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UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO – UFTM

BACHAREL EM SERVIÇO SOCIAL

FERNANDA LIMA NOGUEIRA

SÍNTESE: RELAÇÕES RACIAIS NO BRASIL E A SUPEREXPLORAÇÃO DA


FORÇA DE TRABALHO: APONTAMENTOS E UM BREVE DIÁLOGO

Trabalho acadêmico apresentado


para compor nota na disciplina de
Processo de Trabalho e Serviço Social II.

Prof.ª Nathália Moreira Albino.

UBERABA – MG

2024
FAGUNDES, Gustavo. Relações raciais no Brasil e a superexploração da força de
trabalho: apontamentos e um breve diálogo. Disponível em:
https://econtents.bc.unicamp.br/inpec/index.php/cemarx/article/view/15146/10688.
Acesso em: 30 de jan. 2024.

Resumo: o artigo tem por intuito apresentar contribuições pertinentes no âmbito da


superexploração da força de trabalho e racismo estrutural. O autor ressalta que o
trabalhador negro foi uma das primeiras forças de superexploração relativa. Portanto, o
racismo estrutural e a superexploração da força de trabalho estão intimamente
interligados na produção geral do capitalismo.

INTRODUÇÃO

Este artigo apresenta uma abordagem entre a relação de superexploração da força


de trabalho e as relações raciais no Brasil, e como isso está intrínseco ao racismo
estrutural até o presente. O intuito é caminhar no sentido de abordar os temas que
perpassam pela questão racial – no que diz respeito a formação, consolidação e
funcionamento da sociedade brasileira.

SOBRE A DEPENDÊNCIA E A SUPEREXPLORAÇÃO DA FORÇA DE


TRABALHO

A priori, a formação socioeconômica brasileira sempre dependeu da referência de


economia de outros países, ou seja, caminha rumo ao capitalismo dependente desde seu
surgimento, em um dialogo com as relações raciais muito visíveis. A superexploração é
fruto da natureza desigual do capitalismo mundial, e a vemos em quatro pont os
específicos:

a. Pagamento da força de trabalho muito baixo;


b. Jornada de trabalho exaustiva;
c. Aumento da intensidade além do normal;
d. Desvalorização do valor da força de trabalho e remuneração do trabalhador.

Nesse sentido, são acentuadas a produção capitalista que estão submetidos os


trabalhadores e de forma agudizada atinge os trabalhadores negro. No cenário das
economias dependentes, há três pontos para o rebaixamento dos salários:

1. Crescente fator industrial de reserva;


2. Menor participação dos trabalhadores na circulação do capital;
3. Burguesia impõem o deslocamento do fundo de consumo do trabalhador para o
fundo de acumulação do capital.

É visível, que além de os trabalhadores estarem submetidos a superexploração, as


normas gerais da lei do valor, este também se insere em determinações especificas
negativas.

POPULAÇÃO EXCEDENTE, RACISMO E SUPEREXPLORAÇÃO DA FORÇA


DE TRABALHO

Desde o período escravagista, com a consolidação da estrutura social e econômica,


é notório a forma inferiorizada que a população negra é inserida em relação aos brancos
na sociedade. E, inegavelmente, ainda que a posteriori, viria a ser abolida a escravidão,
os negros, escravos, e até as mulheres não teriam chance de alcançar os melhores cargos
de trabalho, haja visto a discrepância social que foram submetidos.

Moura (2014, p. 210) afirma que sob o lema de que todos são iguais perante a lei,
as frações da classe dominantes brasileira sofisticaram os mecanismos de barragem social
após o 13 de maio, “isto levou a que o cidadão negro – ex-escravo – não encontrasse
oportunidade no mercado de trabalho”, provocando uma situação de inferioridade. Ou
seja, ainda que seja assegurado perante a lei, igualdade de todos, temos tamanha a
discrepância entres os cidadãos, compreendendo que o sistema capitalista sempre irá
prezar pela hegemonia social.
Algo que fica escancarado é que mesmo tempos após o fim da escravidão
revelada, as situações de desemprego e subemprego estiveram presente na vida desse
segmento populacional permanentemente.

Ao tratar da Lei Geral da Acumulação Capitalista, Karl Marx (2017) caracteriza


a questão:
(...) se uma população trabalhadora excedente é produto necessário da
acumulação ou do desenvolvimento da riqueza no sistema capitalista, ela se torna por
sua vez a alavanca da acumulação capitalista, e mesmo condição de existência do modo
de produção capitalista. Ela constitui um exército industrial de reserva disponível, que
pertence ao capital de maneira tão absoluta como se fosse criado e mantido por ele. Ela
proporciona o material humano a serviço das necessidades variáveis de expansão do
capital e sempre pronto para ser explorado, independentemente dos limites do
verdadeiro incremento da população (2017, p. 858)

É notório, que o sistema insere até aqueles que não atuam vendendo sua força de
trabalho, numa espécie de adeptos reserva, prontos para assumirem seus postos no
instante em que outros trabalhadores que já não estejam tão produtivos, forem retirados.

Além disso, a superexploração da força de trabalho é um elemento constitutivo da


estrutura de sociedade brasileira, vinculada diretamente ao racismo estrutural. O
capitalismo dependente permite a prioridade de força de trabalho ao trabalhador branco,
nacional e ou estrangeiro, enquanto que o trabalhador negro fica submetido aos setores
de subalternidade.

A VINCULAÇÃO ENTRE RACISMO ESTRUTURAL E SUPEREXPLORAÇÃO


DA FORÇA DE TRABALHO

A elação contraditória entre trabalhadores negros e brancos no Brasil, evidencia a


hierarquização funcional na reprodução ampliada do capital. Além disso, a inclusão do
conceito de superexploração da força de trabalho surge para compreender as relações
raciais no país. Silvio Almeida aborda o racismo em três níveis - individualista,
institucional e estrutural - destacando sua natureza sistêmica. Clóvis Moura relaciona o
racismo à formação do capitalismo no Brasil, enfatizando que a superação da opressão
racial não ocorrerá com o desenvolvimento desse modo de produção, apontando o Estado
e a dominação burguesa como fundamentais para a estrutura racista.
A normalidade social acaba sendo fortemente influenciada pelo racismo,
sustentando que o racismo não é um resquício da escravidão, mas uma parte fundamental
e necessária da estrutura socioeconômica brasileira capitalista. Essa visão considera o
racismo como uma manifestação das estruturas do sistema moldadas pela escravidão.

Ao analisar as condições de vida e trabalho com uma perspectiva racial, destaca-


se a disparidade entre trabalhadores formais e informais, com os negros enfrentando
adversidades significativas. Os dados apresentados mostram as desigualdades no
rendimento médio, indicando como a divisão racial do trabalho atua como um mecanismo
operante, mesmo sem legislação segregacionista aberta. Isso demonstra como os
diferentes projetos de nação adotados pela classe dominante convergem para a
institucionalização do racismo no Brasil.

Em síntese, a superexploração da força de trabalho no Brasil, aliada à presença do


racismo como uma sofisticada ferramenta de dominação, resulta em condições
desfavoráveis em comparação com os países centrais, com um impacto negativamente
maior sobre os trabalhadores negros.

Enquanto isso, a alta taxa de desemprego e a prevalência do trabalho informal


exacerbam as características da superexploração, haja visto que o racismo acentua essas
condições, impondo à população negra circunstâncias diferenciadas em relação aos
trabalhadores brancos, apesar de ambos enfrentarem degradação laboral.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A condição de dependência no Brasil impõe restrições significativas à melhoria


das condições de vida, especialmente para a maioria da população, predominantemente
composta por indivíduos negros. Embora os mecanismos da dependência possam operar
independentemente do racismo, é a persistência desse elemento como uma tecnologia de
dominação que amplia as manifestações da superexploração.

Destaca-se que a análise conjunta da superexploração e do racismo visa


compreender a dimensão estrutural desses fenômenos. Mesmo que operem em níveis de
abstração distintos, examinar como se retroalimentam é fundamental para aqueles que
buscam desmantelar as amarras da opressão racial e da exploração. Essa reflexão
representa um passo crucial em direção a um extenso programa de pesquisa sobre as
relações raciais no Brasil e o capitalismo

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