Você está na página 1de 39

SOLDAGEM

BÁSICA

Apostila complementar do Curso de Soldagem Básica


Era o que Faltava – Escola de Marcenaria - Brasília/DF
Sumário
03
06
08
09
13
14
18
20
25
Este Guia é dedicado aos alunos
do curso de SOLDAGEM BÁSICA
da Era o que Faltava – Escola de
Marcenaria. 1ª Edição - Set/2023.
NOÇÕES DE METALURGIA 03

A metalurgia é o ramo da engenharia que se concentra no estudo,


extração, produção, transformação e utilização dos metais e suas
ligas.
Cada metal apresenta características próprias e distintas, ou seja,
uns têm certas propriedades em maior ou menor grau do que outros.

Características Físicas – Condutividade elétrica e térmica, cor,


brilho, densidade, refratariedade;
Características Mecânicas – Tenacidade, ductilidade, resistência à
alta e baixa temperatura, conformabilidade, dureza;
Características Químicas – formação de ligas com outros metais,
susceptibilidade à corrosão aquosa e oxidação

Estas propriedades são aproveitadas da melhor forma possível dentro


da imensa gama de serviços que se utilizam os metais, como por
exemplo na construção de condutores elétricos (fios, cabos), usando
o cobre ou o alumínio, porque são metais que conduzem melhor a
eletricidade do que o ferro.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


NOÇÕES DE METALURGIA 04
A combinação de metais é definida como liga metálica. Cada liga
tem seu nome definido de acordo com a maior quantidade existente
de um deles na sua composição.

Ligas Ferrosas
Aço: Uma liga de ferro e carbono, com pequenas adições de outros elementos para
melhorar suas propriedades mecânicas.
Ferro Fundido: Uma liga de ferro, carbono e silício, com adições de outros elementos,
como manganês e fósforo. Existem diversos tipos de ferro fundido, incluindo ferro
fundido cinzento e ferro fundido nodular.
Ligas de Alumínio
Alumínio-Lítio: Uma liga de alumínio e lítio, utilizada em aplicações aeroespaciais.
Alumínio-Magnésio: Ligas de alumínio com magnésio para melhorar a resistência e a
durabilidade.
Ligas de Cobre
Bronze: Uma liga de cobre e estanho, às vezes com adições de outros elementos.
Latão: Uma liga de cobre e zinco, com possíveis adições de outros metais.
Cuproníquel: Uma liga de cobre e níquel, resistente à corrosão.
Ligas de Titânio
Geralmente incluem titânio com adições de elementos como alumínio, vanádio e ferro
para melhorar a resistência e a resistência à corrosão.
Ligas de Níquel
Inconel: Uma família de ligas de níquel-cromo usadas em altas temperaturas e
ambientes corrosivos.
Hastelloy: Outra família de ligas de níquel-cromo-molibdênio, conhecida por sua
resistência à corrosão
Ligas de Magnésio
Inclui magnésio com adições de elementos como alumínio, zinco e manganês
Ligas Especiais
Nitinol: Uma liga de níquel-titânio com memória de forma, usada em dispositivos
médicos.
Ligas de Memória de Forma: Além do Nitinol, existem outras ligas com memória de
forma que podem retornar a uma forma pré-determinada quando aquecidas.
Liga de Ouro
Ligas de ouro com prata, cobre e outros elementos, usadas em joalheria e odontologia.
Liga de Prata
Ligas de prata com cobre e outros elementos, usadas em joalheria e moeda

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


NOÇÕES DE METALURGIA 05

O termo "Metalon" não se refere a um material ou substância


específica, mas é frequentemente usado para se referir a perfis
metálicos de aço ou alumínio que são usados ​na construção civil e em
outras aplicações industriais. Os perfis metálicos são peças de metal
que possuem uma forma específica, como uma seção transversal
retangular, quadrada ou em "U". Eles são usados ​para construir
estruturas metálicas, como obstáculos, graus, escadas, estruturas de
suporte, móveis, entre outros.
Os perfis metálicos, muitas vezes chamados de "metais", são
fabricados em diferentes tamanhos, espessuras e comprimentos para
atender a diversas necessidades de construção e engenharia. Eles
podem ser feitos de diferentes tipos de metais, como aço carbono, aço
inoxidável ou alumínio, dependendo das características de resistência,
durabilidade e corrosão desejadas para uma aplicação específica.
Esses perfis metálicos são amplamente
utilizados na construção civil, na fabricação de
estruturas metálicas, fechadas, cercas, trilhos,
escadas, entre outros produtos. Eles oferecem a
vantagem de serem resistentes e capazes de
suportar cargas significativas, tornando-os ideais
para uma variedade de aplicações em que a
robustez e a estabilidade são importantes.

Classificação dos Aços Carbono


O aço ao carbono é uma liga de ferro + carbono e é classificado
de acordo com a porcentagem de carbono nele contida, divide-
se em três grupos:
• baixo teor de carbono (de 0,05% até 0,30% de carbono)
• médio teor de carbono (acima de 0,30% até 0,60% de
carbono)
• alto teor de carbono (acima de 0,60% até 1,7% de carbono)
Observação:
Os aços de baixo teor de carbono são geralmente chamados de
ferro. Nos trabalhos de soldagem é importante o teor de carbono
do aço, porque é baseado nele que determinamos o processo de
soldagem e selecionamos o eletrodo.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


EQUIPAMENTOS NA SERRALHERIA 06
A serralheria é a atividade relacionada à fabricação, reparação e
instalação de estruturas metálicas, geralmente feitas de ferro ou aço,
EQUIPAMENTOS
por meio de NA SERRALHERIA
técnicas e ferramentas especificas envolvendo corte,
dobra e soldagem.

A esmerilhadeira é uma
ferramenta elétrica portátil usada
para desbaste, corte e
acabamento de materiais,
especialmente metais

Os discos de corte Os disco de Os discos flap são


podem ter de 1 a desbaste são mais feitos com pequenas
3mm de espessura, robustos utilizados folhas de lixa
feitos com material para desgastar o utilizado para lixar
abrasivo ou de corte excesso deixado peças metálicas e
diamantado, com pela soldagem entre dar o acabamento
características duas peças no excesso da solda
especificas para o metálicas. nas junções de
corte em diferentes peças metálicas
tipos de material
metálico, como aço
carbono, alumínio ou
inox.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


EQUIPAMENTOS NA SERRALHERIA 07

EQUIPAMENTOS
Máquina comNAum SERRALHERIA
eixo giratório de
cada lado onde gira um rebolo de
pedra utilizado com objetivo de afiar
ferramentas, tirar rebarbas de peças
forjadas ou serradas, arredondar
cantos de peças, desbastar, dar
acabamento, remover ferrugem, polir,
dentre outras.

Utilizada para cortes de ferro,


alumínio, aços, perfilados e tubos.
Seu corpo giratório e o prato da
serra permitem fazer cortes de até
45° dos dois lados, sendo que a
peça pode ser presa antes da
realização do corte, garantindo
melhor eficácia e segurança.

Os discos de corte para policorte são encontrados


em diferentes matérias como disco de corte
abrasivo (mais barato porém gasta mais rápido e
deixa rebarbas no corte sendo necessário um
acabamento com esmerilhadeira ou moto esmeril
para limpeza das arestas) e disco de corte de
widea (valor mais elevado mas com tempo de
vida útil muito superior aos abrasivos, além de um
acabamento no corte quase perfeito, não
deixando rebarbas

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


FERRAMENTAS E ACESSÓRIOS NA SOLDAGEM 08

Ferramenta usada para


remover a escória e os Ferramenta usada para remover
respingos da solda. o óxido de ferro (ferrugem) ou
resto de tinta das chapas a
serem soldadas e também para
fazer uma melhor limpeza nos
cordões de solda.

São utilizados para fixar as


peças a serem fundidas junto
à bancada de solda ou a elas
próprias para que evite o
empeno devido ao
aquecimento da liga metálica.
Podem ser de grampos de Na serralheria, o punção é
pressão (com diferentes uma ferramenta utilizada
formatos de bicos) ou
grampos tipo C de rosca para realizar perfurações,
fazer riscos ou marcar
pontos de referência em
peças metálicas. É um
instrumento manual com
uma ponta afiada e
afunilada

Usadas para remoção de tintas,


ferrugem e sujeira com discos
abrasivos para esmerilhadeira,
lixadeira e furadeira. Essenciais
Servem para unir e estabilizar
para pinturas, restaurações e
duas ou mais peças metálicas
limpeza pesada
durante a soldagem

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


SEGURANÇA NA PRÁTICA DA SOLDA 09

São considerados perigosos os raios, a


luminosidade, as altas temperaturas e os respingos
lançados durante a soldagem.
Dos raios emitidos os mais nocivos são o
ultravioleta e o infravermelho, invisíveis ao olho nu
mas podem provocar:

Raio Ultravioleta
❖ queimaduras graves, com destruição das
células e com isso a destruição prematura
da pele;
❖ ataque severo ao globo ocular podendo
resultar em conjuntivite catarral, úlcera da
córnea, etc.

Raio Infravermelho
❖ queimaduras de 1º e 2º graus;
❖ catarata (doença dos olhos que escurece a
visão);
❖ frequente dor de cabeça;
❖ vista cansada

Respingos
São pequenas gotas de metal fundido que saltam no ato da
soldagem, em todas as direções. Podem estar entre 100º e 1700ºC e
seu diâmetro para chegar até 6 mm. São responsáveis por
queimaduras no soldador sem EPI ideal e também por incêndios, se
caírem sobre material combustível.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) 10

São fabricadas de material incombustível, isolante


térmico e elétrico, leve e resistente (fibra de vidro,
fibra prensada, etc.). Servem para proteger o
soldador dos raios, dos respingos e da temperatura
elevada emitida durante a soldagem. Existem
vários modelos e sua escolha deve ser feita de
acordo com o tipo de trabalho a ser executado.

As máscaras de solda pode ser as convencionais (não automática) ou


as de escurecimento automático, que possuem um filtro de
escurecimento que ajusta automaticamente o nível de proteção
quando o arco elétrico é detectado. Essas máscaras oferecem maior
conveniência, pois não exigem que o soldador abaixe e levante a
máscara manualmente.
Os Filtros de luz são os vidros protetores, que devem absorver no
mínimo 99,5% da radiação emitida nas soldagens. A tonalidade dos
filtros deve ser selecionada de acordo com a intensidade da corrente,
para que haja absorção quase total dos raios emitidos (infravermelhos
e ultravioleta).

Classificação:
• Nº 10 para soldagem até 200 ampères
• Nº 12 para soldagem entre 200 e 400
ampères
• Nº 14 para soldagem acima de 400 ampères

Observação:
• Os filtros devem ser protegidos em ambos os lados por um
vidro comum incolor.
• Obedecendo à classificação mencionada, a absorção dos
raios infravermelhos e ultravioletas será de no mínimo
99,5%.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) 11

Há ainda os óculos de escurecimento


automático e os convencionais, no
EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI)
entanto oferecem menos proteção que
as máscaras já que não cobrem o rosto
inteiro.
IMPORTANTE!
Óculos convencionais devem ser
usados durante o processo de utilização
de qualquer maquinário na serralheria
afim de evitar partículas de ferro ou
solda possam acertar o olho

Durante a soldagem, é essencial


proteger os pulmões contra a inalação
de fumos, vapores e partículas
prejudiciais gerados pelo processo
Esses respiradores cobrem a boca e o
nariz do soldador, proporcionando
proteção contra partículas e vapores.
Eles possuem um corpo reutilizável,
geralmente feito de silicone ou outro
material durável, e são equipados com
cartuchos de filtro substituíveis. Os
cartuchos podem ser selecionados de
acordo com os tipos específicos de
contaminantes presentes no ambiente
de soldagem.

Deve ser vestido


durante a utilização das
máquinas de corte nos
ferros.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


EQUIPAMENTO DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPI) 12

Luvas, avental, mangas e perneiras feitas de


raspas de couro, e botina com solado de
borracha para evitar descargas elétricas com o
chão.
Para trabalhos especiais, onde a temperatura é
muito alta, usa-se equipamento de alumínio-
amianto.

Todos esses equipamentos de proteção destinam-se a


proteger o soldador contra o calor, respingos e a radiação
emitida pelo arco.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


NOÇÕES DE ELETRICIDADE APLICADA À SOLDAGEM 13

Corrente
Elétrica Chamamos de corrente elétrica o
movimento ordenado de cargas
elétricas através de um corpo, podendo
ser de forma contínua ou alternada.

Corrente Continua (CC/DC)


É aquela que circula sempre no mesmo sentido. Ex.: pilhas ou
baterias. A fonte fornecedora de corrente mantém sua polaridade
constante, ou seja:
• o borne negativo sempre será negativo;
• o borne positivo sempre será positivo.

Corrente Alternada (CA/AC)


É aquela que circula alternando seu sentido periodicamente. Isso
possibilita que a corrente seja transportada por longas distancias e
em grandes potencias. Ex.: Corrente elétrica que chega me
nossas casas.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


NOÇÕES DE ELETRICIDADE APLICADA À SOLDAGEM 14

A corrente elétrica, seja ela


alternada ou contínua pode ter
Intensidade da
sua intensidade medida. Para
Corrente Elétrica medir a intensidade da corrente
usa-se a unidade de medida
chamada ampère (A). Portanto, é
correto dizer que num
determinado instante a
intensidade da corrente circulante
pelo eletrodo é de 200 A.
Já foi visto que corrente
elétrica é um movimento
ordenado de cargas elétricas
através de um corpo. Estas
cargas porém, não se movem
sem que haja uma força
atuando sobre elas, fazendo-
as circular. Tensão
A essa força atuante dá-se o Elétrica
nome de tensão elétrica.
Portanto, tensão elétrica é a
força que movimenta as cargas
elétricas através de um corpo e
que tem como unidade de
medida o Volt (V). Ex.: Tensão
elétrica de 220 V.

A tensão faz com que a corrente


elétrica prossiga circulando,
mesmo depois que o eletrodo é
afastado da peça, fazendo com
que o arco elétrico se mantenha.
O arco produz alta temperatura,
fundindo o material do eletrodo e
da peça, formando a solda

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


NOÇÕES DE ELETRICIDADE APLICADA À SOLDAGEM 15

A corrente sempre circula do polo


Sentido da Circulação negativo (-) para o polo positivo
da Corrente Elétrica (+). No entanto, a soldagem por
arco elétrico utiliza diferentes
polaridades para diferentes
processos de soldagem. A
polaridade refere-se à direção do
fluxo de corrente elétrica.

Polaridade Direta (CC-)


(DCEN) Direct-Current Electrode Negative

Nessa configuração, o eletrodo é conectado ao


terminal negativo (-) da máquina de solda, e a peça de
trabalho é conectada ao terminal positivo (+). É usado
na soldagem TIG.

Polaridade Inversa (CC+)


(DCEP) ) Direct-Current Electrode Positive

Nessa configuração, o eletrodo é conectado ao


terminal positivo da máquina de solda (+), e a peça de
trabalho é conectada ao terminal negativo (-). É usado
na soldagem com eletrodo revestido e na MIG/MAG.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


NOÇÕES DE ELETRICIDADE APLICADA À SOLDAGEM 16

Arco É a passagem da corrente elétrica de um


Elétrico polo (peça) para o outro (eletrodo), desde
que seja mantido entre eles um
afastamento conveniente. Esse
afastamento é chamado de
comprimento do arco.

Observação:

• O comprimento do arco deve ter


aproximadamente o diâmetro do
núcleo do eletrodo.
• O arco elétrico produz calor intenso
que funde a ponta do eletrodo e parte
da peça tocada por este, formando a
solda

Além do seu papel de fonte de calor, o


arco elétrico ainda conduz as gotas de
metal, depositando-as de encontro à
peça, o que permite executar soldas
sobre cabeça.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


NOÇÕES DE ELETRICIDADE APLICADA À SOLDAGEM 17

Nas soldagens, quando trabalhamos com


altas amperagens em corrente contínua,
ocorre o efeito chamado de sopro
magnético.
Este efeito provoca o desvio das gotas de
metal fundido para um dos lados da peça
que está sendo soldada. O desvio é feito
para o lado onde for maior a força do Sopro
campo magnético, força esta, provocada Magnético
pela falta de uniformidade da distribuição
desse campo. Este problema pode ser
resolvido de várias formas, como:
• mudando o ângulo do eletrodo:
• deslocando a fixação terra;
• colocando um material de maior
condutibilidade elétrica como terra
(cobre)

É a dificuldade que um corpo oferece à


passagem da corrente elétrica e sua
unidade de medida é o ohm, que é
Resistencia representado pela letra grega “Ω” .
Elétrica A corrente elétrica ao atravessar um
corpo encontra dificuldade e gera calor.
Este calor pode ser desejável, como no
caso do chuveiro elétrico, ou
indesejável como no caso de um mau
contato numa conexão elétrica (neste
caso deve-se buscar onde está
acontecendo o mau contato e sanar o
problema, afim de evitar um
superaquecimento no circuito)

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


O PROCESSO DE SOLDAGEM 18

A soldagem é o processo através do qual duas peças de metal são


unidas utilizando calor e eletricidade. Um material de preenchimento é
utilizado para formar uma gota de metal fundido, que arrefece a
tornar-se um forte ligamento entre as peças. A soldagem é utilizada
em diversos tipos de indústrias, incluindo construção civil, construção
naval, aeronáutica e eletrônica. Estima-se que há mais de 70
processos diferentes de soldagem dentro das três formas de se unir
duas peças de metal.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


OS 4 TIPOS MAIS COMUNS DE SOLDAGEM POR FUSÃO 19
As quatro formas mais comuns e acessíveis utilizando a soldagem
por fusão são a soldagem a arco elétrico com eletrodo revestido
(SMAW, Shielded Metal Arc Welding), soldagem ao arco elétrico
com gás de proteção (GMAW – Gas Metal Arc Welding), também
conhecida como soldagem MIG/MAG (MIG – Metal Inert Gas e MAG
– Metal Active Gas), soldagem ao arco elétrico com arame tubular
(FCAW – Fluxed-Cored Arc Welding), também conhecida como
soldagem MIG “Sem Gás, e soldagem por gás inerte de tungstênio
(TIG - Tungsten Inert Gas).

A soldagem por arco elétrico com eletrodo revestido é um dos tipos


mais simples e mais comuns de soldagem. O eletrodo que dá o nome
a esse tipo de soldagem é coberto com um revestimento de metal
que funde e forma um gás protetor quando o calor é aplicado, sendo
adicionado escória, desoxidantes e uma liga ao metal fundido. A
escória é criada quando glóbulos de metal fundido se solidificam na
superfície da solda, que devem ser tirados posteriormente no
acabamento. Os equipamentos de soldagem por arco elétrico podem
ser transformadores de solda, retificadores ou inversoras de solda. O
eletrodo fornece seu próprio fluxo, eliminando a necessidade de
fontes adicionais como gases de proteção.
Essa forma de soldagem pode ser
realizada em todas as posições (em
uma superfície plana, horizontal, vertical
e ou em lugares elevados), e tem uma
menor sensibilidade a correntes de ar
se comparados com soldas de gás de
proteção.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


OS 4 TIPOS MAIS COMUNS DE SOLDAGEM POR FUSÃO 20

As soldagens de gás
metálico inerte/ativo, ou
MIG/MAG, utilizam um
carretel de fio de aço
sólido, que é alimentado
para a área de trabalho
para a soldagem através
de uma ponta de contato
presente na “Tocha” MIG.
A ponta de contato é carregada eletricamente quando o gatilho da
tocha é acionado, que derrete o fio para criar o material fundido. A
soldagem por MIG é normalmente utilizada em ambientes interiores,
onde correntes de ar não deslocarão o gás de proteção. No entanto,
ela pode ser utilizada no campo utilizando blocos de sopro, como
folhas de plástico. A soldagem MIG pode ser aplicada em aço
inoxidável, aço-carbono e alumínio. As desvantagens incluem
precisar usar um tanque pesado de gás de proteção e o custo dos
suprimentos, como arame, pontas e bicos. No entanto, as vantagens
são muito mais numerosas:
✓ a soldagem pode ser executada em
todas as posições;
✓ não há necessidade de remoção de
escória;
✓ alta taxa de deposição do metal de
solda;
✓ tempo total de execução de soldas de
cerca da metade do tempo se
comparado ao eletrodo revestido;
✓ altas velocidades de soldagem;
menos distorção das peças;
✓ largas aberturas preenchidas ou
amanteigadas facilmente, tornando
certos tipos de soldagem de reparo
mais eficientes;
✓ não há perdas de pontas como no
eletrodo revestido.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


OS 4 TIPOS MAIS COMUNS DE SOLDAGEM POR FUSÃO 21

Apesar de ter ficado popularmente conhecida como solda MIG “sem


gás”, é um processo de soldagem chamado de flux cored ou solda
com arame tubular auto protegido, pois utiliza um arame tubular
contínuo revestido no seu centro com um fluxo especial que, em
conjunto com o arco elétrico da solda, formam uma casca/escória que
cobre o cordão de solda, substituindo assim a necessidade do gás de
proteção. Portanto, por definição, ela não é uma solda “MIG”. O fluxo
gerado é responsável por criar uma atmosfera protetora ao redor do
arco de solda e também auxilia na formação do cordão de solda.
A solda MIG sem gás é adequada para a soldagem de aço carbono e
aço inoxidável de espessura média a fina. Ela oferece uma maior
facilidade de uso em comparação com outros processos de
soldagem, como a solda com eletrodo revestido, devido à
alimentação contínua do arame e à ausência da necessidade de troca
de eletrodos No entanto, é importante observar que a solda MIG sem
gás pode resultar em uma maior quantidade de
respingos e pode ser menos eficiente
em termos de penetração em
comparação com a solda MIG
com gás de proteção. Ela também
tem um custo consideravelmente maior
por conta do arame para a execução da solda.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


OS 4 TIPOS MAIS COMUNS DE SOLDAGEM POR FUSÃO 22

A soldagem por gás inerte de tungstênio, ou TIG, pode ser utilizada


em uma ampla variedade de materiais, proporcionando soldas de alta
qualidade e não produzindo fumaça tóxica. O gás argônio é utilizado
nesse processo para proteger a solda da contaminação, de modo que
não há produção de escória. As soldas podem ser realizadas em
todas as posições. Todos esses benefícios fazem com que a
soldagem TIG seja a escolha ideal para espaços reduzidos. No
entanto, esse tipo de soldagem requer mais habilidade e experiência
para produzir uma boa solda. A tocha deve ser segurada em um
ângulo reto, o banho de fusão deve ser mantido uniforme e deve-se
utilizar o preenchimento correto

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


A INVERSORA DE SOLDA 23

Focaremos neste manual no processo de soldagem utilizando


eletrodo revestido (SMAW) e uma inversora de solda, que é uma
máquina mais moderna e eficiente que utiliza a tecnologia de
inversores de frequência para converter a corrente elétrica de entrada
em corrente contínua de alta frequência. Elas são uma evolução dos
antigos transformadores de solda. São mais compactas e leves, e
possuem maior controle sobre a corrente de soldagem, além de um
ótimo custo-benefício.
Pode ser do tipo monofásico ou trifásico, alimentado com tensões de
220/380/440V, de pequeno, médio e grande porte, dependendo da
exigência do trabalho a ser executado. Ela suporta bem os trabalhos
de longa duração devido a um dispositivo de resfriamento (ventilador)
acoplado ao seu próprio gabinete.

As inversoras são atualmente as máquinas mais empregadas onde


existe rede elétrica de alimentação por apresentarem as seguintes
vantagens:
✓ Tamanho compacto e portabilidade;
✓ Eficiência energética;
✓ Controle de soldagem avançado;
✓ Estabilidade do arco elétrico;
✓ Diversidade nos processos;
✓ Menor tempo de aquecimento;
✓ Maior qualidade de solda.
✓ Durabilidade

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


A INVERSORA DE SOLDA 24
Além da fonte de energia que chamamos de máquina de soldar,
outros acessórios são utilizados para executar as operações de
soldagem. Servem para transportar a corrente da fonte até o local de
soldagem. São eles:

É constituído por um núcleo, formado de grande


quantidade de fios de cobre, recoberto com material
isolante. Serve para fazer a ligação do porta- eletrodo e
do grampo terra à fonte de energia.

Observações:
• A grande quantidade de fios de cobre, permite ao cabo maior flexibilidade nos
movimentos executados nas operações de soldagem.
• O diâmetro do cabo depende da intensidade da corrente a ser utilizada e da
distância entre a máquina e o posto de soldagem. Deve-se buscar a regulagem da
voltagem ideal de acordo com o comprimento e diâmetro do cabo de solda e
diâmetro do eletrodo utilizado.

É um acessório que serve para prender o


eletrodo através de suas garras de
contato. É construído de cobre com suas
partes externas totalmente isoladas.
Seu tamanho e isolação variam de acordo com a intensidade da
corrente a ser utilizada.

O grampo terra é utilizado para conectar a


peça de trabalho ou a estrutura metálica à
máquina de solda, estabelecendo um
caminho de retorno para a corrente elétrica. É
importante garantir que o grampo terra esteja
adequadamente conectado a uma área limpa
e livre de qualquer tinta, ferrugem ou outros
materiais que possam interferir na conexão
elétrica.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO 25

O processo de soldagem com eletrodo


revestido consiste na abertura e na
manutenção de um arco elétrico entre
o eletrodo revestido e a peça a ser
soldada, de modo a fundir
simultaneamente o eletrodo e as
peças.
O metal fundido do eletrodo é transferido para a peça pelo arco
elétrico, formando uma poça de metal fundido que é protegida da
atmosfera pelos gases de combustão do eletrodo e elementos
geradores de escória presentes no revestimento e que são
incorporados ao metal fundido no ato da combustão do revestimento.
O eletrodo revestido é utilizado na soldagem de estruturas metálicas e
montagem de vários equipamentos, tanto na oficina quanto no campo
e até de baixo d’água, para materiais de espessuras entre 1,5 mm a
50 mm, e em qualquer posição. É um processo predominantemente
manual, porém pode admitir alguma variação mecanizada. Os
materiais soldados por esse processo são variados, como aço ao
carbono, aço de baixa liga, média e alta ligas, aços inoxidáveis, ferros
fundidos, alumínio, cobre, níquel e liga destes materiais.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO 26
O processo de soldagem por eletrodo revestido pode ser
considerado um dos mais versáteis dos processos de soldagem, pois
possui uma variedade muito grande de tipos de eletrodos que vão
desde os tecnologicamente mais simples até os eletrodos especiais
para ligas específicas, além de abranger faixas de bitolas que podem
ir de 1,5 mm até espessuras que excedem 50 mm. Somado a tudo
isso, podemos, inclusive, dizer que suas fontes de energia podem ser
bem mais simples e robustas que a maioria das fontes de energia
dos demais processos de soldagem a arco elétrico de materiais
metálicos.

FUNÇÕES DO REVESTIMENTO
A ação ionizante dos silicatos contidos no revestimento torna
possível a passagem da corrente alternada entre o eletrodo e a
ELÉTRICA

peça à soldar, estabelecendo assim o arco elétrico. Assim, a


presença do revestimento no eletrodo permitirá a utilização de
tensões em vazio baixas, mesmo em trabalhos com corrente
alternada (40 a 80 V), possibilitando assim uma redução do
consumo de energia e um considerável aumento da segurança
do soldador e a continuidade e consequentemente a
estabilidade do arco.

O revestimento ao fundir cria uma "cratera" e uma atmosfera


M E TA L Ú R G I C A

gasosa que protegem a fusão da alma contra o Oxigênio e


Nitrogênio do ar. Ele depositará "escória" que é mais leve que o
metal fundido e que protegerá o banho de fusão não somente
contra a oxidação e nitretação, mas também contra um
resfriamento rápido. A escória constitui um isolante térmico que
irá permitir a liberação dos gases retidos no interior do metal
depositado, evitando com isto a formação de poros, e minimizar
o endurecimento do material depositado por têmpera, têmpera
esta consequência de um rápido esfriamento.

Durante a fusão dos eletrodos ocorre em sua


extremidade uma depressão que chamamos
de cratera. A profundidade desta cratera tem
O P E R ATÓ R I A
MECÂNICA E

influência direta sobre a facilidade de


utilização do eletrodo, sobre as dimensões das
gotas e a viscosidade da escória. Um eletrodo
de boa qualidade deve apresentar a cratera
mais profunda e as gotas mais finas. Além
disto, a cratera servirá também para guiar as
gotas do metal fundido como pode ser visto na
figura a seguir a influência da profundidade da
cratera na utilização do eletrodo.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO 27
O diâmetro indicado de um eletrodo corresponde sempre ao diâmetro
da alma. Os diâmetros de mercado variam na faixa de 2 a 6 mm,
embora DE
PROCESSO existam eletrodos
SOLDAGEM especiais REVESTIDO
COM ELETRODO com dimensões diferentes
destas.
Conforme a espessura do revestimento, pode-se classificar os
eletrodos nos seguintes tipos.

É o revestimento é o menos comum de todos. Tem a


espessura menor do que 10% do diâmetro da alma, e
Peculiar ou por isto, é o que requer a menor intensidade de corrente
para ser fundido. Este eletrodo não apresenta a
fino formação de cratera. Por cratera pode-se entender a
medida indicada na cota da Figura - Influência da
profundidade da cratera na utilização do eletrodo

Eletrodos em que a faixa de espessura do revestimento


encontra-se entre 10 a 20% do diâmetro da alma. Sua
Semi-espesso fusão requer um valor de corrente ligeiramente superior
ao tipo anterior. A cratera formada por este eletrodo é a
menor de todos os tipos

Eletrodos em que a faixa de espessura do revestimento


encontra-se entre 20 a 40% do diâmetro da alma. Sua
Espesso fusão requer um valor de corrente ainda maior, e a
cratera formada pode ser considerada como média

Esta classificação engloba os revestimentos em que a


faixa de espessura do revestimento seja maior que 40%
Muito Espesso do diâmetro da alma. Requer as maiores intensidades de
corrente para ser fundido e apresenta uma cratera que
podemos considerar como profunda

A intensidade de corrente necessária para a fusão dos eletrodos


variará conforme uma série de fatores que veremos adiante, porém
tomando por base apenas esta classificação dos tipos de
revestimento, é possível estabelecer regras práticas que indicarão a
corrente adequada para o trabalho, uma vez que para todos
eletrodos, existem os limites máximos e mínimos de corrente. Por
valor máximo pode-se definir um valor a partir do qual o eletrodo
crepita dificultando a operação de soldagem e ocorre a danificação
do revestimento (queima antes de sua efetiva utilização), e por limite
mínimo um valor em que o arco fique muito difícil de se estabelecer.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO 28

revestimento normalmente espesso, composto


principalmente de óxido de ferro e manganês.
Revestimento
Produz escória espessa, compacta e facilmente
destacável. Possibilita a inclusão de óxido, mas
oxidante produz cordão de belo aspecto. Só é usado para
soldas sem responsabilidade. Recomenda-se utilizar
CC+ ou CA. Obtém-se pequena penetração.
revestimento médio ou espesso; produz uma
escória abundante e de muito fácil remoção à base
Revestimento
de óxido de ferro , óxido de manganês e sílica. Só é
indicado para a posição plana. Recomenda-se
ácido utilizar CC- ou CA. Obtém-se média penetração. Os
revestimentos oxidante e ácido não são muito
utilizados hoje em dia.
revestimento com grande quantidade de rutilo
(TiO2). Pode-se soldar em todas as posições. Pela
Revestimento
sua versatilidade é chamado de eletrodo universal.
Produz escória espessa, compacta, facilmente
rutílico destacável e cordões de bom aspecto. Pode-se usar
qualquer tipo de corrente e polaridade. Obtém-se
média ou pequena penetração.
revestimento espesso, contendo grande quantidade
de carbonato de cálcio. Produz pouca escória e com
aspecto vítreo. O metal depositado possui muito
boas características mecânicas. É aplicado em
Revestimento
soldagem de grande responsabilidade, de grandes
espessuras e em estruturas rígidas, por possuir
básico mínimo risco de fissuração a frio e a quente. É um
revestimento de baixo teor de hidrogênio e por isso
altamente higroscópico (facilidade de absorver
umidade). Trabalha-se com CC+ ou CA. Obtém-se
média penetração.
revestimento que contém grandes quantidades de
substâncias orgânicas combustíveis; produz grande
quantidade de gases protetores e pouca escória.
Revestimento
Produzem-se muitos salpico e a solda apresenta
mau aspecto. Recomenda-se trabalhar com CC+,
celulósico sendo, que em alguns tipos pode-se usar CA.
Obtém-se alta penetração e bastante utilizada para
passe de raiz, na soldagem fora de posição e na
soldagem de tubulações.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO 29
Nos casos das soldagens de aços, podemos ainda ter a adição de
outros elementos de liga ao revestimento que teriam funções
especiaisDE
PROCESSO durante a deposição.
SOLDAGEM O caso
COM ELETRODO mais comum destes é a
REVESTIDO
adição de pó de Ferro. Durante a soldagem, o pó de Ferro é fundido
e incorporado à poça de fusão, causando as seguintes
consequências:

✓ melhora o aproveitamento da energia do arco.


✓ aumenta a estabilização do arco (pelo menos em adições
de até 50% em peso no revestimento).
✓ torna o revestimento mais resistente ao calor, o que
permite a utilização de correntes de soldagem com
valores mais elevados.
✓ aumenta a taxa de deposição do eletrodo.

Porém, como ocorre em diversas outras coisas, a adição de pó de


Ferro no revestimento causará também alguns pontos desfavoráveis
que são os seguintes:

❖ aumento da poça de fusão;


❖ aumento do grau de dificuldade de controlar a poça de
fusão, dificultando ou mesmo impossibilitando a
soldagem fora da posição plana.

Vistas então as diferentes formas como os eletrodos podem ser


classificados quanto ao seu revestimento, vamos entender a seguir
como identifica-los de acordo com a sua composição metálica.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO 30

A AWS - American Welding Society (Sociedade Americana de


Soldagem - o equivalente à nossa Associação Brasileira de
Soldagem) criou um padrão para a identificação dos eletrodos
revestidos que é aceito, ou pelo menos conhecido, em quase todo o
mundo. Devido a simplicidade, e talvez o pioneirismo, esta é a
especificação mais utilizada no mundo atualmente para identificar
eletrodos revestidos.
Estas especificações são numeradas de acordo com o material que
se pretende classificar, conforme a tabela abaixo:

REFERENCIA
ELETRODO PARA:
AWS

A 5.1 Aços ao Carbono

A 5.3 Alumínio e suas ligas

A 5.4 Aços inoxidáveis

A 5.5 Aços baixa liga

A 5.6 Cobre e suas ligas

A 5.11 Níquel e suas ligas

A 5.13 Revestimento (alma sólida)

A 5.15 Ferros fundidos

A 5.21 Revestimento (alma tubular com carbonetos de Tungstênio)

Entre estas especificações as mais populares são as utilizadas para


aço Carbono (AWS A 5.1), as utilizadas para aços de baixa liga (AWS
A 5.5), e as utilizadas para aços inoxidáveis (AWS A 5.4).

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO 31
Para os eletrodos de aço carbono e aços de baixa liga, a classificação
utiliza 4 ou 5 algarismos precedidos da letra E, onde E significa
eletrodo. Os primeiros dois (ou três) algarismos se referem à tração
mínima exigida e é dado em mil libras por polegada quadrada (ksi). O
terceiro (ou quarto) algarismo se refere à posição de soldagem, sendo
“1 - Todas”, “2 - Plana e horizontal” e “3 – Plana”, e o próximo
algarismo, que é o último para os eletrodos de aço carbono, indica o
tipo de revestimento, corrente e polaridade.

A tabela abaixo corresponde ao ultimo algarismo


( Eletrodo / Tipo de revestimento / Corrente )
EXXX10 Celulósico (Sódio) CC+ EXXXX4 Rutílico (Pó de Ferro) CC+,CC-,CA

EXXX20 Ácido CC- EXXXX5 Ácido CC+

EXXXX1 Celulósico (Potássio) CC+,CA EXXXX6 Básico (Sódio) CC+,CA

EXXXX2 Rutílico (Sódio) CC-,CA EXXXX7 Ácido (Pó de Ferro) CC-,CA

EXXXX3 Rutílico (Potássio) CC+,CC-,CA EXXXX8 Básico (Pó de Ferro) CC+,CA

Para os aços de baixa liga (AWS A5.5), a classificação AWS coloca


após o último algarismo um hífen, seguido de um conjunto de letras e
números, indicando classes de composição química, relativas aos
diversos tipos de ligas.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO 32

PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO

Grande penetração, solda em todas as posições,


facilidade a produzir transferência metálica por
spray (desde que se utilize valores de corrente
E 6010 (Na) /
adequados), escória de pequeno volume e
E 6011 (K)
aspecto vítreo, boas propriedades mecânicas,
alto teor de umidade: E 6010 =>3 a 5% ; E 6011
=> 2 a 4%, principal constituinte: celulose.
Média penetração, escória viscosa e densa, o E
6012 pode ser utilizado em correntes
relativamente altas já que seu revestimento
E 6012 / E
possui pequenas proporções de celulose e uma
6013
grande proporção de materiais refratários, o E
6013 possui mais K que torna o arco mais
estável.
Média a profunda penetração, transferência por
spray, escória espessa e de fácil remoção,
revestimento ricas em óxido de Ferro e
E 6020
Manganês, altas taxas de deposição e poça de
fusão com metal muito fluido, o que obrigará
operar nas posições plana ou filete horizontal.
Possui pouco ou nenhum elemento gerador de
hidrogênio no arco (celulose, asbestos), são
cozidos em temperaturas entre 500 a 600° C
E 7016
para minimizar a retenção de água pelo
revestimento, por isto, são recomendados para a
soldagem de aços susceptíveis à trinca a frio.
Elevadas taxas de deposição, trabalha com
Eletrodos com pó elevados valores de corrente, quando o teor de
de Ferro: E 7014, pó de Ferro ultrapassa os 40% a soldagem só é
E 7018, E 7024, E recomendada na posição plana, revestimento
7027, E 7028, etc. espesso => melhor proteção e técnica de
soldagem por arraste.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO 33

Vários são os fatores que poderão afetar os eletrodos, porém, serão


apresentados neste trabalho os mais comuns. A parte do eletrodo que
mais sofre danos é o revestimento, sendo causado por: ação
mecânica, absorção de umidade, envelhecimento.

O revestimento dos eletrodos é relativamente forte e só


MECÂNICA

pode ser danificado por manuseio indevido ou seja:


AÇÃO

pisada, dobramento excessivo, queda, mau trato no


transporte etc. Este defeito é facilmente observado a olho
nu. O soldador não deve se comprometer em usar um
eletrodo que apresente danos no revestimento.
Altas porcentagens de umidade no revestimento de um
eletrodo pode interferir na qualidade da solda e é
praticamente impossível ao soldador medir essa
ABSORÇÃO DE

porcentagem. O método adotado para verificar se o


UMIDADE

eletrodo contém umidade é o roçamento. Quando este


emite som choco é sinal que o eletrodo contém umidade,
porém não permite saber a quantidade e nem se esta vai
ser prejudicial ou não na soldagem. O defeito causado na
solda pela umidade do eletrodo não aparece aos olhos do
soldador, porque normalmente se manifesta na formação
de porosidades internas, que podem ser detectadas
somente através de teste radiográficos ou ultrassonoros.
Eletrodos velhos são facilmente reconhecidos pela
formação de cristais brancos que aparecem na superfície
ENVELHECIMENTO

do revestimento. Esses cristais de silicato não são


prejudiciais, porém indicam alterações no revestimento e,
portanto, não é aconselhável seu uso para soldagens que
exigem alta qualidade. Eletrodos de alto rendimento,
quando estocados durante muito tempo em ambiente não
apropriado, podem apresentar formação de óxido
(ferrugem) no seu revestimento, devido ao pó de ferro
empregado na sua fabricação. Constando-se tal fato, não
se deve usar esses eletrodos em serviços de alta
qualidade ou responsabilidade.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO 34

Junta é a região onde duas ou mais peças serão


unidas por um processo de soldagem.
As Juntas podem ser com ou sem chanfro.
Normalmente as peças até 6mm não necessitam
de chanfro. No entanto, quando a soldagem
requer penetração total, deve-se deixar entre uma
Chapa e a outra uma abertura igual ao diâmetro
do núcleo do eletrodo.

Na maioria dos casos de materiais acima de 6mm


de espessura opta-se pela junta chanfrada para a
soldagem afim de se obter uma melhor
penetração da solda entre os materiais.

É o tipo em que os dois componentes


estão no mesmo plano.

Tipo em que um dos componentes se


sobrepõe ao outro ou aos outros

É o tipo em que os dois componentes


estão próximos e em ângulo, tendo a
secção transversal o formato de um
“T”.

Tipo em que os dois componentes


estão próximos e em ângulo.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO 35

A posição da solda é a disposição que as partes das peças a serem


soldadas ficam em relação a um plano de referência. Nem sempre a
peça que vai ser soldada pode ser colocada na posição mais
cômoda, devido a sua forma, tamanho, etc.
É claro que uma solda executada na posição sobre cabeça exige
maior habilidade do soldador que uma solda executada na posição
plana. A ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas),
estabeleceu normas e critérios de qualificação de soldadores,
baseando-se, em partes, nessas dificuldades.
Daí a necessidade do soldador conhecer as posições de soldagem.
Existem quatro posições básicas, a saber: plana, horizontal (plano
vertical), vertical (descendente ou ascendente) e sobre cabeça.

É aquela em que o metal base se


encontra na posição plana e a
deposição também é feita na posição
plana. É a que apresenta menores
dificuldades de operação, podendo
ser executada com todos os tipos de
eletrodos.

É aquela em que o metal base se


encontra no plano vertical e o
depósito é feito no plano horizontal.
Não apresenta maiores dificuldades
na sua execução podendo ser
realizada com quase todos os tipos
de eletrodo.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO 36

É aquela em que o metal base se


encontra no plano vertical e o
depósito também é feito na vertical
de cima para baixo. É aplicada
onde se pretende pouca
penetração e um bom aspecto,
sendo muito empregada na
soldagem de chapas de pequena
espessura.

É aquela em que o metal base se


encontra no plano vertical e o
depósito também é feito na vertical,
de baixo para cima. Essa posição é
adotada com vantagem em trabalhos
de grande responsabilidade, por
raramente apresentar defeitos
(porosidade, inclusões de escória,
etc.) e, também pela grande
penetração que se consegue.

Consiste em soldar peças colocadas


horizontalmente acima da cabeça.
É a mais difícil de todas as posições de
soldagem, por isso, sempre que
possível, deve ser evitada.

Nota:

Para qualquer posição, as peças poderão variar


de inclinação até 15º aproximadamente, em todos
os sentidos, que ainda serão consideradas na
posição.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO 37

Na soldagem a arco elétrico, toda posição de solda tem um


movimento lateral de melhor aceitação.
À seguir, vamos mostrar alguns dos movimentos laterais mais
aconselhados.
Nessa posição podemos recorrer a vários tipos de movimentos
laterais, os mais comuns são vistos nas figuras abaixo.
Aplicando movimentos laterais deve-se parar ou diminuir a
velocidade de avanço quando chegar na extremidade do cordão, o
que é convencionado pelos pontos nas figuras.

Observações:
1) Não é aconselhável fazer movimentos laterais
maiores que três (3) vezes o diâmetro do eletrodo,
principalmente quando se trabalha com eletrodo básico.
2) O movimento mostrado na figura a seguir pode ser
usado em alguns casos, porém, não é aconselhável por
aquecer demasiadamente a zona da solda, podendo
inclusive, ocasionar poros e inclusões de escória na sobre
passagem do cordão.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


PROCESSO DE SOLDAGEM COM ELETRODO REVESTIDO 38

Na soldagem a arco diversas variáveis devem ser levadas em conta,


principalmente as seguintes:

A corrente fornecida pela máquina deve variar de acordo com o


diâmetro do eletrodo.
Quando o diâmetro do eletrodo vem indicado em polegada fracionária,
uma regra geral pode ser estabelecida para o ajuste da corrente.
Esta é a regra: a intensidade da corrente (amperagem) para trabalhar
com eletrodo revestido, deve corresponder aproximadamente à
medida do diâmetro do núcleo do eletrodo em milésimos de polegada.

Para determiná-lo, aplica-se a seguinte regra:


O comprimento do arco nas soldagens com eletrodos revestidos deve
ser igual ou ligeiramente inferior ao diâmetro do núcleo do eletrodo
que está sendo usado.
Exemplo:
O comprimento do arco, para um eletrodo revestido de
1/8” (3,175 mm) deve ser mantido entre 2,5 à 3,175 mm.
Na tabela a seguir, podemos observar algumas diferenças na
soldagem quando trabalhamos com arco curto ou arco longo.

Varia de acordo com a intensidade da corrente, com a dimensão da


peça e com o tipo de cordão desejado.

Varia de acordo com a posição de soldagem e, também em função do


formato da peça a ser soldada.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA


39

SENAI. DR. PE. Tecnologia de Solda – Processo Eletrodo Revestido.


Recife, SENAI.PE/DITEC/DET, 1998.

CETEC CAPACITAÇÕES. Prof. Manoel Messias Neris – Soldagem.

PEIXOTO, Arildomá Lobato. Soldador.

CURSO DE SOLDAGEM BÁSICA

Você também pode gostar