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Primeira será feita uma retrospectiva histórica sintética para propiciar uma melhor
compreensão do assunto, enfocando as instituições medievais, a transição para a
modernidade, e posteriormente os modelos clássicos surgidos após a revolução industrial e
as transformações do século XX.
A unidade caracteriza a instituição, que embora assumisse conotações locais, mas guardava
no seu conjunto os mesmos elementos estruturais definidos a partir da própria missão da
instituição1.
À medida que diminui a presença do poder central e cresce o poder local, notadamente
estimulado pelos príncipes, a democracia interna crescente nas universidades, a perda da
seriedade do ensino, a comercialização dos diplomas, a diminuição do tempo de estudos, as
crescentes discordâncias internas (Hus na Boêmia, Wiclef na Inglaterra), a multiplicação sem
qualidade, entre outros fatores acabam por minar a instituição.
O fim da Idade Média, com os seus múltiplos componentes, entre os quais a Reforma
Protestante, contribuiu decisivamente para romper a unidade e gradativamente o modelo
medieval sobrevive, mas ao lado de novos paradigmas que vão se instituindo e fortalecendo.
1
A este respeito ver Rossato, Ricardo. Universidade Nove Séculos de História. 2 ed.; Passo Fundo: Ediupf, 2005.
O crescimento das academias, extremamente prestigiadas e muitas delas reconhecidas
oficialmente pelos príncipes locais, as escolas técnicas abrem espaço a contestação e
pensadores como Locke e Leibniz questionam a própria existência da universidade. Alguns,
como Lamenais, sustentam a sua supressão. O auge deste processo é vivido quando durante
a revolução francesa, já no final do século XVIII, todas as 22 universidades existentes então
na França são extintas. Algumas delas jamais se recuperação.
Com a vitória dos comunistas na antiga Rússia, na segunda década do século XX, e a
posteriormente constituição da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, desenvolve-se
um modelo sui-generis que sobrevive ao longo de todo o século XX.
Para Jaspers (1983, p.49) a universidade como uma comunidade de pesquisadores deve
buscar a verdade: “Que a busca da verdade prossiga, em toda a parte, sem constrangimento,
é um direito da humanidade como humanidade”. E continua afirmando: “A universidade
tem por tarefa procurar a verdade na comunidade dos pesquisadores e estudantes”. (ibidem)
Whitehead destaca que o fundamental é o progresso:
Segundo Napoleão que pensa uma universidade a partir do Estado, a instrução pública
desempenha papel fundamental:
Aulard, por sua vez, afirma a respeito das políticas napoleônicas: “Ele o imperador quer
basear seu despotismo sobre as almas, e uma instrução pública fortemente centralizada e dada
pelo Estado, ou sob a vigilância do Estado, pareceu-lhe o meio eficaz para formar as almas ”4.
2
Whitehead,A.N.The aims of education.London: Williams and Norgate, 1929 Drèze, J. e Debelle, J.Concepções da
Universidade.Fortaleza: UFC, 1983, p.64.
3
Napoléon, Vues Politiques.Paris:Fayard, 1939,p.211-212.
4
Aulard, A.Napoléon 1er et le monopole universitaire. Paris: Colin, 1911, p.364.
5
Grant,Nigel.Soviet Education. Baltimore: Penguin, 1964, Drèze, J. e Debelle, J.Concepções da Universidade.
Fortaleza: UFC, 1983, p.103.
6
Grant,Nigel.Soviet Education. Baltimore: Penguin, 1964, Drèze, J. e Debelle, J.Concepções da Universidade.
Fortaleza: UFC, 1983, p.103
destacar as profundas transformações que estão ocorrendo no leste europeu atingindo
profundamente o sistema educacional a partir do final dos anos noventa e nesta primeira
década do século XXI.
4. Tendências Recentes
7
UNESCO, Tendências da Educação Superior para o Século XXI. Brasília: UNESCO - CRUB, 1999, p.331.
8
Idem; p.340.
tomada das decisões e a utilização de tecnologia de comunicação e
informação, e a igualdade entre os sexos9.
5. O Acordo de Bolonha
Uma breve síntese das recentes medidas tomadas pela União Europeia nos últimos dez anos
e, portanto, logo após a Conferência Mundial da Educação Superior de Paris, indica
importantes tendências e sinaliza os rumos da educação superior para as próximas décadas.
Está se configurando um novo espaço internacional da educação superior, onde a Europa
pretende conservar sua posição de vanguarda.
O chamado acordo de Bolonha foi precedido pela Declaração de Paris de 1998, assinada pela
Itália, França, Alemanha e Reino Unido e visava criar “um espaço europeu de ensino
superior”. Posteriormente a Declaração que assinala o primeiro grande passo propriamente
dito, foi assinada por 29 países em 1999 em Bolonha, visava “adquirir um grau de atração
mundial, semelhante ao das nossas extraordinárias tradições cultural e científica”.
9
UNESCO, La contribution de l’enseignement supérieur au développement durable. www.unesco.org
Ver também: «L’action de l’UNESCO dans le cadre du suivi de la Conférence mondiale sur l’enseignement
supérieur (1998-2005) Un bref aperçu. Consulta ao mesmo portal.
dentro das concepções econômicas vigentes, notadamente no pensamento neoliberal sendo
o mercado o elemento determinante. Dada a relevância do Acordo de Bologna, inserimos
elementos básicos para a sua compreensão.
10
A presente síntese foi realizada a partir de www.unl.pt Processo de Bolonha.
11
Lima, Licínio. O Caso do Espaço Europeu do Ensino Superior. In Coletivo. O DNA da Educação. São Paulo:
Instituto DNA Brasil, 2006, p.59 e ss.
Insiste na comparabilidade dos graus de certa forma estão implícitos esquemas
concorrenciais entre os países o passo seguinte será a instalação de instrumentos de
regulação e avaliações transnacionais;
Estabelece um sistema que revê também as questões internas atingindo a pedagogia e
as questões internas as didáticas;
Rompe os modelos tradicionais e a universidade assume fortemente o papel de
prestadora de serviços;
Parte de um pensamento eurocentrista e dominador baseado na centralidade das
tradições culturais e científicas da europa;
Cria um modelo de supervisão estruturando os estudos num esquema 3 – 2 – 3, ou
seja: 3 anos de estudos de graduação; 2 anos de mestrado e 3 de doutorado.
Pode-se afirmar com certeza que está ocorrendo uma revolução na educação superior
europeia que pretende ser parâmetro para o mundo, com uma crescente e determinante
influência da economia e do pensamento neoliberal sobre a universidade e todo o processo
de educação, mas especialmente sobre o ensino superior.