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TEXTO:

“Capítulo V - As universidades e o conhecimento da Idade Média". In: SILVA, Paulo Duarte & NASCIMENTO, Renata C.S.
p. 91-107.

SINOPSE:
O texto explora a complexidade das universidades medievais, entrelaçando aspectos institucionais, intelectuais, sociais e
políticos.

RESUMO:
O texto analisa a evolução das universidades medievais ao longo da historiografia, destacando três momentos distintos
de abordagem. Inicialmente, durante os séculos XVI-XVIII, os estudos buscavam celebrar a glória da instituição e defender
seus privilégios, minimizando a influência da Igreja. No século XIX, a abordagem positivista visava legitimar interesses
contemporâneos, enquanto a historiografia atual destaca-se pela interdisciplinaridade e foco nas dimensões social, política e
no conteúdo ensinado nas universidades.
O surgimento das universidades está associado a diversos contextos, como o intelectual, social e político, especialmente
o crescimento urbano. A autonomia das universidades era constantemente tensionada entre a submissão à Igreja e a busca
pela independência. Conflitos jurisdicionais eram comuns, e a criação de universidades espontâneas coexistia com aquelas
fundadas nos séculos XIV e XV.
Além do papel intelectual, as universidades exerciam funções importantes na sociedade medieval. Conflitos entre
acadêmicos e poderes terrenos contribuíram para o desenvolvimento das instituições acadêmicas. A fundação de
universidades por príncipes seculares no século XIV e XV levou ao surgimento de instituições regionais submissas, enquanto
aquelas localizadas em grandes centros mantinham sua autonomia.
A presença de mestres e estudantes influenciava a economia das cidades, mas também gerava conflitos sociais. A
transição de instituição religiosa para civil no século XIV trouxe estabilidade e privilégios, mas expôs as universidades às
influências do poder real e das elites sociais.

FICHAMENTO:
Citações: Pág. Comentários/explicação:
“É uma instituição especificamente medieval e 1 Pois o termo “universidade”está imbuído de uma questão
europeia.” organizacional específica, que surgiu na Europa da virada do
séc. XII e XIII, embora de fato houveram instituições de
ensino em outros lugares, como no mundo islamico.
“Universitas, durante a Idade Média funcionava 1
como um sinônimo de communio ou de
conjuratio, ou seja, uma associação formalizada
por um juramen.”
A UNIVERSIDADE MEDIEVAL NA HISTORIOGRAFIA
“[...] a principal preocupação ao produzirem seus 3 Com relação ao primeiro momento de trabalhos sobre as
estudos era celebrar a glória passada e presente da universidades, que remetem ao século XVI-XVIII.
instituição e defender seus privilégios
tradicionais.”
“[...] intenção de enfatizar a continuidade da Minimizando o papel da Igreja.
universidade a partir de suas origens medievais.
Havia um claro interesse em glorificar o poder do
rei [...]”
“Os reformadores universitários procuravam ao 3 Com relação ao segundo momento de trabalhos sobre as
mesmo tempo um modelo e uma legitimação universidades, que remetem ao século XIX, no que
histórica, buscando assim as “origens” medievais convencionou-se chamar de história erudita, metódica ou
da instituição que eles esperavam fazer renascer.” positivista.
“[...] procuravam ao mesmo tempo um modelo e A escola positivista foi marcada por pelo estudo do passado
uma legitimação histórica, buscando assim as visando a legitimação dos interesses contemporâneos, o que
“origens” medievais da instituição que eles não foi diferente na historiografia acerca das universidades
esperavam fazer renascer.” medievais.
“Além da atmosfera política e social, os 4 Com relação ao terceiro momento de trabalhos sobre as
medievalistas foram muito influenciados pelos universidades, que remetem às tendências atuais. Essa
trabalhos de sociólogos, de economistas e de historiografia destaca-se por sua interdisciplinaridade, e pelas
historiadores quantitativos.” três seguintes correntes: História social, política e a dedicada
“a compreensão dos conteúdos ensinados nas universidades”
O CONTEXTO DE SURGIMENTO E AS CARACTERÍSTICAS DAS UNIVERSIDADES
“Essa universidade não surgiu do nada, há 5 “Primeiramente, existe um contexto intelectual, desde o
diversos contextos que contribuíram para sua século XI, sob influência da Igreja [...]” pag. 5. Objetivo
gênese, estabelecimento e transformação.” principal de formar clérigos e teólogos.
“Há também um contexto social e político com a
estabilização dos poderes principescos e reais ao longo dos
séculos XI e XII.” pág. 5. Possibilitou o aumento
populacional nos centros urbanos, o que, por sua vez, gerou
demanda por “pessoas competentes e com conhecimento para
administração pública.” pág. 6.
“Mas, talvez, o contexto mais fundamental para o
desenvolvimento das universidades seja o do mundo urbano.”
pág. 6. Pois: “Podemos dizer, então, que as origens das
universidades estão, acima de tudo, na possibilidade de
comunicação e de circulação de pessoas, objetos e ideias na
urbanidade crescente do ocidente medieval.” pág. 6.
“A principal característica da universidade 6 Mestres e alunos formam guildas.
nascente do século XIII é se constituir como a
união jurídica [...]” “As universidades, assim, buscavam afirmar sua autonomia
[...]” pag. 7.
“[...] a universidade estava em uma posição que 7 Elas dependiam em grande parte da Igreja, pois se
oscilava entre a autonomia e a submissão.” beneficiaram do foro eclesiastico, assim livres da justiça
laica. O'Que gerava conflitos jurisdicionais constantes.
*Sobre os conflitos: primeira citação da pag. 10
“As universidades eram, no geral, de criação 7 Mas também houveram universidades criadas, acima de tudo
espontânea, ou seja, não havia nenhum ato nos sec. XIV e XV.
fundador ou ordem expressa [...]”
“[...] havia, no geral, uma organização 8 Eram 4 as faculdades (matérias): artes liberais, direito,
semelhante em todas elas. Os estudantes eram medicina e teologia.
agrupados em nações, segundo sua proveniência.
A universidade era subdivida em faculdades,
termo que se referia, primeiramente,à matéria
ensinada, depois à ordem dos estudos [...]”
“A escolástica, como método, sistema e 8 Escolástica = razão aristotélica + pensamento cristão (fonte
instituição, era indissociável do mundo das internet).
universidades onde ela foi criada (BOUREAU,
2011). Adotava-se a dialética como forma de Dialética consiste no uso do método, da summa: “A summa
elucidar uma verdade teológica ou jurídica [...]” sistemática deveria conter declaração, explicação e prova de
tudo que fosse necessário para a compreensão de um assunto
como um todo e em todas as suas partes essenciais.” pág. 8.
“era particularmente utilizado por teólogos (por exemplo, na
Suma Teológica de Tomás de Aquino) e juristas, tanto do
direito canônico quanto civil.” pág. 9.
*Não sei se o que entendi por summa está certo.
AS RELAÇÕES SOCIAIS E POLÍTICAS DAS UNIVERSIDADES
“Além do mais evidente papel intelectual das 9
universidades, elas também desempenharam
funções importantes nas demais esferas da
sociedade medieval.”
“O papado se interessava pelas universidades por 9 “A ação do papado sobre as universidades poderia ocorrer
diversos motivos. Obviamente, corporações pela fundação direta de instituições ou através da emissão de
compostas por acadêmicos que tinham certas bulas concedendo proteção e privilégios às universidades.”
liberdades serviam seus interesses melhor do que Pág. 10.
professores que eram controlados por ordens
religiosas ou por bispos locais.”
“Papado contra as aspirações dos poderes terrenos 10 “Os conflitos entre acadêmicos e com pessoas e instituições
e dos interesses regionais feudais.” pág. 10. fora das universidades acabaram contribuindo para o
desenvolvimento das instituições acadêmicas.” pág. 10.
“[...] estava fortemente ligada às políticas 11 Com relação aos interesses laicos na funcação de
territoriais [...]” universidades

“ [...] as disciplinas universitárias como a


filosofia, a teologia e o direito, serviam aos reis e
príncipes na elaboração de seus projetos de poder,
trazendo as justificativas teóricas e as referências
eruditas para legitimar suas ambições e
autoridade.”
“Ao longo dos séculos XIV e XV, a Europa viu a 11 Essa expansão foi responsável pelo surgimento de
fundação de muitas outras universidades por universidades regionais. Diferentemente das localizadas nos
iniciativa de príncipes seculares que desejavam grandes centros e com proteção papal, aquelas eram
dotar seus estados de centros de ensino submissas aos príncipes fundadores, enquanto estas
prestigiosos.” continuavam a desfrutar de autonomia.

“A presença de mestres e estudantes também 11-1 Como ficou evidente na grande greve de 1229 em Paris, que
desempenhava um papel crucial na economia das 2 durou dois anos e gerou acentuada queda econômica e até
cidades através de atividades comerciais e populacional (estudantes e mestres dispersaram-se pela
aumento de circulação de riquezas através do Europa).
dinheiro gasto [..]”
“O espaço urbano também levava à criação de 12 Circulação de gente na Europa.
novos laços sociais, principalmente entre os
estudantes vindos, muitas vezes, de lugares
distantes que formavam uma certa coesão de
grupo.”
“Os privilégios que mestres e estudantes detinham 12 O que gerou revolta, como em Oxford.
faziam com que a universidade, muitas vezes,
fosse vista como um corpo estranho à cidade [..]” “Esses conflitos tinham por consequência, também, um
processo de fortalecimento da coesão e solidariedade das
comunidades universitárias.” Pág. 13.
“Ao passar, cada vez mais, do estatuto de 13
instituição religiosa para instituição civil, a partir
de meados do século XIV, ela se estabilizou e
assegurou seus privilégios, mas se viu cada vez
mais exposta às determinações do poder real e das
elites sociais [...]”
CONCLUSÃO
“Podemos dizer, portanto, que a universidade 14
medieval faz parte de uma realidade ao mesmo
tempo institucional, intelectual, social e política e
o desafio dos estudos está em compreender como
essas realidades se articulam e interagem umas
sobre as outras.”

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