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Os filhos da máfia
Série Os mafiosos –
Livro 2
Manuele Cruz

NACIONAIS - ACHERON
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Copyright © 2016 Manuele Cruz


1° Edição – 2016
Esta é uma obra de ficção. Nomes,
personagens, lugares e acontecimentos
descritos são produtos da imaginação
da autora. Qualquer semelhança com
nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.
Todos os direitos reservados. Proibida a
reprodução no todo ou em parte, por
quaisquer meios, sem a autorização da
autora.

Capa: Hadassa M. Vaz


Revisão e diagramação: Manuele
Cruz
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Nota da autora:
É necessária a leitura do primeiro livro
(Atraída por um mafioso), para que a
série faça sentido.
Esse é o segundo livro da série Os
mafiosos, que conta a história de Giulia
(filha mais velha de Fernando e Sara) e
de Leonardo (filho mais velho de
Marco e Isabella).
Esse livro é do gênero romance, porém,
contém algumas cenas de violência. O
livro não tem qualquer conteúdo
''sexual''.

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Agradecimentos
Primeiramente eu agradeço a Deus, por
ter me dado inúmeros avisos e um
sonho, para que eu iniciasse a série e
conseguisse concluir.
Aos meus pais por me apoiarem e me
ajudarem sempre que possível.
A Aline Pádua e Aline Lima, por
escutarem aqueles áudios imensos,
onde vocês me ajudaram com a minha
decisão. Se essa história existe, é por
causa da opinião e da paciência de
vocês duas.
Aos meus leitores do Wattpad, que me
apoiaram no momento em que eu falei
que recomeçaria a história do zero.
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Obrigada por não me virarem as costas


e, principalmente, obrigada pelas
palavras de carinho e por me apoiarem.
Obrigada também as minhas leitoras da
Amazon, que, após a leitura do
primeiro livro, foram atrás de mim e
perguntaram mais sobre a série,
pedindo logo o início do livro de
Giulia.
Obrigada a todos, esse livro é para
vocês.
Manuele Cruz.

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Sinopse
Segundo livro da série ''Os mafiosos''. História de
Giulia e Leonardo.
Após engravidar, Giulia Bertollini acabou sendo
enganada e, também, assinou um acordo de
casamento. Agora ela é casada com Leonardo
Vesentini, que, anteriormente, era apenas o seu
namorado.
Mesmo sabendo que foi enganada, Giulia o perdoa
e decide continuar com o casamento. Mas, o que
antes era um casamento feliz, se transformou em
caos e sofrimento.
Leonardo Vesentini queria Giulia ao seu lado,
graças a isso, ele fez coisas das quais não se
orgulha nem um pouco. Agora, depois de anos,
Leonardo ainda sonha com o perdão da sua mulher.

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Leonardo sumiu por um motivo e achava que já


tinha sido resolvido. O que ele não esperava era
que, depois de anos, o passado voltaria a sua vida.
Voltaria disposto a acabar com toda a sua família.

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Prólogo
Giulia
13 anos após os fatos ocorridos em
Atraída por um mafioso

Meu pai, Fernando Bertollini, simplesmente


me vendeu, ou melhor, me deu para esse canalha.
Agora entendo o motivo dele não me querer com
nenhum cara, ele já tinha tudo planejado.
Olho para Leonardo, que está a minha
frente. Ele acabou de dizer que estamos casados,
que assinei o contrato de casamento e que só falta a
aliança.
Sinto enjoo por isso, talvez nem tanto pela
gravidez, e sim por ter nojo de mim mesma. Nojo
de saber que ainda amo o cara que me enganou.
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Não apenas ele, mas o meu pai e meu irmão.


— Eu não lembro em ter assinado o
contrato. — controlo minhas lágrimas, não preciso
chorar agora, preciso ser forte.
— O contrato é verdadeiro. — Leonardo
levanta os papéis em suas mãos. — Você assinou
todos eles.
Lembro-me de ter assinado esses papéis.
Estava no hospital e Daniel me entregou, ele disse
que eram coisas da escola de dança da minha mãe e
burocracias do banco, que meu pai havia feito uma
poupança para meu filho... Eu deveria saber que
meu pai não faria algo assim, sendo que eu ainda
nem estou grávida de quatro meses.
— Eu fui enganada! — levo as mãos para o
meu rosto. — Eu fui enganada! — sussurro para
mim mesma.
Sento no chão, encolhendo-me.

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Eu nunca me apaixonei, nem ao menos


pensava nessa possibilidade, ainda mais com
Leonardo. Daniel sempre foi um empecilho na hora
que um cara se aproximava de mim. Na época em
que estudávamos próximos, meu irmão sempre
aparecia para deixar claro que nenhum cara poderia
se aproximar de mim. Eu, realmente, ficava irritada
com aquilo, mas nunca levei a sério, sendo sincera,
eu não queria nenhum daqueles meninos.
Mas Leonardo era diferente. Passamos a
nossa infância nos odiando e jurando
espancamentos um ao outro. Com o tempo
Leonardo cresceu, só foi mudar o seu jeito de ser há
pouco tempo. Ele apareceu diferente, de início eu
não era tão receptiva com a sua simpatia, mas, com
o tempo, eu acreditei que ele havia mudado.
Deveria ter desconfiado quando Daniel
soube da minha aproximação com Leonardo, meu

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irmão que sempre foi ''briguento'', acabou aceitando


bem o meu relacionamento com Leonardo.
Talvez tudo tenha sido um plano para me
juntar. Para que a família Bertollini e Vesentini,
ficassem ligadas para sempre.
Mesmo sem casamento, nossas famílias já
estão ligadas, eu estou grávida de Leonardo.
— Giulia. — sinto o toque de Leonardo em
meu rosto. Dou um tapa em sua mão, mas ele não
se afasta. — Por favor, escute-me.
— Escutar? Você escutou alguma resposta
minha? Você perguntou se eu queria me casar com
você?
Levanto do chão, mas fico um pouco tonta.
Leonardo segura a minha mão, mas eu me afasto
dele.
— Você, meu pai e Daniel. Todos vocês
armaram contra mim!

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— Eu te amo, Giulia! — ele grita, talvez


ache que eu vá mudar de opinião. —Nós teremos
um filho, nos casaremos de qualquer maneira...
— Não! Teria que ter o pedido primeiro...
— Giulia, eu te amo! Ok? Eu te amo! — ele
grita. — Eu...
— Você quer a Nostra Ancoma...
— Não, eu não quero! — ele grita essas
palavras na minha cara. — Eu não quero a Nostra
Ancoma, ela já é de Daniel que é mil vezes melhor
que eu.
— Então, por que me fez assinar o contrato?
Já que não é pela Nostra Ancoma?—encaro-o.
— É porque eu te amo. — ele abaixa o tom
de voz, mas continua olhando para mim, como se
quisesse me convencer com suas palavras.
— E meu pai e Daniel, por que me
enganaram? Se você me ama, não vejo motivos
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para eles terem me enganado.


— Você conhece seu pai, ele sempre tem
que fazer algo para conseguir o que quer e Daniel
faz o que o pai manda.
— Todos você me enganaram. — viro de
costas para Leonardo.
— Giulia, eu te amo, acredite em mim! —
toca o meu ombro, mas saio de perto do seu toque.
— Já que sou obrigada a ficar com você. —
olho em seus olhos, já que Leonardo correu e ficou
em minha frente. — Você terá todos esses anos
para provar o seu amor por mim. — rio com
deboche.
— Você vai aprontar algo, fugir de mim?
— Não, não vou fugir. Eu apenas não quero
olhar para as pessoas que me enganaram. —
empurro Leonardo para o lado. — Eu preciso sair
daqui.

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— Para onde vai? Estamos em sua casa.


— Meu pai e Daniel não estão aqui e nem
quero olhar para eles quando chegarem. Eu estou
indo por aí. Pensarei um pouco sobre como a minha
vida mudou há alguns segundos.

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Capítulo 1
Giulia
Quase quatro anos depois...

— Felipe! Felipe! Felipe! — grito. —


Felipe!
Onde esse garoto está?
Ando até a sala de jogos e não o encontro.
Subo as escadas, indo até o seu quarto, mas ele
também não está aqui. Vejo o seu guarda-roupa e
penso na hipótese dele estar escondido ali dentro, já
que ele ama brincar de se esconder. Aproximo-me e
abro a porta, ele não está aqui.
— Ele não pode ter saído, os seguranças do
portão não deixariam que isso acontecesse e eles
me visariam se vissem Felipe fora de casa. —
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penso alto.
Meu coração já está muito acelerado e sinto
pânico pelo o que está acontecendo. Ando até o
meu quarto e não o encontro.
Depois de vasculhar todo o andar de cima e
não encontra-lo, desço as escadas e verifico
novamente, sempre gritando pelo seu nome. Não
obtive nenhum sucesso. Ando até a área da piscina
e fico aliviada em ver que ela está coberta.
Pelo menos, uma vez na vida, Leonardo me
escutou.
— Felipe! — grito novamente.
Deus, onde esse menino foi parar?
Lembro-me da parte da garagem. Parece até
uma burrice, mas, dificilmente, eu vou até essa
parte. Ali é a área de Leonardo, onde ele guarda as
suas motos e seus carros.
Mas não é possível que eles estejam ali.
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Estou gritando como uma louca e eles me


escutariam.
Ando até a garagem e não vejo nada de
mais. A quadra de basquete, que fica ali próximo,
está vazia também. Quando me viro para sair e
ligar para alguém me ajudar, começo a escutar
risos.
Ando em direção ao som e ele fica mais alto
quando me aproximo do último carro.
O vidro escuro me impede de ver o que tem
dentro, mas sei que tem duas pessoas se divertindo
muito.
Abro a porta e escuto o grito de surpresa de
Leonardo e Felipe.
— Estou que nem louca atrás do Felipe e os
dois estão escondidos no carro? — esbravejo.
— Não estamos escondidos. — Leonardo
diz, me olhando como se eu fosse uma louca. —

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Estou mostrando o carro para o Felipe.


— Mostrando o carro? — cruzo os braços e
minha fúria aumenta quando percebo que Leonardo
está escondo o rosto de Felipe. — Felipe, vire-se
para mim.
— Ele está assustado por causa dos seus
gritos!
— Assustado? Estou sentindo o cheiro de
chocolate. Felipe, vire-se para mim, estou
mandando!
Escuto o suspiro de Leonardo e ele vira
Felipe para mim. Noto a sua boca suja de
chocolate.
— Leonardo, eu não acredito nisso.
Viro-me e saio da garagem, caminhando de
volta para dentro de casa.
Eu sempre quis ser mãe. Nunca fui daquele
tipo que pensa que criança é um brinquedo, muito
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pelo contrário, sei que ser mãe requer


responsabilidade. Cuidei das crianças do orfanato e
sou ciente da importância do amor e da educação.
Eu tento educar o Felipe e dar amor ao mesmo
tempo, no entanto, eu sei que ele prefere o pai.
Leonardo é aquele tipo de cara que parece
que não cresceu. Felizmente a sua imbecilidade não
existe mais, mas as suas brincadeiras e
despreocupação com o mundo ainda existe.
Enquanto eu tento colocar ordem na casa e
educar o Felipe, Leonardo vai lá e faz tudo ao
contrário.
Se eu mando Felipe treinar um pouco a
leitura e a escrita, Leonardo vai lá e começa a
brincar. Se eu mando Felipe ser mais organizado e
peço para que ele pare de espalhar brinquedo pela
casa, Leonardo vai lá e diz ''é coisa de criança, eles
precisam bagunçar um pouco''. Se eu peço para que

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Felipe coma verduras, Leonardo vai lá e entrega


doces.
Claro que eu pareço à megera da história.
Leonardo tem autoridade na casa, apesar de
sempre ir contra as minhas ordens. Lembro uma
vez que Felipe fez menção de fazer birra porque
queria um carrinho, mas Leonardo sabia que se
desse, Felipe faria birra para conseguir tudo. Foi à
única vez que vi Leonardo reclamar com o filho. E,
para a minha surpresa, Felipe entendeu o recado e
nunca mais fez nada do tipo.
E é isso o que me irrita!
É claro que é lindo ver o amor que existe
entre os dois, mas, droga! Eu só queria que a minha
palavra fosse levada a sério uma vez na vida. Eu sei
que Felipe me vê como uma mãe chata que vive
reclamando, mas temos que impor certos limites.
— Qual o problema? — Leonardo segura o

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meu braço.
— Você está falando sério? — saio do seu
aperto. — Estou cansada de ver as minhas ordens
sendo descumpridas por sua causa. Você estava
naquele carro dando chocolate ao Felipe. Se fosse
só isso, tudo bem, mas sabemos que você fez isso
porque ele não quer almoçar.
— Você é uma pessoa muito estressada,
tem que se acalmar um pouco. Felipe ainda vai
fazer quatro anos, ele é apenas uma criança.
— Eu aprendi a andar e a falar antes de ter
um ano. Com dois anos eu sabia muita coisa, tudo
porque meu pai me ensinou desde cedo. Aqui estou
eu, viva! Vivendo em um casamento infeliz e tendo
um idiota como marido, mas ok.
— Vou ignorar a última parte porque sei
que tudo isso é uma birra que você não quer deixar
para trás. Mas você precisa parar de pensar e ficar

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tão estressada.
— Não é estresse por coisa pouca, seria
tudo normal se você não colocasse Felipe contra
mim!
— Eu não coloco o nosso filho contra você!
— grita. — Me acuse de tudo, menos disso.
— Como não? Felipe sabe que é só ir até
você que ele será protegido.
— Não é ser protegido, é apenas... Esquece.
— Fale o que você ia falar.
— Divirta-se, Giulia. Você precisa sair
mais, pare de se preocupar com a casa e com o
Felipe. Ele é uma criança saudável, inteligente e
educado. Você está fazendo um bom papel sendo
mãe, assim como as nossas mães fizeram.
— Eu estava louca atrás de Felipe e ele
estava comendo chocolate escondido. Ele estava
quebrando as regras com a sua ajuda. Ele estava
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mentindo para a própria mãe.


— Giulia...
— Olhe, eu não gosto de você, ok? Felipe
foi algo que simplesmente aconteceu. — tento não
chorar, mas sei que estou falhando. — Eu passei
nove meses grávida, estava depressiva e ainda
fiquei no hospital por um bom tempo. Aí meu filho
cresce e ele ama mais o pai? É lindo ver vocês
juntos, mas... Mas ele te ama mais porque eu sou a
mãe chata e implicante. Eu tento mudar, mas eu sei
que preciso educar e você não me ajuda em nada.
— Você nunca falou sobre isso. Se você
tivesse falado isso antes...
— O que adiantaria?
— Quando vai entender que eu realmente te
amo? Quando vai entender que eu faço de tudo por
você? Nunca temos um diálogo! Ok, eu posso ter
induzido o Felipe a quebrar regras, mas é que ele é

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uma criança e eu sou idiota, como você sabe. Mas


se tivesse conversado comigo...
— Eu tentei conversar com você há três
anos e tudo o que ganhei foi um filho, uma casa e
um casamento infeliz.
Viro-me e corro para o meu quarto,
trancando a porta atrás de mim. Deito-me na cama
e deixo as lágrimas caírem livremente.

(...)

Sinto alguém andando pela cama e depois


sinto mãos em meus cabelos.
— Leonardo, pare com isso! — grito.
— Mãe, sou eu.
— Oh, desculpe. Pensei que fosse o seu pai.
Acendo a luz e viro-me para o meu filho.

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Ele está com um semblante de tristeza e isso me


preocupa.
— Ei, por que está triste? — pergunto.
— Porque você brigou com meu pai porque
comi chocolate escondido.
— O que os dois estavam fazendo foi algo
muito feio.
— Desculpa. — abaixa a cabeça.
— Promete que não vai fazer mais isso?
— Prometo. — sorri. — Meu pai saiu e me
pediu para cuidar de você.
— Cuidar de mim? — reviro os olhos. —
Seu pai está louco, eu que devo cuidar de você.
— Ele disse que é para eu cuidar da garota
que ele mais ama no mundo.
— Seu pai está jogando baixo te mandando
aqui para dizer isso. — tento não sorrir.
— Mãe, por que você e o meu pai vivem
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brigando?
Olho para o meu filho e sei que, um dia, a
minha mentira vai ser descoberta e ele saberá por
que estou casada com o seu pai.
— Por que estou cansada, apenas isso.
— Meu pai te ama muito, muito mesmo. —
abre os braços como se estivesse medindo o ''amor''
do seu pai por mim.
— Ele te ensinou bem. — aperto o seu nariz
e ele ri com o que cabei de fazer.
— Eu também te amo muito. — se joga em
cima de mim e me aperta.
— Ele te obrigou a isso? — abraço-o
apertado.
Balança a cabeça negando.
— A única coisa que ele pediu foi para vir
até aqui, ficar quieto, obedecer e ficar falando que
ele te ama muito, muito, muito...
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Felipe começa a repetir as palavras sem


parar.
Acho que se eu e Leonardo tivéssemos tido
um relacionamento normal, nada disso estaria
acontecendo... Eu apenas não consigo me abrir com
Leonardo depois do que aconteceu naquele dia...
Quer dizer, eu sei que em alguns momentos eu
gosto dele, mas o passado sempre estará aqui para
lembrar quem ele é de verdade.

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Capítulo 2
Giulia

— Não sei o motivo de estar aqui. —


murmuro com irritação, não é como se eu gostasse
de Leonardo.
— Porque Leonardo estava na Itália e
agora voltou. — minha mãe responde o óbvio.
— Eu sei, mas eu não gosto nem um pouco
de Leonardo. Não vejo motivos de estar aqui, na
sua festa de boas vindas.
— Giulia, Leonardo passou três anos longe
daqui, ele deve ter mudado. E, vamos combinar, ele
já saiu daqui diferente.
— Sim, saiu mais idiota que antes.
Minha mãe revira os olhos e se afasta,
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andando na direção da minha tia, Isabella, a mãe


''adotiva'' de Leonardo.
Eu e Leonardo nunca nos demos bem. Não
lembro claramente o que aconteceu, mas Nancy, a
antiga governanta da casa, me contou. Quando eu
era uma criança, quis brincar com Leonardo, mas
ele disse que garotos não brincam com garotas e
eu deveria sair. Nancy falou que eu fiquei muito
irritada, fui até a caixa de areia, enchi meu balde
de brinquedo com ela e joguei em Leonardo. Ao
que tudo indica, todos ficaram surpresos com a
minha reação, já que eu sempre fui calma.
A partir daquele dia, o ódio cresceu.
Leonardo vivia implicando com o meu peso
e, segundo ele, sou esquisita demais.
Ele foi embora da cidade há dois anos. Foi
completar os estudos na Itália, morando com os
avós paternos. Leonardo sempre foi uma pessoa

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irritada e vivia entrando em confusões. Lembro que


o tio Marco, que é o pai de Leonardo, deu um
ultimato a ele. Se não parar de entrar em confusão,
vai morar com seus avós. Óbvio que Leonardo não
cumpriria o trato.
Agora, dois anos depois, Leonardo está
voltando.
Leonardo está com dezessete anos e eu vou
fazer quinze. Queria que ele tivesse amadurecido
por causa da idade, mas, pelo o que Marco falou,
nada disso está acontecendo. Leonardo vai para
festas, bebe e fuma, coisa que Marco não gostou
nada de saber.
Não sei ao certo, mas acho que Leonardo
voltou por causa da Nostra Ancoma. Essa é uma
máfia que, infelizmente ou felizmente, o meu pai é o
''poderoso chefão''. Creio que Leonardo voltou
para participar dos negócios e para ver se toma

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juízo de alguma maneira.


Sento na cadeira que está afastada de todas
as pessoas que esperam por Leonardo. Aqui temos
os seus familiares, os meus pais e irmãos, e os
amigos de Leonardo, que, por sinal, eu os odeio, já
que são como o anfitrião da festa.
— Uau, não imaginei que Leonardo fosse
tão querido. — Jasmine senta ao meu lado.
— Nem eu imaginei que o mundo tivesse
tantos idiotas.
— Eles nem devem lembrar a sua
existência, já saíram do colégio há um tempo.
Quando Leonardo me irritava, essas
pessoas estavam lá, ao seu lado e rindo de mim.
Eles nem se importavam sobre o meu pai ser um
mafioso. Na verdade, meu pai sempre achou que
fosse uma birra infantil.
— Não sei por que estou aqui, já que eu

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odeio esse cara.


— Giulia, ele pode ter mudado. — Jasmine
dá de ombros. — Pode ter tomado juízo.
— Ou pode ter ficado pior, acredito mais
nessa hipótese.
— Isso é o que saberemos agora.
Jasmine faz sinal para que eu olhe para
frente. Quando faço isso, vejo Leonardo
caminhando pelo enorme jardim e abraçando os
seus pais e a sua irmã mais nova, Katherine.
Olho um pouco para Leonardo e reparo o
quanto ele mudou. Quando saiu daqui ele era um
garoto magro, alto demais para a idade, com o
rosto livre de pelos e o cabelo que sempre andava
bagunçado. Agora, ele está forte — o que me faz
pensar que está fazendo musculação —, noto que
ele deve ter deixado a barba crescer um pouco e o
cabelo está mais curto e arrumado.

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— Ele vai estar mais metido que o normal.


— Por quê? — Jasmine olha para mim com
um sorriso. — Por que ele está mais bonito que
antes?
— Ele já era metido quando era um
magricelo, agora ele vai se achar melhor que
todos. E, para piorar, eu não mudei nada, continuo
fora do peso.
— Ele tem dezessete anos, está na hora de
parar com o Bullying.
— Jasmine, estamos falando de Leonardo
Vesentini, ele nunca vai parar de ser idiota.
— Então é bom preparar as armas, porque
Leonardo está vindo para cá.
Viro rapidamente a minha cabeça e vejo
Leonardo andando na nossa direção. Ele está
sorrindo e me preparo mentalmente para a batalha
verbal que está prestes a acontecer.

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— Jasmine. — ela levanta da cadeira e


abraça Leonardo, os dois sempre se deram bem, o
que sempre me irritou. — Giulia.
Leonardo estende a mão para mim e eu fico
o encarando.
— Tudo bem com você? — pergunta.
— Isso importa? — não o cumprimento de
volta.
— Ok. Dois anos se passaram, não quero
brigas. Eu voltei disposto a uma trégua.
— Por quê?
— Porque está na hora de crescermos.
Trégua, apenas isso.
Leonardo estende a mão para mim
novamente.
— O que está aprontando? — arqueio a
sobrancelha. Leonardo nunca pediria trégua a
troco de nada. — Ah, já sei! Tem algo a ver com a
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Nostra Ancoma? Quer puxar o saco do meu pai e


mostrar que eu e você não temos mais nenhuma
desavença?
— Não, quero apenas a trégua.
— Sem piadas sobre o meu peso?
— Não tem nada de errado com o seu peso.
Eu cresci, entenda isso.
O que eu vou perder com isso? Mesmo que
seja tudo mentira, é apenas evitar Leonardo e
pronto.
— Ok. — aperto a sua mão. — Trégua
aceita.

— Não aguento mais ser tratada como... Sei


lá. Mas sinto que não posso colocar ordem na
minha própria casa e nem com o meu filho.
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— Faz o seguinte, chame Felipe até aqui e


peça para que ele compre pipoca. — Jasmine diz e
eu a observo sem entender o motivo disso. — Ele
está brincando, se você não tiver autoridade sobre
ele, ele vai até fingir que você não existe.
Olho para o meu filho, que está brincando
no parque com as outras crianças. Chamo pelo seu
nome e peço para que ele venha até aqui.
Resmunga uma vez e diz que daqui a pouco vem,
mas, na segunda chamada, ele já está parado na
minha frente.
— Você tem autoridade sobre ele. —
Jasmine diz, depois que Felipe foi comprar a
pipoca. — Então pare de se preocupar com isso.
— Não é apenas isso, o problema é
Leonardo que nunca me deixa educar o Felipe. Ele
sempre vai contra tudo e...
— E conversa resolveria tudo. — Jasmine

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me interrompe. — Se você mantivesse um diálogo


com Leonardo, metade dos seus problemas
estariam resolvidos. A começar por esse problema
aqui. — aponta para o meu peito. — Sabemos que
está sofrendo por Leonardo. Quando conversa
comigo sobre ele, você sempre reclama sobre o
passado e sobre a sua falta de organização em casa,
mas sempre o elogia como um pai. O jeito que você
fala dele... — dá de ombros. — Converse com ele.
— Sabe o que é engraçado? Você fala isso
comigo, mas não conversa com meu irmão.
Diálogo entre vocês dois também resolveria tudo.
Felipe volta com as nossas pipocas e depois
volta a brincar.
— No meu caso, diálogo não resolverá em
nada. — Jasmine volta a falar. — O que adiantaria?
Daniel não gosta de mim e isso não mudará,
conversar só vai me fazer ficar humilhada e

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envergonhada. Seu irmão ama Nicole. Agora, não


mude de assunto, estamos falando de você e Leo.
— Não quero conversar com ele. Eu
apenas... É difícil. Você sabe tudo o que passei.
Jasmine, se não fosse por você e Leila eu não
estaria aqui, Felipe nem existiria. Onde Leonardo
estava quando precisei dele? Sabemos muito bem a
resposta para isso. — as lágrimas começam a
descer e eu não preocupo em enxuga-las.
— Sabe que eu não consigo acreditar
naquela história. Leonardo estava sendo tão legal e
continua sendo. Ele não teria motivos para
continuar sendo legal se ele já conseguiu o
casamento. Giulia, eu vi o sofrimento de Leonardo
quando você estava em coma e a beira da morte.
Ele nem teve coragem de chegar perto de Felipe
porque ele estava culpando o próprio filho pelo seu
sofrimento. Ele teve inúmeras conversas com

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Isabella e com Marco, porque eles estavam


tentando ajudar Leonardo, que não conseguia
chegar perto do próprio filho.
— Ele demorou dois dias para chegar ao
hospital! — as minhas lágrimas descem
incontrolavelmente. — Dois dias para chegar ao
hospital? Ele sabia sobre a gravidez de risco e ele
simplesmente sumiu.
— Você não conversou com ele sobre nada
disso.
— Nem ele falou comigo sobre tal coisa.
Jasmine, você também não me contaria nada...
— Porque eu vi que Leo estava sofrendo,
ele pode ter sumido...
— Por causa da Nostra Ancoma. Jasmine,
Leo não me abandonou uma vez, você sabe o que
ele fez anteriormente comigo. Eu só soube que ele
apareceu dois dias depois no hospital, porque

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escutei uma conversa dele com o meu pai.


Ninguém nunca mencionou nada comigo. Porque
todos só se importam com essa máfia!
— Giulia...
— Não dá, ok? Leo já me fez tanto mal que
eu não consigo pensar em perdoa-lo. Eu posso até
gostar de quando o vejo com Felipe, mas eu não
consigo parar de lembrar que ele nunca esteve ao
meu lado de verdade. — enxugo as minhas
lágrimas com força. — Isso não se trata de amor ou
algo do tipo, isso é apenas sobre a Nostra Ancoma
e nada mais. Jasmine, nem pense em defendê-lo, eu
sou a prova viva que Leonardo não se importa
comigo. Na verdade, se eu fosse depender de
Leonardo, nem viva eu estaria.

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Capítulo 3
Leonardo

— Giulia está diferente, está mais bonita.


Daniel olha para mim como se eu fosse um
louco.
— Você está bem? — pergunta. — Você
nunca elogiou a minha irmã.
— Porque ela era uma criança irritante.
— Você a irritava.
Ignoro as palavras de Daniel e volto a
minha atenção para Giulia.
Giulia... Quem diria que eu voltaria para
esse lugar destinado a ter algo com ela? Depois de
todas as fotos que eu vi dela, a minha vontade e
curiosidade de voltar aumentou.
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As fotos de festas de família e da escola me


fizeram ficar curioso sobre ''a nova Giulia''. Daniel
também conversava comigo. Ele falou sobre ela
estar fazendo aulas de danças e que, futuramente,
ela pretende ensinar. Não é como se eu gostasse da
última informação.
Meu pai me mandou voltar porque está na
hora de me tornar um homem e assumir os
negócios. Não apenas na Nostra Ancoma, mas,
também, em sua construtora. Já que eu não quero
ir para a faculdade, terei que aprender com o dono
daquilo tudo, o meu pai.
— Pare de olhar para a irmã como se fosse
comê-la!
— Eu poderia estar olhando para Jasmine,
já que ela está do lado da sua irmã.
— Não olhe para nenhuma das duas.
Rio com seu ciúme repentino. Não é como

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se ele gostasse de Jasmine.


— Acha que Giulia vai me perdoar?
— Pelos anos de irritação? Acho que sim.
Giulia é boazinha e a favor do perdão, ela vai te
perdoar. Mas, por que quer isso?
Daniel me encara como se fosse me matar,
eu apenas sorrio para ele.
— Porque eu quero me redimir dos meus
pecados. — Daniel balança a cabeça, claramente
não acredita em mim. — Agora, eu preciso ir ali.
— Tem pessoas querendo te ver.
— Não é como se eu gostasse dessas
pessoas. O tempo do colégio já passou e você sabe
que é o único amigo que tenho. Agora, preciso ir
ali.
— Isabella não vai gostar nada disso.
Daniel olha para a minha mão, onde eu
seguro um isqueiro.
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— Ela não precisa saber disso.


Saio da área da garagem e ando até a área
arborizada. Fumar lá dentro, com certeza, me
traria problemas. Mas isso será resolvido, já
comprei um lugar só para mim.
Fumar foi algo que me trouxe alívio quando
eu era estressado pelos meus avós. Parece
estranho, mas eu prefiro os pais de Isabella — que
não são meus parentes de sangue — do que os do
meu pai. A cada dia era uma irritação diferente.
Eu sei que meu pai me mandou para aquele
lugar como um castigo. Poderia sair, mas não faria
aquilo. Caso fizesse, adeus Nostra Ancoma. Passei
anos da minha vida sonhando com o grande dia, o
dia em que eu conseguiria ser, pelo menos, o braço
direito de Daniel. Não me importo em dividir,
Daniel é o irmão que nunca tive... Mas jamais vou
considerar Giulia como uma irmã. Irmãos não

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podem se relacionar da maneira que eu quero fazer


com ela.
— Seu pulmão vai apodrecer e você vai
morrer!
Assusto-me com essas palavras. Viro-me e
dou de cara com Kat, minha irmã mais nova.
— Que susto! — resmungo e apago meu
cigarro.
— Você disse que tinha parado de fumar. —
cruza os braços. — Você é um mentiroso.
— E você é uma boa irmã que ficará
quietinha sobre isso, estou certo?
— Talvez. — dá de ombros.
— O que quer em troca?
— Eu? Nada! Só queria sair dali. — aponta
para onde Gabriel está sentado com uns amigos.
— Gabriel te fez algo? Não me importo de
quem ele é filho, eu vou lá e bato nele.
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— Eu sei que não se importa com


Fernando, afinal, você sempre foi mau com Giulia.
— Mau?
— Sim. Giulia é muito legal e você sempre
foi idiota com ela. Você é corajoso, ninguém
chama a filha de um mafioso de gorda e sai vivo.
— Mas Giulia era gorda.
— Você é um idiota... Espera um pouco,
você disse que Giulia era gorda? No passado?
— Ela continua sendo, mas eu a vejo com
outros olhos.
— Com os olhos do amor? — Kat me olha
como quem dissesse ''hum... Eu sei o que está
pensando''. — Você ama Giulia! Eu sabia que isso
aconteceria! Meu Deus! Vocês vão se casar!
— Garota, do que está falando? Eu só falei
que eu a vejo com outros olhos.
— Promete que vai guardar segredo? —
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confirmo. — Dedinho.
Reviro os olhos e fazemos o ''juramento do
dedinho''.
— Foi assim. — senta ao meu lado. — Eu
deveria estar dormindo, mas estava com fome e
decidi descer para procurar algo para comer.
Estava na casa do vô Sergio. Ele, meu pai,
Fernando e o nosso vô, estavam no escritório
conversando. Eu escutei o nome ''Giulia'' e o seu.
Sou curiosa e me aproximei para escutar. Eles
falaram sobre um possível casamento entre você e
Giulia. Fernando não concordou e notei que a
conversa passou de amigável para um acordo.
— E... — peço para que ela continue.
— Não sei. Eles mudaram de assunto e
começaram a falar sobre um tal de Jason. Não me
interessava e voltei para a cozinha.
— Casamento entre mim e Giulia? — olho

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na direção em que a minha possível ''noiva'' está


sentada. — Obrigado pela notícia.
— Gostou? Eu sabia que estava gostando
dela. Você me fazia muitas perguntas sobre ela.
— Agora só falta saber se ela tem algum
interesse por mim.

— Onde está Tyler? — pergunto a Daniel.


— Já não sabe? Atrás de algo que não faço
a menor ideia do que seja. — responde claramente
exausto sobre essa conversa. — Eu odeio ter que
esperar por esses documentos.
— Você poderia fazer...
— Não, precisamos de Tyler para isso. O
casamento foi adiado, sendo que deveria ter
acontecido há uns quatro anos.
— Tyler sumiu há tanto tempo? A mãe de
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Jasmine não sabe sobre o paradeiro do marido?


— Se sabe não conta. O pior é que Jasmine
está preocupada sobre isso. Tyler não é a melhor
pessoa do mundo, a família dele o ama mesmo
assim. — dá de ombros. — E Giulia, como está?
— Mesma coisa de sempre. Uma mãe
preocupada e acha que eu estou desviando o garoto
do bom caminho.
— Conversaram?
— Sua irmã só faz gritar e reclamar. Eu a
amo, porque se não fosse por isso, eu nem estaria
mais ao lado dela.
— Você estava ao lado dela quando mais
precisou.
— Não me lembre daquele dia. Foi o pior
dia da minha vida. — fecho os olhos.
Levanto da minha cadeira e caminho para
fora da sala junto com Daniel. Afrouxo o nó da
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gravata e tiro o paletó.


— Sabe algo sobre Gabriel? — pergunto a
Daniel. — Não aguento mais olhar para a cara de
tristeza de Kat.
— Gabriel está por aí, curtindo a vida. Kat
se apaixonou pelo cara errado.
— A coitada tinha esperança de ter um
contrato de casamento, mas não acontecerá.
Eu também pensei que Fernando fosse fazer
um contrato de casamento, mas ele nunca quis
obrigar a filha a casar, já bastava Daniel...
Entramos no elevador, que vai nos levar até
a garagem.
— Talvez seja bom assim. Olhe para nós
dois. Casamento arranjado e temos problemas com
as nossas ''parceiras''.
— O meu casamento com Giulia nem foi
arranjado.
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— Realmente, foi obrigado, já que você a


engravidou. — Daniel me olha com raiva. Eu sei
que ele ainda tem essa história entalada na
garganta.
— Eu sou um bom marido, a sua irmã que
se faz de difícil.
Saímos do elevador e caminhamos até os
carros.
— Faça a minha irmã feliz. — Daniel abre a
porta do seu carro.
— E você. — grito. — Decida logo entre
Nicole e Jasmine. Mas saiba, todos torcem e
preferem Jasmine.

(...)

Entro em casa e sou recebido pelos risos de

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Giulia e Felipe. Caminho até o som e encontro os


dois assistindo TV.
Olho para as duas pessoas que mais amo e
sorrio. Isso logo termina quando penso na merda
que fiz para obter essa família. Giulia já não gosta
de mim, se ela soubesse tudo o que fiz... Talvez ela
nunca descubra, caso isso aconteça, eu quero que,
pelo menos, ela saiba que eu a amo
verdadeiramente. Eu só cometi o erro para tê-la ao
meu lado.
— Pai! — Felipe grita e Giulia me olha sem
demonstrar nenhuma reação. — Vem assistir TV!
Coloco toda a papelada que trouxe do
trabalho em cima da mesa e caminho na direção
dos dois.
Felipe tem a cabeça no colo de Giulia e ela
está praticamente deitada no sofá.
O filme que está passando é um desenho

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que envolve animais falantes. Percebo que, a todo


momento, Giulia e Felipe dão risadas. Ela sempre
foi uma grande fã de desenhos. No passado, eu
nunca imaginei que me apaixonaria por ela e, muito
menos, que teríamos um filho juntos.
— Como foi o dia? — pergunto quando
começam os comerciais. Felipe foi até a cozinha
pedir um copo de água para a Tiffany, a empregada
da casa.
— Foi bem. Saímos com Jasmine.
— Felipe deu o recado?
Percebo as suas bochechas corando. É por
essas reações que eu não desisto desse casamento.
Percebo as reações da minha mulher e sei que se eu
tentar mais, ela vai ceder.
— Será que fica melhor se eu te falar
pessoalmente? — inclino o meu corpo em direção
ao seu e dou um beijo em seu ombro. — Eu te amo.

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— Leonardo...
— Apenas uma chance. — continuo
beijando o seu ombro. — Uma chance para te
mostrar que sou o mesmo de anos atrás. Eu não
mudei em nada.
Com essas palavras, Giulia levanta
rapidamente do sofá.
— O passado foi uma grande mentira. —
ela diz.
— Não foi. Parece que foi, mas...
— Não quero falar disso agora, ok?
Conversaremos sobre isso depois.
— Sempre essa história de ''depois'', por que
não ''agora''?
— Porque dói, dói muito relembrar sobre
tudo.
— Mas eu estou dizendo que nada daquilo
foi mentira. Eu te amo e...
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— É exatamente por isso, você fala que foi


verdadeiro, mas eu tenho certeza que foi mentira.
Depois conversaremos sobre isso.
Ela vai até a cozinha.
O que mais eu tenho que fazer para mostrar
que a amo de verdade?

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Capítulo 4
Giulia

Abro os meus olhos e encontro Leonardo


dormindo ao meu lado. Ou melhor, o seu braço está
sobre o meu corpo, como um abraço. Adoraria ter
tido a força de vontade de tira-lo do meu quarto aos
chutes, mas, mais uma vez, eu apenas deixei que
ele ficasse aqui.
Isso sempre acontece. No meio da noite,
Leonardo sai do seu quarto e vem até o meu. Eu até
dormia com a porta trancada no início, porém, uma
vez, Felipe não estava passando nada bem e veio
até aqui, ele bateu na porta, mas como tenho um
sono pesado, eu não o escutei. Ele foi até o seu pai

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e decidi que deveria dormir com a porta


destrancada.
Depois que Leonardo soube dessa novidade,
ele sempre vem fazer essas visitas noturnas.
Olho para Leonardo, que está dormindo
pacificamente ao meu lado. Gostaria de sentir o
mesmo nojo que antes. Hoje em dia eu acho que
sinto mais remorso, mas não a raiva de antes. Acho
que a convivência me fez o conhecer melhor, então
vem o passado...
A única pessoa que sabe sobre isso é
Jasmine e Leila, afinal, elas foram as únicas que
estavam ao meu lado. Não culpo as outras
pessoas... Quer dizer, eu culpo o meu pai por isso.
Minha mãe, Sara, sempre ficou ao meu
lado, mas eu não queria. Eu não queria
aproximação com ninguém. Jasmine e Leila só
sonseguiram se aproximar porque no dia que elas

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me procuraram, eu estava fraca demais para lutar.


Se hoje eu estou viva, é graças a elas, se
fosse depender de Leonardo...
E quando lembro isso, pego o braço de
Leonardo e começo a tira-lo de mim.
— Qual o seu problema? Até a alguns
segundos atrás, você não estava se importando com
isso. — Leonardo diz e percebo que a sua voz não
está sonolenta, ele já estava acordado.
— Estava pensando se deveria te acordar,
mas já chega dessa aproximação. — aperto o seu
braço e sei que a minha unha pode rasgar a sua
pele, mas isso não importa para ele.
— Pare de ser tão... Tão...
— Fale, Leonardo! — rosno e continuo na
minha tentativa estúpida de me livrar dele.
Com uma rapidez que me causou surpresa,
Leonardo já está sobre o meu corpo. Ele consegue
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pegar os meus dois braços e faz com que eles


fiquem sobre a minha cabeça. Sendo assim, estou
presa a ele. Quando penso que posso mover as
minhas pernas, ele vai lá e fica no meio, o alvo que
eu tinha no meio das suas pernas não existe mais.
— Vamos parar de brigas! — Leonardo
grunhe, o que me faz sentir mais impotente em
relação a ele. — Você gosta quando durmo aqui,
você gosta quando te abraço e quando digo que te
amo. Não finja, eu sei que quando entro aqui no
quarto, você está acordada e, mesmo assim, não
briga, muito pelo contrário.
— Eu não...
— Não minta para mim. Eu te conheço
muito bem.
Leonardo aproxima o rosto do meu, mas
sou mais rápida que ele. Desvio o meu rosto.
Escuto o seu rosnado e, logo após, ele morde o

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lóbulo da minha orelha, o que me faz senti arrepios


pelo corpo.
— Eu não desistirei. — ele me solta e sai de
cima do meu corpo.
Levanto da cama e respiro fundo. Quando
olho para frente, vejo Leonardo retirando a calça.
— O que pensa que está fazendo? —
pergunto, tentando soar com firmeza, mas sei que
falhei.
— Tirando a roupa para tomar banho? —
fala como se eu fosse uma tonta.
— Você tem seu próprio banheiro, quarto
e...
— E eu quero estar aqui, com você. Pare de
ser assim, aceite que eu te amo.
— E devo aceitar e esquecer que fui
enganada? Que assinei aquela droga de contrato
sem saber? Que estou presa nesse casamento até
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que Felipe faça vinte e um anos?


Leonardo se aproxima de mim. Segura o
meu queixo e faz com que eu olhe para ele.
— Você não reagiu dessa maneira quando
descobriu o casamento, porque isso agora?
Engulo em seco com essa pergunta.
Primeiramente eu soube da gravidez. Fiquei
assustada, mas isso durou pouco tempo. Depois...
Bem, depois veio à armação. Eu era tola e pensei
''eu amo Leonardo e eu sei que ele sente o mesmo
por mim''. Logo após veio à verdade que só me fez
odiar Leonardo.
— Porque eu era uma tola apaixonada. —
dou um tapa em sua mão e levanto da cama. —
Porque eu acreditava no amor e acreditei na sua
mudança. Hoje não mais, Leonardo. Não sou mais
a adolescente apaixonada de antes.
— Eu sei que mudou, só queria tê-la

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novamente ao meu lado.


— Infelizmente, você me terá ao seu lado
por mais uns dezessete anos.
— Mas não é do jeito que eu quero.
— Mas é assim que será.

(...)

— Mas eu não quero ir. — Felipe reclama


quando sai do carro e começamos a caminhar até a
Diosa, a escola de dança da minha mãe e da minha
tia Isabella. — Eu não gosto de ir, é chato.
— Eu sei, mas você pode brincar com a
Karen.
— Ela veio?
— Sim, ela veio.
Com isso, Felipe abre um enorme sorriso e

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eu faço o mesmo. Agora Felipe ficará distraído


enquanto eu dou aulas de dança.
Entro na recepção e vou atrás de minha
mãe. Encontro-a conversando com Karen.
— Ei!
Chamo a atenção das duas. Minha mãe sorri
quando me vê e vem correndo em minha direção
para me abraçar.
— E como está o meu garoto?
Felipe se joga nos braços da sua avó. É
estranho ver a minha mãe sendo chamada de avó.
— E você? — acaricio os cabelos da minha
irmã. — Por que está tão quieta?
— Já não sabe como é a sua irmã? — minha
mãe sorri para mim. — Queria ficar em casa, mas
Fernando ordenou que ela viesse comigo.
— Eu queria estar assistindo TV, não aqui!
— minha irmã caçula resmunga.
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— Algum problema?
Minha mãe faz sinal para que eu espere um
pouco.
Ela fala com as crianças e avisa para que
elas fiquem no lado de fora. Karen tem catorze
anos, mas ama brincar com o meu filho e ele ama
ficar com a tia.
— Seu pai está muito tenso. — minha mãe
começa a contar. — Ele sempre manda seguranças
comigo e quando não estou em casa, Karen também
tem que estar fora. O que é muito estranho, mas
nem posso perguntar, porque receberei um enorme
''nada que eu possa contar a você''.
— Leonardo está normal.
— Certeza? — confirmo. — Então, qual o
problema do seu pai?
— Nem pense na possibilidade de traição,
sabemos que ele te ama desde sempre.

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— Então porque ele fica sozinho naquela


casa? Isso está me preocupando muito. E sabe o
que mais me preocupa? Esse seu afastamento.
— Mãe...
— Você estava tão bem no início e agora
nem pode mais passar muito tempo perto de Daniel
e do seu pai. Entendo a sua recusa por Leonardo,
mas o seu pai e o seu irmão, eu não entendo.
Apesar de ter odiado o que meu pai fez, eu
não quero contar isso a minha mãe. Eu sei que os
dois se amam, isso só causaria discórdia. E o mais
canalha foi Leonardo.
— Posso ir? A aula de Isabella deve ter
começado. – tento me afastar dessa conversa.
— Ok. — minha mãe dá um meio sorriso.
— Pode ir.
Caminho até a sala de Isabella. Hoje ela não
pôde vir e fui chamada para substitui-la. Agora é

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tentar me distrair de toda essa história e continuar


seguindo em frente.

(...)

O segurança do condomínio onde moro — e


que meu pai é o dono — pede para que eu pare o
carro. Faço o que é pedido.
— Boa tarde, senhora Vesentini. — ele me
cumprimenta. — Uma senhorita veio até aqui a
procura do senhor Vesentini.
— Leonardo? — questiono, já que Marco, o
meu sogro, também mora aqui.
— Sim, Leonardo.
Aperto o volante com força e seguro a
vontade de chorar e gritar.
— Qual o nome dela? — pergunto.

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— Ela não informou. Mas eu tenho imagens


da câmera de segurança.
— Eu quero ver.
Ele confirma com a cabeça.
Estaciono o carro e peço para que Felipe
fique dentro e quieto. Ando até a sala onde ficam
algumas televisões. Depois de alguns segundos,
vejo a imagem da mulher. Infelizmente, não
consigo ver seu rosto com nitidez.
A minha raiva cresce quando o segurança
fala que ela tem em torno de trinta anos...
É isso, a história está se repetindo.
Agradeço ao segurança e volto ao carro.
— Aconteceu alguma coisa? — Felipe
pergunta.
— Não. — uma lágrima cai. — Mas
acontecerá em breve.
No passado, Leonardo jurou o seu amor por
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mim e aconteceu tudo aquilo. Agora, no presente,


ele faz o mesmo e vejo que está tudo se repetindo.
Talvez seja o momento de parar de ser
covarde e seguir em frente na minha vida.

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Capítulo 5
Giulia

Espero o sinal tocar e meu irmão, Gabriel,


sair da sala. Hoje é sexta-feira, isso significa que
não vou voltar para a escola por dois dias.
Significa também que, provavelmente, terei que ir à
casa da tia Isabella. Eu sempre amei ir para lá,
mas isso foi antes de Leonardo resolver ficar
naquela casa.
Antigamente, Leonardo apenas dava um
''oi'' e saía, agora ele sempre fica, o que é pior, ele
tenta conversar comigo. Não é como se eu gostasse
disso. Trégua não significa iniciar uma amizade,
significa ser neutro e não olhar para ele.
— Lia, qual o problema com o meu irmão?

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— Katherine cruza os braços, me encarando com


desconfiança.
— Você sabe muito bem sobre isso.
— Mas ele voltou diferente e quer sua
amizade.
— Por quê? Desculpe, mas quando se trata
do seu irmão, eu desconfio de tudo, até da sua
gentileza.
Lembro os momentos em que ele está sendo
uma pessoa educada. Ele até puxou a cadeira para
que me sentasse, eu fiz, mas com receio dele puxar
ainda mais e eu cair sentada no chão, porém, ele
não fez nada disso.
— Lia, podemos conversar sobre isso?
Lembro também que Katherine é uma
romântica, apesar da pouca idade. Assim como eu,
ela quer ver todo mundo casado e feliz. Só que
Katherine me quer casada com o seu irmão, já que,

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na cabeça dela, os opostos se atraem, formam uma


linda família e vivem felizes até o fim.
— Kat, eu te amo, mas...
— Quero que você seja minha cunhada!
— Você será minha cunhada quando se
casar com Gabriel, fora isso, não será possível.
— Sabe o que eu acho? Que ódio se
transforma em amor.
— Ou em assassinato.
— Credo, Giulia.
— Kat, somos românticas, mas temos que
ser realistas. Eu e Leo não nos damos bem, não é
porque ele mudou que eu vou me apaixonar. Eu
nunca gostei dele e não vai mudar.
— Giulia, meu irmão gosta de você. Jura
que não conta nada a ninguém?
— Juro.
Katherine levanta o dedo mindinho e eu
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tenho que ''entrelaçar'' o meu com o dela. O tal


''juramento do dedinho'' que não pode ser
quebrado sobre nenhuma hipótese.
— Meu irmão disse que gosta muito de
você, e um dos motivos dele ter voltado foi para se
redimir e te conquistar. Ele disse que sempre via
suas fotos e escutava falar de você. Com o tempo
ele amadureceu e viu que era hora de parar de ser
um moleque e começar agir corretamente com
você.
— Por que isso me parece um discurso
pronto? — pergunto e rio porque, obviamente, ela
treinou essa fala.
— Eu escutei Leo falando isso mais de seis
vezes. Lembra a festa de boas vindas? — confirmo.
— Então, Leo conversou comigo naquele dia.
A festa aconteceu há mais de duas semanas
e, daquele dia até hoje, Leonardo vem tentando a

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aproximação e sendo legal comigo.


Leonardo não pode estar gostando de mim.
Ele é mais velho, bonito, já terminou o colegial e
trabalha na empresa da família, tem toda essa
coisa de ''bad boy'' e namorava as vadias. Ele
nunca vai querer nada comigo... Ou quer?
— Kat, por favor, vamos mudar de assunto.
— Ficou balançada. — Katherine me
empurra. — Eu sei disso. — pisca um olho e sorri
com pretensão.
Gabriel, apareça logo para me livrar dessa
conversa!
Cinco minutos depois, o sinal toca e os
alunos começam a sair da escola.
Eu e Katherine estudamos em outra escola.
Nós saímos da antiga por causa das constantes
fofocas e irritação que sofríamos. Apesar de não
termos qualquer parentesco, somos parecidas em

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vários aspectos, isso inclui ser excluída da


sociedade.
Um dos motivos de eu ter saído da antiga
escola foi Leonardo. Ele, realmente, fez da minha
vida escolar um inferno.
Gabriel vem andando com dois amigos e
depois se despede deles, vindo a minha direção.
— Kat. — sorri para minha irmã e ela falta
se derreter com isso.
Apesar da pouca idade, Katherine criou a
fantasia que eles vão se casar no futuro e só eu sei
disso.
— Gabriel, tudo bem?
— Tenho novidades. — ele abre a mochila e
esquece que eu estou aqui, já que nem falou
comigo. — Olha isso.
Os dois começam a olhar uma revista e
murmuram coisas como ''Meu Deus!'', ''Sério?'',
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''Quando será lançado?''.


— Do que estão falando? — pergunto, não
aguentando mais de curiosidade.
— A sequência do melhor jogo criado. —
Gabriel responde e vejo brilho nos seus olhos.
Ele mostra a revista e eu vejo alguns
desenhos estranhos. Não entendo nada sobre jogo,
diferente desses dois a minha frente.
— Ok. Podem falar sobre isso no caminho.
— atrapalho a conversa. — Precisamos ir para
casa, estou com fome.
Gabriel e Kat concordam. Saímos da escola
e eles vão conversando sobre uma nova técnica no
jogo. Eu apenas ando e penso no que Kat falou
sobre Leonardo.
Não é possível que ele goste de mim.
Os meus pensamentos terminam quando um
carro para ao meu lado. O vidro desce e vejo
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Leonardo.
— Espero não estar atrasado. — ele diz
com um sorriso.
— Não, chegou em cima da hora. —
Katherine responde e depois olha para mim.
— Vamos, tem um lugar novo na cidade que
faz um hambúrguer maravilhoso. — Leonardo
continua. — Eu já experimentei e achei fantástico.
Katherine corre e entra na parte de trás do
carro, Gabriel faz o mesmo.
— Giulia, pode ser rápida com isso?
— Rápida com o quê? — grito com
Leonardo.
— Entrando no carro.
— Mas eu não vou.
— Mas é hambúrguer. Você gosta de
hambúrguer.
— Eu gosto de hambúrguer, mas não gosto
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de você.
Arrependo-me quando essas palavras saem
da minha boca.
— Estou magoado. — coloca a mão no
peito.
— Desculpe-me.
— Só desculpo se você entrar no carro e for
comer conosco. Eu juro, é o melhor hambúrguer
que você vai comer na vida, perdendo apenas para
o meu.
— Você sabe cozinhar? — pergunto como
se fosse uma piada. Por que um garoto mimado
cozinharia?
— Giulia, tem tata coisa sobre mim que
você não sabe, mas farei questão que descubra.
— Hum... Eu não negaria essa proposta. —
olho para Katherine e ela continua com o sorriso
pretencioso.
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— Você é muito nova para entender dessas


coisas. — Leonardo repreende a irmã.
— Eu vou fazer onze anos, sou uma quase
mocinha.
— Eu não gosto de você fazendo isso com
minha irmã. — Gabriel me defende. — Meu pai e
Daniel saberão disso.
— Saberão sobre?
— Sobre você estar dando em cima da
minha irmã.
— Eu só a chamei para comer um
hambúrguer.
— Estou de olho.
Leonardo ri como se fosse tudo muito
engraçado, enquanto é tudo embaraçoso pra mim.
— Giulia, entre no carro. — Leonardo
insiste.
— Ao lado do meu irmão. — Kat sorri.
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Reviro os olhos e entro no carro, sentando


do banco da frente.
Eles conversam sobre o novo jogo.
Aparentemente, eu sou a única pessoa que não
conhece tal coisa.
— Diga-me, como está na escola? —
Leonardo me pergunta, depois de Kat e Gabriel
iniciarem uma conversa sobre algum filme.
— Está bem.
— Apenas isso? Não tem dúvida em alguma
matéria?
Pensando que Leonardo está sendo legal
comigo, decido responder sua pergunta:
— Somente química, odeio essa matéria.
— Sério? Eu sou bom em química. — olho
para Leonardo e acho graça. Eu sei que Isabella e
Marco viviam reclamando sobre o seu péssimo
desempenho no colégio. — Eu era o aluno
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bagunceiro e, por isso, minhas notas eram baixas.


Mas eu sempre tirava as notas máximas nas
provas, entretanto, eu não fazia apresentações,
trabalhos e adorava conversar durante as aulas.
— Disso eu não sabia.
— Claro, eu nunca fui elogiado pela
inteligência. Eu não sou apenas um rostinho
bonito, com uma barriga tanquinho e uma conta
bancária de dar inveja.
— Realmente, você também é um idiota com
muita modéstia.
Leonardo abre a boca para falar, mas
quando ele nota o meu sorriso, ele apenas sorri de
volta.
— Você sorriu para mim? Meu Deus, estou
sonhando. Giulia Bertollini está sorrindo e não
quer me matar?
— Continue sendo legal, que isso. —

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mostro o meu sorriso. — Não sairá daqui.


— Eu não pretendo voltar ao que era antes.
Só quero uma chance de tentar.
— Tentar o quê?
— Tentar... — suspira. — Você saberá.

(...)

— Ah, não sei, não consigo gostar disso. —


falo sobre os jogos que Leonardo tanto conversa.
— Como não? — ele arregala os olhos.
— Giulia é chata com isso.
— Não é isso, Gabriel. Apenas não me vejo
sentada olhando para uma tela e jogando algo. —
dou de ombros. — Não sou boa com isso.
— Mas é boa na dança. — Leonardo sorri.
— Como sabe disso?
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Lembro-me do que Katherine falou.


Leonardo começou a gostar de mim porque
escutava conversas sobre mim, por conta disso ele
ficou interessado.
— Minha mãe me contou. Ela te ama e
sempre fala de você.
— E como estão os seus avós? — mudo de
assunto.
Leonardo olha para Kat, mas ela presta
atenção em Gabriel. Depois Leonardo volta a sua
atenção para mim.
— Eu sabia que meus avós são autoritários,
mas não imaginei que fosse tão... Ignorantes.
— Do que está falando?
— Quando meu pai me colocou de castigo e
me mandou para a casa dos meus avós, eu não
esperei que fosse algo fácil, mas não pensei que
fosse tão estranho. Meus avós são pessoas

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ignorantes. Eu andava na linha, fazia tudo certo,


mas eles sempre gritavam e me mandavam fazer
algo.
— Como assim?
— Podemos dizer que eu dormia três horas
por dia. Eu estudava e ainda tinha que trabalhar
na fazenda, fazendo o trabalho dos outros. Fora os
tapas que levei do meu avô.
— E Marco?
— Meu pai... Eu não queria decepciona-lo,
continuei naquele lugar para provar que eu
mudaria.
— Mas tio Marco sabia sobre os pais?
— Não, nem quis falar nada. Eu apanhei
porque meu avô xingou minha mãe, a Isabella. Eu
fui defendê-la e me dei mal. Não contei para o meu
pai para não causar discórdia. — dá de ombros. —
Achei melhor assim. Vamos mudar de assunto?

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Mudamos de assunto e, para a minha


surpresa, conversamos muito. Depois de algumas
horas voltamos para casa.
— Espero que tenha entendido que mudei.
— Leonardo segura a minha mão, me impedindo
de sair do carro.
— Sim, entendi.
— Somos amigos a partir de hoje? Eu sou
legal, eu juro.
Rio com por conta da sua insistência.
— Ok, Leonardo. Somos amigos a partir de
hoje.
— Juro que nunca mais vou te chatear,
serei o melhor homem do mundo para você.
Mesmo não sabendo o que isso significa, eu
balanço a cabeça em concordância e sorrio para
Leonardo.

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Capítulo 6
Giulia

Sufoco as lágrimas que insistem em cair.


Não é possível que essa situação esteja se
repetindo.
Eu era uma garota iludida que pensava que
era apenas uma fase. Que Leonardo estava cansado
do trabalho e estava apenas passando um tempo
com os amigos, eu não via problemas naquilo,
afinal, eu também passava o meu tempo com
Jasmine e Leila.
Mas, infelizmente, ele passava o seu tempo
com outra mulher.
Enquanto eu estava passando mal, Leonardo
estava se divertindo.
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Estúpida! Estúpida! Estúpida!


Eu me iludi, era sonhadora e pensava que
era apenas uma fase. Deveria ter fugido quando
descobri o contrato de casamento. Não deveria ter
acreditado que Leonardo cuidaria de mim, era
apenas pela Nostra Ancoma, sempre foi.
Eu me vi grávida. Dezesseis anos e grávida.
Como uma covarde que fui, aceitei ir morar com
Leonardo. Meu pai estava decepcionado comigo,
mas eu também estava e ainda estou irritada com
ele. O que me restou foi Leonardo e suas promessas
que se cumpriram no início, mas, nesse momento,
só me machucam.
Por que insistir nisso?
Eu apenas não conseguia sair. Tinha algo
me prendendo a ele e não é Felipe. Talvez seja por
eu ser uma tola que não quer conversar para
entender tudo, talvez seja o meu medo de perdê-

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lo... Talvez seja o fato de, lá no fundo, eu acreditar


que Leonardo pudesse estar falando a verdade. Que
ele me ama.
Mas, agora, eu não acredito mais nisso.
Leonardo está me traindo novamente.
Estaciono o carro e enxugo as lágrimas que
caíram. Felipe está olhando para o lado de fora e
nem desconfia que eu estava chorando. Assim que
as lágrimas cessam, desço do carro e tiro Felipe da
sua cadeirinha.
— Está bem? — ele pergunta, tocando o
meu rosto. — Seus olhos estão vermelhos.
— É o tempo. — sorrio para ele. — Agora,
corra para dentro para tomar banho.
Felipe me encara como se não acreditasse
nas minhas palavras, mas, logo após, ele corre para
dentro.
Fico alguns instantes me controlando e

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respirando fundo.
Esse não é o momento de chorar. Esse é o
momento de continuar com a minha decisão e sair
dessa casa antes que Leonardo chegue e impeça a
minha ida.
Sinto uma mão cutucando o meu ombro.
Quando me viro, vejo Tiffany, a empregada da
casa.
— Giulia, Isabella está na sala te esperando.
Você está bem?
— Não. — respondo com sinceridade. —
Mas não precisa se preocupar.
Entro em casa e caminho até a sala.
Encontro Isabella brincando um pouco Felipe.
— Ei, será que poderia nos deixar a sós? Eu
tenho que ter uma conversa com a sua mãe.
— Vó, a mãe tava chorando. — Felipe
sussurra, mas eu escuto tudo. — Ela disse que era
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do tempo.
— Eu vou conversar com ela sobre isso.
Agora, vá brincar um pouco.
Felipe sai correndo para a área onde ficam
os seus brinquedos. Caminho em direção a Isabella
e ela me dá um sorriso fraco.
— Aconteceu algo?
— O tempo, como Felipe disse.
Isabella apenas concorda, balançando a
cabeça. Isso me faz estranhar, afinal, ela nunca
acredita nessas coisas e sempre insiste até obter a
verdade.
— Eu vim aqui para conversar com
Leonardo, mas Tiffany disse que ele ainda está no
trabalho e perguntou se eu queria esperar. — dá de
ombros. — Acabei aceitando.
— Sem problemas. Daqui a pouco
Leonardo chegará.
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— Tinha alguém lá fora?


— Lá fora onde?
— No condomínio.
— Como assim?
Isabella suspira e leva as mãos a cabeça.
— A mãe de Leonardo ressurgiu.
— Do que está falando? — sento-me ao seu
lado e uma esperança cresce em mim.
— Isso que você escutou. A mulher que
teve Leo apareceu aqui mais cedo à procura dele.
— Estava trazendo Kat para casa e vi a
mulher saindo do condomínio. Os seguranças
falaram que ela estava à procura de Leo.
Leo não me traiu! Pelo menos não no
presente...
— Eu pensei que ela estivesse morta. —
começo a conversar com mais calma. É como se
um peso tivesse sido tirado da minha consciência.
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— Não. A única que morreu foi a sua mãe.


— ela se refere à prostituta que engravidou do meu
pai e sumiu, me deixando com ele, mas depois ela
morreu por uma gangue. — A de Leo estava
desaparecida, sumiu no mundo e apareceu agora.
Quer dizer, ela não apareceu, Marco foi atrás
daquela vadia.
Meu tio foi atrás dessa mulher? Oi?
— Tio Marco foi atrás dela? Mas... Espera.
Isso não faz sentido.
— Nada faz sentido na minha vida.
— Eu pensei que você...
— Giulia, desculpe, mas eu não quero falar
sobre isso. — levanta do sofá. — Eu vim apenas
falar sobre isso, já que Leonardo pode acabar
descobrindo sobre essa mulher de outra maneira.
Eu bloqueei a entrada dela no condomínio, mas
nunca se sabe onde ela vai aparecer.

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— Tia...
— Giulia, não se preocupe com isso.
Ela me abraça e depois vai embora.
Uma parte de mim fica aliviada por aquela
mulher não ser outra amante de Leonardo, mas a
outra está desconfiada pela procura de Marco por
essa mulher.
Talvez Marco e Leonardo sejam parecidos
em alguns aspectos...

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Capítulo 7
Giulia

Apesar de ter ficado aliviada em saber que


aquela mulher não é uma amante de Leonardo, eu
fiquei preocupada em saber que Marco foi atrás
dela.
Não posso acreditar na possibilidade dele
trair Isabella.
Ligo para Leonardo, para contar sobre essa
mulher, mas o celular está dando desligado. Ligo
para a empresa e a recepcionista avisa sobre ele
estar em reunião. Peço para que ela avise que eu
liguei, e que Leonardo precisa me retornar assim
que possível.
Não vou deixar que essa mulher se
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aproxime, nem a conheço, mas já não gosto dela.


Apesar de ser um tanto quanto tola com
certas pessoas, eu acabo não gostando de muitas
delas. Lembro sobre Milla, uma babá insuportável
que eu tinha quando criança. Não lembro muito do
seu rosto, mas sei que eu a odiava. Ela era
insuportável e lembro que ela queria o meu pai.
Graças a Deus, ele ficou com minha mãe, a Sara.
Depois teve Nicole, também não vou com a
cara dela desde sempre. Ela quer roubar Daniel de
Jasmine. Basta ela dar um telefonema, que o idiota
corre atrás da loira azeda. Foi isso que Jasmine me
contou.
Ainda tem Leila, apesar de andarmos juntas,
sou meio fria com ela. Essa garota é amiga de
Jasmine. Talvez seja ciúme de melhor amiga, mas
não gosto muito dessa garota. Ok, ela ficou comigo
quando precisei, mas algo nela me incomoda...

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O mesmo acontece com a mãe de sangue de


Leonardo. Ela teve mais de vinte anos para vir atrás
do filho, agora ela aparece do nada a sua procura?
Se bem que, pensando melhor, Marco estava a sua
procura... Mas ela veio atrás de Leonardo. Tem
algo de errado nessa história.
Minha mente começa a vagar por todos os
anos que passei perto da família de Leonardo, não
lembro ninguém mencionando sobre essa mulher.
Leonardo, uma vez, falou sobre ela, mas
nada de muito importante. Era aniversário de
Isabella e ele resolveu que deveria fazer um
discurso. No seu discurso, ele deixou bem claro o
seu amor pela mãe adotiva e disse que nunca a
trocaria por ninguém, também agradeceu por
conhecer Isabella e até brincou, agradecendo sobre
o abandono da sua mãe de sangue.
Tento lembrar quem é a mãe de sangue de

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Leonardo. Uma rápida lembrança aparece. Acho


que já escutei algo sobre ela.
A minha mãe de sangue era uma prostituta.
Meu pai se recusa a falar dela, já que ele odeia
relembrar algumas coisas do passado. Minha mãe
respondeu as minhas dúvidas, já que ela, assim
como eu, também pensava nisso no passado.
Ashley era uma prostituta que acabou
ficando com o meu pai e engravidou. Ela exigiu
uma quantia em troca de continuar com a gravidez.
Assim que ela pegou o dinheiro, ela sumiu no
mundo, deixando-me com o meu pai. Depois, ele
recebeu a notícia que ela havia morrido por uma
gangue. Não é como se eu me importasse com isso.
Tento recordar sobre a mãe de Leonardo.
Sempre pensei que ela havia sido uma prostituta,
porque meu pai e o de Leonardo sempre andaram
juntos e acabaram com bebês para cuidarem

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sozinhos. Mas ela não era isso.


Recosto-me no sofá e tento me lembrar de
algo, eu sei que tem algo de muito importante para
ser lembrado.
Lembrei! Uma vez, eu escutei uma conversa
sobre ela, mas nada de muito relevante e foi por
isso que acabei não guardando essa parte em minha
mente.
Depois de alguns minutos forçando a
lembrança, eu logo revivo o momento.
Meu pai e Marco estavam discutindo sobre
algo. Eu tinha uns nove anos naquela época e nem
fazia ideia que eles eram mafiosos e perigosos.
Meu pai estava um pouco irritado e Marco
parecia estar chateado com algo.

— O que tínhamos na cabeça por ficarmos


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com Milla e Olívia? — meu pai parece muito


irritado com a história.
Marco apenas olha para baixo, como se
tivesse irritado com algo.
— Cara, desculpe, eu sei que fiz merda,
mas...
— Eu fiz coisa pior. — meu pai diz, como se
também se desculpasse.
Minha curiosidade aumenta e decido me
aproximar mais da porta. Minha mãe saiu para
levar Daniel ao médico, como não queria ir, fiquei
em casa. Mas meu pai não sabe disso, já que decidi
de última hora.
— Explique como conheceu Olívia. — meu
pai pede.
Marco levanta da cadeira e eu me afasto
um pouco da porta, para não ser notada.
— Olívia era amiga de Milla. Estava a sua
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espera, aqui mesmo na sua casa. Milla estava de


férias na faculdade e veio visitar Nancy, ela foi até
a casa dela sozinha e eu fiquei sozinho com Olívia.
Bem, ela me chamou atenção e decidi chama-la
para sair. Ela era muito tímida. Então, falei com
Milla e consegui o seu contato. Depois de um
tempo, ficamos juntos. — ele fica em silêncio. —
Ela engravidou de Leonardo. Meus pais a odiavam,
ela acabou falando algo sobre eu ter que decidir
entre ela e os meus pais. Nunca amei Olívia,
obviamente, escolhi a minha vida de sempre. Ela
ameaçou abortar, dizendo que se eu não ficasse
com ela, não teria sentido ter o bebê.
— Eu lembro essa parte. — meu pai diz. —
Você negociou e ganhou Leonardo.
— Sim. Não pensei muito no assunto. Ela
sumiu por tanto tempo que, confesso, acabei
esquecendo a sua existência. Mas, depois, eu tive

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que procura-la e ainda procuro.


Escuto passos se aproximando e vejo Raul.
Corro para longe da sala e volto para o meu
quarto.

Olívia, esse é o nome da mãe de Leonardo.


Meu pai estava interessado pelo seu paradeiro e ela
é amiga de Milla. Se não me engano, Milla morreu,
mas não sei como, as pessoas sempre me escondem
as coisas.
Ok, talvez seja a hora de obter algumas
respostas. Não estou gostando muito de toda essa
história.

(...)

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Fui até a casa de Nancy, já que ela é mãe


adotiva de Milla, mas ela não estava lá. Decidi
voltar depois. Sei que não vou obter respostas com
os meus pais e nem com Leonardo.
Leonardo me ligou mais cedo e falei sobre
Olívia, ele ficou surpreso, já que pensava que ela
estava morta. Mas não se importou com a notícia e
disse que, se ela aparecer, é para expulsa-la de lá.
Caminho até a pequena loja que fica a
alguns quilômetros da minha casa. Felipe insistiu
em querer comer salgadinhos. O que tinha em casa
terminou, como não tenho muito o que fazer,
resolvi vir comprar.
Entro na loja e procuro por algum
salgadinho ou biscoitos.
— Quero de bacon. — Felipe avisa.
— Certo. Vamos lá, a procura do bacon.
Felipe só falta pular com tanta felicidade.

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Vou até a prateleira dos salgadinhos e fico


instantaneamente irritada ao constatar que só tem
sabor queijo. Nada de bacon, apenas queijo.
— Acho que não temos bacon. — falo para
Felipe e seu semblante muda de alegre para triste.
— Mas eu quero bacon, não gosto de
queijo.
— Vamos continuar a procura.
Vou ao outro lado à procura de biscoitos de
chocolates, pego três pacotes e encontro um canto
com outros salgadinhos. Fico feliz ao notar que
aqui tem sabores variados.
— Pronto, bacon! — entrego o salgadinho
para Felipe e ele logo abre o sorriso novamente.
— Mas eu quero esse biscoito.
— Morena, pelo amor de Deus, por que
alguém demora tanto para comprar biscoito? —
olho para o lado e vejo um casal. Ele parece
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impaciente e a mulher parece alheia a tudo.


— Porque Nathan é alérgico a amendoim e
alguns biscoitos contém esse veneno. Então, eu
estou salvando o nosso filho de uma possível ida ao
hospital. — sorrio ao ver a discussão do casal.
Leonardo também detesta essas procuras no
mercado.
Continuo pegando alguns biscoitos e
salgadinhos quando escuto sons de tiros. Jogo-me
no chão e fico por cima de Felipe, protegendo-o.
Ele grita por baixo de mim e sei que ele está
assustado. Sinto um peso sobre mim. Escuto algo
como ''Estou te protegendo'', mas não sei se é isso
mesmo. Os sons estão mais altos e o caos já está
feito.
Parece uma eternidade, até que, finalmente,
tudo fica em silêncio.
— Era um assalto! — escuto alguém

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gritando.
— Está tudo bem? — o peso sai de cima de
mim.
Tento me acalmar e começo a verificar
Felipe, que chora em meus braços. O abraço e
começo a repetir que está tudo bem.
Olho para o lado e vejo alguns motoqueiros
me encarando. Atrás de mim está um deles, só que
mais novo. Acho que foi ele que estava em cima de
mim, mas, agora, ele não me olha como quem
quisesse me proteger...
Merda! Preciso sair daqui.
— Parece que foi um assalto. Quem quer
que seja, conseguiu fugir.
O homem que estava conversando com a
mulher há poucos instantes, me encara de maneira
estranha.
Viro-me e começo a correr pela loja até a
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saída. É um pouco difícil, já que estou com Felipe


em meus braços.
— Ei, por que está correndo? Você está
bem? — um homem me pergunta, ele também é um
motoqueiro, como todos os outros.
Talvez não exista perigo neles, mas a forma
como eles me encaram, não é nada amigável. Eu
sou filha e esposa de mafiosos. Sei que alguns
motoqueiros não são boas pessoas, sei disso.
— Nós já nos vimos antes? — ele pergunta,
me estudando minunciosamente.
— Ei, pare de correr! — olho para trás e
vejo o homem que estava me encarando há poucos
instantes. Vejo na sua jaqueta o nome ''Jason'',
''Presidente'' e ''Avengers MC''. Ele é o chefe de
tudo.
Ele se aproxima de mim e sorri. Um sorriso
nada amigável.

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— Não farei mal a você, Giulia Bertollini


Vesentini. — Jason diz. — E nem ao filho de
Leonardo Vesentini e neto de Fernando Bertollini.
— não dá para não notar a raiva no modo que ele
disse esses nomes.
Eu sei que isso não é bom! Isso não é nada
bom!
Esses motoqueiros são personagens do
meu livro: O amor cura tudo.

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Bônus 1
— Como assim não conseguiram nada? —
Grito com os dois homens a minha frente.
— O Avengers estavam lá.
— Quem são esses?
— Um moto clube. Nós atiramos, a garota
estava na mira, mas um dos motoqueiros atirou
contra nós... Tivemos que fugir. Fomos
perseguidos, mas escapamos.
— Um moto clube na cidade? — reprimo a
minha vontade de gritar. — E a Nostra Ancoma?
Eles não deixariam um moto clube se instalar nessa
cidade.
— Eles podem estar de passagem, não
sabemos. Só sabemos que eles reagiram.
— O que está acontecendo aqui?

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Hugo entra na casa gritando como um


louco. Eu juro que ainda me livrarei dele.
— São meus amigos. — respondo. — Não
posso receber visitas?
— Essa casa é minha. — ele rosna. — Eu
não gosto de você. Quer ver os seus amigos? Vá a
qualquer lugar, mas não na minha casa!
— Eu também moro aqui! — grito de volta.
— Por causa de Rachel e seu bom coração.
Você sabe que se for depender de mim, eu te
colocaria para fora aos chutes.
— Você não faria...
— Eu já fiz coisa muito pior na minha vida.
Olho para Hugo e vejo algo sombrio nele.
Desvio o olhar para os outros dois homens.
— Depois conversaremos.
Eles assentem e saem da casa.
— Planejando roubar um banco? — Hugo
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provoca.
— Talvez a sua morte. — retruco.
— Não se eu for mais rápido. — se
aproxima, retira uma faca de sei lá onde e pressiona
no meu pescoço, mas não me machuca. — Não
brinque comigo. Um deslize e você nunca mais
pisará nessa casa... Não estou falando de expulsão,
estou falando da morte.
Ele retira a faca e se afasta.
Seguro a minha vontade de discutir com ele,
mas não posso. Sempre tive pavor desse homem,
apesar dele amar Rachel, eu sei que ele não é bom
com todos como é com ela...
Esquecerei Hugo, o meu objetivo são outras
pessoas.
Agora que Leonardo está ocupado com a
empresa e Giulia está saindo mais, eu poderei fazer
algo. As minhas tentativas estão sendo falhas.

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Leonardo já matou o meu comparsa, entretanto, eu


sei que conseguirei o meu objetivo.
Vou começar a atacar de maneira mais
apressada, não aguento mais essa demora. Já chega
de ter paciência. Se não conseguir Giulia, tentarei
com Felipe. Sara, infelizmente, será mais difícil de
conseguir.
Giulia, no entanto, odeia Leonardo e não
aceitará nada vindo dele, até ajuda. Eu só preciso
separa-los ainda mais, porque, infelizmente, aquele
idiota ama a mulher e não deixará o caminho
livre...
Já sei! É isso!
Se a primeira traição não funcionou, a
segunda vai ter que funcionar. Eu sei que ele já quis
algo com aquela vadia, se tiver sorte, ele não
escapará.
Já estou ligando para Leila, ela terá que

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seduzir Leonardo, para que, assim, Giulia esteja


mais vulnerável ao ataque.
Não pode demorar mais, já estou cansada de
tanta espera. Eu conseguirei a minha vingança
contra Sara e toda a Nostra Ancoma.

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Capítulo 8
Giulia

Jason me encara como se fosse me matar.


Ele sorri, mas é algo sombrio, como se ele tivesse
segundas intenções...
— Vocês estão muito machucados. — a
mulher, que eu sei que está com Jason, pergunta.
Assusto-me com o tom preocupado de sua voz.
Felipe está mais calmo, mas eu não.
— Eu sou médica. — a mulher informa com
um sorriso. — Neurologista, mas posso fazer um
curativo se quiser. Sente alguma dor?
— Está bem? — pergunto ao Felipe e ele
balança a cabeça confirmando. — Estamos bem. —
informo. — Precisamos ir
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Viro-me para sair, mas o homem a minha


frente ainda impede a minha passagem.
— Pode me deixar passar? — ele nega,
balançando a cabeça.
— Kahl foi falar com o dono. — o cara que
se jogou em cima de mim na hora dos tiros, fala
com Jason. — Por causa das filmagens, mas acho
que não teremos problemas. Chester atirou do lado
de fora e, aparentemente, lá não tem câmera.
— Então está tudo certo?
— Sim. Tudo certo. E a propósito. — ele
me encara. — De nada. Salvei a sua vida.
— Do que está falando? — pergunto com
medo da resposta.
— Os tiros pegariam em você, mas te
salvei. De nada. — ele fala com sarcasmo, acho
que não gostou nada disso.
Giulia, eles são motoqueiros que atiram em
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pessoas.
Aproveito que a família está conversando e,
aos poucos, começo a dar passos para trás.
Quando viro para sair, sinto uma mão ao
redor do meu pescoço.
— Giulia Vesentini, pare de correr. —
Nicholas vira-me para a sua direção. — Nada te
acontecerá. Preciso falar com você.
— Eu não quero.
— Não perguntei isso. — sorri.
— Eu vou falar para o meu pai que você
está mandando em minha mãe! — Felipe grita. —
Ele vai te dar uma surra e eu vou ajudar!
— Felipe, pare com isso. — não deixe a
situação pior.
— Meu pai disse que eu devo te proteger, e
que ninguém machuca a minha mãe! — quando
vou repreendê-lo, ele fecha a mão e bate no rosto
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do homem a minha frente.


— Oh meu Deus, Felipe! — grito.
Não estou preocupada com o rosto do
homem, estou apenas com medo do que ele fará
depois disso. Mas, para a minha surpresa, ele e os
outros estão rindo de tudo.
— Leonardo vai gostar de saber que o filho
é protetor. — ele aperta o olho, que foi onde Felipe
o acertou. — Eu só quero conversar.
— Minha mãe não pode conversar com
homem.
Como Leonardo ensina essas coisas para a
criança?
— Giulia, por favor, eu não te farei nenhum
mal.
— Mas esses homens...
— É para o seu bem.
Nicholas me leva até a saída. Não estou
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indo por vontade própria, mas as motos que estão


paradas com esses homens... É melhor eu ir sem
reclamar.
— Realmente foi um assalto. — ele me
encara. — Um assalto no qual só atiraram e não
levaram nada?
Por que esse cara me encara tanto?
— O que eu tenho a ver com isso?
— Felipe, deixe-me a sós...
— Não! — grita. — Meu pai vai saber de
tudo, Nicholas.
Olho para o meu filho e tento entender
porque ele falou esse nome, mas, então, eu vejo que
o nome desse cara também está no colete dos
''Avengers''.
Coloco Felipe no chão e ele fica ao meu
ado. Claro que eu poderia reclamar por causa da
sua falta de educação, mas nem sou louca de ficar a
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sós com esse cara e nem deixarei meu filho no


meio dessas pessoas desconhecidas e com aspecto
perigoso.
Nicholas suspira com cansaço e continua
falando.
— Não me importo com o seu pai e nem
com Leonardo, mas o que aconteceu com você me
lembrou algo... — percebo raiva em seu olhar e
estremeço com medo do que ele poderá fazer. —
Isso não foi um assalto. Esses tiros foram para mim
ou para você. — olha para Felipe, mas eu acredito
que ele ainda não sabe muito sobre isso. Mas,
Leonardo ensinou tanta coisa, que eu não duvido
que Felipe saiba até sobre a máfia. — Não me
importo o que vai acontecer, mas... Não importa,
apenas tome cuidado com tudo e todos a sua volta.
Ele sai, deixando-me para trás.
Agora estou paranoica com tudo.

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E se os tiros tivessem sido para mim?


Pego Felipe em meus braços e corro para o
meu carro.
— O que aquele homem queria? Eu não
entendi nada. E o que aconteceu na loja?
Felipe me enche de perguntas, mas não
respondo nada e nem presto atenção. Só me
pergunto sobre esses tiros. Meu pai e Leonardo tem
inimigos, isso é óbvio. Infelizmente, sempre fui
mantida alheia à situação. Regra deles, o que
acontece na Nostra Ancoma, fica na Nostra
Ancoma.
Mas agora é diferente, eu posso estar
correndo risco de vida.
Uma coisa passa por minha cabeça.
Se esses tiros foram para mim, isso
significa que eles me seguiram? Afinal de contas,
eu decidi sair de casa para comprar sem avisar a

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ninguém. Merda!
Continuo dirigindo e sempre olhando para
trás, certificando-me que não tem ninguém me
seguindo.
Chego a minha casa e fico instantaneamente
aliviada, acredito que estou segura aqui.
Tiro Felipe do carro e ele sai correndo,
entrando em casa. Vou logo atrás e escuto Felipe
contando tudo o que aconteceu para o pai, não é
tudo, é apenas a parte de Nicholas falando comigo.
— Nicholas? O que ele fez com sua mãe?
— noto a raiva na voz de Leonardo.
— Ele quis conversar com ela a sós, mas eu
dei um soco no olho dele.
— Esse é o meu garoto. — de onde estou
não dá para ver os dois, mas escuto um som como
se eles tivessem comemorando o feito de Felipe. —
Nenhum homem pode chegar perto da sua mãe.

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— Isso é tão machista.


Quanto escuto essa voz, saio de onde estou
e vou até eles. Assim que chego à cozinha,
encontro Leila sentada em um banquinho.
Olho para Leila com a sobrancelha
arqueada.
O que ela faz aqui?
— Leila, o que faz aqui? — pergunto.
Ela me encara com espanto.
— Você nunca mais saiu comigo e com
Jasmine, resolvi vir até aqui para saber como está.
— sorri.
Eu não gosto muito dela. Algo em mim
alerta falsidade em relação a essa garota. Ok, talvez
o fato dela já ter dado em cima de Leonardo não
ajuda muito a melhorar a situação.
— Leonardo, eu não posso me aproximar de
homem, mas você pode se aproximar de uma
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mulher? — cruzo os braços e tento não soar como


uma mulher ciumenta, mas sei que falhei.
— Ciúmes? — Leonardo ri. — Eu não
estava perto de Leila, ela estava na sala a sua espera
e eu estava aqui na cozinha, preparando algo para
eu comer. — ele se aproxima de mim e segura o
meu queixo. — Fale com sua amiga, depois
teremos uma conversa sobre esse tal de Nicholas.
Leonardo pega Felipe e o coloca de cabeça
para baixo, levando-o para a área da piscina.
— Giulia, desculpe, não queria causar um
desconforto entre você e Leonardo.
— Leila, não se preocupe. — sorrio. — Isso
não me afeta, só quis provocar Leonardo, ele me
irrita, você sabe disso.
— Não acredito que não sente nada por ele.
Caminho até a geladeira e pego uma
garrafinha com água, ofereço a Leila e ela recusa.

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— Leila, eu odeio Leonardo, sabe disso. —


a única pessoa que sabe que eu sinto algo por
Leonardo, é Jasmine. — Por que mudaria?
— Não sei, o jeito que você falou... Você
meio que sentiu ciúmes de mim, aqui com
Leonardo.
— Leonardo estava comemorando porque
Felipe deu um soco em um cara que só queria
conversar comigo, e quando chego em casa, ele
estava com uma mulher. Não é ciúme, isso sou eu
tentando mostrar que Leonardo é um hipócrita.
— Só não queria causar um desconforto.
— Não causou. Agora, o que veio fazer
aqui?
— Aí, olha como está me tratando. Você
está chateada comigo!
Céus, o que fiz para merecer esse dia?
— Leila, realmente, estou irritada, mas não
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com você. Estou irritada por viver com Leonardo,


ok? Você sabe que odeio isso.
— Quer conversar?
Calma, Giulia, ela está sendo educada.
Você que está com raiva porque ela estava sozinha
com seu marido... Leonardo não é bem o meu
marido.
— Quero ficar sozinha e pensar na vida.
— Está tramando algo?
— Se eu tiver, garanto que vai ser a
primeira a saber. Agora, pode me deixar a sós? Só
quero pensar na vida.
— Certo. Desculpe-me por qualquer coisa.
— ela anda em minha direção e me abraça. —
Estarei sempre ao seu lado.
— Obrigada. — retribuo o abraço sem
muito entusiasmo.
Leila se despede de mim e sai da minha
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casa.
Bebo o restante da minha água e tento
processar o dia de hoje. A mãe de Leonardo
apareceu e pensei que fosse a sua amante; fui atrás
de respostas sobre essa mulher; quase levei vários
tiros; encontrei um moto clube que parecia querer
me matar, mas um deles me alertou sobre o perigo;
posso estar sendo ameaçada por alguém e Leila
estava na minha casa com Leonardo.
Leila, aquela que queria Leonardo no
passado... Ou quer no presente e no futuro?
— Quem é Nicholas?
Levanto a minha cabeça e vejo Leonardo,
com os braços cruzados, me olhando
completamente irritado.
— Você desconfia de mim? Por isso tanta
raiva?
— Um homem queria conversar a sós com a

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minha mulher. Giulia, não me irrite e responda de


uma vez. Hoje eu tive um dia péssimo.
— E eu? Acha que foi bom?
— O que aconteceu? — Leonardo muda de
irritado para preocupado. Ele se aproxima de mim e
segura as minhas mãos.
— Foi tudo horrível. Sua mãe apareceu
aqui, e pensei que fosse sua amante...
— Por que pensou que ela fosse minha
amante?
— Leonardo. — afasto-me dele. — Eu fui
chamada pelo segurança... Bem, a mulher que
estava a sua procura é linda e...
— E eu te amo, por que te trairia?
Porque você já fez isso antes...
— E depois eu saí de casa. — ignoro o que
ele acabou de dizer. — E atiraram em mim.
— O quê?
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— Nicholas disse que os tiros eram para


mim.
— Quem é Nicolas? — grita.
— Eu não sei. Ele estava com o colete de
um moto clube, Avengers...
— Avengers? Eles te fizeram algum mal?
— Nicholas me salvou junto com Felipe.
— Salvou? — ri sem humor. — Estou indo
tirar essa história a limpo.
— Do que está falando? — seguro o seu
braço, impedindo a sua ida.
— Se atiraram em você e Nicholas queria
conversar a sós, eu quero saber dessa história
corretamente.
Vejo algo sombrio em suas feições e no seu
modo de falar.
— O que vai fazer? — pergunto e tenho
medo da resposta.
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— Já matei algumas vezes, não me


preocupo em fazer isso novamente.

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Capítulo 9
Leonardo

Desço do meu carro e caminho em direção a


Nicholas.
— O que quer comigo? — pergunta.
Dou um soco em seu rosto e ele acaba
caindo no chão. Fico em cima dele e o seguro pelo
seu colete do moto clube.
— Qual o seu problema? Primeiro o seu
filho e agora você? — ele grita. — Eu salvei a sua
mulher e seu filho!
— Salvou? — puxo pela a sua camisa e o
aproximo de mim. — Aqueles tiros...
— Quase atingiram a sua mulher e seu
filho!
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— Como pode ter tanta certeza que foi um


atentado contra ela? — grito todas essas palavras.
É muita coincidência o moto clube estar no
mesmo lugar onde minha mulher estava, aí depois
tem um tiroteio? Muita coincidência...
— Acredita na hipótese de assalto? Cara, o
caixa estava lá na entrada da loja e os caras foram
justamente para onde sua mulher e filho estavam?
Não foi para o MC, nessa cidade só temos um
inimigo e ele é a sua máfia. Vocês nos atacaram?
— nego. — Então, tentaram matar a sua família.
Saio de cima de Nicholas e o ajudo a
levantar. Ele coloca a mão no rosto e noto um leve
tom vermelho em seu olho. Felipe fez um bom
trabalho.
— Eu aceitei vir até aqui porque sabia que
seria sobre Giulia. — continua falando. — Estamos
aqui de passagem, não vou fazer mal a sua mulher.

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— Pode falar sobre o que aconteceu?


Nicholas aponta para uma pedra, que fica
próximo ali.
Marquei de encontra-lo em uma pequena
rodovia que está desativada, pelo menos, os carros
não passam, mas as motos são fáceis para passar.
Sento no lugar indicado e Nicholas começa
a falar.
— Estávamos indo para a outra cidade,
resolvemos parar para comprar algo para comer. Eu
estava próximo a Giulia, mas nem notei. Só percebi
quando o seu garoto falou algo sobre querer bacon,
reconheci os dois, mas não alertei sobre eles
estarem ali, tão próximo de nós. Foi então, quando
olhei para frente, que vi, pelo menos, umas três
pessoas armadas. Giulia estava atrás de uma
prateleira, mas não era tão alto a ponto de ser uma
barreira. O primeiro tiro foi dado para o alto, mas,

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eu posso afirmar, o outro tiro seria na cabeça da sua


mulher. Quando percebi isso, foi instintivo, corri
em direção a Giulia e a derrubei no chão.
O medo do que poderia acontecer a Giulia
toma conta de mim. Eu quase a perdi... Perderia a
minha mulher e o meu filho.
— O moto clube acabou revidando e teve
troca de tiros. Não foi assalto. A polícia foi
chamada, mas já não estávamos mais lá e o dono do
mercado acabou mentindo, dizendo que a câmera
estava quebrada ou algo assim. Eu chamei a sua
mulher para conversar, para ela ficar ciente sobre o
risco que corre.
Ficamos em silêncio por alguns instantes.
Está tudo acontecendo novamente e, tenho
certeza, é minha culpa.
— Meu pai até perguntou o motivo dos tiros
terem sido para Giulia.

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— Jason não quis fazer mal a Giulia?


— Mal? — ele ri. — Meu pai não faria mal
a Giulia, talvez um sequestro para dar um susto.
Porém, ele não fez nada. Minha mãe estava
conosco, ele não quer que minha mãe veja a
maldade em suas ações.
É isso o que fazemos. Nunca queremos que
a nossa família saiba desse nosso lado ruim.
— Estou aqui apenas porque você me
ajudou uma vez. — Nicholas olha para mim. — A
julgar pela sua cara, eu acho que você sabe de algo.
Levanto-me da pedra e começo a andar de
um lado para o outro.
A minha cabeça pesa porque eu sei que a
culpa é minha. Se Giulia descobrisse tudo o que fiz,
ela me amaria ou me odiaria ainda mais?
Tudo que fiz foi para tê-la ao meu lado. Ela
sempre me amou, sei disso. Infelizmente, as minhas

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constantes viagens atrapalharam tudo... A quem eu


quero enganar? Eu estraguei tudo quando inventei
desculpas e mentiras sobre os meus atos.
Giulia sempre foi muito boa, sempre
reclamei da sua bondade. Pelo amor de Deus, como
ela pode ser amiga de Leila? Giulia é tão boa que
não enxerga que aquela garota tem algo estranho...
Giulia acredita na bondade de todos, eu tinha que
protegê-la de tudo, e, para isso, acabei me
afundando em mentiras... Mentiras para tê-la ao
meu lado e para protegê-la do mundo.
— Por que eu acho que você sabe quem são
os culpados? — olho para Nicholas. — Ok,
Leonardo. Vamos lá, você já me ajudou, certo?
Chegou a hora de te ajudar.
— Por que isso?
— Porque você salvou a vida de uma
pessoa, agora eu acho que precisa de ajuda. Não

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somos amigos, mas sei que temos uma divida. Pelo


seu olhar, acho que você não sabe o que fazer. A
Nostra Ancoma não poderá ajudar?
Suspiro e resolvo contar a Nicholas.
Não somos amigos, longe disso, mas acabei
salvando a vida de uma garota, a garota que
Nicholas ama. Naqueles dias, eu e ele acabamos
conversando. Ele me confessou muita coisa, entre
elas, falou sobre estar apaixonado pela garota que
salvei. Mas era amor proibido, já que ela é filha de
Carlos e neta de Juan, ambos do cartel. Eles são
inimigos de Jason, que é o pai de Nicholas, e do seu
avô, González.
Com essa informação eu posso acabar com
a vida de Nicholas. Por isso, eu não vejo problemas
em contar a minha situação. E, para ser sincero, eu
preciso de ajuda, já que ninguém da Nostra
Ancoma me ajudará... Eles até podem me ajudar,

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mas sei que sofrerei as consequências.


— Deve ter acontecido há, mais ou menos,
uns quatro anos. — começo a falar. — Estava
namorando Giulia, até que ela quase foi atropelada.
O carro foi embora e, depois de algumas semanas,
aconteceu o mesmo com Sara, mas ela saiu ferida
desse acidente. Giulia não tinha mencionado nada
disso com o pai, porque eu e ela estávamos
namorando escondido, então, se contasse,
poderíamos nos dar mal. Claro que eu desconfiei de
tudo. Fernando estava irritado pelo o que havia
ocorrido a sua mulher, aproveitei a situação e disse
que iria atrás da pessoa que atropelou Sara.
Olho para o céu, logo me arrependendo de
tudo o que fiz.
— Foi aí que aconteceu de recebermos uma
carta anônima, falando que matariam Giulia. Fui
atrás dessa pessoa e não a encontrei. Giulia estava

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grávida e Fernando estava irritado comigo e com


ela. Podemos dizer que eu, idiota do jeito que sou,
falei que era homem suficiente para Giulia.
Fernando queria me tirar da Nostra Ancoma, já que
eu quebrei a confiança dele. Então eu jurei que eu
encontraria a pessoa que ameaçou Giulia e Sara.
Se só com essas mentiras eu já me acho um
idiota, imagine com as outras.
— Giulia já estava morando comigo e
estávamos de casamento marcado, foi então que eu
estava a seguindo e vi um carro atrás dela. Quem
dirigia o carro percebeu e conseguiu fugir. Eu
fiquei um bom tempo fora de casa, precisava
encontrar os culpados, mas foi em vão, não
encontrei nada. Depois de um tempo, aconteceu
novamente, Giulia foi parar no hospital e tivemos
suspeita de envenenamento, ela não sabe disso,
porque preferimos não assusta-la com o resultado

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do seu exame. Bem, todos me culparam, porque eu


tinha sido um idiota que achou eu conseguiria algo.
Fui afastado dos negócios.
— Eu acho que tenho medo de onde essa
conversa vai chegar.
— Bem, eu jurei que conseguiria o respeito
de todos novamente, incluindo o de Giulia. Eu
ficava fora de casa, mas não poderia contar nada a
Giulia, ou poderia dar tudo errado, mas isso não
vem ao caso. Tinha outro carro vigiando o orfanato,
eu o segui e consegui matar a pessoa. Era um cara
desconhecido.
— E... — Nicholas pede para que eu
continue.
— Eu posso ter inventado uma mentira para
dizer que matei o nosso inimigo e disse que existia
perigo.
— Eu imaginei tudo, menos isso.

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— Cara, eu estava desesperado. Se


Fernando não me aceitasse ele poderia... Ele
poderia estragar o meu casamento com Giulia.
— Mas se vocês já estavam casados, como
poderia estragar algo?
— Podemos dizer que eu menti sobre o
contrato de casamento e envolvi o nome de
Fernando e Daniel nisso.
— Cara, qual o seu problema? Tem que
mentir para tudo e para todos?
— Nicholas, não me julgue. Eu sei que você
faz a mesma coisa com Mary, não me venha om
isso.
— Ok. Eu posso morrer pela minha mentira,
mas você e Giulia... Você mentiu muito e agora
sabe que o inimigo do passado pode estar de volta.
Agora, como vai sair dessa? Quando você matou o
cara, ele não deu qualquer resposta?

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— Ele atirou em mim e revidei. Matei sem


obter qualquer informação.
— E Fernando aceitou isso?
— Eu inventei tanta coisa sobre aquele cara
que eu merecia um Oscar pela encenação e roteiro.
Nicholas vem em minha direção.
— Você sabe muita coisa de mim e sei
muita coisa sobre você. Não somos amigos e
nossos pais são inimigos, mas você salvou Mary e
te devo uma. Como você não tem um ''parceiro''
para te ajudar, eu ofereço a minha ajuda.
— E Jason?
— Ele está levando minha mãe e o outro
Estado, ela está indo como voluntária em um
hospital. E os homens, bem, negócio deles. Eu não
terei muita serventia, então posso ficar aqui e dar a
desculpa que quero descansar da viagem.
— Jason não vai desconfiar?
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— Como meu pai vai imaginar que estou do


lado do inimigo? Ele nunca vai pensar nisso. Vai
querer a minha ajuda?
— Sim. Eu quero a sua ajuda.
— Agora eu preciso saber de uma coisa, por
onde começo a procura?
— Cara, não faço a menor ideia. Eu nem ao
menos sei quantas pessoas estão envolvidas nisso.

Giulia

Leonardo, onde você está?


Ando de um lado para o outro com o celular
em minha mão. Não sei o que fazer nesse
momento. Leonardo pode estar matando uma
pessoa e, enquanto isso, a sua irmã está à beira da
insanidade.

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Infelizmente, não posso ligar para os meus


sogros, Kat pode se dar mal, a minha mãe está em
um jantar com o meu pai, Jasmine está com a mãe,
Daniel está em algum lugar que não me atende e
Gabriel não me ajudará em nada no momento.
Meu celular toca e vejo o nome de Daniel
na tela.
— Giulia, algum problema?
— Sim, mas não é comigo, é com a Kat.
— O que aconteceu?
— Patrícia, uma das amigas de Kat, me
ligou. Parece que Kat está em um bar e bebeu
muito... Ela está bêbada e não quer voltar para a
casa.
— E qual a urgência nisso?
— Não posso pedir para que outra pessoa
pegue Kat porque ela pode ser dedurada, as amigas
dela não podem trazê-la para cá porque não sabem
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dirigir e parece que Kat está bem louca...


— Passe o endereço do lugar que estarei
indo para lá, vai junto comigo?
— Sim, estarei indo com você.

(...)

As pessoas dançam se esfregando uma na


outra. Desde que entrei aqui, as mulheres se atiram
em Daniel. Posso dizer que fico feliz em vê-lo
rejeitar todas essas garotas.
Caminho até o bar, onde Kat, Patrícia e
Cassandra estão.
Vejo Cassandra abraçando Kat.
— O que está acontecendo? — pergunto.
Kat levanta a cabeça e noto que está
chorando.

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— Giulia! — ela se joga em meus braços.


— Ele disse que sou a sua irmã.
— Do que está falando? — pergunto e
acaricio os seus cabelos.
— Gabriel! — grita e continua chorando. —
Disse que sou a sua irmã. Ele não gosta de mim!
— Ela está bêbada?
Patrícia e Cassandra me olham com um
olhar de ''desculpa''.
— Anda, Katherine! — Daniel grita. —
Não perderei a minha noite consolando
adolescentes bêbadas.
— Você é outro! — ela grita. — Dão
esperanças e jogam na zona da amizade. Por isso
são irmãos! Não, espera, você não tem o mesmo
sangue que o cretino do Gabriel. Eles poderiam ser
como Fernando! Eu me odeio!
— O que essa criança bebeu? — Daniel
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olha para as duas garotas, que não respondem a sua


pergunta.
Kat levanta do banco e bebe um copo com
água, quando vai sentar, acaba caindo no chão.
— Nem o banco gosta de mim! — grita e
volta a chorar.
— Já chega disso.
Daniel levanta Kat e carrega em suas costas.
Ela grita, implorando para ser colocada no chão.
Para a sua sorte, ninguém do lugar está se
importando com o seu show.
Daniel joga Kat no banco de trás do carro e
as amigas dela entram logo atrás.
Entro na frente com Daniel, que começa a
dirigir.
— Onde Leonardo está? — Daniel me
pergunta.
— Um cara quis conversar comigo e...
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— Abra a janela, estou sem ar! — Kat grita.


— Abre a janela!
Olho para trás e me assusto com o que vejo.
Kat está em busca de ar, é como se ela estivesse
lutando para respirar.
— Daniel, temos que ir para o hospital! —
grito.
Eu e as meninas tentamos acalmar Kat, mas
é como se ela já estivesse sufocando, o seu rosto já
está completamente vermelho...
Isso me lembra alguns anos atrás, quando
eu estava nessa mesma situação e só não morri
porque Jasmine e Leila estavam por perto.

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Capítulo 10
Giulia

Caminho de um lado para o outro no


corredor no hospital, a espera de notícias sobre Kat.
Ela estava praticamente sufocando. Só de
lembrar a cena, estremeço e um calafrio toma conta
de mim. Graças a Deus, chegamos a tempo no
hospital.
As meninas que estavam com Kat,
garantiram que ela não tomou nada de diferente,
todas tomaram a mesma bebida. Agora, estamos
esperando alguma notícia.
Isabella está sendo consolada por minha
mãe, Marco está conversando com meu pai, Gabriel
sussurra algo com Daniel e eu estou longe de todos,
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apenas pensando em tudo o que aconteceu.


Primeiro os tiros que, aparentemente,
seriam para mim; depois Kat sufocando. Isso faz
com que eu lembre o que aconteceu comigo no
passado...

— Sério, Giulia? Como assim sem chá de


bebê?
Olho para Leila e Jasmine, que me encaram
com tristeza e pena.
Por que eu faria um chá de bebê? Só para a
minha mãe, Isabella, Kat, Karen, Leila e Jasmine?
Não é como se eu tivesse muitos convidados e
quisesse fazer uma grande festa.
Acaricio a minha barriga, que já está
grande, graças aos oito meses de gestação. Não
vejo a hora de tê-lo em meus braços, meu pequeno
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Felipe.
Paro os meus pensamentos sobre Felipe em
meus braços e logo surge uma dúvida: Leonardo
será um bom pai?
Agora eu penso que seria bom Felipe ficar
dentro da minha barriga, longe de todo o mal e de
toda exclusão de Leonardo.
Leonardo não fica em casa. Além da sua
traição, ele não aparece muito por aqui. Fui
obrigada a casar com ele, graças aquela merda de
contrato. Eu, tonta, acreditei quando ele disse que
me amava, mas, que tipo de amor é esse que deixa
a mulher grávida para trás? Leonardo sai sem
avisar e, quando volta, quer que eu seja a esposa
perfeita.
Pergunto-me se ele também agirá dessa
maneira com o filho, se também vai ignora-lo como
ele faz comigo.

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— Não quero festas. — falo mais uma vez.


— Quero apenas ficar em casa, descansando.
Levanto-me da cama e caminho até o
criado mudo, onde meu celular está carregando a
bateria. Pela milésima vez, verifico se Leonardo
ligou ou mandou alguma mensagem. Mais uma vez,
nada de diferente está aqui.
— Lia, pode ser coisa da Nostra Ancoma.
— Jasmine faz o de sempre, tenta defender
Leonardo. Ela acredita que ele está fora por algum
motivo importante que não pode me contar, mas
ela não sabe explicar a traição...
— Ou pode ser um encontro com a amante.
— retruco.
— Eu...
— Jas, por favor, não defenda aquele cara.
— olho para Leila. — Leonardo não merece
Giulia, aquele contrato já mostra que ele só se

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importa com os negócios, nada mais.


Não gosto de Leila e detesto mais ainda
escutar essas palavras saindo de sua boca, mas,
infelizmente, ela está certa.
— Vou pegar um pouco de suco, querem?
— ofereço apenas para sair dessa conversa, ela
não me fará bem.
— Não. Obrigada.
Saio do quarto e logo sinto um mal estar.
Sinto um aperto no peito seguido como algo que
pode ser palpitação.
Acalme-se, Giulia. Sua pressão não precisa
subir nesse momento.
Desço o outro degrau e sinto como se o ar
tivesse saindo dos meus pulmões.
Agarro o corrimão da escada e grito por
ajuda, mas meu grito é sufocado porque tento
buscar o ar para respirar.
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Meu corpo cai para frente e continuo


lutando para respirar. Quando tento levantar meu
corpo para tentar correr e buscar por ajuda, não
vejo mais nada.

O médico informa que Kat está bem. Eles


fizeram algum procedimento e ela está sedada no
quarto. Na verdade, não prestei atenção em suas
palavras, só consigo pensar na ''coincidência'' das
duas ocasiões.
Nesse momento, percebo que Leonardo está
conversando com Daniel e Gabriel. Isabella, Marco
e minha mãe não estão aqui, o que me surpreende,
já que eu nem percebi que eles haviam saído.
— Giulia, precisamos ter uma conversa.
Olho para trás e vejo os olhos azuis do meu
pai, que me encaram com medo. O que é uma

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surpresa, nunca vi Fernando Bertollini com medo.


— Sim. Precisamos ter uma conversa.
Afastamo-nos das outras pessoas e vamos
até uma área reservada do hospital. Sentamo-nos
nas cadeiras e começo a questionar:
— Pai, preciso saber ao certo o que
aconteceu comigo no dia em que Felipe nasceu.
— Era sobre isso mesmo que eu quero falar.
— ele suspira. — Eu, Leonardo, Marco e Daniel
preferimos esconder a verdade de você.
— Do que está falando?
— Não foi problema da sua saúde que
ocasionou o seu desmaio e a queda da escada, foi
veneno.
— Eu fui envenenada?
— Sim. Nos exames constataram a presença
de veneno em seu organismo. Não sabemos como
isso foi ingerido.
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Lembro-me que, quando acordei, me


perguntaram se eu tinha comido algo e falei que
não.
— Não lembro de ter comido alguma coisa.
— falo. — Até porque, Jasmine e Leila estavam
comigo.
— A questão é que você foi envenenada e
preferimos não falar para não te assustar.
— Então o que aconteceu com Kat...
— Pode ser mais do mesmo.
— Hoje aconteceu algo. — conto o que
aconteceu mais cedo, o ''tiroteio'' na loja. — Os
tiros eram para mim.
— Por que não contou nada? — meu pai
levanta da cadeira e me encara com fúria. — Você
quase morreu e não menciona nada?
— Eu falei com Leonardo.
— Ele não falou nada comigo.
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Ele sumiu o dia todo. Ao invés de ir atrás de


quem atirou em mim, ele foi atrás do homem que
queria falar a sós comigo...
— Giulia, eu sei que até hoje você está
chateada comigo, mas eu sempre estarei aqui para
você. — segura a minha mão. — Eu te amo mais
do que tudo.
— Eu também te amo.
Uma lágrima cai. Pela primeira vez em
quatro anos, eu estou próxima do meu pai. Nunca
mais conversamos.
— Você foi tão duro comigo.
— Eu fiz de tudo por você, pensei que
fossemos próximos e, do nada, você apareceu
grávida de Leonardo. O que queria que eu fizesse?
Eu tinha que ver a minha filha casada com o pai do
seu filho.
— E para isso precisava ter feito a merda do

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contrato? — grito. — Precisa ter sido tão... Tão...


— dou um rosnado de raiva. — Tão tosco me
fazendo assinar aquilo? Eu tinha acabado de passar
mal e fui enganada por todos!
— Quê?
Afasto-me do meu pai.
— Não me venha com a história que eu
tinha que casar, eu sei muito bem disso, mas não
precisava daquilo. Eu fui enganada, humilhada e...
Esquece, já foi feito. Agora precisamos seguir em
frente e ver sobre essa coisa de quem quer nos
matar.
Meu pai vira as costas para mim, prestes a
sair da sala reservada.
— Não vai rebater as minhas palavras?
Meu pai olha para mim. Seus olhos que
antes demonstravam medo, agora demonstram
raiva.

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— Sei que está com raiva de mim e darei o


seu tempo. Agora, eu estou indo falar com
Leonardo, preciso saber mais sobre esse inimigo.
Ele sai da sala reservada, deixando-me
sozinha.
Saio pela outra direção. Pegarei um táxi e
vou para casa.
Pois é, mais uma vez estou sendo trocada
pela Nostra Ancoma e, por causa dela, também
estou correndo perigo.

Leonardo

Assim que cheguei ao hospital, já soube que


Katherine está bem. Não pude chegar mais cedo, já
que estava à procura de alguma pista sobre esse

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inimigo, mas eu e Nicholas não encontramos nada.


Na verdade, nem sabemos por onde começar.
Agora, depois dessa notícia sobre Kat... A
situação está piorando ainda mais.
A história se repete novamente...

Sento na cadeira, a espera de informações


sobre a minha mulher. Meu filho está bem, foi
salvo, mas Giulia... Ela está em coma induzido.
Não estava lá para salva-la, estava
tentando salva-la de outra maneira. Tentando
encontrar a pessoa que quer a morte da minha
mulher.
— Felipe, ele está...
— Mãe, por favor. — peço.
Felipe não tem culpa de nada, mas eu não
consigo olhar para o meu filho. Segura-lo em meus
braços. Sei que a culpa é minha, mas... Mas eu não
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consigo. Eu apenas não consigo.


Isso faz duas semanas. De início eu ulpei
meu próprio filho, nem sei o motivo de ter feito
isso. Talvez por o único culpado ter sido eu mesmo.
Porque eu deveria proteger Giulia, mas não o fiz.
— Vamos, venha ver o seu filho.
Giulia foi envenenada. Enquanto ela sofria,
eu tentava corrigir o meu erro. Giulia já tinha
sofrido uma tentativa de homicídio, eu matei o
cara, mas tinha outras pessoas com ele. Eu disse
que não tinha, então a Nostra Ancoma parou de
procurar.
A culpa é minha também.
Aceito o pedido da minha mãe e vou até
Felipe, que está na incubadora.
Felipe é tão pequeno e frágil.
Eu jamais deveria culpa-lo por algo.
— Não pense nisso. — minha mãe me
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abraça. — Só pense que ele está vivo, que ele está


aí por você.
— E Giulia? Ela pode...
— Ela não vai. Giulia está bem, daqui a
pouco ela estará aí com você.
Mas a culpa é toda minha, eu deveria ter
ido atrás das respostas, mas não, eu preferi
enganar a todos apenas para ficar com Giulia.
Agora ela paga o preço por isso.
Um soluço escapa e logo minha mãe me
abraça mais apertado.
Eu não posso perder Giulia. Deveria ser eu
ali, não ela.

— Esse inimigo é o mesmo de antes? —


Daniel pergunta, me encarando como se fosse me
matar.
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— Talvez.
Daniel acabou descobrindo algo há uns
tempos. Giulia receberia uma carta de ameaça, mas
Daniel acabou pegando antes dela. Claro que eu
inventei a existência de outro inimigo, para me
livrar da mentira, mas acabo de ser descoberto.
— Você falou que havia acabado com o
cara. — Gabriel rosna. — Qual a merda do seu
problema?
— Mas eu acabei, vocês viram o corpo.
— Sério? Leonardo, nós estamos vendo o
que aconteceu com a Kat. Foi à mesma pessoa,
usou a mesma tática novamente. Você mentiu
apenas para não se ferrar com a Nostra Ancoma. —
Daniel começa a juntar as peças. — Você
engravidou Giulia e quis mostrar para o meu pai
que não era tão idiota e decidiu ser o herói da
história, mas deu merda porque a pessoa que

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deveria estar morta não morreu.


— Isso é você quem está dizendo. — tento
parecer tranquilo diante das acusações verdadeiras.
— Pode ser outra pessoa.
— Explique isso para o meu pai, que está
vindo até aqui como se quisesse te matar. — Daniel
avisa.
— Leonardo. — escuto a voz de Fernando.
Sei que ele também já juntou as peças. — Quer
dizer que você nos enganou, disse que não havia
perigo apenas para nos impressionar...
— Seus filhos já me acusaram disso, mas
pode ser outro inimigo. — tento não parecer o
culpado.
— Se não bastasse tudo isso. — parece que
ele não me escutou, ou não acreditou em mim.
Acredito mais na segunda hipótese. — Eu descubro
que a minha filha assinou um contrato de

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casamento, pior, ela me odeia por causa de um


contrato que eu nunca escutei falar, mas, ao que
tudo indica, eu sou o cara que armou tudo isso.
Arregalo meus olhos com essas palavras.
Merda! Ele descobriu! O que mais falta
para ferrar com a minha vida?
— Espera um pouco. — Daniel faz com que
eu me vire para ele. — Contrato de casamento?
Meu contrato de casamento com Jasmine sumiu há
uns quatro anos, por causa disso, nós nunca nos
casamos. E nesses papéis consta o nome de
Fernando Bertollini.
— Então se não bastasse mentir sobre algo
que prejudica a vida da minha família. — Fernando
aperta o meu pescoço. — Você ainda inventou
mentiras fazendo com que a minha filha me
odiasse?
Fernando aperta ainda mais o meu pescoço.

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Tento lutar para sair do seu aperto, mas é tudo em


vão.
Quando penso que vou desmaiar, o aperto
sai do meu pescoço.
Caio no chão e começo a tossir em busca de
ar. Quando olho para a cena a minha frente, vejo
meu pai, Daniel e Marco segurando Fernando,
enquanto minha mãe e Sara me ajudam a levantar.
— Qual o seu problema? Quer matar o meu
filho? — meu pai grita.
— Quero! O seu filho apenas fez merda
atrás de merda e agora que descobri tudo, ele vai
pagar caro por tudo.
— Do que está falando? — meu pai encara
Fernando.
— Você. — Fernando aponta para Gabriel.
— E Leonardo, estão fora da Nostra Ancoma.
Vocês não tem mais nenhuma relação conosco.

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Saiam do meu condomínio e não levem nada que


foi comprado com o dinheiro dos negócios. E eu
juro, se algum dos dois for contra as minhas regras
novamente, eu não responderei pelos meus atos.

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Bônus 2
— Rachel, algum problema? — Hugo
pergunta com a voz tão melosa que chama a minha
atenção. — Você não parece nada bem.
Rachel olha para Hugo e noto o cansaço em
seu rosto.
— Não gosto daqui. — ela responde. —
Não tenho amigos.
— Mas tem a mim. — Hugo aperta a mão
de Rachel.
— E a mim. — complemento.
— Não é como se valesse muita coisa.
— Hugo, eu amo a Rachel e ela sempre
poderá contar comigo.
Não é uma mentira. Eu devo a minha vida a
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Rachel.
— Obrigada aos dois, mas... — Rachel
suspira. — É que eu me sinto só. Você. — aponta
para Hugo. — Está no trabalho e você. — aponta
para mim. — Sempre está fora. Fico em casa
sozinha, sem nada para fazer. Nem ao menos
consegui um emprego.
— E aquele bar que estava contratando?
— Que bar? — indago.
— O bar que fica aqui perto, aquele que
também funciona como casa de shows. — Rachel
responde.
Espera um pouco, esse não é o bar
frequentado por Daniel e Gabriel?
— Rachel, você foi até lá? — continuo
indagando.
— Sim. Eles disseram que se me quiserem
para o cargo, eles me ligarão.
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— E você deixou assim? Deve ir atrás do


emprego e não espera-lo vir até você.
— Qual o seu interesse nisso? — Hugo me
encara. — Quer a casa vazia para planejar o seu
roubo? Ou seria um atentado?
— Hugo, do que está falando?
— Rachel, ele me odeia, sabe disso.
Levanto-me do sofá.
— Estou de olho em você! — Hugo grita.
Subo as escadas indo em direção ao meu
quarto. Tranco a porta e ligo para Leila. Ontem
recebi a péssima notícia que Katherine está viva,
para estragar o meu plano, obviamente, Fernando já
deve ter juntado às peças do quebra cabeça.
Da primeira vez eu envenenei Giulia. Nada
melhor que matar a filha de Fernando e levar o neto
junto, mas ambos sobreviveram, Leila ainda teve
que ajudar Giulia. Agora, Katherine também
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sobreviveu.
Não me interesso muito pela família de
Marco, mas já que não consegui nada com Giulia e
com Sara, começarei com os menos importantes.
— Então, não encontraram nenhuma
substância em Katherine. — Leila me avisa. —
Parece que ela bebeu muito e o seu mal estar foi
ocasionado pelo álcool.
Respiro com alívio por essa informação. O
homem que me vendeu avisou que esse veneno
poderia ser facilmente absorvido pelo organismo,
sendo assim, um exame poderia não detecta-lo.
Será que a Nostra Ancoma vai desconfiar?
— E mais uma ótima notícia. Leonardo foi
embora de casa.
— Como assim?
— Não sei o que aconteceu, mas ele foi
embora. Giulia e Felipe ficaram na casa. O que
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faremos agora?
— Acho melhor nada. A Nostra Ancoma
deve estar preparada para o ataque, principalmente
se Giulia tiver falado algo sobre os tiros. Acho que
devemos continuar com o plano de seduzir
Leonardo.
— Gabriel também está fora.
— O que ele fez?
— Não sei. Só sei que está fora de qualquer
coisa relacionada a essa máfia.
— Acho que tentarei empurrar Rachel para
ele
— Mas Rachel não é boazinha?
— Por isso mesmo. Rachel é tão boazinha
que vai ser fácil manipula-la ao meu favor. Agora,
vá em frente com o plano e seduza Leonardo.
— Mas Giulia não ama Leonardo.
— Isso é o que ela diz. — termino a
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ligação.
Menos dois na Nostra Ancoma. Mais duas
pessoas para eu acabar com a vida.
Olho para o celular e vejo o número na tela.
Talvez não seja o momento de chama-los. Por
enquanto, continuarei com o meu plano, se não der
certo, passarei para o outro, que será chamar os
irmãos de Jasmine... De algum modo, eu terei que
acabar com Fernando.

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Capítulo 11

Leonardo

Caminho a passos largos para fora do


hospital. Ignorei todos os gritos de minha mãe e
Sara, as duas estavam implorando para conversar
comigo. Pergunto-me se elas continuariam assim se
soubessem o motivo do meu quase
estrangulamento.
Claro que eu sempre tive medo do meu
plano ser descoberto, mas nunca imaginei que isso
aconteceria hoje.
Talvez, se eu tivesse mentido apenas sobre
o inimigo, Fernando não teria aquela reação.
Afinal, eu fiz aquilo apenas para provar que amo
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Giulia, uma mentira que custou a vida dela e de


Kat... É, continua sendo uma mentira idiota.
Agora, o contrato... Se não bastasse
Fernando, agora tem Daniel. Eu vi e lembro como
ele ficou doido quando descobriu o
desaparecimento do seu contrato de casamento. E
eu, como bom amigo que sou, ainda o ajudei a
procurar. Daniel não vai mais olhar na minha cara.
Pior que eles não me olharem, será se Giulia
não me perdoar. Ela já não gosta muito de
aproximação, depois que Fernando contar... Adeus,
casamento.
Claro que fiquei triste em ver Giulia e
Fernando tão afastados, sei que os dois se amam,
mas eu também amo Giulia.
Eu só faço merda na minha vida!
— Ei, está indo para casa? — olho para
Gabriel, que me fez essa pergunta.

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— Você quer dizer, para a minha antiga


casa. — corrijo-o.
— Vai deixar Giulia para trás?
— Cara, pela merda que eu fiz, ela nem vai
querer olhar mais para mim. Sim, estou indo pegar
as minhas coisas.
— Uma carona? Vim com um amigo, mas
ele já foi e preciso pegar minhas coisas daquela
casa.
— O que fez de tão grave para ser expulso?
— Podemos ir? Meu pai pode aparecer e
querer nos matar.
Caminhamos até o meu carro e entramos.
Começo a dirigir até a minha casa — que vai virar
antiga — e penso em Giulia. Ela já deve estar
sabendo de tudo e me odiando. Ela não vai mais
querer olhar para mim. Ela vai me odiar
eternamente e não me deixará explicar e, se deixar,

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vai continuar me odiando.


— Respondendo a sua pergunta. — Gabriel
chama a minha atenção. — Posso dizer que me
envolvi em uma briga que não era minha e fiz uma
merda aqui, outra ali...
— Explique melhor. — peço.
— Meu avô, Yankee, brigou com a minha
avó. Eu amo minha avó e acabei me intrometendo
na briga e dei o meu apartamento para ela morar.
Meu pai disse que não deveria me intrometer nessa
história e não deveria ter dado abrigo a minha avó,
Yankee disse o mesmo, mas não voltei atrás da
minha decisão. Graças a isso, meu avô não quer
falar comigo e meu pai ficou irritado. Depois, eu
acabei não indo a algumas reuniões, fui a umas
festas, andei com certas pessoas, peguei a filha de
um cara que não deveria ter sido tocada.
— Oh, cara! — olho para Gabriel. — Não

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me diga que você pegou uma garota que já estava


prometida?
— Para a minha defesa, ela é uma vadia que
estava se esfregando em mim.
— E você não conseguiu se controlar, é
isso?
— Quem deve fidelidade é ela, não eu. Eu
nem sabia que ela era prometida de alguém, aquela
vadia não mencionou nada. No outro dia veio com
conversa que eu tirei a sua virgindade e deveríamos
nos casar.
— E você?
— Eu posso tê-la xingado, brigado com o
pai dela, discutido com o meu pai, mirei a arma em
pessoas que não devia, quebrei o nariz do irmão da
vadia... É, eu fiz muita merda.
— O que você tem na cabeça?
— Meu pai disse que nada.
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— Como eu não soube de nada disso?


— Você nunca mais entrou em contato,
acho que foi isso. Agora, sobre você. Que merda
você fez? Giulia vai te matar.
— Obrigado, Gabriel.
— Você a ama ou fez isso pela Nostra
Ancoma?
— Claro que foi por amor.
— Então, por que fez aquilo com o
contrato? Não seria mais fácil conquista-la?
— Giulia estava um tanto chateada comigo.
Eu vi a oportunidade e peguei, não pensei muito
nas consequências.
— Esse é o nosso problema, nunca
pensamos, apenas fazemos e nos arrependemos
depois.
Penso no que Gabriel disse. Eu não pensei
nas merdas que fiz, eu apenas agi. Acho que se eu
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pudesse voltar no tempo... Não, eu continuaria


fazendo a mesma merda.
Estaciono o carro em frente a minha casa e
Gabriel vai até a sua para buscar as suas coisas. Ele
não poderá levar o carro, já que foi comprado com
o dinheiro do pai. Então ele virá comigo, para um
dos meus apartamentos, já que tudo o que Gabriel
tem, foi comprado com o dinheiro do pai ou da
Nostra Ancoma. E o único apartamento que ele
poderá ir, é o que sua avó está morando, mas ele
não quer ficar com ela. Apesar de ama-la, ele sabe
que existirão regras na casa.
Abro a porta do meu quarto e começo a
guardar as minhas roupas. Depois que termino,
caminho até o quarto de Felipe e não o encontro.
Para a minha surpresa, Giulia está no quarto dela
dormindo e Felipe está junto.
Giulia ainda não sabe das merdas que fiz.

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Sento-me na cama e olho para os dois.


Meus olhos queimam com as lágrimas que teimam
em cair. Só de pensar que fiz de tudo por ela e vou
perdê-la. Amanhã, quando ela acordar, já saberá de
tudo. Talvez ela nem me procure para tirar
satisfações, talvez ela apenas fique feliz por estar
livre de mim. Talvez ela comemore a separação...
Acaricio o seu cabelo e sorrio com a
lembrança do nosso primeiro beijo. Ela me
empurrou e distribuiu tapas em meu rosto, eu
apenas conseguia rir, porque sabia que ela tinha
gostado e estava sendo marrenta.
Sorrio ao lembrar todos os nossos
momentos juntos. Porém, todos aconteceram em
um passado distante, onde eu era despreocupado
com a vida. Depois, eu mal poderia ficar em casa,
tinha que resolver as merdas que havia feito. Então,
quando pensei que já estava tudo calmo, Giulia já

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estava me odiando e não conseguia mais a


aproximação.
Como sei que Giulia tem o sono pesado,
aproximo-me dela e dou um leve beijo em seus
lábios. Ela nem ao menos se mexe.
Caminho até o criado mudo e pego uma
caneta e um papel. Escrevo minha despedida.
Como sei que não terei a chance de vê-la
pessoalmente para me explicar, tentarei, pelo
menos, escrever.

Espero que entenda o que quero dizer nesse


bilhete, mesmo com a minha caligrafia de merda.
Eu fiz muita merda no passado. Por isso,
acabei perdendo muita coisa, entre elas, perdi o
seu amor (que nem sei se um dia eu tive). Sei que
não vai querer mais olhar na minha cara depois
disso, por isso escrevo esse bilhete de despedida.

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Não pense que está sendo fácil, nunca foi


fácil. Optei pela maneira mais covarde, mas é isso
o que sempre fui. Estou saindo de casa e do
casamento. Como sabe, só eu posso entrar com o
processo de divórcio, e é isso o que farei. Estou
deixando seu caminho livre, como você sempre
mencionou. Não adianta mais lutar por isso aqui.
Espero que seja feliz daqui para frente, mesmo que
eu queira que a sua felicidade seja ao meu lado.
Te amarei para todo o sempre.
Leonardo, aquele que sempre vai te amar.

Enxugo o meu rosto, que está encharcado


de lágrimas e deixo o bilhete ao lado da cama. Olho
pela última vez para Giulia, porque sei que depois
disso, não a verei mais. Quando eu ver Felipe, sei
que Giulia não vai acompanhar o filho nas visitas.
Fecho os olhos com força, respiro fundo e

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saio do quarto.
É, Leonardo, você só está colhendo tudo o
que plantou.
Saio de casa com minhas malas e as coloco
no carro. Enquanto espero por Gabriel, eu olho para
o meu celular, as minhas fotos com Giulia. A época
em que eu sei que éramos felizes.
Sorrio quando vejo a nossa foto com
Gabriel, Kat, Daniel e Jasmine. Foi uma feira daqui
da cidade, onde tinha um parque de diversões.
Todos nós fomos juntos e foi a primeira vez que
realmente saímos como namorados, assumimos
para os nossos irmãos e Jasmine. Para selar o
grande dia, Jasmine e Katherine nos fizeram tirar
essa foto.
— Eu lembro esse dia. — olho para
Gabriel. — Você e Giulia assumiram o namoro,
depois de alguns meses, veio à gravidez. Você é

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muito rápido, senhor Vesentini.


Reviro os olhos para Gabriel.
— Já está tudo pronto? — quando olho
fixamente para Gabriel, noto a quantidade de
bagagens que ele trouxe com a ajuda de um
segurança.
— Eu já tinha ligado para Karen e ela
ajudou a arrumar minhas malas. A garota está feliz
em se livrar do irmão do meio. Você perdeu a cara
dela de felicidade e alivio, só faltou cantar e pular
com a minha ida. — ele sorri.
— Gosta disso?
— O que posso fazer? Alguém tem que ser
o irmão implicante e chato da história. Sei que
Karen me ama, assim como Giulia.
— E Katherine. Minha irmã merece coisa
melhor, mas...
— Mas eu não quero Katherine. Pelo amor
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de Deus, nós somos quase como irmãos. Não quero


nada com ela.
— Kat não pensa assim.
— Ela não falou nada comigo. — arqueia a
sobrancelha. — Amanhã eu terei uma conversa
com ela. Ela não pode ficar bêbada por aí.
Guardamos as bagagens no carro e dirijo
para fora do condomínio.
— E então, como será com Giulia?
— Ela não vai olhar para a minha cara. Eu
deixei um bilhete no quarto, para quando ela
acordar, mas sei que não adiantará nada.
— Giulia pode te perdoar.
— Cara, ela nem olha para mim.
Chegamos ao apartamento e permanecemos
em silêncio durante a arrumação. Ficamos até o
amanhecer com a TV ligada. Cada um com os seus
pensamentos e problemas.
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Durante esse tempo, várias ideias absurdas


passaram por minha cabeça, desde um sequestro até
eu contar toda a verdade antes de Fernando. Ao
invés disso, eu permaneci sentado no sofá, me
insultando mentalmente pelas merdas feitas no
passado.
Começo escutar batidas na porta seguidas
por gritos que, para a minha surpresa, são de
Giulia.
— Abra essa porta! Eu sei que está aí
dentro, Leonardo!
— Acho que ela veio te procurar. —
Gabriel sorri.
— Deve estar querendo me matar.
— Abra logo essa porta! Ou eu farei um
escândalo enorme.
Levanto-me do sofá, já preparado para as
brigas que estão por vir. Quando abro a porta,

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Felipe agarra minha perna.


— Pai! A mãe estava doida a sua procura.
— carrego Felipe. Sei que Giulia não vai me
agredir com o nosso filho a frente.
— Qual o seu problema? — Giulia grita. —
Felipe, vá ficar com o seu tio.
Coloco Felipe no chão e ele vai até Gabriel.
— Giulia, eu...
— Qual a merda do seu problema? Acordei
e tinha um bilhete de despedida na cama, que
custou a entender o que você estava tentando me
dizer, mas quando entendi... Fui atrás do meu pai e
ele disse que você saiu da Nostra Ancoma, fui a
todos os seus apartamentos e te encontro aqui.
— Você falou com Fernando? — ele não
contou nada a ela? Porque ele não fez isso?
Meu peito começa a encher de esperança.
Eu ainda posso ter Giulia ao meu lado.
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— Eu sabia que suas juras de amor eram


falsas. Bastou você ser expulso da máfia que você
fugiu de mim. ''Te amarei para sempre'', muito
lindo as suas falsas promessas. — começa a chorar.
— E eu, tonta, ainda chorei e continuo chorando.
— Espera, você não me odeia?
— Claro que te odeio! Você me abandonou
e eu ainda vim atrás de você.
— Fica comigo.
— Do que está falando? Foi você quem foi
embora e falou em separação!
— Giulia, eu te amo e não minto quando
estou dizendo isso. Eu fugi porque o condomínio é
de Fernando e ele não me quer lá, eu pensei que
você me odiasse e preferi ir embora durante a noite,
para evitar discussões. Mas, agora, você está aqui.
Eu posso te deixar livre desse casamento se você
quiser. Claro que vou odiar fazer isso, mas se você

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estiver feliz... Mas, também, podemos ficar juntos


nesse apartamento e começar tudo novamente. Eu
sei que você não acredita no que sinto por você,
mas estou fora da Nostra Ancoma e, mesmo assim,
quero permanecer ao seu lado. — ajoelho-me aos
seus pés e seguro a sua mão. — Poderia nos dar
uma nova chance?

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Capítulo 12
Giulia

Encaro Leonardo por um instante. Seus


olhos estão brilhando e sei que são de lágrimas não
derramadas. Ele está ajoelhado no chão e me olha
com esperança. Esperança que eu aceite o seu
pedido.
Quando acordei essa manhã, eu estava
atarefada com Felipe. Tive que fazer o seu café —
já que ele só gosta do meu — e tive que arruma-lo
para ir à escola. Nem me dei conta que Leonardo
tinha ido embora, pensei que ele só tivesse saído
para trabalhar. Quando sentei na cama para calçar o
tênis de Felipe, eu vi o bilhete. Demorei um pouco
para entender o que ele estava tentando dizer com

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aquilo, mas, quando entendi a sua despedida, fiquei


louca e vim atrás dele.
Fui à casa do meu pai e ele apenas disse que
eles tiveram um desentendimento, Leonardo está
fora da Nostra Ancoma. Naquele momento o meu
mundo desabou. Me dei conta que, se Leonardo
não está na Nostra Ancoma, ele também não estará
comigo, afinal, ele foi embora somente por isso.
Eu fui atrás dele. Em cada apartamento que
pertence a ele, no seu trabalho e, por fim, vim para
cá. Vim apenas para jogar na cara dele todas as
mentiras sobre me amar, para espanca-lo e
distribuir toda a minha raiva nele. Não era para
Felipe vir, mas ele acabou escutando as minhas
lamentações e veio atrás de mim, com medo do pai
ter ido embora.
Agora, sou pega de surpresa com esse
pedido de mais uma chance.

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Essa seria a terceira chance? Talvez a


quarta?
— Não vai responder? — Leonardo abaixa
a cabeça, claramente triste pela minha demora a
responder.
Levanto o seu queixo e faço com que ele
olhe para mim.
— Você realmente me ama?
— Eu sempre falei isso. Eu te amo mais que
tudo.
— Então, por que me abandonaria apenas
por sair da Nostra Ancoma?
Leonardo olha para trás e faz sinal para que
Gabriel saia da sala com Felipe.
Leonardo levanta do chão e vai até o sofá,
sento ao seu lado e percebo que ele está muito
nervoso. Mexe as mãos incontrolavelmente.
— Eu fiz merda na Nostra Ancoma. —
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começa a falar, mas ele não olha para mim. — Seu


pai me expulsou.
— Qual seria o motivo? Posso saber?
Leonardo levanta do sofá e vai até a
varanda. Vou atrás dele e o encontro olhando para a
paisagem a sua frente.
Qual o problema com ele?
— Leonardo, o que você fez?
— Merda, o que sempre faço. — ele dá um
soco na parece, deixando uma marca nela. — Mas
eu fiz para que Fernando gostasse de mim.
— Do que está falando? — paro a sua frente
e faço com que ele olhe para mim. — Eu passei a
manhã te procurando, agora eu quero saber o
motivo de ter me deixado para trás. Meu pai não
mencionou quase nada, agora você está assim. Eu
estou aqui, pensei que fosse ficar feliz.
— E estou feliz. — aperta a minha mão. —
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Mas é que eu não me orgulho da merda que fiz, por


causa disso, todos correm perigo.
— Conte-me a verdade, Leonardo. Eu não
sou meu pai, nem da Nostra Ancoma eu faço parte.
Talvez eu possa entender o seu lado. Confie em
mim.
Leonardo sorri.
— O que foi?
— Lia, você está sendo amável comigo.
Senti falta disso.
— Então, converse comigo. Você me pediu
uma chance, eu peço uma conversa. Acho que está
na hora de falarmos tudo.
— Sim, você está certa sobre isso.
Leonardo aponta para a cadeira que está
logo ali.
Quero gritar e manda-lo falar logo, mas
decido ser paciente e esperar pelo seu momento.
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— Lembra as minhas viagens? Logo após


nosso casamento? — meu peito aperta com a
lembrança. — Então, lembra que você quase foi
atropelada e sua mãe, logo após, sofreu um
acidente? — balanço a cabeça confirmando. —
Então, investigamos e acabamos ligando uma coisa
à outra. Seu pai estava me odiando por ter te
engravidado, então eu disse que descobriria o
culpado. Claro que ele não acreditou em mim,
então resolvi fazer tudo por conta própria. Eu
acabei seguindo um carro suspeito e cheguei a
outro lugar. Fiquei muito tempo tentando encontra-
lo, quando o encontrei, eu o matei. Bem, eu não
investiguei mais, só queria voltar para casa e para
você. Eu inventei milhares de mentiras, claro que
Fernando não acreditou, mas os inimigos não
apareceram mais. Eu havia ganhado o respeito dele
novamente.
Leonardo não me traiu!
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— Depois eu acabei atrapalhando uma


tentativa de atentado. Eu fiz de tudo para acabar
com essa pessoa, viajei novamente e não obtive
qualquer resposta. Por causa disso, eu acabei não
contando a Fernando. Eu escondi tudo para não
decepcionar Fernando e te perder. Só que
aconteceu novamente, Kat foi envenenada e...
— Eu fui envenenada, não foi?
— Sim, foi. Desculpa, mas não queríamos te
assustar.
— Você não me contou nada da viajem, por
que fez isso?
— Para te poupar. Você estava grávida e
poderia ficar assustada, eu não quis te preocupar.
— Leonardo, sabe por que eu disse que te
odiava?
— Por causa do casamento forçado?
— Leonardo, eu superei isso no momento e
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que você disse me amar, mas aí vieram às viagens,


claro que eu sabia que tinha ligação com a Nostra
Ancoma, mas uma mulher apareceu na nossa casa.
Lembra que não morávamos no condomínio? Essa
mulher apareceu e disse ser a sua amante.

''Eu te amo, Giulia. Juro que nunca vou te


abandonar. Esse casamento não foi feito para que
eu fique na Nostra Ancoma, foi feito para que eu te
ame e para que tenhamos a nossa família''.
Idiota! Cretino! Canalha! Babaca!
Leonardo, eu te odeio!
Ele apenas viajou para sei lá aonde e me
deixou grávida e, ainda por cima, sozinha nessa
casa.
Por que eu tenho que ama-lo? Por que eu
tenho que ser tão tola?

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Talvez ele esteja muito ocupado para


ligar... Ele disse que me ama, deveria dar um jeito
de manter o contato.
Idiota, pare de procurar desculpas para
defendê-lo.
Escuto batidas na porta e levanto do sofá.
Quando abro, encontro uma mulher parada, me
olhando assustada.
— Aqui é a casa de Leonardo? — ela
pergunta com a voz trêmula.
— Quem é você? — pergunto sem qualquer
educação.
— Eu? Sou a namorada de Leonardo. É que
ele sumiu esses dias e estou preocupada com ele.
Você é a irmã dele? Eu ainda não conheci a sua
família...
Leonardo tem uma namorada? Quê?
Meus olhos começam a encher de lágrimas.
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Deve ser por isso que ele não está em casa, ele
deve ter outras por aí. Leonardo sempre foi um
cafajeste, sempre teve inúmeras mulheres. E eu
aqui, pensando que ele se contentaria comigo.
— Leonardo deve estar com uma amante.
— bato a porta na sua cara e volto para o sofá.
Pois é, Giulia, está na hora de viver a sua
vida e ignorar a existência de Leonardo.

— Giulia, eu nunca te traí! — Leonardo


levanta da cadeira e ela cai, fazendo um grande
estrondo.
— Eu pensei que tivesse me traído, que
estava fora com outra pessoa. Pense bem, tudo
levava a crer que a aquela mulher falava a verdade.
— Por que não falou comigo?
— Você mal parava em casa e eu já estava
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farta de chorar por você, decidi te esquecer.


— Depois disso veio o envenenamento. —
começa a andar de um lado para o outro. — Essa
pessoa quer nos separar, inventou uma amante para
que você se afastasse de mim, depois te envenenou
para te matar.
— Mas como eu ingeri esse veneno?
— Nós vasculhamos tudo na casa, mas não
encontramos nada, entretanto, os exames
diagnosticaram o veneno. No exame de Kat
encontraram álcool, mas podem ter utilizado algo
que não é encontrado nos exames.
— Tudo não passou de uma grande
confusão.
— Causada por mim. — Leonardo esfrega
as têmporas. — Tudo por minha culpa. Tudo
porque eu queria parar de ser um idiota e ganhar o
respeito de todos.

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Leonardo abaixa a cabeça e senta no chão.


Não posso negar que estou aliviada de saber que
não fui traída, esse sempre foi o meu maior medo.
Sempre tive medo de perguntar sobre aquela
mulher, agora que sei a verdade, é como se um
peso tivesse sido tirado de mim.
Um peso foi retirado dando lugar a outro.
Quem está tentando nos matar?
Deixo a minha duvida de lado e sento no
chão, ao lado de Leonardo. Coloco meu braço em
volta do seu ombro e o abraço.
— Ei, calma. Você sempre foi um tanto
quanto idiota nas atitudes.
— Obrigado, Giulia.
— Estou falando sério. — ele olha para
mim. — Você nunca pensou antes de fazer. Você
achou que aquilo era o certo e fez.
— Por isso eu te escondi tudo. Você é boa e
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muito ingênua, não queria te assustar.


— Eu apenas entendo a sua reação. Ok,
confesso, saber que você não me traiu melhorou o
meu pensamento sobre você.
— Foi por isso que eu fui embora. Pensei
que me odiasse, pediria o divórcio e você estaria
livre para viver a sua vida.
— Eu sempre senti algo por você, mesmo
quando era para estar odiando. Por isso eu me
odiava, por ser tola o suficiente e continuar
sentindo algo por você.
— Você me ama? — dou um meio sorriso.
— Eu te amo. Eu estava morrendo de medo de te
perder.
Levanto do chão.
— O que aconteceu? — ele pergunta, me
olhando espantando.
— Você me pediu uma chance, mas não
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pode voltar a nossa casa. Pois bem, estou indo para


casa pegar as minhas coisas e as de Felipe.
— Vai vir morar comigo? — ele não aprece
acreditar em minhas palavras.
— Mais uma chance, é isso o que nós
teremos.
Leonardo levanta rapidamente e me agarra,
abraçando-me e me tirando do chão.
— Eu te amo, Lia.
Sorrio para as suas palavras. Nesse
momento eu me sinto liberta. Liberta de uma
mentira que acreditei.
Sem pensar muito, as palavras escapam da
minha boca:
— Eu também te amo.
— Senti saudade dessas palavras. — ele me
coloca no chão e me encara. Vejo o brilho nos seus
olhos e não me arrependo por minhas palavras.
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— E eu me arrependo de nunca ter falado


nada. Perdemos tantos anos...
— Mas recompensaremos todos eles.
Leonardo beija a minha boca e eu a abro,
dando passagem para as nossas línguas se
encontrarem. Entrelaço as minhas pernas em seu
corpo e ele me segura firmemente, prendendo-me a
ele. Minhas mãos passam pelo seu cabelo e suas
costas. Leonardo afasta as nossas bocas e dá uma
leve mordida em meu queixo.
— Eu te amo mais que tudo, Lia. Eu juro
que nunca mais vou te decepcionar.

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Capítulo 13
Leonardo

Nem consigo acreditar que Giulia voltou


para mim. Ainda não acordei para a realidade. Toco
os meus lábios. Depois de tanto tempo, finalmente
nos beijamos.
— Acho que alguém não contou toda a
verdade para a amada esposa. — vejo Gabriel
entrando na sala. — Escutei toda a conversa, você
disse uma meia verdade. Não contou sobre ter feito
Giulia assinar um contrato falso.
— Não é falso!
— Claro que não. Você apenas roubou o
contrato de casamento de Daniel e Jasmine,
inventou que meu pai foi o responsável por isso,
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aproveitou da fragilidade de Giulia, colocou Daniel


no meio da história e fez com que ela assinasse os
papéis sem saber. Realmente, falsificar é o de
menos nessa história.
— Qual o seu problema?
Gabriel senta no sofá, de frente para mim.
— Você não pensa? Por algum motivo meu
pai não falou a verdade para Giulia, mas você
deveria ter feito isso. Ela está feliz, dá para ver pelo
olhar dela, mas e se Giulia descobrir sobre todas
essas mentiras? Cara, ela sempre foi louca pelo pai
e do nada perdeu o contato com ele, tudo por sua
causa. Tem noção do que fez? Você deveria ter
falado a verdade.
— E perdê-la de vez?
— Você se enrola cada vez mais.
— Giulia só vai descobrir se você contar. Se
nem Fernando contou, eu nem deveria me

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preocupar com isso.


— Quer ter um casamento baseado em
mentiras?
— Lia me ama, ela admitiu isso. Se eu
contar isso agora, perderei tudo. Eu não consegui
fechar os olhos só imaginando que eu havia perdido
a minha mulher, eu não quero passar por isso
novamente.
Talvez, um dia, eu conte a verdade. Mas eu
sei que, se eu contar tudo agora, perderei tudo...
Passei por essa sensação ontem e não quero isso
novamente.
Sei que contar a verdade é o certo, mas,
mesmo assim, não tenho coragem suficiente para
fazê-lo.
— Ok, já que não vai contar a verdade,
creio que você deve justificativa a uma pessoa.
Olho para Gabriel, já sabendo de quem ele

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está falando.
Levanto-me do sofá e vou ao banheiro
tomar banho. Depois de terminado, visto a minha
roupa de maneira demorada, talvez tentando
retardar o meu encontro com Daniel.
Verifico as minhas ligações e vejo centenas
de Giulia, ela havia me ligado antes de me
encontrar aqui. Sorrio ao ver isso.
Agora, eu tenho que falar com Nicholas. Se
pelo menos conseguíssemos encontrar a tal
amante... Mas, pelo o que Giulia contou, será
impossível encontrar. A mulher aparentava ter uns
vinte e cinco anos, é branca, tinha os cabelos
escuros e curtos, apenas isso. Giulia disse que ficou
tão irritada que não prestou atenção em mais nada.
Sei que estou longe da Nostra Ancoma, mas
tudo isso está acontecendo por minha culpa. Tenho
Nicholas e Gabriel ao meu lado, é pouco, mas

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posso tentar descobrir alguma coisa. O difícil será


por onde começar.
Saio do quarto e encontro Gabriel já me
esperando.
— Podemos ir? — ele pergunta.
Respiro fundo.
— Podemos.

(...)

Daniel sai pelo enorme portão do


condomínio e caminha na direção do meu carro.
— O que quer? — ele pergunta.
— Conversar. — respondo.
— Sobre?
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— Você sabe sobre o que é.


Daniel dá a volta no carro e tira Gabriel do
meu lado, sentando no banco logo após.
— Não preciso escutar a sua explicação, eu
já entendi que foi desespero e uma maneira de casar
com Giulia. Não preciso escutar mais que isso.
— Você me perdoa?
Daniel olha para mim com a sobrancelha
arqueada.
— Giulia te perdoou?
Olho para Gabriel, que dá de ombros.
— Não contou, não é?
— Não tive coragem.
— Meu pai também não. Minha mãe o
convenceu a não contar a verdade. Ao que tudo
indica, ela fez o clássico ''você me sequestrou
porque me ama, Leo fez merda pelo mesmo
motivo''. Mas isso não significa que eles ficarão
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calados para sempre, eles estão te dando tempo


para resolver tudo com minha irmã.
— Eu não quero perdê-la.
— Você que causou isso.
— Está irritado comigo?
— Claro que sim. Você me colocou contra
Giulia, agora eu entendo porque ela passou um bom
tempo sem me ver. Giulia acredita que coloquei
aqueles papéis para que ela assinasse, sendo que, na
verdade, foi você quem armou tudo.
— Eu não vi outra saída. Eu engravidei a
sua irmã, ela estava um pouco chateada comigo e
Fernando queria me matar. Eu apenas fiz o que
veio na minha cabeça.
— Roubou meu contrato de casamento, belo
plano.
— Você nem ama Jasmine.
Daniel me encara como se fosse me matar.
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— Isso não te dá o direito de roubar algo


que me pertence. Quando se tornou um idiota?
— Quando me apaixonei por sua irmã.
— Pelo amor de Deus, Leonardo. Você já é
pai, pare de ser um imbecil e vire homem. Conte a
verdade, Giulia precisa saber disso. Ela tem mágoa
pelo próprio pai, você acha isso certo?
— Não, mas...
— Pense nisso, apenas pense e faça o que
sua consciência achar melhor. Mas saiba, não
deixaremos Giulia ser enganada. Um dia ela saberá
de tudo, seja pelos meus pais ou por você.
Escuto as palavras de Daniel, mas sei que é
a mais pura verdade.
— Como está a Nostra Ancoma? — mudo
de assunto.
Daniel me olha como se eu tivesse feito
algo estúpido.
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— Não posso falar sobre isso.


— Alguma pista?
— Não.
— Daniel, eu estou investigando por conta
própria...
— Vai inventar, mais uma vez, que pegou
os culpados?
— Não. Dessa vez eu farei certo. Foi Giulia
e agora foi a minha irmã...
— Isso não tem nada a ver com você? Ok,
minha mãe foi atacada, mas depois disso nada
aconteceu. Sempre foi Giulia e agora Kat. Tem
certeza que não fez nenhuma grande merda no seu
passado?
A grande merda que fiz foi com o contrato
de casamento, fora isso, nada que fiz exigiria uma
vingança como essa.
— Não. Tudo o que fiz foi para a Nostra
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Ancoma. Não tenho um inimigo direto.


— Como pretende investigar?
— Com a ajuda de Gabriel e Nicholas.
— Quem é Nicholas?
— O filho de Jason Carter.
— Quantas merdas precisam ser feitas para
que você pare de ser tão idiota?
— Ele me deve favores.
— Que favores?
— Não vem ao caso agora, mas Nicholas
está ao meu lado e investiga tudo.
— Por que eu deveria ir para o seu lado?
— Por que a Nostra Ancoma está em crise.
Meu pai mal fica nas reuniões, Fernando está
passando por problemas em casa, os outros estão
irritados com tudo, Yankee está atrás da mulher e
só você está calmo. Junte-se a mim, não terá nada a
perder. Também mostrará que você será um bom
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líder.
— Não quer a liderança?
— Nunca foi sobre a Nostra Ancoma.
— Ok, talvez eu possa te ajudar.

(...)

— Mãe? O que faz aqui?


— Vim te ver, meio óbvio. — minha mãe
me empurra e entra em meu apartamento. —
Precisamos conversar. O idiota do seu pai não veio
te ver?
— Não. — nego, balançando a cabeça.
— Deve estar muito ocupado com alguma
vadia.
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— Mãe, eu não acredito que meu pai te trai.


— Isso nós saberemos em breve. — senta
no sofá. — Não vim falar sobre ele. Kat já está
bem, ou melhor, está sofrendo por Gabriel chama-
la de irmã. Mas precisamos falar de Giulia e suas
inúmeras mentiras.
— Mãe...
— Leonardo, como você pode mentir tanto
e envolver outras pessoas nisso?
— Eu estava perdido...
— E o melhor caminho foi à mentira? Essa
é a sua desculpa? Giulia excluiu Fernando da sua
vida. Você colocou pai e filha um contra o outro.
Se sente bem com isso? Se sente bem em saber que
trouxe tristeza para uma família? Que fez a sua
mulher infeliz?
Escuto as suas palavras e sei que fiz tudo
errado. Eu sei de todo mal que fiz, mesmo assim,

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não consigo ter forças o suficiente para abrir mão


de Giulia.
— Você é como o seu pai. Um grande
mentiroso. — levanta do sofá. — Só espero que um
dia você mude, porque Giulia não merece você.
— Vai me tratar assim? — seguro o seu
braço, impedindo a sua saída.
— Como você quer que eu te trate? Você
cometeu um erro e parece não estar arrependido. Já
estou indo. Pense bem nas merdas que anda
fazendo, pois, quanto mais você demorar com elas
em sua vida, mais grave será as consequências. Só
tenho isso a dizer.
Ela sai do meu apartamento. Deixando-me
sozinho com os meus pensamentos.
Todos falam que devo contar a verdade,
mas sei que essa é a pior decisão. Essa é aquela que
me fará perder Giulia para sempre.

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Deito no sofá e fecho os meus olhos,


tentando fazer com que os pensamentos ruins
parem. Durante muito tempo eu fiquei arrependido
por essa mentira, mas depois parou, eu tinha tanta
coisa na cabeça que acabei me esquecendo disso.
Agora, eu estou bem com Giulia, a garota que
sempre amei. Vale a pena perder tudo para contar a
verdade?
Daniel me odeia, a minha própria mãe já
não suporta as minhas mentiras. Imagine Giulia...
— Estava lá embaixo e Gabriel arrastou
Felipe para a lanchonete. — Giulia entra no
apartamento com mais uma mochila. Ela passou o
dia trazendo as mudanças para cá. — Última
mochila. — joga no chão. — Estou morta.
— Queria ter te ajudado, mas...
— Entendo, não se preocupe. Daniel falou
comigo, disse que vocês conversaram.

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— Pedi para ele ficar ao meu lado, para


investigarmos juntos.
— E tem como fazer isso? Nem sabemos
quem são essas pessoas.
— Daremos um jeito de descobrir.
— Como?
— Ainda não sei.
Instantes de silêncio até que Giulia vai ao
banheiro tomar banho. Tento controlar a minha
vontade de ir atrás dela, mas, quando dou por mim,
já estou retirando a minha roupa e entrando debaixo
do chuveiro junto com ela.
— Que susto! — Giulia dá um grito e dá
um leve tapa no meu peito.
— Não era a minha intenção.
— E qual a sua intenção?
— Pensei que fosse óbvio.
Giulia olha para baixo e ruboriza ao notar a
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minha nudez.
— Oh! É que... Bem... Como posso dizer...
— Um bom tempo sem sexo, eu sei disso.
— E você?
— Eu o quê?
— Também está sem sexo ou...
— Quando eu digo que te amo, eu
realmente te amo.
— Mas, geralmente, os homens...
— Não são fiéis e não aguentam ficar sem
sexo? Eu não sou um infiel, cafajeste e reticencias.
Eu sou Leonardo, não traio e jamais faria qualquer
coisa contra você. Tem outros meios de matar a
minha necessidade. Foi difícil? Foi, mas era em
você que estavam os meus pensamentos.
— Eu...
Antes que Giulia fale mais alguma coisa, eu
a levanto do chão, para que ela fique da minha
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altura. Encosto as suas costas na parede e beijo a


sua boca com muita intensidade e volúpia.
Aperto a sua bunda com força, fazendo com
o que o seu corpo fique mais colado ao meu. Saio
do banheiro e Giulia desgruda a sua boca da minha.
— Para onde estamos indo?
— Eu não transaria com você no banheiro.
— Nós já fizemos isso antes.
— Mas eu quero na cama, Giulia.
Giulia sorri e revira os olhos. Jogo-a na
cama e observo extasiado o seu corpo nu sobre o
lençol.
Giulia é incrivelmente perfeita. Ela tinha
vergonha de ficar nua na minha frente, lembrava o
babaca que eu era no passado, quando eu a
chamava de gorda. Eu apenas era um idiota que não
enxergava o quanto ela é perfeita.
Perfeita para mim.
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— Por favor, pare de me olhar ou eu vou


me cobrir. — Giulia está com os olhos fechados.
— Não deve ter vergonha do seu marido. —
fico por cima dela, enquanto passo a mão pelo seu
corpo.
— É que o seu olhar sempre me deixou
assim...
— Assim como?
— Assim, envergonhada. — aperta os olhos
com força. — Faz com que eu sinta mais por você.
— Mais o quê?
Lia abre os olhos. Seus olhos azuis me
encaram com o brilho que sempre senti falta.
— Mais amor.
— Não tenha vergonha. — sussurro em seu
ouvido. — Você faz o mesmo comigo. — passo a
língua até chegar a sua boca. — Eu me sinto dessa
mesma forma, Lia. Tenha certeza disso.
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Bônus 3
Nicholas

Desço da minha moto e caminho a passos


largos, de encontro a Mary, que está me esperando.
Por sorte, ela está de passagem pela cidade e ligou
para mim, marcamos de nos encontrar nesse bar.
Escuto risos e aperto as minhas mãos,
tentando controlar a minha raiva. Eu conheço esse
riso, só preciso saber quem é o motivo dele.
Ando mais apressadamente até chegar ao
outro lado do estacionamento. Encontro Mary
sendo carregada por um cara. Um cara tatuado,
loiro e que eu vou matar.
— Mary! — grito o seu nome.
Os dois param com a brincadeira e ele a
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coloca no chão.
— O que pensa que faz carregando a minha
garota?
— Do que está falando? Fumou alguma
coisa? — o cara diz, claramente se divertindo com
a situação.
— Nicholas... — Mary fala o meu nome
com reprovação.
— Está pensando que estou de brincadeira?
Ele se aproxima de mim.
— Não estou brincando, cara.
Fecho as minhas mãos com força e antes
que ele fale mais alguma coisa, eu acerto um soco
em seu rosto.
— Nicholas! — Mary grita pelo o meu
nome.
O cara vem para cima de mim e acerta um
soco do lado esquerdo do meu rosto. Tento tira-lo
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de cima de mim, mas só consigo soca-lo nas


costelas e ele continua fazendo o mesmo comigo.
Sinto o peso saindo de cima de mim e vejo
os dois seguranças. Ambos seguram os nossos
braços.
— O que está acontecendo aqui? — um
deles pergunta.
— Nada. — respondo. Não preciso de um
problema agora.
O outro cara confirma a minha resposta.
Ganhamos um sermão e somos proibidos de voltar
a esse local. Quando eles saem, olho para Mary,
que está nitidamente preocupada com o outro cara.
— Eu não posso sair nem por um minuto e
essa merda acontece? — uma garota loira aparece e
começa a gritar.
— Calma, Dulce! — Mary grita.
— Não! Drew tem que parar de fazer merda
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atrás de outra merda!


— Ele não teve culpa! — Mary me olha
com raiva e depois volta a sua atenção para o tal de
Drew.
Olho para Mary mais uma vez, mas ela está
muito ocupada com o cara e a garota. Percebo que
ela pega o seu casaco e limpa o sangue no rosto do
outro cara.
Afasto-me deles e volto para a minha moto.
Sinto o sangue escorrendo pelo meu rosto, mas não
me importo.
Hematomas não são nada, comparados a ver
sua garota cuidando de outro cara.
— Você precisa de cuidados. — olho para o
lado e vejo uma mulher. Ela me observa com
preocupação. — Eu posso cuidar se quiser. — ela
levanta as mãos, como se fosse me tocar, mas eu
desvio. — Não se preocupe, não vou te machucar.

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Eu presenciei a briga, só queria saber se está bem.


— Por que se importa?
— Porque eu fiquei interessada em você
desde que te vi descendo dessa moto. — ela passa a
mão na minha moto até chegar a minha perna. —
Poderia me dar uma carona?
Olho para a morena a minha frente. Ela,
com certeza, é muito mais velha que eu. Talvez uns
trinta e cinco anos. Ela tem o mesmo jeito das
prostitutas que frequentam o clube.
— Nick, precisamos conversar. — Mary
aparece na minha frente. — Por que bateu nele?
Encaro Mary.
Eu estou sangrando e ela está preocupada
com o outro cara?
— Suba! — falo com a mulher, que sobe
rapidamente na minha moto. — Adeus, Mary
Anne.
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Saio pilotando a minha moto e deixo Mary


para trás.
— Gostei do seu apelido, Nick. — a mulher
sussurra em meu ouvido. — Qual seria o seu nome
verdadeiro?
— Sem nomes. — corto o assunto
rispidamente.
Não é como se eu me importasse com essa
mulher. Ela é apenas mais uma vadia, nada mais.

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Capítulo 14
Leonardo

Sinto alguém apertando o meu braço. Abro


os olhos e noto que é Felipe.
— O que aconteceu? — pergunto para o
meu filho.
— Está na hora de ir para a escola.
Olho para a janela e noto que já é manhã.
Olho para Giulia, que está dormindo ao meu lado, e
sorrio ao lembrar a nossa noite juntos.
— Vamos, eu vou te colocar no banho e
preparar o café.
— Tio Gabriel já está fazendo o café.
— Então, menos trabalho para mim.

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Levanto da cama e dou o banho em Felipe,


depois o ajudo com a roupa e com a mochila. Vou
até a cozinha, onde Gabriel já está terminando o
café.
— Não sabia que consegue cozinhar, só
espero que esteja bom.
— Bom dia para você também. — Gabriel
responde com um sorriso. — Minha mãe me
obrigou a isso.
— Às vezes eu acho que, realmente, Sara é
a mãe verdadeira de Giulia. Elas têm essa coisa de
"Você precisa aprender".
— E você deveria agradecer a isso.
Viro-me e vejo Giulia com os braços
cruzados.
— Acordada há muito tempo?
— Desde que Felipe entrou no quarto, mas
decidi não levantar, você tem que ter trabalho com
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o seu filho.
— Voltaremos a esse assunto?
— Hoje não.
— As pessoas, a cada dia que passa, estão
mais educadas, elas falam até "bom dia" com mais
felicidade. — noto o tom irônico de Gabriel.
— Bom dia, Gabriel. — Giulia revira os
olhos para o irmão.
— Bom dia, mãe. — Giulia abraça Felipe.
— Bom dia, meu amor. — ela olha para
Felipe. — Leonardo, qual a dificuldade de
desamassar uma roupa?
— Muita. Eu não entendi muito bem como
se faz. Ele é criança, ninguém se importará com
isso. Podemos dizer que ele se mexeu muito e a
roupa ficou amassada.
— Já pensaram em contratar uma pessoa?
Não quero cozinhar para vocês.
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— Gabriel, eu estou te dando um lar, nada


mais justo que você cozinhe.
— Leonardo, pare de ser um aproveitador.
— Giulia bate em meu braço. — Contrate uma
pessoa, também não serei sua empregada.
— Pode ser depois? Tenho umas coisas que
precisam ser resolvidas.
— Como o quê? — Giulia pergunta, depois
de colocar o café para Felipe.
— Preciso encontrar quem está tentando
matar a todos que eu amo, preciso resolver esse
problema.
— E como conseguirá isso? Você está fora
da Nostra Ancoma.
— Com a minha ajuda. — Gabriel sorri
com orgulho.
— Você só tem dezessete anos, como fará
algo?
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— Giulia, eu já ameacei e bati em um cara


da Nostra Ancoma. Por favor, não duvide da minha
capacidade.
— Sério que a sua ajuda é Gabriel?
— Daniel e Nicholas.
— Nicholas?
— O cara que Felipe deu um soco, aquele
que te salvou dos tiros.
— Mas ele não é inimigo?
— Inimigos da Nostra Ancoma. Se não
estou mais lá, não tenho qualquer rivalidade com
ele.
— E qual o plano?
— Ainda nenhum, mas, em breve,
estaremos com tudo pronto.
— Espero que, dessa vez, você consiga
algo.
— Eu já consegui você. — beijo os seus
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lábios. — O resto será fácil.


— Não se ache muito, sabemos o que
aconteceu na primeira vez.

(...)

Nicholas abre a porta do apartamento, onde


ele está hospedado.
— Precisamos avançar com a procura. —
entro no apartamento. — As coisas estão se
complicando e...
— Eu sei disso, todos sabem. O problema é
fazer algo para conseguir o objetivo. — ele faz
sinal, como se pedisse "silêncio".
Nicholas entra em uma porta e, instantes
depois, uma mulher sai.

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— Bom dia. — ela sorri para mim.


— Bom dia.
Encaro a mulher por alguns instantes. Ela é
morena, mas tem o cabelo com um tom meio ruivo,
tem os olhos verdes e noto que é muito magra.
Muito magra mesmo. Olho novamente para o seu
rosto.
— Nos conhecemos? — questiono, já que
tenho a impressão de já tê-la visto em algum lugar,
mas não lembro onde.
— Talvez sim, sempre estou por aí.
— Por aí aonde?
— Por aí. — pisca um olho e se aproxima
de mim. — Se quiser, podemos...
Retiro a sua mão de mim.
— Não podemos nada. — corto o assunto
de maneira ríspida. Não gosto dessa mulher me
tocando, só gosto de Giulia.
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— Isso é o que você pensa...


— Pare! — Nicholas grita. — Ele tem uma
esposa e não perderá isso por sua causa.
— Nick...
— Saia! — Nicholas a pega pelo braço e
coloca para fora do apartamento.
— Você é um cafajeste. — acuso-o,
lembrando que ele ama Mary Anne.
— Direto ao assunto.
— Qual o nome dela?
— Qual o seu interesse nela? Pensei que
gostasse de Giulia.
— Eu a amo, mas essa mulher me pareceu
estranhamente familiar.
— Não poderei responder a essa pergunta.
Eu apenas a encontrei no bar e a trouxe para cá.
Sem nomes, eu não perguntei.
— Certo. — decido esquecer o assunto. —
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Então, precisamos falar sobre o plano para pegar


quem está tentando matar a minha família.
— Alguma pista? Apareceram novamente?
— Nada. É que fui expulso da Nostra
Ancoma e agora quero pegar os culpados.
— Afinal, a culpa é toda sua.
— Obrigado, Nicholas.
A campainha toca.
— Espero que não seja aquela mulher
novamente. — rosna.
— Não é tão boa quanto Mary? — provoco.
Nicholas vai atender a porta, ignorando
minhas provocações.
— O que fazem aqui? — escuto a surpresa
na voz de Nicholas.
— Viemos te ver. Pare de ser um chato e
nos abrace.

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— Entrem.
Nicholas abre a porta e vejo Dean e Mary
Anne.
— Mary! — olho para ela. — Há quanto
tempo não nos...
— Sou Brittany, gêmea de Mary Anne. —
ela fica nitidamente sem graça.
— Desculpe. — fico mais sem graça que
ela. — É que são idênticas, acabei confundindo.
— Normal, todos confundem. — seu tom
saiu carregado de desprezo.
— Eu sou o Dean, irmão mais novo de
Nick. — olho para ele. — Nos conhecemos?
Dean não tem qualquer relação com o MC,
ele ainda é novo para fazer parte de algo tão
perigoso. Por isso eu olho para Nicholas, não sei se
seu irmão pode saber sobre tudo.
Nicholas está muito ocupado abraçando
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Brittany. Dean continua em busca de resposta, mas


não falo nada.
— Então, o que fazem aqui? — Nicholas
pergunta para o irmão e para Brittany.
— O colégio está em recesso, então não
tínhamos nada para fazer. — Brittany responde. —
Meus pais estão viajando, meus primos estão por
aí, Amanda está fazendo a aula de teatro e está
muito ocupada, eu só tenho Dean e você.
— E como nossos pais estão fora de casa,
resolvemos vir atrás de você. — Dean
complementa, mas ainda me encara.
— Como souberam que estou aqui?
— Liguei para o meu pai e ele disse que
você havia ficado nessa cidade. Não foi fácil te
achar, mas sabíamos que você estaria em algum
lugar afastado. Chegamos ao hotel e te achamos. A
recepção poderia ter sido melhor, não esperávamos

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flores, mas um sorriso cairia bem.


— Se não gostou, poderemos voltar.
— Anny, não é isso. — o tom de Nicholas
sai de maneira mais... Sentimental. — Não é um
bom momento para visitas.
— Encontrou amigos novos? — Brittany
me olha com raiva.
— Não somos amigos! — Nicholas fala
imediatamente.
— Isso partiu meu coração. Pensei que
estávamos em processo de construção de uma linda
amizade.
— Cale a boca, Leonardo!
— Lembrei! — Dean grita. — Você é o
Leonardo Vesentini. Já ouvi muito sobre você.
Nick, o que faz com o inimigo?
— Dean, cale a boca!
— Calar a boca? É você quem está com o
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inimigo. — Dean me encara como se fosse me


matar.
— Eu devo favores a Leonardo, ok? Apenas
isso.
— Qual favor deve?
— Não vem ao caso agora. Estou ajudando
Leonardo com um assunto, não tenho tempo para
férias.
— Que assunto?
— Dean...
— Sabe mexer com armas? — pergunto a
Dean.
Talvez essa visita possa me ajudar.
— Sei, apesar de não fazer parte do MC.
— Você poderá ajudar.
— Por que eu te ajudaria? — Dean me
esnoba.

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— Porque estamos sem pessoas para isso.


— Nicholas responde.
— Também quero. — olho para Brittany.
— Meu pai me ensinou a mexer com armas.
— Esqueci que é filha de Carlos.
— Sabe muito sobre minha vida, ou seria a
vida de Mary? — isso soou como uma acusação. —
Sim, meu pai me ensinou muito e poderei ajudar.
— Não! Você não vai ajudar! — Nicholas
grita.
— Nicholas, nem tente me impedir, você
não manda em mim.
— Anny é melhor que você.
— Obrigada, Dean. — Brittany agradece.
— Nicholas, deixe-a nos ajudar, precisamos
disso. — tento convencer Nicholas. — Por favor.
— Eu sei o que faço. — Brittany fala
rapidamente. — Se digo que vou ajudar, é isso o
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que farei. E, Nicholas, nem pense que vai me


impedir.

(...)

Entro em casa e logo encontro Giulia com


Felipe, os dois conversam algo sobre o alfabeto.
— Ei! — chamo a atenção dos dois. — O
que estão fazendo?
— Ensinando um pouco do alfabeto. Daniel
e Gabriel estão no quarto conversando.
— Felipe, vá até o seu quarto.
— Leonardo...
— Giulia, teremos uma conversa muito
séria.

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Felipe pega o caderno e vai para o quarto.


Sento ao lado de Giulia. Inclino-me em sua direção,
mas ela se afasta. Opto por começar a falar:
— Eu consegui mais dois aliados para me
ajudar.
— Isso é bom, mas como vão conseguir
algo?
— Então, tiveram uma ideia, na verdade, é a
melhor de todas.
— E que ideia genial é essa?
— Lembra as minhas viagens? Quando fui
atrás dos culpados? Teremos que voltar até esse
local.
— Como se eles fossem continuar lá. —
zomba.
— Você não estava lá, aquele lugar é
estranho. Pensando bem, eu deveria ter continuado
por lá, não deveria ter voltado e mentido para
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todos.
— Do que está falando?
— Relembrando aquele dia, eu percebi que
poderia ter encontrado mais pistas, mas não fiz. —
arrependo-me por não ter investigado mais, mas
não foi culpa minha, Giulia estava no hospital e não
pude ficar longe dela. — Estarei voltando até lá, até
o local onde tudo aconteceu.
— Eu vou com você!
— Não, Giulia! — esbravejo. — É
perigoso!
— Se Brittany vai, sua mulher também vai.
— olho para trás e vejo Nicholas. — O que foi? Se
Brittany pode correr perigo, a sua mulher também
pode.
— Leo, eu fui obrigada a aprender a me
defender. — Giulia diz, tentando me convencer
dessa ideia estúpida. — Você sabe disso. Você

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precisará de ajuda e eu poderei fazer isso.


— Giulia, eu não te deixarei ir! Eu não vou
deixar que você corra perigo, não deixarei que você
saia atrás de um inimigo que nem sei quem é.
— Eu e sua irmã fomos envenenadas.
Quando aconteceu comigo eu estava dentro da
minha própria casa. Leonardo, eu penso mais que
você. Talvez o inimigo esteja mais perto do que
pensamos. Ficar ou ir, eu corro perigo de qualquer
maneira. Mandarei Felipe para os meus pais, estarei
indo com vocês.
Não, não vou deixa-la ir comigo. Já tive a
sensação de quase perdê-la, não sentirei isso
novamente.

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Capítulo 15
Giulia

Depois de muito insistir, Leonardo,


finalmente, deixou-me ir a essa viagem. Ele falou
sobre todos os perigos que poderão aparecer, mas
não foi o suficiente para tirar a ideia da minha
cabeça.
Leonardo só está contando com a ajuda de
Daniel, Nicholas, Gabriel, Dean e Brittany, e esses
três últimos não devem nem ter dezoito anos.
Eu sei atirar, meu pai me deu essa aula.
Confesso que nunca estava interessada, mas
prestava atenção apenas para deixar meu pai feliz.
Felizmente eu aprendi e ainda lembro sobre tudo.
Agora eu estou preparando a minha mala.
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Leonardo mandou que eu fizesse isso, já que a


viagem é longa e poderemos parar no meio do
caminho, porém, não é como se fosse uma viagem
a passeio, mas Leonardo insistiu para que as malas
fossem feitas.
— Mas mãe, eu quero ir.
Paro a minha arrumação e olho para Felipe,
que insiste em ir conosco a essa viagem.
— Não é uma viagem para diversão, é para
trabalho.
— Mas eu gosto de ver os prédios.
Felipe sabe que o pai trabalha em uma
construtora, mas não tem noção de seu outro
trabalho.
— Faremos assim. — ajoelho-me para ficar
na sua altura. — Na próxima viagem você vai
conosco.
Felipe cruza os braços e faz beicinho. Essa
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imagem amolece o meu coração, mas, infelizmente,


eu nem ao menos sei se voltaremos bem dessa
viagem. Rezo para que sim.
— Vá falar com o seu pai.
Felipe sai do quarto e eu volto para a
arrumação.
— Mãe. — olho para Felipe. — Meu pai
não está aqui.
— Ele deve estar lá embaixo. Gabriel,
Daniel, Nicholas...
— Não tem ninguém aqui. Eu já procurei
em todos os lugares.
Leonardo não pode ter feito o que eu estou
pensando que ele fez!
Saio rapidamente do quarto e vou até o
telefone. Ligo para Leonardo, mas ele não me
atende. Tento ligar para Daniel e Gabriel, mas está
dando ''telefone desligado''.
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Por fim, descido ligar para a recepcionista,


ela pode ter visto Leonardo sair. Talvez ele não
tenha ido sem mim...
A recepcionista pede um instante, logo após
ela volta com a resposta para a minha pergunta.
— O senhor Vesentini saiu com o os irmãos
da senhora e mais três outras pessoas.
Ele realmente fez isso!
— Sem informação para onde ele foi? —
claro que Leonardo não falaria nada para os
funcionários.
— Ele apenas pediu para que a senhora
fique com os seus pais ou volte para casa. Apenas
isso.
Agradeço à senhora e desligo o telefone.
O que farei agora?
Talvez eu não fosse de grande serventia,
mas eu sei me defender, seria mais uma pessoa para
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ajudar.
Respiro fundo e penso que Leonardo fez o
certo. Sei que ele não quer me ver correndo perigo
e nem machucada. Ele foi sem mim apenas para me
livrar de algo ruim. Entretanto, eles correm perigo.
Levanto do sofá e volto para o quarto.
— Ei! — chamo Felipe. — Mudança de
planos, estamos voltando para casa.
— Por quê? — Felipe pergunta, tirando os
olhos da TV e me encarando.
— Bem, seu pai foi sem mim, ele é muito
apressado e não aguentou me esperar.
Felipe ri com isso, mas se ele soubesse a
verdade, ele estaria preocupado como eu.
O plano de Leonardo consiste em voltar à
cena do crime. Bem, ao que tudo indica, o cara que
ele matou estava hospedado em um hotel, com isso
ele pretende obter informações e tentar encontrar os
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outros culpados. Não sei se isso dará certo, as


chances são mínimas, mas é a única coisa que eles
têm. Talvez eles nem estejam correndo perigo,
duvido que os outros culpados estejam lá, mas eu
continuo temendo.
Arrumo as malas de Felipe e preparo-me
para sair do apartamento. No mesmo momento em
que estou abrindo a porta, escuto o telefone tocar.
— Espere um pouco. — peço a Felipe, que
já está impaciente com minha demora e arrumação.
Atendo o telefone e a recepcionista me
avisa que a mãe de Leonardo está querendo falar
com ele. Peço para que ela deixe Isabella subir.
— Espere um pouco, Felipe. Sua avó está
vindo para cá.
— Então eu vou assistir desenho.
— Ok, pode ir.
Abro a porta antes mesmo de Isabella
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entrar. Volto para o sofá e fico esperando por ela.


Tento ligar para Leonardo mais uma vez e
ele não me atende.
— Leonardo?
Assusto-me quando escuto essa voz. Essa
não é Isabella.
Levanto-me do sofá e caminho até a porta,
dando de cara com uma mulher loira.
— Quem é você? — pergunto. Confesso, eu
estou com medo.
— Eu sou a Olívia, mãe de Leonardo.
Olho para a mulher a minha frente. É a
mulher que foi aquele dia ao condomínio.
— Você não é a mãe de Leonardo. Saia da
minha casa!
— A casa não é sua, é do meu filho.
Sério que essa mulher quer ser superior?

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— Que eu saiba, a mãe de Leonardo é a


Isabella, não você.
— Isabella não é nada dele, ela nem ao
menos pode ser considerada a esposa de Marco.
— O que quer dizer com isso?
A mulher sorri como se fosse uma vitoriosa.
Ela é linda, muito linda mesmo. Talvez sejam as
plásticas. Percebo sua boca não deve ser natural,
assim como os seus seios. Seus olhos são azuis
claros, o cabelo longo e loiro aparenta ter sido
muito bem tratado, assim como a roupa e seus
sapatos. Ela aparenta ser como uma modelo, uma
modelo ideal, daquelas que fariam fortuna com a
imagem. Olho para a sua bolsa, aposto que é de
alguma grife.
Como ela conseguiu dinheiro para tanto?
Eu nunca escutei falar que essa mulher é
rica. Leonardo até pensava que ela fosse uma

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prostituta qualquer. E se Marco estiver pagando por


tudo isso? Da maneira que ela falou... Não quero
nem pensar nessa possibilidade.
— Marco não tem nada a ver com isso. —
sua voz aumenta. — Quero ver meu filho.
— Saia daqui! — rosno. — Antes que eu
chame os seguranças. Eu sou casada com
Leonardo, esse prédio é meu e você não tem direito
algum sobre ele.
— Já vi que meu filho e Marco tem um
péssimo gosto. — ela olha a casa ao redor. — Pode
deixar, Bertollini. Eu darei meu jeito de falar com o
meu filho.
— O que quer com isso?
— O que eu quero? — sorri. — Olhe para
mim, acha que eu quero o quê? Adeus, querida.
Ela sai do apartamento.
Respiro fundo, tentando controlar a minha
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raiva. A vontade que tenho é ir atrás dessa mulher e


agredi-la, mas opto por não fazer isso.
Chamo Felipe para irmos embora.
Saio do elevador e vou até a recepção.
Como podem ter anunciado aquela mulher
como mãe de Leonardo?
— Boa tarde. — cumprimento a
recepcionista. — Só quero saber por que falaram
que aquela mulher é a mãe de Leonardo?
Isabella é conhecida, ela é mulher do dono
da construtora. O prédio pode pertencer a
Leonardo, mas, antes isso, pertenceu a Isabella.
— Aquela senhora disse que é Isabella
Vesentini. — a recepcionista diz com a voz
trêmula.
— Algum problema? — uma senhora
aparece, reconheço-a como a outra recepcionista.
Conto o problema e ela pede desculpas. A
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recepcionista que acreditou em Olívia é nova e nem


ao menos sabia que Leonardo havia saído, mais
cedo eu havia falado com outra pessoa.
Depois de resolvido a confusão, peço para
que barrem a entrada de Olívia no prédio.
Entro no carro e dirijo até a minha antiga
casa. Sei que ali é o lugar mais seguro para mim e
para Felipe.

(...)

Em casa não havia nada para ser feito. Meus


pais nem ao menos estão aqui. Decido ir até a casa
de Jasmine, para conversarmos um pouco. Deixei
Felipe com Karen, ela é a única que está em casa e

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ficou feliz com a companhia do sobrinho.


Desço do carro e logo alguns homens mal
encarados me encaram, mas logo eles ficam
tranquilizados quando percebem que sou eu. O pai
de Jasmine, o Tyler, é um gangster, logo esse lugar
é protegido por ele e seus parceiros. E quando um
carro diferente entra, eles logo olham com
desconfiança, mas eles sabem quem eu sou e não
impedem a minha entrada.
Estaciono o meu carro um pouco distante da
casa de Jasmine, já que na frente tem algumas
crianças brincando e não quero bloquear a rua com
meu carro.
Toco a campainha da casa de Jasmine.
— Giulia. — Jasmine abre a porta. — Que
bela surpresa.
— Oi. Realmente, faz um tempo que não
nos vimos.

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— Sim. Daniel falou que você e Leonardo


voltaram. — ela se encosta a porta.
— Ei, Giulia! — Leila aparece atrás de
Jasmine e sorri para mim.
— Oi, Leila.
— Então, sabe o que acho muito legal sobre
isso? — Jasmine fala, o seu tom de voz sai
carregado de raiva. — Que eu sempre estive ao seu
lado nos momentos críticos da sua vida, quando
precisava desabafar e falar mal de Leonardo, mas
quando está tudo bem, eu não servi para a
senhorita. Agora, que Leonardo viajou, você veio
atrás de mim apenas para se lamentar?
— Jasmine, tem noção do que passei nesses
dias? Kat foi parar no hospital...
— Viu, só lamentações. Giulia, você me
esqueceu no momento em que voltou para
Leonardo.

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— Mas isso aconteceu ontem! Aconteceu


tudo de maneira rápida.
— Poupe-me, Giulia! — Jasmine grita. —
Não volte aqui, não quero saber de você. Você é
aquele tipo de pessoa que só está ao seu lado
quando precisa, depois quando está tudo bem, nada
disso importa.
— Jasmine...
— Adeus, Giulia! — Jasmine bate a porta
com força em minha cara.
Olho para a porta fechada e fico me
perguntando o que aconteceu para Jasmine estar me
tratando dessa maneira. Sempre fomos amigas,
desde criança quando ela começou a frequentar a
minha casa. Claro que eu sempre desabafei com
ela, mas a minha reconciliação com Leonardo
aconteceu ontem e hoje eu vim até aqui.
Paro de pensar nisso e volto para o meu

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carro. Não adianta tentar encontrar resposta para


algo que não tem sentido.
Aproximo-me do carro e noto um papel
preso ao limpador do para-brisa.
Não é possível que nesse bairro tenham
guardas para me multar.
Retiro o papel e percebo que ele está
dobrado e é folha de caderno.
Desdobro o papel somente para notar que é
um bilhete anônimo, com palavras recortadas de
revistas e jornais:

''Giulia, cuidado com quem está ao seu


lado, algumas querem vingança.
Talvez o seu marido tenha roubado um
contrato de casamento e casou com você. Talvez
uma pessoa queira ser a primeira dama da máfia,
mas não conseguiu porque você tomou a frente.
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Talvez essa pessoa esteja por trás de tudo isso.


Pense nisso''.

Ele está falando de Jasmine?


Espera um pouco... Eu fui enganada por
Leonardo e não por meu pai e Daniel?

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Capítulo 16
Giulia

Fecho os olhos na intenção de esquecer


esses últimos dias. Passei mal de uma maneira tão
grave que estou internada no hospital, o pior é que
ninguém nem ao menos sabe o motivo disso. Falam
de gravidez de risco, mas não sabem ao certo o que
causa isso. Já mencionaram sobre eu, talvez, estar
sofrendo por algo e isso estar afetando o bebê.
Talvez eles estejam certos.
Estou aqui no hospital e Leonardo nem
sabe disso. Saiu por aí e deixou-me sozinha, logo
após eu descobrir sobre a gravidez.
— Ei, Giulia! — Jasmine me dá um meio
sorriso. — Daniel está aí, quer falar com você.

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— Eu não quero que...


— Não se preocupe, falei que você passou
mal, apenas isso.
Não quero ficar mencionando tudo o que
acontece comigo na gravidez. Meu pai deve me
odiar por conta disso e não quero enche-lo com
meus problemas, afinal, a culpa foi minha e de
Leonardo, mas o culpado nem aqui está.
— Peça para ele entrar. — falo com
Jasmine que sai, dando lugar a Daniel.
— Como está? — meu irmão pergunta. —
Soube que passou mal.
— Gravidez tem dessas coisas. — falo, sem
dar tanta importância ao assunto. — Mas posso
dizer que estou um pouco melhor.
— Sei que não é o momento certo para isso,
mas você precisa assinar alguns papéis. — Daniel
me entrega os papéis.

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— O que é tudo isso?


— Burocracias do banco, já que está
grávida, nosso pai acabou criando outra poupança
para o neto. Vamos combinar, ele pode querer
matar Leonardo, mas sabemos que ele já ama o
neto. Aqui também tem os papéis sobre a academia
de dança, já que não trabalha mais lá, minha mãe
acabou fazendo algo para pagar os seus direitos
trabalhistas. Acho que apenas isso. Eu estava indo
a sua casa exatamente para que assinasse esses
papéis, na verdade, estou tentando entrar em
contato com você há um tempo e só agora me
atendeu.
— Desculpe, você sabe que não estou muito
bem com essas coisas.
— Entendo, mas pode assinar em outro
momento.
— Não, sem problemas. É apenas enjoo,

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posso assinar esses papéis.


Assino todos os papéis e entrego a Daniel.
— E Leonardo? — pergunto, mas sei que
não vou obter respostas.
— Giulia, não posso...
— Entendi, não pode me responder, é coisa
da Nostra Ancoma.
É sempre para essa máfia...

Estaciono o meu carro em frente à casa do


meu pai. Minhas mãos estão trêmulas graças ao
meu nervoso, tudo por causa daquele bilhete.
Primeiro de tudo, eu jamais vou acreditar
que Jasmine é culpada por algo. Eu confio nela,
sempre fomos muito amigas. Eu sei que ela quer
casar com Daniel, mas nada tem a ver com o
dinheiro. Ela sempre foi apaixonada por meu
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irmão, antes mesmo de descobrir sobre o acordo de


casamento. Jasmine é uma pessoa boa, duvido que
ela esteja por trás disso.
Agora em relação a Leonardo... Talvez seja
verdade.
Passei anos evitando o meu pai. Eu até
posso amar Leonardo, não nego que sinto isso por
ele, mas tinha raiva do meu pai e de Daniel. Porque
eu sabia que eu havia sido enganada naquele dia do
hospital, foi o único momento em que assinei algo.
Senti-me traída. Pensei que eles poderiam ter
falado diretamente comigo, mas preferiram armar
para que eu me casasse.
Será que Leonardo foi expulso da Nostra
Ancoma por conta disso?
Minha cabeça, que antes estava doendo,
piora quando penso em tudo isso. Decido parar
meus pensamentos e entro na casa dos meus pais.

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Assim que entro, vejo Karen e Kat


conversando.
— Oi, Kat. Como está? — pergunto apenas
para não parecer grossa, minha cabeça está cheia de
perguntas, a única coisa que quero é dormir e
acordar desse pesadelo.
— Pode-se dizer que mais ou menos. — dá
um meio sorriso. — Meus pais não me escutam,
acho que me culpam pelo o que aconteceu, mas eu
juro que não bebi nada alcóolico. Pensando bem,
eles não estão muito interessados nisso, só vivem
brigando.
Minha cabeça dói ainda mais quando
lembro sobre Olívia. Será que aquela mulher é a
amante de Marco?
— Está melhor de saúde? — tento mudar o
assunto. Sei que ela foi envenenada, mas não sei se
posso falar disso com ela. Kat é muito nova para

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saber que já está sendo um alvo.


— Sim, bem melhor de saúde, mas em
outros termos... Lá em casa está tudo um caos,
meus pais brigam e Leonardo não presta atenção
em meus problemas, todos estão sempre muito
ocupados. Acho que com você será mais fácil. Mas
olhando para você, vejo que também não está bem.
— Kat está certa. — Karen concorda. — Eu
acho que Giulia não está bem. Felipe está lá dentro
assistindo TV. Aconteceu algo?
— Não, não foi nada. Kat, pode falar.
— Foi algo com o meu irmão? Porque eu
juro, se ele fez algo para te deixar assim... —
grunhe. — Leonardo é muito burro mesmo! Passou
anos dizendo que ficaria com você, aí quando
consegue faz merda. Eu liguei para ele ontem e ele
só sabia falar de você. O escutei para esquecer
meus problemas, ele disse que estava muito feliz e

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agora você está com essa cara?


— Kat, Leonardo sempre gostou de mim?
— Não sei na época da adolescência, mas
quando ele voltou de viagem, estava louco por
você. Lembra a festa de boas-vindas? Eu e meu
irmão conversamos, ele confessou gostar de você.
Eu sempre falava de você em minhas ligações, acho
que isso influenciou no coração do meu irmão.
— E o casamento? — Kat é uma pessoa que
fala muito. Duvido que ela saiba sobre o que o
irmão fez, mas, nesse momento, eu só preciso
escutar da boca de outra pessoa o que Leonardo
sente por mim.
Eu sei que ele pode ter me enganado, na
verdade, tenho certeza disso, mas, bem lá no
fundo... Talvez eu continue sendo a tola
apaixonada. Aquela tola que mesmo grávida e
''abandonada'', continuava amando o marido e

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inventava desculpas para não sair de casa.


Se bem que, ele estava fora para me salvar e
a amante nunca existiu, tudo uma armação de...
Jasmine?
Oh, céus! Adoraria ter uma vida normal.
— Lembro que Leonardo ficou estático com
a notícia da gravidez, mas, logo após, ele era o cara
mais feliz do mundo, falava até que queria um
menino. Depois você estava preocupada e ele ficou
triste, depois veio o casamento e a felicidade voltou
a reinar.
Foi o próprio Leonardo que falou sobre o
contrato que eu havia assinado. Foi tudo tão caótico
que eu acabei nem mencionando isso para o meu
pai. Eu apenas aceitei aquilo calada, depois de
algumas semanas eu já estava acreditando que
aquilo era o certo, afinal, mesmo com aquela
traição, eu amava Leonardo e acreditei que

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teríamos uma vida feliz juntos.


— Ele me ama, certo?
— Giulia, claro que ele te ama. Nem quero
lembrar como ele ficou quando você estava em
coma. Detesto falar sobre isso, mas Leonardo
estava tão louco em te ver quase morta, que ele
culpou Felipe por aquilo. Ele tinha até um certo
medo de se aproximar de Felipe. Com o tempo isso
foi passando e ele já estava amando o filho, mas
você ainda estava internada e a tristeza dele não
melhorou em nada. Leo te ama muito, muito
mesmo.
— Obrigada. Era só isso que precisava
escutar.

(...)
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Já é madrugada e eu estou na casa dos meus


pais. Minha mãe está com Isabella, já que ela está
muito mal; meu pai está em alguma reunião; Felipe
está dormindo e Kat e Karen devem estar assistindo
a alguma série na TV. Eu estou no lado de fora da
casa, olhando para a lua e pensando na minha vida.
Pensei em inúmeras possibilidades e uma
delas está fixa na minha mente: O inimigo está
muito próximo de nós.
Quando eu estava grávida, Leonardo estava
afastado justamente para pegar o inimigo e eu
sempre era atacada de uma maneira sútil. Quando
eu estou de bem com Leonardo, acontece tudo
novamente e nos afastamos, agora tem mais essa
intriga. Intriga um tanto quanto falha. Porque se eu
for pensar bem, porque um bilhete contando a
suposta verdade, seria colocado em meu carro

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justamente na hora em que fui visitar Jasmine? Está


bem claro que isso foi feito para nos separar.
Jasmine é ótima em luta e tem toda a M-Unit ao seu
lado, nos separando significa que perderemos esse
laço. Me separando de Leonardo, significa que
perderei a sua proteção. Aparentemente a Nostra
Ancoma está crise, logo está desestabilizada.
Eu tenho dois palpites: Leila e Olívia.
Só tem uma pessoa capaz de conversar com
Jasmine, e esse alguém é Leila. E teve aquele dia
que ela foi a minha casa do nada, no objetivo claro
de causar alguma discussão entre mim e Leonardo.
Por isso eu acho o plano dessa pessoa muito
falho. Se analisar com clareza, dá para perceber
vários furos.
Meu celular toca, tirando-me dos meus
pensamentos. Olho para a tela e vejo que é
Leonardo.

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Meu coração acelera com isso. Atendo o


telefone e escuto a sua voz do outro lado.
— Sei que está me odiando nesse momento,
mas eu jamais deixaria que você viesse comigo. —
a sua voz sai carregada de humor.
— Entendo. Como estão as coisas?
— Estamos tentando.
— Entendo.
— Giulia, você está bem? Não fique
chateada com o que fiz, eu te amo e jamais
suportaria a ideia de te ver correndo perigo. Está
chateada comigo?
— Não.
— Por que está monossilábica?
— Estou na casa dos meus pais. Bem, está
tudo um caos e estou cansada.
— Desculpe, é madrugada, mas só agora
eu consegui te ligar. Pode voltar a dormir. Ah, eu
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te amo.
— Também te amo. — não é uma mentira.
Desligo o telefone e abaixo a cabeça. Eu
poderia ter mencionado algo sobre Leila, mas eu
não sei o que está acontecendo. Ela sabe muita
coisa sobre o que acontece na minha vida, talvez
tenha escutas ou algo do tipo, não sei, mas não
quero dar qualquer informação.
Na verdade, eu nem tenho ideia do que
fazer.
Meu celular toca avisando de uma nova
mensagem. Olho para a tela e vejo que é uma
mensagem de Jasmine:

Desculpe-me pelo o que aconteceu hoje,


Giulia. Eu juro que não queria ter feito aquilo, mas
foi necessário. Leila está por trás disso, tenho
certeza. Não dá para falar tudo por aqui, mas

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confie em mim, por favor. Eu estou fingindo te


odiar, apenas para ver até onde ela vai e, assim,
ver quem está por trás disso. Confie em mim.

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Capítulo 17
Leonardo

Enganar Giulia foi à única coisa que pensei.


A última coisa que eu quero é vê-la correndo
perigo.
Inventei que ela tinha que arrumar as malas,
nesse tempo, enquanto ela estava ocupada, eu saí
do apartamento e fui para o carro, onde todos os
outros já estavam me esperando.
Nicholas fez o mesmo, ele enganou Brittany
e Dean e eles não vieram conosco.
Olho para o celular, onde tem chamadas
perdidas de Giulia. Opto por não retornar a ligação,
ela poderá ficar irritada e, no momento, eu não
preciso desse drama na minha vida.
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— Já pensou que pedindo para sua mulher


ficar com os pais, ela poderá descobrir sobre a sua
mentira?
Olho para Nicholas, que está dirigindo o
carro.
Eu conversei com Daniel, ele falou que
Fernando não vai contar sobre o que fiz, pelo
menos, não por enquanto. Acredito que ele não
conte por agora, o que não posso é demorar nessa
viagem. Se for para Giulia estar à salva e descobrir
a verdade, que seja assim.
Não tenho homens suficientes ao meu lado,
apenas os seguranças do prédio. Pela lei desse país
(lembrando que é tudo criado pela autora,
inclusive o país) os seguranças são proibidos de
estarem armados. Então é melhor que Giulia e meu
filho fiquem ao lado de Fernando e da Nostra
Ancoma.

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— Meu pai disse que não contará nada, pelo


menos, por enquanto, ele ficará calado. — Daniel
responde por mim, já que estava ocupado em meus
pensamentos.
— E já sabe como contar a verdade? —
Nicholas pergunta.
— Sabe o que acho legal? — olho para trás,
onde Daniel está sentado. — Ele sabe mais que eu,
que sou padrinho do seu filho.
— Cara...
— Leonardo, quando começou essa
amizade?
— Não somos amigos! — Nicholas rosna.
— Eu o ajudei com a namorada dele, então
temos uma divida. — respondo. — Ele não soube
sobre o contrato primeiro, eu tive que dizer para
ajudar na investigação, já que eu entendi que o
inimigo quer pegar Giulia. — minto, Nicholas

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soube sobre a minha mentira primeiro, mas não


quero que Daniel saiba disso. — Por falar na minha
mentira, Daniel...
— Não peça desculpas, você prejudicou
meu casamento!
— Mas você não quer Jasmine, só se isso
for pela Nostra Ancoma e a M-Unit, já que Tyler
está sumido... — paro um pouco e penso. A
verdade está aparecendo com clareza para mim. —
É isso! Você quer o casamento porque Tyler está
sumido, casando com Jasmine, você fica na frente
da gangue. E eu pensando que fosse por amor.
— Por isso Leonardo foi descoberto por
meu pai, ele é muito lento.
— Gabriel, do que está falando?
— Leo, é óbvio que esse é o motivo do meu
irmão estar irritado com o atraso do casamento,
você demorou a perceber isso.

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— É que eu não tinha tempo para juntar


uma coisa com a outra. — olho para Daniel. — É
só casar, simples.
— Sem a assinatura de Tyler?
— Leonardo, você não tem nenhuma cópia
do contrato? — Nicholas pergunta. — É só pegar e
fazer um, já que o original foi para o seu casamento
com Giulia.
— Não tenho nem nada do contrato de
Daniel. Pensei que o destruindo, ninguém ligaria as
clausulas. Mas será que não tem nada com a
assinatura de Tyler? Porque é só fazer o contrato
normal e falsificar a assinatura dele, o que mais
conhecemos são pessoas que fazem isso. Como
todos sabem sobre esse casamento terá que existir,
você não terá problemas.
— Não, só terei problemas quando Tyler
aparecer e souber que a filha casou sem o pai. Tyler

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sempre quis entrar na igreja com ela. Se ele estiver


vivo e souber do casamento, ele junta todos e adeus
trégua.
— Eu não sabia dessa parte do acordo. —
defendo-me.
— Essa parte foi feita verbalmente, talvez
ele soubesse que ficaria fora por um tempo e tratou
de falar para que a filha não case sem ele.
— Então eu não cometi um grande crime.
— Leonardo, eu vou ignorar isso.
— Então, nada de Tyler? — Gabriel
pergunta.
— Não tem nada sobre ele, não sabemos
nem se ele está vivo.
A viagem prossegue em silêncio, depois de
sete horas, chegamos ao hotel onde encontrei o cara
que estava seguindo Giulia.
— Sabe o mais legal disso? — Gabriel se
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aproxima de mim. — Você sabe sobre o hotel onde


o cara estava, mas nunca voltou para saber o seu
nome.
— Eu estava ocupado, Giulia estava mal.
— Muito prático, não? Você matou o cara
e, logo após, Giulia foi envenenada. Nada que não
tirasse a atenção dos inimigos.
— A culpa foi minha, eu havia falado que
peguei o culpado.
— Sabe o que acho interessante? Ok, você
estava mal por Giulia, lembro isso. Mas meu pai é
inteligente, ele junta as coisas facilmente. Se você
matou o cara do outro lado da cidade, quem
envenenaria minha irmã? Meu pai deve ter pensado
nisso.
— Você acha que...
— Meu pai sempre soube que você não
matou o verdadeiro o culpado, deixou você se livrar

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dessa mentira em respeito à Giulia e a Marco,


talvez o seu pai também saiba sobre isso. Eles
devem continuar investigando, talvez seja por isso
que a Nostra Ancoma está um caos. Afinal, o
inimigo está perto e nossos pais devem desconfiar
de todos. Nós estamos investigando agora, mas
tenho certeza que nossos pais já fazem isso há um
bom tempo.
Essa possibilidade não é absurda. Fernando
e meu pai não são conhecidos por serem enganados
facilmente. Será que eles já estavam investigando
sobre isso?
— Meu pai estava fora, diz ele que estava
tratando de negócios. Minha mãe até discutiu com
ele e ele foi obrigado a leva-la em uma viagem.
Viagem essa que minha mãe voltou revoltada,
porque ela e Karen ficaram sozinhas, enquanto meu
pai resolvia algo no hotel, hotel do outro lado da

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cidade. — Gabriel termina de falar.


Meu pai... Há um bom tempo eu não vou a
casa dele, mas minha mãe estava irritada com ele,
nunca falou o motivo disso. Talvez seja o mesmo
de Sara. Meu pai pode estar saindo e não informa
para onde. Duvido sobre traição, eles jamais
trairiam as mulheres deles.
Até que Gabriel é inteligente para alguém
que acabou de sair do ensino médio e não teve
tanto contato com a Nostra Ancoma.
Entramos no hotel, que fica a beira da
estrada. Eu havia seguido o homem até aqui, fiquei
no mesmo hotel que ele, acho que ele nunca me
viu. Na primeira saída que ele deu, eu o peguei. A
estrada por onde ele foi é deserta, então foi fácil.
Na época eu até pensei que fosse uma armadilha,
mas foi burrice mesmo.
O homem na recepção nos olha com um

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largo sorriso e faz as ''boas-vindas''.


— Precisamos saber informações sobre um
homem. — Daniel se aproxima do balcão. — Ele se
hospedou aqui há uns quatro anos.
— Não podemos...
— Aqui está. — Daniel coloca o envelope
do dinheiro em cima do balcão. — Foi no mês de
março.
— Foi um homem? — o recepcionista
pergunta, guardando o envelope.
— Sim, um homem.
— Podem ter vários...
— Então nos entregue o nome de todos eles,
já que não temos fotos e nem sabemos os nomes,
queremos a lista dos nomes.

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(...)

Óbvio que os inimigos não estariam nesse


hotel, ainda mais depois de tantos anos, mas todo
cuidado é pouco.
O recepcionista nos deu a lista com os
nomes, agora o amigo de Nicholas está procurando
sobre todos eles. Não sei como esse cara conseguirá
algo, mas Nicholas disse que consegue tudo.
Acabei de falar com Giulia. É madrugada e
ela ainda estava acordada, mas estava estranha,
muito monossilábica. Talvez esteja chateada por eu
tê-la deixado para trás, mas foi preciso, eu não
sabia o que me esperava aqui.
Volto para o quarto onde estou dividindo
com os outros caras. Assim que entro, encontro
todos eles olhando para os notebooks que estão em
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cima da cama.
— Alguma novidade? — pergunto.
O amigo de Nicholas enviou a ficha de
todos os homens que estavam na lista, saí e os
deixei aqui no quarto terminando a procura.
Enquanto isso, eu estava do lado de fora o hotel,
tentando encontrar uma maneira de falar com
Giulia, já que o celular estava sem sinal.
— Ainda nada. — Daniel responde.
Continuamos a procura. Quando não temos
mais nada para fazer, decidimos dormir, admitindo
a derrota.

(...)

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— Leonardo! Acorda!
Escuto os gritos de Daniel e levanto da
cama em estado de alerta.
— O que foi? — pergunto.
— Encontramos algo muito importante. —
ele aponta para a sua cama, que está com o
notebook aberto. — Ontem um nome havia me
chamado a atenção nas fichas que o amigo de
Nicholas enviou, não falei sobre isso com você para
não dar falsas esperanças, mas, hoje cedo, o amigo
de Nicholas trouxe as respostas.
Ando até a cama de Daniel, onde tem
inúmeros papéis com fotos de pessoas.
— Encontramos algo muito importante. —
Daniel pede para que eu me aproxime. — Esse cara
aqui. — aponta para um papel, onde tem uma
imagem de um senhor, mas isso parece ser uma
imagem do século passado. — Ele se chama

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Giuseppe Baptista, na ficha consta que ele estava


hospedado aqui no dia sete de março, mas, na
verdade, ele morreu no ano de 1964.
— Poder ser coincidência, afinal, podem ter
vários homens com esse nome. — falo.
— Não com a mesma nacionalidade. —
Gabriel diz. — Na ficha tem as informações dele, a
única coisa diferente é a data de nascimento, fora
isso, não mudou nada. E tem mais uma coisa, ele
nunca voltou para o hotel, saiu e deixou suas coisas
para trás. Só tem a informação de quando ele
entrou, mas já é grande coisa saber que o cara
nunca voltou.
— Por isso eu pedi para que o amigo de
Nicholas puxasse a árvore genealógica desse
homem, descobrimos que ele é de uma família
muito tradicional lá na cidadezinha italiana, então
foi fácil fazer isso. — Daniel continua. —

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Conseguimos até algumas imagens dos parentes


mais conhecidos, imprimimos tudo.
Daniel me entrega as imagens, logo eu
reconheço o cara que assassinei.
— Foi ele. — aponto para a imagem.
— Francesco, ele é bisneto desse homem e
já cumpriu pena por tráfico de drogas. Imaginei que
pudesse ser esse cara, já que ele é a terceira pessoa
que já cometeu crime na família, a outra também já
morreu, restando apenas uma. Agora, mude a folha.
Viro a página e encontro Antonieta
Baptista.
Não pode ser...
— Ela é a bisneta de Giuseppe, irmã de
Francesco e já foi presa por suspeita de tráfico de
drogas. — olho para Daniel, que continua falando.
— Mas nós a conhecemos apenas como Leila, a
amiga de Giulia e Jasmine.

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Capítulo 18
Giulia

Leila é a culpada por tudo.


Ela se aproximou de Jasmine na
adolescência, quando elas eram colegas de sala na
escola. Lembro-me de Jasmine mudar de sala e
Leila ir atrás, indo estudar na mesma sala que eu.
Tudo já estava planejado.
Mas tudo foi planejado por Leila? Não
lembro de termos tido qualquer tipo de desavença...
Mas Leo contou que já estavam atrás de mim e da
minha mãe, desde a minha época de adolescência.
Só se Leila trabalha para outra pessoa ou, então, ela
é mais velha do que eu.
Olho a mensagem de Jasmine novamente, a
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confirmação que não é ela quem está armando


contra mim. Eu nunca duvidei dela, principalmente
por ela ser apaixonada por Daniel.
Ainda é madrugada e daqui a pouco vai
amanhecer. Meus pais não estão em casa, tentei
falar com eles mais cedo, mas não consegui. Karen
e Kat disseram que é assim que está a família
Bertollini e Vesentini. Pergunto-me se meu pai e
Marco sabem de algo e se esse é o motivo deles
ficarem tão longe das suas famílias, prefiro que o
motivo seja Leila do que Olívia.
Agora que penso em Olívia, isso significa
que ela não está no plano? Ou pode está, ela pode
estar ligada com Leila. Talvez Olívia arquitetou
tudo e convidou Leila, isso faz mais sentido do que
Leila ter trabalhado sozinha.
Verifico o meu celular mais uma vez. Tento
ligar para Leonardo, para avisar que achei a

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culpada por tudo, mas, nesse momento, o seu


celular está sem sinal. Assim como o de Daniel e o
de Gabriel. Não tenho ideia para qual lugar eles
foram, só sei que Leonardo mencionou não ter sinal
ali, para encontrar é preciso procurar e ter
paciência.
Lembro-me que foi exatamente por isso que
eu briguei e decidi me afastar de Leonardo. Estava
grávida e ele nem ao menos ligava para mim.
Sendo que a realidade era outra. Leonardo estava
atrás da pessoa que tentou me matar, e ele não
poderia manter contato comigo. Todas as vezes que
Leonardo sumiu, era isso o que ele estava fazendo
tentando salvar a minha vida.
Agora eu lembro sobre Leonardo ter me
enganado com o contrato de casamento. Não vi
Leonardo tão irritado por ter sido afastado da
Nostra Ancoma, muito pelo contrário, ele pareceu

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ter ficado mais preocupado por ter ido embora e por


ter pensado que eu o abandonaria. Ou Leonardo é
um ótimo ator, ou ele me ama.
Eu sei que eu o amo. A tola aqui nunca
esqueceu Leonardo, nem na época em que eu
jurava que era traída... Quando ele não me ligava, a
cada dia que se passava, eu chorava de raiva de
mim mesma. Raiva por ama-lo, mesmo que ele não
merecesse aquilo.
O contrato de casamento me irritou no
início, então Leonardo conversou comigo e acabei
aceitando. Aceitei porque eu, realmente, queria me
casar com Leonardo. Eu já estava grávida e
completamente apaixonada por ele.
Eu não fui firme. Cheguei à casa de Jasmine
e desabei em choro. Ela queria tirar satisfações com
Daniel, mas nunca deixei que aquilo acontecesse.
Se tivesse deixado, tudo teria sido explicado.

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Leonardo continuou me procurando, ele


sabia que eu estava com Jasmine, afinal, ela sempre
foi a minha única amiga.
Meu pai também me procurou e acabamos
discutindo. Agora eu entendo o porquê do meu pai
nunca ter entendido minhas acusações sobre ele ter
me enganado. Eu nunca falei o motivo, pensei que
Fernando Bertollini estava se fazendo de sonso,
mas ele apenas não fez parte do plano idiota de
Leonardo. Daniel foi diferente, ele se afastou de
mim, mas quando Felipe nasceu, ele voltou
correndo e acabei o aceitando em minha vida. Para
falar a verdade, Daniel nunca se defendeu das
acusações, ele apenas escutou calado, acho que foi
por isso que não nos afastamos de vez, assim como
a minha mãe. Minha mãe aceitou as minhas
palavras caladas e depois colocou a culpa nos
hormônios da gravidez, mais uma vez, eu não
contei o motivo da minha raiva.
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Acho que um dos motivos para eu nunca ter


contado nada, foi por causa da minha raiva. Toda
vez que eu pensava naquele contrato, eu sentia
vontade de chorar e acabava travando. Fora que, no
início, eu ainda aceitei, acreditei que Leonardo me
amava, mas quando ele começou a sumir... Eu
culpei Leonardo pelo meu sofrimento, não só ele,
mas como toda a minha família.
Meu pai sempre teve um gênio forte.
Quando eu o acusava de algo, ele me acusava de ter
enganado a todos. Eu namorava e ainda engravidei
de Leonardo, tudo isso escondido dele. Outra coisa
causada por Leonardo. Ele disse que não
deveríamos contar ao meu pai sobre o nosso
relacionamento, eu era muito nova e meu pai não
gostaria nada disso. A tola apaixonada acreditou e
fez o que era dito.
Tento ligar para todos novamente, mas nada

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acontece.
Vejo uma luz forte na garagem e depois ela
se apaga. Meus pais devem ter chegado em casa.
Caminho até a garagem e vejo a minha
descendo do carro. Se ela estava dirigindo, é sinal
que aconteceu algo. Minha mãe dificilmente dirige,
ela não gosta nada disso e só faz quando
necessário.
— Algum problema? — pergunto.
Minha mãe vira rapidamente para mim e
vejo que colocou a mão no peito, acho que eu a
assustei.
— Porque estava dirigindo, não é?
— Se eu bem me lembro, você odeia carros
e toda a coisa de olhar para os lados e prestar
atenção em todos a sua volta.
Meu pai e meu avô colocaram na cabeça
que minha mãe devia aprender a dirigir. Minha mãe
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foi tão pressionada que decidiu tentar. Ela passou


de primeira, mas quando chegou à rua... Posso
dizer que ela quase gritou quando um caminhão
praticamente se jogou na frente do seu carro. Minha
mãe não gostou nada aquilo. Fora as motos,
bicicletas, pedestres, ônibus, carros...
— Odeio, mas acho que odeio mais o seu
pai. Eu vou mata-lo! — ela arremessa a bolsa na
porta do carro, fazendo barulho. Depois ela faz isso
incontáveis vezes.
— Ok, mãe. Acho que o carro não tem
culpa por sua raiva.
— Não, não tem. — ela para de bater no
carro. — Eu quero descontar a minha raiva em
algo, ou melhor, em alguém. Seu pai vai me pagar!
— O que ele fez?
— O que ele fez? Oh, querida. Seu pai está
me saindo um grande imbecil! Nunca mais o vi

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assim, a última vez foi quando ele não quis demitir


Milla, pelo menos ele a levou para longe e ela
morreu.
— Como assim ele levou Milla para longe e
ela morreu?
Como se minha mãe percebesse que falou
muito, ela logo tenta mudar o assunto.
— Então, voltando a minha raiva pelo seu
pai. Marco e Fernando acharam legal essa coisa de
enganar as esposas. Está tudo um caos e, do nada,
eles resolvem sair para jantar? Seu pai sempre me
leva, mas decidiu que não é mais legal me levar. O
que eu fiz? Fui junto. Bem, eu acreditei que era
realmente um jantar quando cheguei ao restaurante.
Mas comecei a achar estranho porque seu pai falou
que ia ao banheiro. — para de falar.
— O que tem de estranho nisso?
— Seu pai indo ao banheiro sem me

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chamar?
— E porque você iria ao banheiro com ele?
— Querida Giulia, você já é velha para
entender esses assuntos, não é mesmo?
— Você e meu pai... Oh Deus! Não precisa
dizer, já entendi.
— Bem, ele não me chamou, e quando eu
disse que iria com ele... Bem, seu pai foi contra. Ele
deu mil e uma desculpas para me despistar, mas fui
atrás. Ele entrou no banheiro e demorou muito,
claro que eu entrei. E acredite, não tinha ninguém
lá dentro. Sabe o que é melhor? Seu pai deixou um
motorista a minha espera, mas eu vim sem ele.
— O que acha que aconteceu?
— Não sei, apesar do seu pai nunca me
falar nada sobre a Nostra Ancoma, ele diz se vai
resolver algo relacionado a isso. Dessa vez ele
inventou desculpas e ainda fugiu. Não sei o que

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pode ter acontecido.


— Eu tentei ligar para ele, mas deu que está
sem sinal. O seu deu desligado.
— Esqueci de mencionar, eu joguei o meu
celular em seu pai, mas o idiota desviou e meu
celular bateu na parede com tanta força que
quebrou.
— Você está muito irritada.
— Imagine ser casada há duas décadas e
seu marido começar a mentir do nada.
— Eu imagino, porque estou casada há
quase cinco anos e já sinto isso.
— Do que está falando?
— Nem percebeu que estou de volta em
casa, não é?
Minha mãe arregala os olhos.
— Desculpe, seu pai me irritou de muitas
maneiras diferentes.
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— Eu entendo. — sorrio. — Mas meu pai te


ama mais que tudo, todos sabem disso.
— Não vou falar sobre o amor do seu pai.
Fale sobre você e Leonardo.
— Na verdade, é sobre Leila também.
— Não me diga que aquele idiota te traiu
com a sonsa da Leila! Eu sempre soube que aquela
garota não prestava. Sinto cheiro de vadia de longe,
mas ninguém nunca me escutou.
— É pior que isso. Leonardo não me traiu,
mas Leila sim. Leila é a inimiga.

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Capítulo 19
Giulia

— Não posso acreditar que aquela garota


seja a inimiga. Ela tem o que? Vinte e dois anos?
Ela armou isso desde sempre? Não faz sentido.
Minha mãe me leva até a sala, para
podermos conversar melhor.
— Não faz, mas se pensarmos bem... Quer
dizer, você e meu pai nem poderiam pensar nela, já
que Leila sempre conviveu mais comigo e com
Jasmine. Eu sei que fui envenenada e adivinha só,
Leila estava ao meu lado. Na verdade ela estava
com Jasmine. Hoje mais cedo fui procurar por
Jasmine, mas Leila estava lá na casa dela. Bem,
Jasmine me tratou mal e disse que não queria mais

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me ver. Quando saí de lá e fui até o meu carro,


tinha um bilhete dizendo que Jasmine é a traidora.
Agora, se formos pensar, tudo o que aconteceu
comigo, Jasmine estava presente. Logo eu a
culparia por tudo, afinal, ela é noiva do meu
irmão...
— E você é casada com Leonardo, então
poderíamos dizer que Jasmine tem raiva por você
ter casado primeiro?
— Mais complexo que isso. — olho para as
minhas mãos. — Leonardo roubou o contrato de
Jasmine e Daniel, não é? Por isso eles nunca se
casaram.
— Leonardo te contou?
— Não, o bilhete fez isso por ele. Você
sabia disso?
— Soubemos há pouco tempo. Seu pai
ficou irritado, parece que na conversa que vocês

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tiveram no hospital, ele entendeu o motivo de você


estar tão irritada com ele. Ele foi tirar satisfações
com Leonardo, por isso ele foi afastado da Nostra
Ancoma.
Paro de escutar a minha mãe e penso em
algo: Como Leila soube sobre o contrato roubado?
Se ela soubesse disso antes, ela já teria jogado isso
na minha vida. Pensando bem, essa história do
contrato só apareceu depois que Kat foi envenenada
e Leonardo saiu da Nostra Ancoma...
— Meu pai falou disso com mais alguém?
— pergunto a minha mãe.
— Sobre o contrato roubado? Não.
Fernando deixou isso entre família, ele apenas disse
que Leonardo foi afastado por causa da mentira
sobre pegar o inimigo.
Conto sobre o que acabei de pensar e minha
mãe concorda comigo, mas, assim como eu, ela não

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tem qualquer resposta para essa dúvida.


— Agora tudo faz sentido. — falo, após
pensar no afastamento de Leonardo da Nostra
Ancoma. — Não foi apenas por ele ter mentido
sobre a pessoa que ele matou, foi por ele ter
acabado com o relacionamento entre pai e filha.
— Fernando não tinha noção do contrato.
Sempre soubemos do casamento, mas achamos que
era algo que você queria. O contrato de casamento
havia sumido, até pensamos que fosse Daniel
tentando impedir o casamento, porém, foi Leonardo
quem havia roubado.
— E meu pai soube disso e não me contou?
Ele apenas deixou que Leonardo ganhasse?
— Fernando deu um prazo a ele mesmo.
Caso Leonardo não contasse em alguns dias, ele
mesmo o faria. Bem, eu pedi para seu pai não te
contar nada.

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— Por que não? Preferiu me ver sendo


enganada?
Minha mãe suspira com cansaço e me
encara, certamente está cansada de toda essa
história.
— É um fato que Leonardo é retardado,
todos sabem disso. Ele fez de maneira simples algo
que te prendesse a ele. Olhe bem, seu pai fez uma
grande merda comigo no passado, você era
pequena e nem tem noção de como nos
conhecemos.
— Claro que tenho. Você era conhecida do
meu pai, filha de Yankee que é aliado...
— Essa é a história bonitinha, a verdade é
outra. Eu estava voltando para casa após o trabalho
vi seu tio Marco, eu nem o conhecia naquela época,
e mais dois homens matando uma pessoa. Eu tentei
me esconder, mas deu errado e eles me

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encontraram. Eles poderiam ter me matado, mas


não o fizeram. Fui levada até Fernando, nesse
mesmo jardim eu estava ajoelhada, chorando e
rezando por minha vida, enquanto seu pai me
ameaçava para não chamar a polícia. Logo após eu
fui levada para aquela casa com prostitutas.
— Morou com prostitutas?
— E não? Eu não fui prostituta, mas convivi
com todas elas. De início eu jurava ser um
sequestro, mas eu era bem tratada, principalmente
por Dianna. Foi estranho, porque eu era muito
próxima de você e do seu pai, logo já estávamos
fazendo viagens. Resumindo, eu fui praticamente
sequestrada para ficar com Fernando. Ele e o meu
pai sempre tiveram um acordo dizendo que eu
casaria com o chefe da Nostra Ancoma. Fernando
não queria me forçar, então achou inteligente me
prender. — revira os olhos. — Mas não foi tão

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ruim.
— Eu lembro algo. Eu sentada no colo do
meu pai, acho que vi uma foto sua e ele disse que
era a minha mãe.
— Sim, Fernando já acreditava que eu me
apaixonaria por ele. Por isso você sempre me
aceitou tão bem.
— Você sempre foi a melhor de todas. —
lembro um pouco a minha infância. — Você falou
de Milla, mas eu lembro vagamente dela. Lembro
que ela gritava e brigava comigo, eu fazia o mesmo
com ela. Mas não lembro tanto da fisionomia.
— Aquela vadia era linda, não nego. Mas
sempre foi uma cobra.
— Não entendo como Nancy é mãe dela...
— Milla era adotada. — minha mãe me
interrompe. — Parece que a mãe de Milla não valia
nada e Nancy era a vizinha que queria ajudar a

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família. Acho que a mãe de Milla se mandou e a


deixou com Nancy. Posso dizer que Raul sempre
odiou Milla.
— Odiar... Mas eles não conviviam como
uma família?
— Ao que tudo indica não. Nancy era a
boazinha que queria ajudar, Milla era a filha
desprezível que só faltava bater na mãe e Raul era o
que queria mandar Milla para um internato. —
minha mãe dá de ombros. — Não sei muito do
assunto, Nancy acabou se mudando logo após a
morte de Milla, foi viver com Raul.
— E como Milla morreu?
Minha mãe olha para os lados, depois para
as suas mãos.
— Você sabe o que seu pai faz da vida. Ele
é bom com quem ele gosta, mas quem é contra...
— Milla fez algo de grave?

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Lembro vagamente da minha babá, mas


lembro que um dia ela estava em casa e no outro
não... Pensando bem, lembro de uma alergia que
minha mãe teve e a deixou roxa.
Tento relembrar toda a cena. Daniel estava
comigo... Minha mãe e Isabella estavam roxas...
Pedido de casamento... Gravidez...
— Milla se juntou com meu ex-namorado e
planejaram meu sequestro e estupro. Isabella me
salvou e, por pouco, quase perdi Gabriel, já que eu
estava grávida quando sofri as agressões.
— Eu lembro que não gostava dela, mas
Milla foi tão ruim assim?
Fico assustada com isso. Milla era tão ruim
a esse ponto?
— Muito ruim. Podemos dizer que o seu pai
a mandou para longe e ela morreu.
— Nancy sabe disso? Raul?

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— Raul está envolvido. — dá de ombros.


— Ele realmente a odiava. Nancy é boa e sofreu
com a morte de Milla, mas eu acho que ela nem
sabe sobre tudo o que aconteceu.
— Uau! Eu, realmente, não sabia sobre
nada disso. Então meu pai sempre te amou?
Tento não pensar mais em Milla e sua
morte.
— Sim, fez tudo aquilo porque já me
amava. Eu o convenci a não fazer merda, não
queria que ele estragasse seu casamento com
Leonardo. Eu o conheço bem, ele pode ser um
idiota em diversos momentos, mas é nítido que ele
te ama. Te ama muito. Assim como Fernando,
Leonardo fez outra coisa para ficar com você. Ele
merece uns bons puxões de orelha e sermões, mas
ele te ama, isso ninguém pode negar.
— Eu também o amo.

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— Vai perdoa-lo?
Dou de ombros como resposta.
— E agora, sobre Leila? — minha mãe
muda de assunto. — Acho melhor falarmos com
Marco, ele...
— Ele não está em casa, assim como a tia
Isabella. Kat está aqui.
— Ela não falou nada sobre sair.
Precisamos falar com alguém sobre Leila.
— Jasmine que me alertou, ela está fingindo
confiar em Leila e me odiar.
— Jasmine pode ser boa, mas ela não
conseguirá sozinha.
— Ela pode chamar os comparsas do pai
dela. — Tyler é o líder da M-Unit e Jasmine, como
sua filha, têm todos esses homens para protegê-la.
— Sim, mas...
O som da campainha tocando interrompe a
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nossa conversa. Minha mãe levanta e vai até a


porta, quando abre, escuto a voz da minha tia
Isabella.
— Ah, Giulia! — Isabella fica sem graça ao
me ver. — Não sabia que estava aqui.
— Foi coisa de última hora. Veio pegar
Kat?
— Kat está aqui?
— Sim, desde cedo.
Isabella franze o cenho e se joga no sofá.
— Algum problema? — minha mãe
pergunta.
— Os mesmos de sempre. — Isabella dá de
ombros. — Então, o que aconteceu?
Contamos resumidamente o que aconteceu e
Isabella fala que devemos avisar aos seguranças
para proibir a entrada de Leila aqui.
— Podemos tentar chegar a Nostra
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Ancoma, alguns deles moram aqui ao lado, mas


não sei se devemos ir até eles. — Isabella diz. — O
mais certo é chamar os nossos pais.
— Colocar a Sangre Latino no meio disso?
— Sara, se nossos maridos estão longe,
precisamos de outras pessoas. Pelo menos sabemos
que os nossos pais estarão aqui para tudo o que
precisarmos.
Minha mãe pega o celular de Isabella.
— Ok. — coloca o celular no ouvido. —
Estamos chamando a Sangre Latino.

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Bônus 4
Jasmine

Desligo o celular, quando, pela centésima


vez, tento ligar para Daniel.
Sou tão idiota. Se preciso de ajuda, logo
ligo para ele. Daniel sempre atende os chamados de
Nicole rapidamente.
Mas, agora, eu não estou ligando para
Daniel no intuito de chorar sobre o sumiço do meu
pai, é para falar sobre Leila.
Leila chegou aqui contando uma história
esquisita, tentando me deixar contra Giulia. Disse
que Giulia estava bem com Leonardo, que ela havia
ido até a casa deles e o segurança havia dito que
eles se mudaram. Ela logo veio com a história
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''Giulia nem te contou nada, mas sempre te procura


para dos seus problemas''.
A primeira regra de Fernando Bertollini é
que nenhum segurança pode contar a vida de um
morador. Só se quem perguntar for ligado aos
Bertollini ou Vesentini, fora isso é proibido.
Duvido que alguém tenha dado essa informação a
Leila.
Eu percebi que Leila estava tentando
infernizar a minha amizade com Giulia. E o mais
interessante é que ela fez isso justamente quando
todos estão loucos, Daniel, por exemplo, saiu à
procura dos culpados, de quem quer matar Giulia e
todos os outros.
Meu pai me ensinou a identificar pessoas,
principalmente pessoas com segundas intenções.
Checo a mensagem no celular. Um dos
amigos do meu pai avisa sobre Leila. Que ela está

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na biblioteca estadual.
Pedi para que ele a seguisse e a pegasse na
primeira oportunidade. Ele viu o momento em que
Leila pediu para que uma criança da minha rua
colocasse o bilhete no carro de Giulia.
Sinceramente, Leila é burra.
Agora eu preciso entender o motivo dela ter
feito isso.
Escuto o som de batidas na porta. Ando até
lá, mas não é preciso que eu abra, Gregory já fez
isso.
Gregory é outro amigo do meu pai. Ele tem
acesso a minha casa, já que ele ficou para tomar
conta de mim e da minha mãe.
Em um instante meu pai estava em casa e
no outro não. Saiu por aí e deixou uma gangue para
tomar conta de mim e da minha mãe.
Meu peito aperta quando penso nele.

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Será que ele está bem?


— Oi, Gregory. — cumprimento-o e volto
para a sala. — Alguma informação sobre Leila?
— Talvez, se olhasse para cima, perceberia
que tem coisa melhor aqui.
Essa voz...
Viro-me para trás. Meu coração bate mais
rápido e as lágrimas aparecem em meus olhos.
— Pai! — grito e me jogo em seus braços.
Meu pai me segura e me abraça apertado,
enquanto beija a minha cabeça.
— Eu senti tanto a sua falta. — falo entre
soluços. — Eu tinha medo que...
— Calma, minha pequena, estou aqui. —
ele passa a mão em minhas costas. — Eu estou aqui
agora e não sairei de perto de você.
— Por que foi embora? — afasto-me dele, e
olho em seus olhos.
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Meu pai fecha os olhos, como se não


pudesse olhar para mim.
Levanto o olhar e vejo dois caras parados
em minha sala.
— Acho que somos o motivo dele ter ido
embora. — um deles diz, com um sorriso cínico.
Olho para os dois caras e para o meu pai.
— Pai, o que está acontecendo?
— Jas, eu...
— Pai, o que esses dois têm a ver com o seu
sumiço?
— Já que o papai não vai dizer, eu digo.
Olho para os dois caras novamente.
— Papai? — repito as suas palavras.
— Eu sou o Allan e ele é o Alex. — os dois
sorriem para mim. — Prazer em conhecê-la, irmã.

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Capítulo 20
Giulia

Minha mãe pede silêncio e começa a falar


no celular.
— Não, sou eu, Sara. — ela sorri para que o
seu pai diz.
Isabella teve a ideia de chamar a Sangre
Latino para nos ajudar. A Nostra Ancoma está
muito ocupada e, tenho certeza, Isabella não quer
envolve-los nisso por conta de Marco.
Sangre Latino é a gangue comandada por
meu avô. Juro que eu jamais pensaria isso dele e
nem do pai da tia Isa. Os dois parecem com homens
bonzinhos e são os melhores avôs — junto com o
pai do meu pai, mas Victor Bertollini tem um ar de
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''chefão da máfia italiana''.


— Então, é que precisamos da sua ajuda. —
minha mãe volta a falar e explica o ocorrido. —
Leila, ela é, ou melhor, fingia ser amiga de Giulia e
Jasmine... Não, o senhor nunca a viu porque ela não
vinha muito aqui em casa, era mais com Jasmine...
Talvez seja mais velha.
Minha mãe senta no sofá, mexe na tela do
celular e, instantes depois, todas nós estamos
escutando meu avô falando.
— Eu não posso acreditar que uma garota
tenha feito isso. Ela deve ter o quê? Uns vinte e
dois anos? Qual motivo ela teria para isso? Sem
contar que você, Sara, já sofreu quase um
atentado. Uma garota não faria isso sozinha.
— Claro que tem alguém por trás disso. —
Isabella diz.
— Estarei enviando alguns homens...

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— Alguns homens? — minha mãe olha para


Isabella. — Por que não o senhor? Pensei que
sempre estivesse ao meu lado e dos...
— Estou ocupado, Sara.
— Há uma grande chance de termos
encontrado os culpados e você está ocupado? É
isso?
— Sara...
— Marco e Fernando estão envolvidos
nisso? — Isabella questiona, sua voz sai carregada
de esperança. Olho para as suas mãos, ela aperta a
bolsa com muita força. Ela, com certeza, deve
achar que o tio Marco está com uma amante, a mãe
de Leonardo.
— Eu não vou falar dos meus negócios com
vocês. — meu avô diz, rispidamente. Ele é tão
grosseiro com as suas palavras, que nós três
olhamos para o celular com uma carranca. —

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Aceitem minha ajuda e...


— Tchau! — minha mãe desliga o celular e
olha para mim e Isabella. — De ignorante basta
Fernando, e nem ele eu estou aturando.
— Eu não sei o que pensar sobre tudo isso.
— Quem sabe eles têm as pistas dos
culpados e querem apenas nos prevenir de algo. —
tento argumentar, para que elas não fiquem tão
tristes.
— Não sei, mas eles nem ao menos
atendem nossas ligações, nos enganam e nem se
importaram com as nossas informações.
— Eu pensei em algo, não sei se tem muito
a ver, mas...
— Isabella, pode falar.
Minha tia levanta o olhar e eu vejo as
lágrimas não derramadas.
— Olívia, a mãe de Leonardo. — abaixa a
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cabeça. — Eu peguei Marco tendo uma conversa


com essa mulher, pelo telefone, eu também já
atendi algumas chamadas dela, mas claro que ela
apenas me provocou e desligou. Então, eu também
acho que Leila não faria nada disso sozinha, acho
que ela não tem motivos para isso, já Olivia...
— Eu nunca entendi direito a história dela.
— minha mãe aperta a mão da tia Isa.
— É uma história relativamente chata,
principalmente se contarmos a parte onde eu sou a
trouxa da história.
— Como assim?
— Vamos do início. Bem, eu não soube
dessa história por Marco, eu soube por Olívia, em
uma das suas provocações, ela falou sobre isso e
Marco confirmou toda a história. Olívia era a
melhor amiga de Milla, aquela vadia. Como Milla
visitava Nancy na casa de Fernando, ela levou a

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amiga junto. Ela conheceu Marco e eles tiveram um


caso. Aparentemente, Olívia não queria nada com
ele, mas Marco se apaixonou. Ela engravidou e não
quis o filho, então Marco pegou Leo e o criou
sozinho, ela foi embora. Depois de anos retornou.
Não sei sobre essa parte da história, Marco não
seria idiota de contar. Só sei que ela ligou contando
tudo isso e disse mais, falou que pegaria o que é
dela.
— Então pode ser Olívia?
— Sim, do jeito que ela falou pode ser, mas
não tem tanta lógica. Eu não acredito na história
que Kat foi parar no hospital por conta da bebida
alcóolica. E se fosse para me atacar, Olívia teria
feito isso antes, porém, quem era atacada era você e
Giulia.
— Teve a história da amante de Leonardo.
— lembro esse fato e relato o que aconteceu.

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— Pode ter mais pessoas nisso. — minha


mãe olha para nós duas. — Mas eu acho que está
bem na cara que Olívia faz parte disso, você já viu
essa mulher?
— Eu já vi. — elas olham para mim. — Ela
foi ao apartamento de Leonardo, bem no dia em
que ele viajou para encontrar as pistas do culpado.
— Então, eu acho que isso pode ser uma
confirmação que ela está metida nisso.
— Eu sei onde posso encontra-la. — olho
para tia Isa.
— Como? — pergunto.
— Venham comigo.

(...)

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Entro na casa da família Vesentini. O


silêncio reina no ambiente. Antes tínhamos
Katherine escutando suas músicas esquisitas no
último volume, Isabella gritando que não quer uma
filha esquisita, Marco resmungando dizendo que é
melhor ter uma filha esquisita do que vadia e
Leonardo apenas rindo e implicando com
Katherine. Mas, ao que tudo indica, essa casa não
tem mais isso há muito tempo. Reparo mais e vejo
que não tem nem uma foto de Marco aqui, nem
uma.
Subo as escadas, indo a um quarto. O quarto
de hóspedes.
— Tem alguém aqui? — minha mãe
pergunta, observando as roupas em cima da cama.
— Marco, ele dorme aqui e acho que ainda
não conheceu o closet. — tia Isa olha para as

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roupas com nojo.


— Há quanto tempo vive assim?
— Sara, eu não gosto de levar meus
problemas para as pessoas.
— Mas não seria mais fácil se separar?
— Não, não seria. — levanta a mão. —
Sara, por favor, não insista.
Isabella anda até a cama e se ajoelha, logo
após ela aparece com um notebook em mãos.
— Eu... Bem, eu posso ter contratado uma
pessoa para descobrir senhas. — dá de ombros. —
Não precisei usa-las porque a verdade me ligou.
Mas aqui deve ter mensagens trocadas ou algo
assim.
Tia Isa mexe no notebook e entrega a minha
mãe.
— Eu não preciso ler essas mensagens, não
mais. — Isabella vai até a janela e fica lá, parada.
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Ando em sua direção, mas minha mãe me


impede, dizendo que é melhor não insistir na
conversa.
Depois de alguns minutos, minha mãe avisa
que encontrou algo muito importante.
— Aqui tem os gastos do hotel. Bem, eu
acho que... — minha mãe olha para Isabella.
— Não tem motivos para que Marco receba
os gastos do hotel, só se ele estiver pagando a
estadia de alguém. Ou melhor, ele está deixando
uma pessoa se hospedar no hotel dele. — Isabella ri
e balança a cabeça. — No nosso hotel, já que sou
casada com ele.
— Não tem o nome da pessoa.
— Mas sabemos que é Olívia. Então, vamos
até lá para descobrirmos o que essa vadia quer.
— Isa, se não quiser...
— Ela já tem Marco, isso eu até posso
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aceitar, mas ela quer meu filho. Eu sempre estive


ao lado de Leonardo, não vou perdê-lo tão fácil
assim.
— Você já aceitou perder Marco?
— Sara, nós nunca pertencemos um ao
outro.

(...)

A moça que está na recepção libera a nossa


entrada após Isabella avisar que estamos aqui para
dar uma ''olhada'' no local. Acho que a moça pode
ter ficado um pouco cética quanto a isso, afinal, o
dia ainda está nascendo e já estamos fiscalizando.
Mas, obviamente, ela não barrou a nossa entrada.

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No elevador, minha mãe olha para Isabella


com um ar de pena, mas ela apenas balança a
cabeça, não querendo qualquer tipo de contato e
nem conversa.
Saímos do elevador. Caminhamos a passos
largos até o quarto. O quarto no qual Marco recebe
todos os gastos por e-mail.
— Isabella...
Isabella bate na porta, ignorando minha
mãe. Ela bate inúmeras vezes na porta, acho até que
pode quebra-la. Mas, é nesse momento que a porta
se abre. Meu coração para de bater por longos
instantes e meus olhos enchem de lágrimas.
— O que faz aqui?
Isabella empurra Marco para fora do
caminho e entra no quarto. Entro logo atrás. Ver o
tio Marco aqui já é muito, isso se torna pior quando
vejo Olívia nua na cama, com um sorriso vitorioso

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enquanto toma uma garrafa de champanhe.


— Olá, queridas. — Olívia sorri mais
amplamente para mim. — Olá, filho.
Olho para trás e dou de cara com Leonardo,
ele está junto de Daniel e Gabriel.
— Pai, o que... — Leonardo olha para o pai,
vejo nojo em seu olhar. — Marco...
Marco não diz nada, ele apenas olha para
Isabella, que está encarando as suas mãos. O dedo
onde está o seu anel... Nesse momento, tia Isabella
retira a aliança e joga em Olívia com força, batendo
em sua testa e ela geme de dor.
Isabella sai do quarto, sem dizer uma
palavra. Ando na direção da saída, já que todos os
outros já saíram do quarto. Ando na direção de
Marco, com uma pergunta entalada na minha
garganta.
— Meu pai, onde ele está?

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Marco me encara, não vejo nada em seu


olhar.
— Pergunte a ele, não a mim.
— São anos casado com aquela vadia, ele
deve ter encontrado algo melhor.
Olho para Olívia, que voltou a beber seu
champanhe.
— Você está falando da minha mãe?
— Tem outra vadia casada com Fernando?
Aquela pequena vadia. Acha mesmo que Fernando
aguentaria para a vida toda? Enquanto a idiota está
cuidando dos filhos, Fernando está com outras. A
vadia não é tão boa a ponto...
Ok, xingue a mim. Me chame de qualquer
coisa, mas não a minha mãe!
Quando faço menção de ir para cima dela,
minha mãe aparece no quarto novamente.
— Acha mesmo que vai inventar mentiras
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sobre Fernando? Meu marido não é como Marco.


— Isabella também pensava que Marco a
amava, e olha só. — Olívia aponta para si mesma.
— Eu que estava com Marco durante a noite toda, e
onde está o seu marido?
— Ele eu nem me importo, mas você. —
minha mãe sorri. — Você estará debaixo da terra
em um terreno abandonado.
Minha mãe corre na direção de Olívia e
agarra os seus cabelos. Olívia levanta a garrafa de
champanhe. Corro na direção das duas para impedir
que Olívia machuque a minha mãe. A garrafa bate
em minha mão, causando uma dor pulsante, mas
não me importo. Tento retirar a garrafa da sua mão
e rezo para que isso não cause um terrível acidente.
A garrafa quebra, enquanto eu tento retira-la
e acaba cortando a minha mão. Sinto duas mãos
segurando a minha cintura, mas não faço ideia de

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quem seja. Me debato para sair do aperto, enquanto


minha mãe e Olívia continuam distribuindo
agressões verbais e físicas.
Sou retirada de cima das duas.
— Sara!
Começo a escutar Isabella gritando minha
mãe. Quando paro e presto atenção na cena, vejo
minha tia jogando um grande vaso na cabeça de
Olívia, enquanto minha mãe é segurada por Daniel
e Gabriel.
Marco corre na direção da mulher. Olho
para o quarto, que agora — além de ter meu
marido, minha mãe, tia Isa e meus irmãos — tem
mais algumas outras pessoas estranhas.
— Precisamos chamar o hospital! — uma
pessoa grita, enquanto está com o celular.
Olho para Olívia novamente, sua cabeça
está ensanguentada e ela está desacordada.

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Oh, merda! Isabella pode ter matado uma


pessoa e existem testemunhas...
Oh Deus, eu e minha mãe seremos
cumplices do crime!

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Bônus 5
Isabella

As pessoas gritam ao meu redor. Os


policiais pedem silêncio, mas não adianta.
A ambulância havia chegado e os policiais
também. Algum morador filho da mãe chamou os
policiais, e ainda tiveram a coragem de falar quem
foram os culpados.
E agora estamos na delegacia, o policial
quer nos escutar. Mas escutar o quê? Que eu queria
matar a amante do meu ex-marido? Que eu também
quero mata-lo lentamente?
— Levem para dentro!
O xerife grita. Para falar a verdade, eu nem
me importo com isso.
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Levanto da cadeira e um policial segura o


meu braço.
— Frank! — Marco grita. — Qual é? É
minha esposa, minha nora e a mulher de Fernando
Bertollini. Sério que elas serão presas?
— Oh, querido. — digo com ironia. — Não
se preocupe, comigo presa, será mais fácil para
você ficar com a amante.
— Isabella! — Marco grita.
— Policial, me leve para a cela. — peço e o
homem me olha com espanto.
— Desculpe, mas a senhorita prestou
queixa. — o xerife olha para Marco, como quem
pedisse desculpas. — Ela precisa retirar a queixa
ou...
— Olívia usa drogas...
— Vesentini, têm testemunhas, eu não
posso... — ele suspira. — Você sabe como são as
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leis daqui. Pode pagar a fiança, mas elas ainda terão


que passar algumas horas aqui. — dá de ombros. —
E tem...
— Entendi! — Marco grita. — Só me deixe
falar com a minha mulher.
— Ex-mulher! — grito.
— Certo então. Deixarei vocês a sós...
— Marco. — Leonardo segura o braço do
pai — Deixe a minha mãe...
— Marco? — ele olha para o filho com
raiva.
— Você me ensinou a ser leal e a não trair,
mas vejo que é um hipócrita que faz a minha mãe
sofrer. Deixe-a ir.
— Saia, Leonardo!
— Marco!
— Saia! — ele grita.
— Leonardo, pode ir. — falo calmamente.
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— Ficarei bem, não se preocupe.


Leonardo olha para mim e para Marco, logo
após sai da sala junto com todos os outros.
— Olha só, Marco consegue tirar o próprio
xerife da sua sala. — sento na cadeira. — Fale para
ele que quero a melhor cela.
— Isabella, por que foi àquele hotel?
Olho para a cara cínica do homem que já
chamei de marido. Ok, demorou anos para que eu o
chamasse assim, mas éramos casados de qualquer
maneira.
— Uma hora precisamos acordar para a
vida.
Quando estou sozinha, eu choro de raiva.
Quando estou com Marco, eu apenas sou tão
ríspida quanto ele.
— Estava com ciúme de mim. — ele sorri.
Sério que ele está sorrindo?
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— Eu não tenho ciúme de você. Marco,


você sabe que nunca te amei. — aproximo-me dele.
— Eu nunca te amei, assim como você nunca me
amou.
— Então porque fez aquela merda com
Olívia?
— Porque eu estou apenas me preparando
para quando eu fizer com você.
— Você me ama, qual o problema de
admitir isso?
— E você? Você me ama?
Passei anos odiando Marco e só depois
aquilo se transformou em amor, porém, logo após,
tudo se transformou em ódio novamente. Claro que
só nós dois sabemos essa versão dos fatos.
— Não posso amar alguém que ama outro.
— ele aperta o meu rosto. — Outro que está casado
com a sua ex-colega de trabalho. — beija o meu

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rosto. — Conviva com essa verdade, Isabella.


Adam está com outra e você está presa. Presa a
mim.
— Maldita a hora em que eu abandonei
Adam para ficar com você. Mas, talvez, não esteja
tão tarde para um recomeço.
— Depois de dezesseis anos de casados? —
ele sorri. — Fique quieta no seu canto e pare de
fazer merda. Afinal, você não me ama.
— Por que age como se eu fosse à culpada
por tudo? Foi você quem traiu.
— Não, Isabella. Enquanto eu estava
tentando salvar a sua vida, você estava com outro.
Fecho os olhos, eu me arrependo
amargamente daquele dia. Eu não fui à culpada por
Adam ter me beijado, mas eu fui à culpada por ter
jogado coisas absurdas na cara de Marco.
— Você sabe que não sou como você.

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— Não, Isabella. Somos iguais, até na hora


de fazer coisas absurdas para enganar o outro.
— Mas eu menti...
— Cuide-se. — ele beija os meus lábios. —
Isabella.
— Você me traiu? — grito. Ele para de
andar e olha para mim.
— Quer a verdade ou a mentira? Vou optar
pelo mais fácil. Eu te traí.
Marco sai da sala sem olhar para trás.
Estou tendo um déjà vu, onde eu era a
pessoa que enganava Marco... Enganava Marco
para que ele não se aproximasse de mim...

Karen

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Olho para os lados. Estou muito


envergonhada de estar em uma sala com tantos
homens.
— Tia, o que estamos fazendo aqui? Quero
ir para casa. — Felipe encosta a cabeça em meu
colo e eu o abraço.
— Esperando Jasmine chegar. — respondo.
— Estou me sentindo estranha com tanto
homem ao meu redor. — Katherine sussurra. —
Jasmine vai demorar muito?
Meus pais sumiram. Os pais de Kat
também. Giulia, Leo, Daniel e Gabriel... Todos
sumidos.
Viemos à casa de Jasmine, já que ela é uma
das poucas pessoas que conhecemos. Mas, no
entanto, ela saiu e não sabemos onde ela está.
— Quero ir ao banheiro. — Felipe avisa.
— Ok. — concordo e levanto do sofá.
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Todos os homens olham para mim. — Ele precisar


ir ao banheiro.
— Podem ir.
Em um pulo, Katherine está ao meu lado.
— Eu também vou. — aperta a minha mão.
Subimos as escadas em direção ao banheiro.
— Jamais ficaria sozinha com tanta gente
estranha. — Katherine sussurra. — Ok, eles podem
ser aliados dos nossos pais, mas eles estão armados
e nos vigiando.
— Regras de Tyler. — dou de ombros. — E
Jasmine jamais permitiria que algo acontecesse
conosco, principalmente com o afilhado dela aqui.
Caminhamos até o banheiro, mas quando
abro a porta... Oh Deus!
— Olá. — o cara se apoia na porta. Ele está
usando apenas cueca. — Que boa recepção eu
ganhei.
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— Desculpe. — peço. — Estava à procura


do banheiro...
— Procurou o banheiro e veio para o meu
quarto? Pelo menos me encontrou. Se quiser
podemos... — ele aperta... Oh cara!
— Alex! Que merda está fazendo?
Olho para a voz que disse isso. E, cara! Eu
me sinto como minhas colegas idiotas da escola.
Ele é apenas o cara mais lindo que eu poderia
encontrar.
Ele olha para mim e sorri. O seu sorriso
mostra covinhas nas bochechas. Ele é fofo, assim
como o seu sorriso. Mas o seu semblante muda
quando olha para o outro cara... Alex?
— Elas devem ser crianças.
— Allan, olhe bem para elas. Você não viu
o olhar que elas tinham dirigido para mim.
— Tia! — Felipe puxa a minha mão. —
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Preciso ir ao banheiro.
— Eu poderia fazer coisas...
— Desculpem pelo meu irmão. — empurra
Alex para trás, tomando a frente da porta. — Eu
sou o Allan. — ele sorri.
— Anda, Karen! — Katherine puxa o meu
braço. — Precisamos ir.
— Karen, bonito nome. Ficaria mais
bonito...
— Alex, sem piadas!
Katherine puxa o meu braço, me arrastando
para o andar de baixo.
— Prazer em conhecê-la, Karen.
Olho para trás, para ver Allan sorrindo para
mim. No entanto, preciso voltar a minha atenção
para frente, já que estou descendo as escadas.
— Diga para Jasmine que voltaremos em
outra hora. — Katherine grita e Felipe insiste em
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querer ir ao banheiro.
Eu só consigo pensar em Allan... Allan.
Meu Deus, ele é tão lindo, e a maneira como ele
sorriu para mim? Não posso pensar nisso, ainda
farei quinze anos, e ele deve ter quantos? Vinte e
cinco?
Isso é errado em todos os sentidos.
Vou caminhando sem prestar atenção em
nada. Apenas penso em Allan. Minha primeira
paixão adolescente? Minhas colegas sempre
falaram sobre isso.
— Vamos ter que descobrir algo sobre
todos que estão sumidos. — volto à realidade.
— Acho que nem deveríamos ter despistado
os seguranças.
Eu e Katherine achamos genial o plano de
despistar os seguranças. Uma tentativa patética de
chamar a atenção dos nossos pais, mas acho que

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não conseguimos nada.


— Quem devem ser aqueles caras?
— Que caras? — Katherine para de andar e
me encara. — Karen Bertollini, não me diga que
está tendo sua primeira paixão.
— Não! — reviro os olhos.
— Karen está apaixonada! Karen está
apaixonada! — Felipe começa a bater palma. — E
eu quero ir ao banheiro.
— Que bela mudança de assunto. — Kat
sorri para Felipe. — Vamos encontrar algum
banheiro para você.
Estamos no centro da cidade, prestes a
atravessar a rua para ir ao shopping, quando um
carro para a nossa frente.
Os vidros descem e sorrio ao constatar que
não é nenhum estranho.
— Ei, meninos. O que fazem aqui?
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— Viemos ver Jasmine. — respondo. —


Mas ela não está em casa.
— Sim, eu acabei de saber sobre isso. Um
dos "capangas" de Tyler me avisou. Querem uma
carona?
— Eu quero ir ao banheiro! — Felipe
resmunga.
— Sim, querido. Eu vou parar em algum
lugar para que você possa ir ao banheiro. Agora,
entrem.
Entramos no carro. Nós três sentamos atrás.
— Onde estão seus pais? Eles deixam vocês
saírem sozinhos?
— Não. Isso foi uma tentativa falha de
chamar a atenção deles. — Kat dá de ombros. —
Acho que eles nem ao menos chegaram em casa.
— E vocês já estão indo para casa?
Kat sorri.
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— Ah, somos mal educadas. — lembro os


bons modos. — Obrigada pela carona, Leila.

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Capítulo 21
Giulia

Sento na coisa fria de cimento que os


policiais chamaram de cama. Ali perto tem
colchões, mas, entre deitar no cimento ou em
colchões que estavam om outras pessoas, eu prefiro
o gelo do cimento.
Minha mãe está em pé, andando de um lado
ara o outro. Eu estou apenas olhando para o teto,
tentando ignorar o olhar das outras pessoas que
estão na cela à frente. Nessa aqui só tem eu, minha
mãe e Isabella.
Tia Isabella já mostrou que ela não está
nada bem, claro que não estaria. Uma outra mulher
— que também está presa, detida ou sei lá o quê —

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fez uma piada sobre a minha tia estar bem vestida e


estar presa. Minha tia Isabella apenas deu um chute
na grade da cela da mulher e a xingou. O mais legal
foi ver os policiais não fazendo nada com minha
tia.
— Eu nunca imaginei ser presa. — minha
mãe murmura, sentando no chão, mas depois
levanta rapidamente. — Eu não gosto de estar aqui.
Quero ir para casa.
— Só amanhã, aparentemente, as leis daqui
dizem que mesmo com a fiança paga, devemos
ficar algumas horas. — olho para a minha mãe, que
joga a cabeça para trás com cansaço. — Pelo
menos Olívia está viva.
— Eu não me importaria de pegar a
perpétua. — tia Isa diz, com um sorriso. — Mas eu
teria que levar Marco junto comigo. Não falo leva-
lo para a cadeia, e sim leva-lo para o mesmo lugar

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de Olívia.
— Isabella, você pode estar sendo ouvida.
— Sara, eu não me importo com isso.
— O que Marco queria? Ele pediu
desculpas? Se defendeu?
— Não, Marco apenas disse que sairíamos
daqui. Agora, vamos mudar de assunto.
— Por que você não parece incomodada
com isso?
Minha tia Isabella olha para a minha mãe,
que a encara com ceticismo.
Eu a vi desesperada quando foi a minha
casa e falou sobre o aparecimento da mãe de
sangue de Leonardo, Kat já mencionou a crise que
existe entre os seus pais e na sua casa. Agora, do
nada, Isabella diz que não se importa? Na verdade,
ela parece não estar ligando para isso.
— Bem, eu posso retirar umas coisas de
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casa e vender. — tia Isa sorri. — Pelo menos não


vou sair pobre dessa história. — joga o cabelo para
trás. — Agora, vamos falar sobre Fernando. Onde
está o senhor Bertollini?
— Fernando Bertollini te colocou na
cadeia?
A mulher da cela da frente, pergunta. Ela
parece muito interessada no assunto. Um dos seus
braços está entre as grades, sua cabeça inclinada
para trás e o seu outro braço, está apoiado no
ombro de outra mulher, que é muito mais baixa que
ela.
A mulher que perguntou parece ser mais
nova que a outra, mas elas têm o mesmo estilo.
Diria que elas se parecem com prostitutas de beira
de estrada. Com os seus tops apertados,
espremendo os seus seios; a barriga aparecendo e
seus shorts curtos. Shorts? Isso parece mais uma

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calcinha jeans. Seus cabelos são curtos e coloridos.


Elas têm um sorriso presunçoso.
— O que tem a ver com Fernando
Bertollini? — minha mãe vai até a grade.
— Podemos ter mais informações. — a
mulher mais baixa sorri mais amplamente. — São
inimigas dele?
— Isso não interessa. — é a vez da minha
tia falar.
— Bem, eu poderia ser legal com vocês e
dar informações.
— Vocês parecem com vadias de beira de
estrada. — minha tia Isa sorri. — Qual o preço de
vocês?
— Advogado, fiança... — dá de ombros. —
Sabe, precisamos de ajuda.
— Então são vadias de beira de estrada? —
minha mãe olha para elas com nojo.
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— De bares, cassinos e não da estrada. —


elas continuam sorrindo. — Mas tem coisinhas que
não fazemos, uma delas é mexer com certas
pessoas.
— Vocês deveriam mexer com Fernando
Bertollini? — minha mãe pergunta.
As duas sorriem e andam para trás, deitando
na ''cama'' e ignorando as perguntas da minha mãe e
da minha tia.
— O que elas estão falando? — minha mãe
olha para trás.
— Eu entendi como se elas precisassem
fazer algo contra o meu pai, mas elas não fizeram
por saberem quem ele é. — falo e olho para a cela a
frente, onde elas estão deitadas e conversam com as
outras presas. — Elas afirmaram ser prostitutas de
bares e cassinos, mas elas não nos conhecem. Então
eu acho que ela não tem relação com os negócios

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do meu pai.
— Alguém pode ter pagado algo para elas.
Olívia. Ela parece ser uma prostituta e ela pode ter
pagado essas garotas para fazer algo com Fernando.
Sara, pense bem. Marco foi pego com Olívia, mas
Fernando sumiu. Olívia pode estar fazendo de tudo
para nos separar dos nossos maridos.
— Amanhã eu falarei com Fernando. —
minha mãe diz. — Isso se ele aparecer aqui.

(...)

Finalmente somos liberadas da cela.


Alongamos o nosso corpo, já que dormir em cima
de uma ''caixa'' de cimento não é nada bom para a

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coluna.
Estamos saindo da nossa cela quando as
duas presas do dia anterior, correm até a grade de
suas celas.
— Ei. — a mais alta chama. — Não vai
querer saber sobre Fernando Bertollini?
— Não. — minha mãe responde.
O policial dá um leve empurrão em minha
mãe, para que ela ande mais rápido e pare de
conversar. Com certeza ele é outro que é pago pelo
meu pai, por isso ele está sendo ''gentil'' conosco.
Andamos até a saída e encontramos os
carros parados. A frente deles estão os meus
irmãos, Leonardo, Marco e meu pai.
Leonardo corre em minha direção e me
abraça, o abraço de volta.
— Foi muito ruim aí dentro? — ele
pergunta, enquanto dá um beijo em minha testa.
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— Se pensarmos que não tomei banho, me


ofereceram comida e era uma porcaria, não escovei
os dentes e dormi em cima de um cimento. —
sorrio. — Não foi tão ruim.
— Vocês também foram loucas, quase
mataram Olívia.
— Não deixe que Isabella te escute dizendo
isso. — empurro o seu ombro. — Ela não gostará
de saber que se preocupa com Olívia.
— Eu não me preocupo. — leva as mãos ao
ar. — Mas se quisessem matar uma pessoa,
matassem sem haver testemunhas.
Reviro os olhos e ele ri.
— Por falar em morte. — Gabriel fica ao
meu lado. — Acho que podemos presenciar a morte
de Marco e Fernando.
— Credo, Gabriel! — bato em sua cabeça.
Olho para frente, onde minha mãe está
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conversando com meu pai... Conversando? Minha


mãe parece que vai matar o meu pai, mas, por fim,
ele a abraça e minha mãe retribui. Mas com tia
Isabella nada disso acontece, ela apenas evita
Marco, que tem um sorriso... Que tipo de sorriso
seria esse? Orgulhoso? Vitorioso? Amoroso?
— Marco é estranho. — Leo diz. — Ele
está sorrindo para a minha mãe depois da merda
que ele fez?
— Vai ver ele é idiota como o filho. — isso
partiu de Daniel, que está atento em seu celular.
— Eu não traio pessoas. — Leo rebate, mas
vejo o seu olhar furioso dirigido ao meu irmão.
— Que seja. — Daniel dá de ombros.
— Vai mesmo continuar chamando Marco
assim? — pergunto e Leo olha para o seu pai.
— Ele traiu a minha mãe. Não gosto de
traidores, principalmente traidores da família.

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Quero falar sobre o contrato de casamento,


mas opto por deixar pra lá. Claro que falarei sobre
isso, mas, nesse momento, já tem muitos dramas
acontecendo.
— Não vamos falar de traições. — Gabriel
sorri para mim. Sorri de um modo que eu conheço.
Meu irmão mais novo pode ser um imbecil em
diversos momentos. — No momento, devemos
falar sobre higiene. Giulia, você está fedendo.
Leonardo dá um soco no estômago de
Gabriel, mas meu irmão ri, enquanto se inclina por
conta da dor.
— Não fale merda para a minha mulher.
— Se o marido não diz, o irmão mais novo
tem que dizer. — ele continua rindo.
— Gabriel, experimente ficar em uma cela
sem ventilação, aí você poderá falar algo. —
levanto o meu braço e cheiro a minha axila. —

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Idiota! — dou um tapa em sua cabeça. — Eu não


estou fedendo.
— Esses desodorantes vinte e quatro horas
devem servir para isso.
— Deve ser por isso que Gabriel tem
inúmeros problemas. — Daniel levanta o seu olhar,
deixando o celular de lado. — Todos batem em sua
cabeça.
— Vou começar a chutar certas coisas dele.
— digo.
— Paramos a brincadeira por aqui. — ele
fica sério. — Daniel, o que faz no celular?
— Oh! — tia Isabella finge surpresa. —
Encontramos um ponto fraco de Gabriel. Agora é
só ameaçarmos dessa maneira que ele vai calar a
boca.
— Tia, você sabe. Se chutarem nesse local,
você poderá ficar sem netos.

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— Não coloque minha irmã nessa história.


— Encontrei outro ponto fraco de
Leonardo.
Da maneira como Leonardo olha para o
meu irmão, eu já sei qual é o outro ponto fraco
dele. A verdade sobre o contrato de casamento.
— E então, Daniel. — chamo o meu irmão,
que voltou a atenção para o seu celular. — O que
tanto faz no celular? Você nunca foi disso.
— Jasmine, ela não te ligou? — nego,
balançando a cabeça. — Dois filhos de Tyler
apareceram. Ao que tudo indica, ele sumiu por
conta disso. A mãe de Jasmine não está reagindo
bem a essa notícia.
— Tyler traiu Sara? — não é possível que
todos esses homens traiam as suas mulheres. Eles
sempre parecem amáveis com a família.
— Não. — Daniel responde rapidamente.

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— Eles são mais velhos que Jasmine, mas não deve


ser fácil ver seu marido sumir e depois aparecer
com dois filhos. Por falar nisso, tenho que ir vê-la.
Jasmine precisa de mim.
Despedimo-nos de Daniel e andamos até o
carro, para irmos para casa.
Tia Isabella vem conosco e Marco vai em
seu carro sozinho. Gabriel também está no carro de
Leonardo.
— Então, já que tudo acabou bem...
— Não, eu tenho uma ficha na polícia
agora.
— Bem-vinda ao time. — Leo sorri para
mim. — Precisamos falar de Leila.
Nós dois contamos o que sabemos sobre ela
e eu fico estática ao saber sobre a verdadeira
''Antonieta''. Ela tem trinta e um anos, mas não tem
a aparência de uma pessoa velha. Essa informação

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explica muita coisa, principalmente o nosso eterno


questionamento de ''como uma garota armaria
contra a Nostra Ancoma?''. O homem que Leonardo
matou, é parente dela.
Continuamos achando que a culpada é
Olívia, mas, infelizmente, ela já saiu do hospital e
está em algum lugar por aí.
Saio do carro, para pegar Felipe na casa da
minha mãe. Leonardo e Gabriel não entram, já que
estão fora da Nostra Ancoma. Isabella fica dentro
do carro e liga para Katherine, para conversar com
ela do lado de fora.
Entro em casa e encontro meu pai falando
com um segurança. Ignoro a conversa e corro para
cima, para chamar Felipe. Mas, ao invés de
encontra-lo, eu vejo minha mãe chorando.
Meu coração aperta com isso. Na casa só
tem os gritos do meu pai, nada mais. Nenhum som

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de Felipe, Karen e Katherine.


— Mãe... — não consigo completar a frase,
eu choro junto com ela.
— Eles sumiram. — ela diz entre lágrimas.
— Eles não estão em casa.

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Capítulo 22
Giulia

Meu peito parece que vai explodir com


tanta dor que sinto. Meu filho, minha irmã e minha
cunhada sumiram. Katherine sempre some, mas
agora é diferente. Eles sumiram quando temos
inimigos por aí. Inimigos que, realmente, estão
atrás dos filhos de Fernando Bertollini e Marco
Vesentini.
O telefone de Katherine e de Karen não são
atendidos. Meu pai já falou com os seguranças e
eles disseram que não viram ninguém saindo do
condomínio. Aparentemente, Katherine conhece
alguma passagem secreta, por isso ela sempre some
sem que ninguém saiba.

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Estou sentada no sofá, consolando minha


mãe e ela tenta fazer o mesmo comigo, mas não dá
certo, somos duas pessoas chorando pelo sumiço
dos filhos. Isabella está falando com Marco; meu
pai, Leo e Gabriel estão juntos, tentando encontrar
alguma resposta para isso.
Ninguém fala uma palavra, mas sabemos
que Leila está por trás disso. Leila e Olívia. Por
isso estamos tão desesperadas.
Mas, então, é nesse momento que a porta
abre e vemos Karen, Katherine e Felipe entrando.
Todos parecem exaustos.
Corro na direção deles e toco, para ver se
são eles mesmos. Quando percebo que são eles,
abraço todos apertado.
— Ei! Eles notaram que sumimos. — Karen
diz, enquanto minha mãe a aperta.
— Pelo menos a sua irmã e mãe notaram.

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— Katherine sussurra.
— Mãe, eu vi um monte de bichos. —
Felipe diz com animação, enquanto eu o aperto em
meus braços. — Uma zebra, cavalos...
Olho para o meu filho e beijo todo o seu
rosto, ele ri com a minha reação e continua falando
dos bichos que viu.
Segundos depois, todos estão na sala.
Abraçando seus filhos e suas irmãs.
— Ei, garotão. — Leonardo abraça Felipe.
— Você não pode andar com essas duas doidas.
— Mas eu gosto delas.
— Alguém na família tinha que gostar. —
Karen diz, com a voz carregada de acusação.
— Karen, você só vai sair de casa quando
estiver casada, fora isso, sem saídas.
— Pai...
— Sem saídas! — ele grita.
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— Não me importo, eu não saio mesmo. —


ela dá de ombros, com muita petulância.
— Karen!
— Katherine, porque saiu? — tia Isabella
pergunta.
— Por que eu saí? Por que todos vocês
sumiram? Não tinha ninguém em casa e ninguém
atendia as nossas chamadas. Ninguém se importa
conosco, somos sempre colocados de lado enquanto
vocês estão fora, em restaurantes, cassinos e afins.
— Não estávamos nisso, Katherine.
— Marco, realmente, você estava em outro
lugar. — Isabella rosna. — Estávamos resolvendo
coisas importantes e vocês sumiram. Tem noção do
quanto estávamos preocupados? Te ligamos e nem
isso vocês atenderam? Querem pagar na mesma
moeda?
— Não, não atendemos porque o nosso

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celular ficou com Leila. Ela não avisou sobre isso?


— Leila? — olho para Katherine. — O que
ela tem a ver com isso?
Katherine começa a contar toda a história.
Começando pela parte onde ela foi ver Jasmine e
não a encontrou em casa. Na saída, ou melhor, no
centro da cidade, Leila encontrou todos eles e
ofereceu carona.
— Felipe já estava irritando pedindo para ir
ao banheiro, por conta disso, Leila parou o carro no
parque, onde tem um banheiro publico. Ela ficou
nos esperando, mas acho que foi atender a alguma
ligação. O parque está lotado, está tendo exposições
de animais. Felipe estava louco para ver, por isso
ele saiu correndo até lá. Bem, ficamos vendo os
bichos por algum tempo e, quando voltamos para o
estacionamento, Leila e nem o carro estavam por
lá. E os nossos celulares não estão conosco, como

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estávamos com eles em mãos, acabamos deixando


no banco do carro. Pegamos um ônibus e andamos
o resto do caminho.
— E Leila não seguiu vocês? — pergunto.
— O ônibus veio por outro caminho e
paramos naquela rua onde tem a estação do trem
desativada. Quase nos perdemos no meio do
caminho, já que precisamos entrar em becos para
chegar até aqui. Acho que Leila não adivinharia
que estávamos fazendo esse caminho para chegar
em casa. — Karen encolhe os ombros. —
Gastamos o dinheiro com a comida no parque,
estávamos com fome e não pensamos em
transporte. Tínhamos algum trocado sobrando para
o ônibus, mas ele parou porque já tinha chegado ao
seu destino, não tinha táxi passando por aquela
região. Leila não ligou para avisar?
— Talvez tenha ficado com medo da reação

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dos nossos pais. — Kat supõe.


— Leila não é uma boa pessoa. — meu pai
diz. — Não quero que nenhum de vocês fiquem
perto dela, ok? Se virem essa garota na rua, tratem
de dar meia volta e nos ligue! Não, esqueça essa
parte, ninguém sairá de casa, estão de castigo.
— Você não é meu pai.
— Mas eu sou e o castigo vale para você
também. — Marco esbraveja.
— Mas, pai...
— Katherine, toda vez que você sai alguma
merda acontece!
— Gabriel, nós não fizemos nada.
— Olhe ao redor, Katherine. — Leonardo
grunhe. — Todos estão reunidos para procurar por
vocês.
— E o que Leila tem a ver com isso?
Levo Felipe para longe, ele não precisa
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escutar essa conversa de ''gente grande''.


— Mãe. — Felipe chama. — Eu posso ter
uma cobra?
Sorrio para o meu filho, enquanto acaricio o
seu cabelo loiro. Os seus olhos azuis me encaram
com o pedido de ''por favor, mãe''.
— Felipe, sem cobras.
— Mas, mãe. Tinha uma cobra branca,
desse tamanho aqui. — ele abre os braços,
mostrando o tamanho da cobra. — E uma verde,
outra preta. Eu quero uma cobra.
— Felipe, eu não terei uma coisa venenosa
na minha casa.
Ele faz beicinho e cruza os braços, mas ele
logo muda quando lembra de algo.
— Sabe quem está apaixonada? Karen!
— Ele está fofocando sobre mim? — minha
irmã entra no quarto e mostra a língua para o
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sobrinho.
— Por quem? Pensei que a princesinha
nunca fosse se apaixonar na adolescência.
— Você se apaixonou?
— Minha mãe ama o meu pai. — Felipe
cruza os braços.
Sorrio para ele. Ok, eu fiquei interessada em
alguns meninos, mas nada que algumas horas não
me fizessem esquecê-lo. Nessa fase da minha vida,
eu nunca tinha tido uma paixãozinha, nem mesmo
por Leonardo.
— Felipe, por favor, não fale isso na frente
do seu avô. — Karen pede.
— Eu quero sorvete.
— Esse menino é chantagista. — Karen
olha para mim.
— Não muito diferente de mim. Meu pai
comprava o meu silêncio por chocolate, sempre que
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ele ia fazer uma surpresa para minha mãe e eu


Daniel sabíamos, ele tinha que comprar algo para
calar a nossa boca.
Pensando em tudo o que meu pai fez por
minha mãe, eu chego à conclusão que é impossível
que ele tenha a traído.
— Allan. — Karen diz. — O irmão de
Jasmine.
— Já se conhecem?
— Eu fui a casa dela, mas ela não estava lá.
Conheci os dois irmãos dela, Allan e Alex. Alex é
idiota, mas Allan... Ele é diferente.
— Acho que Jasmine e Sara não estão
reagindo bem com essa notícia. — digo. — Sabe de
onde esses dois saíram?
— Não. — arregala os olhos. — Mas não se
preocupe, não vai à frente. Ele é bem mais velho
que eu. Esquece isso. Vocês dois, esqueçam isso.

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Karen dá um sorriso fraco e senta na cama.


— Eu não posso acreditar que Leila faria
aquilo. Fomos salvos pela insistência de Felipe em
querer ver aqueles animais.
— Eu quero uma cobra. — Felipe diz.
— Não vai ter cobra. Nem um cachorro. —
eu me traumatizei com a morte de Bella, minha
cachorrinha. Estávamos na rua e um idiota a
atropelou, eu chorei tanto que decidi não querer ter
mais animais.
— Ei, crianças. — Leonardo entra no
quarto. — Podem dar licença?
— Claro. Venha comigo, Felipe. Vamos
brincar um pouco.
— Meu vô te colocou de castigo, até
quando você se casar.
— Eu não poderei sair de casa, mas posso ir
ali no jardim, para brincarmos juntos.
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Felipe sorri e corre na frente, fazendo com


que Karen corra atrás dele.
— Eu quase morri quando soube do sumiço
de Felipe. — Leonardo segura a minha mão. —
Não suporto mais toda hora ficar nessa coisa de
perder quem amo.
— Não superou o meu coma?
— Superar? Agora estou mais irritado. Foi
Leila quem armou aquilo e quase te matou. Eu
nunca vou esquecer você ali, deitada naquela cama
de hospital e ligada a aparelhos. E o nosso filho na
incubadora.
— Não pense nisso.
— Eu adoraria esquecer, mas toda vez que
te vejo em perigo, eu lembro aquela cena. Da
minha dor em te perder. E agora eu senti
novamente, com o Felipe. Eu me odeio por tê-lo
rejeitado.

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— Ei. — coloco meu dedo em sua boca,


calando-o. — Foi coisa do momento, você estava
triste e logo se arrependeu.
Leo colocou a culpa da minha situação em
Felipe, foi algo de momento, da sua raiva. Ele meio
que colocou a culpa do meu coma na minha
gravidez, nas complicações causadas, mas não foi
isso e ele soube logo após. Mas, pelo menos, ele se
arrependeu disso.
— Eu sei, mas...
— Não se preocupe com isso. — sorrio.
— Eu te amo. — ele me dá um beijo
delicado, mas eu me afasto.
— Eu preciso de um banho, escova de
dente...
— Giulia, eu... Precisamos ter uma
conversa, mas isso será quando eu voltar.
— Vai sair novamente?
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— Uma reunião. — dá de ombros. —


Fernando me chamou, junto com Gabriel e Daniel,
temos informações e isso precisa ser
compartilhado.
— E Nicholas, Dean e Brittany?
— Bem, Dean e Brittany saíram antes
mesmo de entrarem no carro e Nicholas... Nicholas
não poderia ficar a vida toda nos ajudando.
Aparentemente, ele teve que voltar para casa, mas
ele nos ajudou muito falando sobre Leila.
— Sim, devemos muito a ele.
— Mas, não se preocupe. Quando a reunião
terminar, eu voltarei para conversarmos seriamente.
Será que é sobre o contrato de casamento?
Será que ele vai me contar a verdade? Eu adoraria
que ele fizesse isso, que me conte por conta
própria, para que eu não precise tocar nesse assunto
primeiro.

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Eu até entendo que ele não tenha me


contado por conta do seu medo de me perder, mas
já que eu estou aqui, ele precisa contar por conta
própria. Certo?
Leo levanta da cama e vai até a porta, mas
para antes mesmo de abri-la.
— Giulia, você me ama?
Ele parece ansioso pela minha resposta.
— Sim. — sorrio. — Eu te amo.
— Me ama mesmo?
— Sim, Leonardo. Eu te amo, ou eu nem
estaria mais aqui ao seu lado.
Ele sorri, como se tivesse aliviado com a
minha resposta. Fecha os olhos e diz:
— Eu também te amo. Amo tanto que...
Esquece, mais tarde conversaremos sobre isso.
Mais tarde... Mais tarde será o momento em
que ele me contará tudo? Eu espero que sim.
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Capítulo 23
Leonardo

Foi uma grande surpresa quando cheguei à


porta do condomínio e vi que Isabella, Sara e
Giulia estavam saindo apressadamente de casa. Eu,
Gabriel e Daniel seguimos, apenas para encontrar
meu pai traindo a minha mãe.
Meu pai sempre falou sobre lealdade,
principalmente por causa do meio em que vivemos.
Na construtora, temos que ser falsos com muitas
pessoas. Temos que sorrir, mesmo querendo mata-
los. Também temos que ver qual o melhor negócio,
muitas vezes ''traindo'' certos investidores, quando
estamos quase fechando negócio com um, voltamos
atrás e vamos para a melhor opção.

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Mas na Nostra Ancoma não. Não se deve


trair as pessoas que ali estão. Traição, muitas vezes,
pode ser cobrado com a morte, no entanto, eu
nunca soube sobre um caso desse.
Na família temos o mesmo código de
conduta. Não digo por outras famílias que estão
ligadas a Nostra Ancoma, digo por minha família e
a de Giulia. Meu pai me ensinou a não trair a
confiança de quem amamos, para que, agora, ele
esteja traindo a minha mãe com Olívia.
Eu sei que eles não estavam indo bem no
casamento, mas eles sempre pareceram felizes, pelo
menos, era isso que pensava quando via os dois
juntos.
Não conheço Olívia. Logo na primeira vez
que a vi, ela tinha que estar nua com o meu pai?
Na infância eu tive curiosidade sobre ela,
mas isso logo cessou quando entendi que ela não

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voltaria. Então conheci Isabella. Ela tem um jeito


peculiar para cuidar de uma família. É engraçado,
porque ela sempre é um tanto quanto louca em
relação às coisas. Só nisso eu via que ela
discordava do meu pai.
Isabella sempre foi a melhor mãe para mim.
Ela é tão maravilhosa que, entre ela e meu pai, eu
escolho ela. Pelo menos minha mãe nunca traiu a
confiança de alguém.
Na sala, Katherine discute com Gabriel. Eu
detesto pensar que ela gosta dele, ou ama... Sei lá,
Katherine tem umas ideias esquisitas na grande
maioria das vezes.
Apesar da pouca idade, Gabriel já aprontou
o bastante. Junte o gene de Fernando, Yankee,
Victor Bertollini e Sara — que descobri que é boa
em briga — o garoto, realmente, tinha que sair
encrenqueiro e briguento.

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No momento, eu tenho que concordar com


Gabriel, ele está certo em acusar Kat das burradas
que ela faz na vida. Fugir de casa sempre foi o
habito da pirralha, mas nunca foi algo
extraordinário, ela ia até a esquina e voltava
correndo quando via alguma pessoa suspeita e
ficava com medo. A sua saída mais dramática tem
relação com o seu ''envenenamento'' que foi
mascarado graças à bebida ''alcóolica''.
Deixo os dois ali, discutindo as merdas da
minha irmã, e vou até o escritório de Fernando
Bertollini.
Fernando me deu um prazo. Se eu não
contar a verdade sobre o contrato de casamento, ele
fará isso no meu lugar.
Estou disposto a ser verdadeiro com Giulia,
eu a amo mais que tudo e sempre a amei. Se depois
da verdade ela não quiser nada comigo... Não

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consigo pensar nessa possibilidade. Não sei o que


fazer sem ela em minha vida.
Encontro meu pai mexendo no celular. Ele
está distraído demais para notar a minha presença.
— Marcando um encontro com a sua vadia?
Ele olha para cima e tem um olhar de
poucos amigos.
— Não lembro de ter perdido o registro
onde diz que você é meu filho. Mais respeito
significa menos problemas para o seu lado.
— Eu não traí minha esposa.
— Mas a enganou e roubou o contrato de
casamento do seu melhor amigo. — arqueia a
sobrancelha. — Vai continuar me acusando?
— Você realmente traiu a minha mãe? —
volto ao assunto principal dessa conversa.
— Você viu, não é mesmo? Por que
continua perguntando?
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— O que vai fazer com Kat? Ela sempre foi


a sua favorita e sabemos que o mesmo acontece
com ela. Vai contar que traiu a mãe dela? Vai
continuar sorrindo presunçosamente quando falar
com ela?
Meu pai perde o sorriso. Ele ama Kat e sabe
que será difícil ter essa conversa com ela.
— Por que parou de sorrir? Sabe o que acho
estranho? Por que sorri quando falamos disso?
Parece que gosta de provocar. — aproximo-me
dele. — Você nunca foi disso, Marco.
— Você não me tirou do título de pai? Por
que se importa?
— Por que está sendo tão idiota?
— Porque é preciso ser idiota. É apenas
preciso.
Ele sai, sem me dar chance de continuar a
conversa.

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''É preciso ser idiota''? O que ele quer dizer


com isso?
Com essa questão em minha cabeça, entro
no escritório de Fernando Bertollini. Ele está
sentado enquanto digita rapidamente em seu
notebook, mas para quando me vê.
Ele aponta para a cadeira em frente a sua
mesa. Sento-me no local indicado e espero ele falar
algo.
Fernando Bertollini, além de meu sogro, é
meu padrinho. Ele é amigo do meu pai, o único
amigo, para falar a verdade. Acho que nenhum de
nós é bom com essa coisa de fazer amizade.
Eu nunca tive medo de Fernando. Era
engraçado, quando ele ia buscar Daniel no colégio
e me levava junto, todos os nossos colegas tremiam
de medo, até mesmo os professores temiam. Mas
eu não, eu sempre achei um máximo ser afilhado de

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alguém como Fernando Bertollini.


Claro que existem os boatos, mas ninguém
tem coragem de apontar e acusar Fernando de algo,
mas o cara já impõe medo apenas com o olhar.
E, pela primeira vez em minha vida, eu
estou com medo de Fernando Bertollini.
— E então? — pergunto, quando o silencio
já está me apavorando.
— Devo admitir, Sara está certa. —
Fernando dá um meio sorriso. — Você é como eu.
— Isso é bom?
Fernando inclina a cabeça para o lado, o
sorriso já sumiu do seu rosto.
— Estou brincando, é bom ser como o
senhor, padrinho.
— Lembrar que sou o seu padrinho não é
bom nesse momento, se é que pensou nisso.
— Sou o pai do seu neto, fica melhor
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assim?
— O que minha filha vê em você?
— Eu poderia listar o que tenho de bom.
Leonardo, você poderia calar a boca e
deixar de ser idiota?
— Voltando a falar sobre Sara. — ele fala
mais alto. — Ela estava certa. Eu a amo desde
sempre e fiz merdas para ela estar comigo.
— Eu sei dessa história.
— Como sabe disso?
— Somos iguais, esqueceu? — Fernando
me olha como quem quisesse me matar. — Ok. Eu
escutei uma conversa sua com Yankee.
— Então, já que sabe o que fiz, isso poupará
o meu tempo. Você fez uma grande merda para
manter Giulia ao seu lado, mas eu vejo que ela te
ama e você também a ama.
— Sim. Eu a amo mais que tudo na minha
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vida.
— Eu nunca duvidei disso. Eu te vi no
hospital naquele dia, sei que a ama, mas eu não vou
esquecer o seu roubo.
— Você está me desculpando?
— Vai contar a verdade para Giulia?
— Claro que sim. Hoje mesmo eu farei.
— Por que está tão determinado?
— Eu fiz merda? Fiz, mas foi por amor. Eu
sempre acreditei no amor de Giulia por mim, mas
ela estava chateada comigo naquela época. Eu fui
idiota e fiz aquilo, para que ela ficasse comigo e,
com a convivência, ela voltasse a me amar. Não foi
sobre fazer parte da família Bertolini, foi sobre
formar minha família com Giulia. Ela me ama, eu
preciso contar a verdade para ela.
— E se ela te recusar?
— Terei que conviver com isso... Não, a
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quem eu quero enganar? Eu não desistiria de


Giulia.
— Contanto que não vire um perseguidor.
— Fernando dá de ombros. — Eu te entendo.
— Posso fazer uma pergunta?
— Faça e eu decido se responderei.
— Você é como meu pai?
Fernando olha para o teto e depois para a
tela do seu notebook.
— Com o tempo, você saberá. — ele aponta
para a porta, não falando mais nada.
Ok, até que foi fácil e rápido a nossa
conversa.
Antes que eu saia, escuto a sua voz de
Fernando me chamando.
— Chame Marco, Gabriel e Daniel.
— Daniel não está aqui. — digo. — Acho
que foi ver Jasmine.
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— Alguma possibilidade dela estar com


Tyler?
Penso um pouco.
— Talvez, eu não sei.
— Tente ligar para Daniel e Jasmine. —
Fernando pega o telefone.
— O que está acontecendo? — ele pergunta
para quem quer que seja na ligação. — olha para
mim. Escuto uma voz desesperada no outro lado do
telefone. — A nossa salvação ou perdemos uma
resposta.
— Daniel e Jasmine...
— Prepare o carro e chame Franco. —
Fernando corta minhas palavras. — Precisamos
esconder as provas de um crime.

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Bônus 6
— Como assim você perdeu três crianças de
vista?
Eu sabia que jamais deveria ter colocado
Leila nessa história, mas foi à única coisa que tinha.
Falando a verdade, ela parecia perfeita para o
plano. Já vinha com documentos falsos e tudo.
— Aquela criança estava insistindo para ir
ao banheiro e já estava irritando a todos. Eu
poderia seguir em frente, mas Karen e Katherine
poderiam desconfiar da minha atitude.
— Por causa de uma criança de quatro anos,
eu perdi meus reféns...
— O celular delas está no carro, mas... Mas
tem senha.

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Respiro fundo, tentando controlar a minha


raiva nesse momento.
Ao que tudo indica, Leila estava no parque
e me ligou para falar sobre o andamento do
''sequestro''. Quando voltou, eles não estavam mais
lá. Ela disse que procurou e não os encontrou.
— Pelo menos eu tenho um plano B. —
digo. — Jasmine, ela está sozinha nesse momento.
— dou o endereço. — Vá até lá e faça algo que
cubra os seus erros.
— Mas Jasmine pode revidar e...
— Ela confia em você. Vá até lá e mate a
garota, simples assim. Se não fizer, eu farei, mas
será você a vítima.
— Ok. Estou indo até lá.
Termino a ligação e verifico tudo a minha
volta. Nem Hugo e nem Rachel estão por aqui.
Aproveito o momento e ligo para meu outro

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''aliado''.
— Mais alguma coisa?
— Allan, é assim que fala comigo?
— O que quer? Eu já dei informações sobre
onde Jasmine está, ficar me ligando a todo
momento não me ajudará a ficar nessa casa sem
que Tyler desconfie.
— Só liguei para avisar que...
A porta da frente abre e Hugo me encara.
— Depois eu te ligo. — termino a ligação.
— Mais segredos? — Hugo provoca.
É isso, acabarei com todos eles e ainda
terei tempo para acabar com Hugo.
— Onde estava? Aparentemente, você tem
mais segredos que eu. — provoco, tentando desviar
do assunto.
— Continue desviando o assunto, mas um
dia eu descobrirei e terei motivos para te expulsar
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daqui sem que Rachel sinta pena de você. Ou


melhor, eu poderei te matar sem que Rachel sinta a
sua falta.
Sorrio para ele.
Não me importo com suas ameaças e nem
com o seu jeito estranho de ser. Jasmine, daqui a
pouco, estará morta e, junto com ela, Daniel e Tyler
ficarão tristes e assim por diante.
Talvez o plano b não seja tão ruim quanto
pensei.

Jasmine

Daniel me abraça, depois que eu enchi os


seus ouvidos com minhas lamentações.
— Eles são ruins? — Daniel pergunta.

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— Não sei, nem ao menos conversamos.


Quer dizer, aqueles dois ficam provocando, me
chamando de irmã o tempo todo.
Saí de casa com minha mãe. Viemos para a
outra casa, longe de meu pai. Como Leila está por
aí, resolvemos vir para outro território comandado
pela M-Unit, pelo menos teremos proteção.
— Tyler traiu a sua mãe?
— Não. Allan e Alex são mais velhos que
eu e até mesmo do casamento dos meus pais. Mas a
minha mãe está irritada porque meu pai sumiu e do
nada voltou com dois filhos para dentro de casa.
— Vamos combinar que ela tem razão.
— Sim, ela tem razão. Por isso eu também
estou irritada com o meu pai. — suspiro. — Pronto,
já te enchi com meus problemas.
Minha mãe saiu para trabalhar e eu fiquei
sozinha. Fiz mais uma tentativa enviando

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mensagem para Daniel e ele me correspondeu.


Prontamente ele já estava na minha porta.
— Obrigada por me escutar.
— Minnie, eu sempre estarei aqui com
você, desculpe não ter aparecido antes. Acredita
que Leila...
— Giulia já te contou sobre ela?
— O que exatamente?
Nesse momento, contamos o que sabemos
sobre ela. Ok, estou chocada com a parte onde
escuto que Leila é muito mais velha que eu.
Nos aproximamos no colégio e eu acabei
gostando dela... Eu sou uma tola.
— O que faremos agora? — pergunto. —
Eu pedi para que um amigo do meu pai a seguisse,
mas ela foi perdida de vista.
Levanto do sofá, indo até a cozinha desligar
o fogo que está cozinhando o macarrão.
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Na cozinha tem uma enorme janela de


vidro, de onde eu vejo Leila saindo do carro.
— Daniel. — falo baixo, já que ele está
perto de mim. — Leila está aí fora.
— Ela pensa que vocês são amigas, certo?
— confirmo. — Então continue o seu teatro.
Estarei com ela em minha mira, depois você já sabe
o que acontecerá.
— Simples assim? — belo plano.
— Simples assim!
No segundo em que Leila olha para frente,
ela está caída no chão.
Dou um passo para trás, com o susto que
acabei de tomar, mas acabo colidindo com o corpo
de Daniel.
— Mas que...
Daniel não completa a sua frase, porque,
nesse exato momento, vemos o motivo da ''queda''
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de Leila. Meu pai está correndo na direção dela e


grita algo que não entendo, porque outros homens
estão ali. Meu pai para em cima de Leila e vejo o
momento em que a arma é mirada e meu pai atira...
Atira muitas vezes.
Não tem qualquer som da arma, apenas os
homens gritando.
Aqui não tem muitas casas ao redor, na
verdade, aqui é outro território do meu pai. Como
aqui é uma de suas casas, ela tem uma grande área
sem nada ao redor.
Daniel me move para o lado, longe daquela
cena.
Não estou surpresa, eu sempre soube sobre
o que meu pai faz. Ele até me ensinou sobre armas
e auto defesa. Ele me defendeu. Ele salvou a minha
vida.
O som de uma pessoa batendo na porta me

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assusta.
Meu pai abre a porta, mostrando o seu
sorriso e a arma.
— O que aconteceu? — pergunto, vendo
mais dois homens atrás dele.
— Pode me chamar do que quiser, mas não
diga que não te amo. Aquela garota que você
chamava de amiga estava aí fora, com a arma na
mão e, provavelmente, te mataria. Fui mais rápido
que ela e bem... Já pode imaginar o que aconteceu.
— meu pai sorri. — Eu salvei a sua vida, mas
Fernando pode estar irritado comigo.
— Do que está falando? — Daniel
pergunta.
Confesso, estou aliviada com a morte de
Leila. Juro que não esperei que acontecesse de uma
maneira tão rápida. Na verdade, ninguém aqui está
agindo como se lá fora estivesse acabado de

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acontecer um assassinato.
— Pense comigo, Daniel. Leila não está
trabalhando sozinha, mas eu matei a garota, então
ficamos sem respostas. Seu pai ficará irritado, mas
eu não pagaria para ver o que aquela garota faria
com a minha filha.
— Chegaram rápido até aqui. — falo.
— Acha mesmo que eu deixei você e sua
mãe sozinha? Estou a duas casas daqui e fui
avisado sobre Leila ter entrado. Fui rápido e
cheguei a tempo.
— Sabe de Leila desde sempre?
— Tem certas coisas que não devemos
falar. Agora, fique aí dentro que eu preciso
esconder o corpo e ver se tem alguma testemunha
do que aconteceu lá fora.
Com essas palavras, meu pai sai de casa
juntamente com os seus capangas.

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— Eu sou um alvo, não sou? Por isso meu


pai está envolvido nisso.
Se Leila se aproximou de mim desde o
início, isso quer dizer que sou um alvo. A Nostra
Ancoma e M-Unit tem um inimigo em comum. Um
inimigo que quer matar a família de cada um.
Daniel me abraça, guardando a sua arma.
— Provavelmente o alvo sou eu. Eles
sabem que te atingindo, eu também sairei
machucado. Ou melhor, eu saio mais machucado se
te ferirem do que se ferirem a mim.
— Do que está falando?
— Que eu te amo e estarei aqui para te
proteger.
Não é o tipo de amor que quero, mas, o que
posso fazer? Não posso mandar em seu coração,
pior, eu nem ao menos consigo mandar no meu.

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Capítulo 24
Leonardo

Saio do carro juntamente com Fernando e


Franco. Logo a frente da casa de Tyler, vejo Daniel
e Jasmine.
— Ei. — aproximo-me deles. — Como
estão?
Fernando ligou para Tyler. Não entendi
como Fernando conseguiu captar que Tyler tinha
matado Leila, melhor, Antonieta. Eles podem
trabalhar juntos e perguntei a ele se essa suposição
está correta, Fernando apenas disse ''Não,
Leonardo. Não trabalhamos juntos''. Mas que é
estranho, isso é.
— Estamos bem. — Daniel sorri.
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Jasmine sempre foi uma garota que


aprendeu tudo com Tyler, isso inclui ser forte e
entender tudo o que ocorre em sua gangue. E, tenho
certeza, ela também está aliviada sobre a morte de
Antonieta.
Vamos até o local que Daniel nos indica e
encontro Tyler e mais quatro homens. Esse local é
distante da casa e distante do bairro.
— E testemunhas? — Fernando pergunta.
— Já me certifiquei de não contarem nada.
— Tyler responde. — Alguns homens já estão
circulando, para espalhar os ''avisos''.
Ando para o canto e vejo o corpo de Leila
coberto. Tiro o lençol de cima e vejo Leila, ela está
ensanguentada e o rosto... Nem tem como dizer que
é Leila.
— Ela estava com uma arma. — Tyler
começa a falar. — Vi o momento exato que ela saiu

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do carro e colocou a mão nas costas, onde estava a


sua arma. Eu não poderia vacilar. Ela poderia entrar
na casa e matar a minha filha, sem que Jasmine
tivesse a chance de defesa.
— Eu entendo. — Fernando balança a
cabeça em concordância. — Eu faria o mesmo.
Agora o que nos resta é continuar investigando e
ver quem está por trás disso.
— Eu só tenho uma dúvida. — falo. —
Leila não sabia que essa é a sua área? Ela veio aqui
para matar Jasmine?
— Não sabemos o que está por trás disso.
Uma ameaça, talvez? Quem está por trás disso pode
ter ameaçado Leila de outra maneira.
— Nem a M-Unit e nem a Nostra Ancoma
tem problemas com a família de Antonieta
Baptista?
— Não, Leonardo. Não temos quaisquer

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problemas.
Olho para Fernando e Tyler. A família de
Leila é da Itália. A Nostra Ancoma também tem
negócios no país, mas se ambos dizem que não tem
problemas... Não sei se devo acreditar nisso.
— E Olívia? — questiono. — Ela,
obviamente, tem algo a ver com isso.
— Por que acha isso?
Fernando olha para mim, como se eu tivesse
falado alguma besteira.
Isso é sério? Fernando é inteligente e não
suspeita de Olívia?
— Porque ela apareceu do nada, tem cara de
quem quer dinheiro...
— Ela desapareceu. — Fernando me
interrompe. — Estava no hospital e agora não mais.
Então, se ela for suspeita, a encontraremos.
Fernando está calmo... Muito calmo.
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— Então. — olho para trás, para ver Franco


entrando. — Onde está o corpo?
Franco é o homem que sempre chamamos
para esconder os crimes. Ele é o único que não se
incomoda muito de enterrar ou desenterrar um
corpo. Claro que isso não é lá grande coisa, mas
tem certos corpos, que até Fernando se recusa a ir
ver, porque só o cheiro te fará passar mal por horas.
Mas com Franco não tem isso.
Franco olha o corpo de Leila e logo diz que
já viu um local para enterra-la. Não será difícil
esconder, ela não tem família, como pensávamos
que tinha. Ou melhor, acho que ela nunca falou
sobre isso.
Eu nunca achei nada de Leila. Nem achava
boa e nem ruim, muito menos sabia sobre a sua
vida. Ao que tudo indica, ou ela mentia, ou nunca
perguntaram sobre isso.

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Franco e Tyler foram enterrar o corpo. Eu e


Fernando saímos para a casa de Tyler.
Batemos na porta e Daniel abre.
— Você já vai? — pergunto.
— Ficarei com Jasmine.
— Apaixonadinho?
— Eu perguntei a Jasmine sobre a família
de Leila. — Daniel me ignora. — Ela disse que
Leila nunca mencionou nada, na verdade, acho que
ela dizia que a sua família era de fora.
— Uma mentira clara.
Olho para Fernando.
— Não corre risco de Leila ter parentes por
aqui?
— Leonardo, se tiver, nós descobriremos.

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(...)

Entro na casa de Fernando e encontro Karen


e Katherine sentadas no sofá.
— Olá, crianças.
— Vai à merda. — obviamente isso partiu
de Katherine.
Sento no meio, entre Karen e minha irmã
rabugenta.
— Sabia que essa coisa gótica saiu da moda
há anos?
Katherine olha para mim. Ela tem uma
maquiagem muito escura nos olhos, que destaca o
tom azul que eles têm, a sua boca tem um batom
preto. Minha mãe nem é contra essa maquiagem,
mas sim as suas roupas. Katherine decidiu que seria

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gótica na adolescência, antes disso a garota foi


emo. Suas músicas se resumem a guitarras, pessoas
gritando como se tivessem morrendo e muitas
músicas que parecem ópera, e do nada começa a
gritaria novamente. Eu curto rock, mas essa garota
curte um rock estranho, muito estranho.
— Por isso é bom ser gótica, ninguém mais
é. Sou a única no meio dessas pessoas desprezíveis,
ridículas, mesquinhas, pobres de espírito. — olha
para mim. — Já disse que não gosto de pessoas?
— Deixe a tia Isabella escutar isso.
— Não tenho culpa se ela acha legal ser
feminina e eu prefiro ser assim, sombria.
— Falou à garota que sofre de amores por
mim. — Gabriel se joga no sofá.
— Por isso as pessoas são tão desprezíveis,
por atitudes como essa.
Katherine se inclina e pega duas botas

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debaixo do sofá e calça. Ela levanta e tenho um


vislumbre da sua roupa preta e o sobretudo da
mesma cor.
— Katherine... — Karen franze o cenho. —
Que tipo de roupa é essa? Está calor.
— Góticos não sentem calor. — rio.
— Você. — Kat aponta para mim. — O que
faz no meio dos jovens da casa? Você quase nunca
fala conosco.
— Essa acusação é falsa.
— Não, não é. — Gabriel levanta a mão. —
Sempre é você, Giulia, Daniel e Jasmine, quase
nunca somos inclusos em nada desse ''quarteto''.
— É, não se intrometa no nosso trio. —
Katherine cruza os braços. — O que quer conosco?
Reviro os olhos.
— Preciso ter uma conversa com Giulia e,
bem... Eu estou tentando retardar essa hora.
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— Fez merda?
— Pode ser que sim, Katherine.
— Você traiu Giulia? Não se pode trair
ninguém, principalmente a esposa. Se você traiu
Giulia, eu não olharei mais na sua cara.
— Kat, acha mesmo que eu trairia Giulia?
Ela diz que ''não''.
— Você é idiota, mas ama Giulia. Então, o
que você fez dessa vez?
Olho para Karen. Ela tem a sobrancelha
arqueada e parece que poderá me matar a qualquer
momento. Gabriel tem um sorriso e Kat continua
me encarando com raiva.
— Boa noite, crianças. — Fernando entra
na sua casa. Ele havia ficado para trás para resolver
algo.
— Vai, Katherine. Diz o mesmo que você
falou comigo para Fernando. — provoco.
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— Eu não gosto de gente, mas isso não


significa que eu queira me retirar desse planeta.
— Que roupa é essa?
Fernando encara Katherine.
— Outro que quer falar de moda?
Fernando apenas revira os olhos para a
minha irmã.
— Onde Sara está?
— No quarto.
— No quarto onde a senhorita também
deveria estar. — Fernando sorri para Karen. —
Qual a parte do castigo não entendeu?
— Mas estou em casa.
— Karen, pode ir para o seu quarto. Você
fugiu de casa, então ficará presa a ela e no seu
quarto.
— Pai...

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— Karen, suba!
Karen resmunga e, por fim, sobe para o
quarto.
— Katherine.
— O que é? — ela se encolhe quando vê o
olhar que Fernando dá a ela. — O que o senhor
deseja?
— Para o quarto.
— Você não é o meu pai.
— Wow! — grito. — Katherine está
perdendo o amor à vida.
— Certo, ok. — levanta as mãos. — Já
estou indo para a minha casa.
— Não, você ficará aqui. Marco ligou e me
avisou sobre isso.
— Tio, posso dormir no quarto de Karen?
— sua voz sai melosa, como sempre ela faz quando
quer algo.
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— Não. — Fernando sorri com sarcasmo.


Katherine rosna e sobe as escadas.
— Gabriel!
— Já sei e já estou indo.
Gabriel levanta do sofá e anda para a porta
da saída.
— Para onde vai? — Fernando grita.
— Vou embora.
— Você fica.
— Mas...
— Você fica! Seu quarto está aí. Mas, eu te
aviso, cometa um erro novamente e você está fora
de casa e da Nostra...
— Eu estou dentro de tudo novamente?
— Vocês dois. — Fernando olha para mim.
— Estava fora resolvendo isso. Leonardo, você
escondeu e mentiu sobre a morte daquele homem,

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mas dei um jeito e consegui convencer a todos que


você não vai fazer mais nada de errado. Então é
isso, se um dois cometer um erro novamente,
estarão fora.
— Eu não vou errar novamente. — falo. —
Obrigado.
— Já falou com a minha filha? — nego. —
O que está esperando.
A coragem, finalmente, aparecer...

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Capítulo 25
Giulia

Escuto as vozes na sala e vejo que Leonardo


chegou em casa.
Fico ansiosa para saber se teremos a
conversa. Leonardo até mencionou isso para os
meus irmãos, mas não diz o motivo dela, só deixa
claro que não me traiu.
Como eu pude acreditar nisso? Mais uma
coisa que foi planejada por Leila.
Meu pai chega em casa e começa a
conversar com Leonardo e Gabriel. O assunto
muda e, nesse momento, eles falam sobre Olívia.
Mais uma vez, Leonardo deixa claro que não quer
ver nem a sombra dessa mulher.
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Saio do meu ''esconderijo'' e vou para o


quarto da minha mãe.
Ela está penteando o cabelo enquanto Karen
e Katherine resmungam sobre o castigo dado a elas.
— Que crianças rebeldes temos nessa casa.
— Giulia, não fizemos nada de mais.
— Katherine, só não foi nada de mais
porque Leila não sequestrou vocês.
— Mais isso é culpa de vocês. — Karen
cruza os braços. — Vocês nunca falaram nada
sobre Leila, muito pelo contrário, saíram sem nem
ao menos nos avisar.
— E ainda foram presas por agredir uma
mulher.
Katherine não sabe sobre Olívia e Marco.
Tia Isabella saiu e Marco foi atrás para
conversarem, não tenho ideia do que será resolvido
com essa conversa.
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— Mas enquanto estávamos presas, Karen


estava conhecendo a paixãozinha dela. — falo isso
apenas para desviar do assunto.
— Karen está apaixonada? — minha mãe
vira para nós três. — Quem é essa pessoa?
— Não é nada de tão importante.
— Karen, eu sou sua mãe e amiga, deve
confiar e me contar tudo. Ou o castigo aumentará.
— Aumentar? Estou de castigo até que me
case.
— Fale de uma vez. — empurro o seu
braço.
— Não é nada de mais, já disse.
— É o irmão de Jasmine. — Katherine bate
palmas. — Ele é bonito e é menos idiota que o
outro irmão.
— O menino mal chegou e já tem
admiradora?
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— Não, mãe. Eu não sou admiradora dele e


ele não é um garoto, ele é mais velho.
— Ouvi dizer que são os melhores. — Kat
dá de ombros.
Kat e Karen voltam a ter a discussão e fico
aliviada do assunto ter mudado. Kat é uma pessoa
apegada a Marco e eu escutei a conversa dela com
Leonardo. Ela disse que se Leo tivesse me traído,
ela não olharia em sua cara... Imagine Marco.
— Seu pai já está subindo?
— Sim, está conversando com Leo e
Gabriel. Os dois voltaram para a Nostra Ancoma e
Gabriel está de volta em casa.
Minha mãe olha para mim.
— Não sei de onde saiu tanta rebeldia de
Gabriel.
— Mãe, ele deixou claro que não sabia que
aquela garota é comprometida. A culpa também é
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dela, não apenas do meu irmão. Todas as brigas


foram por culpa dela.
— Para início de conversa, eu nem sei por
que seu irmão quer tanto entrar nessa coisa de
máfia.
— Meu pai sempre foi um exemplo a ser
seguido, deve ser isso.
Minha mãe não diz nada. Ela nunca foi uma
grande fã da máfia, principalmente depois dos seus
dois filhos entrarem nisso. Daniel foi praticamente
inserido nesse mundo quando era criança, graças a
um acordo feito com Tyler. Gabriel sempre quis
isso e meu pai nunca o impediu.
— Mãe. — chamo. — O que meu pai te
falou mais cedo, quando saímos da cadeia?
— Que me ama e estava atrás de Leila.
Pediu para que eu confiasse nele.
— E você?

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— Eu não acredito que ele esteja me


traindo, mas sei que ele me esconde algo. Giulia, se
eu tiver um resfriado, seu pai virá correndo para me
ver. Eu fui presa e ele só soube pela manhã?
— Eu acho que ele está atrás dos culpados e
acho que ele está escondendo isso de todos porque
essa pessoa é muito perigosa, ele não quer nos
preocupar.
— E acho que isso está entre Marco e
Fernando, porque são os dois que ficam de
segredinhos um com o outro.
Somos interrompidas quando meu pai entra
no quarto e manda Katherine e Karen irem para o
quarto.
— Giulia. — meu pai sorri para mim. —
Leonardo já chegou e...
Não deixo que ele termine de falar. Corro
em sua direção e o abraço. Meu pai logo me abraça

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e beija a minha cabeça.


— Aconteceu algo? — ele pergunta com a
voz calma.
— Perdoe-me por ter sido tão ruim com
você.
— Não foi culpa sua.
— Não, não foi, mas a maneira como te
tratei...
— Nos tratamos mal, Giulia. Eu não fui a
melhor pessoa quando descobri a sua gravidez.
— Mas estava certo. — afasto-me dele e o
encaro. — Eu menti para o senhor, mereci aquele
tratamento. Mas o que aconteceu depois...
— Não precisamos falar disso. Estamos
perdoados, isso já basta. Temos todo o tempo do
mundo para compensarmos o passado.
— Obrigada por ser tão compreensivo.
— Podemos dizer que eu entendo tudo o
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que aconteceu. — ele olha para a minha mãe, que


enxuga o rosto que está molhado com suas
lágrimas. — Fazemos algumas besteiras por amor.
Entre elas, causar discórdia com os sogros.
Lembro-me quando minha mãe falou sobre
Yankee ter ameaçado meu pai e olha que ele nem
sabe sobre o ''sequestro''.
— Eu te amo. — fico na ponta dos pés para
beijar o seu rosto, como meu pai é muito alto, ele se
abaixa e consigo beija-lo.
— Também te amo.
— Eu pensei que fosse demorar a ver essa
cena. — minha mãe diz.
— Venha aqui. — meu pai chama a minha
mãe. — Vocês duas, Gabriel, Daniel, Karen e
Felipe, são as pessoas mais importantes da minha
vida. Eu posso ser grosso e rígido em alguns
momentos, mas eu amo vocês.

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— Nós amamos você dessa maneira. —


minha mãe nos abraça.
— Pode ter certeza disso, pai.

(...)

Entro no quarto que pertencia a mim no


passado. Felipe está deitado na cama enquanto
Leonardo assiste televisão, porém, ele desliga
quando eu me aproximo.
— Acho que está na hora da nossa
conversa. — ele diz.
Minha ansiedade aumenta nesse momento.
Eu fico em pé, parada, esperando o início da
conversa. Leonardo abaixa a cabeça e começa a

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falar.
— Eu fui expulso da Nostra Ancoma
porque eu menti. Não menti apenas sobre o cara
que matei, eu roubei o contrato de casamento de
Daniel para usar com você. Eu te enganei. Daniel e
Fernando não tiveram culpa de nada daquilo. Eu
roubei o contrato de Daniel, retirei qualquer coisa
relacionada a ele, Jasmine e Tyler, e coloquei meu
nome, a assinatura de Fernando ajudou no meu
plano. Giulia, eu juro, fiz aquilo apenas por te
amar. Sei que fiz tudo errado, mas... Mas você não
me queria e estava grávida, eu tinha medo de te
perder para sempre. Tinha medo de voltarmos ao
passado, onde você me odiava e nem olhava para
mim. Eu fiz aquilo por impulso, apenas para não te
perder. Eu te amo e não pensei nas consequências.
Eu errei, mas eu juro que te amo.
Ele me contou a verdade. Contou a verdade

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e disse que me ama.


Sinto uma lágrima descendo no meu rosto.
Leonardo levanta rapidamente da cama e
corre em minha direção.
— Giulia, me perdoe, por favor. Eu... — ele
levanta a mão, como se fosse me tocar, mas não o
faz. Leonardo apenas olha para baixo.
— Eu te perdoo.
— Mas eu te enganei... — não fala mais.
Ele me olha com surpresa e vejo a dor em seus
olhos.
— Passamos quatro anos distantes. Quatro
anos em que eu te amava e me recusava a me
aproximar. Você sempre tentou chegar em mim e
eu me fechei, me fechei por acreditar naquela
mentira da traição. Acho que não preciso ficar
voltando ao passado e te culpando por tudo. Eu te
amo, não quero que nada nos atrapalhe. Eu meio

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que entendo o que fez, você sempre teve ideias


idiotas. Eu te amo muito e mesmo que tenhamos
passado pouco tempo juntos, verdadeiramente
juntos, eu amei cada segundo.
— Você me ama? — ele ri, um riso de
alívio.
— Eu te amo. — confirmo.
Dou um grito quando Leonardo me carrega.
Rimos juntos e eu olho para Felipe, que está
olhando para mim e Leonardo, ele também está
rindo, achando a situação divertida.
— Eu também te amo, Giulia. — volto a
minha atenção para Leonardo. — Agora somos eu,
você e Felipe. Seremos uma verdadeira família.

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Bônus 7
Desligo o celular e o aperto em meu peito.
É isso. Jasmine continua viva e Leila não me ligou.
Tratei logo de destruir qualquer coisa do meu
antigo número, não preciso que me rastreiem.
Alex acabou de dizer que Tyler chegou a
sua casa e comentou sobre estar triste com Jasmine,
ela ainda não quer voltar para casa. Isso significa
duas coisas: Jasmine está viva e, provavelmente,
Tyler pode ter ido até ela e fez algo com Leila.
Agora o problema piorou. Como conseguir
me aproximar deles?
Nicholas, provavelmente, foi embora. Antes
da sua viagem com Leonardo eu o encontrei no bar
e consegui fazer com que ele me levasse para cama,

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porém, não obtive nenhum sucesso. Vi Leonardo


no hotel e coloquei uma escuta no quarto, mas não
foi uma grande coisa... Até nisso estou em
desvantagem.
Mas isso não importa, ainda tem Allan e
Alex. Olívia também poderá fazer algo, já que ela
está com Marco e ele continua carente, ninguém da
sua família quer aproximação.
Agora é respirar fundo, seguir em frente e
esperar o melhor momento para atacar e acabar
com todos.

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Capítulo 26
Giulia

— A minha mãe disse que te ama. — abro


os olhos e vejo Felipe conversando com Leonardo.
— Ela disse isso para Karen.
— Sim, Felipe. Sua mãe sempre me amou,
desde que ela tinha a sua idade.
— Isso é uma grande mentira.
Os dois olham para mim. Felipe sorri e
Leonardo me encara com uma carranca.
— Deixe-me sonhar, Giulia!
— Não gostava do meu pai? — Felipe
inclina a cabeça para o lado, ele está sério nesse
momento.
— Seu pai é idiota e vivia me enchendo o
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saco, me chamando de gorda e me proibindo de


brincar com ele. Acho que não dá para gostar de
uma pessoa assim.
— Para a minha defesa, eu era uma criança.
Sorrio para Leonardo.
— Isso mudou quando seu pai voltou
diferente. Ele estava mais gentil e menos idiota, só
um pouquinho menos.
— E então você ama o meu pai?
— Sim, eu amo o seu pai.
— E você, como gostou da minha mãe?
Leonardo olha para mim, não desvia a sua
atenção em nenhum momento.
— Quando eu notei que, por debaixo de
toda aquela gordura, existe uma pessoa adorável.
Pego o travesseiro e arremesso em sua
direção.
— Ontem você estava um amor!
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— É brincadeira. Mas a parte de descobrir


que você é adorável é a mais pura verdade.
— Você também é adorável, pelo menos,
em alguns momentos.
— Levante da cama, temos uma mudança
que necessita ser feita.
— Voltaremos para a nossa casa?
— Voltei para a Nostra Ancoma. Fernando
entendeu que tudo o que fiz foi por te amar. Ele me
deixou entrar novamente, mas se eu cometer um
erro, estarei fora.
— Chega de erros, certo?
— Tudo bem, senhora Vesentini.
Levanto da cama para tomar banho, trocar
de roupa e escovar os dentes. Após terminar, saio
do quarto e desço a escada. Sou informada que a
família está no jardim, tomando café. Vou até lá e
encontro todos reunidos, como uma grande família
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feliz.
— É melhor que Felipe seja inteligente
como o meu pai e tio Fernando, do que ser idiota
como você. — Katherine joga um pedaço de pão
em Leonardo.
— Eu sou tão inteligente quanto meu pai e
Fernando.
— Vai sonhando. — meu pai zomba.
Felipe está sentado no colo do meu pai,
enquanto minha mãe reclama com ele sobre falar
de boca cheia; Gabriel e Karen tem uma eterna
discussão sobre ''esse pedaço do bolo é meu'',
Daniel tenta apartar a briga dizendo que é mais
fácil que ele coma ao invés de haver discussões; tia
Isabella está ignorando tio Marco, que tenta
conversar — nem sei por que os dois estão sentados
juntos — e Jasmine está com o pensamento
distante. Acho que ninguém notou que estou aqui.

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— Jas. — chamo e ela olha para mim. —


Podemos conversar?
Jasmine assente e levanta da cadeira.
Andamos até a piscina e sentamos nas cadeiras que
tem ali.
— Nem conversamos depois de toda essa
confusão. — falo.
— Minha vida está um caos. Meus dois
irmãos surgiram do nada, mas não vem ao caso
agora. Leila está morta, menos um problema.
— Ela tentou me jogar contra você, mas
nunca acreditei nela.
— Ela tentou fazer o mesmo comigo, mas,
sabe como é, eu jamais duvidaria da lealdade de
Giulia Vesentini.
— E nem eu duvidaria da futura senhora
Bertollini.
— Ah, Giulia. — ela coloca a cabeça em
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meu colo. — Estou na minha eterna duvida sobre


Daniel.
— O que ele fez? Continua fazendo você se
apaixonar mais?
Ela coloca a mão no rosto.
— Ele passou a noite lá em casa, não
aconteceu nada, apenas dormimos juntos e foi tão...
Ah, sei lá. Eu amei a sensação e me culpei.
— Por que se culpou? Vocês são noivos.
— Me culpei por ter gostado daquilo.
Daniel não me ama e sei disso, mesmo assim eu só
me apaixono. Eu amo estar com ele e sempre vou
atrás, eu tenho que parar com isso, tenho que
afasta-lo de mim.
— Jasmine, vai afastar Daniel sendo que ele
te ama?
— Ele me ama como amiga, apenas isso.
Ele ama Nicole.
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— Se eu fosse você eu ia atrás dele e dessa


Nicole. Já reparou que desde a época do colégio ela
sumiu? Só Daniel sabe onde ela está e ele nunca
fala abertamente sobre ela, eu até duvido que meu
irmão a ame.
— Do que está falando?
Jasmine levanta e olha para mim.
— Eu nunca escutei nada sobre os dois
namorarem, apenas sobre a amizade deles. Não sei,
acho estranho tudo isso. Eu não acho que meu
irmão seja capaz de enganar duas pessoas. Ele não
seria seu noivo e estaria se encontrando com outra.
— Minnie. — Daniel aparece na nossa
frente, fazendo com que eu pare de falar. —
Vamos?
— Vão para onde? — pergunto.
— Seu irmão acha que estou traumatizada
por ver Leila morrendo. Ele acha que um passeio

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vai tirar o meu suposto trauma. — revira os olhos.


— Porém, ele não entende que sou filha de Tyler.
— Estou tentando ser legal e você reclama
comigo? Venha logo, antes que mude de ideia. —
ele sorri para Jasmine.
Eu não acredito que ele ame Nicole! Se ele
amar Nicole... Eu não falarei mais com ele. Porque
do jeito que Daniel olha para Jasmine, é um olhar
para se apaixonar.
Os dois se despedem de mim e saem de
casa. Logo atrás, Leonardo e Felipe andam em
minha direção. Felipe, como sempre, não entende
que correr depois de comer pode ser uma péssima
combinação.
— Mãe, eu quero entrar na piscina. — ele
senta no meu colo.
— Você acabou de tomar café. — arrumo o
seu cabelo, que está bagunçado graças a Daniel. —

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Tem que esperar um pouco.


— Depois você fica o tempo que quiser.
Olho para Leonardo. Voltamos ao início de
tudo.
— Leonardo.
— Sim, senhora Vesentini.
— Felipe precisa fazer as atividades, ele
ficou afastado disso.
— Ele é uma criança.
— Criança também estuda.
— Felipe, nos dê licença.
Felipe corre para dentro de casa, ignorando
os meus avisos. Agora eu fico a sós com Leonardo.
— Voltamos ao problema principal, à
educação de Felipe? — Leo cruza os braços.
— Não, não voltaremos a esse problema.
— Obrigado. — ele sorri.

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— Eu tenho uma pergunta, é sobre os outros


inimigos. Óbvio que tem mais gente por trás disso.
Não comentamos sobre isso na noite
passada, mas eu não me esqueci. Leila não estava
sozinha. Ainda corremos perigo.
— Têm mais pessoas. Eles estão por aí e
cada um de nós vai lutar para proteger a família.
Assim como te protegi no passado, eu te protegerei
agora.
— Espero que seja de maneira diferente.
Leo sorri e coloca o braço em volta do meu
ombro, me puxando para mais perto. Nossas bocas
se aproximam e começamos a nos beijar
lentamente.
— Será diferente. — nos afastamos. — Eu
sei como é ruim te perder, agora que eu tenho você,
não deixarei escapar. E tem mais uma coisa.
— O que é? — minha curiosidade já está

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alta e só piora.
— Quer casar comigo?
Sorrio.
— Já somos casados.
— Não do jeito certo. Casamos por
obrigação do contrato, agora eu quero um
verdadeiro casamento. Onde, realmente, queremos
nos casar por nos amarmos.
— Eu posso pensar um pouco? Fui pega de
surpresa.
Leonardo olha para mim com tristeza, mas
logo sorri quando percebe que estou brincando.
— Óbvio que aceito me casar com você.
Seria louca se não aceitasse.
— Querida, você já é louca por ter aceitado.
— Dizer que sou louca por você é brega e
clichê?
— Não, acho que não. Até porque, eu
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também sou loucamente apaixonado por você.


— Somos bregas. — rio, enquanto
Leonardo tenta me beijar.
— Somos loucamente apaixonados um pelo
outro e bregas.
— Essa é a melhor definição para nós dois.
— Sim, a melhor definição para o que
sentimos um pelo outro. Você vai me matar se eu
voltar a te chamar de ''gordinha''?
— Provavelmente sim...
— Mas estou sendo verdadeiro.
— Leonardo! — grito.
— Eu amo você, é serio. — ele sussurra. —
Minha gordinha.
Dou um tapa em seu peito e ele ri.
— Também te amo, meu imbecil.
Por anos eu neguei esse sentimento. Neguei

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por ter acreditado em uma mentira. Leonardo não


me traiu. O contrato de casamento foi feito para
que eu ficasse ao seu lado, já que ele acreditava —
e acredita — que eu também o amo.
Não vou negar esse sentimento novamente.
Não me importo se ele me enganou. Daniel e
Fernando o perdoaram, acho que ambos também
entenderam o lado de Leonardo. Ele fez uma
besteira por amor. Assim como eu, quando o
afastei... Eu afastei Leonardo por ama-lo demais.
Eu pensei que, o afastando, eu o esqueceria de vez.
Mas não, era apenas mais discussões e sofrimento
para mim.
Leonardo sempre quis se aproximar e
sempre disse que me ama. Não vou negar mais os
nossos sentimentos. Não mais.
Foram quatro anos... Agora será a vida toda
ao lado de Leonardo, mas, dessa vez, tudo será

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diferente.

Fim do livro de Giulia e


Leonardo.

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Só mais uma chance


Série Os mafiosos – Livro
3
(Livro de Jasmine e Daniel)

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Prólogo
Jasmine

— Tem o que para jantar? — Daniel


pergunta, abrindo a minha geladeira.
Acabamos de chagar da rua. Daniel me
levou a todos os pontos turísticos existentes nessa
cidade. Falando a mais pura verdade, eu não prestei
atenção em nada, apenas em Daniel. Na maneira
fofa como ele fala comigo e pergunta se estou bem.
— Pizza. — respondo, abrindo a porta da
outra geladeira e retirando a caixa de lá. — Minha
mãe tomou um calmante e não acorda. Ela não
queria sair sozinha para fazer compras, por isso
pediu pizza. Está fria, algum problema? Mas tem
outras coisinhas, se quiser cozinhar...

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Daniel não sabe cozinhar. Lembro o dia que


Fernando e Sara saíram de casa para uma viagem.
Daniel ficou com os irmãos e a cozinheira que
trabalha para a sua família deixou as comidas
congeladas. Ele me ligou para saber como se ligava
o fogo e descongelava uma comida. Ele não obteve
sucesso nas aulas gastronômicas de Sara, diferente
de Gabriel, Giulia e Karen.
— A pizza está ótima. Não precisa nem
esquentar.
— É um homem de negócios, mas não sabe
fritar um ovo? — como um pedaço da pizza. —
Você deveria sentir vergonha.
— Você também. Onde já se viu uma dama
falar de boca cheia? — sorri.
Abro a minha boca e mostro a pizza não
mastigada.
— Aconteceram tantas coisas nesses

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últimos tempos. — ele pega o outro pedaço da


pizza. — Senti falta dessa ogra.
— Senti falta da sua gula, por isso é melhor
pedirmos mais. Você come duas caixas sozinho.
— E você sempre come as outras duas. Nós
somos iguais.
— Dois ogros juntos.
— Sempre nos combinamos, todos sabem
disso.
Daniel me olha de uma maneira estranha,
mas decido ignorar.
Inclino-me no balcão, para pegar outra fatia
de pizza.
— Minnie. — Daniel me pega por trás e
puxa o meu cabelo, para que eu olhe para ele. —
Eu te amo, saiba disso.
Abro a boca e fecho. Não sei o que falar,
apenas o observo.
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Daniel deve estar dizendo no sentido de


amizade, mas a posição que estamos não me ajuda
a pensar muito.
Passamos alguns segundos nos encarando.
Depois de algum tempo, Daniel puxa mais o meu
cabelo e aproxima o seu rosto do meu. Ele encosta
a nossa boca, até que sinto a sua língua no meu
lábio inferior. Abro a minha boca, dando passagem
para a sua língua e o nosso primeiro beijo acontece.
Um beijo real, não como o de todos os meus
sonhos. Eu estou beijando Daniel pela primeira vez.
Sinto um frio na barriga e meu corpo está
arrepiado, tudo graças ao nosso primeiro contato.
A mão de Daniel está no meu pescoço e a
outra continua em meu cabelo. Eu me apoio na
bancada, para que eu não perca o equilíbrio.
— Senti a sua falta. — Daniel se afasta e
beija o meu ombro. — Eu sempre quis fazer isso.

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— Também senti a sua falta. — e sempre


quis te beijar.
— Existe uma grande possibilidade de sua
mãe acordar e nos ver nessa situação.
Olho para baixo, envergonhada. Daniel não
solta a minha mão.
— Podemos ir para um lugar mais
reservado? — beija a minha boca suavemente. —
Eu quero você há muitos anos, mas se não quiser,
não tem problema.
Eu passei anos dando conselhos
sentimentais. Alguns momentos eu recebia
perguntas sobre sexo, nunca soube responder.
Tinham algumas que a garota perguntava qual era o
melhor momento para perder a virgindade, eu
sempre pensei em ser com aquela pessoa que faz
seu coração bater mais forte, te faz ter aquele frio
na barriga, e aquela pessoa que você sabe que não

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poderá ficar afastada por algumas horas e você já se


sentirá incompleta.
Eu sempre sonhei isso com Daniel, sempre
achei que ele é a pessoa certa para mim.
Então sim, eu estou preparada para isso.
A minha resposta não vem com palavras.
Eu o beijo e sinto que Daniel sorri. Ele me carrega
em seu colo, enquanto nos beijamos.
Subimos as escadas, nos agarrando a todo
momento. Alguns momentos paramos e rimos, pela
nossa tentativa de não fazer barulho e acordar a
minha mãe.
Chegamos ao meu quarto. Daniel abre a
porta e me coloca na cama.
Nem tenho tempo para pensar muito. Daniel
já está me beijando com tanto desejo que só posso
retribuir.
O nosso beijo é tão ardente que me entrego
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as suas carícias. Quando percebo, já estou


envolvida nos seus toques mais íntimos, que fazem
o meu corpo arder, quase como se estivesse em
chamas.
A sua mão vai acariciando o meu corpo e a
outra vai tirando a minha blusa. Daniel beija todo o
meu corpo, me deixando toda arrepiada.
Quando Daniel olha para mim e sorri,
enquanto coloca o preservativo.
Eu sei que falhei na minha tentativa de não
me apaixonar mais por ele.
Mas, nesse momento, eu apenas me entrego
a Daniel e rezo para que ele seja apaixonado por
mim da mesma maneira que eu sou por ele.

(...)
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Sinto a cama se mexer ao meu lado.


Abro os meus olhos e vejo Daniel abrindo a
porta e saindo do quarto.
Levanto da cama.
Talvez ele tenha ido à sala, cozinha...
Todas essas possiblidades se esvaem
quando escuto o som de um carro se distanciando.
Corro até a janela e vejo que Daniel já se foi.
Ao lado da cama eu vejo um bilhete:

''Tive que resolver um problema. Mais tarde


eu passarei aí.
Te amo''.

Amasso o papel.

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Pois é, Jasmine, está na hora de acordar


para a vida.

Em breve na Amazon.

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Livros da série Os
mafiosos:
Livro 1: Atraída por um mafioso (Sara e
Fernando)

Livro 2: Os filhos da máfia (Giulia e


Leonardo)

Livro 3: Só mais uma chance (Jasmine e


Daniel)

Livro 4: Por nosso passado (Isabella e


Marco)

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Livro 5: Resgata-me (Katherine e Gabriel)

Livro 6: Por toda a nossa história (Karen e


Alex)

Contos da série Os mafiosos: (Isis/Sergio;


Alice/Victor/; Dianna/Arthur e Nancy/Raul).

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