TEXTO RESENHADO: REIS, Jorge Renato dos. Os Direitos Fundamentais
de Tutela da Pessoa Humana nas relações entre particulares. Em: Direitos Sociais e Políticas Públicas: desafios contemporâneos. Tomo 7. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2007, p. 2033-2064.
Luís Guilherme Nascimento de Araujo
O artigo aborda a relação do princípio da dignidade humana com o
constitucionalismo contemporâneo, estabelecendo este como um dos principais fundamentos axiológicos de estruturação dos hodiernos sistemas jurídicos. O autor estabelece como marcos do constitucionalismo contemporâneo os direitos fundamentais e a jurisdição constitucional, evidenciando os desafios que a concretização desses direitos oferece aos Estados, na medida em que os princípios jurídicos se colocam, cada vez mais intensamente, correlacionados e interdependentes. No primeiro tópico do artigo, expõe-se o princípio da dignidade da pessoa humana, analisando como esse princípio se tornou o cerne dos sistemas jurídicos atuais, fundamentando essa análise no significado jurídico da expressão e não propriamente filosófico. Juridicamente, a dignidade humana é tida como um norteamento axiológico, por meio do qual é possível afirmar que a existência individual, física do ser humano, deve ser considerada digna independente das características e de merecimento. Portanto, trata-se de um arcabouço ético que orienta o direito desde as ideias de autonomia e de autodeterminação individuais, como um “superprincípio” que irradia sua força normativa sobre os outros. O segundo tópico do texto estrutura-se pela investigação dos princípios do solidarismo, do personalismo, da igualdade formal e substancial, lidos por meio do prisma axiológico da dignidade da pessoa humana e insertos no domínio das relações privadas. Nesse aspecto, Reis aponta esses princípios como instrumentos da dignidade, distanciando, por exemplo, a solidariedade e o personalismo das suas acepções tradicionais e atribuindo a eles um sentido constitucional, jurídico, essencialmente ligados à fraternidade universal e à proteção da pessoa humana. Num terceiro momento, o autor desenvolve qual o sentido da autonomia privada diante desses direitos e princípios fundamentais, se ela pode constituir uma limitação do seu exercício ou um direito mesmo. Inicia-se ressaltando como essa garantia já foi entendida, sobretudo no contexto do Estado liberal- individualista, em que era tido como uma proteção dos indivíduos com relação à sociedade, isto é, proteção dos interesses e propriedades particulares diante do Estado e da comunidade. Denota-se, pela análise, que a autonomia privada, hodiernamente, tem o status um direito fundamental e, em razão dessa natureza, também pode ser causa de restrição de outro direito fundamental em situações concretas de colisão, o que faz necessária a utilização da ponderação como técnica decisória. Em aspectos conclusivos, sublinha-se que o princípio da tutela da pessoa humana deve ser apreendido como um centro irradiador de significados e interpretações, incluindo em seu domínio as relações horizontais, particulares.
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