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BAURU, 2009
MARIA APARECIDA BRASIL
BAURU, 2009
DEDICATÓRIA
Lázaro Carneiro
RESUMO
INTRODUÇÃO
A região do bairro Santa Ifigênia onde se insere o projeto de Requalificação Urbana Nova
Luz é uma das áreas com maior oferta de equipamentos culturais da região central, tais
como: Pinacoteca do Estado de São Paulo (1995-1999), Parque da Luz (1999), Sala São
Paulo (1996-1999), Museu de Arte Sacra (1997-1999), Memorial da Resistência (antigo
Dops). É contemplada também por uma estrutura de transportes coletivos com o
entroncamento da Estação da Luz e linha azul do metrô, linha amarela (em construção),
Estação Júlio Prestes e Terminal de ônibus Princesa Isabel, além de possuir um forte
comércio voltado para a área de eletroeletrônicos.
O projeto de Requalificação Urbana Nova Luz foi lançando em 2005 pelo então
prefeito José Serra (2005-2006) e hoje conduzido pelo atual prefeito Gilberto Kassab
(2006 - atual). Alguns órgãos tiveram grande importância na consolidação e
implementação dessas propostas, como a organização não governamental Associação
Viva o Centro (AVC), criada em 1991 por alguns segmentos da sociedade civil, na qual
tinha como sócios fundadores diretores de importantes bancos e empresários da
região. Neste cenário, emerge o projeto em análise, justificado a partir do fenômeno
de esvaziamento populacional e desvalorização imobiliária, juntamente com as
ilegalidades (como consumo e tráfico de drogas) nessa região que acabou por receber
pejorativamente o apelido de “Cracolândia”.
1
Imagem retirada do site EMUR em 2006.
No final do século XIX, o centro estava sendo abandonado pelas elites, e foi
reinvestido pela função comercial; na segunda década do século,
loteamentos residenciais exclusivos foram abertos, estabelecendo frentes
de expansão para os bairros burgueses – os jardins da City Improvements
Co. Quando, nos anos 30, a capacidade de rendimento do primeiro cinturão
oeste (Centro Novo/Higienópolis) chegava no limite, foi reinvestida pelo uso
vertical dos apartamentos. E a abertura da Avenida Nove de Julho, parte do
Plano de Avenidas de Prestes Maia, cuja implantação iniciou-se nos anos 30,
começou a sentar as bases para a imigração das atividades terciárias do
Centro na direção sudoeste. Com isso, a Avenida Paulista com seus palácios
de novos e velhos ricos, seria implodida para abrigar as torres de bancos,
grandes corporações e antenas de comunicação a partir dos anos 60, sem
nunca abalar seu prestígio. Assim, a valorização sobe as colinas e desce as
baixadas em ondas de ressignificação, invariavelmente acompanhadas pela
prioridade dos investimentos públicos da cidade. (Rolnik, 1997: 186-187)
Se a escolha fosse seguir para o setor leste da cidade, algumas barreiras ainda
teriam de ser transpostas, tais como a área inundável do Carmo, a linha de ferro, e
depois disso se deparariam com um “sítio natural plano e monótono” (VILLAÇA, 1998:
193). Já a oeste os obstáculos eram menores, apenas a transposição através do vale do
Anhangabaú, e depois disso tinha-se alguns morros que direcionavam à alguns bairros
como Santa Efigênia, Campos Elíseos, Vila Buarque e Santa Cecília. À leste ficaram as
indústrias e casa de pessoas com baixa renda, à oeste ficaram os casarios e mansões.
Villaça aponta que o fator determinante para a escolha dos locais não é apenas
os atributos do sítio natural e sim o “controle do tempo de deslocamento, isto é,
acessibilidade ao centro. Os casos de loteamentos são excepcionalmente importantes
para a compreensão da conceituação de uma estrutura territorial urbana, da inter-
relação entre seus elementos e de como seu processo de produção é comandado pela
classe dominante, tendo em vista manter o controle – em seu benefício – dos tempos
de deslocamentos espaciais. [...]” (1998: 196)
A cidade de São Paulo tem uma história marcada pela busca de soluções para o
problema da alta densidade demográfica na região central, bem como o difícil tráfego
de carros, edificações insalubres e problemas de moradia.
Heitor Frúgoli Jr. (2000) retrata em seu livro “Centralidade em São Paulo” vários
momentos pelo qual a cidade passou, suas gestões políticas e seus planos de reforma
para o centro:
Com a gestão de Francisco Prestes Maia (1938-1945) a cidade passa por muitas
modificações, ele propõe uma reformulação no sistema viário, circulação e
transportes, diretrizes de embelezamento e arruamento, impulsionando assim o uso
do transporte individual com a abertura de grandes avenidas. Essas propostas
fundamentavam-se no fato de o centro da cidade não suportar mais a demanda de
veículos. As vias propostas no plano eram de penetração e expansão, convergiam para
pontos diferentes do núcleo central, o “novo centro” instala-se para além do Vale do
Anhangabaú em direção a Rua Barão de Itapetininga, São João e Avenida Ipiranga.
Segundo alguns autores citados por Frúgoli Jr. esse plano buscou atender a burguesia
industrial que ali se instalava, enquanto que a periferia foi ignorada. O centro ficou
destinado ao comércio e serviços, a periferia ficou como lugar habitável pela classe
popular e o quadrante sudoeste para a elite paulistana.
-Por quê?
-Porque é uma ilusão pensar que numa cidade, numa megalópole como São
Paulo, de um país pobre como o Brasil, se pode segregar uma área para a
mesma ter um padrão de Primeiro Mundo europeu. Então, você pode
imaginar que o modelo dos calçadões, que teve bastante êxito em algumas
cidades, como por exemplo Munique, na Alemanha, seja um processo válido
para o Brasil. O calçadão virou no Brasil um permanente problema de
‘mercado persa’. Não se conseguiu evitar. Isso é um processo que está se
agravando no dia a dia.
Celso Pitta (1997-2000) foi o prefeito sucessor de Paulo Maluf, e carregou para
sua gestão grandes dívidas deixadas pelo seu antecessor, bem como alguns projetos
pendentes como a Operação Urbana Centro, que foi aprovada em 1997.
Com a gestão José Serra (2005-2006) /Gilberto Kassab (2006- atual) alguns dos
programas da gestão anterior foram extintos. Logo no início do seu mandato algumas
iniciativas causaram muita polêmica, por exemplo, construção de rampas batizadas
“anti-mendigos” e um forte embate junto às ocupações (organizadas por movimentos
de moradia) de alguns edifícios no centro da cidade. Algumas intervenções foram
propostas tais como a Revitalização do Parque D. Pedro II, com proposta de
demolições do Viaduto Diário Popular e dos edifícios São Vito e Mercúrio, reforma da
Praça Roosevelt e o Projeto de Requalificação Urbana Nova Luz, tema do presente
trabalho.
1.3 HISTÓRICO DO BAIRRO SANTA IFIGÊNIA
[...] representou sem dúvida uma sanção moral, disciplinar e higiênica por
parte das autoridades municipais, com respaldo de parcelas da opinião
pública, já que o local representou um típico espaço de concentração dos
representantes nacionais das classes perigosas [...] (cf Santos, 1998:132-133
apud Frúgoli Jr, 2000:52).
Várias ruas são arborizadas com espécies européias, construiu-se muitas praças
e jardins, com destaque para o Parque da Luz em 1898, criação do Largo dos
Guaianazes (atual Praça Princesa Isabel) e a Praça da República. As obras de
melhoramentos para a região incluem a construção do Viaduto do Chá em 1913 para
facilitar a ligação entre o Largo São Bento com o Largo Santa Ifigênia, é dessa época
também a construção da Igreja Santa Ifigênia, o alargamento das ruas São João (hoje
avenida), Vitória, Conceição (atual Cásper Líbero), Estação (atual Rua Mauá). Com o
Plano de Avenidas de Prestes Maia o bairro de Santa Ifigênia é contemplado com o
alargamento e prolongamento das avenidas Ipiranga, Duque de Caxias e Cásper Líbero.
Carlos Vainer (2000) analisa alguns textos dos catalães citados anteriormente e
desenvolve um pensamento a respeito do planejamento estratégico, afirmando que o
discurso desse modelo pode ser representado a partir de três analogias: acidade
mercadoria, a cidade empresa e a cidade pátria.
O tudo é cultura da era que parece ter se inaugurado nos idos de 1960 teria
pois se transformado de vez naquilo que venho chamando de culturalismo
de mercado. De tal forma que a cultura - que nos primórdios da Era
Industrial se cristalizara como esfera autônoma dos valores antimercado-,
ao tornar-se imagem, quer dizer representação (como sabe qualquer
gerente de marketing numa sociedade do espetáculo), acabou moldando,
de um lado, indivíduos (ou coletividade imaginadas) que se auto-identificam
pelo consumo ostensivo de estilos e lealdade a todo tipo de marca; de
outro, o sistema altamente concentrado de provedores desses produtos tão
intangíveis quanto fabulosamente lucrativos.
Em 1974 a lei de zoneamento da cidade inclui uma nova zona chamada (Z8),
tratava-se de um tipo de área que exigia um estudo e regulamentação específicos e a
região da luz foi assim classificada. Contratou-se então o escritório de Rino Levi
Arquitetos Associados para desenvolver o projeto chamado de “Luz: renovação
urbana”. Os principais objetivos eram incentivar o adensamento populacional
construindo edifícios residenciais, postos de saúde, escolas e sistema de transporte
integrado (trem-metrô), valorização do patrimônio cultural e incentivo ao lazer e
cultura. Esse projeto ficou somente no papel, nunca foi implantado. Nota-se uma
primeira tentativa de reverter o processo de abandono causado pelas elites
paulistanas.
O conceito de gentrificação foi abordado primeira vez pela socióloga inglesa Ruth
Glass que formulou esse termo no início da década de sessenta para explicar o
fenômeno observado em antigos bairros do centro de Londres, onde a população de
classe média estava povoando essa área ao invés de se instalarem em subúrbios como
era o modelo dominante da época:
Neil Smith aponta o caso inglês como uma curiosidade marginal do mercado
residencial de Islington, algo pitoresco que as classes média e alta faziam por lazer. No
entanto um terço de século mais tarde esse processo evoluiu rapidamente e os
agentes do renascimento urbano se incorporaram ao Estado e às empresas, ou
participavam de parcerias público-privada. Smith chama a atenção para o fato de uma
experiência local e iniciada nas grandes cidades como Londres, Nova Iorque, Paris,
Sidney ter se tornado mundial, e se propagado pelos mais diversos centros de cidades,
com muita distinção entre si devido ao contexto e particularidades de cada local, mas,
independentemente de sua forma a “gentrificação implica no deslocamento dos
moradores das classes populares dos centros.” (SMITH, 2006: 63)
Um termo batiza o novo perfil de moradores dessas áreas: yuppie1. São jovens
de classe média alta, com grau de instrução alto, geralmente solteiros ou casais com
dupla renda. Enquanto isso acontecia com os jovens de classe média, famílias inteiras
foram expulsas de suas moradias, sobe o número de sem teto chegando aos 1,5% da
população da cidade.
O último período apontado por Smith (SMITH, 2000: 70) é partir de 1994, ele o
chama de gentrificação generalizada. Depois do crash da Bolsa em 1987 o processo de
gentrificação ficou estagnado, “os valores dos aluguéis baixaram, as taxas de vacância
subiram e as reabilitações, assim como novas construções foram rebaixadas ao
mínimo.”
1 "Yuppie" é uma derivação da sigla "YUP", expressão inglesa que significa "Young Urban Professional",
ou seja, Jovem Profissional Urbano.” Fonte: Wikipédia
West Side o processo prosseguiu. A partir de 1994 a gentrificação tem uma retomada e
se amplia a partir de 1996, agora o processo se generaliza por todo o centro da cidade:
A Associação Viva o Centro entrega a José Serra na época das eleições para
prefeitura de São Paulo, uma lista com 10 propostas para o centro, dentre elas consta
o projeto de requalificação para área da Luz.
Essa “retomada” ao centro de São Paulo faz parte de uma série de ações
combinadas juntamente com o Plano Diretor Estratégico, Plano Regional da Sub-
Prefeitura da Sé e da Operação Urbana Centro. O recorte de intervenção compreende
o bairro Santa Ifigênia, numa área de aproximadamente 362 mil metros quadrados,
servida de uma estrutura de transporte que conta com linhas de ônibus, trem e metrô
(esse último em expansão: Linha Amarela); equipamentos culturais tais como a
Pinacoteca do Estado de São Paulo, Museu de Artes Sacras, Escola de Música Tom
Jobim, Sala São Paulo, Estação Pinacoteca, Memorial da Resistência (antigo Dops),
Parque da Luz; ruas com forte potencial comercial tais como José Paulino e Santa
Ifigênia.
Quadra 69
Rua dos Protestantes esquina com a Rua dos Gusmões
Quadra 77
Rua vitória esquina com Rua General Couto de Magalhães
2º “[...] conjunto de ações a serem implantadas junto ao setor público municipal para
empreender flexibilidade e agilidade a todos os processos necessários à execução de
empreendimentos na região que envolvam a prefeitura do município de São Paulo.
Isso engloba desde a modificação de formas de trabalho dentro do poder municipal
até a alteração de mecanismos legais.”
3º “[...] envolve uma série de articulações a serem feitas junto ao setor privado e junto
ao setor público não municipal para a viabilização do projeto. Em relação ao setor
privado, essas articulações incluem principalmente ações voltadas a atrair
empreendimentos para a região e gestões no sentido de garantir sua viabilidade
financeira.”
Estudo de permanência
Espaços públicos
Cenário finalizado
4
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em 2006 a prefeitura exibe em sua página da internet uma propaganda para atrair os
empresários para a região da Luz, ao longo do argumento é colocado como causa da
deterioração os poucos investimentos privados e conseqüentemente a apropriação desses
espaços “por parcelas da população ligadas à criminalidade, fato esse que acentuou sua
degradação e conseqüente desvalorização.” Assim, a prefeitura se isenta de qualquer
responsabilidade, não reconhecendo que investiu por anos em outros setores da cidade.
O slogan de abertura da página “Nova Luz. Uma nova Luz para a cidade. Uma nova Luz
para seus negócios” tinha como pano de fundo pessoas felizes nas ruas com sacolas, ao lado
de vitrines; imagens dos equipamentos culturais como a Pinacoteca e a Sala São Paulo;
equipamentos educacionais; escritórios, além da imponente fachada da Estação da Luz. A
imagem cria um clima de tranqüilidade e ambiente democrático. “Na paisagem
aparentemente democrática, a extraordinária desigualdade do consumo exprime o poder
redobrado das classes que fizeram a linguagem da gentrificação chegar ao primeiro plano.”
(SMITH, 2006: 73)
O sentimento agudo de crise (grifos nossos) é difundido pela mídia que exibiu por
muito tempo imagens assustadoras da região da Luz, além de empregar termos que
fortaleceram a idéia de degradação, passou a generalizar toda a área como Cracolândia,
colocou como vítimas as pessoas que não poderiam circular tranqüilamente para desfrutar dos
equipamentos culturais que o bairro da Luz dispõe. Villaça (1999: 231) desenvolve um
pensamento interessante a respeito da naturalização dos termos aplicados aos processos
sociais: “[...] O centro de nossas cidades sofre um processo de deterioração. Deterioração
(sinônimo de apodrecimento) é um processo natural, inevitável, decorrente do
envelhecimento. Segundo essa versão, é o envelhecimento dos centros de nossas metrópoles
que estaria provocando sua ‘deterioração’. Não é seu abandono pela classe dominante.”
Segundo Villaça (1999: 231) “a classe dominante vem desenvolvendo uma ideologia
específica sobre o espaço urbano de nossas metrópoles, tendo por objetivo facilitar a
dominação através dele.” Complementando o pensamento anterior cita Chauí que define
ideologia como:
A área, a mais degradada do centro, é alvo de uma força tarefa desde o dia
23 de maio que reúne cerca de 600 pessoas, entre policiais militares, civis,
guardas civis metropolitanos e agentes da prefeitura.
O objetivo da ação, denominada "Operação Nova Luz", é a de realizar um
verdadeiro "pente fino" na área, com vistorias em hotéis, bares, guarda-
volumes e lojas. O foco principal, segundo a administração
municipal, é a revitalização da região2.
3 Com a intensificação das ações policiais na região de Santa Ifigênia, usuários de crack e
traficantes transferiram-se para cerca de 800 metros, no lado oposto da Avenida Duque de
Caxias. Os pontos mais nevrálgicos são ao longo da Alameda Barão de Piracicaba até os muros
da CPTM e ruas Guaianazes e Helvétia. Fonte:
http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,operacao-com-400-homens-prende-24-na-nova-
cracolandia,145588,0.htm
Com toda essa mobilização em torno da Cracolândia e um forte apelo midiático
sensacionalista, o sentimento agudo de crise é reforçado mais uma vez e passa a ganhar força
no cotidiano da população paulistana, até chegar ao que Carlos Vainer (2000) chama de
consenso. Depois disto alcançado chega-se o momento de articulações perversas abertas
publicamente, envolvidas em discursos que justificam iniciativas hostis 4. Percebe-se uma clara
semelhança entre o caso tema deste trabalho e o descrito por Carlos Vainer (2000) a respeito
dos princípios adotados no Rio de Janeiro, ao se promover a idéia de que a ‘forte visibilidade
da população de rua’ é um empecilho para o bom desenvolvimento do projeto. Esse
argumento é difundido para justificar ações violentas na remoção de muitas famílias
encortiçadas ou moradores de rua. O que se coloca aqui é este “estar visível” e não o
problema estrutural que permeia a questão em torno do consumo de crack.
Evidente, é quase supérfluo dizer quem ganha e quem perde, ou seja, quais
os primeiros a rebaixar os seus próprios padrões de qualidade civil. Não é
necessário muita pesquisa - aliás abundante no livro de Molotch e Logan-
para concluir que todo incremento de crescimento local , mantida as
correlações sociais vigentes, implica uma transferência de riqueza e chances
de vida, do público em geral para os grupos rentistas e seus associados. No
caso, mais aparatoso e quase consensual, por exemplo, da Cultura (quem
seria contra tal aprimoramento coletivo?) não é menos evidente essa troca
desigual: “o processo de construção da cidade distribui esculturas, museus,
edifícios de alto padrão atraindo aqueles que têm condições de escolher
onde viver, trabalhar e gozar sua afluência. As zonas favorecidas
incorporam, como lugares, o capital cultural que forja não somente seu
futuro privilegiado, mas reduz o futuro das áreas menos
favorecidas.”(MOLOTOCH, 258 apud ARANTES, 2000: 28)
4 “Eles fizeram uma operação para higienizar, ou seja, eles expulsaram os meninos de lá e
esses meninos fizeram o quê? Foram para a rua transversal ou para outra rua," argumenta
Lúcia Pinheiro, coordenadora-geral da Fundação Projeto Travessia."Hoje já está disseminado e
não há mais controle", alerta. Reportagem veiculada em 25/03/08 retirada do sítio:
http://g1.globo.com/Noticias/SaoPaulo/0,,MUL362682-5605,00.html
de ser uma obra pública sem licitação, mas no fato de desembolsarem 300 milhões de reais,
valor considerado astronômico5 por alguns críticos.
5 “A título de comparação, a Universidade Federal do ABC, cuja obra já está adiantada, tem em seu
programa equipamentos similares aos da nova escola de dança. Porém, sua área construída de cerca de
100 mil m² é cinco vezes maior, e foi licitada por R$ 96 milhões, 3 vezes menos do que o projeto para o
centro! Os arquitetos vencedores do projeto receberam R$ 3 milhões! Em outro exemplo, as obras do
novo terminal de passageiros do aeroporto de Florianópolis, que incluem a construção da infra-
estrutura de circulação das aeronaves e de acesso viário, foram licitadas em R$ 259 milhões, menos do
que a escola de dança e seus 20 mil m²!” João Sette Whitaker em matéria no sítio:
http://www.correiocidadania.com.br/content/view/2691/
8 Uma moradora do antigo Hotel Ibéria localizado na Rua dos Gusmões, relatou em recente
conversa (set./2009) que os valores das cartas de crédito oferecidas pela prefeitura são muito
baixos (algumas de 20mil outras de 35mil) causando um grande transtorno às famílias. O
deslocamento na cidade em busca de locais à serem vendidos por esse valor demora meses e
(freqüentemente sem sucesso), na maioria dos casos pede-se a revisão dessas cartas.
Um dos primeiros passos para iniciar o programa foi tratar das desapropriações, tarefa
difícil, pois os imóveis dessa região possuem diversos empecilhos, lotes com diversos
herdeiros, imóveis em processo de inventário e inquilinos (moradores de pensões ou donos de
lojas que alugavam esses espaços) que se sentiram lesados.
1 http://www.prefeitura.sp.gov.br/portal/a_cidade/noticias/index.php?p=19479
11
O urbanista Nabil Bonduki, primeiro suplente do PT na Câmara, fez duras
críticas ao projeto. ‘Não há no plano qualquer garantia para os mais fracos.’
Bonduki ainda chama a atenção para outro ponto que considera um
problema: os investimentos na região não serão só privados. "A linha 4 do
metrô está chegando com milhões de investimento do Estado. A antiga
rodoviária está sendo transformada numa escola de dança. Então, é preciso
balancear melhor o quanto as empresas vão lucrar com a valorização da
área e o quanto vão investir", afirmou o urbanista.12
A Concessão Urbanística Lei 14.918 foi aprovada no dia 22 de abril com 41 votos a
favor e 10 contras. No dia seguinte uma matéria da Folha de São Paulo13 exibe alguns detalhes
sobre a aprovação desta lei:
No dia seguinte (24/04/09) a imprensa revela uma lista com os nomes dos vereadores
que aprovaram a lei da Concessão Urbanística, nela constam quais receberam durante
campanha eleitoral doações da AIB (Associação Imobiliária Brasileira), com esta manchete
“Maioria que aprovou Nova Luz recebeu doação de imobiliária:14”
A terceirização da Nova Luz foi aprovada junto com outro projeto que dá
sustentação legal ao negócio: a concessão urbanística. Pelo texto aprovado,
a prefeitura poderá ceder à iniciativa privada o direito de desapropriar
imóveis em determinadas partes da cidade para a realização de melhorias.
Trata-se de um instrumento que exige cautela na sua aplicação, pois ao mesmo tempo
em que parece resolver o problema da prefeitura quanto a investimentos massivos numa área
degradada – dizendo que o risco é totalmente assumido pelo setor privado, sabemos que este
por sua vez não se arrisca sem a certeza absoluta de lucros – ao mesmo tempo significa uma
flexibilização dos instrumentos públicos e uma renúncia aos recursos que virão. Se o grupo de
comerciantes se sente ameaçado perante os agentes imobiliários, como fica a situação das
famílias que moram prédios antigos, como fica situação dos moradores de ruas, dos camelôs,
de todas as pessoas que ali residiram por muitos anos? Para onde serão encaminhadas (quem
as encaminhará)?
Cabe neste momento do debate resgatar um trecho de entrevista que revela como é
pensado o problema da habitação na região central de São Paulo. Abaixo entrevista concedida
por Orlando Almeida Filho (secretário municipal de habitação na época) à jornalista Natalia
Viana em 1º de novembro de 2005:
“Em SP, mercado imobiliário abandona cracolândia”15, é com essa manchete que o
jornal O Estado de São Paulo anuncia que mercado imobiliário desiste de investir na Nova Luz.
Segundo reportagem o que os impede de continuar investindo na área é a ZEIS-3. Querem tirar
a todo custo esse mecanismo que aparentemente tem por objetivo garantir que parte da
população com renda baixa possa ser inserida numa área que será valorizada. Nota-se nos
trechos da reportagem uma inclinação à gentrificação, ao usarem termos como ‘gueto’ para
explicitarem que essa parcela pode acarretar numa imagem negativa e diferente do todo
pretendido para a região, usam também a palavra ‘Cingapura’ para remeter aos conjuntos
habitacionais de péssima qualidade desenvolvidos na última gestão do ex-prefeito Paulo
Maluf. Segue abaixo trechos da reportagem que evidenciam cada vez mais a perversidade
desse setor:
Mesmo uma ZEIS não garante a permanência das classes menos favorecidas numa
região que será requalificada, no texto acima fica claro o posicionamento do representante da
prefeitura ao afirmar que o setor imobiliário pode sim lucrar com a construção de
apartamentos até 170 mil reais numa ZEIS, a realidade explicitada no texto contempla uma
classe que pode pagar por esse tipo de habitação, não representa assim os grupos que
estavam inseridos na área antes do projeto em análise - moradores de rua, cortiços, pensões,
casa de fundo de lojas, ocupações -. Outras políticas de enfrentamento deveriam ser
implementadas, por exemplo, o IPTU Progressivo visando a manutenção de terrenos vazios e
prédio subtilizados na região central.
O mote principal do Projeto de Requalificação Urbana Nova Luz sempre foi a parceria
público privada no qual o apelo a esse setor é extremamente atraente, com incentivos fiscais:
descontos em IPTU e ISS, a lei de Concessão Urbanística. O que podemos verificar com isso é
uma diluição do Estado, flexibilização das leis e legitimação de ações que degradam e reduzem
a qualidade de vida dos menos favorecidos, em nome do lucro e do mercado.
“Traga sua Luz” ação coletiva na região da Luz, realizada em maio de 2008
Fotos: Peetssa
BIBLIOGRAFIA:
ARANTES, Otilia; VAINER, Carlos e MARICATO, Ermínia. A cidade do pensamento único:
desmanchando consensos. Editora Vozes: Rio de Janeiro, 2000.
FRÚGOLI JR, Heitor. São Paulo: espaços públicos e interação social. São Paulo: Marco
Zero, 1995.
VILLAÇA, Flávio. Espaço intra-urbano no Brasil. São Paulo: Studio Nobel: FAPESP: Lincoln
Institute, 1998.
SITES CONSULTADOS:
http://ww2.prefeitura.sp.gov.br//nova_luz/decreto46996_anexo.asp
http://centrosp.prefeitura.sp.gov.br/projetos/novaluz.php
http://portal.prefeitura.sp.gov.br/empresas_autarquias/emurb/nova_luz/0005
http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,grupo-protesta-contra-projeto-de-concessao-
urbanistica-em-sp,340278,0.htm
http://www.vitruvius.com.br/minhacidade/mc142/mc142.asp
http://www.preservasp.org.br/forum/index.php?topic=15.0
http://www.vivaocentro.org.br/noticias/arquivo/101106_a_infonline.htm10/11/06
http://www.correiocidadania.com.br/content/view/2691/
ANEXOS
Anexo 1
Dispõe sobre a criação do Programa de Incentivos Seletivos para a região adjacente à Estação da Luz, na
área central do Município de São Paulo, nos termos que especifica.
JOSÉ SERRA, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei,
faz saber que a Câmara Municipal, em sessão de 30 de novembro de 2005, decretou e eu promulgo a
seguinte lei:
Art. 1º Fica instituído o Programa de Incentivos Seletivos para a região adjacente à Estação da Luz, com
o objetivo de promover e fomentar o desenvolvimento adequado dessa área central do Município de
São Paulo, nos termos das disposições constantes desta lei.
§ 1º Para os fins do Programa ora instituído, a região adjacente à Estação da Luz - região-alvo - é a área
compreendida pelo perímetro iniciado na intersecção da Avenida Rio Branco com a Avenida Duque de
Caxias, seguindo pela Avenida Duque de Caxias, Rua Mauá, Avenida Cásper Líbero, Avenida Ipiranga e
Avenida Rio Branco até o ponto inicial.
Art. 2º Fica o Poder Executivo autorizado a conceder incentivos fiscais aos contribuintes que realizarem
investimentos na região-alvo, observado o disposto nos arts. 7º, 8º e 9º desta lei.
a) 50% (cinqüenta por cento) do valor dos investimentos descritos no inciso I do art. 3º, desde que
efetivamente comprovados e destinados a imóveis de uso exclusivamente residencial;
b) 50% (cinqüenta por cento) do valor dos investimentos descritos nos incisos I e II do art. 3º, desde que
efetivamente comprovados e destinados às atividades comerciais previstas na Seção 1 da Tabela anexa
integrante desta lei, exercidas por estabelecimento do investidor situado na região-alvo;
c) 80% (oitenta por cento) do valor dos investimentos descritos nos incisos I e II do art. 3º, desde que
efetivamente comprovados e destinados às atividades de prestação de serviço previstas nas Seções 2 e
3 da Tabela anexa integrante desta lei, exercidas por estabelecimento do investidor situado na região-
alvo;
II - redução de 50% (cinqüenta por cento) do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU, referente ao
imóvel objeto do investimento;
III - redução de 50% (cinqüenta por cento) do Imposto sobre Transmissão "Inter Vivos" de Bens Imóveis -
ITBI-IV, referente ao imóvel objeto do investimento;
IV - redução de 60% (sessenta por cento) do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS
incidente sobre os serviços de construção civil referentes ao imóvel objeto do investimento;
V - redução de 60% (sessenta por cento) do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS incidente
sobre os serviços especificados na Seção 3 da Tabela anexa integrante desta lei, prestados por
estabelecimento da pessoa jurídica situado na região-alvo.
§ 2º Investimento, para os efeitos desta lei, é toda despesa de valor igual ou superior a R$ 50.000,00
(cinqüenta mil reais), efetivamente comprovada com a implantação, expansão ou modernização das
empresas que desenvolverem as atividades previstas nas Seções 1, 2 e 3 da Tabela anexa integrante
desta lei ou de empreendimentos residenciais na área referida no § 1º de seu art. 1º, compreendendo:
II - aquisição de terrenos;
§ 3º Investidor, para os efeitos desta lei, é a pessoa física ou jurídica previamente habilitada no
Programa de Incentivos Seletivos para a região-alvo.
§ 6º Os incentivos fiscais tratados nos incisos II e V do § 1º deste artigo serão concedidos pelo prazo de 5
(cinco) anos contado da conclusão do investimento.
§ 7º O valor do incentivo fiscal tratado no inciso III do § 1º deste artigo será somado ao valor do
Certificado de Incentivo ao Desenvolvimento de que trata o inciso I do mesmo parágrafo, no momento
de sua emissão.
§ 8º O incentivo fiscal tratado no inciso IV do § 1º deste artigo será concedido pelo prazo de 5 (cinco)
anos contado da aprovação do projeto de investimentos e ficará sujeito à verificação pelo Conselho do
Programa de Incentivos Seletivos, que poderá rever ou cassar sua concessão com base nessa verificação
e no projeto de investimentos aprovado.
§ 9º Caso haja aumento de alíquota, de 2% (dois por cento) para 5% (cinco por cento), do ISS incidente
sobre as atividades de prestação de serviços especificadas na Seção 2 da Tabela anexa integrante desta
lei, aplicar-se-á o incentivo fiscal de que trata o inciso V do § 1º deste artigo.
§ 10. O incentivo fiscal de que trata o inciso V do § 1º deste artigo não poderá resultar na redução da
alíquota mínima de 2% (dois por cento).
Art. 3º A concessão dos incentivos seletivos previstos nesta lei fica condicionada à aprovação de projeto
de investimentos que contenha os seguintes fatores:
Parágrafo único. Observada a legislação de uso e ocupação do solo, a efetivação desses fatores será
objeto de verificação pelo Conselho do Programa de Incentivos Seletivos, que expedirá, nos casos em
que couber, Termo de Conclusão do Investimento para fim de fruição do incentivo fiscal.
III - aquisição de créditos de bilhete único, para os funcionários que exercerem suas atividades no
estabelecimento do investidor localizado na região-alvo.
§ 3º Os certificados não poderão ser utilizados pelo investidor para o pagamento do Imposto sobre
Serviços de Qualquer Natureza - ISS por ele retido na fonte.
Art. 5º Fica criado o Conselho do Programa de Incentivos Seletivos para a região-alvo, composto pelos
Secretários Municipais de Planejamento, de Finanças e de Habitação, pelo Subprefeito da Sé, pelo
Presidente da Empresa Municipal de Urbanização, pelo Coordenador do Comitê de Desenvolvimento da
Cidade de São Paulo e por 2 (dois) representantes da sociedade civil, indicados pelo Prefeito.
§ 2º Os membros de que trata o "caput" deste artigo poderão indicar para representá-los no Conselho o
Secretário-Adjunto ou o Chefe de Gabinete, no caso das Secretarias, o Chefe de Gabinete, no caso da
Subprefeitura da Sé, ou o Vice-Presidente, no caso da Empresa Municipal de Urbanização.
Art. 6º Observados o valor estabelecido no inciso I do § 1º do art. 2º desta lei e o limite fixado na Lei
Orçamentária, compete ao Conselho do Programa de Incentivos Seletivos analisar e deliberar acerca dos
projetos de investimentos e dos pedidos de concessão dos incentivos, acompanhar e avaliar os
resultados dos projetos de investimentos, deliberando pela revisão, ou cassação, das concessões de
incentivos se for o caso, bem como formular as diretrizes da política pertinente ao Programa,
submetendo-as à ratificação do Prefeito.
Art. 7º Os incentivos fiscais decorrentes desta lei não poderão ser concedidos concomitantemente com
outros programas de incentivos seletivos.
Art. 8º Para atender as despesas decorrentes desta lei, no corrente exercício, fica o Poder Executivo
autorizado, nos termos do que dispõem os arts. 40 a 46 da Lei Federal nº 4.320, de 17 de março de
1964, a abrir crédito adicional especial no valor de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) e a criar
dotação orçamentária específica para tal finalidade.
Parágrafo único. O ato que abrir o crédito especial de que trata o "caput" deste artigo indicará a fonte
de recurso para atender a despesa.
Art. 9º A Lei Orçamentária fixará, anualmente, o valor destinado ao Programa de Incentivos Seletivos
ora criado.
Art. 10. O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 60 (sessenta) dias, contado da data de sua
publicação.
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 8 de dezembro de 2005, 452º da fundação de São
Paulo.
Anexo 2
DECRETO Nº 46.996, DE 13 DE FEVEREIRO DE 2006
Regulamenta a Lei nº 14.096, de 8 de dezembro de 2005, que dispõe sobre a criação do Programa de
Incentivos Seletivos para a região adjacente à Estação da Luz, na área central do Município de São Paulo,
nos termos que especifica.
JOSÉ SERRA, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas por lei,
D E C R E T A:
Art. 1º. O Programa de Incentivos Seletivos para a região adjacente à Estação da Luz, instituído nos
termos da Lei n 14.096, de 8 de dezembro de 2005, com o objetivo de promover e fomentar o
desenvolvimento adequado dessa área central do Município de São Paulo, fica regulamentado na
conformidade das disposições deste decreto.
§ 1º. A região adjacente à Estação da Luz - região-alvo - é a área compreendida pelo perímetro iniciado
na intersecção da Avenida Rio Branco com a Avenida Duque de Caxias, seguindo pela Avenida Duque de
Caxias, Rua Mauá, Avenida Cásper Líbero, Avenida Ipiranga e Avenida Rio Branco até o ponto inicial.
§ 2º. O Programa de Incentivos Seletivos vigorará até 9 de dezembro de 2015, respeitada a validade dos
Certificados de Incentivo ao Desenvolvimento, expedidos em razão do programa, bem como o prazo de
concessão dos incentivos fiscais tratados nos incisos II, III, IV e V do artigo 2º deste decreto.
Art. 2º. Os incentivos fiscais, a serem concedidos aos contribuintes que realizarem investimentos na
região-alvo, são os seguintes:
a) 50% (cinqüenta por cento) do valor dos investimentos descritos no inciso I do artigo 5º, desde que
efetivamente comprovados e destinados a imóveis de uso exclusivamente residencial;
b) 50% (cinqüenta por cento) do valor dos investimentos descritos nos incisos I e II do artigo 5º, desde
que efetivamente comprovados e destinados às atividades comerciais previstas na Seção 1 da Tabela
constante do Anexo Único integrante deste decreto, exercidas por estabelecimento do investidor
situado na região-alvo;
c) 80% (oitenta por cento) do valor dos investimentos descritos nos incisos I e II do artigo 5º, desde que
efetivamente comprovados e destinados às atividades de prestação de serviço previstas nas Seções 2 e
3 da Tabela constante do Anexo Único integrante deste decreto, exercidas por estabelecimento do
investidor situado na região-alvo;
II - redução de 50% (cinqüenta por cento) do Imposto Predial e Territorial Urbano - IPTU, referente ao
imóvel objeto de investimento;
III - redução de 50% (cinqüenta por cento) do Imposto sobre Transmissão "Inter Vivos" de Bens Imóveis -
ITBI-IV, referente ao imóvel objeto de investimento;
IV - redução de 60% (sessenta por cento) do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS
incidente sobre os serviços de construção civil referentes ao imóvel objeto do investimento;
V - redução de 60% (sessenta por cento) do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza - ISS incidente
sobre os serviços especificados na Seção 3 da Tabela constante do Anexo Único integrante deste
decreto, prestados por estabelecimento da pessoa jurídica situado na região-alvo.
§ 3º. Os incentivos fiscais tratados nos incisos II e V do "caput" deste artigo serão concedidos pelo prazo
de 5 (cinco) anos, contado da conclusão do investimento.
§ 4º. O valor do incentivo fiscal tratado no inciso III do "caput" deste artigo será somado ao valor do
Certificado de Incentivo ao Desenvolvimento de que trata o inciso I do mesmo artigo, no momento de
sua emissão.
§ 5º. O incentivo fiscal tratado no inciso IV do "caput" deste artigo será concedido pelo prazo de 5
(cinco) anos, contado da aprovação do projeto de investimentos, e ficará sujeito à verificação pelo
COLUZ, que poderá rever ou cassar sua concessão com base nessa verificação e no projeto de
investimentos aprovado.
Art. 3º. Para os efeitos deste decreto, investimento é toda despesa de valor igual ou superior a R$
50.000,00 (cinqüenta mil reais), efetivamente comprovada com a implantação, expansão ou
modernização das empresas que desenvolverem as atividades previstas nas Seções 1, 2 e 3 da Tabela
constante do Anexo Único integrante deste decreto, ou de empreendimentos residenciais na área
referida no § 1º do artigo 1º, compreendendo:
II - aquisição de terrenos;
Art. 4º. Para os efeitos deste decreto, investidor é a pessoa física ou jurídica previamente habilitada no
Programa de Incentivos Seletivos para a região-alvo.
Parágrafo único. A habilitação a que se refere o "caput" deste artigo dar-se-á mediante a inscrição do
investidor perante o COLUZ, ao qual caberá regular a forma e demais condições para a realização da
inscrição.
Art. 5º. A concessão dos incentivos seletivos fica condicionada à aprovação, pelo COLUZ, de projeto de
investimentos que contenha os seguintes fatores:
§ 1º. Observada a legislação de uso e ocupação do solo, a efetivação desses fatores será objeto de
verificação pelo COLUZ, que expedirá, nos casos em que couber, Termo de Conclusão do Investimento
para fim de fruição do incentivo fiscal.
§ 2º. A revisão ou cassação dos incentivos seletivos dar-se-á por meio de decisão do COLUZ.
§ 3º. A Prefeitura do Município de São Paulo poderá contratar empresas especializadas de auditoria
independente para auxiliar o COLUZ na análise do projeto de investimentos a que se refere o "caput"
deste artigo.
III - aquisição de créditos de bilhete único para os funcionários que exercerem suas atividades no
estabelecimento do investidor localizado na região-alvo.
§ 1º. Os certificados serão emitidos em nome do investidor, sendo permitida a transferência de sua
titularidade na forma que dispuser o COLUZ.
§ 3º. Os certificados não poderão ser utilizados pelo investidor para o pagamento do Imposto sobre
Serviços de Qualquer Natureza - ISS por ele retido na fonte.
Art. 7º. O COLUZ será composto pelos Secretários Municipais de Planejamento, de Finanças e de
Habitação, pelo Subprefeito da Sé, pelo Presidente da Empresa Municipal de Urbanização, pelo
Coordenador do Comitê de Desenvolvimento da Cidade de São Paulo e por 2 (dois) representantes da
sociedade civil, indicados pelo Prefeito nos termos do § 3º deste artigo.
§ 1º. Os membros mencionados no "caput" deste artigo poderão indicar, para representá-los no COLUZ,
o Secretário-Adjunto ou o Chefe de Gabinete, no caso das Secretarias, o Chefe de Gabinete, no caso da
Subprefeitura da Sé, ou o Vice-Presidente, no caso da Empresa Municipal de Urbanização.
§ 2º. O COLUZ deliberará por maioria simples e será presidido pelo representante da Secretaria
Municipal de Planejamento, a quem caberá o voto de desempate.
§ 3º. Os representantes da sociedade civil serão indicados de acordo com os seguintes critérios:
II - 1 (um) representante de organização de notório reconhecimento por sua relação com a área central
do município.
III - analisar e deliberar acerca dos projetos de investimentos e dos pedidos de concessão dos incentivos;
IV - acompanhar e avaliar os resultados dos projetos de investimentos, deliberando pela revisão ou pela
cassação das concessões de incentivos, quando for o caso;
§ 2º. A Assessoria Técnica do COLUZ elaborará parecer sobre o projeto de investimentos e o pedido
formulado, verificando o mérito e a possibilidade de enquadramento do projeto de investimentos no
Programa, bem como a regularidade fiscal do investidor perante as Fazendas Públicas, o Instituto
Nacional do Seguro Social - INSS e o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço - FGTS.
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 13 de fevereiro de 2006, 453º da fundação de São
Paulo.
Galeria de arte.
Loja de departamentos.
Shopping Center.
Supermercado ou hipermercado.
Serviços gráficos.
Digitação e datilografia.
Propaganda e publicidade.
GILBERTO KASSAB, Prefeito do Município de São Paulo, no uso das atribuições que lhe são conferidas
por lei, faz saber que a Câmara Municipal, em sessão de 22 de abril de 2009, decretou e eu promulgo a
seguinte lei:
Art. 1º. Fica o Executivo Municipal autorizado a aplicar a concessão urbanística na área delimitada pelo
perímetro da Nova Luz, na forma e atendidas as normas previstas na legislação municipal específica.
Parágrafo único. Para os fins desta lei, considera-se Nova Luz o conjunto das intervenções urbanísticas
necessárias para a execução de projeto urbanístico específico no perímetro definido pelas Avenidas
Casper Líbero, Ipiranga, São João, Duque de Caxias e Rua Mauá, no Distrito da República.
Art. 2º. Constituem diretrizes específicas da concessão urbanística autorizada pela presente lei:
§ 1º. As diretrizes específicas ora fixadas orientarão a elaboração do projeto urbanístico específico da
concessão urbanística e a fiscalização, por parte do poder concedente, da execução do contrato de
concessão urbanística.
§ 2º. De forma a viabilizar as diretrizes específicas ora estabelecidas, o Executivo Municipal efetuará o
cadastro dos moradores e das atividades econômicas instaladas no perímetro da concessão urbanística,
identificando, especialmente, as condições das moradias e a presença de empregos e geração de
tributos por parte dos estabelecimentos.
§ 3º. Caberá exclusivamente ao projeto urbanístico específico definir, dentre os imóveis situados no
perímetro da concessão urbanística, quais deverão ser objeto de desapropriação, demolição, reforma
ou construção, levando em conta os seguintes aspectos:
§ 5º. Nos termos a serem definidos pelo projeto urbanístico específico, tanto quanto possível, a
implantação progressiva da concessão urbanística dará prioridade, no tempo, à intervenção sobre
imóveis desocupados, aos que apresentem ocupação menos consolidada e aos imóveis que, de alguma
forma, causem prejuízos à adequada fruição urbana.
Art. 3º. Aplica-se às áreas do perímetro do Projeto Nova Luz, no que couber, a Lei nº 12.349, de 6 de
junho de 1997 - Operação Urbana Centro, especialmente os seus arts. 3º, 4º, 6º, 7º e 9º.
§ 1º. Poderão ser adotados, no perímetro do Projeto Nova Luz, os parâmetros urbanísticos decorrentes
da adesão à Operação Urbana Centro, nos termos da Lei nº 12.349, de 1997, ficando facultado ao Poder
Executivo considerar a respectiva contrapartida financeira como compreendida nas obras realizadas em
função do projeto ou no eventual valor pago ao poder concedente pela outorga da concessão
urbanística.
§ 2º. Não se aplicam ao Projeto Nova Luz o inciso I do "caput" do art. 4º e o § 1º do art. 6º da Lei nº
12.349, de 1997.
Art. 4º. Fica o Executivo Municipal obrigado a constituir o Conselho Gestor da Nova Luz, de formação
paritária, com representantes da Municipalidade e da sociedade civil, de forma a propiciar a
participação dos cidadãos interessados, tais como moradores, proprietários, usuários e
empreendedores, cabendo ao Conselho Gestor as providências necessárias para fiscalização, verificação
e acompanhamento do cumprimento das diretrizes gerais e específicas da intervenção urbana
integrantes do projeto urbanístico específico e do respectivo contrato de concessão urbanística.
§ 1º. O Conselho Gestor a que se refere o "caput" deste artigo será instituído após a celebração do
contrato de concessão urbanística.
§ 2º. Dos membros do Conselho, 50% (cinqüenta por cento) serão representantes do Executivo
Municipal e 50% (cinqüenta por cento) serão representantes da sociedade civil, indicados no Conselho
Municipal de Política Urbana - CMPU.
§ 4º. Será garantida a publicidade dos atos do Conselho Gestor, inclusive por meio da publicação das
atas das reuniões ordinárias e extraordinárias no Diário Oficial da Cidade e no site oficial da Prefeitura
Municipal de São Paulo.
PREFEITURA DO MUNICÍPIO DE SÃO PAULO, aos 7 de maio de 2009, 456º da fundação de São Paulo.