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ENGRENAGENS - Mecânica do Contacto e Lubrificção EHD 1 / 28

Mecânica do Contacto e Lubrificação

Parte 4:

Engrenagens

4.5 – Avarias em engrenagens

Jorge H. O. Seabra, SMAp, DEMec


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ENGRENAGENS - Avarias
Representação esquemática
dos limites de carga e velocidade para
vários tipos de avaria das engrenagens.

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ENGRENAGENS

Avarias

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ENGRENAGENS - Avarias

Avarias de engrenagens relacionadas com a


Mecânica do Contacto e a Lubrificação EHD:

 Desgaste Excessivo;

 Gripagem;

 Fadiga de Contacto:

 Micropitting (micro-escamas);

 Pitting / Spalling (escamas).

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ENGRENAGENS - Avarias - Desgaste Excessivo / Gripagem a Frio

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ENGRENAGENS - Avarias - Desgaste Excessivo / Gripagem a Frio


CAUSAS:

 Velocidades de rolamento e/ou U1+U2 pequena;


 Viscosidade do lubrificante  insuficiente;

 Taxa de escorregamento VE elevada;


 Temperatura das superfícies TSmáx pequena;

 Espessura do filme lubrificante e/ou h0T pequena;


 Rugosidade composta  elevada;

 Espessura específica do filme lubrificante  pequena;


 Lubrificação em regime de filme limite 
FN
 Contacto metal-metal,
geração de muitas partículas de desgaste,
contacto
perda de massa muito elevada. VG
metal - metal

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ENGRENAGENS - Avarias - Gripagem (a quente)

Superfície após Rodagem Gripagem Inicial Gripagem do Flanco


10 10 10
[ m] [ m] [ m]
5 5 5

0 0 0

-5 -5 -5
[ mm] [ mm] [ mm]
-10 -10 -10
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4
Comprimento leitura [mm]

 Destruição parcial / completa do flanco do dente;


 Estrias de desgaste na direcção radial do flanco;
 Coloração / oxidação do flanco (tons de azul, depende do tipo de aço);

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ENGRENAGENS - Avarias - Gripagem (a quente)


CAUSAS:

 Carga normal e/ou FN elevada;


 Velocidades de rolamento U1+U2 elevada;

 Taxa de escorregamento VE elevada;


 Temperatura do banho de óleo T0 elevada;
 Temperatura das superfícies TSmáx muito elevada;

 Viscosidade do lubrificante e/ou  insuficiente


 Aditivos - Anti-Desgaste e Extrema-Pressão AW e EP inexistentes;

 Espessura específica do filme lubrificante 0.7<<2.0 média;


 Lubrificação em regime de filme misto 0.7<<2.0 FN
 Contacto metal-metal,
geração de muitas partículas de desgaste,
contacto
perda de massa muito elevada. VG
metal - metal

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ENGRENAGENS - Avarias - Gripagem (a quente)


Teoria da Temperatura Crítica de BLOCK (1937):
Quando a temperatura máxima das superfícies TSmax
atinge um determinado valor limite TLubcrit,
dá-se a ruptura instantânea do filme lubrificante,
passando a ocorrer contacto metal-metal.

TSmáx  T0  1.49  Tfmlaáxsh  TLcrit


ub  Gripagem

Temperatura
Tipo de óleo Viscosidade @ 40 ºC
de gripagem
TLcrit
ub

10 ºE 75 cSt 120 ºC
Sem aditivos 30 ºE 220 cSt 190 ºC
60 ºE 450 cSt 260 ºC
30 ºE 220 cSt 210 ºC
Com aditivos
40 ºE 300 cSt 260 ºC

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ENGRENAGENS - Avarias - Gripagem (a quente)


Carga de Gripagem

TSmáx  T0  1.49  Tflmáx


ash  TL ub
crit

3 1
T  T0
crit
 FN   E * 4
 4
 U1  U2
máx
Tflash   0.893 
L ub
  
1.49    Req  PTS1 U1  PTS 2 U2

 FN  4
crit

1 TL ub  T0  PTS1 U1  PTS 2 U2  Req 
3
 1
4

    * 
 G 0.893 1.49  U1  U 2 E 

 
4

 FN   PTS1 U1  PTS 2 U2  T crit


 T0  
3
 Req 
1
3

  0.683  
L ub
  * 
 G   U1  U2  E 
 
4

 FN   PT  T  T   crit 3
 Req 
1
3

  0.683  
0 L ub

PTS1  PTS 2  PT   * 
 G   U1  U2  E 
 
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ENGRENAGENS - 4

 FN   PT  T  T  
crit 3
 Req 
1
3

   0.683  L ub0
  * 
Avarias - Gripagem (a quente)  G   U1  U2  E 
 
0.2
 FN 
Aumento da resistência à Gripagem MIC  0.048    0.05 R 0.25
 VR Req  0 a

 

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ENGRENAGENS - Avarias - Gripagem (a quente)

4 0.2
 PT  T  T  
crit 3 1  FN 
 FN   Req  3
  MIC  0.048    0.05 R 0.25
L ub 0
   0.683  *   VR Req  0 a
 G   U1  U2  E 
   

 Carga de Gripagem diminui


quando a velocidade tangencial
aumenta;

 A partir de uma dada velocidade


crítica (5000 – 10000 rpm),a
carga de gripagem aumenta;

 Justificação ?

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ENGRENAGENS - Avarias - Gripagem (a quente)


4

 FN   PT  T crit  T   3
 Req 
1
3

  0.683  
L ub 0
  * 
 G   U1  U2  E 
 

 Linha T - Diminuição da Carga de Gripagem


quando a velocidade aumenta,
devido ao atrito entre as superfícies e
consequente aquecimento das superfícies;

 Linha H - Aumento da Carga de Gripagem


quando a velocidade aumenta,
devido à influência EHD e consequente
aumento da espessura do filme lubrificante;

 Linha R – Resultante da conjugação dos dois


efeitos.

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ENGRENAGENS - Avarias - Micropitting (micro-escamas)

 Aparecimento no flanco do dente de uma zona sem brilho, cinzento-mate;

 Zona de micropitting situa-se normalmente abaixo do círculo primitivo;

 Formação de micropits (micro-escamas) no flanco dos dentes (visíveis à lupa);

 Resulta de um processo de fadiga de contacto, após 105 – 106 ciclos;

 Só acontece em zonas onde existam condições de


rolamento com escorregamento significativo.

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ENGRENAGENS - Avarias - Micropitting (micro-escamas)

 Micropitting resulta da
iniciação superficial de
fissuras de fadiga;

 As fissuras propagam-se para


o interior do material, com
uma pequena inclinação, na
direcção da força tangencial,
podendo atingir 40-50 m;

 Micropits tem profundidade


variável, atingindo cerca de
20 m;

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ENGRENAGENS - Avarias - Micropitting (micro-escamas)


CAUSAS:
 Força normal e/ou FN média/elevada;
 Coeficiente de atrito  médio/elevado;
 Força tangencial FT média/elevada;

 Taxa de escorregamento VE média/elevada;

 Aditivos - Anti-Desgaste e Extrema-Pressão AW e EP inexistentes;

 Viscosidade do lubrificante e/ou  insuficiente


 Espessura do filme lubrificante e/ou h0T pequena;
 Rugosidade composta e/ou  elevada;
 Espessura específica do filme lubrificante 0.7<<2.0 média;
 Lubrificação em regime de filme misto.
contacto metal - metal

 Picos de pressão e/ou FN

 Máximos secundários das tensões de contacto.


VG

 Contacto metal-metal, geração de micropits. aditivos, filme de óxidos

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ENGRENAGENS - Avarias - Micropitting (micro-escamas)

Aumento da resistência ao Micropitting

Influencing Factor Range of influence Suggested Remedy


1:3
gear surface roughness reduce to 0.3 m
(from 6 m to 3 m)
material, heat treatment 1 : 2.8 retained austenite
use highest practical
lubricant viscosity 1:2
viscosity
lubricant additive 1:2 use properly selected
chemistry (equal viscosity of base oil) additives
reduce the coefficient of
coefficient of friction 1 : 1.7
friction
speed 1 : 1.3 run at high speed

oil temperature 1 : 1.3 (T=20K) reduce oil temperature

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ENGRENAGENS - Avarias - Micropitting (micro-escamas)

Aumento da resistência ao Micropitting

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ENGRENAGENS - Avarias - Pitting / Spalling (escamas)

 Aparecimento no flanco do dente de fendas e crateras de elevada


profundidade;

 Pitting / Spalling resulta da iniciação de fissuras de fadiga em profundidade;

 Fissuras são devidas e iniciam-se nos defeitos microestruturais do material:


microrexupes, inclusões, …

 Resultam de um processo de fadiga de contacto, após 106 – 107 ciclos;

 As fissuras propagam-se do interior do material para a superfície;


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ENGRENAGENS - Avarias - Pitting / Spalling (escamas)


CAUSAS:

 Força normal FN elevada;

 Pressão de contacto p0 elevada;

 Máximos primários das tensões de contacto max, 0 elevados;

 Espessura específica do filme lubrificante >2.0 elevada;


 Lubrificação em regime de filme completo.

 Defeitos microestruturais, “limpeza” do material;

 Propriedades mecânicas insuficientes H Lim insuficiente;


 Profundidade insuficiente de tratamento térmico;

 Geração de Pits / Spalls.

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ENGRENAGENS - Avarias - Pitting / Spalling (escamas)

Aumento da resistência ao Pitting / Spalling

 Diminuir a pressão de contacto;

 Usar materiais “mais limpos”;

 Melhorar os tratamentos térmicos;

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ENGRENAGENS - Selecção do lubrificante


1. Espessura específica do filme lubrificante



vt
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ENGRENAGENS - Selecção do lubrificante


2. Método “United”

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ENGRENAGENS - Selecção do lubrificante


2. Método “United” – engrenagens cilíndricas e cónicas.

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ENGRENAGENS - Selecção do lubrificante


2. Método “United” – engrenagens roda de coroa / sem-fim.

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ENGRENAGENS - Selecção do lubrificante


3. Recomendações AGMA.

Lubrificante Gama de Equivalente Lubrificantes


Nº AGMA Viscosidade ISO VG Extrema-Pressão
cSt @ 40ºc
1 41.4 a 50.6 46 /
2 61.2 a 74.8 68 2 EP
3 90 a 110 100 3 EP
4 135 a 165 150 4 EP
5 198 a 242 220 5 EP
6 288 a 352 320 6 EP
7 Compound 414 a 506 460 7 EP
8 Compound 612 a 748 680 8 EP
8A Compound 900 a 1100 1000 8A EP
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ENGRENAGENS Entre-eixo Nº de lubrificante AGMA


da engrenagem Temperatura Ambiente
de menor velocidade - 10 ºC a +10 ºC + 10 ºC a +50 ºC
Engrenagem paralela - 1 andar
Selecção do a < 200 mm 2 - 3 3 - 4
200 < a < 500 mm 2 - 3 4 - 5
lubrificante
a > 500 mm 3 - 4 4 - 5
Engrenagem paralela - 2 andares
a < 200 mm 2 - 3 3 - 4
3. a > 200 mm 3 - 4 4 - 5
Engrenagem paralela
Recomendações AGMA. a < 200 mm 2 - 3 3 - 4
200 < a < 500 mm 3 - 4 4 - 5
a > 500 mm 4 - 5 5 - 6
Trem planetário - diâmetro do carter
a < 400 mm 2 - 3 4 - 5
a > 400 mm 3 - 4 5 - 6
Engrenagem concorrente dentado recto ou espiral
geratriz < 300 mm 2 - 3 4 - 5
geratriz > 300 mm 3 - 4 5 - 6
Motoredutores
2 - 3 4 - 5
Engrenagens de alta velocidade
1 2
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DEM – ISEP - IPP
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Análise de Avarias em Caixas de Engrenagens:


Casos Reais

Jorge H. O. Seabra
Tópicos 2 / 53

 Objectivo
 1. Redutor Symetro – Vida remanescente
 2. Cilíndrica – Rotura no pé de dente
 3. Cónica – Rotura por choque
 4. Espiral cónica – Perfil “rebarbado”
 5. Espiral cónica – Pré-rodagem
 Resumo

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Objectivo 3 / 53

 Analisar casos típicos de análise de avarias


em redutores;
 Reconstituição da geometria do dentado;
 Verificação do dimensionamento da
engrenagem;
 Multiplicidade de técnicas experimentais
usadas;
 Reconstituição do processo de avaria;
 Determinação da causa primária da avaria.

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Tópicos 4 / 53

 Objectivo
 1. Redutor Symetro – Vida remanescente
 2. Cilíndrica – Rotura no pé de dente
 3. Cónica – Rotura por choque
 4. Espiral cónica – Perfil “rebarbado”
 5. Espiral cónica – Pré-rodagem
 Resumo

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1. Redutor Symetro – Vida remanescente 5 / 53

Redutor SYMETRO TSFP-1350

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1. Redutor Symetro – Vida remanescente 6 / 53

 Redutor
SYMETRO TSFP-1350

 Reconstituição da geometria das engrenagens;


 Verificação da resistência do dentado:
rotura e pressão superficial;
 Determinação da espessura específica
do filme lubrificante;
 Balanço energético do redutor.
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 1º Andar: um pinhão e duas rodas de dentado helicoidal,


estando o pinhão submetido a 2 engrenamentos. Razão de
transmissão: 1/6.95.
 2º Andar: quatro pinhões e duas rodas de dentado helicoidal,
estando cada roda submetida a 2 engrenamentos. Razão de
transmissão: 1/4.10.
 Configuração: adequada distribuição dos esforços sobre o
dentado, elevada razão de transmissão: 1/28.5.
 Entre-eixo de referência na saída: 1350 mm.
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Tabela 1 - Parâmetros do redutor


Parâmetro 1º Andar 2º Andar
Nº de dentes pinhão 42 38
Nº de dentes da roda 292 156
Entre-eixo de funcionamento 1350 mm 1350 mm
Passo aparente* 25 mm 43 mm
Ângulo de pressão* 20º
Ângulo de hélice* 5º 30º
Velocidade de accionamento 500 rpm 71.9 rpm
Potência de accionamento 1250 kW
Capacidade de cárter 1200 l
Lubrificante GALP Trangear ISO VG 220
Temperatura - funcionamento 56ºC
Temperatura - parede exterior do carter* 45ºC
Temperatura ambiente* 30ºC
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Tabela 2 - Parâmetros geométricos das engrenagens do redutor.

Parâmetro 1º Andar 2º Andar


Módulo normal 8 mm 12 mm
Ângulo de pressão 20º
Ângulo de hélice 5º 30º
Diâmetro primitivo do pinhão 337.283 mm 526.543 mm
Diâmetro primitivo da roda 2344.923 mm 2161.599 mm
Largura 300 mm 400 mm
Coeficiente de desvio do pinhão 0.3130 0.2320
Coeficiente de desvio da roda 0.8261 0.2681
Passo de base aparente 23.697 mm 40.131 mm
Razão de condução transversal 1.697 1.397
Razão de condução complementar 1.040 5.305
Razão de condução total 2.738 6.702
Velocidade tangencial 8.83 m/s 1.98 m/s
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Tabela 3 - Parâmetros de resistência das engrenagens do redutor.


Parâmetro 1º Andar 2º Andar
Potência 1 250 kW 1 250 kW
Nº de contactos 2 4
Binário no pinhão 11 937 Nm 83 009 Nm
Binário na roda 82 988 Nm 340 772 Nm
Material do pinhão 20 MnCr5 42 CrMo 4
Cementação Têmp. superficial

Material da roda 42 CrMo 4


Tensão de flexão no pé do pinhão 333 N/mm2 354 N/mm2
Tensão de flexão no pé da roda 374 N/mm2 383 N/mm2
SF - pinhão 2.33 1.80
SF - roda 1.79 1.67
Pressão de contacto no flanco 697 N/mm2 813 N/mm2
SH - pinhão 2.05 1.45
SH - roda 1.67 1.45
SB 7.90 6.94
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Tabela 4 – Lubrificação EHD das engrenagens do redutor.


Parâmetro* 1º Andar 2º Andar
Velocidade de escorregamento máxima 1.36 m/s 0.29 m/s
Taxa de escorregamento máxima 20.4% 16.9%
Coeficiente de atrito (Michaelis) máximo 0.039 0.052
Temperatura Flash máxima 7.8 ºC 6.4 ºC
Temperatura de contacto máxima 104 ºC 74 ºC
Espessura do filme lubrificante mínima 1.54 m 0.94 m
Espessura específica mínima 0.72 0.44
Espessura específica mínima para 5% avaria 1.1 0.50

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Conclusão sobre o design:


 As pressões máximas de contacto são muito baixas,
equipamentos concebidos para vidas muito longas;
 Taxas de escorregamento pequenas: menores
temperaturas de funcionamento e menos desgaste;
 A espessura específica mínima do filme lubrificante é
inferior à espessura específica que garante uma
probabilidade de avaria inferior a 5%.

O único risco diz respeito à avaria de fadiga de


contacto (pitting), após longos períodos de
funcionamento.

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Substituir o óleo ISO VG 220 pelo ISO VG 320


Tabela 5 – 1º Andar, ISO VG 220.

tipo rugosidade flanco rugosid composta lambda funcion. factor segurança


acabamento rms rms   5%)
fresado normal 2.000 2.828 0.799 0.726
fresado fino 1.500 2.121 1.065 0.968
shaving 1.000 1.414 1.597 1.452

Tabela 6 – 1º Andar, ISO VG 320.

tipo rugosidade flanco rugosid composta lambda funcion. factor segurança


acabamento rms rms  5%
fresado normal 2.000 2.828 0.960 0.873
fresado fino 1.500 2.121 1.280 1.164
shaving 1.000 1.414 1.921 1.744
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Substituir o óleo ISO VG 220 pelo ISO VG 320


Tabela 7 – 2º Andar, ISO VG 220.

tipo rugosidade flanco rugosid composta lambda funcion. factor segurança


acabamento rms rms  5%
fresado normal 2.000 2.828 0.398 0.797
fresado fino 1.500 2.121 0.531 1.062
shaving 1.000 1.414 0.797 1.593

Tabela 8 –2º Andar, ISO VG 320.

tipo rugosidade flanco rugosid composta lambda funcion. factor segurança


acabamento rms rms  5%
fresado normal 2.000 2.828 0.495 0.989
fresado fino 1.500 2.121 0.660 1.319
shaving 1.000 1.414 0.989 1.979
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1. Redutor Symetro – Vida remanescente 15 / 53

Balanço energético do redutor

Balanço energético do redutor para os lubrificantes:


GALP Transgear ISO VG 220 e ISO VG 320.

PGA + PGC = QOUT

 PGA - Potência dissipada por atrito entre os dentes das


engrenagens;
 PGC - Potência dissipada por chapinagem pelas
engrenagens;
 QOUT - Calor evacuado para o exterior pelo cárter do
redutor.
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1. Redutor Symetro – Vida remanescente 16 / 53
Balanço Energético Redutor SYMETRO - GALP Transgear 220

Variável Designação valor valor Unidades


andar AR I II [/]
potência dissipada por atrito pda 1352.8 961.3 [W]
potência diss. por chapinagem pdc 3517.0 135.7
nº engrenamentos ie 2 4 [/]
potência dissipada total pdt 9739.6 4388.0 [W]
coeficiente de atrito  0.0306 0.0420 [/]
Variável Designação valor Unidades
Potência dissipada no redutor pd 14127.6 [W]
rendimento global g 0.989
comprimento do redutor l 5.400 [m]
largura do redutor b 2.135 [m]
altura do redutor h 1.355 [/]
superfície do redutor Sr 43.478 [ m2 ]
temperatura da superfície Tsup 45.0 [ ºC ]
temperatura ambiente Tamb 30.0 [ ºC ]
factor de radiação nominal Ct0 18.63 [(Kcal /h)/(m2 ºC)]
2
factor de radiação nominal Ct0 21.66 [ W / (m ºC) ]
potência evacuada pe 14127.8 [W]
2
factor de radiação efectivo Ct 21.66 [ W / (m ºC) ]
razão de potências pe/pd 1.000 [/]
temperatura do lubrificante 56.0 [ ºC ]
volume de óleo 1200.0 [l]
tempo de estabilização 0.45 [h]
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1. Redutor Symetro – Vida remanescente 17 / 53

Conclusão final:
 Para um acabamento superficial “fresado fino” o
lubrificante ISO VG 220 é adequado para o equipamento:
 Temperatura de funcionamento de 56ºC;
 Espessura específica média do filme lubrificante ao longo da linha
de engrenamento garante uma probabilidade de avaria inferior a 5%;
 Lubrificante ISO VG 220 está de acordo com a norma AGMA:
redutores de duplo andar, com entre-eixo superior a 200 mm e
funcionamento a temperaturas ambiente entre 10 ºC e 50 ºC
AGMA - 5EP;
 Substituição por um lubrificante ISO VG 320, garante uma espessura
específica 20% superior, embora tal não impeça que um processo de
avaria de fadiga de contacto nos flancos dos dentes, uma vez
iniciado, continue a sua progressão.

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Tópicos 18 / 53

 Objectivo
 1. Redutor Symetro – Vida remanescente
 2. Cilíndrica – Rotura no pé de dente
 3. Cónica – Rotura por choque
 4. Espiral cónica – Perfil “rebarbado”
 5. Espiral cónica – Pré-rodagem
 Resumo

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2. Cilíndrica – Rotura no pé de dente 19 / 53

Roda cilíndrica de dentado recto

Aplicação – máquina agrícola


Avaria - rotura no pé de dente

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2. Cilíndrica – Rotura no pé de dente 20 / 53

CARACTERÍSTICAS DAS RODAS DENTADAS


Tipo: cilíndrica, dentes rectos
Nº de dentes: 44
Módulo: 5 mm
Ângulo de pressão: 20º (roda 1), 25º (roda 2)
Desvio de geração: -0.370
Largura: 18 mm
Posição: intermédio,
três pinhões (16 / 44 / 22)
Material: 16MnCr5, cementado
Aspecto visual: 1 dente partido

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2. Cilíndrica – Rotura no pé de dente 21 / 53

SUPERFÍCIE DE FRACTURA
- Fracturas semelhantes, aspecto rugoso e geometria global quase
plana através da base do dente;
- Estrias de propagação de fissuras por fadiga;
- Morfologias características das cementadas junto às arestas
correspondentes aos flancos activos;
- Propagação de fissura no pé de dente devido a sobrecarga.

a = 20º a = 25º

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2. Cilíndrica – Rotura no pé de dente 22 / 53

Dimensionamento da Engrenagem
Z 16 44 22 5000 horas
n 540 196.4 392.7 óleo ISO VG 220, 70ºC
b a
18 20 340.6 936.6 468.3 Nm - binário
19.26 kW - potência
2.23 1.4 / 1.44 2.32 flexão
1.07 1.16 / 1.3 1.25 pitting
2.74 3.74 gripagem-flash
18 25 358.7 986.5 493.2 Nm - binário
20.29 kW - potência
2.02 1.4 / 1.43 2.09 flexão
1.09 1.2 / 1.35 1.28 pitting
2.97 4.02 gripagem-flash
25 25 494.2 1359.1 679.5 Nm - binário
27.95 kW - potência
2.02 1.4 / 1.43 2.03 flexão
1.09 1.2 / 1.34 1.27 pitting
2.95 4.00 gripagem-flash
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2. Cilíndrica – Rotura no pé de dente 23 / 53

Conclusão:
Engrenagem mal dimensionada:
 Potência admissível baixa;
 2 engrenamentos por ciclo;
 Aumento do ângulo de pressão insuficiente para resolver
o problema;
 Necessário aumento do ângulo de pressão e da largura
activa do dente.

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Tópicos 24 / 53

 Objectivo
 1. Redutor Symetro – Vida remanescente
 2. Cilíndrica – Rotura no pé de dente
 3. Cónica – Rotura por choque
 4. Espiral cónica – Perfil “rebarbado”
 5. Espiral cónica – Pré-rodagem
 Resumo

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3. Cónica – Rotura por choque 25 / 53

Engrenagem cónica de
dentado recto

Aplicação:
caixa angular de uma
máquina agrícola

Avaria:
rotura no pé de dente por
sobrecarga de choque
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3. Cónica – Rotura por choque 26 / 53

CARACTERÍSTICAS
DA ENGRENAGEM

Tipo:
cónica de dentes rectos,
tipo Gleason
Nº de dentes:
pinhão Z1 = 14, roda Z2 = 18
Funcionamento:
multiplicador (i = Z2 / Z1 = 1.2857)
Aspecto visual:
pinhão 1 dente fracturado;
roda 11 dentes fracturados;
danos superficiais (impactos e abrasão).
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3. Cónica – Rotura por choque 27 / 53

SUPERFÍCIES DE FRACTURA
Fractura brutal (sem progressão de fissura) pelo pé do dente
de vários dentes;
Fractura por interferência de outros dentes;
Alguns dentes, do pinhão e da
roda, mostram fortes indentações;
11

Sobrecarga brutal que excedeu


largamente a capacidade de
1
resistência dos dentes da roda.
2 10

3 9

4 8

5 6 7

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3. Cónica – Rotura por choque 28 / 53

A – Zona de descoesão 2 4 5
brutal do material, sob B B B
acção de uma forte A
A A
sobrecarga de corte,
do lado do flanco
activo, originado uma
superfície lisa;
B – Zona de rotura final,
por flexão, rugosa.

1 3 7

Rotura brutal no pé de
dente, por flexão,
devido a forte
sobrecarga;
Zona tratada visível.
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3. Cónica – Rotura por choque 29 / 53

D- Fortes estrias de abrasão sobre a


superfície de fractura;

Marcas de indentações provocadas C- Material fortemente deformado


por outros dentes ou porções de plasticamente e esmagado no
dentes fracturados; intervalo entre dois dentes.

Provocando forte deformação C


plástica do topo do dente.
D

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3. Cónica – Rotura por choque 30 / 53

Conclusão:
Engrenagem submetida a forte carga de choque,
comum em equipamentos agrícolas.
 Dentes arrancados por cisalhamento
devido a forte carga tangential;
 Indentações provocados pelos dentes arrancados
sobre os restantes dentes;
 Dentes fracturados por flexão.

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Tópicos 31 / 53

 Objectivo
 1. Redutor Symetro – Vida remanescente
 2. Cilíndrica – Rotura no pé de dente
 3. Cónica – Rotura por choque
 4. Espiral cónica – Perfil “rebarbado”
 5. Espiral cónica – Pré-rodagem
 Resumo

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4. Espiral cónica – perfil “rebarbado” 32 / 53

ENGRENAGEM ESPIRAL CÓNICA

Redutor de uma central hídrica

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4. Espiral cónica – perfil “rebarbado” 33 / 53

ENGRENAGEM RECEPCIONADA:
Tipo: espiral cónica
Nº de dentes: pinhão (Z1) = 29, roda (Z2) = 47
Funcionamento: multiplicador (i = Z2 / Z1 = 1.62)
Aspecto visual:
 vários dentes partidos no pinhão;
 danos superficiais de fadiga de contacto na
generalidade dos flancos activos dos dentes:
“pitting” acentuado e crateras de fadiga “spalling”;
 corrosão generalizada na jante da roda a e em
muitos dentes da roda e do pinhão.
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4. Espiral cónica – perfil “rebarbado” 34 / 53

ENGRENAGEM RECEPCIONADA:
Foram cortadas porções da roda e do pinhão para
produzir provetes:
- propriedades
dos materiais;
- amostras
metalográficas.

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4. Espiral cónica – perfil “rebarbado” 35 / 53

INSPECÇÃO DAS SUPERFÍCIES :


CARATERAS DE FADIGA –
- visíveis nos flancos do pinhão e da roda,
- de grandes dimensões (l > 0.5 mm);
- mecanismo de avaria: fadiga de contacto.

Caratera
Fissura

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4. Espiral cónica – perfil “rebarbado” 36 / 53

DENTES FRACTURADOS :
- Vários dentes do pinhão fracturados, na periferia radial do pinhão;
- Fracturas devidas a fadiga por flexão no pé do dente:
- Fissuras;
- Estrias de fadiga nas superfícies de fractura.

Flanco activo
Fissura

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4. Espiral cónica – perfil “rebarbado” 37 / 53

DISTRIBUIÇÃO DE CARGA ASSIMÉTRICA :

- Fracturas ocorrerem apenas


na periferia exterior do pinhão;
- Várias zonas dos flancos Pinhão
A2
activos (da roda e do pinhão)
não participaram no contacto B2
A2*
durante o engrenamento:
- A1 e A2: zona de contacto;
- B1 e B2: zona de não
contacto; Roda
- Concentração de danos
superficiais do lado esquerdo A1 B1
das imagens.
B1
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4. Espiral cónica – perfil “rebarbado” 38 / 53

GEOMETRIA E RUGOSIDADE DOS FLANCOS :


1500 contacto apenas no topo do dente

1000 A2*
500
0 A2
-500
-1000
-1500 B2
-2000
-2500
-3000
PINHÃO l = 15 mm
-3500

2500
contacto junto à base do dente
2000
B1

1500
B1
1000 A1

500

0
RODA l = 15 mm
-500

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4. Espiral cónica – perfil “rebarbado” 39 / 53

l = 15 mm

l = 15 mm
TEXTURAS Roda

contacto apenas no topo do dente


DAS

A2
SUPERFÍCIES
DOS A1 B1
FLANCOS :
B1

B1
A2*

A2
C) vestígios de maquinagem nos
flancos não activosB (fresagem CNC);
2 B1

contacto junto à base do dente


B) abrasão provocada por meios
manuais ou semi-automáticos que

A1
gerou estrias longitudinais; B1

B2
B1
A1
A) zonas de contacto com grande
deformação plástica e forte

B1
polimento, apresentando crateras

PINHÃO

RODA
de fadiga e muitas fissuras devidas A1
A2*

à deformação plástica.
0
1500
1000
500

-500
-1000
-1500
-2000
-2500
-3000
-3500

0
2500

2000

1500

1000

500

-500
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4. Espiral cónica – perfil “rebarbado” 40 / 53

COMPOSIÇÃO QUÍMICA :
- Cr: 1.85-1.86, Mn: 1.31-1.33, Ni: 0.97-0.99 e Mo: 0.2-0.22 (%massa) ;
- Semelhante ao aço DIN 40 CrMnNiMo 8-6-4;
- Propriedades Mecânicas:
dureza - 290 a 345 HB (310 a 363 HV20);
alongamento à ruptura - 12%.

Medições de dureza.
RODA HV20 média var. %
sem contacto 296 312 312 307
com contacto 362 386 341 363 +18.4%
PINHÃO
sem contacto 321 321
com contacto 351 341 348 +7.8%
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4. Espiral cónica – perfil “rebarbado” 41 / 53

CONCLUSÕES:
1) Os perfis dos dentes apresentam fortes imperfeições geométricas;
2) Tais alterações resultaram de um processo abrasivo efectuado por
meios manuais e não do funcionamento da engrenagem;
3) Essas imperfeições conduziram a uma distribuição de carga sobre o
flanco do dente fortemente assimétrica, quer na direcção da largura
quer ao longo do perfil;
4) A assimetria da distribuição de carga sobre os flancos conduziu a
sobrecargas localizadas em determinados pontos do flanco;
5) Tais sobrecargas originaram:
- fissuras no pé de dente, a sua propagação e rotura final parcial do
dente, ou
- pressão superficial excessiva e geração de crateras de fadiga de
contacto (pitting).

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Tópicos 42 / 53

 Objectivo
 1. Redutor Symetro – Vida remanescente
 2. Cilíndrica – Rotura no pé de dente
 3. Cónica – Rotura por choque
 4. Espiral cónica – Perfil “rebarbado”
 5. Espiral cónica – Pré-rodagem
 Resumo

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5. Espiral cónica – pré-rodagem 43 / 53

Avaria de uma roda dentada espiral-cónica

- Aplicação desconhecida
(não divulgada);
- Tratamento térmico com
excesso de profundidade
de cementação;
- Análises da camada
cementada já realizadas;
- Questão:
O T. T. teve influência na
avaria?

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5. Espiral cónica – pré-rodagem 44 / 53

CARACTERIZAÇÃO DA ENGRENAGEM
- Pinhão Z1 = 15 dentes; Roda Z2 = 47 dentes; Módulo = 5 mm;
- Muitos dentes sofreram rotura, tratando-se de roturas parciais da
extremidade interna dos dentes (lado do furo);
- Material: aço DIN 15 NiCr 13 (G15 Special);

- Engrenagem espiral-cónica
(roda e pinhão) maquinada com
tecnologia Klingelnberg,
o que permite obter elevada
precisão geométrica (?);
- Profundidade cementação = 1.4 mm,
demasiado elevada;
- Dureza superficial – 58 -60 HRC.

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5. Espiral cónica – pré-rodagem 45 / 53

Repartição do desgaste e da carga no flanco dos dentes

a) Libertação de escamas na a)
extremidade esquerda; b)
b) Desgaste do lado
esquerdo;
c) Ligeira interferência no pé d)
do dente do lado direito;
d) Ausência de contacto e de c)
desgaste do lado direito.

Repartição de carga
fortemente assimétrica
sobre o perfil dos dentes.

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5. Espiral cónica – pré-rodagem 46 / 53

Repartição do desgaste e da carga no flanco dos dentes


- 3 dentes consecutivos apresentam forte escamação e dano
na extremidade esquerda dos flancos;
- Lado direito do flanco não sofreu qualquer desgaste e,
portanto, não transmitiu carga.

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5. Espiral cónica – pré-rodagem 47 / 53

INICIAÇÃO, PROPAGAÇÃO a) Elevada sobre-carga


E ROTURA FINAL sobre o lado esquerdo do
flanco;
b) Iniciação de fendas de
fadiga na superfície do
flanco que se propagaram
na sub-superfície;
c) Libertação de escamas;
d) Zona danificada progrediu
da esquerda para o centro
do flanco, gradualmente;
e) Libertação de escamas
cada vez mais profundas
e de maior dimensão;
f) Fenómeno típico de
Fadiga de Contacto.
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5. Espiral cónica – pré-rodagem 48 / 53

INICIAÇÃO, PROPAGAÇÃO a) Ponto de iniciação de


E ROTURA FINAL uma fenda no pé de
dente;
b) Progressão no interior
b)
c) do flanco;
c) Rotura final, granular e
brusca;
d) Zona do flanco não
d) desgastada e sem
transmissão de carga;
a)
e) Libertação de escamas
cada vez mais profundas
e de maior dimensão;
f) Fenómeno típico de
Fadiga de Contacto.
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5. Espiral cónica – pré-rodagem 49 / 53

INICIAÇÃO, PROPAGAÇÃO E ROTURA FINAL

e) d)
a) Pontos de iniciação de
b) fendas no pé de dente;
b) Progressão da fenda no
c) interior do flanco;
a)
c) Linhas radiais de
progressão da fenda;
d) Linhas da frente de
progressão da fenda;
e) Zona de rotura final.

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5. Espiral cónica – pré-rodagem 50 / 53

CONCLUSÃO:

A avaria de rotura generalizada dos dentes da roda espiral-cónica


foi provocada por uma forte sobre-carga aplicada na extremidade
interior dos dentes (lado do furo).

CAUSAS:
1) Talhagem deficiente do dentado da engrenagem espiral-cónica,
originando insuficiente concordância geométrica entre os flancos
dos dentes do pinhão e da roda (Cementação e Pré-Rodagem);
2) Montagem inadequada da engrenagem espiral-cónica devida a
tolerâncias dimensionais e geométricas mal concebidas ou não
observadas durante a montagem;
3) Avaria ou montagem inadequada de um dos rolamento de apoio da
roda ou do veio-pinhão, originando empeno da engrenagem em
funcionamento.

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Dept. Engenharia Mecânica, ISEP, IPP. 7 de Junho de 2016
Tópicos 51 / 53

 Objectivo
 1. Redutor Symetro – Vida remanescente
 2. Cilíndrica – Rotura no pé de dente
 3. Cónica – Rotura por choque
 4. Espiral cónica – Perfil “rebarbado”
 5. Espiral cónica – Pré-rodagem
 Resumo

J H O Seabra, Análise de Avarias em Caixas de Engrenagens – Casos Reais


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Resumo 52 / 53

 Casos típicos de análise de avarias em


redutores;
 Reconstituição da geometria do dentado;
 Verificação do dimensionamento da
engrenagem;
 Multiplicidade de técnicas experimentais
usadas;
 Reconstituição do processo de avaria;
 Determinação da causa primária da avaria.

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Dept. Engenharia Mecânica, ISEP, IPP. 7 de Junho de 2016
Agradecimentos 53 / 53

 Prof. Luís Magalhães (DEM, ISEP, IPP);


 A. BRITO, Indústria Portuguesa de Engrenagens, L.da
 F. Ramada, Aços e Industrias, S.A.
 GALP Energia, S.A.

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Dept. Engenharia Mecânica, ISEP, IPP. 7 de Junho de 2016
Jorge Humberto Oliveira Seabra

Funções

Professor Catedrático da FEUP – Departamento de Engenharia Mecânica –


Secção de Mecânica Aplicada

Cargos

Diretor do Departamento de Engenharia Mecânica 2015-05-11


Presidente da Comissão Executiva do Departamento de Engenharia Mecânica
Presidente do Conselho do Departamento de Engenharia Mecânica
Diretor do CETRIB (Unidade de Tribologia e Manutenção Industrial) do INEGI () - Integrada na Unidade
de Investigação nº 130 da FCT – Mecânica Experimental e Novos Materiais – e também integrado no
LATETA (Laboratório Associado de Energia, Transportes e Aeronáutica).

Áreas de Investigação

Mecânica do Contacto, Lubrificação Elastohidrodinâmica, Engrenagens, Rolamentos, Avarias de


Superfícies, Lubrificantes, Reologia e Análise de Lubrificantes em Serviço.

Docência

Cinemática e Dinâmica do Corpo Rígido – MIEM


Mecânica do Contacto e Lubrificação – MIEM

Alunos de Pós-Doc, Doutoramentos e Mestrado

4 – Pós-Doc concluídos;
7 – Doutoramentos concluídos
23 – Mestrados concluídos

Projetos de Investigação e Desenvolvimento

8 – Projetos financiados pela Comissão Europeia


14 – Projetos financiados pela FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia
14 – Projetos financiados por Empresas Nacionais e Internacionais

Informação da SCOPUS (maior base de dados resumos e citações de publicações com peer-reviewed) -
25 de Maio de 2016

96 – publicações
14 – índice h (baseado no número de publicações e citações)
675 - citações

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