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JUDÔ INFANTIL: FORMAÇÃO INTEGRAL – UMA ANÁLISE ACERCA DO

JUDÔ E SEU POTENCIAL TRANSFORMADOR NA VIDA DE CRIANÇAS.

Pedro Paulo Riela Tranzilo1


Zoraia da Silva Assunção2

RESUMO
A preocupação entre a interação de crianças, buscando uma formação por completa, com rotinas
e hábitos saudáveis aliados ao esporte é o desejo maior de pais e familiares. Este estudo objetiva
analisar se o Judô é um esporte com potencial transformador na vida social de crianças de 4 a 7
anos, contribuindo no comportamento e respeito ao próximo, interagindo ativamente com o meio
social. Será tratado como se processa a gestão esportiva no judô, além de seus benefícios para
a saúde desportiva e formação do atleta e sua cidadania. A metodologia aplicada será uma
pesquisa qualitativa, um estudo de caso de um aluno, foi feita observação durante as aulas, além
da coleta de dados através de entrevista com a mãe da criança. Acredita-se que o Judô é um
transformador na vida social de crianças, auxiliando na formação do ser e proporcionando um
melhor bem estar das crianças e seus familiares.

PALAVRAS-CHAVE: Judô; Crianças; Formação integral; Transformador social, estudo de caso.

ABSTRACT
The concern between the interaction of children, seeking a complete formation, with healthy
routines and good habits allied to the sport is the greatest desire of parents. This study aims to
analyze if Judo is a sport with potential transformative l in the social life of children from 4 to 7
years old, contributing in their behavior and respect to the others, interacting actively with the
social environment. It will be treated how the sports management in processed in judo, in addition
to its benefits for the athlete's health and training and his citizenship. The methodology applied
will be a qualitative research, a case study of a student; observation was made during the classes,
besides the data collection through an interview with his mother. It is believed that Judo can
transform the social life of children, helping in the formation of the his soul and providing a better
well-being of the children and their relatives.

KEY WORD: Judo; Children; Complete formation: social transformation; case study.

1. Licenciado em Letras Vernáculas com Língua Estrangeira Moderna (Inglês), pós graduando em Gestão
Esportiva pela faculdade 2 de Julho. Email: pedrotranzilo@gmail.com.
2. Doutora em educação, em Novas tecnologias pela UFRN. Email: zoraiadasilva@gmail.com.
INTRODUÇÃO

O Judô, ou “caminho suave” – Ju (suave) e Do (caminho), é uma arte


marcial criada no Japão em 1882 pelo professor Jigoro Kano. Seus objetivos são
fortalecer o físico, a mente e o espírito de forma integral, além do que somente
desenvolver técnicas de defesa pessoal. Sua técnica utiliza basicamente a força
e peso do oponente contra ele mesmo. O mestre Jigoro Kano procurou fortalecer
o caráter filosófico da nova arte marcial sempre buscando que seus praticantes
evoluíssem como pessoas, assim pautou o Judô em princípios básicos como:
cortesia, coragem, honestidade, honra, modéstia, respeito, autocontrole e
amizade. O Judô teve uma boa aceitação em todo o mundo, já que Kano
conseguiu reunir a essência do jujutsu, arte marcial praticada por cavaleiros, a
outras artes de luta praticada no oriente e fundi-las nunca única arte marcial. O
judô foi considerado esporte oficial no Japão nos fins do século XIX, sendo
inclusive ensinado como disciplina escolar.

Com milhares de praticantes em todo mundo, o judô se tornou um dos


esportes mais praticados, representando um mercado fiel. Não restringindo seus
adeptos a homens com vigor físicos e estendendo seus ensinamentos para
mulheres, crianças, idosos, portadores de necessidades especiais, o judô teve
um aumento significativo no numero de praticantes. No Brasil o Judô, veio
juntamente com a imigração japonesa, tendo na figura de Mitsuyo Maeda um de
seus principais incentivadores. Este costumava desafiar lutadores muito maiores
e utilizava a técnica do Judô para derrota-los, assim foi disseminando a prática
do judô no Brasil, tempos depois estabeleceu residência em Belém do Pará onde
ensinou durantes muitos anos para integrantes da família Gracie, criadores do
“brazilian” Jiu Jitsu. O judô na Bahia começou a se praticada na década de 50,
com pouquíssimos adeptos, se tornando mais popular na década de 60,
culminando com a criação da Federação Baiana de Judô (FEBAJU) em 1970, a
qual continua a difundir e incentivar a prática de Judô em todo o estado.

Buscando sempre o bem estar das crianças e estimulando-as a


praticarem esporte, o Judô busca um desenvolvimento por completo na sua
formação, ensinando as crianças a respeitarem as diferenças, além de criarem
hábitos saudáveis e sempre incentivando a vida em sociedade com bastante

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harmonia, bem estar mútuo, além de estimular a interação entra as crianças a
todo instante. Pautado nestes preceitos traremos um estudo de caso de uma
criança que tinha sempre como foco principal ela mesma, o que gerava
preocupações em sua família, pois a mesma não tinha interesse em interagir
com outras crianças e terminava se isolando. Ao se matricular nas aulas de Judô,
se tornando meu aluno, constataram-se algumas dificuldades no
desenvolvimento da criança (falta concentração, isolamento das demais
crianças, individualismo em excesso, etc.) e compreendendo a importância do
judô, acreditou-se, desde o início, que algo poderia ser transformado. Será que
o judô é um esporte que possibilita toda esta transformação, tornando-a mais
interativa e preocupada com o bem estar do próximo, no comportamento de uma
criança?

Considerando tudo que já foi ressaltado da importância do judô para a


formação do ser humano acredita-se que esta arte marcial na formação de
crianças de 4 a 7 anos é muito importante, pois participa e contribuiu diretamente
para uma formação completa da criança, contribuindo significativamente para a
sua formação como pessoa e seu relacionamento com o meio social.

Se de acordo com Antônio Roza (2010, p.25),

O judô, acima de tudo, é uma forma de viver, e não


simplesmente uma luta em forma de autodefesa, em que o pequeno
pode ser tornar mais forte ou, em outro inverso, o mais fraco se tornar
maior. Nesta arte, um fator importantíssimo é o equilíbrio como um
todo. O judoca inteiramente equilibrado em seu interior, seja pela
autoconfiança que transpira sua alma, seja pelo respeito que
dispensa às pessoas, seja pela certeza de estar num mundo melhor,
independentemente da referência tomada par avaliar , possui a
verdadeira Forma de Viver.

Levando em consideração a vida bastante estressante e corrida que o


mundo atual tem proporcionado, é de todo salutar proporcionar as crianças uma
formação humana mais completa, além de estar em contato com o esporte,
considerando tudo que já foi ressaltado da importância do judô para a formação
do ser humano.

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A partir da experiência como professor de Judô, vive-se a todo instante
com a chegada de novos alunos com características distintas, percebe-se cada
vez mais a tendência do individualismo em excesso e o isolamento das demais
crianças do grupo, procurando abster-se das práticas coletivas e pouco se
preocupando com o bem estar dos colegas. É anseio dos pais que a prática do
Judô ofereça suporte para uma formação por completa de seus filhos, em
aspectos como a disciplina, o autocontrole e o respeito ao semelhante, tornando-
as assim mais sociáveis. Consequentemente, notamos a razão para tanto
durante a aplicação das aulas para essas crianças: muitas delas têm pouco (ou
quase nenhum) hábito de realizar trabalhos em equipe ou de solicitar ajuda a um
colega de treinamento. Entendemos que era importante um estudo sobre essas
questões.

Um dos princípios filosóficos da arte marcial é o respeito ao próximo, isso


você consegue demostrar nas brincadeiras, colocando regras e misturando os
alunos fracos com os fortes, para conquistarem uma vitória deverá haver
cooperação, um trabalho em conjunto.

Dentro da pratica do judô essa socialização não é diferente, situações


como a entrada de golpes e o comprimento sempre antes e depois de qualquer
atividade proposta ajuda a reconhecer o colega em que está executando a
atividade proposta e intensificar a interação com a comunidade (colegas,
Professore e pais) iniciando esse trabalho dentro do “Do Jô” para que as crianças
reconheçam que não existem regras de convívio apenas em casa e na escola,
mas também em sociedade e na interação com o outro.

Jigoro Kano criou o judô com a intenção de que corpo e mente se tornem
uma única coisa. Sempre objetivando ser praticado por uma ou mais pessoas
com o enfoque de socialização Kano queria que as pessoas se conhecessem
mais e para que se respeitassem as diferenças, oferecendo, condições para que
todos pudessem se desenvolver através desta arte marcial.

O trabalho por meio do judô possui conceitos de atitude como o


companheirismo, o espírito de luta, o saber ganhar e perder, o respeito por
normas e regras estabelecidas. Contribuir para o bem estar de crianças é
fundamental no seu processo de amadurecimento, estimula a amizade além de

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ajudar na relação com a sociedade, devemos utilizar o esporte como instrumento
de manifestação, transformação e transferência de valores buscando sempre a
relação pessoal (social). Crianças passam a perceber que o mundo não gira
apenas em torno de si.

Tendo como ponto de partida toda minha vivencia como atleta de judô e
como professor de judô me despertou interesse em investigar mais
detalhadamente o efeito do judô na formação de crianças que possuem
dificuldade de socialização e interação com os semelhantes. Por estar em
constante contato com alunos de personalidades diferentes, convivendo com
crianças de todos os tipos e meios sociais, se tornou viável a realização deste
trabalho cientifico.

O objetivo deste artigo acadêmico é analisar se o Judô, como esporte/arte


marcial, é um potencial transformador na formação integral de crianças de 4 a 7
anos, não somente no ensino de técnicas, mas principalmente, contribuindo e
colaborando para uma evolução no comportamento, no respeito ao próximo,
almejando sempre o bem estar mútuo.

Buscaremos identificar como se processa a gestão de pessoas no judô,


além de investigar como é tratada a saúde desportiva nos praticantes de Judô.
Por fim trataremos da verificação da formação do atleta e sua cidadania e seus
ganhos com a prática do judô em academias/ escolas.

Será utilizada uma pesquisa qualitativa, mais especificamente um estudo


de caso retratando especificamente o caso do aluno Poni3, trazendo relatos da
mãe da criança, descrevendo como ela percebeu a mudança de comportamento
e atitudes do filho antes e depois da prática do Judô.

Este artigo cientifico será referenciado pelos escritos do Mestre Jigoro


Kano, além da contribuição de autores como Chiaki Ishii, primeiro judoca
medalhista olímpico representando o Brasil, além de Stanlei Virgílio, considerado
o maior historiador do judô brasileiro. Não obstante, a contribuição significativa
do escritor Antônio Francisco Cordeiro Rosa com sua enriquecedora obra onde
aborda a temática do judô infantil e seus percalços. Tudo será envolto com
questões que envolvem a gestão de pessoa, saúde desportiva e a formação do

3. Foi omitido o nome da criança para manter o sigilo da mesma. 5


atleta e cidadania, pautando o trabalho na busca da formação das crianças sob
estes aspectos.

GESTÃO DE PESSOAS

Nos dias atuais tem se tornado difícil separar a existência do ser humano
dos seus ambientes (seja escola ou profissional). Cada vez mais as atividades
diárias tem tomado o tempo da vida das pessoas. A gestão de pessoas é um
conjunto de boas práticas que favorecem e estimulam o desenvolvimento e
crescimento das pessoas num determinado grupo a qual ela faça parte. Um bom
gestor de pessoas deve ter em mente que ele é responsável por direcionar,
motivar e avaliar o capital humano ao qual ele gere. Cabe a um bom gestor
traçar planejamento e estratégias para que possa explorar ao máximo o potencial
de determinada pessoa. Um bom gestor buscar gerir pela prática da liderança,
orientando e sempre solicitando ajuda dos seus liderados, exercendo a função
de um mentor do desenvolvimento das pessoas. A gestão de pessoas busca
humanizar para manter a harmonia e a satisfação seja num ambiente de trabalho
ou num sala de judô, sempre pautada em quatro pilares: participação,
capacitação, envolvimento e desenvolvimento.

Nas aulas de judô, cabe ao professor saber desempenhar uma gestão de


pessoas (de acordo com a individualidade e especificidades de cada aluno) com
qualidade e voltada sempre para o desenvolvimento das crianças. Cada criança
numa sala representa um mundo particular, então o professor deve tentar se
aproximar a cada uma dessas realidades particulares e fazer com quem o grupo
posso ser tornar homogêneo, onde todos estejam satisfeitos e com seus anseios
pessoais sendo atendidos. Para o mestre Jigoro Kano, esse relacionamento
entre você, os outros e o ambiente que os cerca não é importante somente para
a luta do judô. No mundo do trabalho, da política, da educação, por exemplo,
quando você quer fazer algo, precisa observar a relação entre você e os outros
e considerar de antemão as vantagens e desvantagens. A teoria da luta do judô
pode ser aplicada a muitos aspectos da vida (KANO,JIGORO,2008).

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Apostando que não somente o judô, mas para qualquer pessoa que se
dedica a um esporte, realmente, com seriedade, ela consegue se projetar não
só dentro do esporte, mas dentro da vida profissional. O esporte leva a criança
a ser uma pessoa forte, paciente, persistente, e te dá todas essas qualidades
necessárias para ser um bom profissional. Na prática diária do judô, um bom
gestor de pessoas tem a capacidade de discernir qual atleta tem mais
predisposição a ser tornar um bom competidor e qual atleta prática a arte marcial
como forma de desenvolvimento de uma vida saudável, e cabe ao
Professor/Gestor saber explorar e buscar o máximo desenvolvimento de cada
aluno. Salientamos que nunca devemos de deixar de lado a importância de
práticas alimentares e hábitos saudáveis na vida dos praticantes de qualquer
modalidade esportiva

SAÚDE DESPORTIVA

Pode-se dizer que a prática de esportes nos leva ao aperfeiçoamento


físico através de técnicas e exercícios musculares, sendo praticados desde os
primórdios da humanidade. A necessidade atual nos leva cada vez mais a cuidar
de hábitos e rotinas que nos levem a uma vida saudável, balanceada e nutritiva
para o corpo. Considerando a importância da saúde na vida das pessoas, o
ensino do judô além de trabalhar com aspectos físicos e cognitivos da criança,
contribuiu atingindo o emocional e o psicológico dos alunos, o que torna o
esporte ainda mais atraente para crianças. Oferecer o judô a crianças é contribuir
com seu desenvolvimento sem deixar de lado a importância do seu bem estar.

O tema da saúde desportiva se dá de diversas maneiras na prática do


judô, seja desde a importância do asseio com o kimono, vestimenta para a
prática do judô, além da importância de zelar pelo bem estar dos colegas ao ter
a atenção de cortar as unhas ou se dirigir ao treino devidamente higienizado
(asseio pessoal). Se tratando de um esporte de contato físico a importância da
higiene pessoal se torna ainda maior, pois não se é agradável treinar com um
colega que exala odor forte ou mesmo que esteja com seu kimono bastante
molhado. Com a prática do judô a criança tende a ter um melhor
condicionamento físico como um todo, sem contar com a atuação psicomotora,

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a ampla de movimentos diferentes contribuiu para uma melhor percepção
espacial. Para o mestre Jigoro Kano, nos não devemos nunca nos descuidar do
ambiente que vivemos das nossas roupas, ou da nossa higiene. Devemos ter
cuidado com o que comemos e bebemos (KANO, JIGORO 2008), sendo assim
o judô transponde a barreira de apenas ser um esporte e se tornar um estilo de
vida, influenciando positivamente numa vida saudável, pautada em hábitos e
rotinas agradáveis, sem prezar pelo excesso.

Vale ressaltar, também, que é essencial que a formação da criança seja


feita por completa, procurando contribuir com aspectos da mente, do corpo e do
espírito, formando não apenas um atleta de judô, mas sim um cidadão que trará
benefícios para a sociedade.

FORMAÇÃO DO ATLETA E CIDADANIA

O judô foi norteado pela busca do bem estar social do indivíduo, ou seja,
que através de suas ações físicas, mentais e sociais, o ser conviveria melhor no
meio social. Jigoro Kano criou o judô com o proposito de ajudar a pessoa a se
aperfeiçoar para que pudesse contribuir para a sociedade, partindo deste ponto
fica clara a intenção de uma formação completa do ser, ciente de suas
obrigações para com a sociedade e também ciente dos seus direitos. O judô
busca não apenas a formação de um atleta, mas de um ser atuante dentro da
sociedade, um ser de qualidade diferenciada.

A influência positiva do judô na formação de crianças é recorrente nos


livros, conforme discute Roza:

O judô também é uma influência na formação da atitude das


crianças. A personalidade constrói valores e atitudes utilizadas no
contexto escolar, entendido como universo educacional, fazendo que
os alunos sejam disciplinados, respeitem as regras, os colegas e os
professores e suas ordens. O professor contribuiu, então, não só com
o desenvolvimento motor, mas, também, com o intelecto e o
socioafetivo. Os alunos canalizam sua energia para o bem. Esta
energia, muitas vezes, é mal produzida por causa da hiperatividade,
impulsos imaturos, descontrole comportamental e outros problemas
emocionais do aluno. O judô transforma isso. (ROZA, 2010, P.30)

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Exercer cidadania é ter pleno conhecimento dos seus direitos e deveres
numa sociedade, e o judô traz desde a sua essência estes valores, contribuindo
assim nas formações de seres humanos mais atuantes para o bem coletivo.
Mesmo sendo eventualmente um esporte de lazer, entretanto, interessa ao Judô
em primeiro lugar a prática séria e responsável e a formação física, moral,
intelectual e espiritual do praticante, principalmente das crianças, donas do
amanhã e nossas sucessoras.

METODOLOGIA

Este estudo foi caracterizado por uma pesquisa qualitativa, tendo o


enfoque em explicar o porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito,
concentrando-se na compreensão e explicação da dinâmica das relações
sociais, tentando compreender a totalidade do fenômeno, mais do que focalizar
conceitos específicos. A partir de uma coleta de dados sem instrumentos formais
e estruturados (observação do aluno e entrevista com a mãe do aluno) e analise
das informações narradas de uma forma organizada, mas intuitiva.

Os pesquisadores que utilizam os métodos qualitativos buscam explicar o


porquê das coisas, exprimindo o que convém ser feito, mas não quantificam os
valores e as trocas simbólicas nem se submetem à prova de fatos, pois os dados
analisados são não-métricos (suscitados e de interação) e se valem de diferentes
abordagens. Na pesquisa qualitativa, o desenvolvimento da pesquisa é
imprevisível. O conhecimento do pesquisador é parcial e limitado. O objetivo da
amostra é de produzir informações aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena
ou grande, o que importa é que ela seja capaz de produzir novas informações
(DESLAURIERS, 1991, p. 58).

Trata-se de uma pesquisa descritiva, pois se pretende descrever fatos e


fenômenos numa determinada realizada, a transformação na vida de uma
criança após a prática do judô, ou seja, a, uma pesquisa descritiva de cunho
exploratório. Neste artigo será utilizado mais especificamente um estudo de caso
do aluno Poni*, onde este foi acompanhado durante um longo período e foi
percebida evolução no seu comportamento, além de ser feita uma entrevista com

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a mãe da criança, onde a mesma traz relatos de como ocorreu à transformação
social.

Utilizar a pesquisa de estudos de caso é corriqueiro nas ciências sociais:


Um estudo de caso pode ser caracterizado como um estudo de uma
entidade bem definida como um programa, uma instituição, um sistema
educativo, uma pessoa, ou uma unidade social. Visa conhecer em
profundidade o como e o porquê de uma determinada situação que se
supõe ser única em muitos aspectos, procurando descobrir o que há nela
de mais essencial e característico. O pesquisador não pretende intervir
sobre o objeto a ser estudado, mas revelá-lo tal como ele o percebe. O
estudo de caso pode decorrer de acordo com uma perspectiva
interpretativa, que procura compreender como é o mundo do ponto de
vista dos participantes, ou uma perspectiva pragmática, que visa
simplesmente apresentar uma perspectiva global, tanto quanto possível
completa e coerente, do objeto de estudo do ponto de vista do investigador
(FONSECA, 2002, p. 33).

RESULTADOS

Como citado anteriormente, foi realizada uma entrevista com a mãe do


aluno, além de observação durante as aulas de judô. Ao ser perguntada “Como
era o comportamento da criança antes de começar a praticar o judô?”, ela
disse que o seu filho não gostava de socializar com outras crianças, se mostrava
sempre arredio à brincadeiras em grupo e quando era solicitado para brincar,
preferia ficar sozinho com suas brincadeiras individuais. Percebe-se que a
criança ainda não tinha o hábito de dividir atividades, ou compartilhar suas
emoções e sentimentos com outras crianças, coisa muito comum na prática do
esporte, conforme comentado no tópico “formação do atleta e cidadania”, o judô
é uma influência na formação da atitude das crianças, e de que o judô foi
norteado em busca de uma melhor convivência em sociedade, hábitos que
trouxeram ganhos na vida da criança. Após iniciar a prática do judô, a criança
em cerca de 3 a 4 meses, conforme fala da mãe, começou a apresentar
mudanças positivas no seu comportamento, começando a interagir e ser mais
solicita com o próximo. Quando perguntada “O que você acha que o judô
colaborou na formação do seu filho?”, a genitora cita o desenvolvimento das
relações sociais, desenvolvimento da psicomotricidade, equilíbrio e outras

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habilidades físicas. Assim como citado no tópico “Saúde Desportiva”, o judô
atinge não somente o corpo físico trabalha questões como coordenação motora,
mas, também, ensina a lidar com suas emoções e sentimentos.

Os pilares da gestão de pessoas, como já foram discutidos anteriormente,


são a participação, capacitação, envolvimento e desenvolvimento. Habilidades
que foram sendo potencializadas juntamente com a prática do judô. A evolução
do aluno foi acompanhada de perto durante as aulas, além da confirmação
através do depoimento da mãe do mesmo. Vale ressaltar que apesar do filho ter
problemas para se relacionar, a mãe ao ser indagada “Se acreditava que o
judô ajudaria na transformação comportamental do seu filho?”, responde
negativamente, porém houve uma mudança da sua percepção, ao afirmar que
hoje vê a importância do esporte no desenvolvimento infantil. Como discutido
antes, fica nítido o poder transformador do esporte, mais especificamente do judô
na vida de crianças, auxiliando e contribuindo para uma melhor formação e
convívio em sociedade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo deste trabalho foi alcançado quando se chega a conclusão de


que a prática do judô pode transformar a vida de uma criança, tornando-a mais
sociável com o meio que vive. Ficou constatado na fala do sujeito da pesquisa
(mãe do aluno Poni*) que o judô foi e é uma influência positiva na vida do seu
filho, construindo valores morais que serão de grande valia na vida e na
convivência em sociedade. A transformação se deu a partir do momento que a
criança passa a pensar apenas em si e começa a voltar o seu olhar para as
demais crianças, percebendo a necessidade da convivência em sociedade,
buscando o apoio do próximo e também sabendo o momento de dar auxilio ao
próximo. Estas contribuições servirão não somente para a prática do esporte em
si, mas para toda uma boa convivência nos ambientes a que venham viver
(familiar, profissional, lazer,etc).

Pode-se dizer que a hipótese deste trabalho foi confirmada, o esporte na


formação de crianças de 4 a 7 anos é muito importante, pois participa e contribuiu

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diretamente para uma formação completa da criança, contribuindo
significativamente para a sua formação como pessoa e seu relacionamento com
o meio social. Percebe-se que a prática do judô contribuiu para uma evolução
social da criança, contribuindo não somente para o seu bem estar, mas também
para um bem estar da sua família, que tinha preocupações quanto ao seu
comportamento e relacionamento com as demais crianças que estavam ao seu
redor. As mudanças foram ocorrendo de maneira tão significativa que a
convivência com as outras crianças se tornou pacifica e amistosa.

Fica evidenciado que o judô é um transformador social e que a prática


deste esporte deveria ser incentivada de maneira mais incisiva pelos governos
(estadual, federal ou municipal) exigindo que o mesmo se tornasse presente na
rotina de crianças no estágio inicial de formação, será muito interessante à
implantação da prática de judô como disciplinar escolar, permitindo, assim, uma
formação completa do ser humano, além do aspecto esportivo.

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REFERÊNCIAS

FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. Fortaleza: UEC, 2002.


Apostila.

ISHII, Chiaki. Os pioneiros do judô no Brasil. São Paulo: Évora,2015.

KANO, Jigoro. Judo Kodokan. São Paulo: Cultrix, 2008.

KANO, Jigoro. Energia mental e física: escritos do fundador do judô. São


Paulo:Pensamento,2008

ROZA, Antonio Francisco Cordeiro. Judô infantil: uma brincadeira séria! São
Paulo: Phorte,2010.

VIRGILIO, Stanlei. A arte do judô. Porto Alegre: Rígel,1994.

YIN, Roberto K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 2ª Ed. Porto Alegre.


Editora: Bookmam. 2001

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