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ISCTE-IUL

Mestrado Integrado em Arquitetura


4ºano_UrbanismoII_2023-2024
Docente: Teresa Marat-Mendes
Discentes: Beatriz Oliveira 93922; Catarina Costa 99453; Catarina Reis 98512; Mafalda Roque 98746;
Patrícia Veríssimo 98353

Relatório da análise histórica e cronológica da Quinta da Vitória

No âmbito da Unidade Curricular de Urbanismo II foi desenvolvida uma análise


aprofundada sobre a evolução do bairro da Quinta da Vitória, tendo como base o estudo das
Operações SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local).

Como ponto de partida para esta análise, recorremos a alguma documentação original
(memórias descritivas e desenhos técnicos) consultada no Arquivo Municipal de Loures, a partir da
qual foi possível formular uma cronologia sobre a história do bairro em estudo.

A história do bairro remonta ao início da década de 60, em que a periferia da Área


Metropolitana de Lisboa viu crescer os “bairros de barracas”, cujo os mesmos traçaram, uma
separação entre Lisboa e os concelhos vizinhos. Os seus moradores viveram durante várias décadas
nestes bairros e a antiga Quinta da Vitória era um deles.

Tratava-se de um grande terreno baldio que era conhecido como “Quinta da Vitória”. O
crescimento e a construção ilegal neste local partiam da necessidade urgente de habitação por parte
de emigrantes de ex-colónias e, por isso, em 1975 foram projetadas novas habitações por parte da
Operação SAAL. O objetivo inicial do conjunto habitacional proposto era alojar cerca de 440
pessoas que viviam em barracas, nas Azinhagas do Jogo da Bola e do Seminário, localizados em
Moscavide, que hoje em dia faz parte do conjunto habitacional da Portela, no entanto após a
construção de parte da via rodoviária que liga à Expo () alguma pessoas ficaram desalojadas .

Este projeto passou por várias fases de planeamento: a original, uma planta de alteração ao
projeto original, e ainda a planta que foi efetivamente aprovada. No entanto, apesar de todas as
fases e alterações, só em 1987 é que se viu algo começar a ser construído na Quinta de Vitória.

Com recurso a entrevistas que realizadas a alguns moradores da atual Quinta da Vitória, foi
nos possível apurar que, antes de os blocos habitacionais projetados pelo SAAL serem construídos,
foram construídas algumas habitações de “autoconstrução”, enquanto Lusoponte tomava as rédeas
do projeto. Começaram a ser construídas novas infraestruturas rodoviárias (estradas), e a população
que vivia em “barracas” viu-se desalojada. Face a isto, foram fornecidos desenhos técnicos e alguns
materiais aos moradores para que os próprios moradores pudessem começar a construir as suas
ISCTE-IUL
Mestrado Integrado em Arquitetura
4ºano_UrbanismoII_2023-2024
Docente: Teresa Marat-Mendes
Discentes: Beatriz Oliveira 93922; Catarina Costa 99453; Catarina Reis 98512; Mafalda Roque 98746;
Patrícia Veríssimo 98353

casas. Estas moradias possuem moradas e códigos postais diferentes dos blocos habitacionais do
SAAL, embora se localizem identicamente, apenas tendo sido construídas em alturas diferentes e
por entidades diferentes.

Só 8 anos depois, em 1994 é que o SAAL retomou o projeto e se iniciou a construção dos
blocos habitacionais, que se mantém até aos dias de hoje, num território que foi sofrendo alterações
ao longo de todos estes anos.

O município de Loures está entre os concelhos com maior número de bairros inscritos no
Programa Especial de Realojamento (PER) da Área Metropolitana de Lisboa. Com início em 1993,
esta política de habitação social tinha como objetivo acabar com as barracas e realojar milhares de
famílias.

Ainda através das entrevistas, foi-nos possível ter mais algumas informações acerca das
rendas do bairro, bem como da vivência no bairro. As rendas das casas funcionavam de acordo com
o agregado familiar. Quantas mais pessoas vivessem em determinada casa, mais cara seria a renda.
Alguns moradores optaram por comprar os seus apartamentos, pois compensava mais do que pagar
renda todos os meses (famílias numerosas). Nas casas que são compradas, os moradores podem
fazer as alterações que entenderem e que melhoram o seu conforto. Por outro lado, os inquilinos das
casas arrendadas não podem fazer alterações às habitações, tendo de se sujeitar ao estado em que se
encontram e à manutenção que a Câmara permite ter. A Câmara Municipal não dá muita
importância a este bairro, existindo inúmeras queixas por parte dos moradores, seja pelo lixo,
buracos no chão, raízes de árvores saídas.

Acerca da comunidade, a mesma mantém-se unida. Alguns conjuntos de moradores foram


encaminhados juntos para a Quinta e lá se encontram até hoje.

A Quinta da Vitória, agora irreconhecível para quem a conheceu como o "Bairro Municipal
da Vitória", passou por diversas fases de realojamento, transformando-se numa área com novas
habitações, estradas e estabelecimentos comerciais. O nome atual, embora mantido, não reflete
plenamente a complexidade e a história desta comunidade, reforçando a necessidade contínua de
compreender e preservar as camadas históricas que moldaram o território ao longo dos anos.

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