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Helicoverpa armigera: 8 fatos sobre a praga para realizar o melhor manejo

A lagarta é uma das mais preocupantes para produtores brasileiros porque ataca
culturas importantes, como soja, milho e algodão

A lagarta Helicoverpa armigera é sinônimo de dor de cabeça para produtores rurais do


Brasil, especialmente o sojicultores. Para manter uma boa produtividade na lavoura, é
importante conhecer bem a praga, saber como fazer a identificação correta e realizar
técnicas de manejo e prevenção que evitem a incidência da lagarta.

1 – A lagarta que ataca tudo

A pesquisadora de entomologia da Fundação Mato Grosso, Lúcia Vivan, conta que um


dos fatores que tornam a Helicoverpa um grande problema é ela se alimentar de vários
tipos de cultura, podendo ser incubada em muitas plantações. “Essa lagarta causa
danos em muitas plantas cultivadas, como algodão, tomate, milho e até culturas menos
comuns, como pimentão e citrus. Ela é polífaga, isso é, se alimenta de diferentes
plantas hospedeiras”, diz.

2 – Quando ela destrói a lavoura?

O inseto ataca geralmente as plantas em fase de período reprodutivo, quando há


alimento mais nutritivo. Porém, a lagarta pode atacar as lavouras em diversas fases do
desenvolvimento das culturas. Geralmente, quando há climas de veranico acontece um
aumento da incidência de Helicoverpa armigera. “O clima mais chuvoso desfavorece o
desenvolvimento das lagartas e propicia a infecção por fungos. Já o clima seco
favorece o desenvolvimento das lagartas”, explica Lúcia.

3 – Como identificar a praga?

A pesquisadora conta que existem mais de uma espécie de lagarta do gênero


Helicoverpa, a Helicoverpa zea e Helicoverpa armigera, sendo que a segunda é a mais
preocupante. As duas só podem ser diferenciadas uma da outra em laboratório, pelo
estudo de DNA ou do aparelho reprodutor.

Mas é possível identificar lagartas do gênero, pois possuem cabeça marrom ou laranja,
sem manchas e com pintas pretas lisas, ou seja, com microespinhos aparentes só na
base, o que as diferencia de outros tipos de lagarta que atacam lavouras brasileiras.
“As lagartas Helicoverpa ocorrem com diferentes colorações dependendo da
alimentação, assim é importante verificar as características morfológicas para
identificar sem erros”, afirma Lúcia.

4 – Sintomas

Durante o período de crescimento da planta de soja, a Helicoverpa causa desfolha e


pode ser percebida em lavouras que apresentem “folhas comidas”. No início do
desenvolvimento da cultura, elas se alimentam da parte apical da planta. “As lagartas
de Helicoverpa armigera se alimentam de folhas e caules, contudo elas mostram
grande preferência por órgãos reprodutivos como brotos, inflorescências, frutos e
vagens”, conta a pesquisadora.

A lagarta ataca a soja em diferentes estágios, até mesmo a planta recém emergida. “A
Helicoverpa consome os cotilédones, destruindo a planta antes mesmo da emissão das
folhas”, diz Lúcia. As lagartas têm preferência por se alimentarem dos ramos e folhas
mais novos, principalmente se forem lagartas que permaneceram desde a safra
anterior.

Quando a Helicoverpa inicia a fase larval na cultura ainda em desenvolvimento, as


lagartas ficam dentro das brotações, o que causa danos inicialmente não percebidos
pelo produtor. Esse é um dos grandes perigos. “À medida que crescem, essas lagartas
aumentam sua voracidade e iniciam desfolhas significativas nas culturas infestadas, o
que causa perdas”, explica a pesquisadora.

5 – Prejuízos

A Helicoverpa é uma grande preocupação para os agricultores porque a lagarta é


responsável por quedas na produção da lavoura, que variam de acordo com o estágio
de desenvolvimento da planta infectada. “No período vegetativo (de crescimento),
ocasionam perdas quando consomem mais de 30% de desfolha e no reprodutivo
porque atacam as vagens, o que causa má formação dos grãos”, diz Lúcia.

6 – Prevenção

A pesquisadora orienta que uma maneira de prevenção é a rotação de culturas. Mas,


como a lagarta se alimenta de diferentes espécies de plantas, é importante que o
produtor escolha uma cultura que não seja hospedeira da praga. Além disso, após a
colheita da cultura hospedeira infestada pela praga, os restos vegetais devem ser
destruídos, para evitar a proliferação da lagarta.

Outra recomendação é que o produtor monitore a lavoura constantemente. Assim, as


primeiras infestações são detectadas no início do desenvolvimento da Helicoverpa. “O
controle será realizado com lagartas pequenas, que são mais suscetíveis aos produtos
químicos”, diz Vivan.

7 – Orientação para o manejo

Lúcia dá dicas de manejo que auxiliam o produtor a diminuir a ocorrência da


Helicoverpa. Uma ação importante é realizar a dessecação da cultura de cobertura
antes de começar o plantio. “Com isso é possível controlar a lagarta, pois não terá
alimento para seu desenvolvimento”, explica a pesquisadora.

Outra atitude que o produtor pode tomar é a destruição de culturas de cobertura, como
o milheto ou o sorgo, na fase de florescimento. A pesquisadora explica que durante a
fase seguinte dessas culturas, a fase de espigas, acontece o maior índice de
desenvolvimento das lagartas, porque se alimentam dos grãos. Destruir as culturas
antes disso ajuda a diminuir a população de Helicoverpa, sem prejudicar o produtor que
ainda terá material para cobertura do solo.

Outra medida muito eficaz é o controle biológico para o manejo da lagarta. “A liberação
de inimigos naturais como o Trichogramma spp ajudam a diminuir o número de
lagartas”, afirma Vivan. Além disso, o produtor deve usar armadilhas luminosas para o
monitoramento de adultos e rotacionar inseticidas que tenham ação diferente.

8 – Como tratar lavouras afetadas?

É possível conviver com a lagarta na lavoura, mas existe um limite máximo que não
causa danos na produção. “O nível de controle no período vegetativo é entre cinco a
sete lagartas por metro e no período reprodutivo é de uma a duas lagartas por metro”,
afirma a pesquisadora. Se não houver aumento dessa população e for realizado o
manejo com as lagartas presentes, a planta não apresentará perdas.

O controle das lagartas presentes na lavoura é feito por meio de pulverizações com
inseticidas ou produtos fisiológicos. Os mais indicados no combate a Helicoverpa,
segundo Lúcia, são os químicos Diamidas, Clofernapir, Espinetoram, Metomil e
Clorpirifós. “É importante realizar esse controle com populações iniciais, isso é, lagartas
com até um centímetro de tamanho, quando será mais efetivo”, diz

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