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DOI: https://doi.org/10.26512/rfmc.v7i3.

29302

Crise, Universidade e Humanidades em Perspectiva:


Apontamentos sobre Condições e Limites da Formação
em Filosofia
[Crisis, University and Humanities in Perspective: Notes on the
Conditions and Limits of Education in Philosophy]

Gilberto Tedeia*

Resumo: O ensaio que se segue trata dos desafios que se colocam aos
que estejam às voltas com a crise da Universidade, e compendia três
momentos da atividade de produção racional de conhecimento: um
retrato de algumas experiências pré-modernas dessa busca, o esgarça-
mento e crise do modelo de história que organiza a modernidade e al-
gumas diretrizes que estruturam tanto o sistema universitário quanto
a formação e o fazer filosóficos, para, no termo desse percurso, apon-
tar alguns dos desafios que se apresentam a quem se ocupe do tempo
lento e íntimo da formação em tempos regidos por demandas e blo-
queios movidos por uma dinâmica de tempo acelerado e meramente
presentista.
Palavras-chave: racionalidade; universidade; formação filosófica; me-
todologia filosófica; história.

Abstract: The following essay investigates the challenges facing


those who are dealing with the university crisis. Its aim is to present
three moments of the activity of rational production of knowledge: a
portrait of some pre-modern experiences of the search for knowledge,
the crisis of the model of history that organizes modernity and some
guidelines that structure both the university system and the philo-
sophical education. At the end of this journey, the article points out
some of the challenges that are presented to those who deal with the
slow and intimate time of study in times governed by instructions
and prohibitions driven by a dynamic of accelerated time.
Keywords: rationality; university; philosophical education; philo-
sophical methodology; history.

* Professor Adjunto do Departamento de Filosofia da Universidade de Brasília (UnB). Doutor em Filosofia pela
Universidade de São Paulo (USP). Email: praticaradical@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-5588-
7479.

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I - Introdução RESUMOS, 2019).


Um dos diferentes minicursos
O I Simpósio Internacional de Hu- ofertados, “Universidade em pers-
manidades, promovido pelo Ins- pectiva e o trabalho filosófico:
tituto de Ciências Humanas da do debate ‘Por que filósofo?’ à
UnB, IH-UnB, de 21 a 23 de ou- crise do modelo humboldtiano
tubro de 2019, buscou articular de universidade”, teve como ho-
reflexivamente um diálogo en- rizonte a suspeita lançada pelos
volvendo, sobretudo, as áreas de gestores de turno do sistema edu-
Geografia, Serviço Social, Histó- cacional brasileiro contra o sen-
ria e Filosofia, por conta mesmo tido mesmo do trabalho concei-
da articulação dessas áreas sob tual, de modo geral, e da teoria
o guarda-chuva institucional for- e prática filosóficas, em especial,
mado pelos Departamentos subor- repetidas vezes objeto de escár-
dinados ao Instituto de Ciências nio, desqualificação e injúrias pro-
Humanas dessa Universidade. feridas pelo próprio ministro de
Conforme se lê na apresentação Estado responsável pela pasta da
do evento à comunidade acadê- Educação.
mica, o objetivo do evento foi De saída, dentre as várias in-
“pensar a relação entre a produ- ferências que tal conjuntura pos-
ção dos saberes nas Universidades sibilita às políticas educacionais
Públicas e os vínculos estabeleci- universitárias, colocar-se a ques-
dos por estes com a sociedade”, tão da relevância das humanida-
de forma tal “que ressaltem a re- des faz lembrar a defesa do uso
flexão das ciências humanas como público da razão entre letrados no
propulsoras para a formulação e texto de Kant: “Em resposta à per-
avaliação em diálogo com as de- gunta: o que é esclarecimento?”
mais ciências”. Destaca-se o papel (dentre as várias versões para o
decisivo das ciências humanas na português, destaca-se a tradução
“construção de novas epistemes de Vinícius Figueiredo, in KANT
no desenvolvimento do conheci- 2009). Como lembra a nota in-
mento no que se refere à apro- trodutória do tradutor, trata-se
priação ética e política do espaço da defesa da dimensão crítica,
público” mediante “perspectivas logo, intersubjetiva, do trabalho
teóricas e metodológicas que vi- do pensamento.
sam ampliar os campos de inter- Por estarem sob ataques, seja o
locução do cientista das humani- uso livre da razão retomado pela
dades com os demais campos do Resposta à pergunta, seja a rele-
conhecimento” (CADERNO DE vância ou mesmo a “utilidade”

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do pensamento filosófico, em par- 2 - Fé e saber são mesmo incom-


ticular, e das humanidades em patíveis?
geral, no debate contemporâneo,
surgem naturalmente reflexões a Quando Kant escreveu seu texto,
demarcar tanto a autonomia do o fio condutor de seu argumento
trabalho intelectual, quanto a ne- buscava responder às acusações
cessidade de liberdade, de perfil de ameaça à ordem pública im-
republicano, para a sua efetiva- plicadas pela defesa do livre uso
ção nos espaços institucionais de da razão.
que se dispõe, entre os alemães Na medida em que é parte do
nos anos 1780 como no mundo senso comum “identitário” nos
afora hoje, para tais projetos for- dias de hoje a desqualificação su-
madores, publicações e pesquisas mária da leitura e uso de auto-
na área. res europeus, tido como indica-
Ante a impossibilidade mesmo dor de colonialismo cultural ou
de resposta clara acerca do “quem, coisa pior, este ensaio coloca-se,
como, quando, onde e por que” de saída, na companhia de al-
tais suspeitas prosperam, a pro- guns árabes muçulmanos de fins
posta do minicurso percorreu do primeiro milênio da Era Co-
a história do desembarque da mum, a fim de delinear algumas
filosofia universitária no país, das manifestações de como o de-
atendo-se com vagar nos elemen- bate pode reservar autonomia ou
tos formadores do projeto desen- mesmo protagonismo filosófico na
volvido, em seus frutos, e apontou relação com a religião, sem que
alguns dos limites disso que de- isso implique desqualificar a rela-
pois tornou-se a cor local da intro- ção entre o fiel e seu credo.
dução à prática filosófica, aspectos Naquele cenário, não era lugar-
de um debate um tanto consoli- comum a desqualificação sumá-
dado entre nós. ria da reflexão filosófica, assumida
Ainda assim, para além de suas como peça estruturante mesmo de
dimensões técnicas, resta a per- suas obras. A conformar todo um
gunta: o que se passa com as hu- trabalho coletivo que durara sécu-
manidades em geral, e a filoso- los entre os árabes, seria até im-
fia em particular, após o trata- próprio associar a tradição mu-
mento privilegiado com sinal tro- çulmana de seus primeiros sécu-
cado granjeado pelas esferas ins- los com o obscurantismo de al-
titucionais do Poder Executivo fe- gumas correntes fomentadas pelo
deral? Ocidente, desde fins do XIX, e que
buscaram melhor viabilizar a ocu-
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pação ou exploração de seus ter- sando pela Física e Matemática,


ritórios e populações desde então com a Metafísica ocupando o cen-
por interesses geopolíticos fomen- tro de suas atenções, aproximando
tadores de políticas imperialistas temas aristotélicos e platônicos
colonizadoras. do Alcorão, dividindo o conhe-
A defesa kantiana da liberdade cimento em dois campos, teórico
da esfera pública para o uso da e prático (respectivamente, mate-
razão, bem antes de ter sido ar- mática, física e metafísica, e eco-
duamente tecida durante o Sé- nomia, ética e política). Assim,
culo das Luzes, tendo seu ponto ao invés da religião tratar a in-
alto na Aufklärung alemã, foi uma vestigação filosófica como algo a
experiência há séculos já cotidi- ser suprimido, o que vemos é an-
ana no mundo árabe. Vejamos tes algo que antecede em séculos
de modo resumido quatro nomes, o que os europeus na moderni-
com a grafia romanizada, no in- dade iriam descobrir: é necessário
terior dessa tradição. (Para o que o trabalho conceitual filosófico até
se segue, foram consultados MAR- mesmo para uma melhor relação
TIM, 2003-4; CAMPO, 2009). entre o homem e a natureza.
Ibn Sina (980-1037), o Avicena Abū Nar Muammad ibn Muam-
entre os ocidentais, é um autor mad al Fārābı̄ (872-951) foi um
canônico na área da Medicina, por persa conhecido como o “Segundo
mais de 600 anos tido como re- Mestre” numa linhagem em que
ferência no espaço europeu, por Aristóteles era o primeiro. Seus
estabelecer e classificar relações textos tratam de temas que vão
de causalidade entre uma doença de lógica e música a medicina
e seus sintomas, ligando a saúde e, sobretudo, filosofia, que então
física ao ambiente e à influência ele separa do domínio teológico.
de fatores mentais, além de di- Ainda que operando na conhe-
vidir os cuidados médicos con- cida chave de conciliar as verda-
forme a faixa etária, de pediátri- des filosóficas com as teológicas,
cos e adultos a geriátricos, tendo comum ao Ocidente no período,
ainda formulado a hipótese da sua originalidade no debate entre
transmissibilidade pelo contágio os árabes foi a defesa da racionali-
com base em observações empíri- dade humana como forma de co-
cas, com contribuições nas áreas nhecimento superior à revelação.
de pediatria, ginecologia e anato- A maneira como contrapõe o tra-
mia. Ele também apresenta todo balho da imaginação pela religião
um sistema filosófico tendo como à percepção intelectual levou-o à
ponto de partida a Lógica, pas- defesa do filósofo como chefe po-

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lítico, por ser ele o líder ideal, gra- tratavam o conhecimento humano
ças ao poder superior do intelecto como descartável e supérfluo, in-
e da razão. cluindo aí o próprio alfabeto (para
Contraposto a ele, Abū āmid mais detalhes, cf. VECKET 1913).
Muammad ibn Muammad a-ūsı̄y O que se passou, então, para
al-Ġazālı̄y (1058-1111), dentre que, primeiro, de modo discreto,
suas várias atividades, é um fi- desde fins do séc. XIX, e, de modo
lósofo que, junto do combate ao explícito e concretamente obser-
neoplatonismo, é atento aos cui- vado como prática dominante no
dados com a alma crente, e bus- universo das produções simbóli-
cou um tipo de conhecimento me- cas postas a circular como porta-
diante uma pergunta semelhante doras de valor cultural, desde me-
à cartesiana: que tipo de conhe- ados do XX, a busca e circulação
cimento pode resistir à dúvida? do pensamento sejam não apenas
Por essa via, trata da natureza e perseguidas ou silenciadas, mas
atributos divinos com base no Al- desdenhadas e descartadas como
corão, ao mesmo tempo em que irrelevantes? Esse giro pelos ára-
busca pontes entre a religião e a bes decorre da intenção de se to-
filosofia aristotélica, sendo lido e mar, como ponto de partida, algo
usado até por Tomás de Aquino. que, de saída, estivesse “fora” da
Ademais, sempre reservara espaço arapuca armada pelo Ocidente,
para as conquistas, descobertas e em que todos estamos enredados,
avanços nas ciências naturais deri- da qual se tratará a seguir antes de
vadas dos trabalhos dos filósofos. passarmos ao problema específico
Não poderia ficar de fora nessa das condições da produção social
recensão Abū l-Walı̄d Muammad e coletiva de conhecimentos, so-
Ibn Amad Ibn Rušd (1126-1198), bretudo nas humanidades.
latinizado como Averroes, cujos
comentários de Platão e Aristóte-
les desfrutaram de uma recepção
3 - Noção de história como orga-
no Ocidente ainda mais popular
nizadora de questões e práticas, e
que no mundo árabe.
seu colapso contemporâneo
Por fim, tudo somado, desta-
quemos que, na tradição ociden- Paulo Arantes, em O novo tempo
tal, desde os primeiros padres da do mundo (ARANTES, 2014), no
Igreja, como Orígenes, até Pascal ensaio que abre o livro, busca
ou Kierkegaard, não há muito es- entender o recorte lançado por
paço para correntes como os abe- Koselleck, sobre como enten-
cedarianos alemães do XVI, que der o fechamento do futuro por
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um tempo presente como mero nário se aprofundou, e surge o


“presentismo”, que se fecha ao horizonte não só de que o pior
trabalho da imaginação de pen- aconteceu (de Auschwitz a Hi-
sar o não experimentado (cf. KO- roshima e Nagasaki), mas que te-
SELLECK, 2006, p. 305 et pas- remos de fazer de tudo para evi-
sim). Para tanto, apoiando-se na tar o fim de tudo. A partir do co-
organização social sob a chave lapso do Maio de 68 francês, sur-
da economia-mundo tratada por gem novas formas de atuação mi-
Braudel, pergunta-se pelo que litante (com destaque para a cria-
leva ao esvaziamento das pro- ção da ONG Médicos Sem Frontei-
messas de futuro, e, consequen- ras) que trazem à gestão política o
temente, ao rebaixamento do ho- caráter de urgência a fim de evitar
rizonte de expectativas que mar- a catástrofe; desde então, a prá-
cam a experiência histórica mo- tica política assume como mote,
derna. Como o mostra Hobsbawm cada vez mais, o foco em interven-
no seu Era das Revoluções, havia ções pontuais que adiem o colapso
nas revoluções liberais modernas, da “questão social”. Nesse regis-
da puritana, passando pela ameri- tro, entra em cena um terceiro
cana, à francesa, um contraponto paradigma, o da crise: se antes
entre a história que se conhece, a “direita” é “integrada” e a es-
o presente, e o futuro desconhe- querda, “apocalíptica”, para usar
cido, dimensão que moveu as uto- a disjuntiva criada por Umberto
pias revolucionárias até o começo Eco, agora, por um lado, as for-
do XX. Alguma coisa se passou ças do status quo voltam-se para a
para que, entre o XIX e o XX, gestão apocalíptica de crises que
a revolução deixasse de ser algo só se aprofundam, e, quanto à es-
que potencialmente levaria a uma querda, é a contraparte integrada
guerra civil, como para Engels, e do esquema, mediante abandono
fosse substituída por um recorte até mesmo de categorias conceitu-
em que a movimentação revolu- ais que tecessem a superação dos
cionária torna-se uma consequên- impasses postos pela crise de re-
cia da guerra, como o foi com Le- alização do valor no capitalismo
nin. Passo seguinte, é a guerra que contemporâneo.
se torna algo mais palpável que a O que temos? Um grande mo-
própria Revolução, e a construção vimento em pinça pelo qual, es-
de um “novo tempo” cede espaço querda e direita, integrados e an-
para algo como “fazer de tudo tissistêmicos, agem sob a mesma
para garantir que nada mude”. lógica, a de evitar que o mundo tal
Após a Segunda Guerra, esse ce- como se conhece esfarele-se numa

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grande catástrofe, seja atômica, da razão na história que leva à


ambiental, terrorista, epidemio- ruína aquilo que perece, o tal
lógica. Tudo somado, como hori- “motor dialético da história”, com
zonte da luta política restou evitar o girar em falso desse motor, a hu-
a queda no esquecimento dos que manidade inteira está subsumida
foram massacrados, dos direitos a à dominância de um capitalismo
serem reparados, do conteúdo das que se recusa a ruir. Não é de se
derrotas dos povos e segmentos desprezar a dinâmica que move
sociais oprimidos. o metabolismo social que o sus-
As dimensões postas pelo pas- tenta: na defesa de seus interes-
sado passam a constituir a concre- ses, essa dinâmica pode até acabar
tude das experiências históricas com o planeta inteiro, se isso for
de embates e demandas que, no alternativa à sua ruína.
presente, organizam o olhar para Estamos, desse modo, num
o futuro. Em suma: olha-se para curto-circuito gerado pelo legado
o futuro olhando-se para o pas- europeu ao mundo, a sociabili-
sado, que se recusa a deixar de ser dade capitalista que justapôs ex-
presente – como o afirmou Drum- periências locais de diferentes po-
mond, referindo-se ao que parecia vos e com temporalidades distin-
ser apenas um aleijão brasileiro, tas em um mesmo espaço, que
que agora, valendo-se de uma fór- tudo torna mensurável quantita-
mula de Paulo Arantes, se pode- tivamente, e que leva ao impasse
ria nomear como “fratura brasi- que estamos reconstituindo:
leira do mundo”: um estado de
crise permanente, apoiado em de- Essa mesma brisa mari-
sigualdades sociais ossificadas. nha que impulsionou o
O que se torna o espaço para grande transbordamento
a ação e para o pensamento num capitalista da economia-
mundo em que a experiência da mundo europeia também
história fechou-se em um cenário ajudou a disparar a fle-
que faz valer o bordão “farinha cha do tempo braude-
pouca, meu pirão primeiro”? liano do mundo, orien-
Chegamos a uma inversão. A tado segundo uma iné-
grande conquista moderna pela dita linha do horizonte,
qual o ser humano tornou-se se- cujo ponto de fuga (. . .) se
nhor da natureza transforma-se apresenta como um novo
na impotência coletiva em opor- tempo em que a diferença
se a essa “segunda natureza”. Po- entre experiência e expec-
rém, despido do fluxo hegeliano tativa não para de crescer
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(ARANTES, 2014, p. 48). de uma humanidade pautada pelo


desenvolvimento de cada um se-
Reduzidos todos à luta para evitar gundo suas potencialidades e afi-
o pior, a desintegração ou esgar- nidades.
çamento sociais mediante a pre- A ideia de formação como pro-
servação do que resta, como en- jeto organizou o sistema universi-
tender o lugar identificado como tário ocidental, contudo, nos ter-
aquele ocupado e que foi perdido mos mesmo do indivíduo que faz
pela Universidade e pelas huma- uso de seu próprio entendimento
nidades? sem a tutela de outrem, essa é uma
soleira aberta para a passagem de
poucos, e pode ser dita elitista.
Como o mostra Waizbort, na
4 - Humanidades à luz da univer-
companhia de Weber, com a ame-
sidade que feneceu
ricanização do sistema acadê-
O recorte da história aberto ao fu- mico, dependente cada vez mais
turo como expectativa plena de de somas vultuosas de verbas e
possibilidades produziu ao seu cada vez mais cindido em áreas
tempo bons frutos. No começo do isoladas, a prescindir daquele
século XIX, um desses frutos foi “amálgama” dado pela filosofia
a ideia de universidade conhecida no XIX, entra em cena na passa-
como humboldtiana (para o que gem para o séc. XX um modelo de
se segue, cf. WAIZBORT, 2015). universidade que forma especia-
Uma das conquistas das Luzes na listas. Embora ainda seja algo bas-
Alemanha entra em cena com a tante exaustivo, o modelo de ativi-
criação da Universidade de Berlim dade acadêmica produz algo como
em 1810, a instituição que, a um o “idiota especializado”. Por fim,
só tempo, forma a personalidade pressões políticas populares, por
do jovem, o introduz no mundo um lado, e a crise (olha ela aqui,
da cultura e promove o encontro a “crise”) do modelo de financia-
da personalidade cultivada com mento, tido como caro se levado
a perspectiva de uma universali- em conta o “retorno social” de
dade dada a conhecer pelo olhar suas atividades, eufemismo que
filosófico – modo de superar a ci- nomeia a sua captura pelo padrão
são das diferentes esferas do saber de medida de lucratividade e ra-
em áreas estanques – e consolida pidez no processo de formação
a ideia de indivíduo emancipado acadêmica, levam à dominância
em uma comunidade que, desse um terceiro modelo, o da universi-
modo, caminha para a edificação dade interessada em titulação em

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massa e que despeja no mercado crítica literária e das artes, da so-


alguém que não é nem “formado”, ciologia, história e... da filosofia.
nem “especialista”, e sim alguém Entretanto, o modelo da univer-
capaz de vender e consumir duas sidade massificada que entra em
mercadorias: sua força de traba- cena após os anos 70, se por um
lho e um emprego. A universi- lado atende à demanda social por
dade torna-se, assim, a escada e maior acesso à universidade, teve
via de acesso ao mercado de con- o seu preço: a série de exigências
sumo de formas de vidas e coisas. meramente quantitativas altera a
Grosso modo, os três modelos po- relação dos pesquisadores com a
dem hoje coexistir numa mesma sua pesquisa e com a docência,
instituição. pautados pela ideia de diminuição
O interessante dessa história de de custos, aumento de produtivi-
dois séculos é a originalidade da dade e diminuição do tempo gasto
entrada em cena, no Brasil, desse na formação acadêmica.
invento (para o que se segue, cf. A isso soma-se a exígua pre-
ARANTES 1995, 1997). Enquanto sença de fundos públicos tanto no
nos países centrais do sistema- ensino básico quanto nas políticas
mundo a universidade já há muito sociais em geral, levando aos ban-
estava segmentada em áreas e es- cos universitários um contingente
pecializações, o desembarque no populacional monoglota, paupe-
Brasil desse invento se deu nos rizado e interessado em uma ti-
anos 30, mediante a importação tulação em tempo mínimo para
de professores formados sob as di- que possa vender-se o quanto an-
retrizes clássicas já em declínio. tes como força de trabalho.
Deu-se o que Arantes chamou de O pouco que resta de
Aufklärung temporã: todo um cui- “formação” (cf. WAIZBORT,
dado epistemológico e formador 2015) encastela-se nos programas
fez nascer no país as mais diferen- de pós-graduação, em grupos de
tes e fecundas experiências con- pesquisa e, sobretudo, no traba-
ceituais e críticas, às voltas com lho que não rende nem pontuação
uma questão, a bem dizer, intra- nem visibilidade social, que são os
científica, que foi a construção grupos de estudo.
de um conhecimento rigoroso. E Nesse cenário encontram-se os
esse conhecimento rigoroso por- que, hoje, discutem a “crise das
tava, ademais, uma dimensão crí- humanidades”.
tica interessante, que colocava no-
vos modos de pensar o problema
da formação nacional por meio da

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5 - O que é ser filósofo hoje? o que se passa ao alcance de sua


curiosidade, uma história, por-
O perfil geral da aclimatação tanto, de algum começo (cf. GI-
brasileira da pesquisa e ensino ANNOTTI, 1976).
filosóficos pautada pelo rigor O problema é conseguir realizar
e acuidade conceituais é, an- um sistema de produção e circula-
tes do desembarque do modelo ção de objetos identificados como
humboldtiano, ausente ou me- obra de alguém mexendo com fi-
ramente diletante, sem que for- losofia. Em tempos de ensino com
masse “sistema”, ou seja, sem que acelerado destaque na diplomação
formasse herdeiros, com a ativi- em massa, a circunstância que en-
dade filosófica nacional conde- volve o ensino e a prática de filoso-
nada, dito de modo resumido, a fia universitária importa, e muito.
recomeçar sempre do zero, sem Não é franqueado o acesso livre
contar os aleijões próprios à for- a qualquer interessado em pro-
mação filosófica atravessada pelo duzir vacinas ou tirar uma ponte
diletantismo, pela paixão pela no- da prancheta. Analogamente, há
vidade e pelo contato superficial de se reconhecer alguns elemen-
com as obras dos autores estuda- tos sem os quais não é possível se
dos. dizer, menos ainda “construir” ou
A formação da cultura filosó- “elaborar”, filosofia.
fica do estudante interessado em A “prática filosófica” que se ins-
respostas, que imagina serem tra- taura ao longo da história naci-
balhadas num curso de filosofia, é onal considera o texto filosófico
o ponto de partida local e resul- em dois registros básicos (para o
tado de uma história de leitura que se segue, cf. MAUGÜÉ, 1955,
e análise pautadas por diretri- GOLDSCHMIDT, 1963, GUÉ-
zes cuja “certidão de nascimento” ROULT, 1979): (1) o do anda-
encontra-se num texto de Jean mento da relação entre as ideias
Maugüé (cf. ARANTES, 1995, (movimento lógico) e (2) com três
CORDEIRO, 2008), que critica o ordens de dificuldades próprias
modelo pautado pelo desfile de ao leitor e que somente ele pode
retalhos de correntes e sistemas resolver: (2.1) as dificuldades pró-
de pensamento a sufocar a chama prias à exposição do movimento
do interesse e dedicação do jo- de encadeamento das ideias con-
vem iniciante, movido pela inqui- tidas no texto, que levam o lei-
etante busca de modos de pensar tor a produzir um texto sobre o
o mundo, de contar a sua histó- texto que lê, um texto que busca
ria, de conhecer o porquê de tudo “contar-nos de que se trata”, an-

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tes até de qualquer adaptação do fio de lidar com alunos dedicados


seu relato às particularidades de movidos por certezas políticas,
gênero textual ou escola filosófica vontade de entender o mundo,
que se aproxime do escrito. sem que isso implique nem pe-
Sob essa chave, iniciar-se na lei- dantismo nem marca de distinção
tura de textos filosóficos é iniciar- social, o trabalho de formar filó-
se na apreensão do processo de sofos tem a tarefa árdua de supe-
elaboração das ideias, tendo por rar a leitura de manuais e resu-
meta a posterior reposição do ano- mos (cf. MAUGÜÉ, 1955) medi-
tado, organizado, preparado e es- ante o contato direto com os textos
crito pelo leitor a um ouvinte ima- clássicos, contato que forma uma
ginário, antevendo-se já ser esse cultura pessoal e íntima no decor-
ouvinte, por seu turno, quem pro- rer desse aprendizado, sendo o re-
duzirá (seja como pesquisador, de sultado desse processo a expres-
pós-graduando a pós-doutor, seja são material da ideia mesma de
como professor) um texto a ser formação (cf. RANCIÈRE, 2002),
lido, escutado, visto, a depender posta em marcha pelo modelo de
do suporte, como o exigido por universidade que organiza a vida
demonstrações em aulas de lógica intelectual ocidental.
modal. Destacam-se algumas diretri-
Há ainda, (2.2), a dificuldade zes a organizar esse processo (sin-
sempre presente que exige conti- tetizadas por GOLDSCHMIDT,
nuada atenção aos textos, o que é 1963, comentadas por PORCHAT,
somente possível lendo-se o texto, 1963): (1) adotar uma postura de
única via de acesso à verdade ou discípulo/analista/confessor ante
tese defendida, (2.3) sem o que o sistema filosófico, (2) referindo-
a leitura torna-se (2.3.1) racioci- se a doutrina estudada ao método
nação ou máquina de fazer argu- que a gera, mostrando o movi-
mentos, não raro como reação ao mento lógico dos argumentos que
(2.3.2) tornar-se eterno comenta- a produzem, (3) movimento que
dor, seja do §X, da Obra Y ou da reconstitui a unidade do pensa-
Tese Z no último colóquio do mês. mento que “inventa” teses pra-
Para evitar que se sufoque a cu- ticando o método que as gera, o
riosidade dos jovens com um des- que exige (4) resistir à suposição
file de opiniões que levam ao ceti- de uma doutrina anterior à sua
cismo quem busque “respostas” concepção, contraposta à unidade
(cf. as objeções tanto hegelia- buscada entre ler, pensar e escre-
nas quanto nietzscheanas expos- ver, (5) unidade assentada em um
tas por MOURA, 1988), o desa- tempo lógico na estruturação das

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ideias, diferente do tempo do reló- quando se pode dizer que esteja


gio, (6) cujo encontro mostra que a “formado” com segurança, inse-
interpretação deve ser interior ao gurança agravada pela perda da
sistema que se estuda, formando- potência de se conhecer as con-
se uma leitura e análise que pro- dições para a produção de saber,
duz uma verdade não por uma in- a espaço para assuntos políticos,
tuição única nem pelo julgamento temas sociais, processos de soci-
de sua coerência interna como se alização e subjetivação. Estamos,
todas as ideias vivessem um pre- assim, diante do que seja este sis-
sente eterno. tema de produção de ideias em
O desafio é a produção de uma estufa que agora está em crise,
disposição pela qual estudar pres- as humanidades e a universidade,
supõe certa disciplina, uma prá- cuja crise mostra haver determi-
tica como método que guie aquele nações que as impactam e que re-
que se inicia nos procedimentos sidem em outras esferas da vida
de como lidar com textos filo- social, com suas pressões familia-
sóficos, um percurso pelo qual res, religiosas, econômicas, políti-
um dia se chega à pia batismal cas.
da tese e textos a serem publi- Produzir conhecimento nas hu-
cados (cf. LEOPOLDO E SILVA, manidades pressupõe essa estufa
1993b), percurso longo e árduo, em que reinem a paz e a tran-
que corre o risco de produzir eter- quilidade próprias à formação na
namente meros comentários, mas atividade de pensar, ou seja, an-
que busca superar (MAUGÜÉ, tes de bater-se com o “assunto
1955) o consumo das modas fi- que interessa”, que seria enten-
losóficas do momento, o utilita- der as experiências do presente e
rismo de pressupor que se deva as expectativas de futuro (sobre
responder de modo ingênuo às cuja envergadura, a terceira parte
urgências do presente, o diletan- desse ensaio não deixa margem a
tismo movido pelo senso comum dúvidas), o tempo exige deter-se,
e intuições mediadas por uma lin- de modo propedêutico e forma-
guagem que é fonte de um saber dor, na história e estrutura das
que não pensa o que pensa. ideias.
A solução é o repouso no mé- Para tanto, é recomendado ao
todo que busca a reconstrução, jovem que inicia seu árido pro-
pelo leitor, de um movimento in- cesso formador um passo atrás
terno de uma ideia, um conceito, que leve ao sacrifício de ideias-
um sistema. Nos termos dessa di- combo tais como “livre mercado”,
eta magra, sem que se saiba sequer “empoderamento” ou “luta de

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CONDIÇÕES E LIMITES DA FORMAÇÃO EM FILOSOFIA

classes” ao iniciar-se na pesquisa 6 - Conclusão


acadêmica. Ainda que isso seja
tido como reacionário, trata-se de É esta “estufa” que está sob ata-
abrir mão de fórmulas que pressu- que. Ataque cujas determina-
ponham questões e respostas or- ções exigem uma postura ante o
denadas e racionalmente estrutu- presente que não seja dogmática,
radas somente após longo contato tampouco mero retorno ao pas-
com as teses e debates que as for- sado, como se a história das hu-
mulam. O que falta a quem se ini- manidades apresentasse respostas
cie no caminho filosófico é o reper- acabadas ou algum modelo ideal.
tório que lhe permita reconstituir Antes, o cenário exige enfrentar
a história dos temas e problemas, aquilo que está posto como limite
a sua formulação e sustentação. pelos nossos tempos.
“Formar-se”, no ambiente aca- Ante o todo do qual o pensa-
dêmico, é dar um passo atrás, a mento é parte, há dimensões nas
fim de entender antes como se formas de pensar que são univer-
constroem esses pontos de vista. salizantes, mas cujas singularida-
Sem a trajetória de leitura e aná- des não são eternas, pois estão às
lise de textos pautada pelo ri- voltas com questões com passado
gor lógico que demarque o mo- e limites cuja complexidade per-
vimento que estrutura a constru- mite afirmar, parafraseando Marx,
ção dos argumentos, com ares de que a universidade e as humani-
propedêutica filosófica, o risco dades em geral, a filosofia em par-
é a adesão voluntarista, dogmá- ticular, são agentes de uma histó-
tica e ingênua a pressupostos cuja ria cujo sentido lhes escapa.
tessitura se ignora, não raro de- A tarefa que se abre quando se
saguando em produção textual, discute “crise nas humanidades”,
quando muito, inócua. portanto, é a de reconstituir pelo
Feito esse percurso introdutó- pensamento e pela ação as cliva-
rio à prática filosófica na estufa gens e brechas para além de uma
universitária, está aberta a via que racionalidade soberana, mas que
levará o pesquisador a tratar dos reconheça o lugar do pesquisador
muitos temas e polêmicas pelas e do aluno como a atravessar um
quais se interesse, segundo os re- oceano em que passado, presente
cortes epistemológicos, escolas e e futuro apresentam determina-
sistemas que lhe sejam os mais ções vividas como devir, em que
férteis para o bom andamento de seus agentes escrevem uma histó-
suas pesquisas e atividade acadê- ria sem que se saiba de antemão o
micas. sentido da história tecida.
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Inexiste a razão soberana, a delo e dos parâmetros do que


existência autêntica: o que nos se entende por humanidades ou
resta (na companhia de LEO- mesmo universidade, atropeladas
POLDO E SILVA, 1993a, FA- por diretrizes gerenciais pautadas
BRINI, 2006) é o engajamento pela padronização a transformar
despido da segurança de quem e quantificar o trabalho solitário,
sabe, mas munido da imprevisibi- reduzido à linha de produção se-
lidade de quem busca, perpassado riada que atende pelo nome de
pelos desvios e angústias de quem sistema educacional. Como lidar
procura, sem as ilusões de um pas- com o colapso desse modelo de sa-
sado fantasiado onde tudo funcio- ber? Estamos ante um cenário em
nasse às mil maravilhas. Funcio- que temos tudo por fazer. Mas não
nasse, não teria chegado onde che- foi a enormidade dessa tarefa o
gou. que sempre pautou o que se passa
Por fim, pode-se afirmar que es- por filosofia no decorrer dos milê-
tamos diante do colapso do mo- nios?

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Recebido: 10/12/2019
Aprovado: 07/01/2020
Publicado: 26/01/2020

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