Você está na página 1de 9

O SOLO

Horizonte A

Horizonte B

SOLO
¾ Três fases distintas
o Sólida (ex.: argilas, siltes)
o Líquida (água, óleo, contaminantes)
o Gasosa (ar, metano, etc)

 FASE SÓLIDA
ª Intervém nos processos de adsorção (processo
pelo qual o
contaminante move-se do fluido dos poros acumulando-se nos sólidos
do solo ) - desorção dos poluentes
ª Influencia a composição da fase líquida em função da solubilidade dos
minerais
ª Determina a porosidade, a distribuição e o tamanho dos poros, e daí,
as propriedades de retenção e de escoamento dos líquidos.

Geotecnologia Ambiental – Profa Karla Heineck


ª As interações poluentes - fase sólida do solo são limitadas às trocas
entre a superfície da fase sólida e as fases líquidas ou gasosas.
ª As propriedades importantes dos sólidos do ponto de vista destas
interações são:
ƒ a superfície especifica
REATIVIDADE
ƒ a carga e o tipo de grupamento químico

ARGILAS
ª Superfície específica muito elevada
ª Carga específica fixa e/ou variável (dependente do pH)
ª Os minerais de argila ou minerais secundários pertencem a uma família de
minerais chamada filossilicatos. Os filossilicatos são minerais com estrutura
em folhas constituídas por tetraedros de sílica e octaedros de alumínio ou
magnésio.
ª Os três principais grupos de minerais de argila são as caolinitas,
esmectitas e ilitas.
ª A caolinita possui carga elétrica negativa e fraco poder de retenção para a
água, em comparação com os minerais dos outros grupos; praticamente não
apresenta expansibilidade e torna-se plástica em teores de umidade
relativamente baixos.
ª As esmectitas ou montmorilonitas são caracterizadas pelo seu poder de
retenção de água, expansibilidade elevada e por se tornar plástica em um
teor de umidade superior ao correspondente ao da caulinita. As
propriedades da ilita são intermediárias entre a caolinita e a esmectita
(Maciel Filho, 1997).
ª Os diferentes minerais de argila são compostos de diferentes combinações
entre os tetraedros de sílica e os octaedros de Al e Mg. A dimensão quase
idêntica dos tetraedros e octaedros ocasiona o compartilhamento dos
átomos de oxigênio entre os mesmos, dando origem aos minerais 1:1. Quando
os octaedros compartilham o oxigênio com dois tetraedros de sílica,
originam-se os minerais 2:1.

Geotecnologia Ambiental – Profa Karla Heineck


9,2 Å
7,2 Å

Cátions (irão
Caolinita hidratar na
Argilomineral 1:1 presença de água)

Octaedros

Tetraedros

Montmorilonita
não hidratada
Argilomineral 2:1

ª As caolinitas são argilominerais 1:1 e não apresentam cátions entre as


camadas. A não existência de cátions e espaço para as moléculas de água
entrarem entre as camadas fazem com que estas argilas não expandam.
ª As ilitas são argilominerais 2:1 que tem o potássio como cátion entre as
camadas. Este cátion satisfaz a deficiência de cargas, diminuindo o
potencial de expansão destas argilas.
ª Por outro lado, os íons de sódio e cálcio presentes nos argilominerais 2:1
movem-se da superfície da argila na presença de água, ocasionando a
entrada de água entre as camadas e conferindo alto poder de expansão ao
argilomineral.
ª O poder de expansão está relacionado à proporção de cátions trocáveis em
tais argilas. As argilas montmorilonita são os argilominerais 2:1 que exibem
maior poder de expansão (Mitchell, 1993).

camada

partícula

Geotecnologia Ambiental – Profa Karla Heineck


PERCOLAÇÃO COM COMPOSTOS QUÍMICOS
¾ A percolação com agentes químicos pode afetar a estrutura do solo, resultando
no aumento da condutividade hidráulica em função da floculação das partículas
ou do encolhimento do esqueleto do solo.
¾ De acordo com Broderick e Daniel (1990), se for possível prevenir as mudanças
na estrutura do solo durante a percolação com um agente químico, poderemos
manter a baixa condutividade hidráulica inicial do solo. Esta prevenção pode ser
feita através da:

• Estabilização química:
o adicionando cimento ou cal para aumentar a resistência
mecânica e tampar parcialmente os poros;
• Estabilização mecânica:
o densificando a massa de solo. Foi observado que as partículas
são mais resistentes à alteração (floculação ou orientação)
quando estão em uma configuração mais densa, mostrando que
o aumento do esforço de compactação possui um potencial
enorme para a estabilização da argila contra ataque químico.

¾ Um aumento na concentração de eletrólitos ou na valência dos cátions poderá


aumentar a espessura da dupla camada de íons, diminuindo o espaço por onde a
água pode passar, diminuindo assim a condutividade hidráulica.
¾ O esquema da dupla camada de íons e o seu efeito na condutividade hidráulica
pode ser facilmente entendido através da Figura

Espessura da
dupla-camada

Partículas de argila com cargas negativas

Esta distância controla


a condutividade Fluxo d’água
hidráulica

Partículas de argila com cargas negativas

Dupla-camada difusa de
água adsovida e cátions

Geotecnologia Ambiental – Profa Karla Heineck


¾ A compatibilidade dos solos com o líquido permeante também deve ser
considerada quando os mesmos são utilizados em barreiras hidráulicas para
aplicações ambientais. Compatibilidade significa que a permeabilidade da barreira
não é alterada pelo permeante, que pode provocar várias alterações químicas,
discutidas a seguir.

¾ Muitos compostos químicos orgânicos tendem a encolher a dupla camada de íons


que está ao redor das partículas de argila, causando a floculação das mesmas.
Esta floculação resulta em um encolhimento no esqueleto do solo e no
aparecimento de fissuras. Os compostos orgânicos podem também desidratar as
zonas entre as camadas de argilas expansivas. A combinação de floculação,
fissuração e redução da espessura da dupla camada de íons leva ao aumento da
condutividade hidráulica.

¾ Os líquidos inorgânicos também podem ocasionar aumento na condutividade


hidráulica. Mudanças na valência dos cátions ou concentração de eletrólitos da
água são fatores responsáveis por alguns destes aumentos.

¾ Ácidos e bases também podem atacar solos argilosos dissolvendo os minerais do


solo.

¾ A dissolução dos argilominerais pode ocorrer sob condições adversas de pH, onde
permeantes cáusticos tendem a degradar o tetraedro de sílica e os fluídos
ácidos causam a dissolução da camada octaédrica.

 FASE LÍQUIDA
¾ água : molécula polar
¾ forte afinidade com as superfícies carregadas e íons
o importante para atividade biológica, como agente de dissolução e
como vetor de transporte
o água adsorvida x água livre
o não é pura

 FASE GASOSA
¾ A fase gasosa do solo é mais rica em CO2 e mais pobre em O2 que a
atmosfera
¾ CO2 intervém sobre o pH da solução

Geotecnologia Ambiental – Profa Karla Heineck


¾ Difusão do gás é 10000 vezes mais lenta na água que no ar: possibilidade de
coexistência de meio aeróbico e anaeróbico em um mesmo solo.

CARACTERÍSTICAS DE UM MEIO POROSO


Vt = Vs + Va + Vw
líquido

Ar

Solido

Relação de fases
As relações apresentadas a seguir constituem uma parte essencial da Mecânica dos Solos e
são básicas para a maioria dos cálculos desta ciência.

Relação entre pesos


Teor de umidade (w , h)
O teor de umidade de um solo é determinado como a relação entre o peso de água (Ww) e o
peso das partículas sólidas (Ws) em um volume de solo.
w = (Ww/Ws) . 100 (%)
O teor de umidade pode assumir o valor de 0% para solos secos (Ww = 0) até valores
superiores a 100% em solos orgânicos.

Relação entre volumes


Existem três relações volumétricas que são muito utilizadas na Engenharia Geotécnica:

a) Índice de vazios (e)


É a relação entre o volume de vazios (Vv) e o volume dos sólidos (Vs), existente em igual

Geotecnologia Ambiental – Profa Karla Heineck


volume de solo. Este índice tem como finalidade indicar a variação volumétrica do solo ao
longo do tempo, tem-se:
e = Vv/Vs
O índice de vazios será medido por um número natural e deverá ser, obrigatoriamente, maior do
que zero em seu limite inferior, enquanto não há um limite superior bem definido, dependendo
da estrutura do solo. O volume de sólidos permanecendo constante ao longo do tempo, qualquer
variação volumétrica será medida por uma variação do índice de vazios, que assim poderá
contar a história das tensões e deformações ocorridas no solo. Exemplo de valores típicos do
índice de vazios para solos arenosos podem situar de 0,4 a 1,0; para solos argilosos, variam de
0,3 a 1,5. Nos solos orgânicos, podemos encontrar valores superiores a 1,5.

b) Porosidade (η)
É a relação entre o volume dos vazios (Vv) e o volume total (V) da amostra, tem-se:
η = (Vv/V) . 100 (%)
A porosidade é expressa em porcentagem, e o seu intervalo de variação é entre 0 e 100%. Das
equações apresentadas mais adiante podemos expressar a porosidade em função do índice de
vazios e vice versa, através das equações apresentadas abaixo:
η = e / (1 + e) ou e = η / (1 - η)

Classificação da porosidade e do índice de vazios nos solos (IAEG, 1979)

c) Grau de saturação (S , Sr)


O grau de saturação indica que porcentagem do volume total de vazios contem água. Se o solo
está completamente seco, então Sr = 0%, se os poros estão cheios de água, então o solo está
saturado e Sr = 100%. Para solos parcialmente saturados, os valores de “Sr” situam-se entre 1 e
99%.
Sr = (Vw/Vv) . 100 (%)
Classificação do solo quanto ao grau de saturação

Relação entre pesos e volumes


Em Mecânica dos Solos se relaciona o peso das diferentes fases com seus volumes
correspondentes por meio de pesos específicos.

a) Peso específico aparente natural ou úmido (γ, γnat, γt)


É a relação entre o peso total (W) e o volume total da amostra (V) para um valor qualquer do
grau de saturação, diferente dos extremos, e pode ser calculado como:
γ = W/V unidades (g/cm3 , Kg/m3 , kN/m3 , t/m3 )
A magnitude do peso específico natural dependerá da quantidade de água nos vazios e dos
grãos minerais predominantes

Geotecnologia Ambiental – Profa Karla Heineck


b) Peso específico aparente seco (γd)
É a relação entre o peso dos sólidos (Ws) e o volume total da amostra (V), para a condição
limite do grau de saturação (limite inferior - Sr = 0%), tem-se:
γd = (Ws/V) unidades (g/cm3 , Kg/m3 , kN/m3 , t/m3 )
O peso específico aparente seco é empregado para verificar o grau de compactação de bases e
sub-bases de pavimentos e barragens de terra.

c) Peso específico saturado (γsat)


É a relação entre o peso total (W) e o volume total (V), para a condição de grau de saturação
igual a 100%, tem-se:
γ = (Wsat/V) unidades (g/cm3 , Kg/m3 , kN/m3 , t/m3 )
Em nenhuma das condições extremas levou-se em consideração a variação do volume do solo,
devido ao secamento ou saturação.

d) Peso específico real dos grãos ou sólidos (γs , δ) (NBR 6508/84)


É a relação entre o peso dos sólidos (Ws) e o volume dos sólidos (Vs), dependendo dos
minerais formadores do solo, tem-se:
γs = Ws/Vs unidades (g/cm3 , Kg/m3 , kN/m3 , t/m3 )
O valor do peso específico dos sólidos representa uma média dos pesos específicos dos
minerais que compõem a fase sólida. A Tabela 3 apresenta o intervalo de variação do peso
específico dos sólidos de diversos tipos de minerais.

Valores de peso específico real dos grãos de alguns tipos de minerais

e) Peso específico da água (γw)


É a razão entre o peso de água (Ww) e seu respectivo volume (Vw).
γw = Ww/Vw
Nos casos práticos adota-se o peso específico da água como: 1g/cm3 = 10kN/m3 = 1000kg/m3.

f) Peso específico submerso (γsub , γ‘)


Quando a camada de solo está abaixo do nível freático, define-se o peso específico submerso, o
qual é utilizado para o cálculo de tensões.
γsub = γsat – γw

g) Densidade real dos grãos ou sólidos (G)


É a razão entre o peso especifico real dos grãos (γs) e o peso específico da água a 4°C.
G = γs/γw

Geotecnologia Ambiental – Profa Karla Heineck


Fórmulas de correlação

As fórmulas de correlação entre os índices podem ser muito úteis, já que a obtenção da maioria
dos índices deve ser mediante ensaios de laboratório:

• peso específico natural: γ = W/V


• teor de umidade: w = (Ww/Ws)
• peso específico real dos grãos: γs = Ws/Vs

• peso específico aparente seco: γd = Ws/V = γ/(1 + w)


• índice de vazios: e = Vv/Vs = (γs/γd) - 1
• porosidade: η = Vv/V = e/(1+ e)
• grau de saturação: S = Vw/Vv = (w . γs)/(e . γw)
• peso específico saturado: γsat = Wsat/V = (1 - η) . γs + η . γw
• peso específico submerso: γsub = γsat - γw = (γs - γw) . (1 - η)

Geotecnologia Ambiental – Profa Karla Heineck

Você também pode gostar