se sentiam mais seguras naquela época”,
afirma Benê Barbosa, um dos mais antigos militantes pró-armas do Brasil. De acordo com Barbosa, nos
anos de 1990 deveria haver “aproximadamente meio milhão de pessoas armadas em São Paulo, e você
não tinha bangue-bangue nas ruas”. Para ele, o Estatuto do Desarmamento “elitizou” a posse de armas,
ao instituir a cobrança de taxas proibitivas.
(Gil Alessi. “Como era o Brasil quando as armas eram vendidas em shoppings e munição nas lojas
de ferragem”. http://brasil.elpais.com, 31.10.2017. Adaptado.)
Texto 3
Devemos liberar as armas? Sim.
“O direito à autodefesa é pilar de uma sociedade livre e democrática. No Brasil, os bandidos
continuam a ter acesso livre às armas de fogo e o cidadão fica à mercê dos criminosos.” Denis Rosenfield
(professor de filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul).
Devemos liberar as armas? Não.
“Voltar a armar a sociedade é um fator de risco para o aumento das mortes violentas no país. O
uso de armas deve ser restrito às forças policiais.” José Mariano Beltrame (ex-secretário de Segurança
Pública do Estado do Rio de Janeiro).
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
O Brasil era o último país do mundo ocidental a eliminar a escravidão! Para a maioria dos parlamentares
que se tinham empenhado pela abolição, a questão estava encerrada. Os ex-escravos foram
abandonados à sua própria sorte. Caberia a eles, daí por diante, converter sua emancipação em
realidade. Se a lei lhes garantia o status jurídico de homens livres, ela não lhes fornecia meios para
tornar sua liberdade efetiva. A igualdade jurídica não era suficiente para eliminar as enormes distâncias
sociais e os preconceitos que mais de trezentos anos de cativeiro haviam criado. A Lei Áurea abolia a
escravidão, mas não seu legado. Trezentos anos de opressão não se eliminam com uma penada. A
abolição foi apenas o primeiro passo na direção da emancipação do negro. Nem por isso deixou de ser
uma conquista, se bem que de efeito limitado.
Texto 2
O Instituto Ethos, em parceria com outras entidades, divulgou um estudo sobre a participação do negro
nas 500 maiores empresas do país e lamentou, com os jornais, o fato de que 27% delas não souberam
responder quantos negros havia em cada nível funcional. Esse dado foi divulgado como indício de que,
no Brasil, existe racismo. Um paradoxo. Quase um terço das empresas demonstra a entidades seríssimas
que “cor” ou “raça” não são filtros em seus departamentos de RH e, exatamente por essa razão, as
empresas passam a ser suspeitas de racismo. Elas são acusadas por aquilo que as absolve. Tempos
perigosos, em que pessoas, com ótimas intenções, não percebem que talvez estejam jogando no lixo o
nosso maior patrimônio: a ausência de ódio racial.
Há toda uma gama de historiadores sérios, dedicados e igualmente bem-intencionados, que estudam a
escravidão e se deparam com esta mesma constatação: nossa riqueza é esta, a tolerância. Nada
escamoteiam: bem documentados, mostram os horrores da escravidão, mas atestam que, não a cor,
mas a condição econômica é que explica a manutenção de um indivíduo na pobreza. [...]. Hoje, se a
maior parte dos pobres é composta por negros, isso não se deve à cor da pele. Com uma melhor
distribuição de renda, a condição do negro vai melhorar acentuadamente. Porque, aqui, cor não é uma
questão.
Texto 3
Qualquer estudo sobre o racismo no Brasil deve começar por notar que, aqui, o racismo é um tabu. De
fato, os brasileiros imaginam que vivem numa sociedade onde não há discriminação racial. Essa é uma
fonte de orgulho nacional, e serve, no nosso confronto e comparação com outras nações, como prova
inconteste de nosso status de povo civilizado.
Texto 4
Na ausência de uma política discriminatória oficial, estamos envoltos no país de uma “boa consciência”,
que nega o preconceito ou o reconhece como mais brando. Afirma-se, de modo genérico e sem
questionamento, uma certa harmonia racial e joga-se para o plano pessoal os possíveis conflitos. Essa é
sem dúvida uma maneira problemática de lidar com o tema: ora ele se torna inexistente, ora aparece na
roupa de alguém outro.
É só dessa maneira que podemos explicar os resultados de uma pesquisa realizada em 1988, em São
Paulo, na qual 97% dos entrevistados afirmaram não ter preconceito e 98% dos mesmos entrevistados
disseram conhecer outras pessoas que tinham, sim, preconceito. Ao mesmo tempo, quando inquiridos
sobre o grau de relação com aqueles que consideravam racistas, os entrevistados apontavam com
frequência parentes próximos, namorados e amigos íntimos. Todo brasileiro parece se sentir, portanto,
como uma ilha de democracia racial, cercado de racistas por todos os lados.
(Lilia Moritz Schwarcz. Nem preto nem branco, muito pelo contrário, 2012. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma redação de gênero
dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Primeira jogadora transexual a atuar na Superliga feminina, Tifanny Abreu marcou 39 pontos em
um mesmo jogo nesta terça-feira (30.01.2018) e quebrou o recorde da principal competição nacional de
vôlei – que antes pertencia a Tandara, com 37 pontos. Tal fato atiçou ainda mais o questionamento
sobre a permissão de atletas trans atuarem em esportes de alto rendimento.
Ao entrar em quadra por uma liga profissional, Tifanny carrega com ela a representatividade de
toda uma minoria social, que busca abrir oportunidades de inserção em vários âmbitos da sociedade,
inclusive no mercado de trabalho. Então não seria diferente no esporte, que vem se profissionalizando
cada vez mais nas últimas décadas.
(Maíra Nunes. “Caso Tifanny: Proibir transexuais no esporte é solução?”. http://blogs.correiobraziliense.com.br,
31.01.2018. Adaptado.)
Texto 2
Aos 33 anos, Tifanny Pereira de Abreu é a primeira transexual a disputar a Superliga feminina de
vôlei. Mas, depois de completar a transição de gênero, incluindo duas cirurgias de mudança de sexo, e
ser liberada pela Comissão Nacional Médica (Conamev) da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), a
atacante do Bauru (SP) tem a condição feminina discutida. Isso porque a ciência ainda não é capaz de
determinar quanto tempo o corpo precisaria para se adaptar à nova realidade, com testosterona
compatível ao corpo de uma mulher. É por esta razão que João Granjeiro, coordenador da Conamev,
responsável pela liberação da atleta para a disputa da competição mais importante do vôlei nacional,
acredita que Tifanny não deveria atuar entre as mulheres: “Ela nasceu homem e construiu seu corpo,
músculos, ossos, articulações com testosterona alta. Nenhuma mulher, a não ser que tenha usado
testosterona de origem externa ao organismo, conseguiria formar o mesmo corpo. É só olhar para a
atleta, alta e muito forte.”
(Carol Knoploch e João Pedro Fonseca. “Médicos que liberaram Tifanny acham que ela não deveria atuar
no feminino”. https://oglobo.globo.com, 03.01.2018. Adaptado.)
Texto 3
O espaço conquistado de maneira íntegra por mulheres no esporte está em jogo. Tenho orgulho de ser
herdeira dos valores que construíram a civilização ocidental, a mais livre, próspera, tolerante e plural da
história da humanidade. Este legado sociocultural único permitiu que nós mulheres pudéssemos
conquistar nosso espaço na sociedade, no mercado e nos esportes. A verdade mais óbvia e respeitada
por todos os envolvidos no esporte é a diferença biológica entre homens e mulheres. Se não houvesse,
por que estabelecer categorias separadas entre os sexos? O combate ao preconceito contra transexuais
e homossexuais é uma discussão justa e pertinente. A inclusão de pessoas transexuais na sociedade
deve ser respeitada, mas essa apressada e irrefletida decisão de incluir biologicamente homens,
nascidos e construídos com testosterona, com altura, força e capacidade aeróbica de homens, sai da
esfera da tolerância e constrange, humilha e exclui mulheres.
(Ana Paula Henkel. “Carta aberta ao Comitê Olímpico Internacional”. https://politica.estadao.com.br, 16.01.2018.
Adaptado.)
Texto 4
Para uma transexual entrar no mercado de trabalho, é uma verdadeira via crucis. Elas enfrentam
preconceito, desconfiança e muita rejeição. Mas o desafio pode ser ainda pior para aquelas que sonham
em seguir carreira como atleta. O esporte ainda é muito fechado para a diversidade sexual e poucas
esportistas chegam ao nível de alto rendimento. De acordo com a pesquisadora Joanna Harper, do
Providence Portland Medical Center, nos Estados Unidos, “terapia hormonal para mulheres trans
normalmente envolve um bloqueador de testosterona e um suplemento de estrógeno. Quando os níveis
do ‘hormônio masculino’ se aproximam do esperado para a transição, a paciente percebe uma
diminuição na massa muscular, densidade óssea e na proporção de células vermelhas que carregam o
oxigênio no corpo”, diz Joanna. Ainda conforme pontuou a especialista, enquanto isso, o estrógeno
aumenta as reservas de gordura, principalmente nos quadris. Juntas, essas mudanças levam a uma
(“‘Lista do trabalho escravo’ serve para intimidar, diz presidente do TRT-10”. https://conjur.com.br, 06.03.2017.
Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-
argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Lista suja do trabalho escravo: entre a proteção aos trabalhadores afetados e o direito de defesa das
empresas.
Rio de Janeiro, início do século XX. Uma cidade com cerca de 700 mil habitantes e graves problemas
urbanos: rede insuficiente de água e esgoto, toneladas de lixo nas ruas, cortiços superpovoados. Um
ambiente propício à proliferação de várias doenças, o Rio era conhecido pelos imigrantes que aqui
aportavam como “túmulo de estrangeiros”.
Texto 3
Nessa época, Oswaldo Cruz criou as Brigadas Mata-
Mosquitos, formadas por grupos de funcionários do
Serviço Sanitário que, acompanhados de policiais,
invadiam as casas – e tinham até mesmo autoridade para
mandar derrubá-las nos casos em que as considerassem
uma ameaça à saúde pública – para desinfecção e
extermínio dos mosquitos transmissores da febre amarela.
Para acabar com os ratos, transmissores da peste
bubônica, ele mandou espalhar raticida pela cidade e
tornou obrigatório o recolhimento do lixo pela população.
E, finalmente, para erradicar a varíola, lançou a vacinação
obrigatória, medida que se tornou o estopim de uma
revolta da população. Apesar das divergências estatísticas,
sabe-se que a Revolta da Vacina foi o maior motim da
história do Rio de Janeiro.
(Rio de Janeiro. Secretaria Especial de Comunicação Social.
1904 – Revolta da Vacina. A maior batalha do Rio, 2006.
Adaptado.)
Com base em seus conhecimentos e nos textos
apresentados, escreva uma dissertação, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o
tema:
Obrigatoriedade da vacinação: entre a prevenção a doenças e o respeito às escolhas
individuais
“Vemos a diferença sistêmica entre os que usam esses elementos como adorno e os que usam
por princípio, religião ou resgate de uma identidade”, diz Jardim. “Quando falam em cultura, os negros
se referem muito mais a resistência e racismo do que à origem dos elementos, propriamente”.
Disponível em: revistacult.uol.com.br. Acesso em: 23/07/2019.
Texto 2
Há algum tempo, havia uma preocupação em relacionar a questão da identidade à nacionalidade
do indivíduo. Era importante impor um laço de pertencimento ao território onde o sujeito se
encontrava. Para este não havia necessidade, pois sabia que pertencia àquele lugar, ali estavam suas
origens e suas relações sociais que eram concentradas no domínio da proximidade. Não havia dúvidas
quanto à veracidade de sua nacionalidade.
Mas, com o nascimento do Estado moderno, surgem mudanças e o indivíduo, que antes
mantinha uma relação de proximidade, começa a ser deslocado daquele lugar ao qual pertencia. Um
bom exemplo das transformações ocorridas está na revolução dos transportes, que propiciaram uma
rápida expansão dos territórios. Dessa forma, com o desenvolvimento das regiões e a consequente
legitimação da nação, o problema da identidade seria visto de forma positiva e as pessoas assim
admitiriam sua nacionalidade/identidade.
Nesse sentido, podemos observar que, desde o início, a identidade nacional foi vista como um
marco da soberania do Estado. Por muitas vezes, para se mantê-la, mesmo que incompleta, fazia-se um
esforço gigantesco e usava-se uma pequena dose de força para que a nacionalidade fosse protegida.
Vale salientar que as identidades consideradas “menores” só seriam aceitas se não violassem a lealdade
nacional, pois o Estado detinha o poder e nada poderia estremecê-lo. Atualmente, podemos perceber
que muitas foram as mudanças ocorridas. As preocupações contemporâneas transcenderam a simples
(se podemos assim dizer) questão da identidade nacional. Na sociedade pós-moderna, temos assistido a
uma profusão de transformações, principalmente no campo das relações interpessoais, fazendo com
que haja mudanças no comportamento dos sujeitos.
Segundo Bauman (2005), a “identificação” se torna cada vez mais importante para os indivíduos
que buscam desesperadamente um “nós” a que possam pedir acesso. As “novas” relações começam a
interferir em nossas construções cotidianas, nossas práticas sociais, como forma de entendimento do
mundo. Com isso, as identidades, antes consideradas seguras e estáveis, começam a fragmentar-se.
Tudo o que somos e pensamos advém de nosso contato com o mundo. Nesse sentido, um “eu”
verdadeiro, um sujeito singular não é possível no contexto da pós- modernidade, pois seria determinado
por uma série de situações, seria um simulacro de um sujeito real. Hall (2005) aponta que as velhas
identidades, que por tanto tempo estabilizaram a vida social, estão em declínio, fazendo surgir novas
identidades e fragmentando o indivíduo moderno, até aqui visto como sujeito unificado. Não há mais
uma identidade una, centralizada, mas um sujeito plural, heterogêneo. Dessa forma, ao refletirmos
sobre a questão do sujeito na era da globalização, vislumbramos carências, dúvidas e urgências,
presentes nesse indivíduo, perdido em suas inseguranças, com a necessidade emergencial de pertencer
a algum lugar. Será esse um colapso do sujeito moderno? Uma crise de identidade? Como observa
Mercer (1990, p. 43), “a identidade somente se torna uma questão quando está em crise, quando algo
que se supõe como fixo, coerente e estável é deslocado pela experiência da dúvida e da incerteza”.
(Sheila da Silva Monte. A IDENTIDADE DO SUJEITO NA PÓS-MODERNIDADE: ALGUMAS REFLEXÕES. ITABAIANA:
GEPIADDE, Ano 6, Volume 12/jul-dez de 2012.)
A partir dos textos acima, que têm caráter unicamente motivador, redija, utilizando a modalidade
padrão da língua escrita, um texto dissertativo-argumentativo que verse acerca do seguinte tema:
Em seu texto:
• Defina minorias e grupos de exclusão;
• Aborde as práticas sociais que auxiliam na construção da identidade das minorias e dos
grupos de exclusão.
Texto 2
Ultimamente tem se falado muito sobre apropriação cultural nas redes sociais. Textos e mais
textos sobre o tema, discussões, muitas vezes infrutíferas, e esvaziamento de conceitos. Sim, acredito
que é necessário se discutir essa questão com seriedade, porém, sem intransigências e desonestidade.
Há colunistas, por exemplo, escrevendo que apropriação cultural não existe, e por outro lado, pessoas
colocando a responsabilidade nos indivíduos, ignorando as questões estruturais. Acredito que ambos os
caminhos são equivocados.
Precisamos entender como o sistema funciona. Por exemplo: durante muito tempo, o samba foi
criminalizado, tido como coisa de “preto favelado”, mas, a partir do momento que se percebe a
possibilidade de lucro do samba, a imagem muda. E a imagem mudar significa que se embranquece seus
símbolos e atores para com o objetivo de mercantilização. Para ganhar dinheiro, o capitalista coloca o
branco como a nova cara do samba.
Por que isso é um problema? Porque esvazia de sentido uma cultura com o propósito de
mercantilização ao mesmo tempo em que exclui e invisibiliza quem produz. Essa apropriação cultural
cínica não se transforma em respeito e em direitos na prática do dia a dia. Mulheres negras não
passaram a ser tratadas com dignidade, por exemplo, porque o samba ganhou o status de símbolo
nacional. E é extremamente importante apontar isso: falar sobre apropriação cultural significa apontar
uma questão que envolve um apagamento de quem sempre foi inferiorizado e vê sua cultura ganhando
proporções maiores, mas com outro protagonista.
A partir dos textos acima, que têm caráter unicamente motivador, redija, utilizando a modalidade
padrão da língua escrita, um texto dissertativo-argumentativo que verse acerca do seguinte tema:
Texto 2
Segundo o ginecologista e obstetra Dr. Ricardo Luba, na década de 70, o Brasil também passou
por uma epidemia de sífilis semelhante a que estamos vendo agora devido à liberação sexual e aos
valores que foram contestados na época. Para ele, a falta de cuidado consigo mesmo é algo muito
enraizado na mentalidade dos brasileiros. Isso rebate conceitos preconceituosos, tanto é que pessoas
do mais alto nível intelectual também podem contrair, devido à negligência com o próprio corpo, algo
que vem acontecendo com homens e mulheres ao redor do mundo.
O principal fator é a falta do uso de preservativo associado a um comportamento de risco, que
implica na rotatividade de parceiros e parceiras. Não há problema em ter uma vida sexual agitada desde
que você se proteja e faça exames de rotina com certa regularidade. Quando descoberta no estágio
primário, a sífilis pode ser tratada com uma dose única de penicilina benzatina intramuscular. O
problema maior começa a surgir quando o diagnóstico não é feito rapidamente.
(Débora Stevaux. “5 perguntas para entender a epidemia de sífilis no Brasil”. www.claudia.abril.com.br, 21.04.2017. Adaptado.)
Texto 3
Segundo a médica colaboradora da Organização Mundial de Saúde (OMS), Nemora Barcellos, o
esgotamento do impacto das campanhas de uso de preservativos e da sua ampla disponibilização
parece ser um dos fatores do agravamento dos casos de sífilis. Para ela, a principal forma de prevenção
é o uso de preservativos no ato sexual. Por outro lado, a implicação do desabastecimento de penicilina
afeta a evolução individual da doença e a possibilidade de cura, já que o tratamento correto e completo
também é considerado uma forma eficaz de controle, pois interrompe a cadeia de transmissão. Além
disso, o tratamento de ambos os parceiros é muito importante na prevenção para impedir que ocorra a
reinfecção, garantindo que o ciclo seja interrompido.
Para a médica, o histórico de prática sexual sem uso de preservativos deve ser investigado com
seriedade em consultas, seja na atenção básica, seja com especialistas da área de ginecologia ou
urologia. A existência de testes rápidos para sífilis facilita muito a investigação.
(Marina Wentzel. “Como se proteger da epidemia de sífilis no Brasil?”. www.bbc.com, 24.09.2016. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A epidemia de sífilis no Brasil é resultado do comportamento dos jovens ou de problemas do sistema
de saúde?
Texto 2
Tema bastante controverso, a redução da maioridade penal vem conquistando um número cada
vez maior de adeptos, que, pressionados pela sensação generalizada de insegurança, veem a sua
implantação como a única solução imediatamente possível para a diminuição da criminalidade praticada
por menores.
Vige desde o século XIX a teoria de que crianças e adolescentes não possuiriam o
desenvolvimento intelectual e psicológico completo, necessário e essencial para a responsabilização
criminal nos termos do Código Penal. Considerando-se as transformações ocorridas na sociedade, em
que os jovens têm maior acesso às informações e participam de forma cada vez mais autônoma das
diversas relações sociais, ter-se-ia por indispensável o conhecimento daquilo que é ou não lícito. Tanto é
assim, que o Código Civil prevê a capacidade relativa da pessoa com 16 anos completos, permitindo-lhe
casar, continuar atividade empresária já iniciada, dispor de seu patrimônio em testamento, ser
emancipado, dentre outras hipóteses. Além disso, a Constituição Federal autoriza que os menores
púberes (com 16 anos) possam exercer o direito de voto. Ora, seria inconcebível pressupor a capacidade
intelectiva para tais atos e sustentar que os jovens infratores não possuem plena consciência dos atos
ilícitos porventura cometidos.
A impunidade, certamente, é a causa principal da ocorrência, cada vez maior, de atos ilícitos
entre os adolescentes. Certos de que se capturados sofrerão restrição de liberdade por não mais de 03
anos, os jovens infratores se sentem atraídos por essa vantagem. A impunidade, além de constranger,
desrespeitar e violar os direitos das vítimas de crimes cometidos por menores infratores, incentiva a
prática de novos crimes, bem como a formação de novos infratores.
Izabelle Rhaissa F. Moreira. “Argumentos favoráveis à redução da maioridade penal”. https://jus.com.br, fevereiro de 2017. Adaptado.
Texto 3
“Se prisão resolvesse alguma coisa, nós deveríamos ser um país muito mais seguro”, comenta
Rafael Custódio, coordenador do programa de justiça da ONG Conectas Direitos Humanos. O sistema
prisional brasileiro atravessa problemas históricos, como a superlotação e o alto índice de reincidência
criminal. De acordo com dados do Conselho Nacional de Justiça, um em cada quatro condenados volta a
cometer crimes. Nesse cenário, Custódio aponta que inserir menores de idade no sistema penal adulto
contribuiria para que a violência aumentasse ao invés de diminuir. “O Brasil criou um sistema carcerário
que viola direitos, não recupera ninguém e só produz mais violência. Diante dessa realidade, nós
queremos trazer os adolescentes para essa lógica? Não faz sentido”.
Heloisa de Souza Dantas, mestre em Psicologia Comunitária pela Michigan State University,
também afirma que a redução da maioridade penal não é o caminho para combater a violência. Além de
investimentos em educação e saúde, a psicóloga defende que a sociedade deve mudar o tratamento
dado a esse assunto. “É um país que precisa olhar os adolescentes como seus filhos e não como
inimigos”. Sobre o debate acerca do assunto, a psicóloga acha que está se formando uma “cortina de
fumaça” que desvia as atenções do problema real. A maioria dos atos infracionais cometidos por jovens
estão relacionados ao tráfico de drogas, enquanto crimes hediondos representam um número menor.
Souza aponta que um investimento maior em inteligência policial ajudaria a pegar os “peixes grandes”
do tráfico de drogas ao invés de manter a política de encarceramento em massa, que não tem ajudado a
reduzir os índices de violência no Brasil.
Natália Silva. “Os riscos da redução da maioridade penal”. www.cartacapital.com.br, 08.11.2018. Adaptado.
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-
argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A redução da maioridade penal pode colaborar para a diminuição da violência no Brasil?
UEMA 2016
Os textos a seguir problematizam questões sociais. No texto I, o capítulo “Baleia”, de Vidas Secas,
apresenta e representa a condição humana, tentando criar novos caminhos. No texto II, o crítico
Hermenegildo Bastos diz que Baleia é figuração dos derrotados, uma consciência ao mesmo tempo
individual e coletiva que vive tanto o mundo da opressão, como o sonho de liberdade. No texto III,
“Cidade Prevista”, de Drummond, o sonho poético é de “um mundo ordenado, uma pátria sem
fronteiras”, em que todo homem carrega a responsabilidade de transformar as injustiças sociais.
Texto I
Baleia
A cachorra Baleia estava para morrer. Tinha emagrecido, o pelo caíra-lhe em vários pontos, as
costelas avultavam num fundo róseo, onde manchas escuras supuravam e sangravam, cobertas de
moscas.
Então Fabiano resolveu matá-la. Foi buscar a espingarda de pederneira, lixou-a, limpou-a com o
sacatrapo e fez tenção de carregá-la bem para a cachorra não sofrer muito. Ao chegar às catingueiras,
modificou a pontaria e puxou o gatilho. A carga alcançou os quartos traseiros e inutilizou uma perna de
Baleia.
Baleia pôs-se a latir e desejou morder Fabiano. Realmente não latia: uivava baixinho, e os uivos
iam diminuindo, tornavam-se quase imperceptíveis. Não poderia morder Fabiano: tinha nascido perto
dele, numa camarinha, sob a cama de varas, e consumira a existência em submissão, ladrando para
juntar o gado quando o vaqueiro batia palmas.
Baleia encostava a cabecinha fatigada na pedra. Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num
mundo cheio de preás. E lamberia as mãos de Fabiano, um Fabiano enorme. As crianças se espojariam
com ela, rolariam com ela num pátio enorme, num chiqueiro enorme. Um mundo ficaria todo cheio de
preás, gordos, enormes.
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. 127 ed. Rio de Janeiro: Record, 2015. (Com adaptações)
Texto II
Posfácio
Baleia é a figuração dos derrotados, mas transmite universalidade. Uma consciência ao mesmo
tempo individual e coletiva vive o mundo da opressão, mas também o sonho de liberdade. O sonho
termina em delírio porque não há lugar para ele, só pode ser realizado pela transformação do mundo.
Arte é liberdade, como tal se opõe ao mundo da opressão em que vivemos. O trabalho literário
é, assim, ao mesmo tempo, amaldiçoado porque lembra ao homem, pelo revés, a sua falta de liberdade,
mas também o espaço de resistência porque reafirma o horizonte da liberdade.
A primeira coisa que nos diz uma obra de arte é que o mundo da liberdade é possível, e isso nos
dá força para lutar contra o mundo da opressão. A arte é a antítese da sociedade.
BASTOS. Hermenegildo. Posfácio, Inferno, Alpercata: trabalho e liberdade em Vidas Secas. In:
RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. Rio de Janeiro: Record, 2015. (Com adaptações)
Texto III
Cidade Prevista
[...]
Irmãos, cantai esse mundo
que não verei, mas virá
um dia, dentro em mil anos
talvez mais... não tenho pressa.
Um mundo enfim ordenado,
uma pátria sem fronteiras
sem leis e regulamentos,
uma terra sem bandeiras,
sem igrejas, nem quartéis,
sem dor, sem febre, sem ouro
um jeito só de viver,
[...] Este país não é meu
nem vosso ainda, poetas.
Mas ele será um dia
o país de todo homem.
ANDRADE, Carlos Drummond de. A Rosa do Povo. 1 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
Para elaborar sua produção textual, considere a leitura das obras indicadas e dos textos
selecionados para compor esta prova. Redija um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, em que
defenda seu ponto de vista, de modo coerente, acerca do tema:
O MUNDO DA LIBERDADE É POSSÍVEL, E ISSO NOS DÁ FORÇA PARA LUTAR CONTRA A OPRESSÃO E AS
INJUSTIÇAS SOCIAIS.
Instruções
• Dê um título à sua redação.
• Utilize a norma padrão da língua.
• Não copie trechos dos textos apresentados na coletânea.
• Não escreva a lápis.
• Escreva de modo legível.
• Obedeça ao que consta no Edital n°80/2015 – REITORIA/UEMA a respeito da correção da Produção
Textual.
Será atribuída nota zero à prova de produção textual (redação) do candidato que identificar a
folha destinada à sua produção textual; desenvolver o texto em forma de verso; desenvolver o texto
sob forma não articulada verbalmente (apenas com números, desenhos, palavras soltas); fugir à
temática e à tipologia textual propostas na prova; escrever de forma ilegível; escrever menos de
quinze linhas; deixar a produção textual (redação) em branco.
Texto 2
Uma massa de 5,5 milhões de profissionais brasileiros já trabalha para ou com aplicativos,
segundo a Associação Brasileira Online to Offline, que representa as empresas do setor. Se esses
trabalhadores fossem considerados empregados formais, grupos como Uber, iFood ou Rappi seriam os
maiores do país em número de funcionários.
O Diretor da associação, Marcos Carvalho, contesta, no entanto, a tese defendida por muitos
atualmente de que haja vínculo trabalhista entre esses profissionais e as empresas. Segundo ele, “o
profissional tem total autonomia e flexibilidade para definir sua jornada de trabalho de acordo com o
que for conveniente, sem ter que prestar nenhuma satisfação com relação ao horário ou à forma como
ele vai realizar entregas, por exemplo. São pessoas que possivelmente estariam com grandes
dificuldades de ter uma fonte de renda. Isso mostra o impacto de inclusão social desses trabalhos num
momento de tanta fragilidade econômica como o que estamos tendo no país.”
(Guilherme Balza. “Brasil já tem mais de 5 milhões trabalhando para aplicativos”. https://cbn.globoradio.globo.com, 05.06.2019.
Adaptado.)
Texto 3
As empresas responsáveis pelos aplicativos afirmam que apenas fazem a “ponte” entre as partes,
as quais trabalham de forma autônoma e com liberdade de acordo com sua disposição e necessidades
— um argumento frequente em tempos de “uberização” do trabalho. Mas, para especialistas, não é
bem assim. “Este modelo de trabalho se apoia no discurso do empreendedorismo, na ideia de você não
ter patrão e poder fazer o seu próprio horário”, afirma Selma Venco, socióloga do Trabalho e professora
da Unicamp. Segundo ela, este “discurso neoliberal camufla a real situação, que é a de precarização não
apenas nas relações de trabalho, mas também nas condições de vida. Há uma superexploração do
trabalhador, pois ele terá que trabalhar uma jornada de 14 ou 15 horas para ter um ganho mínimo, ou
seja, irá além dos limites físicos para poder sobreviver. E sem nenhuma proteção, nenhum direito
associado a isso.”
(Gil Alessi. “Jornada maior que 24 horas e um salário menor que o mínimo, a vida dos ciclistas de aplicativo em SP”.
https://brasil.elpais.com, 13.08.2019. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-
argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.
Obs.: O texto deve ter título e estabelecer relação entre o que é apresentado nos textos da coletânea.
Texto I
Muitas vezes, tomamos conhecimento de movimentos nacionais e internacionais de luta contra a
fome. Ficamos sabendo que, em outros países e no nosso, milhares de pessoas, sobretudo crianças e
velhos, morrem de penúria e inanição. Sentimos piedade. Sentimos indignação diante de tamanha
injustiça (especialmente quando vemos o desperdício dos que não têm fome e vivem na abundância).
Sentimos responsabilidade. Movidos pela solidariedade, participamos de campanhas contra a fome.
Nossos sentimentos e nossas ações exprimem nosso senso moral.
Marilena Chauí, filósofa
Texto II
Em todo o mundo joga-se fora ou perde-se, por ano, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos, o
equivalente a um terço da produção total e mais da metade da colheita de cereais. Num cenário em que
a população do planeta deve saltar dos atuais 7 bilhões para 9 bilhões de habitantes até 2050, impõe-se
a revisão urgente dos padrões de consumo e de produção alimentar. Assim, o Programa das Nações
Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a Organização das Nações Unidas para Alimentação e
Agricultura (FAO) decidiram lançar uma campanha de conscientização para tentar reduzir o desperdício
que se verifica, em maior ou menor grau, em todos os países.
O Estado de S.Paulo, 02/02/2013
Texto III
De acordo com um levantamento da FAO (sigla em inglês para “Food and Agriculture
Organization”, agência especializada das Nações Unidas destinada a lidar com assuntos como este),
apesar do número ainda grande de famintos, atualmente por volta de 1 bilhão de pessoas, pela primeira
vez em quinze anos o número total de pessoas em situação de insegurança alimentar registrou queda
de 10%. Outro dado positivo é que, atualmente, as chamadas fronteiras da fome, ou seja, o conjunto de
países com problemas crônicos de distribuição alimentar, vem diminuindo.
www.infoescola.com, acesso em setembro de 2013
Texto II
Folha de São Paulo, 28/03/2020
Pandemia leva a guerra estúpida entre 'arautos da vida' e 'campeões da economia' (Demétrio Magnoli)
Texto III
El país (28/03/2020): OCDE calcula que cada mês de confinamento tira dois pontos do PIB
O organismo calcula que a Espanha será uma das economias mais afetadas
Conforme a pandemia de coronavírus avança, a OCDE traça um panorama cada vez mais sombrio
para a atividade. Segundo seus cálculos, por cada mês de confinamento as economias sofrerão uma
perda de aproximadamente dois pontos percentuais do PIB. A conta é a seguinte: o PIB de uma
semana é aproximadamente 2% do de todo o ano (52 semanas). Se este cair 25% durante quatro
semanas, então estão se esfumando dois pontos do PIB ao mês.
(disponível em https://brasil.elpais.com/economia/2020-03-28/ocde-calcula-que-cada-mes-de-
confinamento-tira-dois-pontos-do-pib.html, acessado em 30.03.2020).
Nesse ano, a crise do coronavirus trouxe à tona uma antiga dicotomia entre economia e vidas humanas.
Dentro desse contexto e com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva
um texto dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Crise do coronavirus: entre a economia e a saúde.
TEXTO I
Constituição de 1988
Art. 5. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição.
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 4º - Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus
descendentes.
§ 5º - Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e
pela mulher.
Veja: Em um artigo para o jornal The Guardian, a senhora afirmou que a gravidez era um contrassenso.
Por quê?
Texto II
Susan Greenfield: Referia-me à questão profissional. São poucas as mulheres na minha área que
conseguem chegar aonde eu cheguei. É difícil desde o início. No colégio, as meninas recebem menos
incentivos do que os meninos para seguir a carreira científica. Afinal, ciência é coisa de homem. Quando
conseguem superar essa barreira, elas encontram outro obstáculo: a gravidez. Não sou contra ter filhos,
mas, na ciência, quem se afasta, mesmo que por pouco tempo, perde a vez, infelizmente. Eu optei por
não ter filhos. (...)
Revista Veja, Entrevista, 9/01/2013.
TEXTO III
MULHERES MAIS PODEROSAS DO MUNDO
Angela Merkel: Chanceler da Alemanha.
Hillary Clinton: Secretária de Estado dos E.U.A.
Dilma Rousseff: Presidente do Brasil
Melinda Gates: Co-presidente da Fund.Bill & Melinda Gates
Jill Abramson: Editora-executiva do New York Times
Christine Lagarde: Diretora Geral do FMI
(http://www.forbes.com/power-women/)
TEXTO IV
A PRIMEIRA MULHER BRASILEIRA
Ada Rogato: aviadora a chegar sozinha à Terra do Fogo, no extremo sul do nosso continente (1960).
http://www.engbrasil.eng.br/revista/v112009/historia)
Rachel de Queiroz : a ingressar na Academia Brasileira de Letras (1977)
Nélida Piñon: a presidir a ABL, em 1996 e 1997
Maria das Graças Foster: a presidir a Petrobrás,2012
Dalva Mª Carvalho Mendes: a ser promovida oficial general das forças armadas brasileiras, em 2013.
(folha.uol.com.br 10/01/2013)
TEXTO V
A mulher ficava mais presa aos cuidados com o lar enquanto cabia ao marido sustentar a família
até os anos de 1970, mas a necessidade de maior renda e a busca pela igualdade com o homem a levou
ao mercado de trabalho.
Sócio-diretor do Data Popular, Renato Meirelles lembra ainda que muitas delas ainda são chefes
de família. ''Como a mulher geralmente é quem administra as despesas domésticas, ao ajudar
diretamente no pagamento dessas, ela ganhou voz muito maior dentro de casa'', afirma.
Folha de Londrina, 17/11/2012
Texto VI
TEXTO II
Entrevista com Zilda Márcia Gricoli, historiadora e diretora-executiva do Laboratório de Estudos da
Intolerância da Universidade de São Paulo (USP), que investiga e discute o tema em todas suas
vertentes.
Texto III
Fascismo, comunismo, nazismo e todos os outros ismos totalitários produziram ao longo dos
tempos algumas das mais pavorosas cenas de intolerância perpetradas pelo homem contra alguém que
ele julga diferente. “Fogueiras, patíbulos, decapitações, guilhotinas, fuzilamentos, extermínios, campos
de concentração, fornos crematórios, suplícios dos garrotes, as valas dos cadáveres, as deportações, os
gulags, as residências forçadas, a Inquisição e o índex dos livros proibidos”, descreveu o jurista italiano
Italo Mereu, são algumas das mais bárbaras manifestações de ódio adotadas por quem julga “possuir a
verdade absoluta e se acha no dever de impô-la a todos, pela força”. A praga da intolerância só atinge
esse patamar de perversidade quando um outro valor já não vigora mais há muito tempo: a democracia.
É mais ou menos assim que as coisas funcionam. Aniquila-se a democracia em nome de um ideal
revolucionário que promete semear a liberdade e o fim da opressão dos mais fracos. Essa é a promessa,
mas o que se colhe jamais é a libertação, apenas abuso e intolerância. Numa primeira fase, o abuso é
interno e concentrado contra os inimigos políticos do regime. Depois, todos se tornam inimigos em
potencial e até a delação de vizinhos vira uma arma de controle social. Na fase seguinte, surgem as
guerras contra os inimigos externos.
(Amauri Segalla. Veja, 16.04.2003. Adaptado.)
Com base nas informações e reflexões dos textos apresentados – ou, ainda, agregando a eles outros
elementos que você julgar pertinentes –, redija uma dissertação em prosa e em norma padrão sobre o
seguinte tema:
A intolerância em xeque
produtividade média quatro vezes superior à das informais”, explica Fernando Veloso, economista e
pesquisador da área de Economia Aplicada da FGV IBRE.
Segundo a Síntese de Indicadores Sociais 2018 do IBGE, o contingente de brasileiros com
trabalho informal chegou a 37,3 milhões de pessoas, ou 40,8% da população com algum tipo de
ocupação. Com uma série de encargos sociais incidindo sobre a contratação, não é incomum que as
empresas optem por utilizar mão de obra sem registro. “O recolhimento de inúmeras contribuições,
nem sempre revertidas em benefícios ao colaborador, cria praticamente uma tributação sobre a folha
de pagamento. Isso gera um efeito que incentiva a informalidade, tanto da parte da firma quanto do
trabalhador”, analisa Veloso.
(“Como a informalidade afeta a produtividade e a economia?”. https://g1.globo.com, 28.08.2019.
Adaptado.)
TEXTO II
A entrada de trabalhadores no mercado informal ajudou a reduzir o desemprego e colocou um
número recorde de pessoas na força de trabalho. Mas esse fenômeno, que à primeira vista pode indicar
uma reação da economia, não se traduziu em melhora na produtividade. Para especialistas, é mais um
sintoma da fraqueza da atividade econômica e de sua lenta recuperação, refletidos no resultado do
Produto Interno Bruto (PIB) do país.
O professor da faculdade de economia da USP, Hélio Zylberstajn, observa que é evidente que
para um desempregado é melhor conseguir uma ocupação informal do que nada, mas a informalidade é
uma coisa muito ruim, visto que, por exemplo, o rendimento médio de um trabalhador sem carteira
assinada pode ser quase 40% menor que o de um registrado, segundo o IBGE.
(Taís Laporta e Marta Cavallini. “Desemprego cai, mas aumento do trabalho informal dificulta retomada
da economia”. https://g1.globo.com, 31.08.2018. Adaptado.)
TEXTO III
O Brasil registrou em 2018 recorde de trabalhadores sem carteira assinada, e a informalidade
atingiu o maior nível desde 2012, quando o IBGE começou a fazer sua atual pesquisa. O trabalho por
conta própria, por exemplo, garantiu o sustento de praticamente um em cada quatro brasileiros
(25,4%).
Segundo o IBGE, o desemprego fechou 2018 em queda, algo que não acontecia havia três anos. A
taxa média de desocupação foi de 12,3%, contra 12,7% em 2017. Em 2018, 12,8 milhões de brasileiros
estavam sem emprego, menos que os 13,2 milhões de 2017. “Desde o segundo trimestre de 2018,
percebeu-se uma queda significativa da desocupação, o que seria uma notícia excelente não fosse o fato
de ela vir acompanhada por informalidade. Ou seja, em termos de qualidade, há uma falha nesse
processo de recuperação”, declarou Cimar Azeredo, coordenador de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Segundo ele, a informalidade vem acompanhada por uma série de fatores desfavoráveis, como a
falta de estabilidade, o rendimento baixo e a falta da segurança previdenciária.
(“Informalidade bate recorde, e 1 a cada 4 pessoas trabalha por conta própria”.
https://economia.uol.com.br, 31.01.2019. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto
dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Informalidade no mercado de trabalho: entre a necessidade de uma ocupação e os prejuízos para a
economia
TEXTO II
Teorias da conspiração ajudam o populismo de direita
Deutsche Welle: As teorias da conspiração são diversas: elas podem ser divertidas, porque são
inofensivas, como Elvis, que supostamente vive numa ilha solitária, ou ridículas, quando dizem que
Angela Merkel é uma alienígena. Quando uma teoria da conspiração se torna problemática?
Michael Butter: Mesmo uma teoria da conspiração inofensiva à primeira vista pode ser problemática,
como quando alguém acredita que Angela Merkel é uma alienígena e acha que precisa fazer algo a
respeito. Em geral, elas não são inofensivas quando são dirigidas contra os mais fracos ou minorias,
como refugiados ou, historicamente, contra os judeus. Ao mesmo tempo, as teorias da conspiração
podem, claro, ser perigosas para nossa coexistência democrática.
DW: Pelo fato de que a desconfiança em relação à política fica fora de controle?
MB: Se alguém acredita que os nossos políticos estão todos em um grande conluio e que não faz
diferença alguma votar na CDU ou no SPD ou nos Verdes ou na Esquerda, porque eles são todos
marionetes de uma conspiração, então ou a pessoa se retira da cena política e não participa mais de
nada – esse seria o famoso desencantamento político – ou a pessoa vota naqueles que se apresentam
como uma verdadeira alternativa a essa velha política. E estes são, nos últimos anos, em todo o mundo
ocidental e também além dele, os partidos populistas de direita, que na realidade também não
contribuem realmente para a solução dos problemas.
DW: O que torna os defensores das teorias da conspiração tão resistentes aos fatos?
MB: Estudos dos EUA mostram que os teóricos da conspiração acreditam ainda mais em suas teorias da
conspiração depois que são confrontados com evidências conclusivas que as desmentem. As teorias da
conspiração são extremamente importantes para a identidade daqueles que acreditam nelas. Elas são
uma oferta de explicação de como o mundo funciona. E nelas tudo funciona, não há coincidências, uma
engrenagem encaixa na outra. A crença e a propagação das teorias da conspiração tornam possível à
pessoa se destacar da multidão. Os defensores de teorias da conspiração dizem de si mesmos:
“Entendemos como o mundo realmente funciona. Nós acordamos, abrimos nossos olhos, enquanto
outros estão andando pelo mundo dormindo.” Por isso, a identidade deles é muito dependente das
teorias da conspiração.
DW: Mesmo mudanças que são percebidas pela maioria das pessoas como conquistas e coisas óbvias,
como a igualdade de gênero, são usadas para teorias da conspiração. Será que a realidade é liberal
demais para os seguidores dessas teorias?
MB: As teorias da conspiração frequentemente têm um forte ímpeto conservador no sentido de
preservar uma ordem ameaçada ou trazer de volta uma ordem abolida pelos supostos conspiradores.
Este é também um paralelo em relação ao populismo. Tanto teóricos da conspiração como populistas
são movidos por uma nostalgia pelo passado. Tomemos como exemplo o medo de homens brancos nos
EUA que veem sua posição social sendo minada cada vez mais. Mesmo quando eram pobres, ficaram
por muito tempo acima de todos os que não eram brancos – e ficavam acima das mulheres. E agora eles
mesmos são desafiados. Esta é uma defesa contra uma mudança social que certas pessoas não querem
aceitar e que passam a tomar como efeitos de uma conspiração, contra a qual seria perfeitamente
legítimo lutar, já que essa luta seria apenas a defesa contra um complô.
1 - Populismo: aqui, no sentido de conjunto de práticas políticas que se justificam por um apelo direto
ao “povo”, geralmente contrapondo esse grupo às “elites” e às instituições.
2 - Partidos políticos na Alemanha.
Entrevista de Michael Butter* a Deutsche Welle, 20/06/2019.
Adaptado. * Professor de Literatura e História da Universidade de Tübingen.
centro, está falhando em restaurar ou manter a paz em diversas partes do mundo. A globalização não
apenas incentivou a mobilidade, dando às pessoas um melhor acesso à informação e transporte, mas
também tem reforçado as desigualdades dentro e entre Estados, fornecendo assim outra motivação
para as pessoas migrarem. Enquanto o seu impacto é impossível de quantificar, o processo de mudança
climática e do aumento da incidência e intensidade de desastres naturais está agindo como um novo
vetor de deslocamento forçado”.
(Jeff Crisp, pesquisador do Centro de Estudos de Refugiados da Universidade de Oxford e conselheiro
político para a ONG Refugees International)
PROPOSTA
A partir da leitura dos excertos acima, escreva um texto dissertativo em prosa cujo tema seja:
“Globalização, refúgio, imigração e hospitalidade”
1. Cuide para que seu texto não se transforme em um amontoado de frases feitas e clichês sobre o
tema. Procure desenvolver um ponto de vista consistente e expressivo sobre o assunto abordado,
expondo as ideias de modo coerente.
2. O texto deve ser escrito na variante culta formal da língua portuguesa. Portanto, não use gírias e
certos recursos expressivos muito informais.
3. Embora se trate de um texto dissertativo, é plenamente possível que o candidato se expresse na 1a,
2a ou 3a pessoas do discurso.
4. A criatividade na forma de desenvolver a dissertação é sempre bem-vinda, desde que acompanhada
de uma argumentação consistente.
rebatido com exemplos de companhias que conseguiram adequar instalações sem comprometer seu
orçamento, conforme informação do secretário municipal da Pessoa com Deficiência e Mobilidade
Reduzida, Cid Torquato Júnior. De acordo com o secretário, o Brasil conta cada vez mais com ampla
diversidade de recursos, inclusive tecnológicos, que auxiliam as pessoas com deficiência em suas
atividades. “Muitos deles são gratuitos ou de baixo custo, caso de alguns softwares leitores de tela”,
pondera. (Jornal do Advogado. “Lei de Cotas para Deficientes está longe de atingir metas”.
www.oabsp.org.br, 12.04.2017. Adaptado.)
TEXTO II
Passados 25 anos de vigência da Lei de Cotas para Deficientes, o que temos para festejar é o
nosso sonho de que um dia a realidade social possa ser perfeita. As pessoas com deficiência não devem
ser destinatárias de atos de caridade, mas de políticas públicas e privadas que lhes garantam a
dignidade humana.
O não cumprimento das cotas definidas pela Lei tem acarretado a aplicação de multas
injustas às empresas, mas não é fácil cumprir a lei por conta da ineficiência das ações estatais. Um
exemplo: é comum que uma empresa, depois de enfrentar todas as dificuldades para selecionar um
empregado com deficiência, ainda assim não possa contratá-lo pelo fato de não existir um serviço de
transporte público nas imediações da empresa que seja adaptado às necessidades da pessoa com
deficiência. E a multa sancionada pelo não cumprimento da cota é fixada contra o empresário.
As empresas enfrentam muita burocracia: provar, por laudo, a deficiência do empregado;
adotar um programa de acompanhamento para garantir a integração ao ambiente de trabalho; não
poder contratar trabalhadores com um único tipo de deficiência – por exemplo, contratar apenas cegos
seria discriminação às outras deficiências; não poder exigir experiência anterior, porque existe um
débito social com o trabalhador com deficiência; idem quanto à escolaridade; prover as adequações
físicas, sendo que as entrevistas, por exemplo, precisam estar aparelhadas com os meios necessários –
intérprete de sinais, testes em braile etc.
O não atendimento a essas exigências, assim como o não cumprimento das cotas, pode ser
punido com multas pesadíssimas e a negativa de emprego pode ser considerada crime. Temos uma lei
atrasada, cujo ideal jamais foi alcançado em 25 anos. Não só as ações oficiais de políticas inclusivas são
irrisórias, como temos um sistema apto a sancionar empresas, mas inapto a sancionar o maior devedor
social: o Estado.
Com base em seus conhecimentos e nos textos apresentados, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
O fracasso da lei de cotas para deficientes: negligência das empresas ou falha do Estado?
• Os (As) candidatos(as) que não obedecerem à proposta da produção quanto ao gênero textual, tema e
número de linhas (mínimo de 20 e máximo de 30 linhas) serão penalizados na correção do texto.
• Dê um Título à sua redação. A ausência do título implica na perda de pontos, mas não na anulação da
redação.
• Apresente a redação de forma legível e sem rasuras na FOLHA DE REDAÇÃO DEFINITIVA, utilizando
caneta esferográfica com tinta azul ou preta.
• Para o rascunho, use a folha disponível no final deste caderno.
• Será considerada para avaliação apenas a FOLHA DE REDAÇÃO DEFINITIVA.
• Use a norma culta da linguagem.
Produza um artigo de opinião, assumindo o papel social de um leitor de jornal que intenciona publicar
seu ponto de vista em relação à questão: Cidadãos oriundos de países com violência constante ou em
situação de grande pobreza têm sido obrigados a procurar refúgio em locais distantes de seu hábitat.
Tendo em vista o grande número de imigrantes recebidos pelo Brasil, o que fazer para proporcionar a
integração desses refugiados e evitar as manifestações de xenofobia e intolerância contra essas
pessoas?
Não se esqueça de que o artigo de opinião é um texto argumentativo, por isso, além de se posicionar
frente à questão exposta, é preciso selecionar bons argumentos para a defesa da sua tese. Os textos, o
infograma e a charge a seguir discorrem sobre a questão apresentada. Mas lembre-se de que eles
podem ser usados apenas como suportes para a sua argumentação e nunca copiados deliberadamente.
Você será avaliado pelo grau de autoria do texto!
TEXTO I
ONU: número de refugiados é o mais alto da história
A agência para refugiados da Organização das Nações Unidas (ONU) informa que o número de
pessoas deslocadas por conflitos é o mais alto da história, superando até mesmo os dados da II Guerra
Mundial, quando dezenas de países dos cinco continentes se envolveram no mais devastador embate
bélico da humanidade. O total de refugiados no final de 2015 atingiu 65,3 milhões, ou uma em cada 113
pessoas do planeta Terra, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados
(ACNUR). O número representa um aumento de 5,8 milhões em relação ao ano anterior. O relatório
oferece três razões principais para o aumento da taxa de deslocamentos forçados: situações de longo
prazo, tais como o conflito no Afeganistão; situações novas e crescentes, tais como os conflitos na Síria e
Sudão do Sul; e o ritmo lento para implantar soluções para os refugiados e deslocados internos.
(Adaptado de: https://veja.abril.com.br/mundo/onu-numero-de-refugiados-e-o-mais-alto-da-
historia/. Acesso em: 20 jul. 2016.)
TEXTO II
Vilarejo na Suíça prefere pagar multa de 1 milhão de reais a receber 10 refugiados
Um dos vilarejos mais ricos da Europa decidiu pagar uma multa de 290 mil francos suíços, mais
de 1 milhão de reais, para não receber cerca de dez refugiados, de acordo com a nova cota imposta pelo
governo da Suíça. Segundo o jornal Independent, a maioria dos residentes de Oberwil-Lieli votou “não”
em um referendo para aceitar os imigrantes porque eles “não iriam se encaixar”. Recentemente, o
Governo Federal anunciou que iria cumprir com a promessa de aceitar 50 mil pedidos de asilo no país.
Por rejeitar os planos, o vilarejo causou revolta na Suíça, com cidadãos acusando os moradores do local
de racismo. A população da cidade conta com 300 milionários entre os seus 22 mil habitantes. Um dos
residentes disse ao jornal britânico Daily Mail que “apenas não os queremos aqui, é simples assim”.
“Nós trabalhamos duro durante todas as nossas vidas e temos um adorável vilarejo que não queremos
que seja prejudicado”, disse o morador que pediu para não ser identificado.
(Adaptado de: https://veja.abril.com.br/mundo/vilarejo-na-suica-prefere-pagar-multa-de-1-
milhao-de-reais-a-receber-10-refugiados/. Acesso em: 20 jul. 2016.)
TEXTO III
TEXTO IV
Vice-governador do Texas sugere que idosos arrisquem a vida pela economia (UOL 24/03/2020)
O vice-governador do Texas, Dan Patrick, sugeriu em um programa de TV da Fox News que as
pessoas devam voltar às suas vidas normais em meio a pandemia de coronavírus para salvar a economia
dos Estados Unidos. Na entrevista ao jornalista Tucker Carlson, o político disse que até mesmo os idosos
devem deixar o isolamento preventivo. (...)
Segundo Patrick, ver a economia dos EUA em colapso após um possível fechamento de três
meses é pior que a morte. "Nosso maior presente que damos ao nosso país, nossos filhos e netos, é o
legado de nosso país", afirmou o vice-governador. "E agora, isso está em risco, e eu sinto que, como
disse o presidente, a taxa de mortalidade é tão baixa, temos que fechar o país inteiro por isso?".
Os posicionamentos de Dan Patrick não foram bem recebidos nas redes sociais dos EUA e ele
recebeu muitas críticas.
(Disponível em https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2020/03/24/vice-governador-do-texas-sugere-que-idosos-
arrisquem-a-vida-pela-economia.htm, acessado em 30.03.2019 ).
Em 2014, a FUVEST solicitou que o candidato emitisse sua opinião sobre a frase de Taro Aso de que “os
velhos deveriam se apressar em morrer”. Na época, foi solicitado um texto que discutisse o significado
da frase no mundo atual.
Passados seis anos, em plena crise do coronavírus, uma frase semelhante foi ouvida de uma autoridade
pública. Sendo assim, vale a pena voltar ao tema. O que se propõe agora é o seguinte:
Dada a desvalorização do idoso, disserte sobre a questão do valor social das pessoas mais velhas. Elas
deveriam ser valorizadas somente se houver algum ganho? Há ganhos na preservação da vida dessas
pessoas? Quais são os valores que devem servir de premissa para a preservação da vida do idoso?
Unidos, onde a pré-candidata à Presidência Hillary Clinton tem falado cada vez mais sobre a necessidade
de adotar políticas em favor das mulheres no mercado de trabalho.
COTAS PARA MULHERES? Exame. São Paulo: Abril, ano 49, n. 1091, p. 34, 10 jun. 2015.
Texto 2
Por muitos anos, a explicação para a distância salarial entre os gêneros e a ausência de um número
maior de mulheres em cargos de comando era baseada na diferença do que os economistas chamam de
capital humano — a qualificação acadêmica e profissional. Os homens, segundo essa argumentação,
tinham uma formação melhor e eram produtivos. À medida que o nível de educação feminina foi
aumentando, essa explicação foi perdendo força. Há mais de duas décadas as mulheres são maioria nas
universidades brasileiras.
COTAS PARA MULHERES? Exame. São Paulo: Abril, ano 49, n. 1091, p. 35, 10 jun. 2015.
Texto 3
COTAS PARA MULHERES? Exame. São Paulo: Abril, ano 49, n. 1091, p. 35, 10 jun. 2015
Após a leitura dos fragmentos, reflita sobre a necessidade ou não de se criarem cotas para as mulheres
no mercado de trabalho brasileiro e, em seguida, construa um texto argumentativo, em que fique clara
a sua posição diante dessa realidade social, apresentando proposta para essa questão, em norma culta
da língua portuguesa.
TEXTO I
O Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF) é um imposto previsto na Constituição brasileira de 1988, mas
ainda não regulamentado. Trata-se de um tributo federal que, por ainda não ter sido regulamentado, não
pode ser aplicado. Uma pessoa com patrimônio considerado grande fortuna pagaria sobre a totalidade de
seus bens uma porcentagem de imposto. Em determinados projetos de lei apresentados no Senado
Federal, as alíquotas previstas são progressivas, ou seja, quanto maior o patrimônio, maior a
porcentagem incidente sobre a base de cálculo. No Brasil, políticos e economistas divergem se o IGF é um
instrumento eficaz de arrecadação ou de diminuição da concentração de renda e de riqueza.
(“Imposto sobre Grandes Fortunas”. http://pt.wikipedia.org. Adaptado.)
Texto II
Sempre que o governo se vê acuado, a discussão sobre o IGF volta à baila, sob o argumento de que o
“andar de cima” precisa ser mais taxado. De acordo com uma proposta do Psol, seriam taxados em 1%
aqueles que têm patrimônio entre R$ 2 milhões e R$ 5 milhões. A taxação aumentaria para 2% para
aqueles cujos bens estejam estimados entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões. Para quem tem entre R$ 10
milhões e R$ 20 milhões, a taxação prevista é de 3%. De R$ 20 milhões a R$ 50 milhões, a mordida será
de 4%. E para os felizardos que têm acima de R$ 50 milhões, a cobrança será de 5%.
Trocando em miúdos, todo aquele que, por ventura, adquira um patrimônio acima de 2 milhões de reais
será punido anualmente com alíquotas progressivas, que variarão de 1 a 5%. Seu crime? Poupar e investir
a renda, no lugar de consumi-la. Sim, pois “fortuna” nada mais é do que o estoque de riqueza que alguém
acumula ao longo do tempo, resultado da poupança e/ou da transformação desta em capital
(investimento).
Como a renda no Brasil já é fortemente taxada, caso aprovem essa aberração, estaremos diante de um
caso típico de bitributação, pois a fortuna é a renda (já tributada originalmente) não consumida
transformada em ativos (financeiros e não financeiros). Sem falar que os ativos imóveis já são taxados
anualmente através do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) e do ITR (Imposto sobre a Propriedade
Territorial Rural). Ademais, taxar o patrimônio é absolutamente contraproducente para a economia do
país. Será mais um desincentivo à poupança e ao investimento, vale dizer, menos produção, menos
empregos, menos riqueza.
(Rodrigo Constantino. “Tributando a poupança”. www.veja.abril.com.br, 05.03.2015. Adaptado.)
Texto III
A estrutura tributária brasileira faz com que as camadas menos favorecidas economicamente sejam as
mais oneradas pela tributação no Brasil. De acordo com estudo do Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada (Ipea), os 10% mais pobres da população mobilizam 32% da sua renda no pagamento de
impostos, enquanto os 10% mais ricos gastam apenas 21%.
A auditora Clair Hickmann explica por que isso não deveria ocorrer: “Há alguns princípios básicos de
justiça fiscal que estão na Constituição. Um dos princípios consagrados é o da capacidade contributiva –
ou seja, cada cidadão tem que contribuir para o financiamento fiscal de acordo com seu poder aquisitivo
e econômico –, mas isso não acontece no Brasil. Outro princípio muito importante é o da progressividade,
que significa: quanto maior a renda, maior a alíquota.”
Justamente para modificar esse quadro de desigualdade é que surgem as propostas de taxação das
grandes fortunas. “A CUT tem defendido o imposto sobre grandes fortunas porque é preciso desonerar a
classe trabalhadora e onerar aqueles com maior capacidade de pagamento”, pontua o também
economista Miguel Huertas, da Central Única dos Trabalhadores.
Cabe ressaltar que uma maior taxação sobre bens e propriedades não é exatamente uma pauta “de
esquerda”. “Muitos reclamam de impostos no Brasil, mas eles na realidade são baixos quando
comparados com os EUA, Reino Unido ou Alemanha”, disse o economista francês Thomas Piketty. “Em
muitos países extremamente ricos, a taxação sobre a riqueza é maior do que a taxação sobre o consumo,
e são países capitalistas que são mais competitivos que o Brasil”, afirmou.
(Anna Beatriz Anjos e Glauco Faria. “A desigualdade traduzida em impostos”. www.revistaforum.com.br.
Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Para reflexão dessa proposta temos a presença de três textos, sendo um deles um texto não
verbal, visto que se trata de uma imagem, mais especificamente se trata de uma pintura de Debret. A
partir destes textos o vestibulando deve construir as suas ideias e argumentos que defendam a sua tese,
visto que se pede a produção de um texto dissertativo argumentativo.
A proposta pede para que o vestibulando pense a respeito do impacto da escravidão nos trabalhos
domésticos. Sendo assim, para compreender esse tema é necessária uma visão crítica a respeito do tema
e conhecimento da conjuntura de um país fundado por uma herança colonial. Logo, vamos aos textos
para compreendermos mais profundamente o tema.
No texto II já iniciamos a leitura do texto com uma informação crucial a respeito do perfil dos
trabalhadores domésticos no Brasil, visto que, segundo o texto, se realizássemos um encontro com todos
os trabalhadores domésticos do país o resultado seria uma população maior que o país da Dinamarca.
Esses reflexos são advindos da história escravagista do Brasil, desse modo, segundo a historiadora Marília
Bueno, após a Abolição, no ano de 1888, mulheres e homens negros ainda permaneciam em uma posição
de servos e escravos. Interessante também ressaltar o título do texto “O que faz o Brasil ter a maior
população de domésticas do mundo”. Esse título serve também para uma reflexão do vestibulando para
o direcionamento de sua argumentação.
Por fim, temos o texto III que demonstra dados que indicam que 80% dos trabalhadores
domésticos do Distrito Federal eram mulheres negras. Sendo assim, podemos refletir sobre as
disparidades socioeconômicas projetas desde o período colonial, com a presença da escravidão. O texto
ainda aponta uma fala interessante de uma pesquisadora de políticas públicas voltadas às relações raciais
e de gênero. Nessa fala, a especialista aponta que o Brasil possui como aspecto cultural a necessidade de
ter pessoas que trabalhem em suas casas, mantendo o laço de servidão e dependência advindo de uma
herança colonial.
Proposta:
A proposta pede para que você construa um texto dissertativo argumentativo a respeito da frase
tema: O IMPACTO DA ESCRAVIDÃO SOBRE O TRABALHO DOMÉSTICO NO BRASIL ATUAL. Desse modo,
perceba que os textos motivadores direcionam o candidato para a reflexão de como os fenômenos de
nossa história influenciaram na relação da servidão ainda presente no Brasil, principalmente, relacionada
às pessoas negras.
Desse modo, leia os textos com atenção e veja quais argumentos você pode selecionar a partir
dessas ideias e reflexão levando em consideração o que se sabe a respeito dessa temática sempre atual
no Brasil. Vamos ver agora alguns raciocínios possíveis diante dessa proposta?
Encaminhamentos possíveis:
- A figura do negro no Brasil ainda sofre com a presença do racismo e da condição de servidão
imposta durante o período da escravidão. Desse modo, são reflexos que ainda são cultivados na cultura
brasileira.
- Pode-se perceber que a escravidão causou impactos sociais de grandes proporções na vida dos
negros, tendo em vista que questões como as disparidades sociais e econômicas ainda são estigmas em
nossa sociedade.
- Devido à questão da servidão e da maioria das mulheres negras trabalhando como domésticas,
observamos o menor tempo de estudo, tendo em vista a necessidade de laborar em idade precoce. Logo,
acarreta a dificuldade de voltar aos estudos, tanto pela falta de estímulo, quanto pela falta de tempo
hábil. Por conseguinte, ocorre a permanência na servidão.
Comentário.
Frase-tema:
Para pensarmos a respeito dessa proposta de redação, temos a presença de quatro motivadores,
sendo o último um texto não verbal, ou seja, apresenta-se por meio de uma imagem, mais
especificamente um gráfico. A temática do “punitivismo” e a necessidade de reflexão a respeito do tema
encaminha-se por meio de um questionamento. Desse modo, é interessante encaminhar a proposta
argumentativa para tentativa de responder à pergunta da frase-tema, mas não precisa ser de forma
necessariamente direta. Portanto, temos a pergunta como um guia para a construção do texto
dissertativo argumentativo que precisa apresentar uma análise consistente acerca do tema.
Portanto, são lados que precisam de reflexão no texto dissertativo-argumentativo, em que você
deverá desenvolver um pensamento crítico capaz de compreender essa problemática a partir dos
elementos apontados no questionamento.
No Texto I temos o processo de construção do que seria o punitivismo. Ele indica que o “ideal
punitivista" seria uma exacerbação do dever do Estado, mais especificamente um direito penal de punir
direcionado à esfera estatal. Assim, é de direito, segundo o texto, punir aqueles que profanam o pacto
social e seu conjunto de leis. Em seu último parágrafo, aponta a ideia essencial de que, apesar de ser um
direito, a punição do Estado, aos indivíduos que corrompem as leis, tal poder não é ilimitado, visto que
há o Princípio da Dignidade da Pessoa Humana, ratificado pelo art. 1º, Inciso III da Constituição.
Já no Texto II temos a presença de dados de um estudo brasileiro que levantou dados nos Estados
Unidos, África do Sul e El Salvador, a respeito da letalidade policial nesses países, como forma de
demonstrar como a questão do punitivismo está diretamente relacionada ao da letalidade pelo uso de
armas de fogo e o aporte de que a punição letal seria uma solução. Além desses países, os dados mais
essenciais do texto são os dados relacionados ao punitivismo no Brasil, de acordo com esse estudo, desde
o ano de 2018 a quantidade de mortes envolvendo policiais cresceu, tendo a cidade do Rio de Janeiro
como destaque nessa problemática. Quais seriam as causas desse problema?
No texto III, encontramos dados que comprovam o quanto a polícia brasileira é letal em suas
ações. Além disso, o texto indica um dado importante, que seria onde essas ações policiais mais
apresentam ações punitivista letais: os locais em que encontramos maior vulnerabilidade
socioeconômica. Logo, qual seria a razão dessa letalidade justamente nessas áreas carentes de atenção
pública? Quais as consequências para essa população? Ela é assistida como deveria pelo Governo? Há
visibilidade para essas pessoas?
No texto IV temos um gráfico que apresenta o número de taxas de homicídio durante dez anos, a
partir do ano de 2008 até o ano de 2018. Observe que o número de homicídios se mostra crescente, assim
como a taxa de homicídios. Sendo assim, há um crescimento gradual, mas que apresenta queda ao fim de
2018. Desse modo, é interessante refletir sobre o que os dados do gráfico apontam. Quais seriam as
razões para tal queda, considerando os anos anteriores? Pense em como o tema do punitivismo começou
a ter mais visibilidade e discussão.
Observe o sentido bem sutil que o termo punitivismo pode adquirir quando encaramos a escolha
dos textos motivadores. O termo que dá sentido à proposta de redação se refere a uma questão jurídica.
Contudo, os textos que se seguem discorrem sobre a letalidade da polícia. Por quê? Para dar uma outra
dimensão ao conceito. No Brasil, as pessoas consideram que o “bandido” deve ser punido, seja por leis
mais severas, seja pela ação violenta da polícia. Contraposto ao punitivismo, devem-se considerar as
ações de inteligência da polícia, de prevenção de ações violentas e de leis que estimulem a inserção da
contraventor.
Seria o punitivismo uma ação ineficaz, visto que apenas leva em consideração
determinadas classes socioeconômicas.
Encaminhamentos possíveis
Abaixo apresento algumas ideias para a organização dos argumentos e para desenvolvimento
crítico do texto dissertativo-argumentativo.
Das causas:
- No Brasil, sempre houve uma certa desconfiança com as classes mais baixas, esse sentimento de
medo e insegurança se traduz na ideia de que a punição iria inibir os mais vulneráveis de se tornarem
foras da lei.
- Os policiais militares e uma parte dos juristas acreditam que somente punindo exemplarmente,
“os bandidos” respeitarão as autoridades.
- Muitos acreditam no seguinte argumento lógico: as pessoas só fazem o que é correto porque
têm medo da punição, se as penas forem brandas, isso não desestimulará a ação dos contraventores.
- O punitivismo dá vazão ao sentimento primitivo de vingança baseada no olho por olho dente por
dente.
- O punitivismo surge como forme de compensar uma sociedade que se percebe permissiva
demais, embora, paradoxalmente, boa parte dos atores sociais sejam beneficiários em alguma medida da
permissividade ética do cotidiano.
- Embora as leis brasileiras realmente sejam mais brandas, quando comparadas com as de outros
países, a ação policial, muitas vezes, é quase uma sentença de morte, fato que não fez com que a violência
diminuísse.
- É previsto, na lei brasileira, no máximo, 40 anos de prisão. Não temos prisão perpétua.
Das consequências:
- O punitivismo enraizado na sociedade brasileira torna boa parte dos brasileiros conivente com
uma prática violenta que ceifa a vida, inclusive de inocentes. Aceita-se que os policiais punam a ajam de
forma exagerada como forma de compensar um sistema judiciário visto como tolerante.
- A tendência do punitivismo como solução da violência urbana só gera ainda mais violência, visto
que o problema não é solucionado pela sua raiz.
- Marginalização de uma parcela da população, principalmente nos estados com maior taxa de
violência urbana.
- A solução simples de se aumentar a pena ou agir com violência impede a aplicação de outros
modelos baseados na inteligência para o agir policial e práticas de ressocialização para a
instrumentalização do sistema penitenciário.
Em uma frase-tema que possua uma pergunta como proposta, não precisamos responder de
forma direta a pergunta, mas é necessário que o seu posicionamento esteja claro ao longo de sua
argumentação. Além disso, esse posicionamento pode ser demonstrado já a partir de sua tese, visto que
a elaboração de sua tese auxilia nos argumentos a serem defendidos em seu desenvolvimento.
Agora vamos analisar um texto verbal e não verbal, trata-se de um infográfico. Esse texto tem
como objetivo indicar a forma de pensar dos novos líderes que, de acordo com o texto, vão mudar o
mundo. Apresenta como título das informações o nome “Rebeldes e sensatos”, dessa forma, os ativistas
são indicados como rebeldes, devido ao afinco às suas causas e a subversão ao que se apresenta errado.
Já o termo sensato auxilia nessa compreensão de que eles agem de acordo com um bem coletivo. O texto
aponta 10 aspectos relacionadas à forma de pensar desses Rebeldes Sensatos. Dentre os aspectos
podemos destacar a preocupação com os direitos das minorias e adoção de luta contra desigualdade
social, defesa do meio ambiente, contam com a ajuda das redes sociais, promovem a diversidade, entre
outros aspectos relacionados às causas sociais mais expressivas na contemporaneidade.
O texto 4 textos apresentam temos a problematização de um tema exibido no programa “Linhas
Cruzadas” em que temos considerações feitas pelo filósofo Luiz Felipe Pondé acerca da personalidade do
ativista fanático. Pondé indica que o ativista fanático seria um indivíduo de classe média-alta que possui
apenas um tema de defesa e pensa saber acerca de tudo sobre tal tema. Para Thays Oyama o perfil desse
tipo de ativista poderia se resumir de acordo com alguns tópicos, sendo alguns deles se ofender
facilmente, não aceitar discordâncias e apresenta sua causa como único tema a ser discutido, o perfil
monotemático levantado também por Pondé. Por fim, o filósofo encerra o texto apontando que também
há a presença do ativismo como uma forma de marketing, desse modo, vira uma espécie de nicho de
mercado.
Por fim, no texto 5 fala a respeito da discussão sobre figuras do passado que são exaltadas por
homenagens, como estátuas, mas que foram prejudiciais a determinados grupos no passado. Desse
modo, o texto indica atividades do projeto Cartografia Negra que busca, por meio de um passeio pela
cidade de São Paulo de modo a reconhecer um pouco da história por traz dos monumentos. O grupo
defende a derrubada de estátuas como um processo essencial para inserção do negro e do indígena na
história também de cada espaço.
Agora após reunirmos as informações mais importantes dos textos motivadores, podemos discutir
acerca das propostas pedidas pela banca.
Essa proposta pede que o vestibulando comente acerca do ativismo e sobre a sua ação na
contemporaneidade. Desse modo, é essencial que o candidato elabore uma dissertação que selecione
argumentos que aponte a ação dos ativistas e como elas influenciam na sociedade atual.
➢ A presença do ativismo garante uma sociedade mais racional e pautada nas necessidades
de discutir questões cruciais, como a preservação ambiental e eventos que causam
impactos universais.
➢ O gesto de ser ativista contempla a noção e o desejo de uma sociedade menos pautada no
individualismo.
➢ É necessário se pensar até que ponto o ativismo pode defender uma causa de forma
honesta, sem interesses pessoais por traz da intenção dos ativistas fanáticos.
➢ O perfil do ativista tem sido cada vez mais relacionado à juventude e sua sede por
mudanças, como percebemos com as ações de Malala e Greta Thunberg.
➢ As ativistas como Greta e Malala realmente serviram de exemplo para outras pessoas, que
procuram através da pressão social alterar a realidade.
➢ Sempre que ocorreram mudanças socias, eles estiveram associadas a algum tipo de
ativismo; no mundo contemporâneo não será diferente.
muito jovem com as causas ambientais, demonstra tanta importância pela causa que já participou até
mesmo de eventos internacionais como a Conferência do Clima da ONU. Além disso, Greta organizou
protestos semanais que ocorriam toda sexta feira, como forma de dar visibilidade ao tema.
No texto 2 encontramos outra figura importante no ativismo a favor dos direitos das meninas e
mulheres de terem seus direitos resguardados, principalmente o seu direito ao estudo. Malala vivia com
medo das implicações do domínio do Talibã, entretanto, não seria um medo paralisante, mas sim o que
provocou uma ação da jovem. Um episódio bastante conhecido sobre Malala é o atentado sofrido por
ela, em que levou um tiro na cabeça quando saia da escola, o que tornou a sua luta ainda mais expressiva
após sua recuperação. Logo, o texto comenta acerca do ativismo de Malala voltado às crianças e às jovens
e seu direito pela educação.
Agora vamos analisar um texto verbal e não verbal, trata-se de um infográfico. Esse texto tem
como objetivo indicar a forma de pensar dos novos líderes que, de acordo com o texto, vão mudar o
mundo. Apresenta como título das informações o nome “Rebeldes e sensatos”, dessa forma, os ativistas
são indicados como rebeldes, devido ao afinco às suas causas e a subversão ao que se apresenta errado.
Já o termo sensato auxilia nessa compreensão de que eles agem de acordo com um bem coletivo. O texto
aponta 10 aspectos relacionadas à forma de pensar desses Rebeldes Sensatos. Dentre os aspectos
podemos destacar a preocupação com os direitos das minorias e adoção de luta contra desigualdade
social, defesa do meio ambiente, contam com a ajuda das redes sociais, promovem a diversidade, entre
outros aspectos relacionados às causas sociais mais expressivas na contemporaneidade.
O texto 4 textos apresentam temos a problematização de um tema exibido no programa “Linhas
Cruzadas” em que temos considerações feitas pelo filósofo Luiz Felipe Pondé acerca da personalidade do
ativista fanático. Pondé indica que o ativista fanático seria um indivíduo de classe média-alta que possui
apenas um tema de defesa e pensa saber acerca de tudo sobre tal tema. Para Thays Oyama o perfil desse
tipo de ativista poderia se resumir de acordo com alguns tópicos, sendo alguns deles se ofender
facilmente, não aceitar discordâncias e apresenta sua causa como único tema a ser discutido, o perfil
monotemático levantado também por Pondé. Por fim, o filósofo encerra o texto apontando que também
há a presença do ativismo como uma forma de marketing, desse modo, vira uma espécie de nicho de
mercado.
Por fim, no texto 5 fala a respeito da discussão sobre figuras do passado que são exaltadas por
homenagens, como estátuas, mas que foram prejudiciais a determinados grupos no passado. Desse
modo, o texto indica atividades do projeto Cartografia Negra que busca, por meio de um passeio pela
cidade de São Paulo de modo a reconhecer um pouco da história por traz dos monumentos. O grupo
defende a derrubada de estátuas como um processo essencial para inserção do negro e do indígena na
história também de cada espaço.
Agora após reunirmos as informações mais importantes dos textos motivadores, podemos discutir
acerca das propostas pedidas pela banca.
Nessa frase tema temos a o ativismo como uma forma de auto- promoção social, desse modo,
entende-se a auto promoção como um ato individualista que fugiria do princípio básico do ativismo social.
Logo, nessa proposta o candidato deve refletir a respeito de ideias que discutam criticamente os
problemas acerca do ativismo para autopromoção. Sendo assim, a leitura dos textos e a compreensão
das intenções sociais do ativista, como lutar contra injustiças, promover a cultura das minorias e ajudar
jovens na evolução da educação, são ações próprias de um verdadeiro ativista, sem visar a auto
promoção.
Portanto, a partir dos textos e da reflexão do tem podemos indicar as seguintes ideias para a
argumentação em seu texto dissertativo:
Para construir o seu texto a proposta de redação pede que você considere o texto de apoio
presente na proposta. Dessa forma, vamos analisar brevemente a respeito do texto para que possamos
pensar em recortes essenciais para elaboração do texto?
O texto possui autoria da vice presidente executiva de uma empresa voltada para a nutrição e
saúde. Nesse texto a autora, Helen Mets, discute acerca da participação da mulher na ciência. A partir do
título já podemos compreender que essa discussão de gênero dentro da ciência é devido à importância
da igualdade de gênero e oportunidades dentro da ciência. O trecho “não somos mulheres na ciência-
somos cientistas” deixa nítida a questão da necessidade de igualdade e normalidade das mulheres na
ciência.
Ao longo do texto a autora discute a respeito da temática e apresenta dados que indicam menores
oportunidades para as mulheres no âmbito da ciência, como a indicação de que desde de 1901 apenas há
apenas 20 laureados femininos em Física, Química e Medicina, no Prêmio Nobel. A diversidade de gênero
é uma bandeira levantada pelo texto e, desse modo, deve servir como um guia para a defesa da tese em
seu texto. Vamos às teses possíveis para defesa levando em consideração o texto?
Argumentos possíveis:
➢ Devido ao machismo presente na sociedade a participação das mulheres na ciência ficou
cada vez mais em segundo plano, logo a diversidade de gênero mostra-se defasada e há
pouco reconhecimento das mulheres enquanto cientistas.
➢ A questão da dupla jornada de trabalho que as mulheres enfrentam ao cuidar de seus lares
e filhos dificulta a sua estabilidade no mercado de trabalho e em grandes empresas do
Estrutura:
A proposta da UFPR deixa nítida a informação de que as características formais do gênero
dissertativo argumentativo devem ser seguidas. Logo, lembre-se de que esse gênero exige a presença de
uma tese a ser defendida, ao apresentar essa tese e fundamentá-la por meio de sua argumentação,
você vai estar cumprindo com as características priorizadas pela banca. Não se esqueça de que o texto
deve ter no mínimo 12 e no máximo 15 linhas.
Preconceito Linguístico
O primeiro fragmento diz respeito ao Preconceito Linguístico, que também é uma forma
de intolerância, tendo em vista que há determinados modos de falar que podem ser discriminados
com o argumento de que se distanciam da norma padrão. Desse modo, o fragmento comenta
sobre esse tipo de intolerância, que leva os indivíduos que usam determinada variação linguística
a serem excluídos socialmente, visto que são estigmatizados. Portanto, é necessário pensar sobre
as seguintes questões: Qual é a motivação dessa intolerância? Quem está do lado oposto
protagonizando esse preconceito linguístico? Está relacionada com a dominação do outro por
meio da língua padrão?
Definição de intolerância [religiosa, política e social]
Já no segundo fragmento temos a definição do que seria a intolerância e discute como ela
pode ter sido usada a Europa como forma de dominação, visto que utilizava como um artifício
para ser superior à oposição. A partir desse fragmento, podemos compreender como
historicamente a intolerância foi utilizada como instrumento de posse, devido ao seu caráter de
repreensão. Logo, é essencial pensar na argumentação para pensar nas causas das manifestações
de intolerância, pois ela faz parte de um projeto maior de dominância.
Xenofobia
O terceiro fragmento comenta a respeito da Xenofobia que é caracterizada pela
intolerância com pessoas de outras países, que possuem costumes e religiões que são
consideradas fora de um padrão dominante, para aqueles que comentem a Xenofobia. Nesse
fragmento, temos que as razões para a crescente xenofobia se deu em razão das ondas
migratórias de imigrantes de países islâmicos. Em razão disso, há a intolerância com o
desconhecido, que se mostra diferente ao olhar europeu e reacende embates históricos entre a
Europa e o mundo islâmico. Pense em sua argumentação como a xenofobia envolver questões
relacionadas à religião, racismo e costumes culturais diferentes.
Racismo
Por fim, no quarto e último trecho temos um fragmento de um livro de Aluísio de Azevedo,
intitulado O mulato (1881). A figura do negro é apresentada como algo como um homem mau e
que não teme a Deus. Além disso, implica que a união amorosa com um homem negro poderia
comprometer a linhagem familiar da personagem. Portanto, podemos observar que nesse trecho
temos a presença da intolerância representada pelo racismo, que é responsável por tornar o
homem negro em um ser desumanizado e estigmatizado. O livro O mulato foi publicado em 1881
e demonstra bastante da intolerância racial vivida na época do romance. Entretanto, ainda
observamos o racismo em nossa sociedade, logo, é interessante pensar na argumentação quais
são as razões para essa intolerância na sociedade, ainda mais em nosso país, com a população
negra representando grande parte do território.
Encaminhamentos Possíveis
Primeiramente, pense nas possibilidades de tese. Não há apenas 2, a favor e contra a liberação,
pois você poderia defender um meio termo, ou seja, uma liberação menos radical, em algumas
circunstâncias que você indicaria no seu texto. Óbvio que, para isso, você deveria conhecer bem o
assunto.
Os argumentos não são complicados e são até bem conhecidos.
A favor do porte de armas:
- Não há prova substancial de que o porte de arma aumente ou diminua os índices de homicídios.
- O cidadão deve ter o direito de se defender.
- A proibição é uma ingerência do Estado na vida do cidadão.
- Pode ser até que o porte não tenha efeito prático para o cidadão, mas tem um efeito psicológico
importante: o indivíduo se sente mais seguro.
Contra o porte de armas:
-O Estatuto, se não diminuiu o número de homicídios, pelo menos estancou o crescimento do índice de
mortes.
-Aumenta-se o risco de acidentes com armas de fogo.
-O cidadão comum teria que ser muito bem treinado para usar uma arma com propriedade.
- Aumentaria o número de armas em circulação e, portanto, os criminosos também teriam acesso
facilitado seja pela forma legal, seja pelo roubo de armas.
- A restrição de uso de armas de fogo fortalece o poder público e a polícia, quem deve ter o direito de
uso da violência dentro dos parâmetros legais.
Essa enumeração argumentativa não esgota o assunto e você deve ter notado que as ideias não
são exatamente criativas. Trata-se de um tema comum para o qual os argumentos tanto a favor quanto
contrários são bem conhecidos.
Nesse caso, o diferencial ficará por conta dos fatos, exemplos, raciocínios que você vai usar para
dar apoio a cada uma dessas sequências argumentativas. Com certeza, numa proposta assim, que beira
o senso comum, o corretor estará bastante atento à força dos recursos argumentativos, à coerência e à
coesão.
O texto 1 ressaltava, basicamente, o fato de que a libertação dos escravos não havia encerrado a grande
vergonha da escravidão, pois a liberdade jurídica não significou liberdade de fato. Os outros três textos
discutiam o racismo “enrustido” do brasileiro.
O mais enigmático dos textos é o segundo. Nele, o autor destaca que algo que parece ser
manifestação da “democracia racial” é justamente o seu contrário. Numa pesquisa entre as 500 maiores
empresas do país sobre o número de funcionários negros, 27% não tinham registro de raça nos
departamentos de RH. À primeira vista, essa despreocupação racial dá a entender que não há nenhuma
restrição racista. Na prática ocorre o contrário. Bem documentados, os dados sobre os negros
mostrariam “os horrores da escravidão”. Não documentar significa apagar dos registros as injustiças
sociais, reafirmando a ideia falsa de que no Brasil não existe ódio racial.
O texto 3 vai nessa direção, afirmando que o racismo no Brasil é tabu. A palavra “tabu” é
utilizada no sentido de ser um tema do qual não se fala, para que se tenha a impressão de que ele não
existe.
Finalmente, o texto 4 critica fortemente o senso comum de que o racismo no Brasil é mais
humano e brando. Segundo Lilia Schwarcz, essa postura configuraria a tentativa de manifestar uma “boa
consciência”. Para provar o quanto somos racistas e o quanto nos enganamos, ela cita uma pesquisa na
qual 97% dos brasileiros dizem que não são racistas e 98% dizem conhecer alguém racista. Ou seja, a
conta não fecha.
Esboço
✓ São dois os legados vergonhosos que permanecem no Brasil, no que diz respeito aos negros: a
situação econômica e social de boa parcela deles, como também o preconceito.
✓ O racismo no Brasil, legado da Escravidão, não é explícito, mas existe;
✓ Etc.
Argumento 1:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos,
citações______________________________________________________________________
Argumento 2:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________
- Não se trata de má-fé; o atleta quer apenas ser reconhecido, não se vale de alguma vantagem
física por malandragem.
- O que uma trans manifesta, um nível hormonal alterado e musculatura um pouco mais robusta,
também é encontrado em mulheres; ou seja, ela não está acima do espectro feminino.
Segunda tese: as atletas transexuais não devem participar
- Por mais que o indivíduo use hormônios e os estabilize, a formação inicial de homem deixa
marcas que faz com que o atleta tenha vantagens diante de outras mulheres.
- Naturalmente, as mulheres têm taxas de explosão muscular e de força mais baixas que as dos
homens, por isso foi criada uma categoria só para elas.
- A necessidade constante de bloqueadores de testosterona indica que o corpo, no que diz
respeito ao seu funcionamento, mantém características masculinas.
- Como a condição feminina é mantida artificialmente, jamais se poderá saber qual seria, de fato,
as potencialidades do atleta se ele nascesse mulher.
Terceira tese: As atletas transexuais deveriam participar, mas...
Nesse caso, seria importante destacar em quais circunstâncias isso seria possível. Pode-se pensar
que não haveria restrições...
-quando a transição do gênero fosse do masculino para o feminino;
- se houvesse acompanhamento médico constante que avaliasse os níveis hormonais;
- para os esportes que não exigissem explosão ou potência de forma significativa, como tênis de
mesa, tiro, esgrima etc...
Obviamente haveria muitas outros encaminhamentos argumentativos.
Repertório
A questão da sexualidade e da transexualidade
As recentes discussões sobre sexualidade poderiam ser incluídas no texto implícita ou
explicitamente.
Acredita-se, atualmente, que a identidade sexual desenvolve-se a partir de dois fatores: um
fisiológico, seus órgãos genitais; e pela posterior orientação sexual. Não se deve usar a expressão
“opção sexual”, pois a criança, a partir de dois anos, começa a manifestar que talvez ela não aceite sua
determinação fisiológica. Ora, na infância, uma criança não poderia escolher, ou seja, não se trata de
uma “opção”, palavra que dá a entender que o indivíduo escolheu conscientemente sua sexualidade.
No caso de transsexuais, a pessoa apresenta uma discordância entre o seu sexo biológico e o seu
senso de pertencer a um determinado gênero.
Cultura versus natureza
Quem não aceita as outras formas de orientação sexual, normalmente se apegam a ideia de que
existe uma sexualidade natural. A existência dos órgãos genitais expressaria isso. Essa é uma tese
complicada, pois não temos provas de que isso é verdadeiro, já que, se apenas a genitália bastasse, não
haveria tanta variação de desejos sexuais.
A tese contrária, a de que a orientação sexual não se reduz ao dado da natureza, encontra apoio
em Freud, por exemplo, o pai da psicanálise. O alemão observou que diferentemente dos animais, a
sexualidade humana não se restringe à genitália, aos fins reprodutivos e nem ao coito simplesmente.
Outra ideia interessante que poderia ser utilizada é a dos existencialistas, e, entre eles, a de
Jean-Paul Sartre, para quem a existência precede a essência. Isso significa que o homem não tem
determinações biológicas (essência), ele se produz como homem nas suas práticas e nas suas escolhas.
Um trans nasce com seu sexo biológico, mas isso nada significa, pois como ele vai lidar com isso é que
determinará o que ele de fato será.
Outro veio argumentativo passa pela configuração do Liberalismo dada pelos contratualistas.
Hobbes, por exemplo, entendia o Estado como regulador de contratos entre as partes
(empresas/empresas ou empresas/pessoas). Ora, um contrato exige que as duas pessoas sejam livres.
Sendo assim, a escravidão remete a uma fase pré-contratualista e pré-capitalista. O hábito é
francamente antimoderno.
Quanto à argumentação desses empresário de que não teriam direito à defesa, basta lembrar
que a inclusão no cadastro só ocorre depois da atuação dos fiscais. Não há registros de ações desse tipo
tenham sido fraudulentas. Quando os fiscais conseguem um mandato para realizar a operação, já há
provas suficientes de que os trabalhadores estejam vivendo sob péssimas condições.
A terceira via permite a produção de um texto mais equilibrado, mas não necessariamente
melhor. Tudo vai depender da organização textual e do repertório que você consegue inserir na sua
redação para torná-la mais interessante.
Pode-se defender os direitos dos trabalhadores e, no final, apresentar alguma ressalva a favor
dos empresários. Conceder que lhes seja permitido um prazo maior de defesa, por exemplo.
não serem pegos pelas autoridades quanto para encontrarem alternativas às vacinas, visto por eles
como nocivas.
O principal ponto a ser percebido e discutido nesse texto, em termos de sociedade, seria a relação do
brasileiro com a figura da autoridade. Em geral, a população não dá muito crédito aos órgãos públicos e
suas autoridades e representantes políticos. Para fundamentar esse ponto de vista, é possível utilizar o
ciclo vicioso em que os processos geralmente são ineficientes no serviço público, o que faz com que as
pessoas procurem não os utilizar (talvez preferindo o meio privado) e acomodem-se com essa situação,
aceitando-a; e aí, sem cobrança/fiscalização/demanda, o serviço público também se acomoda. Você já
ouviu alguém dizer que "no serviço público ninguém trabalha?", pois então. E existe também o outro
lado da moeda, em que a pergunta é "você sabe com quem está falando?".
O texto 3 funciona como uma sumarização das ideias anteriormente discutidas. Ele mostra que são
antigos a desconfiança da vacinação e o pensamento de que talvez haja algum prejuízo por trás. Além
disso, ele reforça a desinformação da população. Por último, aqui é possível discutir (e usar a alusão
histórica para fundamentar) como a falta de informação gera medo do desconhecido e atitudes por
vezes extremas, como mostrado pelo texto.
Encaminhamentos possíveis:
1) Fundamentando-se nas manifestações de especialistas da área da saúde sobre o enorme efeito
benéfico das vacinas, não se vacinar é uma forma de se arriscar a contrair doenças outrora
consideradas erradicadas.
Argumentos:
- Argumentos de autoridades médicas;
- Estatísticas que afirmam o retorno de doenças que estavam erradicadas.
2) Embora a liberdade individual seja defendida por lei, escolher não se vacinar ou não vacinar seus
filhos não se trata apenas de uma decisão individual, visto que afeta a coletividade em que se está
inserido.
Argumentos:
- Conceito de democracia representativa, em que os representantes escolhidos, em teoria, tomam
decisões em benefício de uma maioria;
- Dado que vivemos em sociedade, se uma parcela não se vacina, corre o risco de haver
contaminação interna.
3) Visto que se trata de uma decisão que demanda a ingestão de componentes não
naturais/químicos, vacinar-se torna-se uma decisão individual sobre como cuidar do próprio
corpo.
Argumentos:
- Liberdade de escolha individual;
- (é um caminho argumentativo um pouco mais trabalhoso) Analogia com as grávidas que recusam
anestesia total ou parcial ao darem a luz, a fim de não contaminar o filho com nenhuma substância
não natural.
turbante pode ser – e é – muitas vezes muitas vezes entendidas como uma afronta à sociedade. Por
outro lado, uma mulher branca usando um turbante pode ser entendida como alguém que
“homenageia” outra etnia.
Olhando a partir de uma outra perspectiva, é possível entender que a utilização de símbolos
pode ser vista como fruto de uma construção cultural miscigenada. Esse é um caminho possível, claro,
que não necessariamente será fácil de entender, principalmente quando pensamos que os símbolos são
esvaziados ao serem utilizados por aqueles que não estão envolvidos culturalmente com os próprios
símbolos. É o que vejo, por exemplo, com o uso constante de fantasias de índios em escolas e durante o
carnaval, momentos em que a simbologia das penas e da ausência de roupas não é considerada um
aspecto religioso e, principalmente, cultural. Esse é um bom exemplo comparativo para a sua
construção textual.
Dessa forma, pensar em uma apropriação cultural, em um país como o nosso, pode ser difícil, se
levarmos em consideração a apropriação, bem como pode ser uma saída para a discussão dessa
miscigenação na cultura. É inegável que o verdadeiro brasileiro é uma mistura de raças (hoje, já
chamamos de raça porque consideramos a completude da etnia com os aspectos culturais), contudo é
mais complicado entendermos que há, realmente, uma configuração miscigenada em nossa cultura,
visto que os símbolos são ressignificados ao serem utilizados de forma mais ampla.
digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você coloque essa contextualização em
sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente sua tese, para que fique claro aquilo
que será defendido por você.
Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que estamos
defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos. Tais
argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que se
convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório, sustenta o
argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente, agrada o leitor.
Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para sustentar o tema.
Por fim, sua conclusão, a partir do tema trazido na proposta, não combina com uma proposta de
intervenção, que vocês têm usado com cada vez mais frequência, por apresentar uma fórmula que
auxilia vocês na escrita. Recomendamos que, aqui vocês usem uma conclusão no estilo clássico, com
retomada de tese em seu início, reafirmando o que você defendeu; e resumo dos argumentos. Se, ainda
assim, vocês decidirem ir para o “lado” da proposta, muito cuidado para não ferir nenhum direito
garantido pela legislação brasileira ou que fira os direitos humanos.
A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos lá!
Coletânea de textos
Na coletânea de textos dessa proposta, temos textos extremamente diretos e que corroboram
nossa ideia de que a epidemia é uma relação que conjuga o descaso governamental e o comportamento
preocupante dos jovens brasileiros. Atente-se para o fato de que o tema fala diretamente dos jovens, a
parcela atualmente mais afetada pela epidemia.
Coletânea de textos
É interessante notar que a coletânea de textos apresenta dois textos bastante posicionados
contra a redução da maioridade, no caso, a charge e o último texto; e um texto posicionado a favor da
redução, com viés de análise dos direitos e respeito às vítimas. Com relação ao posicionamento
contrário à redução, temos a charge, que é o texto mais “pesado”, por assim dizer, porque inclui a classe
social na discussão; e o texto 3, que aponta evidências científicas para a não redução. A favor do
processo de redução, temos o texto 2, que apresenta a ideia de que as vítimas, nessa relação, não estão
sendo respeitadas. A seguir, como já é praxe, apresentamos um pequeno resumo dos textos.
Não se esqueça de não usar os textos que, necessariamente, são somente motivadores, sem que
sejam copiados de forma alguma.
• As medidas de redução são muito comuns em outros países, como os Estados Unidos e a
Nova Zelândia.
• O ECA, apesar de ser um documento interessante, é insuficiente para resolver o problema
da violência cometida por menores.
• Os crimes cometidos antes dos 18 anos não configuram “reincidência” após os 18, fato que
atrapalha a análise de vida do criminoso.
• Com um maior rigor nas punições e consequente redução, temos que os menores serão
menos aliciados pelos traficantes, por exemplo.
Sempre gosto de destacar que esse são argumentos que podem servir de direcionamento para o
que você escreverá, bem como os repertórios apresentados a seguir. Sabemos, inclusive, que este
costuma ser um problema de início para vocês, visto que arrumar argumentos costuma ser muito
complicado na produção de um texto.
Repertórios
• Aproximadamente 85% da população brasileira é favorável à redução, segundo pesquisa
do Datafolha.
• Os crimes hediondos correspondem a cerca de 20% dos crimes cometidos por menores,
que são encabeçados por crimes mais leves ou relacionados ao tráfico de drogas.
• A população pobre e preta é afetada de forma mais direta por qualquer modificação
relacionada a crimes no país, visto corresponder a 75% dos presos em presídios no país.
• Há um fortalecimento de discurso das classes dominantes nesse caso, visto que, ainda que
os criminosos sejam cidadãos brasileiros também com direitos, somente a segurança da
classe dominante será defendida com essa redução.
• O pensamento egocêntrico, segundo Bauman, torna-se cada vez mais presente na
sociedade pós-moderna. Há uma necessidade de cuidar-se exclusivamente, independente
dos outros.
• No Brasil, são 600 mil presidiários para 350 mil vagas nas cadeias.
Coletânea de textos
A coletânea de textos apresentada é muito interessante quando analisamos do ponto de vista de
construção de saberes, visto que temos duas obras literárias de peso, Vidas secas, de Graciliano Ramos;
e A rosa do povo, de Carlos Drummond de Andrade. Além disso, temos um trecho da excelente análise
de Hermenegildo Bastos da personagem apresentada no primeiro texto.
Não nego que o texto 1 é um dos meus preferidos da literatura brasileira, uma vez que é o
capítulo em que Baleia, personagem com as características mais humanas de Vidas Secas é morta por
seu dono, Fabiano, para resolver o problema da raiva que a cadela havia contraído. Nesse trecho,
percebe-se muito claramente a crítica social de Graciliano, presente na apresentação de um mundo em
que não faltasse comida, representado pelos preás que correriam soltos para alimentar Baleia. Baleia
sente sua ligação com Fabiano e percebe que não seria capaz de se vingar dele. Percebe-se, ainda,
tamanho sofrimento da cadela, que representa, como aponta o texto seguinte, a universalidade do
sofrimento humano.
No texto 2, temos um dos maiores especialistas em Graciliano no Brasil, o professor
Hermenegildo, da Universidade de Brasília. Para o professor, Baleia é a representação dupla da
individualidade sofredora do homem, em especial por problemas sociais, e a universalização desse ser
humano, que sofre com a sociedade que o oprime e sofre com esses problemas sociais. É interessante
notar que o autor apresenta a noção da arte como libertadora. É por meio da arte que podemos exercer
a liberdade de nos posicionarmos diante desses problemas, exatamente o que Graciliano e, por
extensão Drummond, faz em sua obra.
No texto 3, temos a apresentação, porque não dizer, de uma utopia na construção de um mundo
melhor e mais correto quanto à igualdade social. Notem que é uma continuação do que faz Baleia. Em
ambos os textos literários, percebem-se possibilidades, ou melhor, sonhos de solução dos problemas
denunciados pelos dois autores. Assim, a liberdade da arte permite a denúncia e o sonho da solução.
Para muitos, esse momento é criado pela própria ideia neoliberal que promete combater o problema.
Seria mais ou menos o seguinte: criamos o problema e prometemos resolvê-lo. É essa a ideia desses
“salvadores da pátria” que são os aplicativos, tanto os de entrega e compras, quanto os de aluguel de
carros e casas. A proposta é que você lucre com a sua capacidade, colocando em xeque os seus direitos
e prometendo uma enorme liberdade, pensando no momento em que você monta seu horário e dias
em que quer trabalhar.
Seu texto, em meio a essa discussão, deverá apresentar um posicionamento, claro, visto tratar-se de um
texto dissertativo argumentativo. Por isso, você deve acrescentar, em sua introdução, a sua tese,
demonstrando o que será defendido por você durante a redação. Assim, você deverá apresentar
argumentos que comprovem que você está defendendo uma ideia lógica, que pode ser defendida. Por
fim, não é interessante apresentar uma proposta de intervenção, como vocês têm feito com muita
frequência. É importante que você termine sua redação retomando suas ideias.
Coletânea de textos
Nessa coletânea de textos, temos uma relação ampla para o tema, fazendo com que o pensamento dos
candidatos seja extremamente amplo também na escrita. Dessa forma, percebemos que devemos
considerar as diferentes formas de pensar esse assunto. Ainda mais porque há uma possibilidade de
pensarmos no meio do caminho das duas formas apresentadas, afinal, temos aspectos importantes dos
dois lados de pensar, seja a favor da uberização, seja contra ela.
isso é muito mais importante que ter direitos trabalhistas garantidos, como acontece nos empregos
regidos pela chamada CLT.
Há, ainda uma opção de colocar as ideias dos dois misturados, mostrando que a uberização tem fatores
positivos e negativos. nesse caso, basta que você una as ideias mais interessante dos dois elementos
colocados a seguir.
O tema aqui abordado é amplo, atual e necessário para a discussão sobre a construção de uma
sociedade mais justa e igualitária: a fome. Como veremos à frente de forma mais específica, os temas
tratados nos textos, relacionados claro à fome, passam pela participação popular em campanhas de
combate à fome; pelo enorme desperdício alimentar que assola o mundo; e pelas consequências do
combate à fome em todo mundo, com uma diminuição significativa da fome no mundo. Esses são temas
transversais a aparecer em seu texto.
O problema da fome é um dos mais sérios do atual momento. Em um mundo com mais de 7
bilhões de habitantes, com crescimento de quase 25% previsto para os próximos 30 anos, a distribuição
de alimentos, necessária a uma vida digna, como determinam os “direitos humanos”, é tema
importante para discussão. É claro que há inúmeros esforços para que esse problema seja eliminado ou,
ao menos, diminuído de forma significativa. Como empecilho para isso, encontramos o desperdício de
quase um terço dos alimentos produzidos no mundo e, claramente, a diferença social, com grande
desigualdade. Esses são argumentos que retomaremos à frente, mas que já servem para direcionar sua
organização de texto. Inclusive, recomendamos que você faça um bom planejamento de seu texto antes
de escrevê-lo, visto que o tema é bastante amplo.
Olhando para sua produção textual, sua introdução deve apresentar o tema e, caso você vá se
“dedicar” a um dos temas transversais incluídos (fato que desaconselhamos, visto que você deve fazer
referência aos textos de alguma forma – sem copiá-los, claro), um recorte desse tema. Na realidade,
esse recorte é importante já na introdução, visto que temos um tema amplo demais. Falar sobre fome é
importante, mas envolve elementos demais que, se não forem delimitados, podem acabar causando
problemas á leitura fluida e correta de seu texto. Para auxiliar nessa clareza, é importante aquela nossa
organização prévia. Destacamos, ainda, que sua tese será importante já na sua introdução.
Em seu desenvolvimento, por sua vez, é importante que você apresente os argumentos que
sustentarão o seu recorte e sua tese. Um parágrafo para cada um desses argumentos é o necessário.
Coloque seus argumentos de forma sustentada por base argumentativa, conhecida ultimamente como
repertório. Nesse caso, as estatísticas e as pesquisas serão sua principal fundamentação, visto tratar-se
de um tema muito real e presente na sociedade. Ao falar de governo, cabem também repertórios
relacionados ao papel do Estado nesse caso. Só não deixe de sustentar suas ideias, inclusive para que
elas fujam do senso comum.
Por fim, ao apresentar sua conclusão, você pode seguir um dos dois caminhos: ou apresenta uma
retomada das ideias apresentadas, com reforço de tese e resumo dos argumentos; ou, caso
problematize em seu texto, pode utilizar uma proposta de intervenção que, penso, deve ser mais
criativa, fugindo dos clichês de criação de leis e de campanhas que visem à conscientização da
população. Seriam interessantes, por exemplo, a criação de programas nas escolas, para que as crianças
aprendam, com a prática, a situação das pessoas que passam por momentos de fome.
Em resumo, não se esqueça de que sua estrutura deve ser pensada da seguinte forma:
Coletânea de textos
A coletânea de textos, nessa proposta, é extremamente importante, visto que é da leitura dos
textos que tiramos o tema e porque, como indica a banca, suas ideias precisam estar conectadas com as
dos textos. Por isso, sempre que se deparar com uma proposta do Mack, leia atentamente e com calma
os textos, procurando, inclusive, destacar as informações principais, porque isso já facilitará sua escrita.
Destaco, contudo, que essa relação de proximidade não deve passar por cópia dos textos, não se
esqueça disso.
Dessa forma, o texto 1, da filósofa Marilena Chauí, temos a apresentação do problema da fome,
passando pela existência de programas que visam acabar com o problema. O texto é um pouco mais
subjetivo, porque apresenta a forma como nos sentimos diante desse problema tão sério que, como a
autora apresenta, atinge de forma mais forte “crianças e idosos”. Nesse texto, já temos o gancho para o
que será apresentado a seguir: o desperdício como um dos problemas geradores da fome e de nossa
indignação. Na conclusão do trecho, a autora apresenta que essa preocupação faz parte de nosso senso
moral, ou seja, deve fazer parte de nossa formação individual. É necessário que tenhamos preocupações
relacionadas ao problema da fome no mundo.
O texto 2, por sua vez, apresenta de forma direta o problema do desperdício de forma direta,
com dados que comprovam esse desperdício. Os números são assustadores, quando pensamos,
conforme o texto, que um terço dos alimentos produzidos no mundo são desperdiçados enquanto as
pessoas passam fome. Esses números indicam que o consumo por parte das pessoas que ocupam
classes sociais privilegiadas e consomem desregradamente e, pior do que isso, desperdiçam sem levar
em conta quem poderia ser ajudado com isso. No final do texto, o autor apresenta a relação de cuidado
da ONU em lançar uma campanha de conscientização sobre o consumo e o desperdício de alimentos.
Por fim, o texto 3, apresenta a ideia de que o problema é grave, claro, mas que tem começado a
demonstrar melhora substancial, com diminuição do número de pessoas que passam fome e que,
geograficamente, a fome tem se reduzido, com a retração das chamadas “fronteiras da fome”, as quais,
como o autor aponta, são “o conjunto de países com problemas crônicos de distribuição alimentar”.
De posse dessas informações trazidas pelos textos, podemos começar a pensar em alguns
argumentos, apresentados a seguir, para direcionar seu pensamento, apenas.
Tema e proposta
O tema apresentado propõe a construção de uma dissertação-argumentativa, em que será
defendida uma das teses que serão apresentadas mais à frente. Sua defesa, claro, deverá ser feita por
meio de argumentos que se combinem com a tese. Importante destacar que, de posse de um tema tão
complexo, é necessário que seus argumentos sejam extremamente fundamentados, por meio de base
argumentativa, que, hoje, é mais conhecida como repertório, depois do ENEM.
O tema em si, Crise do coronavirus: entre a economia e a saúde, coloca em choque os dois
elementos de discussão mais severa nesse momento no mundo, a economia e a saúde colocadas frente
a frente em um contexto de pandemia que pede isolamento social como forma de não crescimento da
epidemia. Países que demoraram demais a propor o isolamento social, como a Itália, hoje apresentam
um volume de mortes absurdo, percentualmente falando. Outros, como os EUA, que também
demoraram a admitir a existência e a seriedade da pandemia, hoje são o epicentro do vírus.
Independente do caminho que você escolher, sempre coloque em sua cabeça que é um
argumento muito complicado aquele que fala sobre vidas valerem menos do que a economia. É uma
equação muito complicada, pensar que poucas mortes são aceitáveis, desde que não tenhamos um
colapso financeiro. Leve em consideração, também, que os incentivadores da não quarentena completa
são aqueles que mais acumulam capital, ou seja, as grandes fortunas não querem deixar de ser grandes.
Coletânea de textos
Nossa coletânea de textos apresenta dois pensamentos opostos, exatamente para não direcionar
o pensamento de vocês. Desses, antes do resumo, destaco a charge que trabalha com a relação entre a
morte e o vírus. Esse é o cerne da discussão. Os contrários à economia como foco nesse momento,
trabalham com a ideia de que as mortes causadas pelo vírus não são em volume absurdo,
principalmente no Brasil, fato que pode justificar a relação de não parar o país.
Como dito na introdução dessa seção, para a nossa tese preferida, aquela que aponta a
necessidade de cuidar do problema sem, necessariamente, frear a economia, você pode aproveitar-se
de argumentos dos dois lados. Entenda que sua posição, seja ela qual for, deve ser objetiva e centrada.
É necessário que tenhamos clareza da sua defesa durante a escrita.
realizada na prática. Em um país em que até os anos de 1970 era o homem o provedor das necessidades
financeiras da casa, e a mulher estava resguardada aos serviços domésticos, essa realidade não se
modificaria de uma hora para outra. Por sua vez, mesmo que havia essa subserviência feminina, está
claro que várias mulheres já realizavam outras atividades em vários campos das atividades humanas, em
especial no provimento de renda para casa. Em vista disso, mesmo que tivesse de abdicar de várias
prerrogativas da vida social e fosse julgada dentro de uma sociedade patriarcal, essas mulheres estão
presentes não só as atividades da casa, mas também da ciência, e é isso que os textos da coletânea vêm
demonstrar. Portanto, em sua redação, quando você não tiver um tema determinado, é preciso seguir o
caminho traçado pelos textos motivadores para conseguir responder ao que os avaliadores querem de
você.
Assim, em posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a
partir de variadas perspectivas. Assim, um caminho para você desenvolver seu texto é pensar como as
mulheres exercem papel fundamental na organização do lar, que não se restringe simplesmente aos
afazeres domésticos, mas também no mercado de trabalho, que aí se inclui a ciência. Portanto, esse
pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando
mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou
disserte sobre o papel fundamental da mulher no resguardo do; por outro lado, você pode focalizar o
importante papel das mulheres na ciência bem antes da era moderna. Assim, caso você queira trabalhar
a primeira perspectiva, focalize, por exemplo, que as mulheres, na ausência de seus esposos, que se
restringiam a oferecer a renda para casa, elas cuidavam de toda a estrutura familiar, que incluía toda a
criação dos filhos, a organização da casa, os mantimentos que davam subsistência á família. Você pode
trazer para seu texto que muitas dessas mulheres lavavam e passavam para famílias de fora, para
complementar a renda da casa. Por sua vez, caso você queria trabalhar com a segunda perspectiva,
lembre-se que quando os homens foram para as guerras, essas mulheres que assumiram as fábricas.
Lembre-se, também, que essas mulheres exerciam papéis na arte, na ciência, atos esses que mostram
suas representatividades, que nos permitiram, nos dias de hoje, já ter tido uma presidenta. Portanto,
você tem caminhos variados para está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e
escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela UENP, compõe-se de três
partes essenciais:
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, os textos tencionam a
igualdade entre homem e mulher, destacando a importância que as mulheres foram ganhando no
cenário social. Assim, apontam mulheres que ganharam destaque, sempre reforçando que essas,
mesmo com o avanço das relações ainda dominam os afazeres da casa.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes,
livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde
que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são
muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota
mais elevada.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a
partir de variadas perspectivas. Assim, um caminho para você desenvolver seu texto é pensar que a
intolerância é gerada exatamente pelo sentimento de superioridade de certos grupos sobre outros.
Assim, eles se sentem na possibilidade de manifestar seu sentimento oprimindo o outro. Portanto, esse
pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando
mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você
fale que a intolerância se deve à tentativa de manutenção de poder de grupos sobre outros; por outro
lado, você pode falar que ela causa o preconceito e a segregação de grupos sociais. Dessa forma, caso
você queira focalizar a primeira premissa, saliente, por exemplo, que grupos dominantes se veem
superiores a outras classes sociais. Isso faz com que eles se vejam melhores que o restante da população
e passem a segregar essas outras pessoas. Por outro lado, caso você queira focalizar a segunda
perspectiva, saliente, por exemplo, as discriminações por motivo de cor, por religião, por poderes
aquisitivos diferenciados. Tudo isso leva a confrontos e também a coerção social, mortes. Portanto, você
tem caminhos variados para está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as
ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela UNIFESP, compõe-se de
três partes essenciais:
desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente,
fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus
argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório.
Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos
explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação.
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, o texto motivador fala das
diferenças no conceito de amizade, que antes representava proximidade, e nos dias atuais, devido à
ascensão das redes sociais, representa um maior número, porém com um maior distanciamento entre
as pessoas.
TEXTO I
TEXTO II
TEXTO III
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes,
livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde
que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são
muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota
mais elevada.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir
de variadas perspectivas. Assim, você pode desenvolver seu texto partindo do pressuposto de que um
dos motivos fundamentais da informalidade é o desemprego no país, que, devido à necessidade de
ganhos, a população se submete a qualquer tipo de atividade remunerada. Portanto, esse pode ser um
argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais
possibilidades de ideias a serem desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou fale
do desemprego como implicador da informalidade; por outro lado, você pode abordar a fragilidade
econômica do país evidenciada pela informalidade. Com base nisso, caso você queira trabalhar a
primeira perspectiva, lembre-se dos novos campos de trabalhos, como ubers, entregadores de
aplicativos, diaristas. Todos esses trabalhos informais têm como causa direta a falta de oferta de
trabalho qualificado, que levam essas pessoas a aceitarem qualquer atividade que ofereça uma
remuneração que os leve a contribuir com a renda familiar. Por sua vez, caso você queira abordar, em
sua argumentação, a segunda perspectiva, evidencie que se a atividade econômica está fraca, o
investimento em qualificação dos trabalhadores é baixo, a compra de novos materiais para agilizar a
atividade exercida também fica prejudicada. Isso leva à baixa produção nos setores industriais,
implicando diretamente na economia do país. Portanto, você tem caminhos variados para está
desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem
para desenvolver uma argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Fuvest, compõe-se de
três partes essenciais:
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, apresentamos abaixo as partes
essenciais apresentadas nesses textos.
TEXTO I
TEXTO II
TEXTO III
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes,
livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde
que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são
muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota
mais elevada.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir
de variadas perspectivas. Assim, percebemos que você trabalhar, em seu texto, que as teorias da
conspiração podem trazer prejuízos a determinados seguimentos da sociedade facilitará o
desenvolvimento de sua argumentação. Isso porque será possível apresentar grupos sociais que são
atacados cotidianamente devido a essas crenças que são transmitidas aos cidadãos. Portanto, esse pode
ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais
possibilidades de ideias a serem desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você
aponta que as teorias da conspiração afetam a convivência democrática das sociedades, ao atacar
grupos específicos; por outro lado, você pode salientar que o surgimento dessas teorias é uma forma de
defesa de certos grupos sociais que se consideram dominantes contra a ascensão de outros grupos que
ascenderam em busca de direitos. Com base nisso, caso você queira trabalhar com a primeira premissa,
nela você pode focalizar, em sua argumentação, que muitas teorias da conspiração estão respaldadas na
criação de estereótipos e de crenças as quais os grupos em ascensão estão querendo acabar com
aqueles que se consideram dominantes. Isso pode levantar vários preconceitos e polarizar a sociedade.
Por sua vez, se seu interesse é trabalhar com a segunda perspectiva, saliente, por exemplo, que as
teorias de conspiração são formas de proteção e manutenção de privilégios por parte de seus criadores.
Assim, diminuir o outro, na justifica de conservar padrões antigos, é uma forma, também, de manter a
estrutura da sociedade imutável e assegurar os privilégios. Portanto, você tem caminhos variados para
está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se
articulem para desenvolver uma argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela FGV, compõe-se de três
partes essenciais:
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, apresentamos abaixo as partes
essenciais apresentadas nesses textos.
TEXTO I
TEXTO
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes,
livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde
que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são
muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota
mais elevada.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a
partir de variadas perspectivas. Assim, em seu texto, você pode trabalhar com a perspectiva dos motivos
que levam ao deslocamento dessas pessoas. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um
desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem
desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você
se dedique a falar dos motivos que levam ao deslocamento de um povo, ou ainda pode tematizar a
questão da xenofobia com os povos em deslocamento. Veja que, caso você queira se dedicar a tratar da
primeira possibilidade, pode recorrer à questão dos conflitos civis entre nações, como as do Oriente
Médio, pode recorrer também a argumentos que se reportem à desigualdade social, que leva certos
grupos a passar necessidade dentro de seu território e ver possibilidades em outra nação de melhora de
vida. Há também a possibilidade de perseguição política. Por outro lado, caso queira dissertar sobre a
segunda posição, você pode falar das motivações para a existência desse sentimento, por exemplo, as
pessoas residentes no país acreditam que esses estrangeiros vão tirar seus direitos, ocupar seus
empregos.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela CasperLbero, compõe-se
de três partes essenciais:
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós
realmente aprendemos escrevendo.
A seguir, apresentamos uma pequena análise de cada um dos textos constantes da proposta.
TEXTO I TEXTO II
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros
que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja
bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e
o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada.
A partir das
informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir de variadas
perspectivas. Assim, percebemos que o preconceito é um dos maiores implicadores no que concerne à
inserção do deficiente no mercado de trabalho, o que acaba causando o distanciamento dessas pessoas
dos espaços, seja trabalhista, seja educativo. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um
desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem
desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você
aponte que o preconceito é um dos fatores principais para que as empresas não contratem funcionários
que apresentem algum tipo de deficiência; por outro lado, você pode salientar que o descaso do
governo é o elemento principal da falta de empregabilidade de pessoas deficientes. Veja que, caso você
queira desenvolver seu texto a partir da segunda perspectiva, você pode argumentar que a falta de
estrutura nos espaços representa a ausência de inclusão social, que impossibilita o trânsito dessas
pessoas, deixando-as à margem da sociedade. Se o deficiente não tem como transitar, ele também não
possui condições de ir atrás de qualificação, de ir atrás de um emprego. O suporte governamental,
portanto, falha profundamente no acolhimento desse grupo social e se torna o principal responsável
pela não respeitabilidade da lei pelas empresas. Portanto, você tem caminhos variados para está
desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem
para desenvolver uma argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela FAmerp, compõe-se de
três partes essenciais:
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós
realmente aprendemos escrevendo.
A seguir, apresentamos uma pequena análise de cada um dos textos constantes da proposta.
TEXTO I TEXTO II
Dessa forma, a leitura atenta de toda a proposta é recomendada, para evitarmos quaisquer
problemas com relação a mudanças ou instruções de última hora. Combinado? Você lerá tudo o que
estiver na sua proposta.
Tema
Normalmente, apresentamos a análise da coletânea em primeiro lugar, contudo, como na
Unaerp o tema aparece em primeiro plano, antes dos textos motivadores, faremos a análise deste para,
em seguida, apresentarmos os textos motivadores e as possibilidades de abordagem.
Nesta prova, o tema é bastante claro e, porque não dizer, bastante polêmico e atual. Esta tem
sido uma constante nos vestibulares em geral, temas mais próximos da nossa realidade e com boa dose
de polêmica. Falar sobre a situação da mulher apresenta extrema importância para a sociedade, fato
que coloca o tema como essencial para a sociedade. Ao pé da letra, transcrevendo o tema, temos
“Violência contra a mulher: leis X aspectos culturais”. Antes de tudo, precisamos entender que esse tipo
de tema apresenta duas partes, ou seja, é um tema bipartido com relação ao qual precisamos tomar
cuidado.
Na primeira parte do enunciado do tema, temos este de forma mais ampla: nossa redação
precisará versar sobre a violência contra a mulher. Contudo, como podemos perceber pelo que vem
após os dois pontos, há um direcionamento em um tema tão amplo: devemos contrapor os aspectos
culturais às leis. Como veremos mais à frente, devemos colocar em choque essas duas ideias, podendo
dizer qual delas deve prevalecer. Logo, logo analisaremos tudo isso.
Coletânea de textos
A partir de agora, faremos a análise dos textos trazidos pela banca para este tema. São três
reportagens de veículos de notícias diferentes.
O problema causado por essa solução para a diminuição das contaminações é considerado
complicado, porque coloca em risco a saúde econômica do país. Com todos recolhidos em suas casas,
sem a relação básica de compra e venda, não temos a economia girando, fazendo-a correr um risco
grande de recrudescer, principalmente em economias que estejam em desenvolvimento, como no caso
do Brasil. Assim, surge a discussão sobre o tamanho dos perigos da pandemia, muitas vezes relativizados
pelos governos; bem como discute-se o valor da vida dos grupos de risco. É comum, inclusive, ouvirmos
que o problema é menor porque afeta somente esses grupos de risco.
Assim, de um lado, temos a discussão humana e, do outro, a discussão econômica. No meio
desse, digamos, tiroteio, temos o principal grupo de risco, os idosos, que nem sempre são valorizados
nas sociedades em que vivem, gerando declarações como a apontada na construção dessa proposta.
Vale à pena destacar que as perguntas feitas no próprio tema são extremamente interessantes e
auxiliam na construção do texto.
De forma mais objetiva, seu texto deverá ser construído com uma tese, que contará como
resposta à pergunta mais importante, Elas deveriam ser valorizadas somente se houver algum ganho?
Essa é a pergunta que irá direcionar a sua tese. Você se posicionará dizendo que sim ou não, ainda que
não escrevendo efetivamente que sim ou não, claro. Assim, tudo o que você colocará na sua redação
parte desse ponto: qual é a valorização que devemos endereçar aos idosos? Eles devem ser valorizados
independente de sua “participação” na sociedade ou só devem ser valorizados quando forem
“produtivos”?
Vale nosso primeiro cuidado por aqui: ainda que não tenhamos indicação de anulação da
redação quando há ferimento dos direitos humanos, cuidado para que sua tese não se encaminhe para
esse lado. Evite construir uma redação em que os direitos, inclusive os garantidos por lei, sejam
atacados e desrespeitados por suas ideias. Particularmente, eu acho muito complicada a ideia de dizer
que a morte de idosos, simplesmente porque o são, deve ser defendida em qualquer nível, para ser
sincero. Contudo, há sempre defendida a liberdade de expressão.
Seus argumentos, que na Fuvest, como vocês bem sabem, são extremamente importantes,
devem apresentar-se e construir-se a partir da resposta às duas outras perguntas do tema: Há ganhos
na preservação da vida dessas pessoas? Quais são os valores que devem servir de premissa para a
preservação da vida do idoso? Claro que a resposta a essas perguntas se correlacionarão com o que
você falará na sua tese. Nem preciso te dizer isso, né?
Por fim, é interessante que você retome sua tese e resuma seus argumentos, naquela típica
conclusão por retomada e resumo. Claro que, se você problematizar bastante, pode construir uma
proposta de intervenção. Ainda assim, acho que ela corre um risco muito forte de ser clichê e mais
atrapalhar do que ajudar na sua nota. Por isso, recomendo que você pense na clássica conclusão por
retomada e resumo.
Texto motivador
O texto apresentado nessa proposta, literalmente no singular, é um texto que serve, apenas para
que entendamos de onde surge essa discussão, sendo, literalmente, um texto motivador e direcionador
para o tema. Tema importante, como dissemos acima, e que está sendo discutido de formas distintas,
como mostra o próprio texto, com “apagamento” da importância dos mais velhos na nossa sociedade.
Essa forma de ver é motivada, claramente, em meio à pandemia em que vivemos no momento. Apesar
disso, é possível afirmar que temos essa visão sempre, somente muito à tona por conta do momento.
muita dificuldade, por não concordarmos com ela, de encontrarmos argumentos para essa forma de
pensar. De qualquer forma, apresentamos, a seguir, cada uma das teses com possíveis argumentos.
Como essa proposta se aplica à Fuvest, vale lembrar que o comportamento é diferente daquele
que encontramos no ENEM, por exemplo, e em outros vestibulares: as ideias e os argumentos devem
sempre ser amplos. Analisar os temas sem prender-se a uma única localidade. Por isso, perceba que
nossos argumentos, de forma geral, inspiram-se, claro, em um lugar, mas não necessariamente se
prendem a ele.
Claro que precisamos deixar muito claro que esses argumentos e esses repertórios servem,
somente, para direcionar seu pensamento e seu texto. Passemos a eles.
O primeiro excerto dava uma ideia da extensão do problema. No Reino Unido, 9 milhões de um universo
de 65,6 milhões de pessoas dizem viver sozinhas. O problema se tornou tão grave que, no país, foi
criado o Ministério da Solidão. O artigo ainda afirma que tal problema se tornou a epidemia oculta do
mundo moderno. O segundo texto assinalava causas e consequências do fenômeno. Dentre os fatores
que favorecem a solidão, podem-se destacar: “envelhecimento da população, o crescimento dos
afazeres diários, o pouco tempo de lazer, a falta de contato pessoal trazido pelas redes sociais”. Além
disso, tal epidemia pode ter consequências físicas, mentais e emocionais.
O terceiro texto aponta que o problema também assola o Brasil e aprofunda a reflexão sobre a
influência das redes sociais no sentimento de solidão. Há, inclusive, uma nova síndrome, a “fomo” (“fear
of missing out” em inglês, algo próximo de “medo de perder a oportunidade”). O último texto era
provocador. Defendia a tese de que solidão não seria uma epidemia moderna, afinal, ela sempre existiu.
Hoje, há excesso de contato pessoal ou necessidade dele por conta das demandas geradas pelas novas
redes sociais.
No comentário à proposta, a Banca exigia que a discussão gerasse em torno não da solidão em si, mas o
que ela revela sobre nossa época.
Pressuposto
Nessa proposta é fácil se atrapalhar com a própria noção de solidão por se tratar de uma percepção
subjetiva da realidade. Seria interessante ou fazer a distinção para o leitor ou tê-la em mente para fazer
a redação. A solidão não é simplesmente estar sozinho consigo mesmo, pois alguém pode estar muito
tranquilo com essa condição e não se sentir solitário. Isso significa que ela depende da expectativa do
sujeito. Se ele deseja estar rodeado de pessoas que o admiram e não está, ele se sente mal, assim
podemos definir solidão.
Teses possíveis
Observe que sua avaliação deve ser em relação à sociedade contemporânea. Considerando a instrução,
não há grande variação em relação à tese, você deveria defender que o estilo de vida das pessoas na
contemporaneidade é responsável por esse sentimento. Esperava-se que o candidato pudesse
determinar o quê nessa sociedade poderia ser responsável por esse sentimento.
Desenvolvimento
O desenvolvimento da ideia exigia que você fizesse uma redação a partir de causas e consequências,
ligando as causas que você destacar e as consequências que permitem reforçar a ideia de que, nas
sociedades contemporâneas, a sensação de solidão é mais intensa.
Causas
A coletânea permitia um bom ponto de partida. Você precisaria apenas desenvolver o tópico que você
achasse mais interessante. Dentre eles, pode-se destacar:
- taxa de envelhecimento
- afazeres diários
- círculos de amizade pautados por interesses efêmeros (“sociedade líquida”: conceito utilizado por
Zigmunt Bauman, sociólogo que fez várias descrições de uma sociedade nos quais os parâmetros de vida
mudam de forma veloz).
Consequências
Você deve considerar uma ou duas causas, explicando-as e relacionando-as à solidão. Para tanto, você
deve tirar consequências do item escolhido. Por exemplo, se você considera a taxa de envelhecimento,
poderia destacar que o envelhecimento afeta também as relações sociais, pois as pessoas mais velhas
têm demandas diferentes do restante da sociedade produtiva, o que os leva a um isolamento parcial.
A Banca espera que você mostre competência nesse jogo de causa e consequência.
maiores implicadores no que concerne ascensão da mulher nos cargos trabalhistas mais elevados, o que
resulta discriminação de gênero. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um
desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem
desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você
defende que realmente precisamos, no Brasil, de cotas para as mulheres em cargos de liderança; por
outro lado, você pode defender também a posição contrária, justificando que as mulheres já alcançaram
um patamar do mercado trabalhista confortável, não havendo necessidade da presença de cotas. Caso
você defenda a primeira perspectiva, lembre-se de apresentar em seu texto o contexto histórico de
diferenças de tratamento entre os sexos, como a mulher teve acesso ao mercado de trabalho
tardiamente, e, especialmente, fale das diferenças de salário que até hoje se mantêm, mesmo que
homem e mulher exerçam as mesmas funções em empresas. Portanto, você tem caminhos variados
para está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se
articulem para desenvolver uma argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela UNEB, compõe-se de três
partes essenciais:
sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de
argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense
que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando
em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu
texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da
organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao
longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias.
Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente,
recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um
texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de
desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente,
fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus
argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório.
Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos
explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação.
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós
realmente aprendemos escrevendo.
A seguir, apresentamos uma pequena análise de cada um dos textos constantes da proposta.
TEXTO I TEXTO II
Apresento, a seguir, algumas palavras que podem contribuir com sua escrita.
O tema “O Imposto sobre Grandes Fortunas é uma injustiça com os mais ricos?” nos põe em confronto
com um grande dilema. Está claro que todo cidadão brasileiro paga imposto, e não são poucos. Por sua
vez, independente da renda desses cidadãos, a porcentagem de impostos é a mesma. Mas, ao se
comparar as rendas, sabemos que quanto menor ela é, mais imposto se recai sobre o cidadão, uma vez
que o montante o qual ela é retirada é menor, levando à constatação de que quanto mais pobre, mais
imposto se paga. Entretanto, mesmo por morarmos em um país o qual o valor dos impostos é
considerado relativamente alto, cobrar além do cidadão, independente do valor de sua fortuna, é visto
como uma injustiça social que, inclusive, pode atrapalhar o desenvolvimento econômico do país. Em
posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema.
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus
argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós
realmente aprendemos escrevendo.
A seguir, apresentamos uma pequena análise de cada um dos textos constantes da proposta.
TEXTO I TEXTO II
TEXTO III
3.2 ÉTICA
Leia os textos a seguir, analisando-os atentamente em relação ao tema antes de elaborar sua produção textual.
Texto 1
http://www.universotraducoes.net/2018/11/a-origem-da-expressao-gentileza-gera.html
Texto 2
José Datrino, mais conhecido como Profeta Gentileza (Cafelândia, 11 de abril de 1917 – Mirandópolis, 29 de
maio de 1996),[1] foi um pregador urbano brasileiro, que se tornou conhecido por fazer inscrições peculiares nas pilastras
do Viaduto do Gasômetro, no Rio de Janeiro, e se tornou uma espécie de personalidade daquela cidade. Andava pela Zona
Central com uma túnica branca e longa barba.[2]
"Gentileza gera gentileza" é sua frase mais conhecida.
Texto 4
A situação política do Brasil nos últimos anos tem resultado na polarização da sociedade e em uma crise de representatividade
generalizada. Os sentimentos disseminados de indignação e desesperança contagiam os indivíduos, que passam a se comportar
de forma coletiva, muitas vezes movidos exclusivamente por suas paixões, gerando acirrados confrontos. A opinião é de
Antonio Euzébios Filho, professor do Departamento de Psicologia Social e do Trabalho do Instituto de Psicologia da USP.
O professor comenta, ainda, que as redes sociais e seu caráter impessoal reforçam essa tendência ao tratar de temas
complexos, como é a política, de forma rasa ou mesmo através de notícias falsas. Opiniões desenvolvidas a partir de conteúdos
desse tipo tendem a fomentar um comportamento irracional dos grupos, marcado pelo ódio e pela tentativa de anulação do
outro. O assassinato da vereadora Marielle Franco, que parecia ser motivo para comoção geral, gerou sérios desgastes. O caso
é um exemplo dessa tentativa de se anular não só o indivíduo, mas uma proposta política alternativa, o que, para Antonio
Euzébios, representa ódio de classe, acima de tudo.
https://jornal.usp.br/atualidades/polarizacao-da-sociedade-gera-comportamentos-coletivos-irracionais/
Vivemos, no Brasil e no mundo, uma situação de polarização de ideias que se reflete no comportamento
intolerante, de tal forma, que fala-se em sociedade polarizada ou do ódio.
Com base na leitura dos textos acima, faça uma reflexão sobre as ideias neles contidas, acrescente as
suas em um texto dissertativo-argumentativo, com clareza e argumentação pertinente, em prosa, de,
no mínimo, 15 linhas, acerca do tem
respectivamente. Pessoas empáticas tendem a uma maior preocupação em usar máscara, higienizar as
mãos e adotar medidas de isolamento e distanciamento social para evitar a transmissão da doença. Já
os antissociais minimizam a importância dessas ações e até mesmo a gravidade da doença.
As diferenças no nível de engajamento com essas medidas são resultado de um estudo realizado
pelo professor Fabiano Koich Miguel, do Departamento de Psicologia e Psicanálise do Centro de Ciências
Biológicas (CCB), da Universidade Estadual de Londrina (UEL), e o professor Lucas de Francisco Carvalho,
da Universidade São Francisco (USF), de Campinas (SP). O trabalho ainda conta com a participação de
Gisele Magarotto Machado, orientanda em nível de mestrado do professor Lucas de Carvalho, e Giselle
Pianowski, que realizou pós-doutorado na USF e participa de várias pesquisas do grupo. Fabiano Koich
Miguel explica que foram ouvidas 1.578 pessoas entre 18 e 73 anos de idade. Foram usados dois
questionários para avaliar os construtos psicológicos: um para avaliar a personalidade antissocial (PID-5)
e outro para avaliar empatia (ACME). “Ambos são questionários utilizados internacionalmente em
pesquisas com essas características psicológicas, e já foram adaptados e estudados também no Brasil”,
explica o professor. “O convite para a pesquisa foi feito via mídias sociais, predominantemente, o
Facebook”.
Um terceiro questionário foi elaborado pelos pesquisadores, especificamente para a pesquisa,
abordando a experiência dos entrevistados com a pandemia.
Os resultados do estudo foram publicados, em língua inglesa, na revista Personality and
Individual Differences – v. 168, nº 1, jan. 2021 – publicação da base internacional Elsevier.
//operobal.uel.br/.
O Facebook declarou, em comunicado, que a rede social tem atuado cada vez mais para coibir os casos
de bullying. Em 2018, lançou uma ferramenta de revisão de fotos, vídeos ou postagens, por meio da
qual é possível pedir que determinada denúncia, caso não tenha tido os resultados esperados, seja
reavaliada.
(Vinícius Lemos. “‘Virei meme e minha vida se tornou um pesadelo’: brasileira abandonou a escola e
tentou se matar após piadas”. www.bbc.com, 19.07.2020. Adaptado.)
Texto 3
O TikTok orientou seus moderadores a censurar vídeos nos quais aparecessem pessoas
consideradas fora do padrão estético. Estas instruções foram encontradas em documentos internos aos
quais o The Intercept teve acesso.
Segundo esse veículo, as normas instruíam os funcionários do aplicativo a observar, nos vídeos,
se as pessoas apresentavam algum tipo de “forma corporal anormal”, como aparência facial feia, muitas
rugas no rosto ou ainda sorrisos tortos. Outras partes do corpo também eram observadas, pois nos
documentos há menção a barrar pessoas com barriga de cerveja. A presença dessas características era o
suficiente para que os tiktokkers ficassem de fora da indicação algorítmica, perdendo audiência.
Ao The Intercept, um porta-voz da ByteDance, empresa proprietária do aplicativo de vídeos
curtos, disse que a maior parte das diretrizes obtidas pelo veículo não estão mais em uso ou, em alguns
casos, nunca foram utilizadas, além de afirmar que elas foram criadas com o objetivo de combater o
cyberbullying.
(André Luiz Dias Gonçalves. “TikTok é acusado de censurar vídeos de usuários ‘feios e pobres’”.
www.tecmundo.com.br, 16.03.2020. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto
dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Censurar imagens de pessoas fora do padrão estético é uma forma adequada de combater o
cyberbullying?
objetivo possa estar sendo cumprido com ajuda da exploração de trabalho escravo. Cinco trabalhadores
bolivianos foram encontrados em uma pequena oficina de confecção, cuja produção era 100% destinada
à marca. Sem carteira assinada ou férias, eles trabalhavam e dormiam com suas famílias em ambientes
com cheiro forte, onde camas eram separadas de máquinas de costura por placas de madeira e plástico.
Os salários desses trabalhadores eram de R$ 6,00, em média, por roupa costurada. Segundo o
Ministério, a empresa, cujas peças podem custar mais de R$ 500,00 nas lojas, recusou-se a pagar os
direitos trabalhistas dos resgatados.
Conforme o relatório da fiscalização, “no modelo adotado nesse núcleo fabril, não havia qualquer
limitação de jornada, sendo inexistentes os limites, inclusive de espaço físico entre a vida fora e dentro
do trabalho”, afirmam os auditores do Ministério. “Esta jornada, agravada pelo ritmo intenso, pelo nível
de dificuldade, detalhamento e concentração exigido no trabalho de costura de peças de vestuário e
pela remuneração por produção, leva os trabalhadores ao esgotamento físico e mental.”
(Ricardo Senra. “Fiscalização flagra trabalho escravo e infantil em marca de roupas de luxo em SP”.
www.bbc.com, 20.06.2016. Adaptado.)
Texto 3
É preciso entender o porquê da existência de trabalho escravo em pleno 2016. São muitos os fatores e,
entre eles, está o estilo de consumo que se tem perpetuado nos dias de hoje. Tomemos como exemplo
o sujeito que, no Pará, cata e vende castanhas a R$ 5,00 o quilo, produto que, nas cidades grandes, é
vendido a R$ 40,00 o quilo, na lojinha de produtos orgânicos. Ou as lojas de roupas que, muito embora
vendam seus produtos por preços exorbitantes, pagam R$ 5,00 às costureiras para cada peça feita.
Como desconfiar de que esses produtos têm origem em trabalho escravo contemporâneo? Em que
medida o consumidor, indivíduo pensante, coopera para a manutenção desses trabalhadores em
situações análogas à escravidão?
Talvez a sociedade precise refletir mais sobre o produto que consome. Não dá mais para continuar a
transferir a responsabilidade desse problema tão grave ao outro. Devemos parar de responsabilizar só o
empresário e o empregador, sem parar para pensar em toda a cadeia que alimenta e colabora para a
perpetuação desse crime. Esse problema é social. É de todos nós e de cada um de nós. Está na hora de
sermos mais responsáveis pelos problemas que assolam nossa sociedade, que estão mais próximos da
nossa vida do que podemos imaginar e que, ainda que inconscientemente, acabamos por alimentar.
(Flávia Guth. “Sociedade precisa assumir a responsabilidade pelo trabalho escravo”.
www.metropoles.com, 19.06.2016. Adaptado.)
Texto 4
Campanhas para não consumir produtos de determinadas lojas ou marcas foram lançadas nas redes
sociais. Mas como funciona: você deve deixar de comprar aqui para fazê-lo em outro lugar porque sua
consciência manda? Certo. Mas, em alguns meses, mais uma denúncia acontece; dessa vez, é a outra
marca que explora as pessoas, e o consumidor se vê, mais uma vez, tendo que mudar seu destino de
compra. Quer dizer, então, que cabe ao cliente punir as empresas acusadas de trabalho escravo? Não
deveria caber ao governo e às outras empresas? Ou à fiscalização relacionada a essa prática? Será que
as leis não deveriam ser mais duras e a fiscalização mais certeira?
É tão absurdo quanto horrendo saber que pessoas trabalham em situações sub-humanas, mas não cabe
ao consumidor ser o fiscal nem o promotor dessas ações de combate. Ele deve, sim, denunciar quando
houver suspeita, claro. Mas, além disso, combater o trabalho escravo é ou deveria ser de total
responsabilidade do Estado e das empresas e marcas. Algumas delas estão tomando medidas proativas
para abordar a escravidão em sua cadeia de abastecimento, no âmbito do Plano Nacional pela
Erradicação do Trabalho Escravo. As empresas utilizam uma lista suja para identificar os fornecedores
com evidência de escravidão. Empresas de abastecimento identificadas nessa lista não são elegíveis
para crédito financeiro e enfrentam sanções econômicas e jurídicas. Ou seja, os esforços parecem
aumentar, mas ainda precisa melhorar muita coisa.
Texto II
Considerando as ideias apresentadas no texto e outras que julgar importantes, redija uma dissertação
em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: como os jovens devem lidar com as
mudanças em sua vida para tentar evitar a depressão?
Instruções:
• A dissertação deve ser redigida de acordo com a norma culta da língua portuguesa.
• Escreva, no mínimo, 20 linhas, com letra legível, e não ultrapasse o limite de 30 linhas.
• Dê, se achar necessário, um título à sua redação.
Texto 2
O professor de psicologia da Universidade da Geórgia, nos Estados Unidos, Keith Campbell,
sugere que um dos motivos que nos fazem amar selfies é porque elas são uma forma de expressão
criativa. Ele afirma que a selfie é uma variação moderna dos autorretratos dos artistas.
As selfies também nos permitem exercer um nível de controle maior sobre como os outros nos
enxergam online, e isso é um grande apelo. Graças às câmeras dos celulares localizadas na frente,
podemos tirar inúmeras fotos de nós mesmos até conseguir a imagem que nos mostra exatamente
como queremos – uma imagem a qual nos sentimos felizes de compartilhar com o mundo online.
Curioso notar que uma pesquisa sugere que essa “auto representação seletiva” pode na verdade
aumentar nossa autoestima e confiança.
E os benefícios potenciais da selfie não param aí. As selfies têm uma característica espontânea e
íntima que vem mudando a maneira com que documentamos, compartilhamos e celebramos eventos.
Quando encontramos uma celebridade, não buscamos mais um autógrafo impessoal, nem precisamos
usar cartões postais para dividir as memórias de uma viagem bacana. Pelo contrário, capturamos esses
momentos únicos e compartilhamos com nossos amigos imediatamente. A Dra. Andrea Letamendi
explica que “psicologicamente, podem haver benefícios em se compartilhar selfies porque essa prática
está impregnada em nossa cultura e é uma maneira de se interagir socialmente com outros.”
(“O que seu selfie diz sobre você? A ciência por trás da nossa obsessão”. www.shutterstock.com. Adaptado.)
Texto 3
Na mitologia grega, Narciso era conhecido por sua beleza, mas, ao ver-se refletido nas águas de
uma fonte, apaixonou-se por si mesmo. E, em busca desse amor impossível, fundiu-se consigo mesmo e
sucumbiu na própria imagem. Trazendo para o atual contexto, podemos ver o narcisismo nas
tecnologias, principalmente com o uso das redes sociais e as tão faladas selfies, que não estariam
ligadas apenas à intenção de se expor, através de um autorretrato, mas também a uma busca pelo
elogio e pelo olhar do outro para ser admirado, reconhecido e, assim, amado.
O que é muito discutido atualmente é se toda essa exposição e busca revela um sintoma da
sociedade, cada vez menos interessada nas relações de fato e reais, à medida que apenas investe na
proliferação de imagens, que não necessariamente traduzem o sentido real, ou seja, se o indivíduo de
fato está feliz e bem. Mas essa busca por ser admirado e amado, de modo tão instantâneo, traduz os
reais sentimentos? E, ao final, o indivíduo que terá muitas curtidas e elogios realmente se sentirá
melhor?
Dessa forma, cada vez mais as relações se tornam superficiais, ou seja, quando o indivíduo está
realmente em contato com o outro, pouco expõe o que deseja, sente, pensa, já que está tão voltado
para a sua selfie.
(“O narcisismo na contemporaneidade: o mal-estar da era das selfies”. http://lounge.obviousmag.org, setembro de 2014. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, de
acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o seguinte tema:
Selfies: mecanismo de interação social ou narcisismo em excesso?
Texto 2
Segundo o Dr. Antonio Luiz Frasson, mastologista do Hospital Albert Einstein, tumores nas
mamas associados à mutação do gene BRCA1 afetam mulheres mais jovens, justamente uma faixa etária
na qual alguns métodos de rastreamento, como a mamografia tradicional, podem se revelar menos
eficientes. O rastreamento familiar e os exames moleculares permitem identificar se há suscetibilidade
hereditária a mutações. Quando confirmada a mutação genética, particularmente do gene BRCA1, a
mastectomia é, sim, um eficiente recurso preventivo.
(“Mastectomia profilática: fazer ou não?”. www.einstein.br, 12.06.2013. Adaptado.)
Texto 3
Uma mulher com alto risco para câncer de mama pode optar por não fazer a mastectomia
preventiva. Uma alternativa é redobrar o acompanhamento das mamas, partindo para exames de
rastreamento, como ultrassom e mamografias, em intervalos de tempos mais curtos, por exemplo. O
objetivo, nesse caso, é identificar o câncer numa fase muito precoce e iniciar o tratamento adequado a
partir desse diagnóstico. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam que, se a doença for
detectada em estágio inicial, a chance de cura chega a 90%.
Texto 4
A cirurgia de retirada dos ovários, das trompas e das mamas não é a única forma de prevenir o
câncer nesses locais. Uma alimentação equilibrada, aliada a exercícios físicos e a um rigoroso
acompanhamento médico, pode evitar o crescimento de tumores e impedir a mutilação. “A retirada dos
órgãos diminui em 90% a possibilidade de a mulher ter a doença, mas não a extingue por completo”,
afirma Reynaldo Augusto Machado Júnior, ginecologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Outro agravante da retirada dos ovários é a menopausa precoce, que pode trazer sintomas depressivos,
osteoporose desencadeada pela perda de massa óssea e queda na libido. A reposição hormonal pode
ajudar a evitar esses sintomas, mas, por ter potencial cancerígeno, também aumenta a chance de
desenvolver outros tipos de câncer.
(“Cirurgia de Angelina para evitar câncer leva à menopausa e queda da libido”. http://noticias.uol.com.br, 24.03.2015. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Remoção de órgãos saudáveis para evitar o câncer: prevenção necessária ou conduta exagerada?
b) desenvolva argumentos que permitam fundamentar sua opinião e seu ponto de vista
O irmão mais velho de Abby, Zac, aos 17 anos, tornou-se o mais jovem velejador a circum-
navegar a Terra sozinho. O recorde de Zac não resistiu muito tempo: logo, Michael Perham, um
adolescente inglês um ano mais jovem que Zac, completou sua volta solitária ao mundo. Note-se que
Perham, aos 14 anos, já tinha atravessado o Atlântico sozinho.
Abby também, desde seus 13 anos, sonhava em circum-navegar a Terra. No começo deste ano,
aos 16, sozinha, ela largou as amarras de seu veleiro de 12 metros e desceu o Pacífico Sul. Passou o
Cabo Horn, atravessou o Atlântico e passou o Cabo de Boa Esperança, lançando-se no Oceano Índico.
Entre a África e a Austrália, Abby encontrou uma tempestade à qual o mastro de seu barco não resistiu.
No sábado passado, depois de dois dias à deriva num mar infernal, ela foi resgatada.
Pela internet afora e na imprensa dos EUA, os pais de Abby estão sendo criticados por um coro
indignado: como vocês puderam deixar uma menina de 16 anos errar sozinha pelo mar e pelos portos?
Fora tsunamis e tempestades, o que dizer dos meses insones espreitando o mar e o vento a cada meia
hora, da solidão, do trabalho incessante, do frio, do desconforto de uma navegação solitária ao redor do
mundo? E os piratas ao sul da Malásia? Por qual permissividade maluca vocês aceitaram que Abby se
lançasse numa aventura que seria arriscada para gente grande? Já a bordo do barco que a resgatou,
Abby escreveu no seu blog: "Há uma quantidade de coisas que as pessoas podem estar a fim de culpar
pela minha situação: minha idade, a época do ano e muito mais. A verdade é que passei por uma
tempestade, e você não navega pelo Oceano Índico sem entrar em, no mínimo, uma tempestade. Não
foi a época do ano, foi apenas uma tempestade do Oceano Sul. As tempestades fazem parte do pacote
quando você veleja ao redor do mundo. No que concerne à idade, desde quando a mocidade do
velejador cria ondas gigantescas?".
Se você duvida que Abby tivesse a maturidade necessária para sua empreitada, leia o diário da
viagem (www.soloround.blogspot.com) – sobretudo as notas de Abby durante a interminável navegação
no Atlântico Sul.
Os que censuram os pais de Abby afirmam que nunca autorizariam seus rebentos a velejar
sozinhos ao redor do mundo porque, aos tais rebentos, falta seriedade e falta experiência. Eles devem
ter razão – afinal, eles conhecem seus filhos. Mas cabe perguntar: essa falta de seriedade e experiência
é efeito de quê? Da simples juventude? Duvido: La Pérouse, o navegador francês, aos 17 anos, em 1758,
já estava combatendo os ingleses ao largo de Terra Nova. Então, efeito de quê? Pois é, provavelmente,
os mesmos pais que se indignam com a "irresponsabilidade" dos genitores de Abby permitem a seus
filhos, mais jovens que Abby, de sair em baladas nas quais os únicos adultos são os que vendem drogas
e bebidas.
Será que a volta para casa de madrugada, num carro dirigido por amigos exaustos, exaltados ou
sonolentos, é menos perigosa do que a circum-navegação do mundo num veleiro pilotado por Abby,
animada há anos por um desejo intenso e focado? E, de qualquer forma, qual das duas experiências
você prefere para seus filhos?
O fato é que muitos pais preferem que os filhos errem como baratas tontas, de festinha em
festinha. Por quê? Simples: assim, os filhos ficam infinitamente mais dependentes. E os pais modernos,
em regra, querem os filhos por perto; eles adoram que os filhos demonstrem que eles não são
suficientemente maduros para sair pelo mundo e para correr os riscos que o desejo acarreta.
Não deveríamos nos perguntar qual é a loucura dos pais que empurraram Zac, Abby e Michael
mar adentro, mas qual é a loucura dos pais que preferem largar seus filhos nas noites, em que vodca,
cerveja, maconha, ecstasy e papo furado servem para convencer os próprios adolescentes de que ainda
não começaram a viver e, portanto, vão precisar dos adultos por muito tempo.
Comentando a aventura de Abby, um pai me disse: "Nunca deixaria minha filha navegar sozinha,
eu não quero perdê-la". Pois é, "não quero perdê-la" em que sentido?
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq1706201023.htm. Acesso em: 10 out. 2018.
Texto II
Eu acho que a tendência em procurar culpados nesses momentos de tragédia existe porque a
situação é tão horrível e absurda que parece que precisamos acreditar que ela só pode ter sido causada
por um elemento externo e poderoso. Hoje são os games, mas já foram os quadrinhos, a televisão etc.
Em relação aos videogames especificamente, o consumo deles ainda é bem atrelado a crianças e
adolescentes no senso comum (embora quando analisamos estudos demográficos sobre jogos essa
visão não se sustenta, já que o gamer médio tem mais ou menos 30 anos) e o “mundo dos jovens” é
sempre colocado como exótico e até meio bizarro, fora da compreensão dos adultos e cheio de perigos.
Aí acaba sendo uma saída mais confortável considerar games violentos culpados sem levar em conta o
isolamento social e sofrimento psicológico que muitas vezes essa mesma cultura acaba impondo sobre
os jovens.
(Beatriz Blanco, pesquisadora de videogames)
Trabalho do italiano Michelangelo Pistoletto: “Oferta de mercadorias que se abate qual ‘avalanche’
sobre os sujeitos, impedindo-os de se saberem como sujeitos”.
TEXTO I
Vivemos sob as leis da economia, sustentadas pelo motor do consumo. Consumidores de
mercadorias, ficamos reféns da acumulação de produtos, cada vez mais descartáveis, mas cada vez mais
indispensáveis. A felicidade e a realização parecem estar reduzidas a isso. A cultura do consumo,
patrocinada pela alta tecnologia e pela publicidade, determinou as relações entre os indivíduos, que
passaram a consumir as coisas e os signos das coisas. O consumidor é moldado, para ser fiel ao produto
que lhe é oferecido, com um valor cultural de signo, em detrimento do valor de uso. O que significa que
os produtos não são mais expostos como detentores de propriedades próprias; os consumidores não
compram mais meros produtos mercadológicos, mas sim o que eles representam em termos de status,
de sentimentos e de emoções.
Não se compra mais um refrigerante para matar a sede, mas sim para abrir caminho para a
felicidade. Não se procura mais um sabonete para diminuir a gordura presente na pele e proporcionar
um odor agradável, mas um que revitalize a energia para quem o use. E nessa corrida por melhorias de
estado de espírito, pelo glamour e sedução, milhões de consumidores debruçam-se sobre as prateleiras
das lojas e supermercados para consumirem mais e mais ideais e emoções que faltam em seus
cotidianos. Será que os consumidores são conscientes de que suas aspirações de vida ultrapassam os
verdadeiros parâmetros para se mascararem em itens compráveis?
(www.observatoriodaimprensa.com.br/news.07.07.2009/Adaptado)
TEXTO II
Antes de se atacar a sociedade por consumir demais, deve-se elogiá-la por produzir muito e
oferecer conforto e liberdade de escolha entre produtos e preços. Isso é reconhecer as vantagens do
livre mercado. Consumista é a pessoa e não a sociedade.
TEXTO II
A Arte de Argumentar
Todos nós teríamos muito mais êxito em nossas vidas, produziríamos muito mais e seríamos
muito mais felizes, se nos preocupássemos em gerenciar nossas relações com as pessoas que nos
rodeiam, desde o campo profissional até o pessoal. Mas para isso é necessário saber conversar com
elas, argumentar, para que exponham seus pontos de vista, seus motivos e para que nós também
possamos fazer o mesmo.
Segundo o senso comum, argumentar é vencer alguém, forçá-lo a submeter-se à nossa
vontade. Definição errada! [...] Seja em família, no trabalho, no esporte ou na política, saber argumentar
é, em primeiro lugar, saber integrar-se ao universo do outro. E também obter aquilo que queremos, mas
de modo cooperativo e construtivo, traduzindo nossa verdade dentro da verdade do outro.
In: ABREU, A.S. A Arte de Argumentar: gerenciando razão e emoção. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 1999, p. 10. Fonte da imagem: Revista
Língua. Ano 8. N. 88, 2013, p. 7
TEXTO III
PROPOSTA DE REDAÇÃO
Diante da inquestionável necessidade de domínio da argumentação na vida em sociedade – seja
nas redes sociais ou em outras situações de interlocução –, construa um texto dissertativo-
argumentativo que apresente seu ponto de vista sobre o papel da argumentação nas redes sociais, em
tempos em que a exposição intensa na web é uma constante. Sustente seu posicionamento com
argumentos relevantes e convincentes, articulados de forma coesa e coerente. Dê um título ao texto.
Seu trabalho será avaliado de acordo com os seguintes critérios: espírito crítico, adequação do texto ao
desenvolvimento do tema, estrutura textual compatível com o texto dissertativo-argumentativo e
emprego da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
(Mariana Lenharo. “Cai número de plásticas no Brasil, mas país ainda é 2o no ranking, diz estudo”.
http://g1.globo.com, 27.08.2016. Adaptado.)
Texto II
Que modelo de mulher é a Barbie, que reinou por mais de meio século como um ideal feminino a
ser atingido? Um que não existe. E não é que Barbie não exista por ser linda demais, inatingível para
pobres mortais com seus genes imperfeitos, mas sim por ser bizarra demais, uma arquitetura que
literalmente não para em pé. Graças a sua cinturinha, Barbie só teria espaço para acomodar metade de
um rim e alguns centímetros de intestino. Como o pescoço é duas vezes maior do que o de uma mulher e
15 centímetros mais fino, ela não teria como manter a cabeça erguida. Andar, só como um quadrúpede.
(Eliane Brum. “Quem precisa da Barbie, tenha o corpo que tiver?”. http://brasil.elpais.com, 01.02.2016.
Adaptado.)
Texto III
Sabe-se que há riscos para a pessoa que faz uma cirurgia plástica. Podem ocorrer infecções,
sangramentos, perfuração de órgãos e hematomas. Além disso, não são raros casos de morte na sala
cirúrgica ou por complicações posteriores. Por que essa incessante busca pelo corpo perfeito, à custa de
bisturi e sangue? A mídia tem uma grande influência sobre seu público. Homens e mulheres comuns
estão cercados de anúncios que utilizam modelos esteticamente perfeitos. Numa guerra contra o
espelho, há pessoas que não aceitam sua imagem fora do padrão estético vigente. Assim, não bastam
academias de ginástica, dietas, cosméticos e salões de beleza. É preciso cortar a própria carne. Tudo bem
quando isso é feito de forma responsável e conforme o mais alto grau de profissionalismo. Contudo, a
recorrência ao bisturi para alterar a aparência é um problema quando se torna obsessão. Na mitologia
grega, Procusto era um malfeitor que capturava viajantes para fazê-los caber numa espécie de leito de
ferro. Se fossem maiores que o leito, cortava-lhes pedaços a golpes de machado. Se menores, os esticava.
Metaforicamente, eu prefiro não caber no leito de Procusto.
(Márcio Chocorosqui. “À procura do corpo perfeito”. http://lounge.obviousmag.org. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma- -padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
O excesso de cirurgias plásticas em uma sociedade de padrões estéticos opressores impostos pela mídia
com isso vem a briga pela distribuição de cargos públicos, comissionamentos e outras benesses. Isto
ocorre em todos os níveis de governo (municipal, estadual e federal), afinal é preciso acomodar todos os
camaradas.
Se pararmos para pensar, no final das contas, mesmo que inconscientemente, somos nós que
financiamos toda essa corrupção. Os corruptos visam o dinheiro público, que em última análise é o seu
dinheiro e o meu dinheiro, que disponibilizamos para a manutenção da sociedade.
Na medida em que os recursos destinados a financiar hospitais, escolas, saneamento básico e
outras necessidades primárias são desviados, debaixo de nossos narizes, e não tomamos qualquer
atitude, também temos nossa parcela de culpa, por uma simples questão de omissão.
Todo mês a arrecadação tributária bate recordes, o governo encosta os contribuintes na parede
e suga a maior parcela dos seus recursos e tudo isso para quê? Para vermos que o nosso dinheiro está
sendo desviado, utilizado para manter um gigantesco cabide de empregos, manter o inchaço da
máquina pública ou aplicado em obras fúteis, enfim, uma grande parcela escoando pelo ralo. (...)
Falta-nos esse poder de mobilização e indignação, afinal quem manda neste país é o povo
brasileiro, sua vontade é soberana e cabe aos ocupantes dos cargos públicos nos representar e,
sobretudo, nos respeitar.
A situação pode, sim, ser mudada. Desde que você e eu nos manifestemos abertamente, pois
nossa manifestação, quando multiplicada, gerará a necessária mudança da opinião pública sobre o
assunto. Sinta-se à vontade para utilizar ou compartilhar este artigo com seus amigos e colegas, e peça-
os para manifestarem também em blogs, twitters e outros meios, enviando cópia para deputados,
senadores e outras autoridades.
Texto II
“No Brasil, corrupção é forma de gestão, é sistema político”, diz Jabor
Esta crise vem do atraso brasileiro. Quem a provoca é a resistência daqueles que vivem da
precariedade de nossas instituições, aqueles que vivem nos buracos da lei, como os ratos. O Ministério
Público com Janot e o juiz Sérgio Moro não estão provocando crise alguma, mas uma mutação histórica.
Mesmo que acabe em pizza, nunca mais o país será o mesmo.
Isso porque aqui a corrupção nao é apenas um malfeito, um "pecado" de ladrões, mas uma
forma de gestão, um sistema político que contamina os órgãos públicos, deformando qualquer hipotese
de crescimento e governança.
Está vindo à luz um Brasil que estava oculto debaixo da terra e dos esgotos. A maldita herança
que Lula deixou abriu as portas para esse desmanche do país. Há 12 anos a ordem ainda é: "Façam o
que quiserem com o Estado, desde que me apoiem".
E assim se criou o pior cenário para o Brasil: uma frente única da esquerda incompetente com a
mais arcaica direita feudal. O perigo que a Lava Jato corre não são as investidas do ambicioso trator
Eduardo Cunha. Não. Perigosas são as artimanhas sutis, armadas para tentar que o STJ anule as
investigações.
No Brasil fala-se muito em democracia para não exercê-la. Mas Janot e os procuradores estão
mostrando que a verdadeira democracia é: "Todos os homens são iguais perante à lei".
A partir dos textos motivadores, e tomando-os unicamente como motivadores, escreva um texto
dissertativo expositivo-argumentativo que verse acerca do seguinte tema: A corrupção e a passividade
do brasileiro. Seu texto deverá ter, no máximo, 30 linhas e ser escrito segundo a norma culta da língua
portuguesa.
Texto 4
Jaime Lerner, arquiteto e ex-prefeito de Curitiba que priorizou o transporte coletivo na capital
paranaense, chamou o carro de “cigarro do futuro”: “Você poderá continuar a usar, mas as pessoas se
irritarão por isso.” Depois de décadas em que o modelo curitibano, que privilegia corredores de ônibus,
vem sendo copiado no exterior, é ainda lentamente que ganha adeptos no Brasil, com a adoção de
corredores e ciclovias e a discussão de limitar, no Plano Diretor de São Paulo, a oferta de vagas de
garagem. O escritor e empresário australiano Ross Dawson tem opinião parecida à de Lerner: “Um dia as
pessoas vão olhar para trás e se perguntar como era aceitável poluir tanto, da mesma forma como hoje
pensamos sobre o tempo em que cigarro era aceito em restaurantes, aviões e lugares fechados.” Nos
EUA, o carro perde espaço não apenas como meio de locomoção, mas também como objeto de desejo e
expressão de um certo modo de vida. Demografia e economia, além da questão ambiental, fazem com
que menos jovens tirem carteira de motorista e cidades invistam em sustentabilidade para atrair
moradores. 20% dos jovens americanos entre 20 e 24 anos de idade não têm hoje habilitação — e o
mesmo vale para 40% dos americanos de 18 anos. Em ambos os casos, o número de jovens que não
dirigem dobrou entre 1983 e 2013, segundo estudo da Universidade de Michigan. (Raul Juste Lores. “O
declínio de uma paixão”. Folha de S.Paulo, 29.06.2014. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-
argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
O carro será o novo cigarro?
(“Vida ou morte: os argumentos pró e contra sobre o direito de morrer por aqueles que convivem com a
iminência do fim”. https://tab.uol.com.br. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Eutanásia: entre a liberdade de escolha e a preservação da vida
Texto 1
Apenas reproduzimos nas redes sociais o que somos na vida off-line. Mas hoje se convencionou
que tudo é culpa da tecnologia. A previsão é sempre de um futuro sombrio, em que as pessoas não se
relacionam, não se falam, não se encontram.
Falava-se a mesma coisa da TV. Para os pessimistas há sempre uma praga tecnológica mais atual.
Os saudosistas olham para o passado e acham que a vida era mais vida lá atrás.
Não é melhor nem pior. É apenas diferente. Só temos que nos adaptar. As redes sociais podem,
sim, nos dar uma falsa impressão de convivência cumprida. Corremos o risco de viver as relações de
forma superficial. Sabemos da vida alheia, rimos das mesmas piadas, mandamos coraçõezinhos,
distribuímos likes. E, então, voltamos para nossa vida ocupada.
Não dou conta de responder a todos os e-mails, inbox do Facebook, mensagens de WhatsApp.
Fico na intenção. Não é egoísmo. É falta de habilidade em ser onipresente em todas as plataformas.
Nunca estivemos tão em contato mesmo à distância. As redes sociais têm o poder de estreitar
laços e desvendar afinidades até com desconhecidos.
(Mariliz Pereira Jorge. “As redes sociais têm o poder de estreitar laços”. Folha de S.Paulo, 19.02.2015. Adaptado.)
Texto 2
Não podemos supor que as redes sociais tragam somente meras mudanças de costumes, porque
seu peso, associado ao desenvolvimento da informática, é semelhante à introdução da imprensa, da
máquina a vapor ou da industrialização na dinâmica do nosso mundo. As redes sociais provocam
mudanças de fundo no modo como as nossas relações ocorrem, intervindo significativamente no nosso
comportamento social e político. Isso merece a nossa atenção, pois acredito que uma característica das
redes sociais é, por mais contraditório que pareça, a implantação do isolamento como padrão para as
relações humanas.
Ao participar das redes sociais acreditamos ter muitos amigos à nossa volta, ser populares, estar
ligados a todos os acontecimentos e participando efetivamente de tudo. Isso é uma verdade, mas
também uma ilusão, porque essas conexões são superficiais e instáveis. Os contatos se formam e se
desfazem com imensa rapidez; os vínculos estabelecidos são voláteis e atrelados a interesses
momentâneos. Além disso, as relações cultivadas nas redes sociais se baseiam na virtualidade, portanto,
no distanciamento físico entre as pessoas.
A opinião do outro é apenas a oportunidade para se expressar a sua própria. O outro parece
importar, mas de fato não importa. Importam apenas a própria posição e a autoexposição. Daí a
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
As redes sociais estreitam os laços entre as pessoas ou as tornam egoístas?
"É necessário entender a ideia de identidade e de alteridade. Por uma questão de sobrevivência, nos
sentimos seguros quando próximos de algo com que nos identificamos. Queremos sempre que o outro
seja igual a nós e, se não for, talvez tenhamos que destruí-lo. Este é um pressuposto fundamental para o
surgimento do discurso de ódio.” (Izidoro Blikstein, professor da FGV e especialista em Análise do
Discurso.)
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"Liberdade de expressão é o direito de expor a opinião e exercitar a divergência sem ser perseguido ou
condenado. O discurso de ódio é um conceito um tanto abstrato e elástico. Para uns, é a expressão da
verdade desnuda do politicamente correto; para outros, é a tentativa abjeta de difamar seu interlocutor.”
(Rachel Sheherazade, jornalista e apresentadora de TV.)
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"O discurso de ódio aparece quando você acha que seu modo de ser e estar no mundo deve ser um
modelo com o qual outras pessoas têm que se conformar. Se isso não acontecer, o discurso de ódio vem
para deslegitimar a sua vivência, para fazer com que pareça que sua vida não merece ser vivida." (Linn da
Quebrada, cantora.)
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"Liberdade de expressão não é um direito absoluto, nem pode ser. As pessoas têm dificuldade de
entender que vivem em sociedade, que existem regras e que a gente precisa delas, sobretudo no que diz
respeito à vida do outro." (Djamila Ribeiro, ativista dos movimentos negro e feminista e ex-Secretária
Adjunta de Direitos Humanos da prefeitura de São Paulo.)
(Adaptado de http://temas.folha.uol.com.br/liberdade-de-opiniao-x-discurso-de-odio/o-que-e-o-que-e/
personalidades-discutem-o-que-e-liberdade-de-opiniao-e-discurso-de-odio.shtml. Acessado em
13/11/2017.)
É verdade, corujinha. A UNICAMP não solicita ao candidato uma dissertação. A Banca pede que o
vestibulando faça duas redações de gêneros diferentes, ou seja, pode ser solicitado que se faça uma
carta, um abaixo-assinado, um comentário em numa página de internet, um discurso de apresentação
etc. Mas em 2018, a Banca solicitou que fosse produzido um artigo de opinião.
Em primeiro lugar, há a possibilidade de se usar a primeira pessoa do singular (eu) sem causar
estranheza. Pode-se dizer, por exemplo, “Nessa semana que passou, tomei um susto ao ler a publicação
de um amigo na rede social. Indignado, ele divulgou alguns comentários que estavam circulando na rede
sobre preconceito contra nordestinos.”
O outro traço distintivo refere-se ao fato de que o redator do texto pode ser um pouco mais enfático.
Na verdade, como você pode ver, as distinções são muito sutis. A estrutura dos dois (dissertação e artigo
de opinião) é a mesma (introdução, desenvolvimento argumentativo e conclusão). Além disso, seu texto
será avaliado, nos dois casos, pela qualidade argumentativa. A diferença é tão sutil que se você fizer
uma dissertação e publicá-la no espaço dedicado ao artigo de opinião, seu texto será encarado como
sendo artigo e opinião, ninguém fará objeção.
Portanto, não se enrole. Aliás, aproveite. Usar a primeira pessoa torna a escrita mais fácil. Pense assim,
trata-se de uma dissertação em que posso usar a primeira pessoa do singular.
Texto 2
O projeto “Remição da Pena pelo Estudo através da Leitura” do governo do Paraná registrou, até
2014, a média mensal de 2,3 mil detentos participantes.
Pedagoga e professora do curso de pedagogia da Universidade Estadual de Maringá (UEM),
Aparecida Meire Calegari-Falco ressalta a importância da leitura no processo de humanização das
pessoas, especialmente daquelas que se encontram privadas de liberdade. “A leitura pode ser uma
janela para o mundo lá fora, além de que o projeto talvez seja a única possibilidade de contato com a
leitura que essas pessoas terão”. A pedagoga reforça, ainda, o incentivo ao conhecimento que o hábito
de ler pode trazer, contribuindo para diminuir a reincidência de crimes. Segundo ela, a falta de
capacitação profissional é um dos principais motivos para que ex-detentos continuem a cometer delitos,
um problema que pode ser resolvido através do incentivo ao conhecimento proporcionado pela leitura.
Desde a implantação da lei, o Paraná vem sendo reconhecido no cenário nacional por ser o
pioneiro no projeto. Tendo ganhado vários prêmios, o Estado já possui o maior número de presos que
garantiram uma vaga na universidade neste ano. Através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu) do
Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), 55 detentos entraram para uma universidade pública em
2015.
(Fabiola Junghans et al. www.portalcomunicare.com.br. Adaptado.)
Texto 3
Cid Gomes, enquanto governador do Ceará, apresentou projeto de redução de pena pela leitura,
conferindo ao condenado 4 dias a menos na prisão por livro lido no mês. Embora simpática aos olhos de
alguns, a medida merece ser censurada sob vários aspectos.
A respeito da execução da pena, a legislação federal estabelece a possibilidade de redução por
trabalho ou por estudo, devendo, nesta hipótese, ocorrer a frequência escolar – atividade de ensino
fundamental, médio, profissionalizante, superior, ou ainda de requalificação profissional. A proposta
governamental esbarra nessa lei, pois a simples leitura não se enquadra em estudo regular, mesmo
mediante avaliação. A leitura serve como mero deleite, busca de conhecimento, de reconstrução, de
entretenimento, sendo um item a mais no processo de ressocialização. É, porém, inadmissível que
ressocialização seja sinônimo de redução de pena. A leitura, pela simples leitura e sem o ensino formal,
não propiciará a revitalização do sistema penitenciário brasileiro.
(Heitor Férrer. www.opovo.com.br, 19.12.2014. Adaptado.)
Com base na leitura dos textos e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, na norma-
padrão da língua portuguesa, sobre o seguinte tema:
A leitura deve ser uma medida para a redução da pena de presidiários?
entende”, explica Macedo. Mas a situação muda nas redes sociais, mesmo que envolva uma ação
impensada. “A pessoa tem muito mais consciência do que está fazendo na internet do que na agressão
física no mundo real, que geralmente parte de uma explosão súbita.”
Texto II
Nós, brasileiros, ocupamos a 3ª posição no ranking mundial da internet, segundo dados do Ibope
Nielsen Online. O uso da internet em locais de trabalho e domicílios brasileiros vem crescendo muito
nos últimos tempos, colocando o Brasil acima de países como a Alemanha, o que por um lado é
benéfico, porque nos traz os benefícios dos avanços tecnológicos; mas, por outro lado, muita
preocupação quanto ás formas e finalidades para as quais muitos internautas fazem uso da internet.
Blogs, sites, redes sociais em geral são usadas com a finalidade de empreendedorismo por quem
sabe usá-los como ferramentas e mecanismos auxiliares, e hoje, indispensáveis, na comunicação e
marketing que varia dos pequenos aos grandes negócios, mas existe uma gama de usuários, que a
exploram pelo lado negro, desnecessário e até criminoso, causando desconfortos e prejuízos a toda
comunidade virtual.
Com o crescimento da incitação ao ódio e à violência nas redes sociais, é comum nos depararmos
com campanhas e mais campanhas educativas, que visam aplacar essa onda de ataques virtuais, que
cresce com o desconhecimento das leis que regulamentam o uso racional e responsável da web,
prevendo punições aos infratores das mesmas. A internet nunca foi terra de ninguém como apregoam
os que dela utilizam para o mal.
Não obstante às campanhas educativas, criação de Delegacias Especializadas em Crimes
Cibernéticos, a exemplo da Safernet Brasil, DEICC, DRCI, dentre outros, é muito comum encontrarmos
publicações maldosas que divulgam nomes e imagens de pessoas, de forma injuriosa, caluniosa e
difamatória, frases de efeito como, “morte ao fulano”, incitando o ódio e a violência sem se quer medir
as consequências danosas de tamanha irresponsabilidade virtual.
Num passado não muito distante, em 03 de maio de 2014, o Brasil foi impactado pelas
consequências desse, hoje, tão habitual, linchamento virtual, que veio a ser letal, trágico na vida da
senhora Fabiane Maria de Jesus, dona de casa, 33 anos, violentamente agredida por dezenas de
moradores de uma comunidade em Guarujá, no litoral de São Paulo, após ter sua imagem divulgada
irresponsavelmente na internet, onde a denunciavam como sequestradora de crianças para rituais de
magia negra.
Texto III
A professora de Estudos Ambientais da Universidade de Nova York, Jennifer Jacquet, autora do
livro “A vergonha é necessária? Novos usos para uma velha ferramenta”, diz em seu livro que a
exposição pública de alguém que tem um comportamento reprovável tem uma função social desejável.
Ela defende que envergonhar publicamente um indivíduo ou uma marca tem o poder de mudar
comportamentos sociais tanto dos alvos da vergonha quanto daqueles que entram em contato com o
ato – e pode causar mudanças reais naqueles indivíduos. Além disso, a mobilização também ajuda a
chamar atenção do poder público para um caso, o que pode render alguma ação legal se o ato
executado pelo indivíduo for, além de algo moralmente reprovável, um crime.
No entanto, Jacquet alerta para o poder que a internet coloca na mão das multidões, para o bem
e para o mal. A perseguição virtual de pessoas comuns, para ela, é um problema porque muitas vezes
gera consequências desproporcionais para o indivíduo em comparação à infração que ele cometeu. E é
alimentado pelo viés de grupo, fenômeno social que gera sentimento de ódio ou medo em relação
àqueles que consideramos diferentes. O linchamento virtual adquire outro caráter quando lembramos
que as informações que publicamos e registramos na rede são difíceis de apagar. Além do impacto
imediato na vida da pessoa que foi linchada, ela pode seguir sendo punida por uma mancha enorme em
sua reputação pelo resto da vida: basta uma busca na internet.
ameaças físicas. Em meio ao desenvolvimento de uma série de problemas típicos da virtualidade, como
o estupro virtual e o estelionato virtual, o usuário de internet se vê cercado de cuidados a tomar e
atitudes a controlar.
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-
-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Texto 3
Desde o ano de 1250 a.C., os zoológicos utilizam animais atrás das grades para a diversão de
milhões de pessoas. Apesar de os zoológicos afirmarem que realizam um importante papel na
preservação e na educação ambiental, eles são lugares artificiais e, por vezes, cruéis.
Primeiramente, os espaços nos zoológicos não se comparam ao hábitat onde os animais têm o
direito de viver. Os zoológicos são muito menores e nada estimulantes. Por esse motivo, muitas vezes,
os animais apresentam comportamentos como andar de um lado a outro, bater-se em paredes e
morder o próprio corpo, que são atribuídos à depressão, ao tédio e às psicoses. Além disso, animais em
zoológicos morrem mais cedo do que o normal e sofrem de doenças decorrentes de cuidados
inadequados.
Em sua defesa, os zoológicos afirmam que atuam na preservação ambiental, frequentemente
fazendo o público acreditar que eles reproduzem animais para soltá-los na natureza, mas, na realidade,
esses programas de reprodução são feitos, principalmente, com o objetivo de manter os animais em
cativeiro.
Também há o mito de que os zoológicos ajudam na educação ambiental quanto ao
conhecimento sobre animais selvagens. No entanto, a verdade é que o ganho educacional ao visitar
esses locais é pequeno, se é que ele existe – até porque os animais não se comportam de modo natural
pelo simples fato de estarem presos. As pessoas podem aprender mais sobre animais selvagens
assistindo a documentários (que os mostrem em seus hábitats) ou realizando viagens de estudo para
observá-los na natureza.
(Agência de Notícias de Direitos Animais. “Saiba os 5 motivos que fazem do zoológico um ambiente de
tortura”. www.anda.jor.br, 25.01.2014. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Os zoológicos são locais de preservação e educação ambiental ou uma forma cruel de diversão?
TEXTO I
A deputada Júlia Marinho (PSC-PA) apresentou um projeto de lei com o intuito de alterar o Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), de maneira que seja proibida a adoção de crianças por casais homoafetivos.
O projeto de lei pretende incluir mais um parágrafo, dentro do artigo 42 do ECA. Esse dispositivo estabelece regras
para a adoção de crianças no Brasil. Hoje, para ser pai adotivo ou mãe adotiva, a pessoa precisa ter 18 anos, ter pelo menos 16
anos a mais que o adotado e garantir a segurança da criança ou do adolescente. Mas a parlamentar quer incluir mais uma
condicionante para as adoções: “É vedada a adoção conjunta por casal homoafetivo”, aponta o projeto.
“Até que estudos científicos melhor avaliem os possíveis impactos sobre o desenvolvimento de crianças em tal
ambiente e que a questão seja devidamente amadurecida, por meio de discussão no âmbito constitucionalmente previsto para
tanto – o Parlamento –, deve ser vedada a adoção homoparental”, defende a deputada.
“É na família que as primeiras interações são estabelecidas, trazendo implicações significativas na forma pela qual a
criança se relacionará em sociedade. O convívio familiar é o espaço de socialização infantil por excelência, constituindo a
família verdadeira mediadora entre a criança e a sociedade”, afirma Júlia, logo em seguida. “O novo modelo de família,
contrário ao tradicional, encontra ainda resistência da população brasileira”, justifica.
(Wilson Lima. “Deputada quer proibir adoção por casal homoafetivo”. http://congressoemfoco.uol.com.br, 25.03.2015. Adaptado.)
TEXTO II
Para a psicóloga Mariana Farias, “o desenvolvimento da criança não depende do tipo de família, mas do vínculo que
esses pais e mães vão estabelecer entre eles e a criança. Afeto, carinho, regras: essas coisas são mais importantes para uma
criança crescer saudável do que a orientação sexual dos pais”. Ainda assim, sobram mitos em torno da criação de filhos por
pais e mães gays. Veja o que a ciência tem a dizer sobre eles:
Mito 1. “Os filhos serão gays!”: A lógica parece simples. Pais e mães gays só poderão ter filhos gays, afinal, eles vão
crescer em um ambiente em que o padrão é o relacionamento homossexual, certo? Não necessariamente (se fosse assim, seria
difícil, por exemplo, explicar como filhos gays podem nascer de casais héteros). Um estudo da Universidade Cambridge
comparou filhos de mães lésbicas com filhos de mães héteros e não encontrou nenhuma diferença significativa entre os dois
grupos quanto à identificação como gays.
Mito 2. “Eles precisam da figura de um pai e de uma mãe”: Filhos de gays não são os únicos que crescem sem um dos
pais. Durante a 2ª Guerra Mundial, estima-se que 183 mil crianças americanas perderam os pais. No Brasil, 17,4% das famílias
são formadas por mulheres solteiras com filhos. Na verdade, os papéis masculino e feminino continuam presentes como
referência mesmo que não seja nos pais.
Mito 3. “Essas crianças correm risco de sofrer abusos sexuais!”: Esse mito é resquício da época em que a
homossexualidade era considerada um distúrbio. Desde o século 19 até o início da década de 1970, os gays eram vistos como
pervertidos, portadores de uma anomalia mental transmitida geneticamente. Foi só em 1973 que a Associação de Psiquiatria
Americana retirou a homossexualidade da lista de doenças mentais. É pouquíssimo tempo para a história. O estigma de
perversão, sustentado também por líderes religiosos, mantém a crença sobre o “perigo” que as crianças correm quando criadas
por gays. No entanto, até hoje, as pesquisas não encontraram nenhuma relação entre homossexualidade e abusos sexuais.
(Carol Castro. “4 mitos sobre filhos de pais gays”. http://super.abril.com.br, fevereiro de 2012. Adaptado .)
Com base em seus conhecimentos e nos textos apresentados, redija uma dissertação, na norma-padrão da língua portuguesa,
sobre o tema:
A adoção de crianças por casais homossexuais deve ser proibida?
Texto 2
O que é o Estatuto da Família?
É um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados. O texto desse projeto tenta definir o
que pode ser considerado uma família no Brasil. Ou seja, o projeto propõe regras jurídicas para definir
quais grupos podem ser considerados uma família perante a lei.
(“O que é o Estatuto da Família?”. www.cartacapital.com.br, 25.10.2015. Adaptado.)
Texto 3
Projeto de Lei no 6583, de 2013 (Estatuto da Família)
Para os fins desta Lei, define-se família como o núcleo social formado a partir da união entre um
homem e uma mulher, por meio de casamento ou união estável, ou ainda por comunidade formada por
qualquer dos pais e seus descendentes.
(Anderson Ferreira [deputado federal pelo PR]. “Projeto de Lei no 6583/2013”. www.camara.gov.br,
16.10.2015. Adaptado.)
Texto 4
O Estatuto da Família veio num momento bastante oportuno. Nunca a principal instituição da
sociedade e o matrimônio foram tão atacados como nos dias atuais. Basta ver crianças e adolescentes
sendo aliciados para o mundo do crime e das drogas, a violência doméstica, a gravidez na adolescência,
os programas televisivos cada vez mais imorais e violentos, sem falar na visível deturpação do conceito
de matrimônio e na banalização dos valores familiares conquistados há décadas. Tudo isso repercute
negativamente na dinâmica psicossocial do indivíduo.
O Estatuto da Família não deveria causar tanto alvoroço no que se refere ao conceito de família.
A definição não é minha e de nenhum parlamentar. É a Carta Constitucional que, assim, restringe sua
composição. Não tem nada a ver com preconceito ou discriminação.
(Sóstenes Cavalcante [deputado federal pelo PSD]. “Estatuto da Família é base para sociedade mais
justa, fraterna e desenvolvida”. http://congressoemfoco.uol.com.br, 08.10.2015. Adaptado.)
Texto 5
A ONU no Brasil disse estar acompanhando “com preocupação” a tramitação, no Congresso
Nacional, da Proposição Legislativa que institui o Estatuto da Família, especialmente quanto ao conceito
de família e “seus impactos para o exercício dos direitos humanos”.
Citando tratados internacionais, a ONU afirmou ser importante assegurar que outros arranjos
familiares, além do formado por casal heteroafetivo, também sejam igualmente protegidos como parte
dos esforços para eliminar a discriminação: “Negar a existência destas composições familiares diversas,
para além de violar os tratados internacionais, representa uma involução legislativa”.
(“Brasil: ONU está preocupada com projeto de lei que define conceito de família”.
http://nacoesunidas.org, 27.10.2015.)
TEXTO I
A empresa foi acusada de promover a violência contra as mulheres muçulmanas pelo fato de o hijab ser visto por
várias pessoas como um elemento opressivo. A ministra da saúde da França, Agnès Buzyn, afirmou que, embora o produto não
seja proibido na França, “não é uma visão da mulher da qual eu compartilho”: “Eu preferiria que uma marca francesa não
promovesse o lenço. Tudo o que pode levar à diferenciação entre mulheres e homens me incomoda.” Aurore Bergé, porta-voz
do partido francês A República em Marcha, também criticou a venda do produto, sugerindo um boicote à rede: “O esporte
emancipa: ele não submete. Minha escolha como uma mulher e cidadã será deixar de depositar minha confiança em uma marca
que afronta nossos valores.”
Outras pessoas, contudo, defenderam a marca pela ação inclusiva e lamentaram a decisão da empresa de suspender as
vendas. Inicialmente, a empresa havia defendido a venda do hijab, alegando que era “uma forma de tornar o esporte acessível a
todas as mulheres do mundo.”
TEXTO I
“Essa marca de materiais esportivos se submete ao islamismo, que tolera mulheres apenas quando têm a cabeça coberta
com um hijab para afirmar sua submissão aos homens. Ela, portanto, nega os valores da nossa civilização no altar do mercado
do marketing identitário.”, declarou no Twitter a polêmica Lydia Guirous, porta-voz do partido francês Os Republicanos.
A marca respondeu a Guirous, também nas redes sociais: “Fique tranquila, não negamos nenhum dos nossos valores.
Sempre fizemos tudo para tornar o esporte mais acessível em qualquer lugar do mundo. Esse hijab era uma necessidade de
algumas praticantes de corrida, então respondemos a essa necessidade esportiva.”
(https://operamundi.uol.com.br, 27.02.2019. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-argumentativo,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Vestimentas religiosas no esporte: legitimação da opressão ou liberdade de manifestação religiosa?
Texto III
Porque as amizades que se conseguem por interesse e não por nobreza ou grandeza de caráter, são
compradas, não se podendo contar com as mesmas no momento preciso.
MACHIAVELLI, Niccolò. O Príncipe. (comentado por Napoleão Bonaparte); tradução de Torrieri Guimarães. São Paulo, Hemus,1977.
Texto IV
Um historiador da nossa língua, creio que João de Barros, põe na boca de um rei bárbaro algumas
palavras mansas: dizia o rei que os bons amigos deviam ficar longe uns dos outros, não perto, para não
se zangarem como as águas do mar que batiam furiosas no rochedo que eles viam dali. [...] Eu creio que
o mar então batia na pedra, como é seu costume, desde Ulisses e antes. Agora que a comparação seja
verdadeira é que não. Seguramente há inimigos contíguos, mas há também amigos de perto e do peito.
E o escritor esquecia (salvo se ainda não era do seu tempo) esquecia o adágio: longe dos olhos, longe do
coração.
MACHADO DE ASSIS, Joaquim Maria. Amigos Próximos – Dom Casmurro. São Paulo: Globo, 2008. (com adaptações)
Texto V
A internet e as redes sociais estão tornando as amizades superficiais? [...] Virou lugar-comum
pensar que a versão virtual das relações é inferior ao correspondente real”, escreveu o filósofo holandês
Johnny Hartz Soraker. “É preciso considerar a possibilidade de as amizades virtuais suscitarem confiança
e espalharem felicidade”.
Os limites da amizade, via internet, ainda não estão definidos – e são objetos de intensa
controvérsia, teórica e prática. Pessoas comuns inscritas no Facebook se perguntam se aquilo que elas
fazem todos os dias, se as horas que dedicam ao trato e à troca com pessoas que nunca olharam nos
olhos são apenas uma perversão digital do mais nobre dos afetos humanos. É possível criar amizades
verdadeiras pela internet e cultivá-las à distância? Ou, na verdade, as redes sociais estão nos isolando
atrás da tela do computador?
O filósofo grego Aristóteles, 300 anos antes de Cristo, dizia que duas pessoas são capazes de
nutrir uma amizade verdadeira se desejarem, genuinamente, o bem da outra, sem visar ao benefício
próprio. [...] Independentemente da tecnologia usada para manter as amizades, tanto os
relacionamentos da vida real quanto da virtual exigem dedicação e doação – de tempo, disponibilidade
e afeto.
Revista Época: Vida – comportamento – 2012, nº 749. (com adaptações)
Pergunta-se: “A internet e as redes sociais estão tornando as amizades superficiais?” O que é um amigo?
Que critérios podem ser essenciais para que se reconheçam amigos como sendo verdadeiros? E a
relação entre amigos virtuais passa longe de uma amizade verdadeira? Como não confundir amigos e
conhecidos na internet? Até que ponto as controvérsias sobre amigos via internet podem ser
fundamentadas?
Redija um texto dissertativo-argumentativo, em prosa, em que você manifeste sua posição a respeito
do questionamento a seguir.
AMIGOS VIA INTERNET: É POSSÍVEL CULTIVÁ-LOS DE VERDADE?
TEXTO 1
“[…] O silêncio das quatro paredes, os olhares curiosos dos recepcionistas, a impessoalidade de tudo:
você é apenas um número, o do seu quarto”.
SCHROEDER, Carlos Henrique. As fantasias eletivas. 4ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2016.p.109.
TEXTO 2
Muitos anos de asilo
Ninguém os quis
Nem a cor nem a idade certas
Ficaram lá.
E ficaram até depois que saíram
Guardaram o apelido
Ele, 36.
Ela, 37.
Eram os números que marcavam as roupas
E as camas
Os números da chamada
Das cadeiras do café da manhã.
VIGNA, Elvira. Vitória Valentina. 1ª ed. Rio de Janeiro: Lamparina, 2016.
TEXTO 3
Você é um Número
Se você não tomar cuidado vira um número até para si mesmo. Porque a partir do instante em
que você nasce classificam-no com um número. Sua identidade no Félix Pacheco é um número. O
registro civil é um número. Seu título de eleitor é um número. Profissionalmente falando você também
é. Para ser motorista, tem carteira com número, e chapa de carro. No Imposto de Renda, o contribuinte
é identificado com número. Seu prédio, seu telefone, seu número de apartamento – Tudo é número. Se
é dos que abrem crediário, para eles você também é um número. Se tem propriedades, também. Se é
sócio de um clube tem um número. Se é imortal da Academia Brasileira de Letras tem número da
cadeira.
Clarice Lispector – Disponível em: http://claricelispector.blogspot.com.br/2008/06/voc-um-nmero.html, acessado em 23/03/2017.
Com base nas informações apresentadas, escreva um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema
proposto.
A música Canção da América, composta por Milton Nascimento e Fernando Brant, de onde foi
extraída a passagem acima, fala daquela amizade capaz de resistir à distância e ao tempo, característica
de uma época em que o contato físico entre amigos era a forma mais usual de aproximação. Era um
tempo em que se valorizavam os poucos e verdadeiros amigos.
Atualmente, com a conectividade das redes sociais, a realidade é outra. Hoje é possível manter-se
em contato contínuo com pessoas que estejam em qualquer lugar do planeta, o que permite multiplicar
de modo expressivo o número de amizades. Paradoxalmente, o apego ao mundo virtual parece estar
promovendo um outro tipo de distanciamento, já que não é incomum, hoje em dia, ver amigos reunidos
em um mesmo ambiente físico, mas isolados uns dos outros pela força atrativa dos tablets e dos
smartphones.
Levando em conta esse cenário, reflita sobre o tema a seguir.
Na sua opinião, o que é a amizade nos dias de hoje?
Para tanto, você deve:
- expressar a sua opinião sobre o que caracteriza a amizade nos dias atuais;
- apresentar argumentos que justifiquem o ponto de vista assumido; e
- organizar esses argumentos em um texto dissertativo.
Instruções A versão final do seu texto deve:
1 - conter um título na linha destinada a esse fim;
2 - ter a extensão mínima de 30 linhas, excluído o título – aquém disso, seu texto não será avaliado –, e
máxima de 50 linhas. Segmentos emendados, ou rasurados, ou repetidos, ou linhas em branco terão
esses espaços descontados do cômputo total de linhas;
3 - ser escrita, na folha definitiva, à caneta e com letra legível, de tamanho regular.
Texto II
A relação médico-paciente, considerada uma coisa importante e quase sagrada desde os tempos de Hipócrates, está em
franca degeneração, e não só no Brasil. Isso é muito ruim para tudo e para todos: sofre a qualidade da assistência médica, sofre
a ética, mas sofre, principalmente, a própria eficácia da terapia; uma vez que está amplamente demonstrado que o simples fato
de o paciente acreditar e confiar no médico é meio caminho andado para que ela ocorra.
(Renato M. E. Sabbatini. www.sabbatini.com/renato/correio/medicina/corr9645.htm)
Texto III
Aforismo*, frequentemente atribuído a Hipócrates, define o compromisso do médico para com os doentes e foi
consagrado como divisa da própria medicina: curar algumas vezes, aliviar frequentemente, consolar sempre.
(www.medicinacomplementar.com.br/tema2002062.asp. Adaptado)
Com base nos textos da coletânea e em seus conhecimentos, elabore um texto dissertativo sobre o tema
A relação médico-paciente nos tempos apressados da atualidade
Nessa proposta da UEMA, temos a presença de três textos de apoio que servirão para o
vestibulando analisar com atenção o conteúdo de cada um deles antes de elaborar a sua dissertação
respondendo um questionamento específico feito pela banca.
O primeiro texto é um texto verbal e não verbal, ou seja, possui como constituição um texto, mas
que também se apoia em uma imagem de um dizer de uma figura conhecida como Profeta Gentileza. Já
no texto 2 temos uma breve apresentação desse profeta que era bastante conhecido nas ruas do Rio de
Janeiro. Por fim, o texto 3 retrata um aspecto mais político do tema, que seria a polarização de ideias.
Portanto, para compreendermos a proposta é necessário lembrar que o tema trata da dois lados
opostos, por isso a polarização das ideias, em que há indivíduos/grupos que se afastam e não dialogam
de forma saudável. Logo, para se pensar nessa proposta podemos pensar em temas da atualidade, como
temas sociais e políticos.
Coletânea de textos
Com base na leitura dos textos o vestibulando deve compor o seu texto, que possui gênero
dissertativo argumentativo. O candidato deve escrever no mínimo 15 linhas acerca das reflexões contidas
nos textos. Desse modo, precisamos compreender brevemente o conteúdo desses três textos.
No texto 1, a imagem contem o dizer “Gentileza gera gentileza”, por meio da seta presente na
imagem, podemos compreender que o processo da gentileza é contínuo desde que a gentileza permaneça
sendo exercida. Desse modo, uma mensagem essencial nesse lema do Profeta Gentileza seria também
relacionada à empatia.
Encaminhamentos possíveis
O tema indica uma frase tema no formato de um questionamento que complementa o comentário
breve antes de apresentar, de fato, a frase tema. Nesse comentário há a questão da intolerância e do ódio
sentimentos destacados nessa polarização discutida pelo tema central. Desse modo, temos de pensar
para construir a dissertação acerca da pergunta: Qual é a importância da gentileza em uma sociedade
polarizada?
Argumentos possíveis:
- Sociólogos como Durkheim apontaram que o tecido social pode ser rompido se não houver um
mínimo de solidariedade entre os indivíduos.
- A polarização entre esquerda e direta rompe famílias e amizades; a gentiliza, pelos menos,
diminuiria a virulência com que esse extremismo se manifesta.
- A gentileza pode evitar conflitos graves, até mesmo em contextos de guerra como forma de
aliança.
- Um gesto gentil diante de uma ação ríspida frustra a intenção do agressor, que se vê claramente
na posição de violência sem justificativa. Esse tipo de comportamento foi utilizado, por exemplo, por
Gandhi para vencer seus inimigos.
- Por meio da gentileza o indivíduo gera a compreensão das dores, da cultura e das ideias do outro,
o que pode abrir espaço para um processo comunicativo baseado na troca e não na hostilidade.
O tipo de proposta apresentada para o candidato seguia a linha da UEL que em suas propostas
curtas, nas quais solicitava ao candidato que escrevesse sobre causas e consequências dos problemas
escolhidos. Nesse caso particular, a instituição não se fez de rogada e pediu para que o vestibulando
escrevesse sobre um tema sensível no Brasil, os protocolos sanitários, que atingem diretamente os
jovens, já que boa parte das aglomerações são promovidas por essa faixa etária. Pedia-se para refletir
sobre “as razões que levam as pessoas a, propositalmente, transgredir as medidas de enfrentamento
do coronavírus”.
É importante notar que a temática proposta solicita que sejam abordadas as razões que as
pessoas intencionalmente têm para a desobediência das medidas de segurança de enfrentamento da
pandemia. Devem ser considerados os textos motivadores, o quais abordam consequências dessa
transgressão, alarmes quanto a ocorrência de atitudes contrárias às recomendações sanitárias e os
perfis de pessoas traçados na pandemia, além dos conhecimentos do leitor para a construção da
discussão e de uma argumentação coerente e produtiva sobre o posicionamento escolhido pelo
candidato do concurso.
COLETÂNEA
A banca fornecia ao candidato três textos, sendo que os dois primeiros tinham como finalidade
sensibilizar o candidato sobre o assunto, trazendo recortes de momentos em que a recusa em seguir os
protocolos de saúde ficam bastante claros>
O texto 1 é uma notícia sobre um pagamento de condenação de R$ 20 mil por uma família não
respeitar o isolamento social recomendado pelas autoridades de saúde no combate ao coronavírus. Na
matéria, é explicado que, após terem contato com um familiar infectado, assinarem um termo com os
Lembre-se de que esses tópicos de causas devem gerar um parágrafo. Suponha que se escolha a
fadiga da quarentena. Seria interessante apontar o que isso, como isso ocorre, qual a consequência.
Algo como o exemplo abaixo.
“A expressão “fadiga de quarentena” ficou famosa nas redes sociais e, em várias matérias de
jornais, foi defendida, por especialistas, como real. O sentimento consiste basicamente no fato de o
corpo humano não conseguir se manter em alerta por muito tempo, e isso, no contexto da pandemia,
provocou o descumprimento e até o desprezo das recomendações de segurança para o enfrentamento
do vírus por muitas pessoas. Nesse sentido, o cansaço exagerado da rotina de alerta e a convivência a
longo prazo com o problema fez com que pessoas, conscientes do erro e do perigo de quebra do
isolamento, adotem a postura de transgressão dos cuidados necessários”.]
Vale a pena lembrar que esses comentários são sugestões, já que uma redação permite outros
encaminhamentos e outras combinações. Ou seja, você pode ter desenvolvido o texto com outros
argumentos que não foram aqui considerados.
Já no texto II temos uma reportagem com um depoimento de uma vítima do cyberbullying, dessa
maneira, enquanto no texto I temos a definição do termo, no texto II temos a sua concretização. No texto
a vítima conta como ocorreu o cyberbullying a partir de uma foto que a vítima postou em uma rede social,
de forma despretensiosa. Ao saber que sua foto estava sendo compartilhada nas redes como um meme.
O texto discute elementos essenciais, como os efeitos psicológicos que o cyberbullying pode provocar em
quem é acometido por ele, danos que vão da depressão até mesmo, em casos extemos, ao suicídio.
Perceba, então, que esse tema envolve também questões relacionadas à saúde mental.
Por fim, no texto III há a discussão acerca de uma forma que o aplicativo mundialmente conhecido,
disse apresentar medidas para combater o cyberbullying, entretanto, essas medidas eram duvidosas. Esse
aplicativo, chamado Tiktok, em que usuários postam vídeos de curta duração, seja realizando danças ou
até mesmo esquetes de humor, criou algoritmos que eram responsáveis por divulgar menos os vídeos em
que apareciam pessoas consideradas não padrão. Tal medida polêmica, segundo o texto, funcionários da
empresa Tiktok eram instruídos a analisar os vídeos e verificar se as pessoas apresentavam alguma “forma
corporal anormal” (expressão citada no texto). Desse modo, esse texto é importante para o candidato
direcionar a sua dissertação, visto que dialoga diretamente com a pergunta elaborada na frase-tema.
Encaminhamentos possíveis
Das causas:
- A falta de políticas que garantam a segurança dentro das redes sociais pode ser um advento que faz o
problema permanecer.
- O corpo padrão divulgado em massa pelos algoritmos nas redes sociais, devido à audiência que ele
possui, pode causar a normalização do cyberbullying, pela não aceitação de outros corpos, características,
aparências.
- O fato das pessoas não se moderarem nas redes sociais e no meio cibernético ocorre devido à sensação
de que elas não estão sendo vistas. Estar por trás das telas influencia os internautas a comentarem acerca
de características físicas que são diferentes do padrão.
Das consequências:
- Ao ser alvo dos internautas que provocam o cyberbullying as vítimas se sentem acuadas diante do
ocorrido e, por medo ou vergonha, podem não procurar ajuda.
- A ocorrência de transtornos como ansiedade, depressão pode ser comuns às vítimas do cyberbullying.
Dessa maneira, é tanto um problema social quanto um problema que implica à saúde mental da vítima.
- Consequentemente, o fato das vítimas do cyberbullying não se encontrarem em um padrão exaltado
pela sociedade torna essas pessoas alvos constantes e as redes sociais ao priorizarem tal padrão,
colaboram com a manutenção do problema.
- Nem sempre as pessoas que comentem o cyberbullying estão dentro de determinado padrão, dessa
maneira, a exaltação de um padrão, torna o oprimido também um opressor, devido à sua insatisfação
consigo mesmo.
redação? Aqui é muito importante prestar atenção nos saltos de raciocínio. Estamos desenvolvendo
reflexões sobre conceitos que podem ser diferentemente entendidos. É necessário que você garanta
que o corretor, ao ler sua redação, compreenda exatamente qual definição está sendo utilizada naquele
contexto.
Um outro conceito útil nesse ponto é o de “sociedade de consumo”: “sociedade de consumo é um
termo utilizado para designar o tipo de sociedade que se encontra numa avançada etapa de
desenvolvimento industrial capitalista e que se caracteriza pelo consumo massivo de bens e serviços
disponíveis, graças a elevada produção.”.
Como o modelo de consumo atual é um dos motivos, então, da escravidão moderna?
Uma resposta para essa pergunta pode estar na “obsolescência programada”: “Obsolescência
programada é a decisão do produtor de propositadamente desenvolver, fabricar, distribuir e vender um
produto para consumo de forma que se torne obsoleto ou não-funcional especificamente para forçar o
consumidor a comprar a nova geração do produto.”. Sabe a coleção verão de determinada marca? Ela
está programada para se tornar obsoleta quando o verão acabar. Para aqueles profundamente inseridos
nesse modelo de consumo, após o fim do verão, já não é mais aceitável comprar ou usar roupas da
coleção passada. Literalmente se estaria “fora de moda”. Não é difícil pensar em outros exemplos, como
o novo modelo de iphone que é lançado todo final de ano.
Existe uma música da banda Engenheiros do Hawaii com o nome “3ª do plural” que fala um pouquinho
dessa situação de consumo e usa, inclusive, o termo “obsolescência programada”. Pode ser uma
maneira de começar sua dissertação com uma ilustração na contextualização.
Voltando ao texto 3, no fim do primeiro parágrafo, o autor questiona qual o papel do consumidor nessa
situação da escravidão moderna. Como o consumidor, consciente ou inconscientemente, ajuda a
manter esse problema social? Podemos pensar sobre a questão de responsabilidade social do indivíduo
nesse momento.
Já trazendo o gancho para o texto 4: nesse texto, defende-se que a escravidão moderna é
responsabilidade social das empresas e do Estado. Ao indivíduo caberia o papel de denunciar quando
existirem suspeitas de exploração ou de subemprego, contudo, o texto desencoraja atitudes por parte
do público, como boicotes a marcas.
Encaminhamentos possíveis:
1) Em se tratando de um problema diretamente afetado por suas ações em sociedade, cabe ao
consumidor se posicionar frente ao trabalho escravo moderno e às condições de subemprego.
OU
Dado que faz parte de uma coletividade adepta de um modelo de consumo do qual usufrui, é papel
do consumidor se responsabilizar pelas consequências e manifestações desse contexto.
Argumentos:
- Papel político do cidadão;
- Empatia;
- O que comprar de uma empresa que desrespeita os direitos trabalhistas diz sobre os valores do
consumidor?
- Indivíduo x coletividade.
2) Dada a separação entre o contexto empresa e cliente, o papel do consumidor frente à escravidão
moderna se encerra nas denúncias e o da empresa e do Estado começam no devido seguimento
dos direitos trabalhistas.
Argumentos:
- Crescente individualismo/ ensimesmamento;
- Modelo econômico baseado na lei da oferta e da procura e regulado pelo livre mercado.
- considerando que a construção social dos alunos envolve diversas esferas, cabe discutir questões
brasileiras de desigualdade social, desemprego, ambiente doméstico de violência, por exemplo, e como
essas situações podem influenciar as crianças e os jovens, principalmente, em suas posturas escolares.
Consequentemente, cabe avaliar também como isso influência a valorização da educação do Brasil, pela
sociedade e pelos detentores de poder político.
- Para aprofundar ainda mais, cabe discutir o jogo de poder envolvido na política brasileira e como o
sucateamento das escolas, segundo muitos pensadores, pode ser um dos sintomas mais relevantes para
a manutenção de uma estrutura que desvaloriza o pensamento crítico e o professor, figura
representativa disso em muitas outras culturas, acaba desvalorizado e desamparado.
Por fim, sua conclusão, a partir do tema trazido na proposta, não combina com uma proposta de
intervenção, que vocês têm usado com cada vez mais frequência, por apresentar uma fórmula que
auxilia vocês na escrita. Recomendamos que, aqui vocês usem uma conclusão no estilo clássico, com
retomada de tese em seu início, reafirmando o que você defendeu; e resumo dos argumentos. Se, ainda
assim, vocês decidirem ir para o “lado” da proposta, muito cuidado para não ferir nenhum direito
garantido pela legislação brasileira ou que fira os direitos humanos.
A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos lá!
Coletânea de textos
A seguir, apresentamos um resumo da coletânea de textos, na realidade com um texto de
definição e dois textos que caminham para lados contrários no tema.
• As selfies como mecanismos válidos de interação social (em que as redes sociais devem ser vistas
de forma positiva)
• As selfies como uma demonstração de narcisismo exagerado (em que as redes contribuem para o
afastamento das pessoas e, principalmente, contribuem para a demonstração do usuário)
• As selfies como uma forma de valorização própria e, em alguns casos, como forma de
demonstração exagerada de narcisismo.
A seguir, apresentaremos argumentos que servem para direcionar seu pensamento para esse
tema. Como sempre digo, não pense que esses argumentos são verdade absoluta e que excluem outros
caminhos. Nosso objetivo é somente “dar um empurrãozinho” na redação de vocês.
já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do nosso tema. Eu sempre
digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você coloque essa contextualização em
sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente sua tese, para que fique claro aquilo
que será defendido por você.
Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que estamos
defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos. Tais
argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que se
convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório, sustenta o
argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente, agrada o leitor.
Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para sustentar o tema.
Por fim, sua conclusão a nosso ver, não deve seguir o clichê atual de construção de proposta de
intervenção em todos os temas. Como temos um tema que, como vimos, toca em pontos
extremamente pessoais, não acho que seria interessante que se apresente um modelo de
comportamento, ainda que você seja contra “o outro lado”. Claro que isso não significa que você
construirá um texto sem opinião, de maneira alguma, mas significa que você não apresentará uma
forma de comportamento por meio da proposta. Você argumenta e se posiciona normalmente,
somente não apresenta regras a serem seguidas. Fechou?
A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos lá!
Coletânea de textos
Na coletânea de texto constante da proposta, temos textos motivadores que apresentam os
“dois lados da moeda”, visto que apresentam as ideias relacionadas à efetividade da retirada dos órgãos
como prevenção para o câncer, ao mesmo tempo em que apresentam atitudes que são opções para a
retirada de órgãos. Como vimos que é possível apresentar duas teses, os textos servem para auxiliar no
direcionamento de seu pensamento. Leia os textos com calma e defina suas ideias para a escrita.
Partimos, então, para a apresentação de alguns argumentos que podem direcionar seu texto e
sua tese.
é que, por tratarmos com seres humanos, determinados psicologicamente por muitos fatores, não é
possível determinar uma cartilha do que realmente funciona e daquilo que não funciona. A experiência
é adquirida de formas diferentes e, pior do que isso, processada de maneira muito diferente de pessoa
para pessoa. Alguns jovens e adolescentes lidam com a responsabilidade e a liberdade de forma mais
tranquila, enquanto outros abusam dessas benesses.
O que podemos tirar de tudo isso? É possível perceber que não há uma forma “correta” de
criação dos filhos, visto que os pais, assim como os próprios filhos, são construções psicológicas
diferentes, motivados por sonhos e experiências diferentes. Como diz a psicologia, somos sempre
formados por aquilo que vivemos e aquilo que desejamos ter vivido. É uma soma que, muitas vezes, não
fecha. Para finalizar, vale lembrar que, segundo o psicólogo Piaget, estudioso do desenvolvimento
humano, essencialmente nas fases da infância e da adolescência, o crescimento só ocorre quando
passamos por processos de “descentração”, em que nossa organização deixa de ser suficiente para o
mundo em que vivemos. Com o protecionismo exagerado, as descentrações demoram mais a acontecer,
atrasando as modificações necessárias ao crescimento e desenvolvimento psicológico dos jovens e
adolescentes.
Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você apresente
contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu texto não terá
conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha com isso, uma vez que
já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do nosso tema. Eu sempre
digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você coloque essa contextualização em
sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente sua tese, para que fique claro aquilo
que será defendido por você.
Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que estamos
defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos. Tais
argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que se
convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório, sustenta o
argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente, agrada o leitor.
Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para sustentar o tema.
Por fim, sua conclusão pode apresentar -se de forma mais clássica, com a construção de uma
retomada da tese e um resumo dos argumentos. Dizemos isso, porque será muito estranho apresentar
uma proposta de intervenção para determinar como as pessoas devem se comportar em suas vidas. É
muito comum, hoje, que vocês, sempre que possível, “sapequem” uma proposta de intervenção em
todas as redações, dado que são mais tranquilas de escrever por terem uma formulazinha a seguir.
Nesse caso, não é possível aplicar uma proposta realmente. Siga pelo caminho mais clássico para
facilitar sua vida.
A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos lá!
Coletânea de textos
A coletânea conta com apenas um texto, que deve servir de gerador para a discussão proposta
pelo tema da redação. Quando isso acontece, não se esqueça de ler atentamente o texto, com destaque
das ideias principais para que você possa gerar a sua redação. Faça isso com calma e atenção. A seguir,
apresentamos um resumo do texto da proposta.
Achamos, aqui, que a tese em defesa de uma liberdade total é complicada para a defesa
sustentada, visto que o controle, ainda que com parcimônia, é extremamente importante na criação de
filhos. Não queremos, claro, apresentar verdades absolutas, visto que não existem. A seguir, trazemos
alguns argumentos para serem usados por vocês na construção do texto.
jogos em rede se tornou realidade, com a popularização da internet e da possibilidade de contato por
meio dos jogos. O fato interessante é que essa forma de diversão traz, consigo, uma série de
características que tornam a visão sobre essa vida um problema.
Aqueles que se envolvem nessa vida dos jogos acaba se isolando um pouco do convívio social e
familiar, fato que gera a visão da sociedade sobre eles em algo extremamente estereotipado. Esse
estereótipo é aumentado quando pensamos que os jovens que usualmente se envolvem em massacres
em escolas ou outros locais, são jogadores contumazes. São os chamados nerds, que sofrem de bullying
por sua aparência e hábitos, além de conhecerem, pela visão social, a violência gratuita por meio dos
jogos.
Muitas vezes, as pessoas, ao colocarem a culpa dos comportamentos violentos nos jogos, se
esquecem de que a violência é uma realidade social, presente em nossa sociedade. Além disso, muitas
vezes não levam em consideração que esses nerds sofrem violências em seu dia a dia na escola e em
outros locais de convívio. São pressionados pelos pais a terem uma vida social mais presente,
experenciando as relações com os outros de forma offline, como costumamos dizer.
Além disso, reduzir a formação psicológica de uma criança ou jovem ao uso de videogames é
reduzir a pessoa a apenas um fator de sua constituição. É claro que o isolamento social e o convívio com
cenários de violência dos jogos podem afetar mentes em formação, contudo esse é um ponto do
problema maior. Poderíamos dizer que temos um combo de elementos que leva os jovens a agir de
forma violenta, visto que nem todas as pessoas que se divertem dessa forma envolvem-se em cenários
de violência real. Se a culpa fosse exclusivamente dos jogos, teríamos um número imenso de jovens
envolvidos nesses massacres ou cometendo diferentes formas de violência na sociedade.
Olhando para sua produção textual, não se esqueça de que sua estrutura deve ser pensada da
seguinte forma:
Busque apresentar, em sua introdução, uma boa contextualização do tema. Cite ideias
relacionadas ao uso de videogames, essencialmente os violentos na sociedade. Destaque que o uso
dessa forma de lazer cresce bastante no meio digital. É um tema amplo, bastante interessante, que abre
um espaço excelente para que você construa seu texto. Pense em seu texto antes, construa um bom
planejamento de argumentos e texto, principalmente porque haverá muitos argumentos surgindo em
sua cabeça.
Coletânea de textos
Nessa proposta a coletânea ganha uma importância enorme, visto que é dela que se depreende
o tema. Além disso, a própria banca pede que tenhamos um texto com referências aos textos
motivadores, claro que não colocando elementos copiados desses textos, mas ideias que se apresentam
nos textos. O direcionamento da tese, então, fica extremamente claro: existe influência dos jogos
violentos na construção de jogadores violentos, ainda que esse não possa ser reconhecido como o
único fator de formação dos jovens.
Assim, o texto 1 apresenta os resultados de uma pesquisa que mostra que os jovens que jogam
jogos violentos tornam-se menos sensíveis à violência real. Essa pesquisa foi feita com medições
fisiológicas dos jovens ao serem expostos a cenas de violência. Apesar de parecer que esse texto indica a
formação de jovens violentos por culpa exclusiva dos videogames, percebemos que esse é um dos
fatores que pode vir a fazer o jovem agir de forma mais violenta, visto que ele não mais se solidariza
com o sofrimento alheio com facilidade. Contudo, é interessante ressaltar que o texto não afirma que a
culpa da violência é dos jogos, mas que os jovens perdem sensibilidade à violência após serem expostos
a esse tipo de divertimento. Essa ideia reforça a nossa tese de que os jogos contribuem para a violência,
mas não a gera diretamente.
O texto 2, por sua vez, apresenta que a endemonização dos games violentos é uma resposta à
necessidade de achar um culpado para um momento de tragédia como ocorre nos massacres causados
por jovens em escolas e em lugares públicos. A autora aponta que a ideia de que os jovens e
adolescentes é falsa, porque o jogador médio desse tipo de game tem mais ou menos trinta anos. Além
disso, aponta que o universo de convívio dos jovens é considerado bizarro e potencializado pelo
isolamento dos games, visto que os jogadores passam muito tempo em frente ao jogo, fugindo do
convívio social e familiar. Esse texto fundamenta bem nossa ideia de que a construção de um jovem vai
além daquilo que o diverte.
Por fim, o texto 3 é uma propaganda que aponta para a ideia de que os videogames são
diferentes da violência real, offline. Utilizando-se de uma construção com duas colagens, destacando
que a arma montada está relacionada à realidade, enquanto o joystick apresenta a palavra “fantasia”
em destaque. Essa separação é ponto importante na discussão acerca de nosso tema. Para muitos, a
fantasia pode fazer parte da construção da realidade; para outros muitos, há uma diferença entre a
fantasia e a realidade, sendo que essa diferença precisa ser levada em consideração pelas pessoas.
Tese e argumentos
Para esse tema, precisaremos trabalhar com uma tese importante: os jogos violentos são fator
de composição na violência real. Chegamos a essa tese quando analisamos os textos apresentados na
proposta, visto que se percebe que não é somente o jogo violento que construirá uma pessoa violenta.
Dessa forma, você deverá pensar em argumentos que devem ser entendidos como sustentação para o
que você está defendendo. Cuidado, inclusive, para não construir um texto em que tenhamos uma
incoerência, com supervalorização dos jogos nessa construção. A seguir, trazemos algumas ideias para
que você construa a sua redação. Não são ideias fechadas, mas ideias que podem auxiliar na sua
percepção do tema, da tese e, claro, dos seus argumentos.
• A constituição psicológica de uma pessoa é elemento bastante diverso, de pessoa a pessoa, sendo
feita por relações de criação, de apresentação de moral e ética, e de convívio social.
• Os jogos, quando utilizados de forma equilibrada, podem servir de momento de diversão e lazer
para as pessoas que se dedicam a eles.
• É preocupante o contexto de utilização desses jogos, que podem levar os gamers a ficar longos
períodos isolados e com suas relações sociais prejudicadas.
• A violência, se fosse fruto dos games violentos, só começaria a existir quando a tecnologia permitiu
essa forma de diversão. Em outros momentos, essa discussão asseverou-se com relação à
televisão e os filmes, visto que a violência sempre existiu.
• Contextos de bullying, muitas vezes causados pela aparência e gostos dos nerds, é fator também
determinante para comportamentos violentos como os encontrados nos massacres como o de
Suzano, ocorrido em 2019.
• A participação familiar na construção dos jovens é essencial para que a compreensão do uso dos
games, fazendo os jovens entenderem que a ficção não deve, jamais, confundir-se com a
realidade.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a
partir de variadas perspectivas. Assim, um caminho para você desenvolver seu texto é pensar que as
compras da sociedade moderna são realizadas por causa da compulsão, posto que os consumidores não
adquirem os produtos por necessidade, mas pelo desejo de obter mais e mais produtos. Portanto, esse
pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando
mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você
aponta que o consumo está sendo realizado devido à compulsão; por outro lado, você pode
problematizar a necessidade de consumo para se sentir inserido na sociedade. Diante disso, caso você
escolha abordar a primeira perspectiva, aponte, por exemplo, que as pessoas estão consumindo devido
à desequilíbrios emocionais. Portanto, pensando que a compra vai trazer felicidade, elas acabam
adquirindo produtos que não necessitam. A internet facilita, pois apresenta uma variedade enorme de
produtos, e grande facilidade de compra. Por outro lado, caso você queira dissertar acerca da segunda
perspectiva, sinalize, por exemplo, que a necessidade de ser aceito leva a pessoa a comprar os produtos
que estão na moda, mesmo que não necessite. Também você pode focalizar que a baixo autoestima
também é impulsionadora do problema. Portanto, você tem caminhos variados para está
desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem
para desenvolver uma argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Faculdade Integras Padre
Albino, compõe-se de três partes essenciais:
texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista
sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de
argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense
que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando
em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu
texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da
organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao
longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias.
Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente,
recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um
texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de
desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente,
fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus
argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório.
Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos
explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação.
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, os textos motivadores vão
problematizar a base do consumo provido pelas propagandas, que adicionaram ao produto o valor de
status, levando o consumidor a comprá-lo não para suprir suas necessidades básicas, mas para cumprir
necessidades sociais. Assim, as pessoas são impulsionadas a comprarem produtos para se inserirem nos
meios sociais.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes,
livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde
que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são
muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota
mais elevada.
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós
realmente aprendemos escrevendo.
A seguir, apresentamos uma pequena análise de cada um dos textos constantes da proposta.
TEXTO I TEXTO II
aumento exacerbado de usos da medicina para simples métodos estéticos, ato que pode ser, a depender
da quantidade, prejudicial à saúde da pessoa. Em posse dessas informações, vejamos, a seguir,
possibilidades de se trabalhar o tema.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir de
variadas perspectivas. Assim, em seu texto, trabalhar com a perspectiva de que a mídia é uma das
grandes responsáveis para a ascensão das cirurgias plásticas, em vista de promover um corpo idealizado,
é um caminho mais prático para sua argumentação. A escolha dessa perspectiva, por trazer intrínseco um
problema, pode ser uma argumentação que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente,
apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você
disserte que as mídias são as grandes responsáveis pela ascensão de cirurgias plásticas na modernidade,
ou aponte que os padrões sociais opressores são os causadores do problema. Assim, caso você escolha a
primeira perspectiva, é possível argumentar que a visibilidade provocada pelas redes sociais levou as
pessoas a se compararem cada vez mais. Essa comparação exacerbada criou um padrão de corpo ideia.
Isso faz com que as pessoas recorram a cirurgias para se parecerem com os modelos corporais
apresentados pela mídia. Por outro, caso você queira focalizar sua tese nos padrões sociais opressores,
pense que essa realidade não é um construto de nossa época, mas atravessa tempos. Essa imposição faz
com que os indivíduos se vejam sempre abaixo do ideal pregado. Devido à facilidade provocada pela
ascensão da medicina, na contemporaneidade, essas pessoas procuram sanar o problema recorrendo às
cirurgias, sem se atentar para os malefícios que isso traz para a saúde.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Famema, compõe-se de
três partes essenciais:
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus
argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós
realmente aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam algumas informações que podem contribuir para
o entendimento do tema e ajudar em seu desenvolvimento. Assim, o TEXTO I reflete sobre o exacerbado
número de cirurgias plásticas realizadas pela sociedade brasileira, que se tornou a que mais faz esse tipo
de cirurgia no mundo. O TEXTO II faz uma comparação dos modelos corporais pregados pela mídia, e que
as pessoas procuram alcançar, e a boneca Barbie, procurando ressaltar que esses padrões não existem,
são inalcançáveis. Por sua vez, o TEXTO III relata os perigos da recorrência ao Bisturi, pois seu excesso
pode levar a complicações na saúde dos pacientes, inclusive podendo perfurar os órgãos internos dessas
pessoas.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros
que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja
bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são muitas, e o
uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota mais elevada.
A banca da UNESP apresentou um tema bastante próximo dos jovens adultos que chegam ao vestibular.
Quando faz 18 anos, o jovem se vê confrontado com a seguinte questão “tirar ou não tirar carta de
habilitação?” Antenada com os movimentos sociais que mostram uma mudança de perspectiva da nova
geração em relação ao automóvel, a Banca solicitou que o candidato fizesse um texto dissertativo-
argumentativo sobre o tema explícito: “O carro será o novo cigarro?”
Havia quatro textos motivadores. O primeiro, um fragmento do “Manifesto do Futurismo”
(1918), apresentava uma visão bastante positiva do automóvel. Nele, Marinetti afirmava que o carro
representava uma nova beleza, exaltando a aparência, a sonoridade e até mesmo os resíduos tóxicos
(“hálito explosivo).
O texto seguinte era um poema de Carlos Drummond sobre o carro. Nele, o eu lírico tematizava
o vínculo de dependência que o homem estava criando com o carro. A pergunta “a vida parou/ ou foi o
automóvel?” sugere que o ritmo de vida do homem é determinado pela máquina. A questão do poeta
ganhou significados mais contundentes quando, nas décadas de 70 e 80, as grandes cidades começaram
a ter problemas com mobilidade devido ao grande número de veículos circulando no espaço público.
O texto 3 levava ao extremo o problema já sugerido pelo que se lia no poema de Drummond.
Tratava-se de uma charge. No primeiro quadrinho, observava-se a representação de um
congestionamento de veículos. Essa imagem se contrapunha-se ao terceiro quadrinho, no qual se
observavam poucas pessoas utilizando um metrô quase vazio. No quadrinho do meio, era possível ler
um comentário a essa situação: “a superfície era quase ocupada por carros, pedestres só podiam
circular por debaixo da terra.
Essa charge de 2016 tinha o seguinte título: “Quadrinhos dos anos 10”. Era como se alguém que
estivesse vivendo no final do século XXI comentasse com espanto e curiosidade como os homens vivam
no começo da década de 2010.
O texto 4 fechava o recorte temático com um fragmento de um artigo de opinião cujo título era “
O declínio de uma paixão”. O articulista defendia a tese de que o carro não desperta mais a atenção da
nova geração e que, no futuro, pode ter o mesmo destino do cigarro, que um dia foi considerado um
objeto de desejo e hoje é demonizado. Ele acompanhava o argumento de Jaime Lerner, ex-prefeito de
Curitiba, que chamou o carro de “cigarro do futuro”.
- A queda do número de habilitações por parte dos jovens significa apenas que eles estão
transferindo a tarefa de dirigir para profissionais especializados, não houve diminuição significativa na
frota que, esse sim, seria um indicador de que o carro vai ser algo ultrapassado.
Tese: O carro não tem mais o prestígio de antigamente, mas nada indica que haverá uma sanção
moral e uma sanção legal em relação ao uso do carro.
- O cigarro sofre sansão moral e legal, o carro não;
- É possível que, no futuro, haja alguma desvalorização em relação ao uso do carro, mas não será
como ocorre como o cigarro, pois o carro tem um valor utilitário inegável.
- O carro pode ser substituído no futuro como sonho de consumo, mas seu valor utilitário vai se
manter.
- A questão da poluição pode ser resolvida com avanços tecnológicos que permitam ao carro se
valer de energia limpa;
- A questão da mobilidade pode ser contornada, seja pela estagnação do aumento da população,
seja por projetos urbanísticos que têm permitido ampliar o leque de opções de transportes.
Repertório
Alguns conceitos de outras áreas do conhecimento poderiam ser utilizados, mas sempre tendo bastante
cuidado de conciliar o conceito com a resposta que deveria ser dada ao tema.
Fato social (sociologia): fatos sociais são valores, normas, formas de comportamento e
estruturas sociais que exercem um grande poder sobre os indivíduos por serem coercitivos
culturalmente. O candidato poderia dizer que “fumar cigarro” já foi um fato social, coercitivo, pois as
pessoas se viam confrontadas com ter que fumar e sentiam-se pressionadas a isso; hoje o fato social
mudou. O indivíduo se sente pressionado a não fumar, há sanções contra esse ato. Algo similar pode
acontecer com o carro, e parece que estamos vivendo esse momento de transição.
Fetiche (mercadoria capitalista): Dentro da lógica capitalista toda mercadoria tem uma espécie de
vida útil. Quanto há saturação da mercadoria ou ela deixa de dar tanto lucro como antigamente, ela
tende a ser substituída por outra. O capitalismo se revoluciona a si mesmo. Nesse sentido, o carro pode
tornar-se uma mercadoria obsoleta no futuro.
Revolução Industrial: Pode-se usar a revolução industrial como substituta da analogia com o
cigarro. Aquelas fábricas fumegantes foram substituídas por outros modos de produção. Assim como
também a produção industrial sofreu ao longo de dois séculos transformações. Por isso, pode-se esperar
que, em algum momento, o carro deixe de ter a importância que ele ocupou no século XX.
Ditado “Não há bem que sempre dure, nem mal que nunca se acabe”. Como todo ditado, ele não
serve para muita coisa, mas seria bem-vindo como frase de efeito para se terminar o texto. No meio do
texto, como argumento, ele é complicado, é geral demais. A não ser que servisse de mote para explicar
que o carro foi um bem que foi se transformando num mal. Lembre-se de que generalizações muito
amplas precisam de sucessivas concretizações para começar a ter efeito argumentativo.
contudo, a mente e a consciência sofrem um baque muito mais intenso e veloz) e, devido a isso, eles
consideram a morte.
Esse texto oferece argumentos para os candidatos que optarem por tratar a eutanásia como uma
liberdade de escolha: “Ter acesso a uma morte medicamente assistida significaria uma extensão dos
direitos civis.”.
Há, ainda, outro ponto a serem destacado. No terceiro parágrafo do texto 1, discute-se rapidamente a
relação da proibição da eutanásia devido a implicações religiosas que determinam a vida como presente
divino e, portanto, sendo de Deus o papel de decidir retirá-la. Existe uma possibilidade de discussão
sobre isso na dissertação segundo o ângulo do quanto a religião (e aqui ainda podemos perceber que
trata-se das religiões dominantes, não se abraça a diversidade religiosa) influencia na vida política dos
cidadãos até hoje, mesmo que não legalmente como na Idade Média.
Por fim, esse texto pode funcionar como gatilho para a ideia de começar a dissertação com uma
ilustração ou com uma narração relacionada ao filme “Me before you” (“Como eu era antes de você”),
sobre um jovem atlético e ativo que sofre um acidente e fica tetraplégico. Após certo tempo nessa
condição, ele não mais decide continuar vivendo.
O texto 2 traz diversas opiniões de autoridades no assunto, tanto da área médica quanto da área
jurídica, por exemplo. A maioria das opiniões recai na eutanásia como escolha individual. Contudo, é
importante destacar a visão da juíza Mônica Silveira, que possui outro ponto de vista. Segundo ela, não
é possível prever como a liberação da morte assistida irá impactar a sociedade. Ela alega que pode ser
que surja, a partir de então, uma pressão social para que acidentados, muito doentes ou idosos “parem
de dar gastos ao Estado e demandar cuidados públicos e dos familiares”.
Aqui, se o candidato optar por defender essa ideia (e esse encaminhamento oferece maior nível de
dificuldade, pois necessita-se estar atento a todo momento para não desrespeitar os direitos humanos),
pode-se utilizar a fala do ministro de finanças japonês Taro Aso, em 2014 (proposta de redação fuvest
2014) sobre como os “idosos devem apressar-se a morrer”. Se ainda não está familiarizado com essa
proposta da fuvest, sugiro que dê uma olhada para contribuir para seu repertório.
Encaminhamentos possíveis:
1) Visto que muitos não querem continuar vivendo em condições extremamente limitantes, a
regulamentação da eutanásia pode ser a solução para ampliar os direitos civis e dar uma opção a
cidadãos nessas condições.
Argumentos:
- Exemplos de pessoas que se acidentaram gravemente e vivem paralisadas, sem conseguir falar,
comer sozinhas, usar o banheiro, etc;
- Discussão da divisão entre Igreja e Estado no que tange à discussão sobre a vida pertencer a Deus
e somente Ele poder decidir tirá-la (aqui cabe uma pequena digressão histórica para contextualizar
o presente e a Idade Média, quando a Igreja tinha voz política);
- Opinião de autoridade da área da saúde, que defendem que a não regularização configura
investimento estatal no sofrimento e ocupa leitos em hospitais, dificultando que outros cidadãos
(que podem ainda ser tratados e curados) recebam cuidados.
2) Como não é possível prever a reação do todo social frente à regulamentação da morte assistida, a
sociedade atual não se mostra ainda preparada para assumir esse risco.
Argumentos:
- Possibilidade de uma pressão social para que acidentados, muito doentes ou idosos “parem de
dar gastos ao Estado e demandar cuidados públicos e dos familiares”;
- Defesa de que a medicina pode evoluir enquanto o paciente aguarda e alguma cura ou
tratamento pode surgir (caso o candidato de fato domine o assunto, pode mencionar as pesquisas
em células tronco ou criogenia).
Coletânea de textos
Os textos apresentam as duas visões possíveis acerca das redes sociais, fato que nos auxilia na
construção de uma argumentação para qualquer um dos lados que queiramos ir. O primeiro texto é
uma visão positiva dessa relação com as redes sociais, visto que entende que os laços foram estreitados
por elas, enquanto o segundo texto apresenta-se bastante crítico no sentido do uso dessas redes. É
interessante perceber que não temos, então, quaisquer direcionamentos de tese, como algumas vezes
vemos em propostas de redação. Assim, leia-os atentamente e perceba que são motivadores apenas.
O tema apresentado é bastante controverso e polêmico, com visões muito diferentes. Isso faz
com que seja necessário tomar muito cuidado com os argumentos e posicionamentos em seu texto.
Isso, claro, nada tem a ver com cerceamento de opiniões, não me entenda mal. Contudo, em um tema
como esse, muito discutido atualmente, é necessário que pensemos que deve haver respeito aos
direitos humanos e parcimônia em nossos argumentos, para evitar que criemos um clima muito ruim
para nossa redação. Pense calmamente, ainda que você creia que, em hipótese alguma deve haver
redução de pena. Expresse-se fundamentando-se em argumentos consistentes e tudo correrá como
deve.
Como essa proposta apresenta um tema em forma de pergunta, é interessante que você
compreenda que sua tese será a resposta a essa pergunta. Assim, você pode se posicionar de duas
formas: a favor da redução de pena para aqueles que se dedicarem à leitura ou contrário a isso. Você
tem liberdade para se expressar quanto à sua tese. Ao decidir qual das duas opiniões defenderá, pense
em seus argumentos e apresente-os de forma sustentada. Discutiremos, a seguir, cada uma dessas
formas de pensar de maneira resumida.
A redução de pena, bem como os processos de ressocialização dos presos, é tema necessário e
polêmico no país. Ao percebermos que temos um sistema carcerário extremamente punitivo e
deficiente, nos perguntamos como esses presos, tendo cumprido a pena inteira ou não, podem voltar ao
convívio social sem que se configurem como problemas novamente para a sociedade, reincidindo em
seus crimes e retornando à cadeia. Diante desse cenário, muito se tem falado sobre como seria possível
“reeducar” aqueles que se envolveram em crimes, violentos ou não.
Nessa discussão, surge a possibilidade de que a leitura, tornada um hábito, seja utilizada como
forma de educação formal e seja transformada, para incentivar os presos a lerem, em medida de
redução de pena, como ocorre com o trabalho físico nas cadeias. Muitos já são os elementos que
permitem essa redução, como o trabalho físico e a participação do ENEM, por exemplo. Dessa forma,
temos que avaliar como a leitura pode modificar o ser humano, ao torná-lo mais próximo da cultura.
Assim, há dois fatores importantes a considerarmos: a importância e o poder transformador da leitura;
e a possibilidade de modificação daqueles que estão presos e que precisam se reintegrar à sociedade.
É importante, ainda, lembrar um fato: de qualquer forma, os presidiários serão reintegrados à
sociedade, ainda que não contando com a redução de sua pena. Pense nisso para a definição de suas
ideias com relação ao tema. Preparar um ser humano melhor dentro das cadeias é uma das funções do
sistema prisional que, no Brasil, além de punitivo, tem uma função educativa, voltada exatamente a essa
reinserção dos presidiários. Penso que, com a infraestrutura e os contatos existentes dentro de nosso
sistema penitenciário, a reintegração torna-se complexa, muito complexa. Esse é um dos pontos que
você pode abordar.
Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você apresente
contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu texto não terá
conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha com isso, uma vez que
já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do nosso tema. Eu sempre
digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você coloque essa contextualização em
sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente sua tese, para que fique claro aquilo
que será defendido por você.
Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que estamos
defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos. Tais
argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que se
convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório, sustenta o
argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente, agrada o leitor.
Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para sustentar o tema.
Por fim, sua conclusão pode apresentar -se de forma mais clássica, com a construção de uma
retomada da tese e um resumo dos argumentos. Pode, ainda, apresentar uma proposta de intervenção
com a apresentação, por exemplo de como poderemos construir o hábito da leitura como um processo
de redução de pena em nossos presídios. Seria literalmente apresenta uma ideia de como essa conta
seria feita, como seriam controlados e administrados os livros que foram efetivamente lidos.
A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos lá!
Coletânea de textos
A coletânea de textos é variada e apresenta a existência de projetos com a leitura envolvida,
inclusive como forma de redução de pena. Acredito que o texto 3, nesse caso, é bastante interessante
por apresentar claramente o juízo de valor do autor. Os demais, são textos que discutem a eficiência já
existente dos processos.
• O linchamento virtual, por apresentar correlação com o linchamento físico, coloca em risco a vida
das pessoas, tanto em um sentido mais conotativo (como a vida social e a forma de
comportamento do usuário) quanto denotativo, por muitas vezes o usuário receber ameaças de
violências e morte.
• A vítima de linchamento pode desenvolver problemas psicológicos sérios, que incluem síndromes
como a do pânico e de ansiedade. É comum que a psiquê humana reaja de forma a preservar a
vida humana, visto que essas síndromes podem ser entendidas como mecanismos de defesa, por
ocorrer o afastamento da vida física.
• Os relacionamentos humanos tornaram-se muito voláteis e ocorrem sempre de forma a suprir a
necessidade das pessoas, fato que pode tornar os usuários de internet mais suscetíveis a ameaças
e linchamentos digitais.
• A vida social do usuário pode ser negativamente afetada, visto que, como há difamação incluída
nas táticas de linchamento, o trabalho do usuário, também chamado de vítima, pode ser afetado
diretamente.
• Quando o linchamento inclui crimes físicos, como no caso de Fabiane de Jesus, que, em 2013, foi
confundida com uma suspeita de homicídio infantil, há perigo de que injustiças aconteçam. Ou
seja, o linchamento, por ser arbitrário em nível máximo, pode gerar outros crimes que devem ser
evitados.
• Sempre vale à pena lembrar que o linchamento, por mais que apresente justificativas muitas vezes
aceitas socialmente, é outra forma de crime, ou seja, há a resolução de um crime por meio de
outro.
• A possibilidade de invisibilidade da internet nivela todas as pessoas e as coloca como possíveis
agressores que não serão facilmente reconhecidos.
• Há a possibilidade de criação de um perfil falso com extrema facilidade, proporcionando que o
agressor fique escondido em meio à “massa digital”.
• A internet ainda é uma “terra sem lei”, visto que sua modernidade e pouco tempo de existência,
quando comparado com o tempo histórico necessário para um acontecimento ser analisado,
impedem que as leis sejam criadas e punidas.
Vale destacar, por fim, que seu texto deverá levar em consideração a modernidade do fato e,
principalmente, a junção da vida digital com a não digital, ou seja, a modernidade do fato.
não veem humanidade nesses animais, portanto não há sentimento em torno de suas presenças em
cativeiro. Mas a permanência de animais nesses espaços passou a ser questionada, levando cientistas a
defenderem que sua importância se deve às pesquisas científicas que contribuem para a preservação
dessas espécies.
Assim, em posse dessas informações, vejamos, a seguir, possibilidades de se trabalhar o tema.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a
partir de variadas perspectivas. Assim, um caminho para você desenvolver seu texto é pensar que os
zoológicos representam um problema social, que não leva em consideração os problemas que o
aprisionamento dos animais pode acarretarem aos mesmos. Portanto, esse pode ser um argumento que
possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a
serem desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou
disserte que os zoológicos são espaços de preservação de espécies; por outro lado, você pode falar que
esses espaços se tornaram locais de diversão populacional e uma crueldade com os animais. Assim, caso
você queira focalizar a primeira perspectiva, aborde que os zoológicos cuidam de muitas espécies em
extinção, procurando sua reprodução para que não haja seu fim. Ademais, existem muitas pesquisas
científicas para viabilizar a manutenção de espécimes. Por sua vez, caso você queira trabalhar em seu
texto a segunda perspectiva, sinalize que os zoológicos são modelos antigos de circos, em que havia a
exposição de animais ao público em busca de lucro. Portanto, mais que um ambiente de preservação de
espécies, é um espaço de comércio, que não leva em consideração o sentimento dos animais, que
padecem de estresse, que pode levar à morte precoce.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela UEA, compõe-se de três
partes essenciais:
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, apresentamos uma síntese das
principais ideias apresentadas nesses textos.
TEXTO I TEXTO II
TEXTO III
Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em
diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema
para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto,
desviando da possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que
inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga
problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas.
Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto a importância dos zoológicos para a
preservação da biodiversidade, quando destacar que sua existência está articulada ao lucro. Lembramos
a você, ainda, que quando se utiliza o argumento de tese como um problema, existe a possibilidade de
se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular causas de consequências. É,
literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir disso, apresentar
argumentamos em favor de comprovar essa existência.
A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é
apresentarmos uma verdade absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam
argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes.
Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos
motivadores e pelo próprio tema.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes,
livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde
que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são
muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota
mais elevada.
uma proposta de redação, os textos motivadores. Muitas vezes, vocês, candidatos a uma vaga em algum
exame que contém redação, evitam ler os textos motivadores por medo de copiá-los ou, ainda, de
perceber que tudo o que sabem está nesses textos. Claro que esses são perigos constantes a todos
quando lemos os textos. Contudo, você precisa ler os textos exatamente por isso, para evitar que, sem
querer, os repita, ou ainda, pense em maneiras diferentes de apresentar o que está em cada um deles.
Há vestibulares, inclusive, em que o candidato é levado a explorar a coletânea em seu texto.
A proposta da PUC, como acontece em alguns outros vestibulares, apresenta o aproveitamento
dos textos da prova para construir a redação. É interessante notar que esse tipo de construção torna a
prova mais objetiva, evitando um acúmulo desnecessário de textos que, muitas vezes, não são
explorados. Os dois textos apresentados na proposta serão explorados um pouco mais à frente.
Destacamos, apenas, que as marcações encontradas no texto I são encontradas na própria prova, para
uso em questão subsequente.
Esta proposta apresenta alguns casos de eliminação da redação, ou seja, de atribuição de nota
zero a ela. Os casos são praticamente os mesmos do Enem: não atingir o mínimo de sete linhas; fugir ao
tema apresentado; e apresentar quaisquer formas de desenhos, impropérios ou partes desconectadas
do texto. Vale destacar que, neste certame, ao zerar a redação, o candidato está automaticamente
desclassificado do vestibular.
Além disso, o texto precisa apresentar um título, que recomendamos ser atribuído após a escrita
do texto. Constam como critérios de correção da redação: a criticidade; o tema e a relação entre texto e
ele; tipologia textual respeitada, no caso, um texto do gênero dissertativo, em modalidade
argumentativa; a coesão, principalmente a relacionada aos conectivos; e, claro, o respeito às regras
estabelecidas pela gramática normativa. Não há nenhum critério particular ou muito diferente dos
critérios mais conhecidos.
Coletânea de textos
A coletânea, como na maior parte dos vestibulares do país, serve para direcionar o candidato
para a escrita do texto. Não há qualquer indicativo de que a coletânea, aqui formada por textos que são
aproveitados para as questões da prova, deve ser apresentada de alguma forma na redação do
candidato. A coletânea é construída por dois textos jornalísticos, com um tema espinhoso, mas uma
linguagem mais “tranquila”. Passamos, a seguir, a analisar os dois textos da proposta.
apresenta uma pergunta direta e o tipo de texto a ser construído. Preste atenção ao que eles indicarem,
relembre-se do que você leu e pode começar a expor suas ideias e argumentar para sustentá-las.
Texto motivador
No caso dessa proposta, há, apenas, um texto motivador. Como apresentado na proposta, este
foi retirado da obra “O seminarista”, de Rubem Alves, e serve, essencialmente, como motivador para o
que será escrito pelo candidato. Destaco, desde já, que você não precisa de maneira alguma, apresentar
elementos da obra, visto que a parte que interessa à proposta já está ali colocada. Normalmente, antes
da prova, os futuros universitários usam a leitura da obra para tentar encontrar temas possíveis de
aparecerem na hora do “vamo vê”.
Dessa forma, só destaco que o trecho escolhido é bastante direto e demonstra o objetivo da
banca: dar a entender que a vingança do matador se dá sem dó nem piedade. Todos os que estão no
caminho dele serão retirados como obstáculos à sua vingança e necessidade de fazer as coisas como
acredita. Desse texto, pode-se depreender a natureza do matador, sempre disposto a passar por cima
de quem se coloca em seu caminho e se põe entre si e o resultado esperado. Bom texto para a reflexão
que viria a seguir.
Tema
O tema, como é corriqueiro nos temas da UERJ, é apresentado de forma direta e simples, já
motivando o tipo de texto esperado pela banca: um texto dissertativo bastante objetivo, já com
opiniões e fundamentações. O tema, apesar de retirado de obra produzida há mais tempo, pode ser
entendido como bastante atual, visto que uma das discussões mais profícuas atualmente é a relação da
violência na sociedade atual.
Com a pergunta “é justificável cometer um crime para vingar outro crime?”, a banca abre
possibilidades que exploraremos a seguir, na parte em que falaremos sobre os argumentos possíveis de
serem utilizados. Contudo, já podemos perceber que não necessariamente precisaríamos conhecer a
obra indicada para poder fazer a redação. Cabe, aqui, inclusive, discussões como linchamentos e demais
crimes cometidos para vingar outros.
Vale destacar, inclusive, que não necessariamente você precisaria abordar somente crimes de
morte em sua redação, visto que esses servem como parte da motivação do texto do livro. Aqui,
poderíamos colocar como exemplo roubos a bandidos, corrupções justificadas pelas corrupções mais
conhecidas, e assim vamos em frente. Para finalizar, é interessante notar que o tema poderia ser
analisado de um pressuposto mais filosófico e menos prático que, ainda assim, estaríamos dentro do
tema.
Partimos, em seguida, para alguns argumentos possíveis para a construção de seu texto.
O quadro apresenta possibilidades de se trabalhar o tema. Assim, em seu texto, você pode trabalhar com a perspectiva
do preconceito, pois se aparenta ser um caminho o qual possibilite uma argumentação mais consistente, uma vez que você
pode mobilizar as causas e as consequências do problema. A escolha dessa perspectiva, por trazer intrínseco um problema,
pode ser uma argumentação que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de
ideias a serem desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você argumenta acerca do
preconceito social que leva à homofobia, ou ainda pode destacar os valores cristãos como impulsionadores da resistência social
ao ato de adoção pela população homoafetiva. Assim, caso você escolha a primeira opção, você pode apontar os mitos que
foram criados em torno desse grupo social, a ausência de aceitação que eles sofrem, pode destacar ainda as represálias, as
mortes, lembrar que o Brasil é o país que mais mata homossexuais no mundo. Por sua vez, caso você queira tensionar a
posição de que a resistência se deve à forte presença dos valores cristãos na sociedade brasileira, que condena a
homossexualidade, aponte, por exemplo, a perspectiva da igreja, que considera família aquela composta por homem, mulher e
seus filhos. As conjugações familiares diferentes a essa foram e são ainda muito criticadas e sofrem preconceitos sociais.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela UEA, compõe-se de três partes essenciais:
Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao
longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua
argumentação.
Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e
apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma
redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo
abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se,
antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor,
ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez.
Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação,
principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá
trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias.
Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois
argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco.
Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o
repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus
argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório.
Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder
dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação.
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem
parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes,
vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou
vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de
usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine
e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós realmente aprendemos escrevendo.
A seguir, apresentamos uma pequena análise de cada um dos textos constantes da proposta.
TEXTO I
TEXTO II
A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é apresentarmos uma verdade
absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam argumentar mais claramente, visto que este costuma ser
um problema para muitos estudantes. Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada
pelos textos motivadores e pelo próprio tema.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de dados
estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros que você tenha lido e que se articule à
ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as
possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e
possibilitar uma nota mais elevada.
que algumas religiões consideram como certo e como errado, fruto claro da construção de um discurso
que se cristaliza na base social.
Nesse ponto, é importante destacar que sua argumentação, para qualquer um dos lados que
caminhar, deve tentar não considerar o seu posicionamento religioso, fazendo com que você pense do
ponto de vista da realidade do país, bem como da necessidade de reforçar a igualdade das pessoas com
relação à lei e aos direitos por ela garantidos. Perceba um fato importante: mesclar o pensamento
religioso à argumentação (e estou me referindo claramente à produção da redação, não à construção de
sua ideologia ou pensamento como cidadão) causará problemas com relação à validação e consequente
valoração de seus argumentos.
Outro lado desse mesmo tema, que provavelmente povoará seu pensamento ao montar a sua
forma de escrita, refere-se aos casais formados por pessoas do mesmo sexo, os chamados casais
homoafetivos que, em meio à discussão, se tornam mais presentes dada a propensão social de tratá-los
de maneira distinta aos demais casais. Percebe-se que, em meio a uma sociedade marcadamente
preconceituosa e homofóbica, a aprovação de uma lei como essa atrapalha ainda mais a construção de
uma sociedade livre de discursos de ódio.
Volto a dizer: que tema sensacional, ao mesmo tempo em que se mostra como extremamente
delicado. Pense, inclusive, que essa forma de pensar, fundamentada no tradicionalismo é uma forma, ou
mais uma forma, de reafirmação do discurso de poder institucionalizado na sociedade pelas classes que
temem perder sua posição de poder em meio à sociedade. É o prestígio social daquilo que pensam essas
classes que se coloca em jogo, ao aceitar famílias que sejam diferentes daquilo que é tradicional.
Com relação a esse último ponto, cuidado, somente, para não falar exclusivamente desse arranjo
familiar. Busque utilizá-lo, se realmente quiser, como um de seus argumentos ou como exemplo para
alguma ideia. Não se esqueça de que aqueles outros arranjos ditos anteriormente também são
excluídos. Perceba que você deverá falar sobre o caráter discriminatório, ou não, desse novo Estatuto da
Família. Prenda-se a essa ideia e use os arranjos como exemplos para suas ideias.
Coletânea de textos
Nessa coletânea de textos, temos um recorte de cinco trecho, todos eles relacionados à
aprovação da lei e ao que ela significa.
É claro que, ainda que você caminhe pela tese que preferimos chamar de alternativa, sua
argumentação é que será o diferencial para a defesa da sua opinião, necessitando utilizar argumentos
que sejam fundamentados, com cuidado para que as crenças pessoais não se sobressaiam.
O tema “Vestimentas religiosas no esporte: legitimação da opressão ou liberdade de manifestação religiosa? nos põe em
confronto com um grande dilema. A sociedade ocidental está acostumada a legitimar o Cristianismos com seus ideais de
liberdade como superior e enxergar os artefatos religiosos de outras culturas como ilegítimos. Um exemplo simples de se
compreender essa premissa é pensar o Candomblé aqui no Brasil e o grande preconceito que essa religião de matriz africana
sofre no território brasileiro por usar, em especial, vestimentas brancas. É de se perceber, que quando o esporte escolheu as
vestimentas para ser adotada por seus atletas, seus idealizadores não estavam pensando em culturas que precisam de artefatos
específicos para manter sua visão de mundo religiosa, mas estava pautada no ideias de vestimenta do Cristianismo. Assim,
quando vem à tona a ideia de vestimentas religiosas no esporte como algo opressivo, na realidade, a opressão vem exatamente
dessas vozes que querem impor seu ideal religioso e desvaloriza a outra religião. Em posse dessas informações, vejamos, a
seguir, possibilidades de se trabalhar o tema.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir de variadas
perspectivas. Acreditamos que a perspectiva do preconceito religioso seja um caminho mais fácil para você desenvolver seu
tema, pois assim você poderia mobilizar as causas e as consequências desse problema. A escolha dessa perspectiva, por trazer
intrínseco um problema, pode ser uma argumentação que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente,
apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: Ou você desenvolva seu
texto apontando que o causador do problema é o preconceito religioso, ou aborde que a xenofobia é o imbróglio que separa
povos. Assim, caso você queira trabalhar com a primeira premissa, você pode articular a ideia de superioridade religiosa em
seu texto, lembrando fatos históricos, como as Cruzadas e o Holocausto, que marcaram a luta pela supremacia de um único
culto religioso no mundo. Por outro lado, caso você queira destacar que o problema parte da xenofobia ao estranho, você pode
trabalhar a perspectiva da superioridade cultural de povos, enfatizando que os ocidentais se consideram superior e, dessa
forma, também procuram impor suas culturas. Portanto, o esporte se enquadra nessa perspectiva de dominação de povos, e
quem quiser fazer parte, necessariamente precisa se adequar a esse ideal de cultura.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela UNIfesp, compõe-se de três partes essenciais:
Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao
longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua
argumentação.
Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e
apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma
redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo
abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se,
antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor,
ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez.
Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação,
principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá
trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias.
Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois
argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco.
Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o
repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus
argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório.
Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder
dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação.
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem
parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes,
vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou
vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de
usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine
e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós realmente aprendemos escrevendo.
A seguir, apresentamos uma pequena análise de cada um dos textos constantes da proposta.
TEXTO I TEXTO II
• “O esporte emancipa: ele não submete. Minha • “Essa marca de materiais esportivos se
escolha como uma mulher e cidadã será deixar submete ao islamismo, que tolera
de depositar minha confiança em uma marca mulheres apenas quando têm a cabeça
que afronta nossos valores.” coberta com um hijab para afirmar sua
• Outras pessoas, contudo, defenderam a marca submissão aos homens. Ela, portanto, nega
pela ação inclusiva e lamentaram a decisão da os valores da nossa civilização no altar do
empresa de suspender as vendas. mercado do marketing identitário.”
• A empresa foi acusada de promover a violência • “Fique tranquila, não negamos nenhum
contra as mulheres muçulmanas pelo fato de o dos nossos valores. Sempre fizemos tudo
hijab ser visto por várias pessoas como um para tornar o esporte mais acessível em
elemento opressivo. qualquer lugar do mundo.
• Tudo o que pode levar à diferenciação entre
mulheres e homens me incomoda.”
A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é apresentarmos uma verdade
absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam argumentar mais claramente, visto que este costuma ser
um problema para muitos estudantes. Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada
pelos textos motivadores e pelo próprio tema.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de dados
estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros que você tenha lido e que se articule à
ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as
possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e
possibilitar uma nota mais elevada.
É interessante que você estabeleça um ponto, digamos, médio. Você deve apontar a
possibilidade, sim, de criação e manutenção de amizades por meio das redes sociais, ao mesmo tempo
em que, se não usadas com parcimônia, podem causar afastamento, mas isso não é regra. Argumente,
fundamentado no pensamento de que amizades podem surgir em meios digitais e manterem-se
normalmente. Não há uma regra de funcionamento das amizades e das relações. O que funciona para
uma pessoa, não necessariamente funcionará para a outra, da mesma forma que uma relação não
funcional para uns pode, tranquilamente, ser funcionais para outros.
Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você apresente
contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu texto não terá
conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha com isso, uma vez que
já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do nosso tema. Eu sempre
digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você coloque essa contextualização em
sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente sua tese, para que fique claro aquilo
que será defendido por você.
Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que estamos
defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos. Tais
argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que se
convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório, sustenta o
argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente, agrada o leitor.
Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para sustentar o tema.
Por fim, sua conclusão pode apresentar -se de forma mais clássica, com a construção de uma
retomada da tese e um resumo dos argumentos. Dizemos isso, porque será muito estranho apresentar
uma proposta de intervenção para determinar como as pessoas devem se comportar em suas vidas. É
muito comum, hoje, que vocês, sempre que possível, “sapequem” uma proposta de intervenção em
todas as redações, dado que são mais tranquilas de escrever por terem uma formulazinha a seguir.
Nesse caso, não é possível aplicar uma proposta realmente. Siga pelo caminho mais clássico para
facilitar sua vida.
A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos lá!
Coletânea de textos
A coletânea de textos dessa proposta, considerada longa, visto que são cinco textos, aborda a
questão por vários pontos de vista e servem como motivadora para vocês, não como ponto de cópia ou
de retirada clara de argumentos. Posicione-se levando em consideração os textos. A seguir, trazemos
um resuminho de cada um dos textos, para ajudar vocês na compreensão. Lembre-se de sempre,
sempre ler com calma e de forma atenta os textos de sua proposta.
A seguir, apresentamos alguns argumentos para ajudar vocês na construção de sua redação. Não
são verdades absolutas ou argumentos redutores, pelo contrário. São ideias para que você possa pensar
o seu texto com a sua cara.
processo pode levar a pessoa a estados de depressão ou de não encontro com sua importância na
sociedade.
Esse processo, além de ser moderno, é entendido pela maior parte dos estudiosos, como uma
herança viva da industrialização e do capitalismo mais “selvagem”, passando, inclusive, por
pensamentos liberais que se focam na economia. Com relação à industrialização, gera-se um processo
chamado “reificação”, em que as pessoas passam a ser tratadas como coisas que podem ser descartadas
e substituídas por aqueles que conseguem produzir mais e melhor. Além disso, encontramos na
tecnologia um fator de exclusão do aspecto humano, visto que muitos trabalhadores podem ser
substituídos por máquinas que facilitam a produção.
Dessa forma, percebe-se que há muitos argumentos e contextos em jogo, fato que deve ser
entendido como positivo para facilitar a escrita da redação. Com relação à sua produção de maneira
específica, o certame nos pede a produção de uma dissertação, preferencialmente argumentativa pela
construção do pensamento dos textos motivadores. Por ser um texto mais “científico”, é necessário que
se cuide da subjetividade da produção, visto que nosso objetivo não é construir um texto “sentimental”
demais. Por isso, é necessário que você estabeleça uma tese e se foque nela ao apresentar seus
argumentos. Tudo isso fruto daquele planejamento que comentamos anteriormente.
De forma mais prática, é bom pensar da seguinte forma:
Coletânea de textos
Nessa proposta, a coletânea de textos serve como direcionadora de pensamento, sem que sejam
feitas referências claras a ela. Você deverá ler com calma os textos, procurando identificar as principais
informações que temos nesses textos. Fique atento sempre para as informações que podem ser
aproveitadas de forma parafrásica. Acredito, inclusive, que você deverá extrapolar essas informações,
visto a modernidade é ponto essencial na construção de sua argumentação.
Na coletânea, o texto 1 é composto de um pequeno trecho de uma obra literária que apresenta
a impessoalidade de alguém hospedado em um hotel, provavelmente, sendo visto como mais uma
pessoa, sem identidade individual e representando somente alguém que consome o produto ofertado. É
interessante notar que esse é um dos caminhos argumentativos que podemos tomar em nosso texto: a
modernidade capitalista é um dos fatores mais fortes de impessoalização dos seres humanos.
O texto 2, por sua vez, é um poema em que se faz uma reflexão acerca da descartabilidade dos
mais velhos, que, assim como os outros, na sociedade, são reduzidos a números de crachás e de
chamada. Nesse texto, aborda-se um elemento interessante que também se relaciona à modernidade
produtiva e consumidora: os idosos, por não terem “valor produtivo”, são colocados de lado e excluídos
do convívio social, isolados em asilos. Esse é um dos temas transversais que podem aparecer em sua
redação, visto que é uma situação bastante comum de exclusão em nossa sociedade.
Por fim, o texto 3, de Clarice Lispector, faz uma jogada com os números que nos representam.
Desde que nascemos, somos identificados por números que somente aumentam em quantidade de
identificação durante nossa vida adulta. Essa identificação, como já vimos discutindo, é que nos
“desidentifica”, digamos assim. Somo identificados por aquilo que nos tira nossa identificação. Louco,
né?
ou ao esforço para alcançar os ganhos. Seria algo como “A nova geração e a felicidade eterna: a geração
que não se acostumou a perder”.
Esse tema é extremamente interessante e próximo da realidade. Muito se fala sobre isso hoje,
principalmente em uma sociedade acostumada a cobrar que todos positivem suas atitudes e
pensamentos, como se fosse errado ser triste, ou fosse errado aceitar que a vida é feita de “certos e
errados”, ou, ainda, que a tristeza possa coexistir com a felicidade. É a geração dos Coachs, que pedem
que a linguagem, por meio da Reprogramação linguística seja feita. Algo como “as palavras têm poder”.
Ao positivarmos nossas palavras, positivamos nossa vida.
Para seu texto, você deverá se posicionar, claro, visto tratar-se de um texto dissertativo-
argumentativo. As teses possíveis, discutiremos à frente, pensando na forma mais lógica a partir dos
próprios textos. Claro que você não precisa defender aquilo que apresentamos como o mais lógico aqui.
Interessante notar que, como você já está acostumado, em seu texto, logo na introdução, apresentam-
se os elementos de contextualização e, claro, a sua tese. Essa deverá ser definida antecipadamente,
para que você possa definir os argumentos de seu texto.
No desenvolvimento, por sua vez, como você já está bem acostumado, apresentam-se os
argumentos, com a ideia de aprofundar ao máximo cada um deles. Esse aprofundamento se dará por
meio de repertório, como o ENEM fez a base argumentativa ficar conhecida. Por fim, você deve
apresentar uma solução, caso problematize a tese e os argumento, ou, ainda, uma conclusão mais
tradicional, quando apresenta uma retomada de tema e de argumentos, resumindo-os para reforçá-los.
Coletânea de textos
O tema, como discutimos logo acima, é depreendido da leitura dos três textos. Perceba que, por
serem os geradores do tema, não devem ser utilizados em seu texto. Inclusive, eu sempre recomendo
que vocês evitem copiar quaisquer informações dos textos. Salvo, no caso, se houver dados. Dados são
mais fáceis de serem usados, porque não configuram argumentos ou informações essenciais. Nesse caso
específico, não se preocupe com a semelhança que seu texto terá com relação aos textos, afinal seu
tema saiu de dentro deles, certo?
Assim, apresentamos, a seguir, um pequeno resumo de apresentação dos textos.
1. A geração atual não está acostumada a se esforçar e a receber respostas negativas da vida.
2. A geração atual, assim como todas as outras, flutua entre a felicidade e a tristeza, aceitando-as.
A seguir, apresentaremos alguns argumentos e repertórios que podem ser usados por vocês
nessa construção de texto. É importante que vocês entendam que esses não são argumentos únicos e
exaustivos. São argumentos que servirão para que vocês direcionem seus pensamentos. Isso ocorre
sempre, porque muitos de vocês ficam com dificuldades de começar a argumentação. Assim, nosso
objetivo é auxiliar vocês nesse processo.
• A geração atual é levada a crer que a positivização da vida passa pela não aceitação do
fracasso.
• A capacidade de interpretar os erros como uma forma de aprendizagem tornou-se errôneo
no momento atual.
• A modernidade líquida é marcada pela velocidade absurda de modificação das coisas, dada
a necessidade de adaptação de todas as relações às necessidades dos envolvidos.
• A onda de “coachs”, muito atual, reforça a ideia de que a tristeza é ruim, não deve ser
vivenciada, porque denota fracasso.
• A ideia de que a criação de uma geração é melhor do que a outra ultrapassa o tempo e se
constrói como verdade absoluta para as pessoas.
• É comum ouvirmos que essa é a geração de cristal, que sempre se cansa e se revolta por
pouca coisa, desacostumada a perder e a pensar em como as coisas ocorrem.
• Contudo, nenhuma geração é forjada na derrota e na tristeza. Todos preferem encontrar a
tão sonhada e pressionada felicidade.
• Essa geração atual é chamada de “Millenium”, uma vez que é a geração acostumada a usar
a tecnologia.
• As relações existentes entre as pessoas se tornaram mais distantes e instantâneas,
principalmente com as redes sociais. Essa evolução é natural em uma sociedade que cresce
como a nossa.
• As relações digitais auxiliam várias pessoas que não se relacionam facilmente.
• A sociedade capitalista atual acaba determinando o que é o sucesso. Tudo que não alcança
esse ponto é considerado derrota.
• A geração atual é assim por culpa de quem?
• Para Piaget, só crescemos quando nossa organização de vida se torna insuficiente para o
momento. São as chamadas “descentrações”, que ocorrem, segundo Habermas, no
desenvolvimento do mundo.
• A liquidez é possível, ainda, com relação às estruturas sociais, não somente com relação
aos relacionamentos humanos e sociais.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a
partir de variadas perspectivas. Assim, um caminho para você desenvolver seu texto é pensar as
fragilidades das amizades em tempos de redes sociais. A falta de contato entre as pessoas possibilita
que não se criem vínculos, assim essas amizades podem ser desfeitas a qualquer momento, sem que
isso represente algum prejuízo para as partes. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um
desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem
desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você
aponta que as amizades em tempos de redes sociais passam por um momento de fragilidade; por outro
lado, você pode dissertar que as redes sociais são benéficas para as amizades, pois podem possibilitar
que o indivíduo tenha uma grande rede de amigos que podem ser acessadas a qualquer momento. Com
base nisso, caso você queira abordar em seu texto a primeira perspectiva, fale da fragilidade das
relações modernas. Sinalize que as brincadeiras de rua foram extintas, os encontros pessoais
dissolvidos, e as amizades se tornaram superficiais, que, a apenas um clique, podem ser desfeitas, sem
isso representar problemas para as partes. Por sua vez, caso você queira abordar a segunda perspectiva,
evidencie que as amizades via redes fazem com que os indivíduos acompanhem melhor a vida dos
outros. Ademais, o contato entre essas pessoas é facilitado, pois uma simples mensagem aproxima
esses indivíduos. Portanto, você tem caminhos variados para está desenvolvendo seu texto, basta se
apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma
argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela UFRGS, compõe-se de
três partes essenciais:
Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos
acima, é amplo, e apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto,
elemento fundamental na escrita de uma redação. Quando uma produção apresenta um projeto de
texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo abordado e o seu ponto de vista
sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se, antes de
argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense
que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando
em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu
texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da
organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao
longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias.
Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente,
recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um
texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de
desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente,
fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus
argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório.
Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos
explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação.
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, o texto motivador fala das
diferenças no conceito de amizade, que antes representava proximidade, e nos dias atuais, devido à
ascensão das redes sociais, representa um maior número, porém com um maior distanciamento entre
as pessoas.
como um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita
articular causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a
partir disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência.
A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é
apresentarmos uma verdade absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam
argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes.
Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos
motivadores e pelo próprio tema.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes,
livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde
que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são
muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota
mais elevada.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir de variadas
perspectivas. Assim, em seu texto, você pode trabalhar a perspectiva a qual os atendimentos rápidos realizados pelos
profissionais da saúde correspondem a demanda grande de pacientes, ou mesmo apontar que o problema está baseado no lucro.
A escolha de uma dessas perspectivas, por trazer intrínseco um problema, pode ser uma argumentação que possibilite um
desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você disserta acerca da
grande demanda de pacientes, ou argumente que o tempo mínimo dedicado ao paciente deriva do incentivo ao lucro. Assim,
caso você escolha a primeira posição, um dos caminhos é pensar o inchaço dos hospitais públicos, a presença de poucos
profissionais nesses espaços, e a exigência dos pacientes no atendimento. Em vista de tudo isso, o médico procura atender os
pacientes em tempos breves, para que possa atender o maior número possível. Por outro lado, caso você queira abordar a
segunda posição, sinalize em seu texto, por exemplo, que o profissional, em especial aquele que atende em clínicas
particulares, procura atender os pacientes da forma mais rápida, pois quanto mais atendimentos, mais lucro a clínica tem. Mas
lembre-se, em ambas as situações a relação médico-paciente sai prejudicada, e isso pode gerar resquícios negativos ao
paciente, não atendendo sua demanda.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela FAmeca, compõe-se de três partes essenciais:
Na elaboração do texto dissertativo-argumentativo, deve-se apontar uma tese clara e consistente para que você, ao
longo de seu texto, consiga argumentar com facilidade, sem necessitar recorrer a ideias que possam enfraquecer sua
argumentação.
Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema, visto que, como comentamos acima, é amplo, e
apresentar a sua tese. A partir disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma
redação. Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que está sendo
abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo, com o projeto de texto, mostra-se,
antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor,
ainda que seja um corretor, não “conhece” o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez.
Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação,
principalmente quando tratamos da organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá
trabalhar ao longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias.
Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente, recomendamos dois
argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco.
Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o
repertório deve estar presente, fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus
argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório.
Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos explanados para poder
dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação.
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar seus argumentos e nem
parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes,
vocês apresentam a ideia de que não podem ler os textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou
vocês descobrem que todos os argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de
usar aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a produção textual. Treine
e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós realmente aprendemos escrevendo.
A seguir, apresentamos uma pequena análise de cada um dos textos constantes da proposta.
TEXTO I
TEXTO II
Texto II
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser compostos de dados
estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes, livros que você tenha lido e que se articule à
ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as
possibilidades de referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e
possibilitar uma nota mais elevada.
3.3 Educação
Texto 2
“Por isso é que em nossas sociedades a literatura tem sido um instrumento poderoso de instrução e
educação, entrando nos currículos, sendo proposta a cada um como equipamento intelectual e
afetivo. Os valores que a sociedade preconiza, ou os que considera prejudiciais, estão presentes nas
diversas manifestações da ficção, da poesia e da ação dramática. A literatura confirma e nega, propõe
e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos dialeticamente os problemas.
[...] Ela não corrompe nem edifica, portanto; mas trazendo livremente em si o que chamamos o bem e
o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver”.
Candido, Antonio. “O direito à literatura”.
Texto 3
Uso da tecnologia faz com que estudantes esqueçam livros
Thinkstock Thinkstock/VEJA/VEJA
A fixação das crianças pelo uso de aparatos tecnológicos, como os smartphones e computadores que
lhes permitem acessar as redes sociais, tem feito com que as crianças em idade escolar leiam cada vez
menos livros. É o que indica um estudo realizado na Grã-Bretanha. De acordo com a pesquisa, fora da
escola as crianças estão mais suscetíveis a navegar na internet ou enviar mensagens aos amigos do que
ler obras literárias.
Ainda segundo os pesquisadores, entre adolescentes com idade entre 14 e 16 anos, as chances de que
o estudante leia um livro em detrimento do uso do computador é 10 vezes menos do que entre os
mais novos.
https://veja.abril.com.br/educacao/uso-da-tecnologia-faz-com-que-estudantes-esquecam-livros/
http://fredcartunista.blogspot.com/2013/11/charge-livro.html
Texto 4
A cultura de massa, sobre a qual os artistas modernos depositavam esperanças de renovação de
formas e técnicas, de democratização, ampliação e educação do público, tornou-se industrial em
escala planetária e, como tal, fornecedora de produtos padronizados segundo uma demanda de baixa
qualidade estética, que ela ao mesmo tempo cria e satisfaz. As relações que os escritores modernos
mantiveram com a cultura de massa foi muito diversa da que mantêm os ‘pós-modernos’. Enquanto
aqueles exploravam, em equivalências de linguagem verbal, as possibilidades imaginárias e estéticas
do cinema e da televisão nascente, estes apenas mimetizam o baixo teor informativo da maior parte
desses meios, ou conformam-se à sua lógica mercadológica: já escrevem tendo em mente a passagem
direta para esses veículos de comunicação.
(PERRONE-MOISÉS, Leyla. Altas literaturas. São Paulo: Companhia das Letras, 1998.)
Texto 5
A leitura de um clássico é difícil. O apuro linguístico de nossa melhor literatura não é tão fácil de
acompanhar quanto a leitura de um best-seller.
O professor está ali para ajudar a vencer essa barreira. Esse desafio é recompensado pela expansão da
capacidade de compreensão, expressão e sensibilidade do leitor. Ler um clássico não te dá apenas o
conhecimento sobre aquele livro; ajuda a entender o mundo à nossa volta e o mundo que existe
dentro de nós.
Um clássico chegou a essa categoria porque contém valores —literários, espirituais, reflexivos— que o
elevaram acima do normal de sua época e garantiram que tivesse interesse para gerações futuras.
(https://www1.folha.uol.com.br/colunas/joel-pinheiro-da-fonseca/2021/01/a-leitura-dos-classicos-no-
ensino-medio-deveria-ser-obrigatoria.shtmlA leitura dos clássicos no ensino médio deveria ser
obrigatória?)
Texto 6
Fonte: http://bibliotecaets.blogspot.com.br/2009/06/leitura-tecnologias-charge.html
A partir da leitura dos textos motivadores acima e de suas próprias reflexões, escreva um texto
dissertativo-argumentativo sobre o seguinte tema:
Leitura obrigatória de textos literários no mundo tecnológico.
Texto 2
A inclusão de filosofia e sociologia como disciplinas obrigatórias no ensino médio em 2009
prejudicou a aprendizagem de matemática dos jovens brasileiros, principalmente os de baixa renda. A
conclusão é dos pesquisadores Thais Waideman Niquito e Adolfo Sachsida, em estudo inédito que será
publicado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo eles, a mudança levou as notas
de jovens residentes em municípios com Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) muito baixo a cair
11,8%, 8,8% e 7,7% em redação, matemática e linguagens, respectivamente.
“Os resultados preocupam porque o nível de formação do capital humano no Brasil é baixo. Não
podemos nos dar ao luxo de piorar o que já é ruim”, diz Niquito, pesquisadora visitante do Ipea e
professora da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina).
A hipótese levantada pelos pesquisadores é que, dada a limitação de carga horária do ensino
médio, a inserção obrigatória de qualquer nova disciplina “se reflete em redução no tempo dedicado ao
ensino das demais”.
(Érica Fraga. “Filosofia e sociologia obrigatórias derrubam notas em matemática”. www.folha.uol.com.br, 16.04.2018. Adaptado.)
Texto 3
“Filosofia e sociologia obrigatórias derrubam notas em Matemática”. O título da reportagem
publicada na Folha de S. Paulo revela os resultados de uma pesquisa inédita. O estudo defende que a
presença das disciplinas como componentes curriculares obrigatórios no ensino médio prejudica a
aprendizagem dos estudantes, essencialmente os de baixa renda.
Para chegar à conclusão de que a obrigatoriedade das disciplinas, estabelecida pela Lei 11.684 de
2008, levou à queda no desempenho escolar, os pesquisadores tomaram como base os resultados de
estudantes no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), em dois momentos. A pesquisa comparou os
resultados dos alunos que prestaram o exame em 2009, por entender que eles ainda não tinham sido
impactados pela obrigatoriedade, com aqueles que o prestaram em 2012, após a promulgação da Lei.
Tal aferição é vista com preocupação pela socióloga e professora do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia São Paulo (IFSP), Ana Paula Corti. A especialista, que também é membro
da Rede Escola Pública e Universidade (REPU), pontua inconsistências no estudo e questiona a sua
intenção: “É notório que o desempenho em português e matemática, assim como em outras disciplinas,
muitas vezes é colocado como insatisfatório nos resultados de avaliações em larga escala”, avalia.
“Muitas questões explicam isso, como a precariedade do sistema público, a falta de investimento e os
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A obrigatoriedade do ensino de filosofia e sociologia e os impactos na formação escolar
Texto 2
Os críticos da educação domiciliar afirmam que a modalidade impede o processo pleno de
socialização das crianças e jovens, algo que só é possível, segundo eles, no ambiente escolar. Eles
argumentam ainda que a educação domiciliar é uma forma de os pais, por motivos religiosos, morais e
ideológicos, isolarem os alunos da discussão de temas fundamentais para a evolução do aprendizado.
O publicitário Rick Dias, presidente da Aned (Associação Nacional de Educação Domiciliar),
discorda: “Se a Constituição menciona pluralidade de ideias e de concepções pedagógicas, não podemos
conceber que a escolarização seja a única maneira de transmitir conhecimento. Apenas fizemos a opção
que entendemos ser a melhor para nossos filhos”, diz ele.
A pedagoga e docente da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Telma Vinha, doutora
na área de Psicologia, Desenvolvimento Humano e Educação, discorda: “Escola e família são instituições
complementares, e não capazes de substituir uma a outra no processo de ensino”. “Até que ponto os
pais estão ou estarão preparados para ensinar seus filhos de forma ampla? São e serão capazes de
controlar todos os pontos no desenvolvimento dos valores? E de identificar quando um erro é estrutural
ou no desenvolvimento?”.
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-
argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Texto 2
A partir de agora, estudantes e professores podem usar seus celulares para fins pedagógicos
durante o horário de aula. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, sancionou lei alterando
legislação de 2007 que proibia o uso do aparelho. A nova lei foi criada a pedido do secretário de
Educação, José Renato Nalini, em 2016, segundo o qual a intenção da nova legislação é respeitar a
autonomia do professor. “Ele decide se vai ser producente pesquisar e consultar a internet durante a
aula. Já existia muito professor fazendo isso, mesmo com a proibição, mas agora não vão precisar se
preocupar se estão dentro da lei ou não. A escola tem que estar de acordo com o que acontece fora
dela. Os alunos têm que ter acesso a tudo para exercer o protagonismo e a criatividade”, diz.
(Caroline Monteiro. “Por que a liberação do celular em sala de aula não é o fim do mundo”. https://novaescola.org.br, 08.10.2017.
Adaptado)
Texto 3
A proibição do uso de celular em sala de aula é uma medida que se harmoniza com o ambiente
em que o estudante está. A sala de aula é um local de aprendizagem, onde o discente deve se esforçar
ao máximo para extrair do professor os conhecimentos da matéria. Nesse contexto, o celular é um
aparelho que só vem dificultar a relação ensino-aprendizagem. Por que banir o uso do celular? Ter
acesso fácil ao celular faz com o que aluno tenha mais chance de distração, o que pode levar a notas
mais baixas; adolescentes ainda não têm maturidade para usar nos momentos apropriados; em
ambientes liberados, é muito difícil para o professor monitorar a sala toda; a distração do smartphone é
muito pior do que desenhar no caderno, por exemplo, porque o aluno entra em um “universo paralelo”.
(Orlando Morando. “Celular em sala de aula: uma proibição necessária”. www.al.sp.gov.br, 22.06.2015. Adaptado)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
O uso de celulares em sala de aula atrapalha a aprendizagem ou colabora para o ensino?
[...] fiquei sabendo que a Amazon Books – a livraria on-line mais famosa do mundo – havia
inaugurado sua primeira loja física nos Estados Unidos. Depois de duas décadas de vendas pela internet,
ameaçando a existência das livrarias tradicionais, a gigante do comércio eletrônico se instalou numa loja
de shopping com os 6 mil títulos mais vendidos e mais bem avaliados no seu site. Ou seja: em vez do
texto virtual, para os leitores digitais, ou da encomenda on-line, as pessoas poderão pegar o livro na
mão, apertar como se fosse um tomate, folhear e cheirar à vontade, exatamente como fazem os
frequentadores da nossa feira porto-alegrense. E o mais importante: poderão levar o produto com elas,
abrir e consumir em qualquer lugar, sem necessidade de bateria, wi-fi ou 3G.
Adaptado de: SOUZA, Nilson. Livros e tomates. Zero Hora. Segundo Caderno. 7 nov. 2015. p. 7.
Finalmente, e a título de informação suplementar, cabe lembrar a opinião de Umberto Eco e JeanClaude
Carrière, em um livro cujo título é sugestivo, Não contem com o fim do livro.
“Das duas, uma: ou o livro permanecerá o suporte da leitura, ou existirá alguma coisa similar ao
que o livro nunca deixou de ser, mesmo antes da invenção da tipografia. As variações em torno do
objeto livro não modificaram sua função, nem sua sintaxe, em mais de quinhentos anos. O livro é como
a colher, o martelo, a roda ou a tesoura. Uma vez inventados, não podem ser aprimorados. Você não
pode fazer uma colher melhor que uma colher [...]. O livro venceu seus desafios e não vemos como,
para o mesmo uso, poderíamos fazer algo melhor que o próprio livro. Talvez ele evolua em seus
componentes, talvez as páginas não sejam mais de papel. Mas ele permanecerá o que é.”
ECO, Umberto; CARRIÈRE, Jean-Claude. Não contem com o fim do livro. Trad. André Telles. Rio de
Janeiro-São Paulo: Record, 2010. p. 14.
A partir da leitura dos textos e considerando que, atualmente, discute-se, de diferentes pontos
de vista, o futuro do livro no mundo contemporâneo, escreva um texto dissertativo sobre o tema
abaixo.
O livro na era da digitalização do escrito e da adoção de novas ferramentas de leitura
Redija uma dissertação a tinta, desenvolvendo um tema comum aos textos abaixo.
Obs.: O texto deve ter título e estabelecer relação entre o que é apresentado nos textos da coletânea.
Texto I
Dados da edição de 2012 da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, encomendada pela Fundação Pró-
Livro e pelo Ibope Inteligência, mostram que os brasileiros estão cada vez mais trocando o hábito de ler
jornais, revistas, livros e textos na internet por atividades como ver televisão, assistir a filmes em DVD,
reunir-se com amigos e família e navegar na rede de computadores por diversão.
Portal G1 Educação
Texto II
O problema não é o computador ou a TV, é o uso excessivo deles. Tem criança que fica o dia inteiro com
as telinhas ligadas. Não pode. É preciso ter hora para brincar, estudar, sair, comer e, claro, também para
o computador e a TV. Tem que ter disciplina.
Ruth Rocha, escritora
Texto III
O computador pode ser um instrumento que desenvolva o hábito da leitura em crianças usuárias desta
ferramenta podendo, portanto, melhorar a capacidade intelectual delas, e ainda possibilitar a realização
de atividades lúdicas que contribuem para atrair a atenção e o interesse de leitores iniciantes.
Valéria Gomes da Silva e Elieuza Aparecida de Lima, pesquisadoras
(Autoral)
Texto I
Entenda agora a importância da tecnologia na educação atual
Por muito tempo a escola foi um espaço que oferecia métodos defasados de ensino,
fundamentados em quadros-negros, livros e aulas completamente expositivas. Essa didática estava
descontextualizada da vida dos jovens fora da instituição, e a partir daí surgiu a necessidade de aplicar a
tecnologia na educação.
A diferença de realidades entre o que o aluno tinha acesso na sala de aula e na rua fazia com que
o estudante fosse perdendo o interesse pelas aulas e pelas práticas escolares.
Texto II
Tenho ouvido que os modelos de ensino estão sendo alterados, que essa nova geração de alunos
é diferenciada, que não suporta mais a aula tradicional e realmente esforços estão acontecendo nesse
sentido.
Há iniciativas de universidades, por exemplo, que estão extinguindo uso de slides porque isso
pode tornar a aula chata. Alternativas como esta sinalizam para uma nova preocupação quanto ao
formato da aula clássica, sem dúvida, porém, seria mesmo o uso de determinadas tecnologias que
estaria tornando as aulas monótonas? Questiono se podemos colocar toda a responsabilidade nos
recursos tecnológicos, às vezes, mal utilizados por nós, professores.
O interesse em mudar os padrões de ensino passivo já existe entre alunos, entre docentes e na
própria gestão escolar, mas ainda é necessário que compreendamos de modo geral, que o incentivo a
uma aula interessante, colaborativa e realmente proveitosa dependerá do esforço pessoal dos atores
envolvidos no ensino-aprendizagem, o que nem sempre vai envolver uso de tecnologias em sala de aula.
É certo que estamos vivendo uma condição de época tecnológica irreversível. Entretanto, a
inserção da tecnologia na educação precisa considerar a proposta de aula, os objetivos do ensino e da
aprendizagem. Inserir uma tecnologia apenas para cumprir com a obrigação de época, ou de modismo,
não condiz com a proposta educacional. Seria um adereço sem propósito, apenas para fins decorativos.
E atualmente, com tantas possibilidades, em alguns momentos continuamos a seguir esse modelo,
mesmo com o uso desses recursos.
O que queremos ao utilizar tecnologia em sala de aula é fazer com que o conteúdo possa se
aproximar mais do estudante, que o aluno possa ouvir, assistir e agir colaborativamente atingindo o
patamar de um ensino-aprendizagem que fomentem o conhecimento. Sempre lembrando que também
não é ideal atribuirmos sucesso à aula por ter usado determinadas mídias. O diferencial está no modo
de conduzir o conteúdo, na relação aluno-docente-escola.
Texto IV
Viver sem a tecnologia pode parecer uma tarefa complicada nos dias atuais. Nós nos tornamos
dependentes de aparelhos eletrônicos e aplicativos que automatizam tarefas cotidianas. Isso não é um
problema. A questão é que a tecnologia provocou alguns comportamentos nos estudantes que são um
obstáculo na hora de estudar e em suas vidas pessoais.
1. Irritação
A tecnologia fez com que os estudantes se tornassem cada vez mais irritados quando têm que
deixar os seus aparelhos e jogos de lado. Deixar de jogar Fornite (para iOS ou para Android) para prestar
atenção nos estudos, de repente, parece uma catástrofe. Talvez esta seja a primeira preocupação dos
professores que consideram a implantação da tecnologia em sala de aula: que os estudantes estarão
ocupados nas redes sociais e não prestarão atenção na lição dada. A curiosidade inata dos alunos,
juntamente com a compreensão da tecnologia poderia conduzir a uma maior socialização on-line em
ambientes onde os dispositivos são de fácil acesso.
2. Paciência
A paciência é uma virtude difícil de ser encontrada nos estudantes de hoje. Eles ficam irritados
quando uma página na internet demora a carregar e não têm muita paciência para gastar este mesmo
tempo com os estudos, já que estudar demora mais do que acessar o Facebook. Nem todos os
estudantes têm acesso às ferramentas de tecnologia fora da sala de aula. A biblioteca acaba sendo uma
opção, mas com frequência existe uma espera para usar os computadores conectados à Internet, e é
muito comum que não seja permitido baixar aplicativos y software em computadores públicos.
A tecnologia em sala de aula funciona se todos os estudantes têm acesso aos dispositivos.
Entretanto, quando são considerados determinados programas tecnológicos para fazer a tarefa, em
uma intervenção em casa, ou de aprendizado, deve-se levar em conta se os estudantes têm acesso à
Internet para que não haja desmotivação na realização da tarefa a ser cumprida.
3. Escrita
O constante uso das redes sociais faz com que os estudantes percam as suas habilidades de
escrita, uma vez que a maioria das palavras é abreviada na linguagem on-line. Por outro lado, o plágio
foi sempre uma preocupação dos professores. Atualmente, os estudantes podem ter acesso facilmente
a ensaios, relatórios, anotações de sala de aula, provas on-line etc., o que faz com que seja muito mais
difícil que os professores saibam se o trabalho realmente foi feito pelos estudantes e é original. Mesmo
que existam ferramentas de alta tecnologia para ajudar os professores a descobrir se o trabalho é um
plágio, nenhum sistema é perfeito.
4. Interação social
A tecnologia dá a impressão de que estamos interagindo o tempo todo, mas estudantes estão
cada vez mais perdendo o hábito de conversar e interagir socialmente por meios off-line. Manter uma
conversa pessoalmente está se tornando uma tarefa difícil e evitada pelas crianças de hoje. Outra
questão que deve ser levada em conta é a privacidade da informação do estudante e os seus dados. Os
aplicativos e as plataformas percorreram um longo caminho para melhorar as suas medidas de
privacidade, especialmente quando elas afetam os estudantes, mas é suficiente para convencer as
escolas de que vale a pena correr o risco?
Os dados dos alunos são muito importantes dentro das paredes da sala de aula, mas os
professores podem se sentir seguros de que é aí onde a informação ficará quando forem utilizados os
aplicativos tecnológicos? A tecnologia continuará oferecendo descobertas e progressos que a mente
humana ainda nem pode sonhar. Muito acreditam que ter um site, por exemplo, é garantia de sucesso.
A tecnologia tem uma natureza perversa, porque dá uma falsa sensação de suficiência. É preciso dar a
sua justa dimensão, mas é inegável que o papel fundamental que vem cumprindo dentro das
organizações e, portanto, para a humanidade.
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
TEXTO I
Machado de Assis virou assunto nas redes sociais. O autor de Dom Casmurro esteve no centro de
intensos debates depois que uma coluna da Folha de S.Paulo revelou que a escritora Patrícia Secco
lançará uma versão simplificada de O Alienista, obra de Machado lançada em 1882. Secco coordena um
projeto que visa “descomplicar” os clássicos para o leitor não acostumado a lê-los.
Autorizada pelo Ministério da Cultura, ela captou cerca de R$ 1 milhão, via leis de incentivo, para a
empreitada – além do conto de Machado, também adaptou A Pata da Gazela, de José de Alencar. Os
dois terão, juntos, tiragens de 600 mil exemplares e serão distribuídos de graça pelo Instituto Brasil
Leitor.
A notícia alvoroçou as redes sociais. Uma petição on-line com mais de 6.500 assinaturas contesta o
apoio do Ministério da Cultura.
“O foco do projeto é a doação de livros para pessoas que não tiveram oportunidade de estudar,
constantemente excluídos do acesso à cultura”, diz Secco. “Trata-se de uma disputa entre o purismo e a
democratização da leitura.”
(“Machado de Assis vira alvo de debate após divulgação de obra simplificada”. www.folha.com.br,
10.05.2014. Adaptado.)
TEXTO II
Lançar versões simplificadas de clássicos da literatura é uma prática comum em qualquer país do
mundo. No Brasil, um país em que metade da população não leu uma só página de um livro nos últimos
três meses e a média de tempo dedicado à leitura por dia é de seis minutos, qualquer iniciativa para
divulgar a literatura deveria ser bem-vinda. Mesmo se a qualidade das adaptações de Patrícia Secco se
revelar duvidosa, é impossível que a distribuição de centenas de milhares de livros tenha algum impacto
negativo.
(Danilo Venticinque. “Machado de Assis e a choradeira dos críticos”. www.epoca.com, 13.05.2014.
Adaptado.)
TEXTO III
Segundo o poeta e professor da Universidade de São Paulo Alcides Villaça, que é veementemente
contra o princípio de reescrever um clássico, há trechos das adaptações de Patrícia Secco que ficaram
incompreensíveis. “Você tem impressão de estar até reconhecendo Machado, porque são muitos
trechos dele, mas de repente vem aquilo que ele jamais faria. Um bom escritor você reconhece quando
o texto flui ou quando ele te faz enfrentar uma prosa quebradiça, mas o ritmo é dele. Quando você
mexe na pontuação, na sintaxe, suprime palavras e corta parágrafos, você perdeu o ritmo, um elemento
da maior importância da literatura. É vender gato por lebre, uma coisa grosseira”, ressalta.
(“Versão simplificada de livro de Machado de Assis gera polêmica”. www.g1.globo.com, 17.05.2014.
Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma -padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Simplificação de livros clássicos: democratização da leitura ou desrespeito ao texto original?
para o ex-presidente Lula no último dia 4 de abril. Antes de retomar a leitura de seu voto, depois de
aparte do ministro Dias Toffoli, Barroso permitiu-se um momento de descontração. Não paira dúvida
acerca da formalidade do ambiente nem se questiona o grau de conhecimento da língua portuguesa do
magistrado, mas o fato é que ele não disse “Avisaram-me”, “estava” ou “problema de que eu não
preciso nesta altura”. Será que o ministro errou? Segundo o sociolinguista Carlos Alberto Faraco,
professor titular aposentado e ex-reitor da Universidade Federal do Paraná, não há cortes rígidos entre
formal e informal, entre oral e escrito, entre “certo” e “errado”. “A mudança estilística do ministro está
ligada ao assunto; as pessoas modulam a língua de acordo com interlocutores, ambiente, assunto,
gênero do discurso, etc. O mais importante é fugir sempre das dicotomias. Dicotomizar a realidade
linguística é falseá-la; a língua varia muito seja na fala, seja na escrita”, afirma.
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2018/04/registro-linguistico-pode-variar-de-acordo-com-a-situacao-e-o-assunto.shtmlAcesso
em: 25 set. 2019
diversas regiões do planeta. Segundo este documento, a situação de cada língua é o resultado da
confluência e da interação de múltiplos fatores político-jurídicos, ideológicos e históricos, demográficos
e territoriais; econômicos e sociais. Salienta que, nesse sentido, existe uma tendência unificadora por
parte da maioria dos Estados em reduzir a diversidade e, assim, favorecer atitudes adversas à
pluralidade cultural e ao pluralismo linguístico.
O Brasil figura entre os países de maior diversidade linguística. Estima-se que, atualmente, são
faladas mais de 200 línguas. A partir dos dados levantados pelo Censo IBGE de 2010, especialistas
calculam a existência de pelo menos 170 línguas ainda faladas por populações indígenas. Embora não
contabilizadas pelo Censo, pesquisas na área de linguística também apontam para outras línguas
historicamente “situadas” e amplamente utilizadas no Brasil, além das indígenas: línguas de imigração,
de sinais, de comunidades afro-brasileiras e línguas crioulas. Esse patrimônio cultural é desconhecido ou
mesmo ignorado por grande parte da população brasileira.
Disponível em: http://desafios.ipea.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3053&catid=28&Itemid=39. Aceso em: 25
set. 2019.
Motivador 6 – LÍNGUA
Flor do Lácio Sambódromo
Lusamérica latim em pó
O que quer
o que pode
Esta língua
Vamos atentar para a sintaxe paulista
E o falso inglês relax dos surfistas
Sejamos imperialistas
Cadê? Sejamos imperialistas
Vamos na velô da dicção choo de Carmem Miranda
E que o Chico Buarque de Hollanda nos resgate
E xeque-mate, explique-nos Luanda
VELOSO, Caetano. Velô. Polygram, CD,1984
Após a leitura dos textos motivadores apresentados e com base nos conhecimentos construídos
ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo na modalidade escrita formal da
língua portuguesa com, no mínimo, 15 e, no máximo, 30 linhas, sobre o tema “A LÍNGUA E SEUS USOS
NAS INTERAÇÕES SOCIAIS”. Selecione, organize e relacione argumentos, fatos e informações para
constituição de seu texto.
Texto I
É absolutamente importante o contato com a arte por crianças e adolescentes. Primeiro, porque no
processo de conhecimento da arte são envolvidos, além da inteligência e do raciocínio, o afetivo e o
emocional, que estão sempre fora do currículo escolar. A minha geração fez sua educação emocional a
partir de filmes de Hollywood, o que é uma barbaridade. Não se conversava sobre sentimentos na
escola. Segundo, porque a arte estimula o desenvolvimento da inteligência racional, medida pelo teste
de QI. O pesquisador Janes Catteral estudou a influência da aprendizagem de arte na inteligência, que
será aplicada a qualquer outra disciplina. Além disso, grande parte da produção artística é feita no
coletivo. Isso desenvolve o trabalho em grupo e a criatividade.
(Ana Mae Barbosa, professora e pesquisadora em arte-educação)
Texto II
Texto III
Por vezes à noite há um rosto / Que nos olha do fundo de um espelho / E a arte deve ser como esse
espelho / Que nos mostra o nosso próprio rosto.
(Jorge Luis Borges, escritor)
COMENTÁRIO
de leitura de textos literários, já que essa é uma questão polêmica; e isso no contexto de uma sociedade
em que a tecnologia proporciona uma série de outros atrativos culturais para os jovens.
É interessante notar que a proposta apresenta o assunto o qual deve ser tratado no texto e cabe
ao escritor escolher o viés de sua argumentação, como a importância, os desafios ou o descarte da leitura
obrigatória de textos literários no mundo tecnológico. Após a escolha do caminho argumentativo a ser
seguido, por ser uma dissertação-argumentativa, será avaliada a capacidade da construção de
argumentos que validem e embasem o ponto de vista defendido.
COLETÂNEA
O texto 1 e 3 abordam a relação entre o hábito de ler e o mundo tecnológico. O primeiro é uma
matéria de jornal que relata sobre a fala polêmica do youtuber e influencer Felipe Neto, o qual defende
que a imposição a adolescentes da leitura de textos clássicos é um desserviço para a literatura, afirmando
ainda que a obrigatoriedade da leitura influencia os jovens alunos a não gostarem de literatura. Essa fala
causou muita repercussão na internet e discussões acerca da relevância da leitura de textos clássicos na
escola e da insatisfação de alguns em essa tarefa ser obrigatória. Já o texto 3, no título, nos apresenta
uma afirmação quanto ao esquecimento dos livros por parte dos estudantes e a influência que a
tecnologia tem nesse fato. Com isso, a matéria cita que o consumo exacerbado da tecnologia,
principalmente das redes sociais, pelas crianças e adolescentes, faz com que os livros sejam esquecidos
e o hábito de leitura diminua em pessoas dessa faixa etária.
Nos textos 2 e 5, é enaltecido o valor da literatura e dos livros. No texto do crítico literário e
sociólogo Antônio Candido, é defendido o posicionamento de a literatura ser essencial e poderosa na
educação, evidenciando ainda a relevância dos livros e textos literários para a vida e o ser humano, já
que esses abordam questões sociais e pessoais. E o texto 5, de Joel da Fonseca, faz uma breve
comparação entre a leitura de um clássico e de um best-seller e comenta sobre a “dificuldade” da leitura
de textos mais antigos. Além disso, o texto também relata sobre as recompensas pessoais advindas do
desafio da leitura e que esse hábito proporciona um maior entendimento de mundo e dos leitores em
si, reafirmando a importância e o caráter atemporal dos clássicos.
Por último, o texto 6 é uma charge que visualmente compara, de forma irônica, a completude, o
tamanho e a variedade dos dispositivos eletrônicos à simplicidade e pequenez dos livros. A fala da
televisão, em tradução livre, é “e o que você pensa que está fazendo?” em tom de surpresa marcado
pelo emprego de vários pontos de exclamação, explicitando o quão atípico é um jovem escolher ler um
livro ao invés de utilizar aparelhos eletrônicos.
Observe que os textos da coletânea já trazem os principais argumentos para a defesa de teses
diferentes. Mesmo assim, não deixa de ser perceptível um certo viés da escolha dos fragmentos que
compõem a coletânea. A partir da provocação de Felipe Neto, encadeiam-se textos que trazem, de
forma implícita, uma questão interessante: a obrigatoriedade da leitura dos clássicos não poderia servir
como antidoto contra um mundo tecnológico em que a leitura tem sido desprezada? O texto do crítico
literário mostrando o valor da literatura em contraposição ao texto 4, mostra a necessidade de algum
tipo de intervenção didática para que o entretenimento de mercado não seja a única referência para os
jovens.
Teses Possíveis
O formato da proposta estruturado através de uma frase nominal, “Leitura obrigatória de textos
literários no mundo tecnológico”, não dá imediatamente o caráter polêmico da tese. Isso é percebido
pela leitura do primeiro texto, sobre a opinião questionável de Felipe Neto. É justamente a fala do
youtuber que pode guiar para produzir uma tese que se adeque ao gênero dissertativo-argumentativo.
Logo de cara, pode-se responder à pergunta do primeiro texto com uma afirmativa ou negativa. A
leitura obrigatória é um desserviço didático para desenvolver no jovem o gosto pelos clássicos, ou, pelo
contrário, ela é necessária. Difícil imaginar a tese intermediária, que supõe que o fato poderia ser exitoso
em determinadas condições. Fiquemos com as posições opostas. Elas ainda requerem uma combinatória
com o segundo termo, “mundo tecnológico”.
A leitura obrigatória é necessária para que os jovens descubram e gostem dos clássicos, já
que vivemos num contexto em que o entrentenimento tecnológico parece ocupar todo o
tempo dos jovens estudantes.
A leitura obrigatória não tem mais valor, uma vez que, no mundo tecnológico, o jovem tem
acesso a outros tipos de bens culturais que podem suprir a função que a literatura tinha na
formação do jovem.
Pressupostos
No caso, da coletânea, tanto as criticas à leitura obrigatória quanto a sua defesa partiam da ideia
de que a literatura poderia fornecer ao jovem leitor uma formação estética e emocional de valor. Em
momento algum Felipe Neto ataca a importância das obras escolhidas como leitura obrigatória no
Ensino Médio. A questão mais importante é se o estímulo à leitura de clássicos deve se dar através de
mecanismos autoritários ou não.
Nesse caso, aceita-se que a literatura tenha algo a oferecer ao aluno. A composição do currículo
baseado nas necessidades de uma sociedade tecnocientífica determinou que o aluno tivesse contato
com um número grande de disciplinas voltadas para o mundo físico e material, deixando de lado a
formação ética e estética do indivíduo. A literatura teria o papel de cobrir esse vácuo. Permite um
contato com uma linguagem mais elaborada, exige que o aluno alargue seus horizontes interpretativos,
coloca-o em contato com vários pontos de vista e, de quebra, valoriza a fantasia e a imaginação,
habilidades negadas, de certa forma, pelas outra disciplinas.
Apesar disso, seria possível negar o valor da literatura. Trata-se de uma tese difícil, mas até certo
ponto sustentável. Pelo menos quanto às habilidades relacionadas à imaginação e ao contato com
outros pontos de vista, os vários filmes e documentário aos quais os jovens hoje têm acesso com
facilidade poderiam ser lembrados como capazes de preencher o vazio literário. Além disso, atualmente,
a própria literatura tem estado sob ataque, uma vez que muitos autores expressam determinados
valores da sua época que podem ser considerados ultrapassados ou mesmo questionáveis, como o
racismo de um Monteiro Lobato.
Essa tese é antiga e pode-se considerar em síntese o argumento do Felipe Neto. A obrigatoriedade
pode levar o aluno a detestar os clássicos. Por se tratar de um senso-comum, essa tese poderia ser
enriquecida com o contexto do mundo tecnológico. O jovem é seduzido por vários outras formas de
entretenimento que oferecem a ideia de liberdade de escolha. Esse abismo entre a obrigatoriedade de
algo que se considera ter um valor acima do normal e vários bens culturais a que se pode acessar de
forma livre, torna a leitura obrigatória mais execrável ainda, fazendo com que o jovem associe falta de
liberdade a um tipo de manifestação cultural que deveria representar a liberdade.
Essa tese é um pouco mais difícil. Você deveria partir do argumento do Felipe Neto e mostrar que
esse tipo de efeito sempre existiu por conta da própria obrigatoriedade que afasta os jovens da leitura.
Poderia reconhecer que o entretenimento do mundo tecnológico pode até ser um concorrente à leitura,
mas não seria isso que afastaria o jovem dos clássicos, pelo contrário. Vários jovens descobrem a
literatura através de podcasts e vídeos de divulgação de obras literárias disponíveis no Youtube.
Essa é a tese mais promissora no que diz respeito à quantidade e qualidade de argumentos
disponíveis, inclusive da coletânea. As mídias às quais temos acesso hoje levam o jovem a ler cada vez
menos. Nesse contexto, por que ele escolheria a literatura? Esse tipo de texto apresenta uma série de
desafios que o jovem não enfrentaria sozinho e muito menos escolheria essa forma de ocupar os
momentos de ócio. O resultado é que ele se deixaria levar pela cultura de massa que somente reafirma
o valor máximo do próprio sistema que é o de consumir. Perderia o caráter formativo da Literatura com
tudo o que ela pode oferecer. Por esse motivo, a exigência da leitura obrigatória permite o contato com
tais obras, que para alguns ocorrerá somente nesse período. Se os jovens não forem obrigados a, no
mínimo, experimentar o que é literatura na época do Ensino Médio quando eles estão abertos para
novas experiências, quando isso poderia ocorrer?
4. A leitura obrigatória não tem mais valor, pois outros bens culturais têm caráter formador.
Essa tese, “mais rebelde” diante do viés dos textos da coletânea pode ser defendida de algumas
maneiras. A primeira seria desqualificando a literatura. Isso é possível, mas exigiria muito conhecimento
sobre a área, ou estar antenado(a) às críticas feitas nos jornais a vários escritores que não foram, e nem
poderiam ter sido, politicamente corretos. Mas não bastaria somente isso. Seria necessário provar que
as mídias tecnológicas podem oferecer bens culturais formativos, o que não é difícil de provar, pois o
leque de ofertas é imenso. Nesse caso, uma frase como “na internet podem-se encontrar várias outras
manifestações culturais” precisaria ser seguida de exemplos e de provas de que os usuários têm
possibilidade de entrar em contato com outro meios de formação individual. Uma das premissas que
poderia funcionar para esse tipo de argumento é a de que a internet revolucionou a formação dos
indivíduos e, dentro desse novo espectro, a literatura se tornou uma dentre outras possibilidades.
Coletânea textual
Os textos trazidos nessa proposta apresentam ideias variadas para o tema a ser tratado, sem,
claro, apresentar um caminho a ser seguido por vocês, garantindo a liberdade de seguirmos para o lado
que melhor entendermos. Assim, o primeiro texto é, digamos, apresentado somente para introduzir o
problema que será
Tema e proposta
O tema se constrói a partir de uma pergunta que apresenta duas opções, o que nos restringe a
somente uma das duas respostas. Ainda assim, são respostas interessante e não complementares, fato
que nos impedirá de “ficar em cima do muro”. Como tema, temos a já muito discutida e atual educação
domiciliar, na qual apresenta-se a opção dos pais, em casa, educarem formalmente os filhos, fato que
contraria a necessidade de contato social da criança, visto que a escola não tem caráter unicamente
formativo de conteúdo, senão auxiliando na formação humana e social da criança.
Dessa forma, a proposta nos coloca frente a uma relação bastante complexa, visto que se coloca
em jogo a liberdade dos pais e a intervenção estatal, de regulamentação dessa modalidade de
educação. Surgem, ainda, ao menos dois problemas que precisam ser discutidos: a formação dos pais
para passar esse conhecimento formal para as crianças e as formas de avaliar como se deu a
aprendizagem dos estudantes. Esses dois questionamentos são importantes para o futuro dos
estudantes, visto que a entrada, no Ensino Superior, no país, é feita por meio de mérito com notas em
um exame.
Soma-se a isso a motivação da escolha, na maior parte das vezes, pela modalidade de estudo
domiciliar. Boa parte dos pais escolhe cuidar da educação dos filhos por motivos ideológicos ou
religiosos. Como muitos não concordam com o pensamento que é ensinado na escola, inclusive com
constantes afirmações de que as escolas são doutrinadoras e de que tentam fazer o papel das famílias
ao ensinar valores e moral para os estudantes. Assim, torna-se ainda mais interessante a discussão, visto
que fica clara a possibilidade de termos estudantes com formações prejudicadas pelos próprios pais.
Essa forma de pensar o tema e a proposta faz com que tenhamos que tomar muito cuidado com
a argumentação. Nenhum problema em escolher qualquer das duas posições apresentadas, contudo, é
necessário cuidar para não termos uma argumentação que se fundamente, somente, no senso comum,
ou que, ainda, seja ofensiva ou fira os direitos humanos. Ao selecionar seus argumentos, cuidado com o
desenvolvimento deles, colocando-os somente com boa base de ideias.
Seu texto, em meio a essa discussão, deverá apresentar um posicionamento, claro, visto tratar-
se de um texto dissertativo argumentativo. Por isso, você deve acrescentar, em sua introdução, a sua
tese, demonstrando o que será defendido por você durante a redação. Assim, você deverá apresentar
argumentos que comprovem que você está defendendo uma ideia lógica, que pode ser defendida. Por
fim, não é interessante apresentar uma proposta de intervenção, como vocês têm feito com muita
frequência. É importante que você termine sua redação retomando suas ideias.
Coletânea de textos
Nessa coletânea de textos, temos uma relação ampla para o tema, fazendo com que o
pensamento dos candidatos seja extremamente amplo também na escrita. Dessa forma, percebemos
que devemos considerar as diferentes formas de pensar esse assunto. Ainda mais porque há uma
possibilidade de pensarmos no meio do caminho das duas formas apresentadas, afinal, temos aspectos
importantes dos dois lados de pensar, seja a favor da educação domiciliar, seja contra ela.
necessariamente, faça-a parecer uma solução ou obrigatoriedade. Ela pode aparecer, sem maiores
problemas, como uma opção para os pais.
verdade universal, visto termos pessoas com diferentes formas de aprendizagem e diferentes maneiras
de lidar com o processo de aprendizagem.
Destacamos que o tema se prende, se seguirmos os textos motivadores, no ensino básico,
contudo, podemos ampliar a compreensão para todas as salas de aula, incluindo as salas do ensino
superior. Dessa maneira, é necessário pensarmos se a proibição, pura e simples, do uso dos celulares em
sala é suficiente para que o problema esteja resolvido, ou se, ainda, é mais produtivo que a escola
absorva as tecnologias e utilize-as como parte do processo, tornando-o, inclusive, mais produtivo para o
estudante.
Com relação aos aspectos mais formais da proposta, temos a construção de um tema em forma
de pergunta, que não deve motivar a resposta direta à pergunta, com um sim ou não, ou seja, sua
resposta à pergunta deve se fundamentar na sua tese e, consequentemente, nos seus argumentos. É
importante lembrar que a construção do texto segue normalmente, com a apresentação de tese,
argumentos e conclusão, que pode ser uma proposta ou uma conclusão clássica de retomada e resumo
de tese e argumentos.
Com relação ao gênero, como percebemos, temos a “boa e velha” dissertação escolar, que se
fundamenta na organização a seguir.
Coletânea de textos
Na coletânea de textos, temos a apresentação das duas formas de pensar, sem a indicação de
uma tese a seguir. É importante destacar que há um equilíbrio entre os aspectos positivos e negativos
do uso dessas novas tecnologias. Assim, a leitura desses textos vai te ajudar a determinar suas ideias,
ou, como eles se propõem sempre, te ajudar a estruturar seu pensamento.
A seguir, faremos um pequeno resumo de cada um dos textos apresentados. Perceba, inclusive,
que os textos são curtos e objetivos, exatamente para auxiliar na sua construção de pensamento e de
argumentos. Não se esqueça de que sua construção argumentativa deverá considerar, de maneira mais
clara, a tese que for mais dominada por você.
Repertórios possíveis
Apresentaremos, a seguir, alguns repertórios que podem nos auxiliar na construção de
significados que, como dissemos anteriormente, é extremamente importante para a maior parte das
bancas. Destacamos, inclusive, que é interessante pensarmos no repertório como é feito no ENEM, com
importância, sendo eles explorados e pertinentes com o tema. Pense sempre assim.
Coletânea de textos
Os textos, na UFRGS, são motivadores e levam-nos a descobrir o caminho, ou caminhos, que
podemos seguir nessa caminhada de escrever um texto. Dessa forma, temos o texto 1 como gerador do
tema e do problema que pode aparecer. Nele, temos uma charge que mostra a “desvalorização” do livro
impresso em meio à tecnologia. A parte não verbal mostra as pessoas caminhando em uma feira do livro
muito mais interessados no que veem nas telas dos aparelhos do que no que está nas estantes. A
fisionomia e a reação do livreiro mostram muito claramente que há uma mudança de comportamento
nos dias de hoje.
No segundo texto, temos uma referência à venda de livros físicos, que podem ser “tocados e
cheirados” e levados a qualquer lugar. É interessante que notemos que, nesse texto, há, claramente,
uma defesa da compra e do consumo de livros físicos, mostrando-os como mais interessantes do que
aqueles que podem ser lidos nos aparelhos. Notem que essa forma de pensar encaixa-se naquela que
comentamos logo acima, em que temos a leitura do livro impresso como superior à leitura digital. Esse é
um ponto muito interessante para a discussão. Guarde-o.
No terceiro texto, por fim, temos uma relação interessante entre o que o livro representou,
representa e representará para a sociedade. Segundo os autores, independente da forma como o livro
se apresente ao leitor, o importante é que ele se apresente. Nesse caso, ainda que não declaradamente,
temos uma defesa da tecnologia como manutenção da leitura. Uma ferramenta que pode fazer com que
a leitura cresça e alcance outras pessoas.
Esse comportamento dos textos é muito interessante, porque apresentam as duas possibilidades
de se pensar sem que se tenha um direcionamento para você, candidato. Dessa maneira, como veremos
na próxima seção, podemos ter duas possibilidades de tese a ser defendida: colocando a tecnologia
como uma ferramenta de auxílio para a leitura, com os livros on-line talvez substituindo os livros de
papel, ou, ainda, como uma forma de atrapalhar esse hábito. É claro que podemos conjugar as duas
ideias, pensando que a tecnologia atrapalha o livro, mas pode vir a ajudá-lo.
Com relação ao gênero, perceba que a proposta não deixa claro que seu texto deve ser um texto
argumentativo. Assim, você pode escrever, segundo a proposta, um texto mais expositivo, que não
recomendamos para que ele não fique superficial, ou um texto dissertativo-argumentativo, em que você
definirá sua tese e, consequentemente, seus argumentos. Recomendamos esse tipo de texto, porque é
mais próximo da realidade de vocês e porque tem uma estrutura mais fácil de ser seguida.
Coletânea de textos
Como os textos não são tão longos e apresentam o tema, faremos, para facilitar, uma leitura
geral, uma vez que não podem ser utilizados no texto, salvo para determinar o tema que você deverá
seguir.
Como os textos ponderam o que ocorre no momento, sem entrar em uma relação de valor, é
interessante que notemos que o seu texto seria melhor seguindo o mesmo caminho.
Nesse caso, basta que, para escrever seu texto, você construa sua argumentação colocando
argumentos que seja, positivos e argumentos que sejam negativos. Ainda assim, é interessante notar
que, ainda que fiquemos em cima do muro, há sempre um lado que é mais “desenvolvido” ou “mais
próximo do que pensamos”. Acredito que essa tese seja a mais interessante, porque temos sempre
aspectos positivos e negativos nesse tipo de construção humana. Assim, pensar que temos várias formas
de olhar o mesmo assunto é interessante.
O uso das tecnologias da informação, bem como da Internet das Coisas (IoT), é uma das discussões mais
acaloradas da atualidade, visto que, para muitos, a nova geração, chamada de millenium já “nasce
conectada” e, por isso, deve ter sua vida extremamente ligada à tecnologia, inclusive, no que tange à
educação formal, aquela que é recebida na escola, com a participação do professor.
Nesse caso, é interessante notar que há três atores sociais incluídos no processo de ensino-
aprendizagem, ou seja, no processo educacional do jovem ou adulto. Esses três atores são, como você já
deve estar pensando, o aluno, o professor e a família. No caso desse nosso tema, aqui tratado,
interessam-nos os dois primeiros, por estarem em sala de aula durante o processo de ensino-
aprendizagem.
Pensando de maneira direta a proposta, é interessante notar que podemos trabalhar, a partir da
pergunta geradora do tema, entendida como essencial (quando em conjunto com os textos
motivadores), podemos apresentar três posicionamentos, apresentados em ordem aleatória, sem
relação direta com importância ou necessidade de uso:
Vale lembrar que essa será a tese de seu texto, aquela que será defendida na construção de
argumentos. Tendo isso em mente novamente, passamos para a análise das possibilidades de
argumentos, de forma geral. Vale destacar que essa análise de argumentos não é exaustiva, é uma
construção de ideias que podem ajudar vocês a construírem seus argumentos.
• Valoriza o conhecimento do aluno: neste caso, você pode argumentar por meio da ideia de que,
com o uso de uma tecnologia que seja dominada pelos estudantes, há valorização do
conhecimento destes. Seria uma boa ideia essa correlação.
• Modifica o ambiente em que estão inseridos os estudantes: ao utilizar tecnologias mais próximas
dos estudantes, o ambiente deverá ser modificado, aproximando o conhecimento daqueles que
devem buscá-lo. É interessante perceber, inclusive, que por meio dessa utilização, o professor
passa a valorizar o conhecimento do aluno, visto que o estudante compartilha seu conhecimento.
• Amplia as possibilidades de trabalho pedagógico: quando o estudante entra em contato com
conhecimentos prévios, valorizados por ele, é comum que o aprendizado acontece de forma mais
fácil e participativa, com a estima dos estudantes mais elevada por perceberem que não são
“vazios” que devem ser enchidos.
• Modifica a apresentação dos conteúdos: o bom uso das tecnologias da informação modifica a
forma como o conteúdo é apresentado, possibilitando mais diversidade e formas diferentes de
apresentação dos conteúdos. Tal fato pode gerar mais interesse por parte dos estudantes, por
sentirem-se valorizados.
• Adiciona valor à preparação da aula: para adaptar-se ao novo estilo de aula, com o uso da
tecnologia, os professores precisarão passar por um processo de melhoria de organização de aula,
ou seja, eles precisarão adaptar suas aulas às novas formas de pensamento e de apresentação de
conteúdo.
• Prepara os estudantes para o mercado de trabalho: como a nova realidade insere a tecnologia
entre suas formas de organização e de conhecimento, um trabalho voltado para a tecnologia e o
uso diferenciado dela pode auxiliar na formação profissional do jovem.
• Incentiva a criatividade: o uso de tecnologias permite a maior criatividade por parte tanto do
professor quanto do estudante, uma vez que o estudante e o professor serão estimulados a usar
sua criatividade para construir as aulas e para estudar para elas.
Evite fazer uma redação que apenas enumera fatores a favor e contrários. O texto perde a finalidade. O
melhor seria fazer um texto concessivo em que você apresenta um fator, mas dá mais destaque ao seu
contrário. Por exemplo, seria possível fazer a seguinte tese: Apesar de permitir um aprendizado
bastante individualizado, a tecnologia na educação permite ao aluno o contato com informação tão
abrangente que acabar por prejudicar o processo de aprendizado. Observe que, você falou do “lado
negativo” e “positivo”, mas a ênfase recaiu sobre o segundo termo da tese, ou seja, você relativizou o
tema, mas inda defendeu uma ideia.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a
partir de variadas perspectivas. Assim, acreditamos que um caminho para você desenvolver seu texto é
pensar que essas obras, mesmo que não possuam todo o conteúdo da obra original, são formas de
inclusão de vários indivíduos no ato da leitura, pois, inclusive, muitas aparecem com figuras, o que
desperta a atenção do possível leitor. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um
desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem
desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você
aponte que a simplificação das obras é uma forma de inclusão de grupos na leitura; por outro lado, você
pode defender a tese de que essas obras, ao serem adaptadas, deixam de ser a obra original,
apresentando um novo autor, reafirmado pelo novo estilo de linguagem. Com base nisso, caso você
queira trabalhar com a primeira perspectiva, aborde que as extensões das obras muitas vezes impedem
que os leitores tenham interesse para iniciar uma leitura. Ademais, aponte, por exemplo, que essas
obras, na maioria das vezes, possuem uma linguagem considerada difícil, com expressões da época de
escrita, o que dificulta ainda mais que leitores tenham interesse para realizar a leitura. Por sua vez, caso
você queira trabalhar com a segunda perspectiva, sinalize em sua discussão a importância para o leitor
conhecer a obra original, pois nela está exposto mais que uma narrativa, mas também o estilo de um
escritor, a linguagem de uma época. Assim traga para sua escrita escritores que condenam essa prática.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela FAMERP, compõe-se de três
partes essenciais:
Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente,
recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um
texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de
desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente,
fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus
argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório.
Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos
explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação.
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, os textos motivadores desta
proposta versam em torno da discussão acerca da viabilidade de adaptação de clássicos. Se por um lado,
defendem que a simples possibilidade de fazer um país como o Brasil, em que a média de leitura é
considerada irrisória, levar a sua população a ler mais não tem condições de representar algo negativo;
por outro lado, são apontados discursos os quais sinalizam a grosseria que é uma adaptação, pois perde
o estilo de escrita do autor.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes,
livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde
que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são
muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota
mais elevada.
em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para que ele compreenda o tema a partir do seu
texto. Se, por acaso, você costuma se perder na argumentação, principalmente quando tratamos da
organização dos argumentos na cabeça, indique, logo na introdução, os argumentos que irá trabalhar ao
longo da sua redação. Isso facilita a coerência de suas ideias.
Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente,
recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um
texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de
desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente,
fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus
argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório.
Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto. Retome aos argumentos
explanados para poder dar um fechamento geral no texto, sempre articulando ao tema de sua redação.
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever nós
realmente aprendemos escrevendo.
A seguir, apresentamos uma pequena análise de cada um dos textos constantes da proposta.
TEXTO I TEXTO II
Coletânea de textos
A coletânea, como na maior parte dos vestibulares do país, serve para direcionar o candidato
para a escrita do texto. Nesse caso específico, temos a necessidade de uma leitura bastante atenta, por
parte do candidato, visto que o tema não está colocado de forma clara, com aquele conhecido
enunciado direcionador para aquilo que deverá ser escrito pelo candidato. Isto é, uma análise
pormenorizada dos textos é essencial para que você possa ter o melhor aproveitamento da nota de
redação. Essa tem sido uma estratégia bastante comum nos últimos tempos nos vestibulares do país,
fato interessante, pois pressupõe a leitura completa da coletânea.
A seguir, apresentamos a análise possível para cada um dos textos.
Tema
A leitura da coletânea de textos permite a compreensão de que o tema é a educação das
crianças. A discussão apresenta-se restrita com a inserção da arte no processo educacional das crianças,
isto é, a proposta busca entender se o ensino da arte é recomendado ou não para as crianças, e porque
isso acontece. É interessante notar que, de forma geral, o direcionamento é para a inserção da arte
nesse processo educacional, apresentada como essencial para a construção humana pelos textos I e III.
Contudo, no texto II, há uma apresentação interessante de um ponto que pode ser entendido e
discutido a partir de uma outra visão: como cobrar o ensino da arte em um país em que temos a escrita
como um artigo de luxo, como poderemos cobrar que a arte seja apresentada aos nossos estudantes?
Nesse caso, faríamos um contraponto para a educação brasileira, de forma mais específica.
Destacamos que não há indicação, além da que a charge traz, para o caminhar em direção à
situação brasileira. Você pode, portanto, apresentar a situação somente do Brasil, desde que, na
introdução de sua redação, apresente esse viés e esse caminho, visto que os textos não apresentam
essa ideia. Além disso, você pode fazer uma construção mais ampla e apresentar o problema brasileiro
como um exemplo ou um problema a ser considerado de forma geral. Este poderia ser trabalhado a
partir da perspectiva de que a discussão filosófica sobre a arte precisa considerar a situação da
educação em geral.
Fica aí a possibilidade, então: se você quisesse construir um texto mais problematizador, poderia
sem problema algum, desde que indicasse, de primeira, que faria isso. Da mesma forma, o tema poderia
ser trabalhado de forma mais filosófica, analisando-se, somente, a inserção da arte no processo
educacional dos estudantes.
Argumentos possíveis
Apresentamos, a seguir, alguns argumentos possíveis de serem utilizados. Vale destacar que
esses não são argumentos exaustivos, mas argumentos possíveis para o texto.
Texto 1
Um dos traços característicos da vida moderna é oferecer inúmeras oportunidades de vermos (à
distância, por meio de fotos e vídeos) horrores que acontecem no mundo inteiro. Mas o que a
representação da crueldade provoca em nós? Nossa percepção do sofrimento humano terá sido
desgastada pelo bombardeio diário dessas imagens?
Qual o sentido de se exibir essas fotos? Para despertar indignação? Para nos sentirmos “mal”, ou seja,
para consternar e entristecer? Será mesmo necessário olhar para essas fotos? Tornamo-nos melhores
por ver essas imagens? Será que elas, de fato, nos ensinam alguma coisa?
Muitos críticos argumentam que, em um mundo saturado de imagens, aquelas que deveriam ser
importantes para nós têm seu efeito reduzido: tornamo-nos insensíveis. Inundados por imagens que, no
passado, nos chocavam e causavam indignação, estamos perdendo a capacidade de nos sensibilizar. No
fim, tais imagens apenas nos tornam um pouco menos capazes de sentir, de ter nossa consciência
instigada.
(Susan Sontag. Diante da dor dos outros, 2003. Adaptado.)
Texto 2
Quantas imagens de crianças mortas você precisa ver antes de entender que matar crianças é errado?
Eu pergunto isso porque as mídias sociais estão inundadas com o sangue de inocentes. Em algum
momento, as mídias terão de pensar cuidadosamente sobre a decisão de se publicar imagens como
essas. No momento, há, no Twitter particularmente, incontáveis fotos de crianças mortas. Tais fotos são
tuitadas e retuitadas para expressar o horror do que está acontecendo em várias partes do mundo. Isto
Texto 2
As Universidades Precisam Formar Sábio
A reitora de Harvard diz que instituições devem resolver questões práticas, mas não podem ignorar a
marca do próprio DNA: produzir conhecimento
Veja.com, 25.03.2011
Em artigo recente para o jornal The New York Times, a senhora afirma que as universidades vivem uma
crise de propósitos. Poderia explicar essa ideia? Um debate frequente de nossos dias é acerca de como as
universidades podem contribuir com as necessidades mais imediatas da sociedade. Algumas delas são
necessidades econômicas, e os estudantes vão às universidades de forma a serem treinados e
qualificados para futuros empregos. Outras são descobertas e inovações e outros tipos de intervenções
que podem ter um efeito imediato no mundo, como a cura de uma doença. Mas as universidades têm
outros propósitos, que são de longo prazo e que são mais difíceis de mensurar, mas que são
extremamente importantes para todos nós. No encontro que tive com os reitores brasileiros, ouvi uma
frase que resume esse pensamento: a sociedade nos pede soluções para problemas práticos. Mas a
universidade não deve se preocupar apenas com o bem estar imediato dos seres humanos, precisa fazer
também com que eles sejam sábios. As universidades têm esse propósito humano, histórico,
antropológico, que nos faz transcender o momento presente. Não nos preocupamos apenas se nossos
alunos terão emprego amanhã. Precisamos garantir que eles tenham conhecimento.
(Disponível emhttps://veja.abril.com.br/educacao/as-universidades-precisam-formar-sabios/, acessado em 28.05.2019)
Texto 3
O profissional do século XXI
10 de dezembro de 2007
E como dever ser o profissional do século XXI? Bem, ele deve possuir muitas características, entre elas,
empreendedorismo, resiliência, pró-atividade, liderança energizadora, percepção, comunicação,
persuasão, assertividade, criatividade, cultura, humanismo. Todas elas têm sido muito requisitadas pelas
empresas, mas devemos lembrar que não se trata de buscar profissionais supra-humanos, visto que isso
é impossível e têm levado muitos a um nível elevado de estresse. Trata-se, apenas, de reconhecer seus
potenciais e limitações, e a partir daí, de forma equilibrada e estruturada, buscar o
autodesenvolvimento.
A crítica mais ácida aos cursos de ciências humanas é a de que teriam se tornado verdadeiros redutos de
esquerdistas. Ela em parte é verdade, pois muitos diretórios e centros acadêmicos praticamente se
tornaram diretórios de partidos políticos —principalmente PT, PCdoB e PSOL. Além disso, muitos mestres
e doutores realmente têm mais afinidades com ideologias e lideranças mais à esquerda. No entanto,
imaginar que seja possível “doutrinar” estudantes “ingênuos e indefesos” é um grande exagero.
(Disponível http://www.jornaldaorla.com.br/noticias/38306-a-forca-do-pensamento/, acessado em 28.05.2019)
Texto 5
“Quatro anos e meio de faculdade, centenas de desenhos feitos, dezenas de livros lidos, e finalmente
você vai trabalhar… E percebe que muito que aprendeu não vale nada no mercado de trabalho.”
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
As Humanidades perderam a função no século XXI ?
(...)Errar, falsear ou mentir, portanto, é não ver os seres tais como são, é não falar deles tais como são.
Como é isso possível? A resposta dos gregos é dupla:
1. o erro, o falso e a mentira se referem à aparência superficial e ilusória das coisas ou dos seres e
surgem quando não conseguimos alcançar a essência das realidades...; são um defeito ou uma falha de
nossa percepção sensorial ou intelectual;
2. o erro, o falso e a mentira surgem quando dizemos de algum ser aquilo que ele não é, quando lhe
atribuímos qualidades ou propriedades que ele não possui ou quando lhe negamos qualidades ou
propriedades que ele possui. Nesse caso, o erro, o falso e a mentira se alojam na linguagem e
acontecem no momento em que fazemos afirmações ou negações que não correspondem à essência de
alguma coisa...
Se eu formular o seguinte juízo: “Sócrates é imortal”, o erro se encontra na atribuição do
predicado “imortal” a um sujeito “Sócrates”, que não possui a qualidade ou a propriedade da
imortalidade. O erro é um engano do juízo quando desconhecemos a essência de um ser. O falso e a
mentira, porém, são juízos deliberadamente errados, isto é, conhecemos a essência de alguma coisa,
mas deliberadamente emitimos um juízo errado sobre ela.
O que é a verdade? É a conformidade entre nosso pensamento e nosso juízo e as coisas pensadas
ou formuladas. Qual a condição para o conhecimento verdadeiro? A evidência, isto é, a visão intelectual
da essência de um ser. Para formular um juízo verdadeiro precisamos, portanto, primeiro conhecer a
essência, e a conhecemos ou por intuição, ou por dedução, ou por indução.
A verdade exige que nos libertemos das aparências das coisas; exige, portanto, que nos
libertemos das opiniões estabelecidas e das ilusões de nossos órgãos dos sentidos. Em outras palavras, a
verdade sendo o conhecimento da essência real e profunda dos seres é sempre universal e necessária,
enquanto as opiniões variam de lugar para lugar, de época para época, de sociedade para sociedade, de
pessoa para pessoa. Essa variabilidade e inconstância das opiniões provam que a essência dos seres não
está conhecida e, por isso, se nos mantivermos no plano das opiniões, nunca alcançaremos a verdade.
(...)
A verdade é, ao mesmo tempo, frágil e poderosa. Frágil porque os poderes estabelecidos podem
destrui-la, assim como mudanças teóricas podem substituí-la por outra. Poderosa, porque a exigência
do verdadeiro é o que dá sentido à existência humana. Um texto do filósofo Pascal nos mostra essa
fragilidade-força do desejo do verdadeiro:
“O homem é apenas um caniço, o mais fraco da Natureza: mas é um caniço pensante. Não é preciso que
o Universo inteiro se arme para esmagá-lo: um vapor, uma gota de água são suficientes para matá-lo.
Mas, mesmo que o Universo o esmagasse, o homem seria ainda mais nobre do que aquilo que o mata,
porque ele sabe que morre e conhece a vantagem do Universo sobre ele; mas disso o Universo nada
sabe. Toda nossa dignidade consiste, pois, no pensamento. É a partir dele que nos devemos elevar e não
do espaço e do tempo, que não saberíamos ocupar.”
(Chaui, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo:Editora Ática, 200)
Texto 2
Como combater deepfakes?
Vídeos ainda são evidências vistas com os próprios olhos.
Hoje as pessoas acreditam intuitivamente naquilo que veem, especialmente vídeos. Textos e fotos geram
menos confiança, porque cada vez mais gente sabe que podem ser manipulados. No entanto, vídeos
ainda são evidências vistas “com os próprios olhos”.
(Disponível em https://www1.folha.uol.com.br/colunas/ronaldolemos/2019/03/como-combater-
deepfakes.shtml, acessado em 21.08.2019)
Texto 3
(Disponível em
https://pt.wikipedia.org/wiki/Falsifica%C3%A7%C3%B5es_de_fotografias_na_Uni%C3%A3o_Sovi%C3%A9tica, acessado em
21.07.2019)
Texto 4
Um dos traços mais marcantes do final do século XX foi a
substituição do real pela representação através das imagens
que se tornaram onipresentes devido aos avanços tecnológicos
no que diz respeito às mídias.
O século XXI traz uma novidade, a possibilidade de manipulação
das imagens que serviram até agora como fontes documentais.
O primeiro texto discute filosoficamente a representação que
fazemos do real através do conceito de verdade. O segundo traz
a novidade da “deepfake”. O texto seguinte relembra o que
pode acontecer com a manipulação das imagens, pois no
regime soviético isso foi feito algumas vezes e tendo por autor
o governo autoritário soviético. A última imagem, um quadro
do pintor surrealista Renée Magrite (1898-1967), figurativiza
um cachimbo, ao mesmo tempo que uma frase embaixo da tela
lembra que aquilo não é um cachimbo.
A partir dessas reflexões, escreva uma dissertação sobre o
(Fonte: Prova de Redação de PUC/GO, tema: um mundo por imagens na época da manipulação
2010-1) midiática.
5. Foi assim em tantos momentos. Tememos que seja novamente. Nosso principal deficit é ético. Não é
fiscal. Não é nem sequer político.
Por que retornas? Por que não passas, passado? Alberto Tassinari, Folha de S.Paulo, 13/12/2018.
TEXTO II
O Brasil é extremamente colonial. Existe toda uma estrutura colonial arraigada neste país. A
arquitetura é um exemplo disso. Há uma porta da frente e uma porta dos fundos. Isso eu só vi aqui no
Brasil. E as portas do fundo e as da frente possuem sujeitos diferentes. E essa arquitetura não foi
construída no século 19, mas nos anos 1980, 1990. E aqui há um senhor que abre a porta, um senhor
que conduz o carro, uma senhora que limpa... Estes são serviços completamente coloniais. Como é
possível ter tantos corpos negros prestando serviços dentro de uma estrutura assim? O branco de hoje
não é mais o responsável pela escravidão, mas ele tem a responsabilidade de equilibrar a sociedade em
que vive. Ninguém escapa do passado.
Grada Kilomba, A Tarde, 09/01/2017.
TEXTO III
Um regaste da trajetória socioeconômica e política do Brasil denota como as características que
marcam sua posição de país subdesenvolvido guardam similitudes com o Brasil colonial, isto, mesmo
depois do extenso processo de industrialização pelo qual o país passou. Na verdade, a formação do
Estado nacional e o pacto de poder que o sustentou exibem estreita relação com as relações de poder
precípuas a sua constituição como colônia de exploração, com destaque para aquelas relacionadas ao
latifúndio e ao comércio exterior. Dado isto, não é equivocado denominar o processo de
desenvolvimento brasileiro como “modernização conservadora”
Águida Cristina Santos Almeida, Brasil colonial X Brasil subdesenvolvido: alguns traços em comum
Cada um a seu modo, os textos acima reproduzidos veem a História do Brasil como marcada por um
passado que não passa, isto é, um passado que as transformações ocorridas no País, ao invés de
superar, repõem continuamente.
Com base nas ideias neles contidas, bem como em outras informações que considerar de
interesse, redija uma dissertação em prosa, na qual você exponha seu ponto de vista sobre o tema: No
Brasil, o passado não passa?
As imagens são significativas, pois, pelo menos as duas primeiras geraram reações mundiais que de
alteraram de algum modo a realidade. A foto da menina atingida pela Napalm teve papel importante na
proibição do uso da arma em 1980. A foto da menina sudanesa gerou ações de combate à fome. A
dúvida surge em relação à última, qual a reação que ela realmente provocou?
O texto 1 faz esse tipo de questionamento, acrescentando uma possível causa para o efeito de
banalização: a proliferação de imagens desgasta nossa percepção da crueldade. O texto 2 vai na mesma
direção e acrescenta mais um fator, as mídias sociais. Além disso, o autor declara que a imagem é óbvia
por si mesma, matar uma criança é errado, ou seja, a foto não altera a percepção do indivíduo.
Na contramão dos dois textos anteriores, o texto 3, de Carlos Eduardo Lins da Silva, apela para a função
da memória coletiva. A foto, como documento que pode ser acessado, serve como peça acusatória para
uma sociedade insensível. Apagar essa imagem significa apagar o incômodo.
No texto 4, a reportagem da Folha destaca o motivo que levou o diretor da ONG Human Rights Whatch
a defender a divulgação da foto: o caráter ofensivo da imagem deve se traduzir em repúdio ao próprio
fenômeno e levar as pessoas a fazerem muito mais para evitar as mortes.
Encaminhamentos possíveis
1) A publicação da imagem banaliza o sofrimento e não produz efeitos substanciais.
Argumentos
-vivemos em uma sociedade do espetáculo;
- imagem como consumo (argumento do texto 1) ;
- tragédia como entretenimento;
- A imagem no ambiente das novas mídias (texto 2);
- a própria história da foto do menino sírio, pois o crescimento dos movimentos xenófobos anti-
imigração mostram que a influência da imagem foi reduzida.
2) A publicação da foto sensibiliza
- As outras duas fotos sensibilizaram a opinião pública;
- A imagem causa impacto (uma imagem vale mais do que mil palavras);
- A imagem serve como memória (aí pode-se inclusive apelar para a importância das fotos do nazismo).
- Em um mundo cheio de imagens, abdicar das imagens é abdicar da luta (texto 4).
3) A publicação das imagens banalizam mas continuam tendo o potencial de sensibilizar
Esse tipo de argumento faz uma espécie de síntese sem deixar de manifestar um ponto de vista, já que,
obviamente, por essa tese, as imagens continuam tendo um efeito de sensibilizar, talvez com potencial
de conscientização menor, mas ainda seriam importantes.
- Análise das condições sociais e a possível contribuição das Humanidades na elaboração de projetos
político-administrativos;
-A diferença entre discurso teórico e prático;
- A história da Universidade no Brasil e no mundo;
Tome cuidado para não ser exagerado, lembre-se: você está fazendo uma dissertação que será avaliada
pelo bom senso e pela razoabilidade, você não está fazendo um texto de Twitter no qual você diz o que
quer do jeito que deseja.
Pode-se afirmar, como faz o texto 4, que nas universidades de Humanas encontra-se um número
significativo de pessoas que militam para partidos de esquerda, mas isso não significa necessariamente
doutrinação. Aliás evite essa palavra, em qualquer contexto, porque ela supõe que os indivíduos são
incapazes de tomar decisões, quando na verdade somos influenciáveis, mas não doutrináveis, a não ser
que desejemos aderir fanaticamente a uma ideia e, mesmo nesse caso, fazemos isso por vontade e não
por lavagem cerebral.
O texto da Marilena Chauí traz informações importantes para que se possa perceber qual é o
problema grave da manipulação das imagens. Basicamente, ela define o que é verdade, “a conformidade
entre o que se afirma e o real”, e destaca que a verdade exige o desprendimento das opiniões sobre as
coisas.
O segundo texto traz uma informação bastante assustadora. Com as técnicas que possuímos,
turbinadas pela inteligência artificial, podem-se “criar imagens ou vozes falsas, mas incrivelmente
parecidas com a realidade”. O tamanho do problema pode ser percebido se fizermos uma analogia
histórica.
A difusão das mentiras e a manipulação de imagens nunca foram novidade. Na União Soviética,
Stalin não só expurgou vários inimigos mandando-os para a Sibéria ou eliminando-os fisicamente, como
também apagou o registro dessas pessoas em fotos e vídeos. A foto ao lado do texto 3 é esclarecedora.
Na primeira foto, observa-se a figura de Nikolai Yezhov, cuidadosamente apagada na foto seguinte.
No texto 4, era possível observar uma alusão ao quadro de René Magritte, no qual vê-se um
cachimbo e os dizeres abaixo. Isso não é um cachimbo. O pintor queria realçar a diferença entre
realidade e imagem da realidade. Toda imagem traz um recorte preciso que manifesta, de algum modo,
um ponto de vista.
Esboço
Argumento 1:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos,
citações______________________________________________________________________
Argumento 2:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________
- Acesso a informação por meio da TV aberta (aqui cabe uma discussão sobre como TV aberta x TV fechada
delimitam uma forma de desigualdade social, a partir do momento que a primeira não se compromete
com a qualidade da informação e a segunda supostamente traz melhor conteúdo);
- Ao não se comprometer com a realidade, perpetuam-se questões, como a racial (texto 1), encobertas e
não discutidas e a novela pode constituir espaço crítico e de discussão.
2) Visto que se trata de uma obra ficcional, sem compromisso com a realidade, tal qual a literatura e o
cinema, a novela permite que a verossimilhança não seja prioridade.
Argumentos:
- valor da arte como, por princípio, forma de escapismo da realidade (argumento difícil de sustentar sem
possuir boa bagagem literária, principalmente, dado que bom conhecimento dos movimentos escapistas
e sem cunho social ajudaria a fortalecer o argumento);
- importância da telenovela como escapismo ao cidadão comum, cuja realidade de menor condição
econômica e, consequentemente, menor tempo de lazer, leva ao desejo/sonho por uma vida “mais
glamorosa”, o que ocasionou o surgimento de diversos movimentos como o “funk ostentação”. (Aqui é
importante atentar bastante ao lugar de fala do cidadão comum e tentar enxergar o papel da novela
como “contos de fadas moderno” principalmente para esse público).
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalho a partir
de variadas perspectivas. Assim, um caminho para você desenvolver seu texto é pensar que as
ideologias de dominação de certos grupos sobre outros provocam a imutabilidade social, o que nos
coloca em um eterno passado. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um
desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem
desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você
aponta que o passado, no Brasil, é imutável devido à manutenção das ideologias de dominação de
pensamento; por outro lado, você pode desenvolver em seu texto que não vivemos de passado, fato
esse comprovado pela ascensão de vários grupos sociais. Com base nisso, caso você queira trabalhar
com a primeira perspectiva, destaque, por exemplo, a tentativa de manutenção de poder das pessoas
brancas sobre as negras, da superioridade do homem sobre a mulher, do isolamento das populações
indígenas. Observe em seu texto que isso se realiza por meio de discursos que minoram as classes que
se querem dominar, colocando-as como inferiores. Você pode apontar também que isso está escrito na
própria história do país, que foi colonizado e se mantém em regime de colonização até os dias atuais,
em vista da subserviência às nações estrangeiras. Por outro lado, caso você queira trabalhar a segunda
perspectiva, saliente, por exemplo, a ascensão de grupos marginalizados na sociedade, que passaram a
alçar cargos que antes eram legados exclusivamente aos grupos dominantes. Portanto, você tem
caminhos variados para está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as
ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Fuvest, compõe-se de
três partes essenciais:
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, apresentamos abaixo as partes
essenciais apresentadas nesses textos.
TEXTO I TEXTO II
TEXTO III
Como observamos ao longo dessa descrição, é possível pensar, sem se desligar do tema, em
diferentes argumentos para o desenvolvimento textual. Buscamos sinalizar que encontrar um problema
para dá solução ao assunto é um dos caminhos mais fáceis para o desenvolvimento de seu texto,
desviando da possibilidade de sua redação ficar muito descritiva. Assim, o processo argumentativo, que
inclui defender um posicionamento acerca de uma temática específica, fica facilitado quando se enxerga
problemas, sendo possível, assim, argumentar sobre a razão da existência desses problemas.
Dessa forma, a tese de seu texto pode problematizar tanto processo de tentativa de manutenção
de dominação de um grupo sobre os outros, ou ainda salientar a ascensão de grupos da sociedade, o
que evidencia a mudança. Lembramos a você, ainda, que quando se utiliza o argumento de tese como
um problema, existe a possibilidade de se descrever o porquê desse problema, o que possibilita articular
causas de consequências. É, literalmente, construir a motivação da existência do problema e, a partir
disso, apresentar argumentamos em favor de comprovar essa existência.
A seguir, apresentamos algumas possibilidades de argumentação. O objetivo não é
apresentarmos uma verdade absoluta, mas somente indicar um caminho para que vocês possam
argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes.
Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos
motivadores e pelo próprio tema.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes,
livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde
que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são
muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota
mais elevada.
Para elaborar sua redação, baseie-se nos textos: Era digital desafia exercício profissional e
Conselho não cassa registro por quebra de sigilo médico.
“A medicina não sobreviverá ao velho método do médico de família, mas terá que se
adaptar”. A afirmação é do desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios
(TJDFT), Diaulas Costa Ribeiro, proferida durante a mesa-redonda “Panorama atual das mídias
sociais e aplicativos na medicina contemporânea”. Para ele, as novas tecnologias trazem desafios
que precisam ser colocados em perspectiva para garantir a ética e o sigilo.
“Possivelmente vamos chegar a uma medicina sem gosto, distanciada, mas que também
funciona. Talvez este não seja o fi m, mas um recomeço”, ponderou Ribeiro. Segundo ele, antes de
gerar um novo modelo de atendimento médico, o “dr. Google” – termo que utilizou para indicar as
buscas por informações médicas na internet – gerou um novo tipo de paciente, que passou a
conhecer mais sobre as doenças e, por isso, exige um novo relacionamento com seu médico.
“As novas mídias devem ser entendidas como um sistema de interação social, de
compartilhamento e criação colaborativa de informação nos mais diversos formatos e não podemos
perder essa oportunidade”, destacou. Ele
lembra, por exemplo, que desde a Resolução CFM 1.643/2002, que define e disciplina a prestação
de serviços através da telemedicina, alguns avanços colaborativos já foram possíveis.
Galvão apresentou ainda preceitos da Resolução CFM 1.974/2011 e também da Lei do Ato
Médico (12.842/2013), chamando a atenção para alguns cuidados que o médico deve ter ao
divulgar conteúdo de forma sensacionalista. “Segundo o CEM, é vedada a divulgação de informação
sobre assunto médico de forma sensacionalista, promocional ou de conteúdo inverídico. A internet
deve ser usada como um instrumento de promoção da saúde e orientação à população”, reforçou.
Editorial do Jornal Medicina – Publicação oficial do Conselho Federal de Medicina (CFM). Brasília, jul.
2017, p. 7.
Nos últimos quatro anos, nenhum médico teve seu registro profissional cassado no Estado
de São Paulo por quebra de sigilo médico.
Segundo o Cremesp (conselho médico paulista), de 2012 a 2016, foram registrados 379
processos éticos por essa razão – 87 já julgados.
Desses, 39 foram inocentados e 48, julgados culpados. A maioria (26) recebeu penas
confidenciais e 22, públicas.
As primeiras são advertências e censuras sigilosas (só o médico fica sabendo). Já as públicas
envolvem publicação na imprensa oficial e a suspensão do exercício profissional por até 30 dias.
No mesmo período, 26 médicos foram cassados em primeira instância pelo Cremesp por
diferentes motivos. Cabe recurso das decisões no Conselho Federal de Medicina.
Para Mauro Aranha, presidente do Cremesp, o fato de não ter havido nenhuma cassação por
quebra de sigilo não significa que essa seja um infração menos grave.
“É uma infração ética muito importante. Mas a pena depende de uma série de contextos, por
exemplo, o dano provocado ao paciente, se o médico cometeu o ato de forma proposital ou se foi
negligente e do seu histórico ético no conselho”, explica.
Se a pessoa usar a quebra de sigilo para conseguir algum benefício (dinheiro, por exemplo),
o ato é considerado gravíssimo.
Aranha não comenta sobre as duas sindicâncias abertas para apurar o envolvimento de
médicos na divulgação de dados de Marisa Letícia Lula da Silva e de mensagens de ódio em redes
sociais (o processo é sigiloso).
Na opinião de Aranha, é preciso que os médicos repensem seus papéis nas redes sociais.
“Elas convidam a pessoa a responder de forma instantânea, intempestiva. O médico não tem que ser
um santo, mas o ato médico exige prudência.”
MÍDIAS SOCIAIS
A violação do sigilo médico em mídias sociais não é uma prática incomum entre alunos de
medicina, residentes e cirurgiões, aponta uma dissertação de mestrado apresentada nesta quarta
(8), na Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
No trabalho, o autor diz que é ilegal e antiética a divulgação de imagens de pacientes mesmo
com a autorização dos expostos e mesmo não identificando o doente.
Considerando a abordagem das duas matérias quanto à exposição de dados e/ou imagens
pessoais na internet, manifeste seu ponto de vista sobre a violação do sigilo de informações por
profissionais da saúde.
Seu trabalho será avaliado de acordo com os seguintes critérios: criticidade, adequação do
texto ao desenvolvimento do tema, estrutura textual compatível com o texto dissertativo-
argumentativo e emprego da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
O direito ao esquecimento é o direito que uma pessoa possui de não permitir que um fato, ainda
que verídico, ocorrido em determinado momento da vida dela, seja exposto ao público em geral,
causando a essa pessoa sofrimento ou transtornos. No Brasil, ele é visto como uma consequência do
direito à privacidade, intimidade e honra, assegurados pela Constituição brasileira de 1988. Alguns
autores também afirmam que esse direito é uma decorrência da dignidade da pessoa humana.
Atualmente o direito ao esquecimento voltou a ser tema, pois a internet praticamente eterniza
as notícias e as informações, mesmo que uma pessoa almeje que elas sejam esquecidas. É o caso, por
exemplo, de certa apresentadora de televisão que, no passado, fez um filme que ela não mais deseja
que seja exibido ou rememorado por lhe causar prejuízos profissionais e transtornos pessoais.
Texto 2
Texto 3
Uma ex-participante do reality show Big Brother Brasil (BBB) ficou conhecida por ter sido
eliminada com a maior rejeição da história do programa. Em 2016, ela foi convidada para participar
novamente da atração, mas negou o convite e afirmou não autorizar que o canal divulgasse qualquer
detalhe sobre a sua vida. Todavia, um site ligado à emissora publicou uma matéria na internet por meio
da qual afirmou que a ex-BBB, após deixar o programa, “enfrentou problemas de rejeição nas ruas”. A
matéria trouxe várias reproduções de fotos da ex-participante, que foram retiradas de suas redes sociais
e replicadas por veículos de comunicação.
Incomodada com a situação, a ex-BBB procurou a Justiça para ser indenizada por danos morais.
Em primeira instância, o pedido dela foi negado. Para o juiz Daniel Fabretti, os sites não cometeram
excesso ao divulgar fatos sobre a participação dela no programa, bem como de sua vida privada.
Segundo o magistrado, “nenhuma informação foi inventada ou aumentada. A autora, ao participar
desse tipo de programa, torna-se uma personalidade e é comum esse tipo de reportagem, para que o
público saiba como está a celebridade nos tempos atuais”.
Júnior, não se aplica a esse caso, e as empresas de mídia envolvidas foram condenadas a indenizar a ex-
participante em R$ 20 mil.
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto
dissertativo-argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Fatos da vida das pessoas noticiados na internet: entre o direito ao esquecimento e o interesse
público de acesso à informação.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
Associados por uma mesma configuração temática, os fragmentos textuais que seguem visam a
fornecer subsídios para o encaminhamento da redação a ser desenvolvida pelo candidato. Leia-os com
atenção.
O desenvolvimento de novas tecnologias trouxe uma revolução em diversas áreas, e também mudou a
forma da sociedade se relacionar. Nesse aspecto, as redes sociais atuam como ferramenta na luta contra
a opressão sofrida pelas minorias, que ganha cada vez mais espaço, especialmente nessas redes. Exemplos
não faltam, casos recentes como os protestos contra o racismo, na campanha Black Lives Matter (“Vidas
negras importam”), nos Estados Unidos, demonstram que as pessoas parecem estar cada vez mais
engajadas nas causas sociais e usam as redes para se organizarem.
(...)
O avanço da tecnologia e o surgimento e crescimento das redes sociais entram como aliados nessas lutas.
A internet, nesse caso, pode dar voz às pessoas que não tinham e serve como espaço de denúncias e
desabafos. Apesar disso, Furlan ressalta que “as redes sociais são ao mesmo tempo a solução e o
problema”. Segundo o professor, a publicação dos fatos pode contribuir para inibi-los, mas a comunicação
virtual “pode dessensibilizar o cuidado que devemos ter com as pessoas envolvidas”.
https://jornal.usp.br/campus-ribeirao-preto/redes-sociais-sao-solucao-e-problema-na-luta-pelas-
causas-sociais/
Quanto maior o tempo de uso da internet, maiores as chances de ocorrência de problemas psiquiátricos. Foi o que concluiu a
dissertação de mestrado elaborada por Adriana Scatena, do programa de pós-graduação em Educação e Saúde na Infância e
Adolescência, sob a orientação de Denise De Micheli. O estudo teve como objetivo avaliar a dependência de internet (DI) e o
perfil de uso das mídias digitais em uma amostra formada por estudantes de graduação e pós-graduação, partindo-se da
escassez de trabalhos desse tipo no Brasil.
“Alguns autores observaram uma forte associação entre a dependência de internet e alterações emocionais, especialmente
em países asiáticos, mas no Brasil existem poucos estudos sobre o tema”, explica De Micheli. A opção de analisar o impacto do
uso abusivo dessas tecnologias na qualidade de vida de estudantes de graduação e pós-graduação também se deveu ao fato
de essa amostra não pertencer ao universo de “nativos digitais”, do qual fazem parte crianças e adolescentes nascidos no
século XXI e sobre os quais já existem estudos na área.
(https://www.unifesp.br/edicao-atual-entreteses/item/3595-uso-abusivo-da-internet-favorece-problemas-
psiquiatricos?highlight=WyJyZWRlcyIsInNvY2lhaXMiLCJyZWRlcyBzb2NpYWlzIl0=)
Nunca olhei para as redes sociais como o Quinto Cavaleiro do Apocalipse. Ingenuidade minha,
talvez. Ou sorte.
(...)
Exemplo: o Google é perfeito quando sabemos o que pesquisar. Mas jamais me passaria pela
cabeça levar a sério todos os gatafunhos que aparecem na rede como se fossem as tábuas da lei. O
ceticismo, que é estimável em qualquer área da vida, é imprescindível na selva virtual.
O mesmo vale para os anúncios personalizados. Os gigantes tecnológicos vendem o meu perfil
para que os anunciantes possam tentar-me com uma precisão mefistofélica?
Admito que sim. Em certos casos, até agradeço: da música ao cinema, da literatura aos lugares,
são incontáveis as descobertas que fiz porque alguém as fez por mim.
Mas recuso o fatalismo tecnológico de quem acha que somos puras marionetes das redes sociais,
sem autonomia ou controle.
(https://www1.folha.uol.com.br/colunas/joaopereiracoutinho/2020/09/recuso-o-fatalismo-de-quem-
acha-que-somos-puras-marionetes-das-redes.shtml)
Os inúmeros efeitos nefastos das redes sociais não são novidade. Quem não brigou com um pré-
adolescente hipnotizado pelo YouTube que deixou toda a lição de casa por fazer? Ou explicou pela
enésima vez que não, não estão enterrando caixões cheios de pedra porque a Covid-19 é uma farsa? Ou,
ainda, rompeu relações com um amigo de infância que se tornou um extremista político?
Ainda assim, é iluminador ouvir da boca de inúmeros ex-funcionários de Facebook, Google, Twitter e
Instagram de que forma as redes sociais e seus algoritmos estão deixando as pessoas viciadas, semeando
a discórdia e minando a democracia.
“Quando você olha em volta, parece que o mundo está enlouquecendo. Você precisa se questionar: isso
é normal? Ou será que fomos todos enfeitiçados de uma certa maneira?”, diz, no início do documentário,
Tristan Harris, um ex-designer do Google.
(https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2020/09/documentario-da-netflix-dilema-das-redes-assusta-
mas-oferece-poucas-respostas-a-dilema.shtml)
Texto I
As autoridades só deram atenção aos crimes cometidos na rede em meados da década de 80,
quando houve um grande aumento nos delitos, ainda que a internet tenha aparecido em 1969. Com
toda essa transformação na tecnologia, apareceram novas chances de delitos que não existiam antes,
pois envolvem técnicas novas e não conhecidas. A criminalização dos delitos da informática é de
extrema urgência, pois tem como objetivo a proteção de informações privadas, por exemplo, dados
pessoais, dignidade da pessoa humana, proteção da propriedade, e, acima de tudo isso, tem foco em
conservar a confiança nas tecnologias e a sua integridade.
Entre os vários delitos virtuais que surgem todo dia, existe um que precisa um foco maior,
porque vem aumentando de forma descontrolada, formando mais vítimas a cada dia, esse delito é o
estelionato virtual, aquele que ocorre na internet com uso de aparelhos eletrônicos, delito em foco
neste trabalho, delito com relação ao qual localizar os criminosos e puni-los é algo demorado e
complicado, possuindo em mente que não existe atualmente lei especifica que tipifique o delito virtual,
assim deixando os operadores do direito sem muitas ações contra tal delito.
Disponível em: <https://jus.com.br/artigos/65242/crimes-virtuais-estelionato>. Adaptado.
TEXTO II
A história ensina que o progresso é inerente ao homem, e que fomos feitos para evoluir e inovar
e incondicionalmente buscar o avanço, contudo com muitos avanços pode-se ter também o retrocesso,
em que no meio de tantos benefícios, indivíduos procuram oportunidades para se beneficiar com a falta
de conhecimento do que é novo. Desta forma nos deparamos com a internet, e com os crimes que a
envolvem. Vale ressaltar que a internet é um instrumento considerado hoje como o mais benéfico já
desenvolvido, em razão das facilidades que proporciona, a título de exemplo compras realizadas através
de computadores com internet em que se tem a comodidade e segurança de não sair de casa e poder se
comunicar com familiares e amigos em todos os lugares.
Disponível em: <http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/
iegWxiOtVJB1t5C_2019-2-28-16-36-0.pdf>.
Texto 2
Primeiro, a tecnologia é uma amiga. Torna a vida mais fácil, mais limpa e mais longa. Pode
alguém pedir mais de um amigo? Segundo, por causa de seu relacionamento longo, íntimo e inevitável
com a cultura, a tecnologia não convida a um exame rigoroso de suas próprias consequências. É o tipo
de amigo que pede confiança e obediência, que a maioria das pessoas está inclinada a dar porque suas
dádivas são verdadeiramente generosas. Mas é claro, há o lado nebuloso desse amigo. Suas dádivas têm
um pesado custo. Exposto nos termos mais dramáticos, pode-se fazer a acusação de que o crescimento
descontrolado da tecnologia destrói as fontes vitais de nossa humanidade. Cria uma cultura sem uma
base moral. Mina certos processos mentais e relações sociais que tornam a vida humana digna de ser
vivida. Em suma, a tecnologia tanto é amiga como inimiga. (Postman, 1994, p. 12).
BAZZO, Walter Antonio. Ciência, Tecnologia e Sociedade e o contexto da educação tecnológica.
Disponível em: https://www.oei.es/ historico/salactsi/bazzo03.htm. Acesso em: 4 nov. 2018.
Proposta da redação
A partir da leitura e da reflexão sobre o que é tratado nos textos de apoio, escreva, na norma-padrão da
língua portuguesa, uma dissertação argumentativa sobre o tema CIÊNCIA E TECNOLOGIA: ACESSO,
BENEFÍCIOS E MALEFÍCIOS. Apresente argumentos que fundamentem sua posição.
homogeneização e da trivialização da cultura. No início deste ano, o editor e crítico social Leon
Wieseltier publicou no The New York Times uma enérgica condenação do “tecnologicismo”, em que
sustentou que os “gangsteres” empresariais e os filisteus tecnológicos confiscaram a cultura. “À medida
que aumenta a frequência da expressão, sua força diminui”, disse, e “o debate cultural está sendo
absorvido sem parar pelo debate empresarial”.
Também no plano pessoal estão se multiplicando as preocupações sobre a nossa obsessão com
os dispositivos fornecedores de dados. Em vários estudos recentes, os cientistas começaram a relacionar
algumas perdas de memória e empatia com o uso de computadores e da Internet, e estão encontrando
novas provas que corroboram descobertas anteriores de que as distrações do mundo digital podem
dificultar nossas percepções e julgamentos. Quando o trivial nos invade, parece que perdemos o
controle do que é essencial. Em Reclaiming Conversation [Recuperando a conversa], seu controverso
novo livro, Sherry Turkle, professora do Massachusetts Institute of Technology (MIT), mostra como uma
excessiva dependência das redes sociais e dos sistemas de mensagens eletrônicas pode empobrecer as
nossas conversas e até mesmo nossos relacionamentos. Substituímos a verdadeira intimidade por uma
simulada.
Quando examinamos mais de perto a crença do Vale do Silício, descobrimos sua incoerência
básica. É uma filosofia quimérica que abrange um amálgama estranho de credos, incluindo a fé
neoliberal no livre mercado, a confiança maoísta no coletivismo, a desconfiança libertária na sociedade
e a crença evangélica em um paraíso a caminho. Mas o que realmente motiva o Vale do Silício tem
muito pouco a ver com ideologia e quase tudo com a forma de pensar de um adolescente. A veneração
do setor de tecnologia pela ruptura se assemelha ao desejo de um adolescente por destruir coisas, sem
conserto, mesmo que as consequências sejam as piores possíveis.
Portanto, não surpreende que cada vez mais pessoas contemplem com olhar crítico e cético o
legado do setor. Apesar de proliferarem, os críticos continuam, no entanto, constituindo a minoria. A fé
da sociedade na tecnologia como uma panaceia para os males sociais e individuais permanece firme, e
continua a haver uma forte resistência a qualquer questionamento ao Vale do Silício e seus produtos.
Ainda hoje se costuma descartar os opositores da revolução digital chamando-os de nostálgicos
retrógrados ou os tachando de “antitecnologia”
Tais acusações mostram como está distorcida a visão predominante da tecnologia. Ao confundir
seu avanço com o progresso social, sacrificamos nossa capacidade de ver claramente a tecnologia e de
diferenciar os seus efeitos. No melhor dos casos, a inovação tecnológica nos possibilita novas
ferramentas para ampliar nossas aptidões, concentrar nosso pensamento e exercitar a nossa
criatividade; amplia as possibilidades humanas e o poder de ação individual. Mas, com frequência
demais, as tecnologias promulgadas pelo Vale do Silício têm o efeito oposto. As ferramentas da era
digital geram uma cultura de distração e dependência, uma subordinação irreflexiva que acaba por
restringir os horizontes das pessoas, em vez de ampliá-los.
Colocar em dúvida o Vale do Silício não é se opor à tecnologia. É pedir mais aos nossos
tecnólogos, a nossas ferramentas, a nós mesmos. É situar a tecnologia no plano humano que
corresponde a ela. Olhando retrospectivamente, nos equivocamos ao ceder tanto poder sobre nossa
cultura e nossa vida cotidiana a um punhado de grandes empresas da Costa Oeste dos Estados Unidos.
Chegou o momento de corrigir o erro.
Fonte: https://brasil.elpais.com/brasil/2015/10/23/tecnologia/1445612531_992107.html Publicado em 25/10/2015. Acesso em
06/11/2017 [Adaptado]
“As redes sociais têm três aspectos: um positivo, um negativo e um estúpido, que não foi pensado por
ninguém. O anonimato do Twitter libera o discurso político, mas também permite comportamentos
detestáveis. Quanto ao aspecto estúpido, os robôs que me enviam mensagens sexuais são parte disso”.
(Margaret Atwood, escritora canadense, falando na Feira do Livro de Frankfurt)
“O (limitado) vocabulário da Web. Menos de 5% das línguas existentes são usadas no ambiente virtual.
Estima-se que a globalização da comunicação – mais um dos efeitos da era digital – leve ao sumiço 4.500
idiomas, já que apenas 200 permanecerão vivos nas conversas via Facebook, Twitter, WhatsApp...”.
(Revista Veja, 4/1/2017)
PROPOSTA:
Tomando por base a leitura do texto “Quem são e o que querem os que negam a Internet”, de Nicholas
Carr, reproduzido no começo desta prova, e dos dois excertos reproduzidos acima, escreva um texto
dissertativo em prosa para ser postado em um blogue – real ou imaginário. Faça uma defesa ponderada
das redes sociais e argumente a favor da ideia de que elas possam ser usadas criticamente no mundo
contemporâneo.
formas de tratamento e profissionais retratados na novela. Aqui, é possível discutir o papel social da
novela enquanto formadora de opinião e fonte de conhecimento/informação. Veja bem, ao retratar
uma personagem com um trauma de abuso na infância sendo tratada por um coach que utiliza hipnose,
algum telespectador pode começar a acreditar que esse método de tratamento é recomendado. É
importante atentar na sua redação para não depreciar o trabalho de coach nem a hipnose.
Encaminhamentos possíveis:
1)Dada a complexidade da sociedade brasileira, a novela não poderia se descuidar de seu papel
social de formadora de opinião.
Argumentos:
- Baixa escolaridade/ escolaridade deficiente/ escolas sucateadas;
- Cultura de massa que não promove a conscientização;
- Acesso a informação por meio da TV aberta (aqui cabe uma discussão sobre como TV aberta x TV fechada
delimitam uma forma de desigualdade social, a partir do momento que a primeira não se compromete
com a qualidade da informação e a segunda supostamente traz melhor conteúdo);
- Ao não se comprometer com a realidade, perpetuam-se questões, como a racial (texto 1), encobertas e
não discutidas e a novela pode constituir espaço crítico e de discussão.
2) Visto que se trata de uma obra ficcional, sem compromisso com a realidade, tal qual a
literatura e o cinema, a novela permite que a verossimilhança não seja prioridade.
Argumentos:
- valor da arte como, por princípio, forma de escapismo da realidade (argumento difícil de sustentar sem
possuir boa bagagem literária, principalmente, dado que bom conhecimento dos movimentos escapistas
e sem cunho social ajudaria a fortalecer o argumento);
- importância da telenovela como escapismo ao cidadão comum, cuja realidade de menor condição
econômica e, consequentemente, menor tempo de lazer, leva ao desejo/sonho por uma vida “mais
glamorosa”, o que ocasionou o surgimento de diversos movimentos como o “funk ostentação”. (Aqui é
importante atentar bastante ao lugar de fala do cidadão comum e tentar enxergar o papel da novela
como “contos de fadas moderno” principalmente para esse público).
O tema “Fatos da vida das pessoas noticiados na internet: entre o direito ao esquecimento e o
interesse público de acesso à informação?” pede ao candidato que reflita sobre uma questão muito
relevante no mundo atual, em que a internet é onipresente em nossas vidas. Com a entrada da internet
em nosso mundo, foi possível registrar e preservar toda e qualquer informação, seja ela polêmica ou não,
verdadeira ou não. Assim, aquelas pessoas que vivenciaram alguma situação de grande repercussão
acabam prisioneiras dessa memória, que não pode ser esquecida, porque ela está a alguns cliques de
distância.
A partir das informações elencadas no quadro, percebe-se que você pode abordar o tema por
diferentes e variadas perspectivas. Tudo vai depender da resposta que você der para a pergunta
temática, que constituirá a sua tese. Caso você ache que o esquecimento é um direito de fato, pode
mostrar que a pessoa tem o direito de ressignificar a experiência pela qual passou, o que é impossível se
as informações estiverem na internet, por exemplo. Já se sua escolha for que o esquecimento não é um
direito, pode argumentar no sentido de que a liberdade de expressão é um valor muito mais importante
dentro de uma democracia, pois ela impede que informações importantes sejam apagadas, como fatos
da vida pregressa de um candidato a um cargo público, por exemplo. O caminho do meio, em que o
direito seja concedido a casos particulares mediante processo na justiça, reconhece que existem
situações de exceção, como o caso de fotos particulares e íntimas que são vazadas, que pedem que o
esquecimento seja ativado depois de muito bem justificada a razão para isso.
Como você deve ter percebido, existem vários caminhos para a reflexão sobre esse tema, então
caberá a você escolher um deles. Escolhido o caminho, o próximo passo é elaborar o projeto do seu
texto. Nele você delineia brevemente o esqueleto do texto, definindo qual será a sua tese e quais serão
os argumentos que você irá usar para defendê-la. Considere em seu projeto que se trata de um texto de
30 linhas, o que deve ser suficiente para elaborar quatro ou cinco parágrafos. O primeiro é a introdução;
os centrais são o desenvolvimento da sua argumentação; o último é a conclusão. Na introdução, espera-
se que você apresente e contextualize o tema e já defina a sua tese.
No caso de uma proposta como essa, que envolve um debate público, discutido inclusive no STF,
seria importante descrever a situação que deu origem à reflexão. Você poderia considerar a própria
decisão judicial, a história da família que exigia o esquecimento ou mesmo a descrição de como
funciona a internet como mecanismo de recordação duradoura. Segue-se a essa contextualização a tese.
Também é possível já dar algum indício do seu percurso argumentativo, o que orienta muito bem
a leitura do seu texto e dificulta que você se perca durante a escrita, porque já ficou explicitado o que
você irá abordar na sua argumentação.
A argumentação ocupa o centro do texto e cada argumento deve ocupar um parágrafo. Procure
usar repertório – exemplos, dados estatísticos, citações, fatos históricos – para enriquecer seu
argumento e auxiliar a sua defesa da tese. Esse tema permite repertório do cotidiano e de notícias
envolvendo a internet. A história da conto poderia ser utilizada. Outro recurso possível seria o exercício
da dedução de consequências. O que aconteceria se a lei fosse aprovada? Como alguém poderia ter
acesso a fatos históricos se os envolvidos alegassem direito ao esquecimento? Esse e outros elementos
poderiam ser utilizados na argumentação.
O último parágrafo é a conclusão, e nela espera-se que você reafirme sua tese e retome seus
argumentos brevemente, fechando o raciocínio elaborado no texto. Não se espera que você elabore
uma proposta de intervenção, como no ENEM, e nem isso é aconselhável, porque muitas vezes o tema
nem permite que se construa uma. Assim, a conclusão por síntese é a mais indicada.
Tese e argumentos possíveis
De acordo com o posicionamento escolhido em relação ao tema, você irá compor uma tese que
explicite esse posicionamento. Uma vez escolhida e redigida a tese, é hora de escolher quais são os
melhores argumentos para defendê-la. Na primeira seção do comentário desta proposta, foram dadas
algumas sugestões de teses que poderiam ser escolhidas, o que não esgota as suas possibilidades.
Lembre-se de que a ideia chave nessa escolha é o fato de que as informações selecionadas de fato
comprovem a sua tese, mostrem por que ela se justifica no mundo atual, por que ela se legitima em nossa
sociedade.
São elencadas a seguir algumas ideias que podem ser usadas como base para os seus argumentos.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de exemplos, dados estatísticos, citações de especialistas ou escritores, podem ser referências
de séries, filmes, livros que você tenha lido e que se articulem à ideia que você está desenvolvendo.
Lembre-se que, desde que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de
referências externas são muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e
possibilitar uma nota mais alta.
Na construção dessa proposta temos uma coletânea de fragmentos textuais que, segundo a
proposta, possuem a mesma configuração temática. Desse modo, por meio dos fragmentos, podemos ter
uma visão mais ampla a respeito de um tema relacionado ao âmbito tecnológico na vida humana. Logo,
o tema pede para o vestibulando pensar a respeito dos impactos das redes sociais nas nossas vidas.
Para compreendermos, portanto, mais dessa proposta e dos fragmentos, vamos à interpretação
das ideias mais importantes contida nos excertos.
O primeiro fragmento diz respeito ao uso das tecnologias e das redes sociais como aliadas em
causas que necessitam de atenção global. Desse modo, o fragmento indica que movimentos importantes
em que se presencia a luta por causas sociais que merecem destaque, como o movimento contra o
racismo, ganharam mais discussão devido aos protestos pelas redes e organizados por elas também.
Já o segundo fragmento apresenta a relação de dependência que a internet pode provocar nos
indivíduos. Logo, esse trecho demonstra dados preocupantes como o uso constante da internet como um
fator que gera problemas psiquiátricos, devido às alterações emocionais provocadas pelo uso intenso das
redes sociais.
No fragmento três, temos a presença de uma crônica que alimenta essa relação entre as vantagens
e desvantagens da internet. Logo, aqui nesse trecho temos uma relação comportamental em relação ao
uso dessas tecnologias, também aborda a questão do controle tecnológico sobre os usuários.
Por fim, o quarto fragmento comenta a respeito das rivalidades nas redes sociais e a questão dos
algoritmos que podem deixar as pessoas mais viciadas devido ao consumo específico de elementos de
seu próprio gosto, devido ao reconhecimento do algoritmo.
Enfim, os textos fazem recortes variados sobre o impacto das redes sociais nos processos de
socialização. A apresentação de traços a favor e contrários pode deixá-lo um pouco confuso, mas o
comentário e o comando deveriam servir de guia de como desenvolver o texto.
Comando e tese
Então como fazer a tese? Você deve estar se perguntando. Tome uma posição, mas tente incluir
a oposição do seu ponto de vista como um texto concessivo. A titulo de exemplo, seguem duas possíveis
teses que manifestam essa técnica.
Apesar de haver possibilidade de uso consciente dos recursos das redes sociais, os algoritmos e o
risco de desenvolver algum distúrbio psicológico reduzem o campo de autonomia das pessoas, sem que
elas percebam.
Apesar do potencial risco de manipulação do usuário das redes sociais, a liberdade de expressão e
a possibilidade de conexão entre pessoas oprimidas nos fazem imaginar um mundo melhor, pois torna-
se mais rara a resignação do indivíduo frente às injustiças.
É verdade que são teses longas, mas elas contêm aquilo que é necessário para fazer o texto inteiro
e ainda evitar a pura exposição. Note que no final das duas teses, há uma sugestão das consequências.
Ou seja, essa tese contempla o percurso sugerido no comando.
Sendo assim, há questões interessantes que podem ser discutidas na argumentação e que são
centradas nas seguintes ideias:
Com relação à tecnologia, hoje muito se fala que ela tem servido como ponto de afastamento
das pessoas que transferem para o virtual as suas relações presenciais. Essa é uma possibilidade bem
tranquila de utilização, sem medo de ser feliz. O que você deve pensar, somente, é que não adianta
dizer isso e não comprovar, porque voltamos para aquele ponto da especulação que precisa ser evitada.
Você pode, sem generalizar, apontar que muitas pessoas acabam entrando nessa vibe da troca sem,
muitas vezes, perceber. Use esse argumento com parcimônia.
Com relação ao acesso, é inegável que, hoje, há um número imenso de pessoas que tem acesso à
internet, algo em torno de 70% da população, contudo há ainda um abismo muito grande de qualidade
de acesso para todas as pessoas. Exemplo disso é a grande dificuldade encontrada no momento, para a
manutenção das escolas que, durante a pandemia só podem funcionar na modalidade EaD. Nesse
momento, há muitos casos relacionados a pessoas de renda mais baixa, que são a maioria das pessoas
no país, que não têm conseguido acessar as aulas por não terem esse acesso de qualidade.
Por outro lado, a tecnologia, nesse mesmo momento, acaba servindo como ponto essencial para
a manutenção de contato interpessoal, principalmente se considerarmos que, com o afastamento
social, as redes sociais têm se convertido em ponto de contato para famílias e amigos que necessitam de
informações. Assim, ao mesmo tempo que, para muitos, as redes sociais aparecem como fator de
afastamento, para muitos outros, ela serve como ponto de aproximação. Interessante isso, né? O
mesmo ponto consegue ser visto por lados distintos.
Além disso, como aspecto negativo, se você quiser, pode entrar na seara das fake news e da
construção de pós verdades, que também consegue funcionar para a ciência, visto que muitos dos
problemas com relação à aceitação de determinados pensamentos científicos são causados exatamente
por essas construções enganosas que se utilizam das redes sociais como plataforma de lançamento. É
uma boa forma de colocação das ideias.
Por fim, organize seu texto de forma a fazer uma retomada das ideias apresentadas no decorrer
dele. Fuja da construção de uma proposta de intervenção que, provavelmente, resvalará para um clichê
que não adicionará nada à sua redação. Claro que, se você quiser construir uma proposta, que é uma
conclusão válida, será necessário, somente, que você não se prenda aos clichês que mais superficializam
a redação do que a aprofundam.
Coletânea de textos
Os dois textos apresentados servem como reflexão para a construção de sua redação, visto que
apresentam, de forma superficial, os temas a serem tratados, exatamente de um ponto “em cima do
muro”, indicando que tanto a ciência quanto a tecnologia apresentam pontos positivos e negativos.
Dessa forma, já podemos afirmar que é interessante que você se posicione da mesma forma, não
deixando de apresentar os “dois lados da moeda”, por mais que, sinceramente, eu não goste desse tipo
de argumentação.
Com relação aos argumentos, apresentamos, a seguir, algumas ideias que te ajudarão a escolher
o caminho que você pode seguir. Sempre gosto de reafirmar que essas ideias não são verdades
absolutas, visto que elas, inclusive, nem existem.
Assim, é importante que você se foque no seguinte: seu texto deverá ser um texto dissertativo-
argumentativo e, ainda que seja para a publicação em um blog, deverá conter a defesa de um
posicionamento já determinado. Tendo em conta onde esse texto será publicado, não há dúvida de que
alguns elementos precisam ser pensados com cuidado, em especial a sua linguagem, que deve fugir do
academicismo puro e simples, sem aquela noção de que “palavras difíceis” chamam a atenção do leitor
e o impressionam. Na realidade, essa ideia precisa ser deixada de lado em um texto que será publicado
em um Blogue. Assim, use uma linguagem que esteja na norma culta, mas sem exageros vocabulares.
Coletânea de textos
Nessa coletânea, temos o texto 1 como o principal dentre todos, não somente por ser ele mais
extenso, mas por apresentar as ideias que serão debatidas no texto. Atente-se para a leitura atenta dele
e perceba que a ideia principal é a de que a tecnologia não é a culpada por seu uso errôneo e viciante. O
culpado disso é o usuário e a forma como ele faz uso dessas ferramentas. Os outros dois trechos,
apresentam possíveis problemas das redes sociais, real tema dessa produção textual.
A marca DIESEL tornou-se um ícone da moda fashion e um objeto de desejo principalmente entre os
jovens. A marca cresceu ao longo dos anos com campanhas publicitárias
ousadas e que fugiam ao comum. Nos exemplos acima, pode-se notar um novo posicionamento da marca
e um novo tema abordado em suas campanhas: o aquecimento global e as alterações que nosso planeta
vem sofrendo. Para tal fazem uso de imagens de cartões postais tais como o Cristo Redentor, Muralha da
China, Monte Rushmore, para alertar que mudanças estão ocorrendo e que devemos parar para refletir e
agir antes que resultados como os simulados nos anúncios realmente ocorram. Um posicionamento novo
da marca propondo um posicionamento novo a todo.
(disponível em http://publizitat.blogspot.com/2010/11/anuncios-da-diesel-remetem-ao.html,
acessado em 18.03.2019)
Impostura verde
Caderno de Proposta 444
ESTRATÉGIA VESTIBULARES – Caderno de Propostas
Já houve até evento fashion em que hedonistas voluntariam trocados para plantar árvores
(...)
Pessoas sensatas, em tempos normais, pensariam duas vezes antes de adquirir confecções de
uma empresa que publica no Brasil anúncios inteiramente em inglês. Só que nosso tempo há muito
deixou de ser normal. E o Brasil, todos sabem, nunca foi sério. Precisava carimbar a campanha com um
"Global Warming Ready", porém? Para quem não sabe, a frase quer dizer "pronto(a) para o
aquecimento global". Noutro lugar, anuncia-se que são roupas para permanecer "cool" (bacana, ou,
literalmente, fresco) enquanto o mundo se aquece.
(...)
O aquecimento global virou moda, modismo. Já houve até evento fashion "carbon-neutral", em
que hedonistas compungidos voluntariam uns caraminguás para plantar árvores, não se sabe nem se
quer saber onde. Peles de animais, contudo, voltaram a ser chiques. O mundinho é verde, ma non
troppo. Ao final, todos montam em seus jipões 4x4 movidos a (muito) diesel e rodam superiores sobre o
asfalto esburacado das metrópoles brasileiras. Os mais radicais se filiam a alguma ONG -com nome em
inglês, claro.
O texto 1 alerta para os efeitos do aquecimento global. A peça publicitária da Diesel é ambígua em
relação à questão, traço discutido e criticado pelo artigo de opinião de Marcelo Leite. Com base nas
ideias e sugestões presentes na coletânea, redija uma dissertação argumentativa em prosa, a partir do
seguinte recorte temático:
Importância e limites do ativismo ambiental.
Os agrotóxicos usados no Brasil são extremamente seguros. São desenvolvidos por empresas que
empregam ciência e tecnologia de ponta. Para que um novo produto chegue aos produtores rurais, há
necessidade de muita pesquisa e de avaliações rigorosas de qualidade.
(José Otavio Menten, Ciro Rosolem e Luiz Carlos C. Carvalho. “Agrotóxicos são necessários ou não?”.
http://opiniao.estadao.com.br, 19.07.2016. Adaptado.)
Texto 3
Desde 2008, o Brasil ocupa o lugar de maior consumidor de agrotóxicos do mundo. Segundo o Instituto
Nacional do Câncer (INCA), isso representa o consumo, por brasileiro, de cinco litros de veneno a cada
ano. Tal consumo não é somente uma estimativa, e sim uma realidade vivenciada por todos. Dados
oficiais demonstram que a intoxicação, seja aguda ou crônica, atinge os trabalhadores, a população do
entorno das fábricas de agrotóxicos e os consumidores de alimentos contaminados, ou seja, toda a
população.
Como resultado, tem-se o aumento da incidência de doenças, tais como doenças endócrinas, câncer,
infertilidade, distúrbios neurológicos, déficits de atenção e hiperatividade em crianças.
(Andréa Bruginski. “Alimentação saudável e agrotóxicos nos alimentos”. www.crn8.org.br. Adaptado.)
Com base nas informações apresentadas pelos textos e em seus próprios conhecimentos, escreva uma
dissertação, de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o seguinte tema:
O setor agrícola brasileiro deve continuar utilizando agrotóxicos no combate às pragas?
Texto II
Parque de adversões
[...]
A manhã é uma infância
num poema malogrado
e exilado na lata de lixo.
No dia vazio de poetas
não cabe uma flor.
MARQUES, Santiago Vilela. Selvagem. Cuiabá: Carlini & Caniato, 2013, p. 23
Uma velha rede de náilon prende como numa armadilha a tartaruga-cabeçuda no litoral espanhol, no
Mediterrâneo. Embora ainda conseguisse esticar o pescoço para respirar fora da água, a tartaruga
morreria caso não fosse libertada pelo fotógrafo.
Disponível em: https://www.nationalgeographicbrasil.com/2018/05/animais-plastico-uso-unico-oceanos-lixo Acesso em: mar.2019
PROPOSTA DE REDAÇÃO
Com base na coletânea de textos norteadores e nos seus conhecimentos, produza um texto sobre o
tema: “o lixo: da educação às políticas públicas”. Lembre-se que seu texto deve ser dissertativo-
argumentativo. Para tanto, organize suas ideias de forma a estabelecer relações com a coletânea de
textos, de forma crítica, coesa e coerente, defendendo seu ponto de vista e propondo sugestões de
solução para o problema com argumentos consistentes. Não se esqueça de que deve ser escrito em
linguagem formal.
TEXTO II
Antecedentes
O fogo é uma tecnologia do Neolítico, amplamente utilizada na agricultura brasileira, apesar dos
inconvenientes agronômicos, ecológicos e de saúde pública. As queimadas ocorrem em todo território
nacional, desde formas de agricultura primitivas, como as praticadas por indígenas e caboclos, até os
sistemas de produção altamente intensificados, como a cana-de-açúcar e o algodão. Elas são utilizadas
em limpeza de áreas, colheita da cana-de-açúcar, renovação de pastagens, queima de resíduos, para
eliminar pragas e doenças, como técnica de caça etc. Existem muitos tipos de queimadas, movidas por
interesses distintos, em sistemas de produção e geografias diferentes.
O impacto ambiental das queimadas preocupa a comunidade científica, ambientalista e a
sociedade em geral, no Brasil como exterior. O fogo não limita-se às regiões tropicais mas ocorre com
frequência, sob a forma de incêndios florestais, nos climas mediterrânicos da Europa, Estados Unidos,
África do Norte, África do Sul, Chile e Austrália. Também acontece sob a forma de incêndios florestais
devastadores em áreas de floresta boreal, como no Alasca, Canadá, Finlândia e na Rússia. Em anos mais
secos – como nos episódios do El Niño – o número e a extensão das queimadas e incêndios aumentam
em todo o planeta, como ocorreu em Roraima em 1998.
O fogo afeta diretamente a físico-química e a biologia dos solos, deteriora a qualidade do ar,
levando até ao fechamento de aeroportos por falta de visibilidade, reduz a biodiversidade e prejudica a
saúde humana. Ao escapar do controle atinge o patrimônio público e privado (florestas, cercas, linhas
de transmissão e de telefonia, construções etc.). As queimadas alteram a química da atmosfera e
influem negativamente nas mudanças globais, tanto no efeito estufa como no tema do ozônio.
Começam a surgir sistemas que visam monitorar a dinâmica mundial das queimadas, nos USA
[...] e Europa [...]. Um Centro Internacional de Monitoramento Global do Fogo (GFMC) foi criado [...],
como uma atividade da ONU no âmbito da UN International Strategy for Disaster Reduction (ISDR).
Também no Brasil, as queimadas têm sido objeto de preocupação e polêmica. Elas atingem
os mais diversos sistemas ecológicos e tipos de agricultura, gerando impactos ambientais em escala
local e regional. Conjugando sensoriamento remoto, cartografia digital e comunicação eletrônica, a
equipe da Embrapa Monitoramento por Satélite realiza, desde 1991, um monitoramento
circunstanciado e efetivo das queimadas em todo o Brasil, com apoio da FAPESP. Os mapas semanais
são geocodificados e analisados pela Embrapa Monitoramento por Satélite e seus parceiros, no tocante
às áreas onde estão ocorrendo as queimadas, sua origem, uso das terras em cada local, impacto
ambiental decorrente etc. O sistema está operacional desde 1991, utilizando os Satélites da série NOAA
12 e 14, e é constantemente aperfeiçoado [...].
Na letra da toada Quebra de milho, bem como no fragmento de Urupês e no texto Antecedentes é
abordado, sob pontos de vista distintos, o problema das queimadas na agricultura. Jornais, rádios,
revistas, televisões e sites da internet exploram diariamente o mesmo assunto, que também é estudado
e discutido nas escolas. Com base em sua experiência e, se achar necessário, levando em consideração
os textos mencionados, escreva uma redação de gênero dissertativo, empregando a norma-padrão da
língua portuguesa, sobre o tema:
A questão das queimadas no Brasil
Nas últimas cinco décadas, a população humana aumentou de forma rápida, até atingir o
número atual: cerca de 5,7 bilhões de pessoas. Esse intenso crescimento está em parte relacionado às
novas tecnologias industriais, que levaram à criação de novas drogas e à melhoria das condições de
saneamento, em especial nas regiões urbanas mais desenvolvidas. Uma das consequências da explosão
populacional foi a demanda crescente de água para atender necessidades básicas, como beber e
cozinhar, e para as demais atividades ligadas à produção e ao lazer.
(...)
Uso excessivo e degradação
Fonte de conflitos internacionais
Um complicador para a questão da água é o fato de que cerca de 40% da população mundial
dependem de bacias hídricas divididas por duas ou mais nações, como salientou em 1993 a geóloga e
cientista política americana Sandra Postel, especialista na questão do uso dos recursos globais de água.
Conflitos internacionais envolvendo a questão da água têm surgido em várias regiões, principalmente
em função de atitudes de países localizados na parte superior da bacia. Esses países constroem
reservatórios, poluem os corpos d’água ou causam sua eutrofização, comprometendo a quantidade
e/ou qualidade da água de países situados mais abaixo na bacia. A eutrofização é o aumento do teor de
nutrientes (principalmente fósforo e nitrogênio) em um ambiente aquático, que leva à excessiva
proliferação de certas cianobactérias e plantas (como o aguapé), alterando o equilíbrio ecológico.
Problemas desse tipo tendem a ser maiores quando envolvem nações onde a água é
naturalmente escassa. No golfo Pérsico, por exemplo, as ameaças à paz surgem não só das disputas que
envolvem o petróleo, mas também das relacionadas à água. Mais próximos da realidade brasileira estão
os debates ocasionais provocados por represamentos do rio Paraná, dentro do país, mas que afetam o
estoque e a qualidade da água que chega à Argentina. Esses conflitos podem aumentar, no caso de
bacias hídricas divididas por países em desenvolvimento, quando estes buscam seguir o modelo de
desenvolvimento adotado por nações mais ricas, baseado no uso de grandes quantidades de água e
energia.
Economizar, reciclar e reutilizar
(...)
A dificuldade no controle das ações individuais decorre, muitas vezes, do fato de o indivíduo não
se sentir responsável pela preservação dos recursos hídricos e/ou não ter consciência de como os seus
atos podem alterar tais recursos. Em conseqüência, campanhas governamentais pelo uso mais racional
da água não têm qualquer efeito na população. Por isso, junto com a criação de uma legislação
adequada sobre o uso e a preservação da água, é preciso que as pessoas tomem consciência da
gravidade desse problema e da necessidade de mudar a forma de utilizar esse recurso.
Essa conscientização tem dois aspectos fundamentais. Em primeiro lugar, cada indivíduo precisa
compreender que é parte integrante do ambiente e que, através de suas ações, é um agente
modificador do mesmo. Em segundo lugar, deve se sentir como participante da sociedade, interagindo
com iguais e compartilhando os mesmos direitos e deveres. A conscientização é a base para o exercício
da cidadania, no qual o indivíduo entende que suas ações podem afetar os demais integrantes da
sociedade. Consciência crítica e cidadania, por sua vez, estão intimamente ligadas à educação em todos
os níveis: em casa, na escola e em qualquer outro local. Só assim será possível alcançar um uso mais
sustentável da água, a fim de garantir esse recurso para as próximas gerações com a qualidade e a
quantidade adequadas.
Departamento de Ecologia Geral, Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo. Ciência Hoje, Rio
de Janeiro, vol.26, nº154, out.1999.
Fonte: http://www.geografiaparatodos.com.br/index.php?pag=sl60. Acesso em: 24 out. 2014.
PROPOSTA DE REDAÇÃO
Crise da água: ação natural ou humana?
INSTRUÇÕES
1. Seu texto deve ser escrito à tinta, na Folha de Redação.
2. Seu texto, redigido em prosa, deve ter, no máximo, vinte e cinco linhas.
3. Não destaque nenhuma das páginas desta prova.
apresentando, mais uma vez, a síndrome da terceira pessoa que João Ubaldo Ribeiro também descreve
em inúmeras crônicas.
Disponível em: <www.observatoriodaimprensa.com.br>. Acesso em 31 de maio de 2009.
TEXTO 2
Jovem está distante das questões ambientais
Da Redação, Lilian Milena, 22/04/2009 14:43.
Apesar de cada vez mais preocupado com a questão ambiental, o jovem brasileiro não é capaz de
relacionar, entre si, os vários temas ligados aos impactos da ação humana sobre o meio ambiente,
mantendo certa distância em relação às alterações ambientais já em curso, como o aquecimento global
e a escassez da água potável.
A pesquisa encomendada pelo canal MTV Brasil, “Dossiê – Universo Jovem 4”, aponta que em um
ranking de 28 temas sobre assuntos de interesse pessoal, a questão ‘ecologia/meio ambiente’ aparece
na 22ª colocação onde as três primeiras posições são ocupadas por música, esportes e profissão,
respectivamente.
Entretanto, quando questionado sobre os assuntos que mais os preocupam e amedrontam, os
jovens classificam o tema ‘aquecimento global/mudanças climáticas’ na quinta posição – atrás da fome
(4º), tráfico de drogas (3º), desemprego (2º) e violência (1º). A preocupação com a ‘falta de água’, é
colocada na 16ª posição e ‘escassez de alimentos’ na 24ª. Segundo a pesquisa, os temas voltados para a
sustentabilidade ambiental (lixo, água, energia e crimes ambientais, por exemplo) ganharam mais
destaque na mídia nacional e internacional nos últimos anos, passando a interferir na economia global e
consequentemente no dia-a-dia do jovem.
Mesmo assim, as questões ambientais são tratadas e vistas de forma pontual, “sem relacionar um
problema com o outro”.
“A poluição e o lixo são problemas das cidades, o desmatamento só ocorre na Amazônia ou na Mata
Atlântica, e o aquecimento global é um problema internacional, que parece ainda não ter chegado ao
Brasil. Alguns ainda falam como se o problema não fosse parte de sua geração, como se não fizessem
parte desta ‘geração futura’”, completa o dossiê. A pesquisa foi feita com 48 milhões de jovens entre 12
e 30 anos em todas as regiões do país – cerca de 9 milhões nas cidades economicamente mais ativas. O
levantamento também foi realizado junto as classes A (5%), B (37%) e C (58%) com pessoas que
representam 92% do Índice de Potencial do Consumo no Brasil.
O relatório ressalta também que o aumento da preocupação é perceptível, sobretudo, por
conta das informações cada vez mais difundidas nas escolas e mídias, no entanto, a busca por uma
postura frente às questões de sustentabilidade ambiental ainda “é assumidamente pequena, superficial
e, quando captada, dificilmente se transforma em ação”.
O artigo conclui que a conscientização do jovem é influenciada tanto pela família, quanto pela
formação escolar e a qualidade da informação que consegue absorver. No entanto, independentemente
do grau de conhecimento de cada entrevistado sobre o meio ambiente, quando discutida a questão,
todos concluem que “a situação é bastante séria e que, daqui a alguns anos, as gerações futuras vão
sofrer as consequências”.
Disponível em: <www.projetobr.ig.com.br). Acesso em 31 de maio de 2009.
A partir da leitura dos Textos 1 e 2 e dos seus próprios conhecimentos sobre os problemas tratados
nesses textos, escreva um artigo de opinião, de 20 a 30 linhas, para a seção “Debates” de um jornal
local, buscando convencer os leitores a concordar com o seu posicionamento acerca do seguinte tema:
A CONSCIENTIZAÇÃO DOS JOVENS DIANTE DAS “MUDANÇAS CLIMÁTICAS”.
Encaminhamentos possíveis
Nesse caso, como em muitos outros temas, há dois caminhos no atacado:
- fazer uma redação moralista: o problema gira em torno da falta de vontade do indivíduo (o
texto “Impostura verde” vai por esse caminho);
- ou fazer uma redação estrutural, partindo do pressuposto de que as pessoas agem assim
devido à estrutura social: capitalismo, consumismo, classes sociais etc.
Exemplo: é possível destacar que na sociedade do consumo, a compra de mercadorias não pode
se basear numa reflexão sobre o próprio ato de comprar, ou seja, a questão ambiental só pode ser
lembrada de forma superficial, sem que gere qualquer tipo de culpa; nesse contexto, o ativismo
encontra seu limite na própria dinâmica da vida moderna.
O termo se refere aos arranjos sociais acima do indivíduo e que determinam a dinâmica de como as
pessoas se relacionam e de como se comportam. O sistema Capitalista sempre é considerado um dos
elementos estruturais mais significativos, pois a forma econômica de acumulação de capital é o que leva
as pessoas a se organizarem para o trabalho de uma determinada maneira.
Mas há outras instituições ou sistemas que estruturam também as relações entre as pessoas: a política, a
família, a igreja. Essas instituições são estruturais, pois organizam e sistematizam formas de viver. Se
essas estruturas abarcam elementos viciosos, os indivíduos em particular não poderão ser
responsabilizados de forma moralista.
haviam saído nos últimos anos com as políticas como “Bolsa Família” e os subsídios aos pequenos e
médios produtos.
O texto 3, por sua vez, traz diversos argumentos àqueles candidatos que optarem pode defender a
retirada dos agrotóxicos. Ele afirma que o Brasil lidera o ranking no uso de agrotóxicos no mundo na
última década e fica claro, devido à escolha vocabular da palavra “veneno” e, posteriormente, de
“contaminados”, que, do ponto de vista do autor, essa liderança representa um uso excessivo (“5 litros
de veneno”). Ademais, o texto também cita vários malefícios para a saúde decorrentes dessa
“contaminação”.
É sempre importante atentar para o léxico do texto, pois ele pode ajudar muito a perceber se a
coletânea direciona para algum posicionamento ou se determinado texto de apoio oferece argumentos
a favor ou contra.
Encaminhamentos possíveis:
1) Levando-se em conta o retorno do Brasil à linha da fome, aumentar o preço dos alimentos básicos
prejudicaria ainda mais a parcela menos abastada da população, assim, os produtos orgânicos não
se mostram uma opção viável.
Argumentos:
- Crise econômica atual, desemprego, retorno da linha da fome;
- Mudança das políticas públicas de auxílio do governo Dilma/Temer para o governo Bolsonaro;
- Questões ambientais relacionadas ao desmatamento de maior área produtiva a fim de suprir a
menor produção que seria ocasionada pelo não uso de agrotóxicos.
2) Considerando a saúde da população, o uso de agrotóxicos representa uma ameaça tanto pela
própria química quando pela desinformação sobre essa contaminação.
Argumentos:
- Doenças causadas pelo uso de agrotóxicos;
- Geração de empregos se maior mão de obra fosse necessária para manter a produção suficiente;
- Não é bem esclarecido para o cidadão comum o que é ingerido no alimento não orgânico.
produção de bens de consumo, claro. Logo, essa ideia pode aparecer na sua redação, visto que você
deve apresentar soluções para tal produção. Falaremos delas um pouco mais à frente.
Outro elemento importante para o seu tema é que ele já apresenta um recorte bastante
interessante, porque já trata da educação como uma das formas de diminuição do lixo, bem como da
passagem dessa para as políticas públicas. Nesse ponto, é necessário que eu destaque para vocês que já
existe uma lei, de 2010, chamada de PNRS (Plano Nacional de Resíduos Sólidos), que trata da destinação
dos resíduos sólidos em nosso país, com a troca dos lixões por aterros sanitários. Com relação a isso,
temos que a aplicação de políticas públicas já se apresenta respaldada pela lei.
Diante desse recorte, um dos perigos que corremos é o de apresentar uma construção textual
que se resume a soluções para o problema. Como seu texto é um texto dissertativo-argumentativo, no
qual apresentamos problemas que devem ser discutidos, você precisará apresentar argumentos sobre o
tema. Por exemplo, se você defender que a educação, somada às políticas públicas, serve como solução
para o problema apresentado, você precisará necessariamente argumentar para defender essa ideia.
Claro que você pode, em cada um dos parágrafos, apresentar uma relação de solução relacionada com o
argumento apresentado. Assim, se você construir um parágrafo defendendo a importância da educação
e outro defendendo a necessidade da ação governamental, em cada um deles, você poderá apresentar
uma solução.
Assim, de forma mais resumida, apresente sua tese, em concordância com os textos
motivadores, que apresentaremos em análise um pouco à frente, na sua introdução e pense em
argumentos que podem defendê-la. Da maneira como apresenta-se a proposta, não podemos construir
uma redação em que não se defenda a necessidade de educação e da existência de políticas públicas.
Sua organização textual deve seguir o que apresentamos a seguir para cada uma das partes de sua
redação. Antes disso, quero destacar, ainda, que os exemplos de ações bem sucedidas pelo mundo são
excelentes sustentações para seus argumentos. Pode usar livremente ações que funcionaram.
Coletânea de textos
A coletânea de textos apresentada serve para direcionar a sua tese e, consequentemente, o seu
texto. Você deverá realmente trabalhar com a ideia de que a produção de lixo, no Brasil, é
extremamente grande e que a maior parte desse lixo não é tratada de forma correta. Essa é, como
falaremos à frente, a nossa única tese possível. Não se perca dessa ideia de forma alguma. Leia
atentamente os textos e desenvolva argumentos que sejam próximos a ele.
Dessa forma, o texto 1 é um texto informativo que apresenta o Brasil como o 4º maior produtor
de plástico do mundo, fato que nos dá um bom direcionamento para o que será tratado em seu texto.
Você pode falar sobre a produção de lixo de forma geral e apresentar o plástico como o maior problema
do nosso país. É interessante notar que esse lixo específico quase não é reciclado no Brasil, como aponta
o texto, com menos de 2% de reaproveitamento. Contudo, o país é um dos maiores recicladores de
latinhas de alumínio, fato que diminui imensamente a extração de bauxita por aqui. Você pode usar esse
ponto de comparação na construção de sua argumentação.
Olhando para o texto 2, vemos um trecho de poema regional, escrito por um poeta cuiabano. O
texto apresenta a visão de como a destruição do meio ambiente por meio da produção do lixo serve
como uma barreira para a produção poética. A flor, usualmente, na Literatura, apresenta a noção da
esperança que vence as dificuldades e nasce. No caso do poema, por conta do lixo, nem a flor consegue
perseverar em meio ao mundo atual. Podemos entender, inclusive, que o lixo, além de matar o planeta,
mata a poesia. É bem interessante a leitura desse texto.
O texto 3, por sua vez, apresenta uma tabela que relaciona o plástico produzido no mundo e sua
destinação após o descarte. Perceba que temos, nessa tabela, valores comparativos entre os números
de incineração do lixo e os números do plástico reciclado. Esses números são comparativos pelo mundo
e contêm uma relação ruim para o meio ambiente: a incineração. Apesar de ser um método que dá fim
no material produzido, contribui para outras formas de poluição, visto que o plástico não deixa de existir
simplesmente, somente diminui seu volume. Além disso, a queima de lixo libera gases poluentes para o
meio ambiente, levando-nos àquele famoso ditado popular: é cobrir a cabeça e descobrir os pés.
Por fim, o texto 4, é uma imagem que, claramente, tem o objetivo de lidar com o
sentimentalismo do candidato na hora de escrever. Nessa imagem, vemos uma tartaruga enrolada em
uma quantidade absurda de plástico, sendo salva pelo fotógrafo que registra a cena. Esse texto serve,
também, como demonstração de que o lixo, principalmente o plástico, jogado no lixo é extremamente
perigoso para a fauna marinha. Destaco, ainda, que o mar é o local preferido de descarte de lixo no
mundo, com toneladas de plástico sendo jogadas nesse local.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a
partir de variadas perspectivas. Assim, um caminho para você desenvolver seu texto é pensar como os
fatores econômicos são impulsionadores da problemática, em vista da ação de madeireiros. Portanto,
esse pode ser um argumento que possibilite um desenvolvimento textual mais consistente,
apresentando mais possibilidades de ideias a serem desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você
aponta que as queimadas são fruto de problemas econômicas; por outro lado, você pode trabalhar em
seu texto que a perpetuação do emblema é resultado de ações irresponsáveis da população. Portanto,
caso você queira trabalhar em seu texto a primeira perspectiva, você pode citar o aumento das
queimadas realizadas no ato de retirada de madeiras, pois queimam-se as plantas menores para facilitar
a retirada de outras. Por sua vez, perde-se o controle desse fogo, o que leva à devastação de grandes
áreas. Por outro lado, caso você queira trabalhar a segunda perspectiva, focalize a ação irresponsável de
muitas pessoas, ao jogarem cigarros nas estradas, o que provoca muitas queimadas. Sinalize, por
exemplo, que o Brasil já perdeu vários biomas devido a essa ação irresponsável. Portanto, você tem
caminhos variados para está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as
ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Unesp, compõe-se de
três partes essenciais:
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, o texto motivador fala das
diferenças no conceito de amizade, que antes representava proximidade, e nos dias atuais, devido à
ascensão das redes sociais, representa um maior número, porém com um maior distanciamento entre
as pessoas.
TEXTO I
TEXTO II
argumentar mais claramente, visto que este costuma ser um problema para muitos estudantes.
Apresentaremos argumentos para a tese que, como dissemos anteriormente, é indicada pelos textos
motivadores e pelo próprio tema.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes,
livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde
que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são
muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota
mais elevada.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a
partir de variadas perspectivas. Assim, um caminho para você desenvolver seu texto é pensar que os
problemas da escassez de água são gerados pelo consumo inconsciente da população, ao acreditar que
esse recurso nunca vai acabar. Portanto, esse pode ser um argumento que possibilite um
desenvolvimento textual mais consistente, apresentando mais possibilidades de ideias a serem
desenvolvidas.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou
disserte que o uso exacerbado da água para práticas industriais e agrícolas estão levando ao seu fim; por
outro lado, você pode salientar que o consumo inconsciente seja o grande problema no que concerne à
preservação da água. Assim, caso você queira trabalhar a partir da primeira perspectiva, disserte sobre o
aumento do consumo, gerado a partir do aumento populacional no planeta, ocasionando, como
consequência, o aumento das atividades agrícolas e industriais, atividades, por natureza, que
necessitam de consumo exacerbado de água para sua prática. Por sua vez, caso você queira utilizar a
segunda perspectiva, argumente acerca da falta de consciência social, haja vista que pessoas, nas
atividades domésticas diárias, utilizam-se da água como um recurso infinito, ou mesmo um problema
que vai atingir outras pessoas, mas não chegará em sua residência. Portanto, você tem caminhos
variados para está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que
melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente.
Pensando no exame, o texto Dissertativo-Argumentativo, utilizado pela Instituto Federal do
Norte de Minas Gerais, compõe-se de três partes essenciais:
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual. Treine e treine e, quando cansar de treinar, treine mais um pouco. Escrever, nós
realmente só aprendemos escrevendo.
Os textos motivadores da coletânea apresentam caminhos para que você, na hora de sua escrita,
consiga focalizar melhor a discussão que está sendo esperada. Portanto, deixamos para você as ideias
centrais do texto apresentado na coletânea.
Para enriquecer sua argumentação, é interessante que você utilize repertórios. Esses podem ser
compostos de dados estatísticos, de falas de sociólogos, escritores, podem ser referências de filmes,
livros que você tenha lido e que se articule à ideia que você está desenvolvendo. Lembre-se que, desde
que seja bem articulada ao que você está desenvolvendo, as possibilidades de referências externas são
muitas, e o uso produtivo dessas referências vai enriquecer sua argumentação e possibilitar uma nota
mais elevada.
quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a partir de variadas perspectivas. É preciso enfatizar,
portanto, que o consumismo é o pilar dessa temática, pois é, especialmente, em torno dele que gira o
mercado de capital, grande responsável pela modificação na natureza. A partir do reconhecimento de
que o homem é o grande responsável pelas mudanças na natureza, seu texto deve apontar para a
conscientização dos jovens dessa problemática imersa em nosso tempo.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: existe
uma falta de conhecimento dos jovens sobre quem é o grande responsável pelas mudanças climáticas,
reforçada pela divulgação superficial de notícias, que retratam o tema como algo específico da natureza;
ou ainda você pode falar que, apesar de não ser o suficiente, já existe uma participação jovem
considerável na luta pela preservação do meio ambiente, lembrando inclusive da ativista mirim Greta
Thunberg, em sua participação ativa pela preservação ambiental. A primeira opção dará a você mais
oportunidades de dialogar acerca do tema. Assim, você poderia, por exemplo, falar do trabalho
ineficiente escolar na divulgação dos malefícios gerados pelo homem ao meio ambiente. Também, você
teria oportunidade de pensar como que os desastres ambientais são divulgados pela mídia como algo
específico gerado pela natureza, sem a conscientização que é o homem o grande causador dessas
transformações na natureza. Portanto, você tem caminhos variados para está desenvolvendo seu texto,
basta se apropriar de um deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma
argumentação consistente.
Pensando no exame, o Artigo de Opinião, utilizado pela UFMS, compõe-se de três partes
essenciais:
Assim, em sua introdução, você deverá delimitar o seu tema e apresentar a sua tese. A partir
disso, você estará construindo seu projeto de texto, elemento fundamental na escrita de uma redação.
Quando uma produção apresenta um projeto de texto, o leitor, na introdução, já focaliza o assunto que
está sendo abordado e o seu ponto de vista sobre ele, o que você irá defender sobre esse tema. Logo,
com o projeto de texto, mostra-se, antes de argumentar, qual o caminho opinativo, ou seja, qual a tese
que você apresentará em seu texto. Pense que o seu leitor, ainda que seja um corretor, não “conhece”
o seu tema. É como se estivesse entrando em contato com ele pela primeira vez. Tudo caminha para
que ele compreenda o tema a partir do seu texto.
Por sua vez, no desenvolvimento, você deverá apresentar seus argumentos. Comumente,
recomendamos dois argumentos pela extensão da redação. Pode parecer muito, mas 30 linhas, para um
texto bem desenvolvido, acaba sendo pouco. Assim, com dois argumentos, fica um pouco mais fácil de
desenvolver as ideias como deve. É importante destacar que o repertório deve estar presente,
fundamentando seus argumentos de forma clara e produtiva. Sempre coloque repertório em seus
argumentos e apresente, claramente, a ligação entre as duas partes: a sua afirmação e o repertório.
Por fim, você deve concluir as ideias desenvolvidas ao longo do texto, reafirmando o seu
posicionamento inicial. Retome aos argumentos explanados para poder dar um fechamento geral no
texto, sempre articulando ao tema de sua redação.
Não esqueça, no gênero Artigo de Opinião, deve haver a interlocução com o leitor!
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual.
A seguir, apresentamos uma pequena análise de cada um dos textos constantes da proposta.
TEXTO I TEXTO II
Apresento, a seguir, algumas palavras que podem contribuir com seu conhecimento sobre o
tema, bem como podem enriquecer seu vocabulário.
3.7 . Política
TExto 2
Não é capricho
A proposta de criação de um gênero neutro na língua portuguesa e de mudanças na forma com que nos
comunicamos nem sempre é aceita, e costuma ser vista como "capricho".
Para Monique Amaral de Freitas, doutoranda em Linguística pela USP (Universidade de São Paulo),
apresentadora do podcast "Linguística Vulgar" e colunista no blog "Cientistas Feministas", o debate está
longe de ser irrelevante.
"Há dois problemas com esse tipo de afirmação. O primeiro é que ela pressupõe que a língua seria
apenas um reflexo da sociedade, o que, a esse altura, no campo das ciências da linguagem, já sabemos
que não é verdade. A relação entre língua e sociedade não é de mão única. As coisas que dizemos são,
por elas mesmas, ações no mundo, elas têm consequências. O segundo problema é que refletir sobre a
linguagem não nos impede de agir a respeito de outras questões", explica.
(...)
Mesmo com os desafios morfológicos, a linguista afirma que não é impossível pensar em proposições
mais inclusivas. E isso não necessariamente significa que há uma tentativa de "destruição" do
português. "A história de uma língua sempre conta muito sobre a história de seus falantes, de modo que
as coisas que falamos hoje em dia não brotaram da terra ou vieram prontas, mas dependem de nossa
história como humanidade. (...) Nesse sentido, as propostas já existentes seriam primeiros passos nesse
movimento, e não uma forma final a ser imposta a todos os falantes", afirma.
No caso do Brasil, a proposta de linguagem neutra exige, além de vontade política dentro da área da
educação e da sociedade em geral, uma soma de forças de diversos setores da sociedade para assim
desenvolver um sistema que possa ser aprendido por brasileiros já alfabetizados e pelos que estão em
processo de alfabetização.
"A resistência que ocorre, seja dentro ou fora da universidade, geracional ou não, não diz respeito à
viabilidade dessa mudança, pois não existe nenhum empecilho estrutural nos sistemas que estão sendo
propostos. O sistema "elu/delu" é só uma sugestão, mas poderia ser qualquer outro. Essa mudança é
possível linguisticamente, em todos os sentidos, mas a discussão se dá por conta do grupo social que
está propondo e do que está sendo discutido", opina Jonas Maria.
(https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/10/07/linguagem-neutra-proposta-de-inclusao-esbarra-
em-questoes-linguisticas.htm)
Texto 3
Projeto proíbe linguagem neutra de gênero em instituições de ensino e bancas de concurso
O Projeto de Lei 5198/20 proíbe instituições de ensino e bancas examinadoras de concursos públicos de
utilizarem o gênero neutro para se referir a pessoas que não se identificam com os gêneros masculino e
feminino, como a população LGBTI. O texto será analisado pela Câmara dos Deputados.
Autor do projeto, o deputado Junio Amaral (PSL-MG) afirma que, nos ambientes formais de ensino e
educação, não deve ser permitido “o emprego de linguagem que, corrompendo as regras gramaticais,
pretenda se referir a gênero neutro, inexistente na língua portuguesa”.
“Este projeto de lei é apresentado em resposta a tentativas isoladas de impor ao conjunto do todo
nacional uma visão linguística que reconheceria no português um terceiro gênero, o neutro, ao lado dos
gêneros masculino e feminino”, diz o parlamentar.
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-
argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A defesa da Língua e cultura brasileiras exclui a adoção da linguagem neutra?
Texto I
Programada para ocorrer em 2020, a Copa América, tal como a Eurocopa, foi adiada para 2021 em razão da pandemia da
Covid-19. A competição ocorreria pela primeira vez na história em dois países: Argentina e Colômbia. No entanto, a dias do
início da competição, ambas as sedes desistiram de receber o evento e a Copa América, agora, será realizada no Brasil.
(...)
Não há de se apagar o Sol com a peneira: o movimento contrário à Copa América é político, oportunista e circunstancial. A
verdade é que atletas utilizaram a Covid como pretexto para não perderem as férias; o Grupo Globo, para minar a competição
que será transmitida pela concorrência e competirá com a Euro e os jogos da seleção feminina, transmitidas pelo Grupo Globo;
e a oposição para, como habitual, causar tumulto.
https://www.gazetadopovo.com.br/opiniao/artigos/a-reclamacao-e-politica-oportunista-e-
circunstancial/
Texto II
FILOSOFIA OLÍMPICA DE VIDA
Herdada dos Jogos Olímpicos da Grécia Antiga, a filosofia utiliza o esporte como instrumento para a
promoção da paz, da união, e do respeito por regras, e adversários. As diferenças culturais, étnicas e
religiosas são de grande importância nesta forma de pensar baseada na combinação entre esporte,
cultura e meio ambiente.
A educação, a integração cultural e a busca pela excelência através do esporte são ideais a serem
alcançados. O Olimpismo tem como princípios a amizade, a compreensão mútua, a igualdade, a
solidariedade e o "fair play" (jogo limpo). Mais que uma filosofia esportiva, o Olimpismo é uma filosofia
de vida. A ideia é que a prática destes valores ultrapasse as fronteiras das arenas esportivas e influencie
a vida de todos.
https://www.cob.org.br/pt/cob/movimento-olimpico/o-olimpismo
Texto III
O esporte sempre foi uma ferramenta de fomentação política sim, de transformação e em alguns casos de conquistas
fundamentais e de alicerce para algumas lutas. É bem verdade também de que o esporte foi usado para ludibriar e manipular
politicamente as pessoas, mas tudo no planeta não foi sempre utilizado para os dois lados?
Ou irão me dizer, que a TV e a música, veículos de entretenimento nunca foram utilizados de forma correta ou para
depreciação?
Se começarmos a mencionar no período helenístico (de 323 a.C. a 146 a.C.) o esporte era utilizado como preparação militar e
também para estabelecer relacionamento de paz entre cidades e estados e assim nasceram os jogos olímpicos que deram
sentido ao período helenístico selando a paz entre cidades Gregas para sua realização.
Já nos jogos olímpicos da era moderna, Hitler utilizou dos jogos para demonstrar a força de sua nação e seus ideais, realizando
uma das melhores olimpíadas da história, os jogos de 1936. Onde também ocorreu um fato que marcou o mundo esportivo e
político como referência contra o racismo, a conquista do ouro de Jesse Owens (EUA).
https://www.torcedores.com/noticias/2018/02/esporte-e-politica-caminham-juntos-sim
Texto IV
Futebol e política não devem se misturar
Não importa se o jogador atua pela esquerda, direita ou centro no Brasil. Dentro das competições
organizadas pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), ele não deve manifestar sua posição política
enquanto estiver em atividade, tampouco explicitar qualquer opinião extracampo. Quem defende essa
postura quase alienada dos atletas é o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
O procurador-geral da entidade, Felipe Bevilacqua, conversou com o Estado por telefone e explicou que
não há regras disciplinares relacionadas ao assunto no País, mas entende que, em respeito a todo o
negócio que envolve o futebol, dentro do local de trabalho, no caso os estádios, o atleta deveria se limitar
apenas a se manifestar sobre o jogo em si. E isso inclui não fazer críticas e elogios ao torneio e também à
arbitragem - o que tem sido um desafio e tanto para jogadores e técnicos.
“Para mim é conduta inadequada para um ambiente de trabalho (dar opinião), ainda mais representando
um clube”, diz. “O campeonato não é feito para ter manifestação política.”
(https://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,futebol-e-politica-nao-devem-se-misturar-em-
campo-defende-stjd,70002566736)
Texto V
http://esportesemdebates.blogspot.com/2014/10/esporte-e-politica-eleicoes-2014.html
A partir da leitura dos textos motivadores acima e de suas próprias reflexões, escreva um texto
opinativo-argumentativo sobre o seguinte tema:
A relação entre futebol e política
Texto II
Ela nasceu em 1933 para esmagar a oposição a Adolf Hitler e logo se transformou na peça central
do terror nazista. Com a ajuda de cidadãos comuns, a Gestapo vigiou, sequestrou, torturou e
executou milhares de pessoas
Em 1934, a estudante de música Ilse Sonja Totzke chamou a atenção dos moradores da pequena
Wurtzburgo, na Alemanha. Volta e meia, era vista conversando com judeus. Graças a denúncias
anônimas, em 1936, sua caixa de correio passou a ser vigiada pela Gestapo. Três anos depois, o
médico Ludwig Kneisel foi ao quartel-general da polícia secreta do regime nazista para delatar o
"comportamento suspeito" da vizinha. Em 1940, foi a vez da jovem Gertrude Weiss. Ela informou
aos agentes que a estudante nunca respondia à saudação "Heil Hitler!".
Questionada no ano seguinte, Totzke confirmou que tinha amigas, mas não amigos judeus. Corria
o risco de ser acusada de ter relações sexuais com eles - um grave delito de "desonra racial".
(...)
Raros alemães desafiaram a Gestapo como ela. Milhões, contudo, viveram no mesmo clima de
pavor, em que todos eram denunciantes e potenciais denunciados.
Após a Segunda Guerra, a polícia secreta de Adolf Hitler tinha a fama de ser infalível e implacável,
quase onisciente, até. Hoje, porém, historiadores têm uma visão distinta. Embora fosse a peça
central do terror nazista e agisse praticamente acima da lei, a Gestapo não teria a mesma eficácia
sem a colaboração de cidadãos comuns, como Kneisel e Weiss.
(...)
Vigiar o pensamento não era novidade no país. Desde os tempos do Segundo Império (1871-1918),
o chanceler Otto von Bismarck costumava recorrer a leis especiais para perseguir oponentes.
(Perazzo, Priscila F. “A história da Gestapo.doc”.
In http://minhateca.com.br/pedroassisteixeira/Documentos/LIVROS+E+ARTIGOS, site
consultado em 05.09.2014)
Texto III
“As cidades de segurança urbanas transformaram-se ao longo dos séculos em estufas ou
incubadoras de perigos reais ou imaginários, endêmicos ou planejados. Construídas com a ideia de
instalar ilhas de ordem num mar de caos, as cidades transformaram-se nas fontes mais profusas
de desordem, exigindo muralhas, barricadas, torres de vigilância e canhoneiras visíveis e invisíveis
– além de incontáveis homens armados.
(...) o tema unificador de todos esses dispositivos de segurança intraurbana é “o medo do Outro”.
Mas esse Outro que tendemos ou somos induzidos a temer não é algum indivíduo ou categoria
de indivíduos que se estabeleceu, ou foi forçado a fazê-lo, fora dos limites da cidade, e aos quais
se negou o direito de fixar residência ou se estabelecer temporariamente. Em vez disso, o Outro
é um vizinho, um transeunte, um vadio, um espreitador, em última instância, qualquer estranho.
Mas então, como todos sabemos, os moradores das cidades são estranhos entre si, e todos somos
suspeitos de portar o perigo; assim, todos nós, em algum grau, queremos que as ameaças
flutuantes, difusas e incontroladas sejam condensadas e acumuladas num conjunto de “suspeitos
habituais”. Espera-se que essa condensação mantenha a ameaça afastada e também,
simultaneamente, nos proteja do perigo de sermos classificados como parte dela.
É por essa dupla razão – proteger-nos dos perigos e de sermos classificados como um perigo – que
temos investido numa densa rede de medidas de vigilância, seleção, segregação e exclusão.
Lembre-se de que seu texto deve partir de uma tese bem determinada, ou seja, você deve manifestar um
posicionamento claro diante do tema.
Sua redação deve ter no mínimo 20 linhas e, no máximo 30.
Dos 594 deputados e senadores em exercício no Congresso Nacional, 190 (32%) já foram condenados na
Justiça e/ou nos Tribunais de Contas.
Texto 2
Nossa tradição cultural, por diversas razões, criou um ideal de cidadania política sem vínculos com a
efetiva vida social dos brasileiros. Na teoria, aprendemos que devemos ser cidadãos; na prática, que não
é possível, nem desejável, comportarmo-nos como cidadãos. A face política do modelo de identidade
nacional é permanentemente corroída pelo desrespeito aos nossos ideais de conduta.
Idealmente, ser brasileiro significa herdar a tradição democrática na qual somos todos iguais perante a
lei e onde o direito à vida, à liberdade e à busca da felicidade é uma propriedade inalienável de cada um
de nós; na realidade, ser brasileiro significa viver em um sistema socioeconômico injusto, onde a lei só
existe para os pobres e para os inimigos e onde os direitos individuais são monopólio dos poucos que
têm muito.
Preso nesse impasse, o brasileiro vem sendo coagido a reagir de duas maneiras. Na primeira, com apatia
e desesperança. É o caso dos que continuam acreditando nos valores ideais da cultura e não querem
converter-se ao cinismo das classes dominantes e de seus seguidores. Essas pessoas experimentam uma
notável diminuição da autoestima na identidade de cidadão, pois não aceitam conviver com o baixo
padrão de moralidade vigente, mas tampouco sabem como agir honradamente sem se tornarem vítimas
de abusos e humilhações de toda ordem. Deixam-se assim contagiar pela inércia ou sonham em
renunciar à identidade nacional, abandonando o país. Na segunda maneira, a mais nociva, o indivíduo
adere à ética da sobrevivência ou à lei do vale-tudo: pensa escapar à delinquência, tornando-se
delinquente.
Texto 3
Se o eleitorado tem bastante clareza quanto à falta de honestidade dos políticos brasileiros, não se pode
dizer o mesmo em relação à sua própria imagem como “povo brasileiro”. Isto pode ser um reflexo do
aclamado “jeitinho brasileiro”, ora motivo de orgulho, ora de vergonha.
De qualquer forma, fica claro que há problemas tanto quando se fala de honestidade de uma forma
genérica, como quando há abordagem específica de comportamentos antiéticos, alguns ilegais: a
“caixinha” para o guarda não multar, a sonegação de impostos, a compra de produtos piratas, as
fraudes no seguro, entre outros. A questão que está posta aqui é que a população parece não relacionar
seus “pequenos desvios” com o comportamento desonesto atribuído aos políticos.
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma redação de gênero
dissertativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
Texto 1.:
“O site do Instituto de Arte de Chicago disponibilizou um acervo com mais de 52 mil imagens de
obras de arte em alta resolução. Todas elas estão em Creative Commons, tipo de licença que permite a
você compartilhar, baixá-las em alta resolução e, assim, dar uma pegada mais conceitual ao plano de
fundo de seu computador ou celular, por exemplo.
A coleção pode ser acessada a partir de vários filtros – tudo está em inglês, mas a navegação,
garantimos, é simples. Clicando na categoria “Mostrar Apenas” e selecionando a opção ”Domínio
Público”, você pode explorar aspectos como as obra por data – o posto de mais antiga da lista é
ocupado por um artefato de pedra esculpida encontrado nos Estados Unidos, que têm mais de 10 mil
anos de idade. Há imagens de pinturas, ilustrações, gravuras, fotografias, esculturas e trabalhos em
tecido. (...)” (Revista Superinteressante, 09/11/18)
Texto 2.:
“Desigualdades no acesso à produção cultural:
- Entretenimento: a minoria dos brasileiros frequenta cinema uma vez no ano. Quase todos os
brasileiros nunca frequentaram museus ou jamais frequentaram alguma exposição de arte. Mais de 70%
dos brasileiros nunca assistiram a um espetáculo de dança, embora muitos saiam para dançar. Grande
parte dos municípios não possui salas de cinema, teatro, museus e espaços culturais multiuso.
- Livros e Bibliotecas: o brasileiro praticamente não tem o hábito de leitura. A maioria dos livros estão
concentrados nas mãos de muito poucos. O preço médio do livro de leitura é muito elevado quando se
compara com a renda do brasileiro nas classes C/D/E. Muitos municípios brasileiros não têm biblioteca,
a maioria destes se localiza no Nordeste, e apenas dois no Sudeste.
- Acesso à Internet: uma grande porcentagem de brasileiros não possui computador em casa, destes, a
maioria não tem qualquer acesso à internet (nem no trabalho, nem na escola).” (UNESCO, sem data)
Fonte: < www.unesco.org/new/pt/brasilia/culture/culture-and-development/access-to-culture> Acesso em 14 Mar. 2019.
Texto 3.:
“Para Ezequiel Ander-Egg (1987), o paradigma da democratização da cultura pretende ampliar o
acesso do grande público à cultura e à vida artística, caracterizando-se por distribuir os benefícios da
cultura para a população, mediante a difusão desde as instituições, e consistiria em proporcionar
conhecimentos e serviços da elite cultural, buscando diminuir a desigualdade no acesso aos bens
culturais, bem como ao patrimônio histórico. (...)
O outro paradigma de política pública voltada para a cultura, a democracia cultural, teria a
função de proporcionar a indivíduos, grupos e comunidades instrumentos necessários para desenvolver
suas potencialidades culturais, com a possibilidade de os cidadãos participarem ativamente da vida
social. Nesta perspectiva, a população se apropriaria de meios necessários para desenvolver suas
próprias práticas, dinamizando a cultura local a partir de suas referências e não tendo como horizonte
somente as práticas artísticas consagradas. O centro desta concepção tem a ver com a cultura local e
autônoma, enfatizando-se a cultura realizada por todos. O mais importante passa a ser a participação na
criação e nos processos culturais. Aqui, a cultura é vista como processo em que cada um possa conduzir
sua vida de modo autônomo, com o fim de desenvolver o conjunto de suas potencialidades, com
especial atenção à identidade cultural. Esta política busca valorizar as produções e ações culturais
independentes, sem que o Estado interfira nas escolhas e nos fazeres de grupos e comunidades (ANDER-
EGG, 1987, p. 41-45).”²
Fonte: <http://polis.org.br/wp-content/uploads/192-674-1-PB.pdf> Acesso em 14 Mar. 2019.
Texto 4.:
¹ Disponível em <https://www.nexojornal.com.br/expresso/2018/07/25/O-que-esta-pesquisa-revela-sobre-o-acesso-
%C3%A0-cultura-no-Brasil> Acesso em 24 Mar. 2019.
² SOUZA, Valmir de. Cidadania Cultural: entre a democratização da cultura e a democracia cultural. Pólis. Ano 8, número 14,
semestral, out/2017 a mar/ 2018, p. 97 – 107.
Texto I
Participação política, quando o jovem entra em cena
Entrevista com Renato Souza de Almeida, publicada na edição nº 390, setembro de 2008.
Votar com consciência social, discernindo o que é melhor para o município, mas sobretudo votar
com o coração, com a sensibilidade e o senso de justiça para enxergar o sofrimento dos pobres que mais
precisam do serviço público.
Este é um direito e uma obrigação dos jovens que começam a participar, não apenas das eleições,
mas também da organização de grupos e do debate sobre o futuro que queremos. Um debate que conta
com as ideias e a ação de Renato Souza de Almeida.
Dizem que o jovem não gosta de política. Isto é verdade?
O jovem não é um sujeito isolado do restante da sociedade. E, de uma forma geral, toda a
sociedade tem partilhado certa descrença na ação política. Num contexto histórico em que muitas
pessoas estão desanimadas com a política, é evidente que muitos jovens também vão partilhar desse
sentimento. No entanto o que é política? Nas últimas pesquisas realizadas com jovens sobre este tema é
interessante notar que, ao falar de política, muitos afirmam que não gostam. Mas quando se trata do
tema da participação social, a maioria acha que é muito importante. E participar não é um ato político? A
palavra política está muito associada ao governo, ao partido... Se ampliarmos esta noção de política para
a ideia de participação pública e coletiva, pode crer que muitos jovens não só gostam de política como
têm um forte engajamento, maior inclusive que qualquer outro segmento social.
O que leva o jovem a desacreditar na política?
Primeiro, é entendermos o que de fato o jovem está chamando de política. Algumas palavras são
muito significativas, mas estão desgastadas quanto ao seu uso. Evidentemente isso não é por acaso. No
campo da política institucional, a forma com que muitos dos políticos profissionais têm tratado as
questões públicas faz com que desacreditemos que qualquer mudança seja possível. Da mesma forma, a
mídia também contribui para que tenhamos uma ideia ruim da política. Valoriza-se muito, nos noticiários,
atitudes de corrupção, nepotismo... e muito pouco (ou quase nada) as boas ações políticas. Há uma série
de leis e políticas públicas importantes que foram pensadas por gente muito comprometida. Mas tenta-
se colocar todos no mesmo saco. Se se conhece apenas maus exemplos, o descrédito dos jovens a esta
política institucional será natural.
(http://www.mundojovem.com.br/entrevistas/participacao-politica-quando-o-jovem-entra-em-cena. Fragmento.)
Texto II
Texto III
Cidadania: reflexo da participação política
Por CRISTIANE ROZICKI (Mestre em Direito pelo Curso de Pós Graduação em Direito da Universidade
Federal de Santa Catarina e doutoranda no mesmo curso)
Nos últimos tempos, usamos com frequência o termo cidadania em qualquer discurso ou diálogo
trivial, pois consiste, este vocábulo, devido ao seu significado abrangente, a designação que tende a ser
oportuna e adequada em inúmeras situações.
Todos experimentamos o exercício da cidadania ou o seu desrespeito na vida e, assim, acabamos
perfeitamente aptos para apontar a existência ou a falta da mesma sem dificuldades. Esta realidade
permite alcançar o conteúdo que aquele termo designa a partir de um sem número de direitos que o
integram. Tais direitos, seguindo a moral de vida de uma sociedade e de seus interesses, vão sendo
estendidos e ampliados, favorecendo, por conseguinte, a identificação do significado e conteúdo da
cidadania em uma quase infinita variedade de situações.
Cidadania, palavra derivada de cidade, estudada por Aristóteles, é melhor compreendida se
pensarmos a cidade como o Estado. Desse modo entendida cidadania, é possível dizer que, todo cidadão,
que integra a sociedade pluralista do Estado democrático, é senhor do exercício da cidadania, a qual, em
síntese, é vocábulo que expressa um extenso conjunto de direitos e de deveres.
Esta ideia, de exercício de um vasto conjunto de direitos e de deveres, consiste o conceito amplo
de cidadania, cujo conteúdo, superior ao conceito estrito de cidadania, o qual é percebido unicamente
como o exercício do direito e dever políticos de votar e de ser votado, só adquire pleno significado, no
INSTRUÇÕES:
• O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
• O texto definitivo deverá ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
• A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões
terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
Texto 1
A CONDIÇÃO HUMANA
A Vita Activa e a Condição Humana
Com a expressão vita activa, pretendo designar três atividades humanas fundamentais: labor, trabalho e
ação. Trata-se de atividades fundamentais porque a cada uma delas corresponde uma das condições
básicas mediante as quais a vida foi dada ao homem na Terra.
O labor é a atividade que corresponde ao processo biológico do corpo humano, cujos crescimento
espontâneo, metabolismo e eventual declínio têm a ver com as necessidades vitais produzidas e
introduzidas pelo labor no processo da vida. A condição humana do labor é a própria vida.
O trabalho é a atividade correspondente ao artificialismo da existência humana, existência esta não
necessariamente contida no eterno ciclo vital da espécie, e cuja mortalidade não é compensada por este
último. O trabalho produz um mundo “artificial” de coisas, nitidamente diferente de qualquer ambiente
natural. Dentro de suas fronteiras habita cada vida individual, embora esse mundo se destine a sobreviver
e a transcender todas as vidas individuais. A condição humana do trabalho é a mundanidade.
A ação, única atividade que se exerce diretamente entre os homens sem a mediação das coisas ou da
matéria, corresponde à condição humana da pluralidade, ao fato de que homens, e não o Homem, vivem
na Terra e habitam o mundo. Todos os aspectos da condição humana têm alguma relação com a política;
mas esta pluralidade é especificamente a condição – não apenas a conditio sine qua non, mas a conditio
per quam – de toda a vida política. (...) A ação seria um luxo desnecessário, uma caprichosa interferência
com as leis gerais do comportamento, se os homens não passassem de repetições interminavelmente
reproduzíveis do mesmo modelo, todas dotadas da mesma natureza e essência, tão previsíveis quanto a
natureza e a essência de qualquer outra coisa.
ARENDT, Hannah. A Condição Humana. Tradução de Roberto Raposo:
Editora da Universidade de São Paulo, 1981. pp. 15-17 (texto adaptado).
Texto 2
Das vantagens de ser bobo
O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. O bobo é capaz de
ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa,
responde: "Estou fazendo. Estou pensando.".
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da
esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a ideia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não veem. Os espertos estão sempre tão atentos
às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os veem como simples pessoas
humanas. O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto,
muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a
compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso
porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer.
Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão
estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem
de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e, portanto, estar tranquilo, enquanto o esperto não dorme à
noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que
venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos
espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu,
Brutus?".
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não
teria morrido na cruz.
Texto 3
EXAUSTO
Eu quero uma licença de dormir,
perdão pra descansar horas a fio,
sem ao menos sonhar
a leve palha de um pequeno sonho.
Quero o que antes da vida
foi o sono profundo das espécies,
a graça de um estado.
Semente.
Muito mais que raízes.
Texto 4
Disponível em <http://www.universidadedocoracao.org/joomla/index.php/rss-da-univerdade-do-
coracao/item/92-mova-se-nao-seja-morno-saia-do-comodismo>, acessado em 25.09.2019.
Os textos acima discutem a ação moral ou política como própria essência do ser humano. Com base nos
textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação, empregando a norma-
padrão da língua portuguesa, sobre o tema: As possibilidades e limites da ação política ou moral.
Texto 2
Qual é, em comparação com outras estratégias de protesto, a eficácia do voto nulo? Em que medida e
sob que circunstâncias ele produz realmente o efeito desejado?
Afastemos, desde logo, a suposição de que um alto percentual de votos nulos acarreta a
nulidade da própria eleição. Trata-se de uma crença totalmente desprovida de fundamento; a
Constituição vigente nada estipula nesse sentido. A questão a considerar é, pois, o objetivo dos
proponentes do voto nulo. Protestar contra o quê, exatamente?
O atual estado de coisas é lastimável, mas a contribuição do voto nulo à correção dele é
rigorosamente zero. Neste caso, nada há na anulação que se possa chamar de público – ou seja, de
político, no melhor sentido da palavra. Nas condições do momento, ele apenas exprime um mal-estar
subjetivo, difuso, de caráter individual. Qualquer que seja seu peso nos números finais da eleição, ele
será apenas uma soma desses mal-estares e da apatia que deles decorre.
(Bolívar Lamounier. “Voto nulo: como, quando, para quê?”. Folha de S.Paulo, 12.07.2014. Adaptado.)
Texto 3
Não concordo com o sistema de representação política do Brasil. Minha alternativa de protesto é o
voto nulo.
Na hora de divulgar os resultados, reais ou de pesquisas, a imprensa costuma somar os votos
nulos e brancos. O significado dos dois é diferente. O voto nulo é, em princípio, um protesto, inclusive
contra o próprio processo eleitoral. Já o voto branco diz que o eleitor concorda com a decisão da
maioria.
Votar nulo não se trata de atacar o governo ou a oposição, mas o sistema político inteiro,
dizendo não à promiscuidade partidária que confunde o eleitor com essa miscelânea de acordos
nacionais e regionais que querem reduzir a cidadania a uma negociata por horários na TV.
(Hugo Possolo. “Protestar pelo voto nulo”. Folha de S.Paulo, 14.07.2014. Adaptado.)
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
O voto nulo é um ato político eficaz?
Com um histórico de golpes, contragolpes e crises, o momento de crise econômica e política que
o Brasil vive hoje é apenas mais um na sua história. Mas desta vez há um novo componente. “Estamos,
pela primeira vez, em um processo de redefinição do espaço político e da moral. Nós estamos
redefinindo liames políticos e isso está atingindo todos os partidos. A sociedade está cobrando mais
questões éticas. Hoje eu sou mais esperançoso do que em 1990, por exemplo”, disse neste domingo
(29) o historiador Leandro Karnal, professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pouco
antes da aula inaugural para os novos alunos dos cursos de medicina e odontologia da Faculdade São
Leopoldo Mandic. Leia abaixo, trechos da entrevista concedida ao Correio.
O Brasil tem jeito?
Você só pode fazer alguma coisa mediante a característica essencial da esperança. O problema
do pessimismo é que ele não constrói nenhum projeto de vida ou de empresa, ou de estudo. Então, eu
acho que a crise econômica é uma entre dezenas. Vocês podem reclamar de uma inflação de 7% ao ano,
e como eu tenho 53 anos, eu já peguei 84% ao mês, no último ano do governo Sarney. As crises vêm e
vão. Toda a minha vida pessoal e profissional foi feita com crise. A questão econômica vem e volta.
Na comparação com a evolução de outras crises, diria que essa está chegando ao fim?
Há sinais mais ou menos sistêmicos de que o grosso da recessão começou a terminar. Há sinais
de que não está mais diminuindo a atividade econômica, mas ela continua com 12 milhões de
desempregados. E isso é bastante angustiante, porque o desemprego tira a esperança de jovens e joga
jovens para os campos extremos de esquerda e de direita, que são dois campos estéreis, ruins,
agressivos. Mas a crise econômica tende a passar. A crise econômica funciona como doença, ou passa a
doença ou passa o doente. Ou seja, ou o Brasil resolve a crise ou nós desaparecemos.
A crise política também está passando?
Acho que nós estamos, pela primeira vez, em um processo de redefinição do espaço político e da
moral. Eu acho isso muito interessante. Eu tenho mais esperança nesse momento do que eu tinha há 20
anos. Nós estamos redefinindo liames políticos e isso está atingindo todos os partidos. A sociedade está
cobrando mais questões éticas. Hoje eu sou mais esperançoso do que em 1990, por exemplo.
Na história do Brasil, nós já passamos por uma crise tão forte como essa?
Tivemos piores que essa. O que nós nunca passamos é por uma vontade sistemática de resolver.
Só para lembrar, em agosto de 1954, o Brasil estava magnetizado pelas denúncias de corrupção contra
Getúlio Vargas. O atentado da Rua Tonelero contra Lacerda (o jornalista e político Carlos Lacerda,
principal opositor de Vargas) trouxe à tona que o chefe da guarda pessoal de Getúlio tinha fazendas
apesar de ser um funcionário público mal-remunerado. As denúncias de corrupção se multiplicaram,
Getúlio se suicidou dia 24 de agosto e foi sucedido por Café Filho. No ano seguinte, Café Filho teve um
problema de saúde, e foi sucedido por um inimigo do grupo que estava no poder, que era Carlos Luz que
tentou dar um golpe, fugiu do Rio de Janeiro em um barco, foi bombardeado na Baía da Guanabara pelo
marechal Lott (ministro da Guerra em 1955), que deu o contragolpe para garantir a posse do ministro do
Supremo e finalmente passar o poder para Juscelino Kubitschek em 1956. Ou seja, em prazo muito curto
nós tivemos cinco presidentes.
O que tivemos de diferente na história recente?
A história do Brasil inteira é uma história de golpes, contragolpes. Na verdade, o que os jovens
não têm muita clareza é que o período em que eles se tornaram mais maduros, ou com mais
consciência, é uma exceção na história do Brasil, que é a era Fernando Henrique e Lula, quando um
presidente civil eleito passou o poder para outro presidente civil eleito em meio a estabilidade
econômica. E isto é excepcional e parece que acostumou mal as pessoas.
Então, olhando a história, diria que dessa vez nós estamos nos saindo bem?
Nós estamos no processo de refazer a política nacional. Hoje, atitudes que contrariam a vontade
popular representam imediatamente manifestações. Temos uma imprensa muito mais livre e atuante,
uma internet, uma capacidade de gravar coisas, uma transparência. Nós não resolvemos os problemas,
mas nós estamos hoje com potencial para resolvê-los. Isso não ocorria antes. Nós temos hoje uma
verificação da ética que é muito maior do que já houve na história do Brasil. A diferença é que hoje nós
estamos na investigação dos problemas. Isso é novo e muito esperançoso.
Então, temos saída?
Tem, e não é aquela que se dizia na década perdida, na década 80, que era o aeroporto. E nem
aquela desilusão de um general como Simon Bolívar que em 1830, pouco antes de morrer de
tuberculose no Rio Madalena, dizia que quem luta pela liberdade na América está arando o mar, está
fazendo algo inútil. Perguntaram a ele o que fazer pelo nosso continente, ele dizia: emigrar.
Esse discurso de ódio que vem aflorando na sociedade vai acalmar?
Isso está trazendo à tona que pessoas com diferentes projetos políticos estão convivendo. Gente
que nunca conviveu fora do seu gueto está convivendo e temos hoje debates distintos sobre os destinos
do País, temos posições políticas muito distintas, nós aprendemos a expor nossas ideias. Está faltando a
etapa seguinte, que é aprender a ouvir os outros. A democracia sempre é um aprendizado. O Congresso
brasileiro é uma representação dessa sociedade e é justo e bom que lá você encontre pessoas muito
diferentes umas das outras. Temos a aprender que dentro da lei o debate é muito bom.
Disponível em: http://correio.rac.com.br/_conteudo/2017/01/campinas_e_rmc/467035-historiador-ve-redefinicao-politica-e-moral-no-
pais.html. Acesso em: 12 abr. 2017.
[Adaptado para fins de vestibular]
Proposta de Redação
Como retratado ironicamente na charge, grande parte da sociedade brasileira considera-se
desesperançada em relação à situação atual do país. Diferentemente desse posicionamento, o Professor
Leandro Karnal crê existir potencial para a resolução de problemas que afetam a política nacional.
Considerando esses dois olhares, manifeste seu ponto de vista, expressando o que você faria para
contribuir com a retroversão desse quadro de desesperança.
Sustente seu posicionamento com argumentos relevantes e convincentes, articulados de forma coesa e
coerente. Dê um título ao texto.
Seu trabalho será avaliado de acordo com os seguintes critérios: espírito crítico, adequação do texto ao
desenvolvimento do tema, estrutura textual compatível com o texto dissertativo-argumentativo e
emprego da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
A história das guerras é uma história de alteridades. Cada guerra é um fenômeno único, singular,
irredutível. Os gregos guerreavam em nome da virtude; os “bárbaros” germânicos e os cavaleiros das
estepes asiáticas, em nome do saque. Os cruzados lutaram na Terra Santa por Deus e pela Igreja. Os
franceses e protestantes alemães combateram o império Habsburgo portando o estandarte da
soberania secular. Napoleão Bonaparte marchou sob a bandeira do império. A glória nacional animou o
exército prussiano de Bismarck; o “Reich de mil anos”, a Wehrmacht de Hitler. Os vietnamitas
enfrentaram a França e os Estados Unidos da América para conseguirem a independência e a soberania.
Árabes e israelenses bateram-se por fragmentos de território.
Demétrio Magnoli. No espelho da guerra. In: Demétrio Magnoli (org.) História das guerras. 3.ª ed. São
Paulo: Contexto, 2006, p. 15 (com adaptações).
Considerando que os textos e as imagens apresentados têm caráter unicamente motivador, redija,
utilizando a modalidade padrão da língua escrita, um texto expositivo-argumentativo sobre o seguinte
tema.
Muitas histórias teriam diferente repercussão se fossem contadas com outro ponto de vista. Há
517 anos, os povos indígenas já moravam nas terras brasileiras. Os colonizadores, por sua vez, se
depararam com uma terra fértil, cheia de riquezas, água potável e o povo indígena despido. “O nome
índio quem deu foram os assaltantes dessa terra, o Brasil já era descoberto muito antes deles
chegarem”, comenta José Carlos Lucas, 60 anos, músico e médico espiritual indígena.
Com o ‘descobrimento’ do Brasil, esse povo sofreu diversas violações, o que é pouco lembrado
nos livros de história. “De acordo com relatos de pajés mais velhos, muitos não aceitaram ser escravos e
tiveram que se separar, fugir ou foram assassinados”, conta o músico. Os portugueses possuíam armas
de fogo, enquanto os indígenas só tinham arcos e flechas. Os índios perderam suas terras e a liberdade
para exercer sua cultura. Ainda hoje, o povo indígena luta para ter seu espaço respeitado e apenas
deseja que sua cultura não desapareça. “O Brasil é o único país que não dá valor a suas raízes, mas todos
são um pouco índios. Existe violência contra a cor da pele, mas o espiritual é só um, o que importa mais
é o ser da pessoa, todos são a mesma coisa”, afirma José Carlos.
Atualmente, existem 896,9 mil indígenas em todo o território nacional, segundo o Censo 2010,
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Entre as regiões do Brasil, a maior parte está
concentrada na região Norte, com 342,8 mil indígenas, e a menor no Sul, com 78,8 mil.
Entre as principais etnias indígenas brasileiras na atualidade estão a Ticuna (35.000), Guarani
(30.000), Caiagangue ou Caigangue (25.000), Macuxi (20.000), Terena (16.000), Guajajara (14.000),
Xavante (12.000), Ianomâmi (12.000), Pataxó (9.700) e Potiguara (7.700).
é o uso ou não da tecnologia dentro das aldeias. Em muitas delas, hoje já é possível encontrar
televisões, celulares e notebooks.
“Não é que o índio deve ficar pelado, fumando cachimbo, o índio também evolui. Deve-se usar o
celular, mas minha crítica sobre o uso do celular é para todo mundo, é uma questão de consciência.
Todo mundo está jogando tudo em cima do celular, a internet dita o que devemos fazer com a nossa
vida”, afirma José Carlos.
Enquanto os mais velhos buscam a preservação dos antigos costumes, alguns índios mais jovens
buscam mais inclusão e seu lugar no mundo.
“As grandes cidades oferecem muitas facilidades, oferecem shopping, tênis, celular de última
geração, e até as crianças de hoje em dia não querem mais saber de brincar na rua. O que se esperar de
uma sociedade assim?”, observa o músico.
Texto II
Retratos – Índios: Regaste cultural
(2009. Ano 6. Edição 52 – 05/07/2009)
Por Suelen Menezes, de Brasília
Iphan inicia reconhecimento de manifestações culturais indígenas. "Preservar as referências culturais dos
povos indígenas significa que estamos reafirmando nossas raízes", diz Ana Gita de Oliveira, do instituto
Um dos projetos que estão em fase de conclusão é o de tombamento das paisagens sagradas dos
povos indígenas do Alto Xingu, no Mato Grosso. Entre 2005 e 2006, foram encontrados materiais
arqueológicos na região onde foi construída a Usina Hidrelétrica Paranatinga II, no rio Culuene, um dos
principais formadores do rio Xingu.
O trabalho de arqueologia foi desenvolvido com a participação ativa de todas as comunidades
indígenas envolvidas. "Por ser considerado o território sagrado dos índios, entendemos que não
poderíamos fazer isso sem eles", diz Rogério José Dias, gerente de Arqueologia do Iphan, que
acompanhou toda a pesquisa.
"Dois caciques coordenaram a abertura da mata, delimitando o perímetro da aldeia sagrada.
Logo nos primeiros vinte metros foram encontradas, em superfície, centenas de fragmentos de vasilhas
cerâmicas que se estendem em quase toda a totalidade da delimitação. Uma peça de cerâmica com
formato de rabo de tartaruga foi muito comemorada, assim como as trempes para suporte das panelas
e tachos de assar beiju. Todos estavam de acordo que aquele lugar era de fato o local da aldeia
sagrada", de acordo com o relatório de instrumentação ao processo de tombamento das paisagens
sagradas do Alto Xingu.
Texto III
Especialistas dizem que políticas de assimilação podem destruir povos indígenas
Em mensagem para o Dia Internacional dos Povos Indígenas, 9 de agosto, relatores da ONU alertaram
para os riscos de desaparecimento das línguas indígenas.
Estima-se que, de todos os 7 mil idiomas falados no mundo, 40% estão em perigo e podem deixar de
existir — a maioria deles é de línguas indígenas. Para os relatores, o atual cenário é reflexo de políticas
estatais de assimilação que podem “destruir uma cultura e até mesmo um povo”.
Em mensagem para o Dia Internacional dos Povos Indígenas, 9 de agosto, relatores da ONU
alertaram para os riscos de desaparecimento das línguas indígenas. Estima-se que, de todos os 7 mil
idiomas falados no mundo, 40% estão em perigo e podem deixar de existir — a maioria deles é de
línguas indígenas. Para os relatores, o atual cenário é reflexo de políticas estatais de assimilação que
podem “destruir uma cultura e até mesmo um povo”.
“Essa situação reflete políticas históricas de Estados e a discriminação contínua contra os falantes
de línguas indígenas e com vistas à assimilação de minorias e à construção da nação. Com o tempo, tais
políticas podem debilitar e destruir efetivamente uma cultura, e até mesmo um povo”, afirmaram os
especialistas independentes das Nações Unidas.
“A língua é um direito, não um privilégio. A Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos
Povos Indígenas reconhece o direito dos povos indígenas de revitalizar, usar, desenvolver e transmitir as
suas línguas às gerações futuras. Isso inclui principalmente o direito de estabelecer e controlar as
instituições responsáveis pela educação, mídia e governança.” De acordo com a ONU, existem
aproximadamente 370 milhões de indígenas no mundo, espalhados por cerca de 90 países.
Os relatores explicaram ainda que as línguas indígenas são necessárias para o exercício de
diferentes direitos humanos, como as liberdades de expressão e de consciência — ambas fundamentais
para a dignidade humana. Os idiomas dos povos originários, segundo os especialistas da ONU, são
essenciais para os processos culturais e políticos de autodeterminação.
“Eles (os idiomas indígenas) também são críticos para a sobrevivência da nossa sociedade global.
Contendo a sabedoria de conhecimentos ambientais tradicionais e da comunicação intercultural, as
línguas indígenas apontam o caminho para combater a mudanças climáticas e para viver em paz.”
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva uma dissertação,
empregando a norma-
-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
TEXTO II
A nova cara da família brasileira
Em 15 anos, número de casais com filhos caiu 11,2% no país. Relatório mostra que outros
arranjos familiares vêm ganhando força.
As famílias brasileiras estão se transformando. Em 15 anos, entre 1992 e 2007, o número de
casais com filhos, o estereótipo da família tradicional, caiu 11,2%. A queda foi compensada pelo
aumento dos novos arranjos familiares: casais sem filhos, mulheres solteiras, mães com filhos, homens
solteiros e pais com filhos. Os dados fazem parte do Relatório de Desenvolvimento Humano 2010,
divulgado na terça-feira pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). [...]
(Gazeta do Povo. A nova cara da família brasileira. 27 mai. 2010. Disponível em:
http://www.gazetadopovo.com.br/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=1007637 Acesso em 20 set 2014)
TEXTO III
Enquete sobre Estatuto da Família bate recorde de acessos ao site da Câmara
A maior polêmica do Estatuto da Família é a definição de entidade familiar como o núcleo
formado pela união entre homem e mulher. A enquete gerou efeito viral nas mídias sociais e soma o
maior número de votos em enquetes promovidas pelo Portal da Câmara dos Deputados, com mais de
417 mil votantes em dez dias.
A enquete sobre o projeto de lei que trata do Estatuto da Família (PL 6583/13) já bateu
recorde de acessos ao site da Câmara dos Deputados. Desde o dia 11 de fevereiro, quando foi incluída
na página da casa legislativa, até o final da tarde desta sexta-feira (21), 422.449 pessoas haviam votado
sobre o tema, com 51% dos participantes a favor do projeto e 48% contra.[...] um homem e uma
mulher, por meio de casamento ou união estável. Também considera família a comunidade formada por
qualquer dos pais e seus descendentes, por exemplo: uma viúva ou viúvo e seus filhos; um divorciado,
uma divorciada ou mãe solteira com seus dependentes.
A pergunta da enquete do site da Câmara é: "Você concorda com a definição de família
como núcleo formado a partir da união entre homem e mulher, prevista no projeto que cria o Estatuto
da Família?" Os votos sim e não estão muito equilibrados e a enquete saiu do ar várias vezes por causa
do grande número de acessos.
(Câmara dos deputados. Enquete sobre Estatuto da Família bate recorde de acessos ao site da Câmara. Disponível em:
http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/DIREITOS-HUMANOS/462211-ENQUETESOBRE-ESTATUTO-DA-FAMILIA-BATE-
RECORDE-DE-ACESSOS-AO-SITE-DA-CAMARA.html Acesso em 20 set 2014)
TExto 2
Não é capricho
A proposta de criação de um gênero neutro na língua portuguesa e de mudanças na forma com que nos
comunicamos nem sempre é aceita, e costuma ser vista como "capricho".
Para Monique Amaral de Freitas, doutoranda em Linguística pela USP (Universidade de São Paulo),
apresentadora do podcast "Linguística Vulgar" e colunista no blog "Cientistas Feministas", o debate está
longe de ser irrelevante.
"Há dois problemas com esse tipo de afirmação. O primeiro é que ela pressupõe que a língua seria
apenas um reflexo da sociedade, o que, a esse altura, no campo das ciências da linguagem, já sabemos
que não é verdade. A relação entre língua e sociedade não é de mão única. As coisas que dizemos são,
por elas mesmas, ações no mundo, elas têm consequências. O segundo problema é que refletir sobre a
linguagem não nos impede de agir a respeito de outras questões", explica.
(...)
Mesmo com os desafios morfológicos, a linguista afirma que não é impossível pensar em proposições
mais inclusivas. E isso não necessariamente significa que há uma tentativa de "destruição" do
português. "A história de uma língua sempre conta muito sobre a história de seus falantes, de modo que
as coisas que falamos hoje em dia não brotaram da terra ou vieram prontas, mas dependem de nossa
história como humanidade. (...) Nesse sentido, as propostas já existentes seriam primeiros passos nesse
movimento, e não uma forma final a ser imposta a todos os falantes", afirma.
No caso do Brasil, a proposta de linguagem neutra exige, além de vontade política dentro da área da
educação e da sociedade em geral, uma soma de forças de diversos setores da sociedade para assim
desenvolver um sistema que possa ser aprendido por brasileiros já alfabetizados e pelos que estão em
processo de alfabetização.
"A resistência que ocorre, seja dentro ou fora da universidade, geracional ou não, não diz respeito à
viabilidade dessa mudança, pois não existe nenhum empecilho estrutural nos sistemas que estão sendo
propostos. O sistema "elu/delu" é só uma sugestão, mas poderia ser qualquer outro. Essa mudança é
possível linguisticamente, em todos os sentidos, mas a discussão se dá por conta do grupo social que
está propondo e do que está sendo discutido", opina Jonas Maria.
(https://tab.uol.com.br/noticias/redacao/2020/10/07/linguagem-neutra-proposta-de-inclusao-esbarra-
em-questoes-linguisticas.htm)
Texto 3
Projeto proíbe linguagem neutra de gênero em instituições de ensino e bancas de concurso
O Projeto de Lei 5198/20 proíbe instituições de ensino e bancas examinadoras de concursos públicos de
utilizarem o gênero neutro para se referir a pessoas que não se identificam com os gêneros masculino e
feminino, como a população LGBTI. O texto será analisado pela Câmara dos Deputados.
Autor do projeto, o deputado Junio Amaral (PSL-MG) afirma que, nos ambientes formais de ensino e
educação, não deve ser permitido “o emprego de linguagem que, corrompendo as regras gramaticais,
pretenda se referir a gênero neutro, inexistente na língua portuguesa”.
“Este projeto de lei é apresentado em resposta a tentativas isoladas de impor ao conjunto do todo
nacional uma visão linguística que reconheceria no português um terceiro gênero, o neutro, ao lado dos
gêneros masculino e feminino”, diz o parlamentar.
Com base nos textos apresentados e em seus próprios conhecimentos, escreva um texto dissertativo-
argumentativo, empregando a norma-padrão da língua portuguesa, sobre o tema:
A defesa da Língua e cultura brasileiras exclui a adoção da linguagem neutra?
Comentário
Nessa proposta temos a presença de três textos motivadores, como a proposta já indica você deve
construir a sua argumentação a partir da leitura dos textos e de seu conhecimento de mundo. Logo, para
compreendermos o tema é necessário fazer a leitura atenta dos textos para agilizar na hora de
confeccionar o seu texto e fazer uma boa reflexão sobre o tema. Essa proposta da UEA pede um texto
dissertativo argumentativo, desse modo, a sua estrutura deve considerar a presença de uma tese, em sua
introdução e seleção de argumentos para defende-la, em seu desenvolvimento.
E a linguagem neutra? Bem, a linguagem neutra (ou não binária) apresenta o intuito de
ressignificar o idioma por meio de uma linguagem que não determine uma marcação de gênero específica,
mas por meio da ausência de marcadores de gênero. Dessa maneira, são utilizados símbolos como nos
exemplos: amigXs, todes, tod@s. Apesar de seu papel inclusivo, essa proposta não tem apenas a inclusão
como foco, mas seu foco principal é desfazer a desigualdade considerando uma não marcação de gênero,
tem como defensores ativistas do movimento feminista e também LGBTQIA+.
No segundo texto temos um posicionamento favorável ao uso da linguagem neutra, visto que
indica que a presença do gênero neutro na língua não seria um capricho, de acordo com o título do texto.
Nesse texto contamos com proposições de uma doutoranda em Linguística pela USP e de Jonas Maria,
criador de conteúdo, transgênero e formado em Letras. A partir dessas proposições podemos
compreender o aspecto vivo da língua, que é sim passível de mudanças.
De acordo com a linguista Monique Amaral de Freitas há dois problemas que precisam ser
refletidos acerca da afirmação de que seria um capricho o uso de termos e expressões neutras. A primeira
seria a indicação de que a língua é apenas um reflexo da sociedade, outro ponto seria o fato de que refletir
sobre a linguagem não seria um empecilho para respeitar outras formas de linguagem. Desse modo,
perceba que em sua dissertação, a depender de seu posicionamento, esses são aspectos que você pode
considerar em seu desenvolvimento.
O texto finaliza com a fala de Jonas Maria acerca da resistência que as pessoas enfrentam acerca
do sistema neutro proposto. O criador de conteúdo e ativista trans explica que a resistência diante do
sistema “elu/delu” seria mais em razão do grupo que reivindica tal sistema do que propriamente a
preocupação com empecilhos estruturais.
O terceiro texto encerra a coletânea com uma visão que vai de encontro à linguagem neutra, visto
que indica a proibição da linguagem neutra em instituições de ensino e bancas de concurso. Essa proibição
se dá por meio de um projeto de lei do deputado Junio Amaral. De acordo com o deputado nos âmbitos
formais não seria ideal a permissão do gênero neutro, pois segundo a visão do deputado, estria
corrompendo regras gramaticais.
Note que estamos diante de uma frase tema em forma de pergunta direta, esse questionamento
pede para que o candidato escolha um dos caminhos possíveis e justifique essa sua escolha ao longo de
sua argumentação.
Frase tema: A defesa da Língua e cultura brasileiras excluem a adoção da linguagem neutra?
Perceba que estamos diante de duas teses possíveis a depender da escolha de posicionamento do
candidato. Desse modo, vamos ver argumentos possíveis diante de cada tese.
Argumentos possíveis:
Excluem:
- A defesa da Língua e cultura brasileiras pode sim excluir a adoção da linguagem neutra, ao passo que
essa defesa se guia a partir de elementos baseados na língua padrão, ou seja, na norma culta padrão da
Língua Portuguesa.
- A falta de uma reflexão favorável a respeito da inclusão do gênero neutro empobrece a discussão a
respeito de nossa língua e exclui os adotantes desse sistema.
Não excluem:
- A defesa da Língua e cultura brasileiras não excluem a adoção da linguagem neutra, visto que é
possível defende-las pensando na importância de se pensar acerca de uma tradição, para que se possa
desfazer a ideia de que a língua é engessada e pode sofrer mudanças com o tempo e de acordo com
outros contextos sociais.
- A defesa da Língua e cultura brasileiras não excluem a adoção da linguagem neutra, desde que essa
defesa não considere tais aspectos tradicionais como únicos. Logo, é preciso compreender que há a
coexistência de outros sistemas dentro da língua, assim como o gênero neutro.
Perceba que os textos motivadores são fundamentais para que você compreenda qual
posicionamento defender. Sendo assim, perceba que o primeiro texto introduz o tema, o segundo
apresenta uma visão favorável à inclusão da linguagem neutra, por sua vez o texto três mostra uma
posição contrária à adoção da linguagem neutra. Logo, tome os textos e seus conhecimentos como guias
para elaborar seu texto. Veja que se deve ter atenção ao posicionamento tomado, visto que durante a
sua defesa o vestibulando não deve se contradizer. Portanto, analise os seus argumentos e verifique se o
seu posicionamento não vai de encontro à tese escolhida.
Comentário
Esta proposta pede que o vestibulando discuta “A relação entre futebol e política”. Trata-se de
um tema atual e oportuno, aquecido pela polêmica causada pelo nosso país ter decidido sediar a Copa
América durante o período de pandemia, depois da desistência de Argentina e Colômbia de realizar o
evento.
Depreende-se da coletânea que a relação entre futebol e política vai muito além disso. Por trás do
evento esportivo em si, há interesses em jogo, desde os direitos de transmissão dos jogos até os
interesses dos próprios atletas, porque a competição é uma espécie de vitrine para os craques e seu
desempenho pode garantir um bom contrato em times de primeira categoria com salários astronômicos.
Para entender melhor os contornos da proposta, bora dar uma olhada no que diz a coletânea.
Coletânea de textos
O Texto I é um artigo que anuncia a realização da Copa América no Brasil, depois de ter sido adiada
para 2021 e da desistência de Argentina e Colômbia de sediarem o evento. Segundo a notícia, o
movimento contra a realização do torneio foi motivado por questões políticas e não sanitárias e envolveu
a defesa de interesses de atletas e do Grupo Globo, que não transmitirá o evento e terá nele um
concorrente para a sua programação.
O Texto II, divulgado no site do COB (Comitê Olímpico do Brasil) explica o significado do olimpismo,
entendido como uma filosofia olímpica de vida, herdada dos gregos, destacando o valor do esporte na
promoção da paz, da união, e do respeito por regras e adversários. Seu objetivo é contribuir para a
construção de um mundo melhor, sem qualquer tipo de discriminação, e assegurar a prática esportiva
como um direito de todos. Segundo o Comitê, o olimpismo é uma filosofia de vida que extrapola os limites
do esporte.
O Texto III é um artigo que estabelece conexão entre o esporte e a política mais diretamente, mostrando que ele foi
usado em diferentes momentos para fomentar conquistas fundamentais e para alicerçar algumas lutas, bem como para
ludibriar e manipular politicamente as pessoas. Foram citados dois exemplos: no período helenístico, o esporte servia para
preparação militar e para o estabelecimento de paz entre as cidades e estados, o que é a origem dos jogos olímpicos; no
período moderno, Hitler fez uso político das Olimpíadas em 1936, quando ofereceu uma das melhores Olimpíadas da história
e mostrou com a isso a força de sua nação e de seus ideais. Também se ressaltou a vitória de Jesse Owens que foi um evento
marcante esportiva e politicamente e ficou como uma referência ao combate ao racismo.
O Texto IV é um artigo do jornal Estadão que informa que o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) divulgou
uma espécie de lei da mordaça para os jogadores: eles não podem manifestar sua posição política enquanto estiverem em
atividade, tampouco explicitar qualquer opinião extracampo. Eles devem se limitar a se manifestar apenas sobre o jogo, mas
não sobre o torneio e a arbitragem.
O Texto V é uma charge que ironiza o aspecto alienador do futebol, já que os apaixonados pelo esporte acabam sendo
manipulados pelo aspecto político e pelo jogo de interesses de políticos e cartolas.
A proposta é capiciosa. Sugere que se possa fazer uma redação expositiva em que se demonstre
simplesmente a relação entre futebol e política. Claro que se se pode fazer isso, mas como se trata de um
texto opinativo-argumentativo, você deve manifestar um ponto de vista valorativo, ou seja, deve ficar
claro qual é o seu lado. Não fique “em cima do muro”.
As teses abaixo são algumas possíveis dentre outras. Têm caráter exemplificativo
Encaminhamentos possíveis
Os textos dados na coletânea são motivadores e também fonte de ideias para desenvolvimento
argumentativo. O princípio do olimpismo, por exemplo, pode servir para a defesa da tese de que o
futebol não deveria se misturar com a política, pois deve ter um caráter neutro. O texto três por outro
lado, apresenta um número razoável de eventos esportivos, na história, que tiveram alguma importância
política. O recurso da paráfrase ampliada e usada de forma autoral pode ser uma boa pedida na
elaboração do desenvolvimento do texto.
Além dessas possibilidades, há outras. Como exemplo, apresento abaixo um argumento possível
para cada uma das teses acima.
jogadores pudessem se valer desse capital de influência para promover a conscientização política dos
torcedores, eles teriam um papel mais relevante do que simplesmente entreter seus fãs.
A relação entre política e futebol é prejudicial à sociedade
Esse argumento pode englobar o seguinte “O futebol promove a alienação política” . A política
é uma atividade do campo da ação, mas não de qualquer uma, porque ela inclui a deliberação e execução
de tarefas que devem promover um futuro melhor para a coletividade. É um ideal bonito e pode ser
colocado em prática se as pessoas se interessarem por política. O futebol, na medida que distrai a atenção
dos torcedores, desvia-os de discutir o que realmente interessa. A própria postura dos jogadores, que
promovem seus próprios interesses, reforça, aos espectadores, a ideologia de que é normal o
comportamento baseado na máxima de “cada um por si”, afastando as pessoas de um pensamento
coletivo.
Pensar em casos particulares talvez ajude. A vigilância a que Obama se referiu foi além dos limites. A NSA
espionou inclusive chefes de Estado, como a aliada Angela Merkel, chanceler alemã. Esse caso, específico
dá uma medida. A vigilância deve atender a finalidades muito precisas e não servir a interesses que não
sejam a segurança dos cidadãos.
Mas supondo que você não tenha se lembrado desse fato. O que fazer?
Nesse caso, a leitura atenta poderia tê-lo ajudado. Bauman cita o perigo e, portanto, o limite: “seleção,
segregação e exclusão”. Vigiar extensivamente somente uma parte da população, aquela que é
considerada suspeita, reforça estigmas sociais e justifica práticas violentas contra essa população.
Obviamente, você poderia fazer a balança pender mais para o outro lado, para o lado da segurança.
Poderia lembrar que o governo Obama estava lidando com o pós 11 de setembro e, portanto, práticas de
vigilância se tonaram necessárias para que o medo social não fizesse mais estragos. É só imaginar que se
o Estado não assumisse seu papel público, os cidadãos americanos poderiam partir para a autodefesa
privada.
Esses exemplos apontam o caminho das pedras, mas não esgotam as possibilidades.
De qualquer forma, valeria a pena, no começo do seu texto, tentar contextualizar a questão (mostrando
que você leu bem o tema) e apontando com clareza a sua tese.
Esboço
Tese 1: A corrupção política não é reflexo direto da sociedade brasileira, pois a malandragem do
cidadão comum é uma forma de sobrevivência, enquanto a malandragem do político tem a ver com a
ideia de tirar proveito de uma situação social já privilegiada.
Tese2: A corrupção política é reflexo de uma sociedade que, na prática, desdenha da cidadania.
Tese 3: A corrupção política é facilitada pela disseminação do “jeitinho brasileiro”, mas vai
além, pois o poder político tem mais atribuições do que o cidadão comum.
Argumento 1:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos,
citações______________________________________________________________________
Argumento 2:
_____________________________________________________________________________
Fatos, exemplos, citações:_______________________________________________________
O Texto 1. fala sobre uma iniciativa de digitalização de acervo de museu. A internet se mostra,
hoje, capaz de alcançar distâncias maiores, aumentando o conhecimento e acesso a locais e acervos que
antes só poderiam ser vistos pessoalmente. Porém, o acesso à tecnologia e a barreira linguística – já que
a maioria dos sites de museus do mundo estão em inglês – ainda podem ser entraves na
democratização da cultura.
O Texto 2. apresenta dados acerca do acesso à arte e cultura no Brasil hoje. Fica evidente pelos
dados que algumas questões se mostram como obstáculos nesse campo: a arte e a cultura ainda se
encontram em espaços caros ou elitizados, o que afasta uma parcela da população desses ambientes; o
tempo para ir a espaços de cultura é pequeno, dado o cotidiano de trabalho dos brasileiros; as
desigualdades sociais ainda são um entrave no consumo de cultura, principalmente tendo em vista o
papel da internet nesse campo.
O Texto 3. distingue dois conceitos: democratização da cultura e democracia cultural. Enquanto
uma lida com a difusão, ou seja, o acesso ao consumo de cultura, a outra pensa nos processos
produtivos. O autor fala sobre a ideia de que cultura seja vista como processo capaz de criar uma vida
autônoma, além da possibilidade de constituição de identidades a partir da produção cultural.
O Texto 4. demonstra visualmente as dificuldades ainda encontradas no acesso à cultura. Fica
claro que a classe social ainda é um dado definidor da possibilidade de consumo de bens culturais. Além
disso, apesar de haver estratégias que diminuam o impacto financeiro do acesso às artes e à cultura –
como a meia entrada – o sistema tende a criar impedimentos para que o direito seja usufruído.
Há uma série de teses que poderiam ser desenvolvidas a partir disso. Tomando como base
alguns elementos de cada texto:
-O papel da internet como possibilitador da democratização da cultura.
Possíveis argumentos: a internet permite acesso a conteúdo no exterior do Brasil; com mais
acesso à internet, há mais facilidade de encontrar suas áreas de interesse, incentivando a vontade de
consumir cultura; a internet facilita que artistas divulguem suas obras.
-A participação ativa na produção cultural como modo de ampliar o acesso.
Possíveis argumentos: maior diversidade entre os produtores garante obras mais diferentes
entre si e, portanto, maior oferta de cultura; a originalidade dos temas atrai públicos diferentes; artistas
de realidades periféricas costumam se preocupar com aumentar o acesso.
-A necessidade de igualdade social para que haja maior acesso à cultura.
Possíveis argumentos: ampliação do acesso à internet garante maior contato com cultura e a
arte; o hábito de frequentar espaços de cultura também está ligado à classe; os museus precisam agir de
modo a facilitar o acesso (horários, dias entrada franca em algum dia, etc.).
Outros, por sua vez, abrem mão completamente desse tipo de posicionamento, preferindo eximir-se,
inclusive, de pensar sobre o assunto.
Diante disso, surge a ideia de que a modificação dos aspectos políticos, no país, fica prejudicada, visto
que não temos a geração que será a responsável por tal mudança empenhada em pensar um país
melhor, não assolado por tamanha corrupção e pensamento em si mesmo. Cabe, inclusive em sua
redação, questionar o papel dos mais velhos nessa história. Esse papel está prejudicado terrivelmente no
caso dos professores que, muitas vezes, ao tentarem criar pensamento crítico nos estudantes, são
taxados de doutrinadores. Esse pensamento pode ser aplicado facilmente como um de seus argumentos
ao questionar a relação entre o jovem e a sua participação mais efetiva na política.
Bons exemplos para sua argumentação são os relacionados às manifestações, muitas vezes organizadas
pelos jovens, com objetivos políticos muito claros, como aquelas organizadas pela UNE durante a
ditadura militar; o momento das Diretas Já que teve a participação efetiva das organizações de
estudantes, mais uma vez como a UNE; e, de forma mais clara ainda, o movimento dos cara-pintada da
década de 90, responsável por enorme pressão contra o presidente Fernando Collor.
Há limites:
✓ Por mais que se deseje, o sistema político, na sociedade atual, limita participação política.
✓ O estilo de vida do mundo moderno, com ênfase no sucesso pessoal, exaure o indivíduo e deixa
pouco espaço para ações políticas ou morais.
✓ A cyber política promove uma certa ilusão de participação política e moral.
Há possibilidades
✓ As estruturas democráticas atuais permitem as possibilidades de participação política ou moral
✓ A internet democratizou e ampliou o espaço de ação, por um lado, pois permite a discussão
necessária para ação.
Como a banca procura a ideia de uma análise mais ampla do tema, pode ser interessante falar,
nesse caso, sobre como é importante a participação política do cidadão é extremamente importante para
o país. Acredito que esse posicionamento será o mais amplo e o mais bem-visto pela banca na hora da
correção. Dessa forma, foque seus esforços argumentativos nesse caminho de tese.
Quando pensamos na necessidade de participação do cidadão no meio político, nos deparamos
com uma série de fatores que atrapalham essa participação. Tais fatores podem ser entendidos como os
argumentos a serem utilizados, como veremos a seguir. Uma das considerações de contexto que
precisamos analisar é a fuga do cidadão brasileiro de discutir quaisquer aspectos relacionados à política,
como quando usamos o famoso “ditado” de que religião, futebol e política não devem ser discutidos. É
interessante perceber que essa postura acaba tomando conta dos cidadãos, uma vez que preferimos
deixar de lado discussões engrandecedoras, mas renunciamos à discussão por conta do medo de tocar
em assuntos sacralizados pela população.
Vale destacar que a discussão política não se liga necessariamente à discussão ideológica. Claro
que há grande possibilidade de a discussão caminhar para o lado da polarização brasileira atual. Tendo
isso em conta, podemos apresentar alguns elementos e argumentos que poderão ser utilizados na
construção do texto dissertativo solicitado.
• O indivíduo se esconde atrás de uma tela de computador para postar suas ideias, mas não age com
relação à política.
• As manifestações e demonstrações de pensamento político dos últimos anos, no Brasil, são
exemplo da tentativa de uma maior participação do povo no assunto.
• A compreensão de que o posicionamento é importante tem sido construído com o tempo.
• As crianças deveriam ser estimuladas a pensar em política durante a escola, visto que, no futuro,
elas serão decisivas para a política do país e precisam entender como esta funciona.
• A massificação do pensamento acaba sendo perpetrada, quando não há discussão aberta sobre o
assunto.
• O posicionamento político é fora de propósito se não se transformar em ação social e política.
• Há necessidade de que as pessoas discutam e ajam para que a política perca o estigma de tabu em
nossa sociedade.
argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente, agrada o leitor.
Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para sustentar o tema.
Por fim, sua conclusão pode apresentar -se de forma mais clássica, com a construção de uma
retomada da tese e um resumo dos argumentos. Pode, ainda, apresentar uma proposta de intervenção
com a apresentação, por exemplo de como poderemos construir o hábito da leitura como um processo
de redução de pena em nossos presídios. Seria literalmente apresenta uma ideia de como essa conta
seria feita, como seriam controlados e administrados os livros que foram efetivamente lidos.
A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto. Vamos lá!
Coletânea de textos
Nessa coletânea de textos, há a apresentação de ideias que veem o voto nulo como uma opção
de protesto por parte dos eleitores e há a apresentação de ideias contrárias a ele, buscando elucidar,
aos leitores, as reais motivações dessa ação. Em geral, o voto nulo é visto como um protesto contrário
ao processo eleitoral como funciona no país, não servindo como combate à corrupção, por exemplo.
Esse é um ponto importante mesmo. Sem esperança, podemos pensar que nada mudará e a
situação, apesar de parecer impossível, pode piorar. Perceba que o primeiro texto, entrevista com
Leandro Karnal, historiador e professor brasileiro, apresenta a ideia de que há esperança para que
possamos nos mover da crise, principalmente quando pensamos historicamente. A charge, por sua vez,
apresenta a ideia de que a população está desesperançosa com a situação, visto que ela parece
modificar-se.
Com relação à estrutura de seu texto, recomendamos que, em sua introdução, você apresente
contextualização de seu tema. É importantíssimo que você pense que não o leitor de seu texto não terá
conhecimento de seu tema até ler seu texto. Sei que temos uma relação estranha com isso, uma vez que
já sabemos que nosso leitor é o corretor de nosso texto, claro, já sabendo do nosso tema. Eu sempre
digo pra fingirmos que não sabemos quem lerá o texto, para que você coloque essa contextualização em
sua introdução. Além dela, recomendamos que você já apresente sua tese, para que fique claro aquilo
que será defendido por você.
Depois de apresentada a tese e o tema, é hora de argumentarmos para sustentar o que estamos
defendendo, ou seja, devemos sustentar a nossa tese sempre por meio de argumentos. Tais
argumentos, claro, precisam de sustentação também. Essa segunda sustentação é aquilo que se
convencionou chamar de repertório, ou seja, você argumenta e, ao apresentar repertório, sustenta o
argumento e o tira do senso comum, dando profundidade e conteúdo que, literalmente, agrada o leitor.
Pense sempre nisso: argumentou? Então, é necessário que haja repertório para sustentar o tema.
Por fim, sua conclusão deve apresentar uma proposta de intervenção com ações, ou ação, que
deve buscar diminuir a desesperança com relação à crise. Busque fazer uma proposta que não seja
clichê e que envolva a população, por mais que tenha sido pedida uma proposta mais pessoalizada, visto
que usa o pronome “você” como determinante de quem deverá fazer alguma coisa para combater a
desesperança. A seguir, apresentamos um resumo do que deve ser colocado por você em seu texto.
Vamos lá!
Coletânea de textos
Nessa coletânea, temos dois textos para direcionar nossa escrita. Um deles apresenta que o
cenário de crise não deve atrapalhar a visão da população com relação à crise e à luta contra ela.
Lembre-se de que os textos são motivadores, ou seja, servem para que você saiba mais sobre o tema e
consiga ter clareza com relação a ele e àquilo que será defendido por você. Pense que você não deve, de
forma alguma, copiar partes desses textos na escrita do seu.
Com relação aos aspectos necessários à sua produção, usualmente o Cebraspe coloca um item
de correção desses aspectos com três níveis. Como assim, prof? Estabelece-se um valor para essa parte,
relacionada sempre com o conteúdo do seu texto, e esse valor é dividido por três, com atribuição
bastante simples de nota: o uso de um dos aspectos tem atribuição de 1/3 da nota; o de 2 aspectos, 2/3;
e, claro, o dos três aspectos, o valor total da avaliação. Já que falamos sobre correção do Cebraspe, é
interessante destacar que essa varia conforme o vestibular e com o tema. Contudo, sempre apresenta
uma regularidade: avaliam-se os aspectos de conteúdo, de coesão e coerência e de progressão textual.
Com relação à gramática, como você já está acostumado, temos descontos por erros com uma relação
desses e do número de linhas.
Com relação ao tema, é importante destacar que, para muitas pessoas, a guerra é um fator
importante de desenvolvimento tecnológico do mundo. Ou seja, muitas pessoas defendem que as
guerras, apesar de extremamente complexas com relação aos seres humanos, apresentam esse aspecto
positivo, com uma série de exemplos de elementos tecnológicos que foram criados em diversos desses
conflitos. Contudo, cabe a reflexão acerca do “valor pago para isso”: a perda de tantas pessoas
justificaria esse desenvolvimento tecnológico? Seria essa uma tentativa de justificar a barbárie que
representa a guerra? É isso que você deve apresentar em sua redação, visto que o tema apresenta os
conflitos como uma derrota para a humanidade.
Outro ponto importante é aquele que trata das motivações da guerra que, como apresentamos,
gera uma interessante introdução para a sua redação. Apresentamos, assim, as três principais causas
para a guerra:
Sempre vale lembrar que a principal motivação para os conflitos armados é o interesse
econômico que, na maior parte das vezes, se disfarça com a afirmação de serem travadas por outras
motivações. Essa é uma discussão interessante para sua redação.
De posse dessas informações mais gerais, passo a falar sobre o gênero expositivo-argumentativo,
visto que é um dos gêneros mais utilizados na UnB e menos explicados em sua vida escolar. Na
realidade, na escola, sempre há um reforço muito grande do texto dissertativo-argumentativo, mas não
necessariamente olhamos para o texto expositivo ou para o expositivo-argumentativo. Por isso,
apresentamos a seguir um pequeno roteiro de indicação de uma das formas que você pode se utilizar
para a produção dessa proposta. Destaco que essa é uma das ideias baseadas no que temos visto nas
redações do Cebraspe, com correção dessa banca.
Coletânea de textos
Usualmente, as coletâneas de texto do Cebraspe são extremamente diversificadas, com textos
mais curtos e em uma quantidade menor do que o usual. São entre 3 e 5 textos que são de gêneros e
com objetivos diferentes. Nessa proposta, vemos um texto científico relacionado às guerras, retirado de
um dicionário de história; um texto também científico, mas de história; e um texto “lírico”, com a
sensacional música de Renato Russo, gravada pela banda Legião Urbana. São textos considerados, pela
banca, como motivadores e não devem, claro, ser copiados de forma alguma.
O texto 1 apresenta uma definição do que é a guerra, já com indícios de suas motivações
variadas. Por ser um texto de dicionário, é bastante didático e apresenta-se com uma compreensão
mais fácil por parte do candidato. É interessante notar, claro, que você pode utilizar uma definição de
guerra em sua redação, visto que é uma das formas mais comuns de construção de introduções,
contudo essa definição apresentada por você não pode ser a cópia do que está no primeiro texto, senão
uma paráfrase interpretativa dele. Inclusive, como no seu texto você deverá falar sobre as motivações
para as guerras, não há problema em repetir as apresentadas no texto, visto que são as mesmas.
O texto 2, por sua vez, apresenta a ideia de que há, ainda que difícil de se pensar no senso
comum, uma singularidade nas guerras. São eventos sangrentos, claro, mas com particularidades,
principalmente em suas motivações. Inclusive, é interessante perceber que a motivação oficial da guerra
é o que movimentará os envolvidos, visto que, muitas vezes, esquecemo-nos de que os soldados são
motivados por fatores que não necessariamente se relacionam àquilo que pensam os comandantes e os
governantes. Nesse caso, essas motivações também são bastante interessantes para nossa construção
textual e, claro, podem repetir aquilo que está no texto, sem, contudo, copiar o texto. Faça uma
paráfrase.
Por fim, o texto 3 (minha música preferida do Legião) apresenta uma visão subjetiva da guerra,
pensando-a sempre como sem motivos, pelo menos aqueles que são ditos como os oficiais, e a relação
desses conflitos com a população. São jovens que irão para a guerra, para lutar por motivações que não
necessariamente sejam as suas. Há, claro, uma crítica a real motivação da maior parte das guerras: os
interesses econômicos, com a venda de armas e demais processos envolvidos na guerra. O final do
texto destaca a quantidade de mortes que ocorrem em uma guerra, fator que sempre precisa ser levado
em consideração por vocês, nossos candidatos.
Tese e argumentação
Como apresentamos no início dessa nossa análise, a construção do tema como “Guerra: derrota
para a humanidade”, juntamente com o aspecto que apresenta a guerra como uma derrota para os
vencidos e vencedores, leva a nossa tese a um direcionamento extremamente claro e, na minha singela
opinião, difícil de não ter nossa concordância: A guerra é realmente uma derrota para todos,
independente do lado em que lutam. Entendemos, inclusive, que, independente do que a guerra possa
gerar como desenvolvimento para o mundo, o preço a ser pago por esse desenvolvimento é muito alto,
visto que envolve a vida de muitas pessoas que guerreiam em nome daquilo que necessariamente não
acreditam, fazendo-o por patriotismo ou por convicção nos líderes.
Apresentamos, então, alguns argumentos que servirão somente como direcionamento de sua
redação, com ênfase para os aspectos que devem aparecer em sua redação. Destacamos, inclusive, que
o Cebraspe é afeito de forma profunda a uma redação bem escrita, claro, com fundamentação em seus
argumentos sempre que possível. Dessa forma, entendemos que os exemplos e referências históricas,
nesse caso, gerarão os melhores repertórios de justificativa de pensamentos. Use tudo aquilo que você
aprendeu no decorrer de sua vida escolar nas aulas de história, além daquilo que você aprende aqui
conosco, no Estratégia.
No caso do tema em questão, a forma de construção da proposta denota a ideia de uma tomada
de posicionamento, ou seja, você deverá escolher se a questão indígena, tão discutida nos últimos
tempos, no Brasil, é uma questão de assimilação cultural, ou de preservação. Assim, há três opções de
tese para esse tema:
Vale ressaltar que é sempre interessante tomar uma tese como forma direta de posicionamento,
isto é, deve-se evitar “ficar em cima do muro”. Contudo, mesclar assimilação e preservação pode não
ser considerada uma forma de não posicionamento, porque, ao afirmar que a cultura indígena, por
exemplo, precisa ser preservada, caminhamos para o lado de que parte dela já se assimilou à cultura
brasileira.
1) Defendemos a assimilação.
• No caso da assimilação, deve-se tomar cuidado para não haver ferimento dos direitos humanos,
pois isso pode ser mal interpretado por parte da banca corretora, ainda que não signifique ter a
redação eliminada do processo. Dessa forma, uma das possibilidades de argumentação é que,
como os índios participam da realidade do país, devem estar integrados à sociedade da qual fazem
parte, relacionando-se com o Estado a partir do mesmo contrato social dos demais cidadãos da
sociedade.
• Outra possibilidade de análise é a de que, para os nativos, é mais seguro ter sua realidade
absorvida pela sociedade branca, uma vez que passam a ser detentores dos mesmos direitos que
as demais pessoas da sociedade. Note que a relação de assimilar a realidade indígena tem princípio
defensor dos nativos.
• Ao aproximarmos os indígenas de nossa realidade, fica possível a utilização das áreas naturais
ocupadas incialmente pelos nativos, proporcionando a exploração da terra, aquecendo a
economia do país e gerando empregos no país.
Destaco que essa defesa é a mais complicada, uma vez que pode passar por cima da vontade
indígena, que temos entendido como sendo uma cultura preservacionista, ou seja, que busca a
preservação de sua história e de sua cultura. Aí temos um ponto interessante: a cultura não índia,
considerada etnocêntrica, por colocar o pensamento europeu de civilização em prática, como se fosse
superior à cultura indígena. A prática de etnocentrismo (no caso, eurocentrismo) é bastante comum em
relações de colonização, em que o povo dominador troca a cultura do dominado pela sua, por entender
que é civilizada e que aqueles que não apresentarem a mesma relação cultural é, ainda, bárbaro, como
a visão grega.
Aqui, vale trazer um ponto importante para entender a relação cultural do índio, bem como sua
relação com o mundo. Para o índio, o sagrado e a terra em que habitam é a mesma coisa, ou seja, cada
parte da natureza da floresta, assim como da terra na qual nasceram, são partes do universo divino, são
deuses. Essa relação explica o porquê do índio é tão ligado à questão da terra, necessitando de
demarcação para permanência no seu local sagrado. Dessa forma, como a terra é divinizada, o índio a
defende de destruição por parte do homem branco.
2) Defendemos a preservação
• O principal argumento, aqui tratado, é a ideia de que, a não preservação significa o fim da cultura
indígena como é conhecida, ou melhor, o fim das culturas indígenas, uma vez que há uma
variedade imensa de tribos e povos com diferentes relações culturais e linguísticas.
• A relação ancestral do índio com a terra, aqui em nosso continente, deve conceder, a ele, a
possibilidade de manutenção de suas terras.
• A melhoria de preservação do meio ambiente, exatamente porque o índio estabelece uma relação
religiosa com a terra.
• Assimilar a cultura indígena é destruir tal cultura, uma vem que há diferenças claras entre as
culturas, sendo vários os costumes indígenas que são malvistos na sociedade não índia.
• Permitir a preservação da cultura indígena é, sem dúvida, reconhecer que o índio teve importância
na formação do Brasil como nação, de forma diferente do que, normalmente, é dito. É comum
termos a visão de que o branco ajudou, e ainda ajuda, o índio na sua construção como ser humano.
• O ponto de vista histórico é sempre o do povo dominador, o que nos leva à ideia de que realmente
há uma diferença e certa bondade por parte da população não índia para com os nossos nativos.
Por fim, ressaltamos que, caso você, candidato, queira construir a tese mesclada, poderá
aproveitar os argumentos das duas listas, tomando o cuidado imenso de não compilar argumentos
contrários, ou seja, apresentar ideias que se eliminam, sob pena de tornar o texto incoerente. Boa
escrita!
coloca em questão a noção de família, em vista de que mesmo sem a presença do homem, a relação
mãe e filho não deixa de ser familiar. Ademais, cada vez mais as pessoas seguem vidas solos. Por
conseguinte, um outro arranjo familiar também está se destacando no Brasil, que é a formação familiar
de casais gays que adotam crianças. Portanto, há, cada vez mais, uma heterogeneidade no construto da
palavra família, o que, às vezes, suscita discussões, que é exatamente o que você vai trazer na escrita do
seu Artigo de Opinião. Vejamos, a seguir, algumas possibilidades de se trabalhar esse tema.
A partir das informações elencadas no quadro, observem que o tema pode ser trabalhado a
partir de variadas perspectivas. É preciso enfatizar, portanto, que o preconceito contra a diversidade de
arranjos familiares é o pilar dessa temática, pois é, especialmente, em torno dele que reside a
resistência social contra a heterogeneidade de tipos sociais no país. Assim, para que seu texto tenha
consistência, é interessante salientar essas problemáticas evidenciadas no quadro, para gerar uma tese
que respeite a diversidade.
Diante disso, esperamos que você, em sua redação, focalize uma das posições seguintes: ou você
se dispõe a falar dos preconceitos gerados em torno da diversidade de arranjos familiares, no
pressuposto da existência de uma família tradicional; por outro lado, você pode defender que já existe
no Brasil um avanço considerável no que concerne à aceitação dos variados tipos de família, o que
possibilita transferir para a Constituição de forma mais prática. Observe que, caso você queira se
dedicar a falar do primeiro argumento, você pode apontar a formação patriarcal religiosa da sociedade
brasileira, reforçada pelo ideal de família tradicional, constituída por marido, esposa e criança, pregado
pela Igreja, como fator determinante da manutenção de preconceitos. Mas é importante também que
você saiba que pode tratar dos dois fatores em seu texto, apresentando um quadro negativo que se
instalou na sociedade, mas que está em fase de mudança, que deve ser concretizada pela Carta Magna.
Portanto, você tem caminhos variados para está desenvolvendo seu texto, basta se apropriar de um
deles e escolher as ideias que melhor se articulem para desenvolver uma argumentação consistente.
Pensando no exame, o Artigo de Opinião, utilizado pela UENP, compõe-se de três partes
essenciais:
Coletânea de textos
Os textos motivadores são suportes para a compreensão do tema. Assim, não se pode utilizar
seus argumentos e nem parte desses textos na produção textual. Busque utilizar os textos como
direcionadores dos seus pensamentos. Muitas vezes, vocês apresentam a ideia de que não podem ler os
textos motivadores porque ocorrem essencialmente dois problemas: ou vocês descobrem que todos os
argumentos que têm estão colocados nos textos; ou sentem uma incontrolável necessidade de usar
aqueles argumentos que ficam fixos no seu inconsciente. Para resolver isso, só treinando muito a
produção textual.
A seguir, apresentamos uma pequena análise de cada um dos textos constantes da proposta.
TEXTO II TEXTO III
Considerações finais
Com esse material, você uma quantidade grande de propostas de redação separadas por
núcleos temáticos. A cada 2 meses, há uma atualização, fique atento.
Não deixe de produzir as redações e enviá-las para correção. É muito importante que você não
acumule redações para a última hora.
Esperamos seus textos.
Blog de crônicas :
https://www.outrasvias.com/