Você está na página 1de 9

Arquitetura Vastu

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

A Arquitetura Vastu (também grafado Vaastu) é um conjunto de


princípios arquitetônicos e de planejamento baseados em antigos
textos em sânscrito e em tamil.

Índice
Vastu e Vaastu na Arquitetura
Preservação do Conhecimento
Prédio comercial utilizando princípios
Fundamento Conceitual da arquitetura Vastu.
Referências

Vastu e Vaastu na Arquitetura


O conhecimento sobre a Ciência do Vastu e Vaastu, também
conhecida como Ciência e Tecnologia Mayônica, originou-se com
Brahmarishi Mamuni Mayan, entre 12.000 e 13.500 anos atrás.[1]

O Vastu Vidya é a sagrada arte e ciência milenar sobre o ambiente


construído, que orienta as construções e a organização de ambientes
para que tenham um harmônico fluxo energia vital. O conhecimento e
domínio sobre este fluxo de energia em todos os aspectos da vida foi
condensado da forma mais pura e profunda na Cultura Yogarishi, que
floresceu na Civilização do Vale do Rio Indo, há mais de 10 mil anos
atrás.

Em Sânscrito, a palavra “Vastu” é formada pela raiz “vas”. “Vas”


significa viver ou existir. O significado preciso de “Vastu” é “viver
eternamente”.[2] Vastu é a energia que vive eternamente. E “vaas”
significa assumir a aparência de, tornar firme.[3] Como mencionado
pelo Dr V. Ganapati Sthapati a respeito da ciência do Vastu e Vaastu,
“esta ciência lida com o eterno processo da energia sutil se
manifestando no espaço material ou formas”.[2] Representação de Brahmarishi
Mamuni Mayan
A palavra Vastu, com “a” curto, é um termo sânscrito que significa
natureza, meio ambiente ou meio circundante, e, da mesma forma,
com “a” longo - muitas vezes escrito como Vaastu - é derivado do primeiro e se refere especificamente a todos
os tipos de casas e habitações, em seu sentido mais amplo. Vidya, por sua vez, significa conhecimento ou
sabedoria. Portanto, Vastu Vidya é o conhecimento da ciência da habitação, corresponde à antiga arte e ciência
sagrada da construção e da criação de ambientes, sabedoria sobre a condução da energia cósmica no espaço.
(TALAVANE KRISHNA, 2001[4]; MARCUS SCHMIEKE, 2006[5])
Referências a Mayan são encontradas nos épicos Ramayana e Mahabharata. No Ramayana, Maharishi
Valmiki exalta Mayan como alguém dotado de uma inteligência e de talentos supra humanos. São atribuídos a
ele textos como o Aintiram,[6] mais tarde denominado Aintira Vyakarana. Etimològicamente “Thiram”
significa poder, habilidade ou talento, e “Aindu” significa 5 – o sistema quíntuplo encontrado nas funções do
Ser Universal. Aintiram é considerado o texto básico que deu origem aos Vedas, Agamas e Vaastu Shastras.

Muitos são os antigos textos que mencionam ou sistematizam a arte e ciência do Vastu Vidya: Está citado no
Arthava Veda, um dos quatro mais importantes livros de onde surgiu o Hinduísmo, especificamente na parte
conhecida como Sthapatya Veda, encontrado também no Mayamatam, antigo tratado de Vastu Vidya (Vastu
Shastra), escrito no século X ou XI d.C., redescoberto em 1934, e codificado no Vaastu Veda, que orienta a
construção de edifícios. (TALAVANE KRISHNA, 2001)

Preservação do Conhecimento
Esta ciência foi preservada na Índia por milhares de anos, pela
linhagem dos Vishwakarma, tendo sido mais recentemente divulgada
pelo Shilpi Guru Dr V. Ganapati Sthapati].[7] Este dedicou toda a sua
vida para reavivar o autêntico Vastu e Vaastu, tendo estabelecido o
Vaastu Vedic Trust e a American University of Mayonic Science and
Technology para que este legado possa continuar a ser divulgado na
sua forma correta e completa.

Apesar da codificação deste conhecimento nos Shastras e livros sobre Dr V. Ganapati Sthapati analisando
o assunto, a sua totalidade não pode ser transmitida por conceitos escritos antigos gravados em folhas
escritos. A transmissão do conhecimento segue os preceitos da antiga de palmeira
Cultura Hindurishi, de tradição oral Paramparay, de boca a ouvido,
ou de Mestre a discípulo.

Nos tempos antigos, o Vastu Vidya era praticado por homens sábios conhecidos como Sthapathis, que tinham
grande conhecimento também em astrologia. (TALAVANE KRISHNA, 2001[4])

Fundamento Conceitual
Mayan percebeu como o grande campo de Consciência, Brahmam,
ou campo quântico, se altera a partir da energia potencial (Vastu),
para se tornar matéria (Vaastu – energia cinética). Mayan intuiu, como
tudo, criado e não criado, é vibração ou pulso, e pode ser descrito em
termos matemáticos.[9]

Como mencionado pela Dra Jessie J. Mercay, o grande campo de


Consciência utiliza um desdobramento matemático rítmico ao se
tornar matéria. Mayan verificou que ao aplicar esta mesma sequência
através de fórmulas matemáticas específicas, podia criar formas que
vibram com as qualidades de Brahmam. Mayan denominou Vastu
este campo de pura energia, e Vaastu as formas manifestadas. Vaastu
refere-se às formas manifestadas em si, e também à energia sutil que Padrões de Ondas, com
permeia todos os objetos. concentração maior nos cantos[8]

Junto com a descoberta deste processo, Mayan percebeu as


expressões matemáticas que poderiam nos permitir acessar qualidades específicas do campo de Brahmam ou
Consciência Pura, qualidades como bem-estar, harmonia, paz, abundância entre outras. Como mencionado por
Robert Lawlor [10] “a natureza fundamental do mundo material se torna conhecida através do seu padrão
vibratório subjacente”.

A pulsação do espaço, dirigida pela Consciência (Absoluto, Campo Unificado) origina inicialmente padrões
de ondas. São padrões que se originam do Som e da Luz. E conforme descrito nos Vaastu Shastras, este
padrão primordial de ondas é formado por ondas quadradas no nível sutil e por ondas circulares no nível
grosseiro.[8]

Ondas circulares são notadas, por exemplo, quando jogamos uma pequena pedra sobre a água, originando
círculos que se propagam como ondas de forma ordenada. Estas ondas são visíveis. Já as ondas do nível sutil
são conhecidas como anéis concêntricos quadrados. O ponto central deste quadrado é o ponto a partir do qual
nossos pensamentos projetam ondas quadradas concêntricas, que vão originar a forma desejada. A onda
quadrada imóvel é conhecida como a mandala Vaastu Purusha.[8]

Esta mandala é uma grade energética constituída de 8x8=64 quadrados menores, de dimensões uniformes
(Manduka pada). Esta mandala de energia sutil gira a partir de si própria e origina a grade enrgética de 9x9=81
quadrados menores, de dimensões uniformes (Paramasayika pada).

Estas grades energéticas com 64 e 81 quadrados são consideradas básicas, originando espaços maiores e
menores. A de 64 quadrados expande-se a partir de um ponto central, o Brahma bindu e a grade energética
com 81 quadrados expande-se a partir de um quadrado central.[11] Estes anéis concêntricos quadrados,
gerados a partir do ponto e do quadrado centrais, são ondas que se transformarão em uma forma material.

Representação das 2 grades energéticas [8]

Brahma pada é o espaço luminoso, Deivika pada o espaço de esplendor, Maanusha pada o espaço de
consciência e Paisaachika pada o espaço da matéria. Esta ordem sequencial confere significado ao ponto da
energia sutil, no centro, que se transforma em ondas de resplandecência, ondas de percepção e finalmente em
matéria.[11] Porque o Brahma Pada é o espaço luminoso, nada se constrói nesta região central.

O padrão de ondas ocasionado pela vibração do espaço tem mais outra propriedade, que é o fenômeno da
ressonância ou vibração simpática: 2 frequências de vibração respondendo uma à outra.[8] Como exemplo, 2
diapasões com a mesma frequência de vibração (ritmo) vão estimular um ao outro. Já um diapasão com uma
frequência de vibração diferente não será estimulado.
Conforme comentado por Dr
Sthapati,[8] uma contribuição de
profundo significado encontrada no
Sthapatya Veda refere-se ao fato de
que números também ressoam entre
si. O nº 4 ressoa com outro nº 4,
bem como com múltiplos e frações
do 4, trazendo harmonia.

Assim como números ressoam entre


si, formas bi e tri-dimensionais
também. A isto denominamos
ressonância espacial ou harmonia
espacial. Ou seja, espaços ressoam
entre si desde que sejam
consequência das mesmas
frequências, ou múltiplos ou frações
2 diapasões com a mesma frequência de vibração (ritmo)
destas. Quando vários espaços ou
formas são construídos para ressoar
entre si, criamos uma sinfonia em termos de formas.

Os Vastu e Vaastu Shastras delineiam os passos necessários para que se possa criar (mais propriamente dito
manifestar) estruturas que vibram de forma benéfica. De acordo com estes textos, há 3 aspectos fundamentais a
serem seguidos, sem o que uma construção não pode ser considerada Vaastu.[3] São eles:

1. Criar o efeito Vastu-Vaastu


2. Manter o efeito Vastu-Vaastu criado
3. Viver em harmonia com o efeito Vastu-Vaastu

O primeiro aspecto, o de criar o efeito Vastu-Vaastu, se apoia em 2 fatores principais:

1. Quaisquer espaços contidos por paredes precisa estar alinhado com as direções cardinais (N-
S-L-O verdadeiros, ou geográficos), de forma a captar a energia sutil da Terra, denominada
Vaastu Purusha.
2. O segundo fator necessário para criar o efeito Vastu-Vaastu refere-se a determinar o espaço
que será construído, a partir de medidas matemáticas muito específicas, os cálculos Ayadi,[12]
e construí-lo de acordo, de forma bem meticulosa. Ou seja, o perímetro da construção precisa
ser escolhido de forma precisa para que esta capte as energias positivas. Este perímetro é a
chave que abre a porta às qualidades do campo da Consciência Pura e que vão fornecer
saúde, riqueza, bem-estar, harmonia, entre outras qualidades que podem ser escolhidas.
Representação de Vaastu
Representação de Vastu Purusha
Purusha, energia sutil da Terra
manifestando-se como energia
sutil

Sem a orientação cardinal adequada e sem as medidas corretas, o


efeito Vastu-Vaastu não ocorre.[9]

O segundo aspecto importante é o de como manter a energia


captada.

Este efeito é conseguido através da aplicação adequada de princípios


relacionados à posição de paredes, portas, janelas, água, eletricidade,
envolvendo também princípios relativos à altura da construção,
escolha adequada do terreno, entre outros. Sem a aplicação destes
princípios o efeito Vastu-Vaastu criado fica distorcido.[3]

Os 81 módulos de uma construção Vastu refletem as diferentes


qualidades de energia que se distribuem pelo espaço contido pelas
paredes (os pada devatas ou riks). Estas qualidades beneficiam toda
a psicologia da pessoa desde que portas para o exterior, paredes,
janelas, entre tantos outros fatores, estejam nos locais corretos. Exemplo de arquitetura Vastu – templo
Brihadeeswara em Tanjour, TamilNadu,
A posição da entrada principal (Mahadwara) tem grande significado
Índia
e é regida pela qualidade do devata associado.[13] Como regra geral
evita-se a porta em posição central na parede ao Sul da casa, no
Oeste e no Leste. A única exceção para uma porta central em uma casa é na parede Norte. Já com relação a
áreas comerciais, escritórios, qualquer face da construção pode ter uma porta central.
Módulos possíveis para localizar a porta principal em uma
casa Vastu e devatas relacionados às mesmas (6)

Exemplo de casa Vastu


A direção cardinal a ser escolhida para a porta principal depende do perímetro calculado para trazer boas
energias. Cada perímetro, estabelecido de acordo com os cálculos Ayadi, determina algumas direções cardinais
possíveis para esta porta. Nenhum perímetro permite que todas as 4 direções cardinais possam ser utilizadas.

O terceiro aspecto a ser considerado é viver em harmonia com energia captada.[9] O que nos remete a como a
energia Vastu-Vaastu se distribui dentro de uma dada forma.

Esta energia penetra através do centro da construção – o Brahmasthan (sthan: estabelecido; Brahman: o
Absoluto). Penetra tanto pela terra como através de cúpula e/ou Kalash (penetra pelo céu). Estas 2 energias
(vindas da terra e do céu) se unem formando o elemento espaço (éter), que ao vibrar origina os elementos ar,
fogo, água e terra, mantendo-se presente como energia sutil – Vaastu Purusha – em toda a construção, e
propagando-se pelos arredores.

À medida que ar, fogo, água e terra são formados, eles se estabelecem nos cantos da construção. O elemento
ar, o mais sutil, se estabelece no canto noroeste da construção. O elemento fogo, ligeiramente mais denso, no
canto sudeste. O elemento água se estabelece no canto nordeste e finalmente o elemento terra, o mais denso de
todos, no canto sudoeste. Este processo de manifestação dos elementos a partir da energia primordial é descrito
com detalhes no livro Fabric of the Universe.[14]

Cada um desses elementos tem vibração, atributos e qualidades próprias. Viver em harmonia com eles requer
que os ocupantes executem atividades harmônicas aos mesmos, como por exemplo, cozinhar onde está o
elemento fogo.

Lembrando que levar em consideração apenas a distribuição dos cômodos dentro de uma construção não faz
com que a energia seja captada e mantida.

De acordo com os Vaastu e Agama Shastras, o setor Sudoeste de uma construção é reservado aos donos da
mesma. Por quê? Cada setor de uma construção Vastu está relacionado a uma deidade ou luminar. Deidades
ou luminares são, na realidade, diferentes raios luminosos emitidos a partir da região central da construção, o
Brahmasthan, e que se diferenciam no espaço contido por paredes.

A maior quantidade de raios luminosos atinge os setores Nordeste e Sudoeste, que se tornam os locais com
mais energia. Desta forma o Sudoeste é atribuído aos donos da construção e o Nordeste primordialmente para
culto ou adoração.

No setor Sudoeste, a deidade ou luminar mais importante é Nairruti. Nairruti é outro nome de Lakshmi, a
deusa da riqueza e da prosperidade duradouras. As energias específicas direcionadas para o Sudoeste trazem
harmonia, saúde, longevidade, bons filhos, saúde e riqueza. Este setor da construção, em especial, entra em
ressonância com as qualidades que proporcionam as qualidades mencionadas aos moradores, além de forte
conexão com o Criador.
Tecnicamente Nairruti significa aquela que estabelece um
ponto de parada, cancelando apegos e vínculos criados.
Com isto Nairruti promove um sono profundo e
reparador. Devido a esta quebra de vínculos as pessoas
tem a possibilidade de ficar com a consciência de si
mesmo, o que favorece a iluminação.

Os princípios do Vastu, quando aplicados a uma


construção, elevam a frequência das pessoas a um nível
de saúde e bem-estar, de modo que cada um possa se
desempenhar de forma feliz e bem-sucedida no
mundo.[15] Casas, escritórios, escolas, enfim, todo e
qualquer espaço construído deveria sê-lo de acordo com
os princípios do Vastu e Vaastu, de forma a assegurar o
bem-estar e a saúde das pessoas.
Distribuição dos 5 elementos dentro de uma Cidades deveriam ser planejadas utilizando-se destes
construção Vastu.[8] princípios, para favorecer a prosperidade e harmonia dos
cidadãos.[16] Quanto ao paisagismo, de acordo com o
Vastu, é indissociável da edificação que o mesmo envolve.[17]

Referências
1. Tradução do "Surya Siddhanta", por Bhāskarācārya, Bapu Deva Sastri, Lancelot Wilkinson,
ISBN 3-7648-1334-2, ISBN 978-3-7648-1334-5,
http://www.wilbourhall.org/pdfs/suryaEnglish.pdf
2. Temples of Space-Science (1996), Dakshinaa Publishing House
3. A Vaastu Shastra: gateway to the Gods (2013), DJM
4. KRISHNA, Talavane (2001). The Vaastu Workbook. Rochester: Destiny Books
5. SCHMIEKE, Marcus (2006). Vastu: Construção e decoração de interiores segundo o Feng
Shui indiano. São Paulo: Editora Pensamento
6. Tradução do "Mayan’s Aintiram", por Dr S. P. Sabharathnam (1997), Vaastu Vedic Research
Foundation, Vaastu Purusha Publishing House
7. Vāstu, Astrology, and Architecture: Papers Presented at the First All India Symposium on
Vāstu. [S.l.]: Motilal Banarsidass Publications. 1998. p. 74
8. Dr V. Ganapati Sthapati (2001). Building Architecture of Sthapatya Veda. [S.l.]: Dakshinaa
Publishing House. p. 103
9. http://www.ipropertybook.com/bnm/vaastu-shastra-modern-times
10. Robert Lawlor (1996), Geometria Sagrada, ISBN 97-884-744-4748-4
11. Dr V. Ganapati Sthapati (2002). Quintessence of Sthapatya Veda. [S.l.]: Dakshinaa Publishing
House. p. 85
12. Dr V. Ganapati Sthapati (2003). Ayadi Calculations: mathematics of vibrational matching. [S.l.]:
Dakshinaa Publishing House
13. Dr V. Ganapati Sthapati (2000). Vaastu Purusha Mandala. [S.l.]: Dakshinaa Publishing House
14. Dr Jessie Mercay (2005). Fabric of the Universe. [S.l.]: Dakshinaa Publishing House
15. Casas que curam: Vastu-arquitetura, pág 82-83 Revista Circuito nº 167, nov 2013
16. A casa dos seus sonhos: Vastu-arquitetura, pág 50-51 Revista Circuito nº 171, mar 2014
17. Originalidade pura, pág 10-17 Revista Plantas, Flores e Jardins nº 106, Ed. Escala, jul 2015
Obtida de "https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Arquitetura_Vastu&oldid=56628369"

Esta página foi editada pela última vez às 17h11min de 3 de novembro de 2019.

Este texto é disponibilizado nos termos da licença Atribuição-CompartilhaIgual 3.0 Não Adaptada (CC BY-SA 3.0) da
Creative Commons; pode estar sujeito a condições adicionais. Para mais detalhes, consulte as condições de utilização.

Você também pode gostar