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ANO XLV ABRIL. 1954 '!


NÚMERO 227
r
CUMOSIDADESeINDISCMGOES
DA LITErvATUrvA K&ASILEIkA

MACHADO DE ASSIS E A CRÍTICA


UM EPISÓDIO DA MOCIDADE
AUGUSTO FRAGOSO

ao minucioso í»^«»Je
nhecida. no Brasil graçtas, principalmente, bastou ao espetáculo o drama
"ade Machado de "o: Ao estilo do tempo não
outubro de 1865, aos 26 anos de Mflrhado menor
alvo de, uma. vivaz crítica da GazeUlha do Jo - - foi êle sesuMo de três outras peças de bem
Assis foi tituos: a^cena cômica
nal do Comércio" que, condenando
a ação escandalosa importância mas de pitorescos e preciosos
de Emite de Giraram e «oSlco Frescata, marinheiro do brigue Amizade" »?«»«
Em de adultério contida no dram,a o então fo- e o dialogo cômico "Os dois Infernos que o
fogo"
Dumas Filho, Suplício de uma mulher, que há fumo sem
"a propósito do Orfeu nos Intónos
ihetinista do
"Diário do Rio de Janeiro"*^SíX anuncio afirmava ser eja na^da
Coelho representara no Teatro
Ginástico, Repetia-se o espetáculo, por inteiro, no domingo famosa Gazetilha,
°x:t^:X^° » ** -°ara em pads °apa-
w
a Companma^de
a» ffiirtado
Furtado Coe
^ ^ ^^
^ feira, 2 de Outubro, o
"Jornal do Comércio", na
externava seu desagrado veemente: ^ .-.,,¦¦--,^

recimento da peca^ traduzido, "Anda este (o público) em matérias teatrais^ tão


para o dia 30 existência
rrCteXa^"ado emteneftio
em do ator Furtado, Machado, ha-
^áHo
frio e apático que na porfiada luta pela própria
de salvação senaoi
de setembro, sábado a0 relato da re- as empresas não descdbrem outro meio Esse
íoihctm
via consagrado todo o seu ^^ to da &u_ aplicar-lhe um cáustico que desperte a sensibilidade em
o folheti- cáustico é o escândalo, e por isso vemos constantemente
f^da peça. Num
tona da peca JNum rodapé de duas páginas,
esticoexpressivos cena a mulher em todos os graus e variantes
imaginável*
ruu; expde um ^ artigo de absolver as,
justa transcrevia "fechos ^ da sua depravação possível. Poderá o coração
~, a perversão da
°"ch%ÍndTá afinal, os dois ecritore. me- empresas, a inflexível moral há de condenar
mulher) e um
conluio
se a Girardin cabia arte O drama em, questão [Suplício de uma
1C' IteTar de parceria como autores, pois da; ação acresceu
-
proclamada como uma monstrosinho desta espécie. Ao escândalo
rcrepX da situação central da peca
havidas em teatro, pelo pro- em Paris o escândalo literário, uma disputa
entre os dois
das mate dramática^ e interessantes, Filho.
a idéia do desfecho, pais da criança, Girardin e Dumas
nrfo D^ias - a este, sem dúvida, pertencia Nem esse se quis perder aqui e antes da ^^^Q^
de todo, era a solução apresentada por drama a imprensa narrou largamente ta historia
da ori
TQueTepresentavel deu a idéia, outro de-
gem Ot que colhemos dela é que um
o pano de boca de, Ginás- desenvolveu-a; um pôs o problema, outro
a.chou-lhe a
TsThoras da noite do dia 30 alçava-se
vinha de, Paris, coberto de
Hconarla representação do drama que solução".
se afirmava íorte em demasia "O requinte da arte pareceIser este. Imaginia-se uma situa-
ngular renome iá pelo tema que
polêmica verificada sobre sua autoria e que se fizera co-; ção quanto mais absurda e mesmo
impossível, tanto melhor,
jlpía ou menos aceitável
e depois procura-se-lhe uma saida mais
". ;;,: "yyM com, palavreado, o que
^mmmmmm ¦'¦ para o público velando jeitosamente
expostof nú e crú poderia inspirar horror".
"Relevem-nos desta vez os leitores que exponhamos a situa-
seu marido,
ção deste drama. E' uma mulher que amando daquele,
entrega-se a outro porque este é o protetor
vive
e poderia arruiná-lo a todo o momento. Assim
estra-
esta mulher sete anos, e introdus no casal uma filha
nha que oferece ao marido para acariciá-la e estremecei
será a saída
Ia como própria. Tal é a situação; agora quaíi
a mulher para a casa
^^ÊM3m^M'ü Ml ^m M que lhe acharão ? O marido manda ao desleal ami-
dos pais, e abandona todos os seus haveres
todavia, tem-
go, reservando-se unicamente a filha, que,
uma mulher .
bém era dele. E chama-se a isto o Suplício de
de publicada, a critica já está
Anenas vinte e quatro horas depois
de "Diário". Começa elogiando
Mactado, em réplica, no seu rodapé
ressaltar-lhe as intenções mo-
aberdente o drama e procurando
.^a^fl M\ MB^^M^^^tfk fl ^^^. a a situação nao nos>
.^m Ul ' vfl 1^^ rais- - "Se a conclusão nos satisfaz e se
a frio os caracteres!
seduz onde está o escândalo da peça ?" Analisa
marido; Matilde, a esposa
mmmmm^MMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMMM\W\y\\ JK£*>~M mmmmm.
dos principais personagens: Dumont, o
Dumont o ca-
adúltera e Alvarez, o amante. Dos três, lhe parece
a sei* juízo,
ráter mais perfeito e completo". Alvarez, igualmente,
domina". Já o caráter
^*^ •" '' é "um caráter humano até na paixão que a "Se fosse o amor
de Matilde é o que se lhe afigura o mais fraco".
M\ %,"^QCílfiM- 7M "\M\\ Mm^^-^^%^' ''"kpvvt

dentro das condições hu-


que a impelisse ao erro, conserva-se ela
" - . manas; mas o erro por um 'motivo de gratidão pelo favor prestado
moral dos
ao marido não me parece inteiramente filho da lógica
Machado de Assis, num desenho estampado na en-
"Arquivo Contemporâneo". sentimentos". Instiste Machado que, no drama, a sociedade

8 Ilustração Brasileira
a'?;'-

"LOUISE" E... MONTMARTRE


CHARPENTIER,
SHELIA IVERT
de
em Paris... "giboulées", chuva fria, vento cortante;
a beira
Marco súbito, o sol dourando os verdes brotos dos platanos
do Sena. .
Montma.rtre, num restaurante provençal típico:
Eu almoçava em
ao meu lado
tanto quanto a "bouillabasse"... De improviso surgiu
uiri, pmtor
um rapaz magro e moreno, de olhar inteligente... Era
num rapidü
um dos muitos de Montmartre. Esboçou o meu perfil,
crayon, contou-me queitinha o seu atelier a, poucos passos...
O seu nome ? — perguntei. -
_ Ainda não sou célebre - tornou êle com ingênua convicção
O meu nome é Sancigaud... . .
eu vlo.ce Pigalle, com os seus hotéis pi-
Pouco depois atravessava
torescos, os restaurantes, italilanos, o "Moulin Rouge" e outros ca-
"les plus belles filies de
V\ ^ ^kflflflflflV > .^áj\'^G^. *~JF't'*M''Jmf- •"* V •¦¦iJií^^u^flflB^^^^1'^ ^ÉfllkflpB ^ u •-* *jL"fc ^
barets famosos cujos cartazes apregoavam
Paris"
¦¦ m^^T

ca£ia de artis-
Eis-me afinal diante de Gustave Charpentier, na sua
"Louise" foi coroada rainha. Charpentier
ta, em Montmartre onde
nãó os deixou propriamente
<entrevisttar. Preferiu trocar
idéias, relembrar o passado, co-
mentar o presente e até mal--'»
dizer das mulheres.
Ah ! as mulheres ! — suspi-
rou êle.
_ Quem era Louise ? — per-
guntei indiscretamente.
Eu a conheci quando era um
rapaz de vinte anos — respon-
"Crisálidas". Caricatura pu- deu-me Charpentier.
Machado de Assis, o poeta das E então compôs a ópera ?
blicaãa na "Semana Ilustrada" de 13 de Novembro de 1864.
_ Não, não — tornou-me êle
__ Compus "Louise" muito mais
.tarde. Na época em qüesobra- co-
inheci a Louise humana,
contra "a defesa dos deveres morais e da santida.de do casamento". va-me pouco tempo para com-
com
Afirma que as apreciações em contrário são insustentáveis pois vão, pôr. Estava preocupado
— acrescen-
"contra a evidência dos fatos." Invoca os casos de Moliere e da outras coisas...
Madame Sand para mostrar que as obras verdadeiramente dura-' íbou maliciosamente.
Depois expilicou-me:
veis saem sempre vitoriosas das lutas que suscitam. E conclue com — Não é possível compor se-
mordacidade e evidentemente agastado: inão inspirado por uma lem-'
"Eles (os meus amigos) sabem branca já extinta. E, para
que eu não me faria tradu- compor, é preciso primeiro vi-
tor de uma otora. de< cuja deformidade! moral e poética esti-; ver. Foi o que fiz.
vesse convencido. com a v—d- o
lUrrSreípeSõs ao ar livremeio
Os indiferentes poderão julgar o contrário; e) talvez; os in- 5 seoulo, se enamo
de
duza a isso uma frase que escapou ontem ao colegla dó ?ogo sagrado do rapaz due, há mais
"Jornal do Comércio", quando se reíere à questão literária mm duma, Louise. , „ ,
Charpentier desentranhou das gavetas loto-
que houve em Paris, pior ocasião da representação da peça. Cheio de entusiasmo
"Nem esse escândalo, diz o colega, se quis perder aqui, e do coroamento da Musa, espetacuto
gra«as tomadas por ocasião livre, durante o verão, em
antes da representação do drama a imprensa narrou lar-1 Susical e eoreogrático realizado a.o ar
gamente a história da origem". Oâ leitores do "Diário" sa- várias cidades da França.
"Suplicio - que visão maravi-
bem que, antes da representação do de uma mu- _- Repare que assistência ! - exclamou êle
lher, foi narra.do o referido escândalo nestas colunas, emi arte, deslumbrada pela
lhosa dum povo aceso de enturiasmo pela
artigo assinado por mim." música e pela dansa
"Vou ajudar a perspicácia do "Jornal do Comércio". A nar- magia da beleza, simbolizada não só pela
Musa que é coroada, en-
ração do escândalo tinha dois motivos: o primeiro era ex-< como também pela radiante juventude da
tre cantos e dansas !
plicar as razões pelas quais dei à peça, os nomes dos dois de belo nesse costume,
Charpentier tinha razão. Há qualquer coisa
autores quando o original francês não os mencionava: oi e da arte que nos traz
da velha França, nessa exaltação da beleza
,segundo era dar conhecimento (aos leitores de um incidente
curioso, e que tanto excitara a curiosidade pública, da Eu- à memória a Grécia imortal. - prosseguiu
_ E' então que eu vejo como o povo gosta da música
ropa. E' a isto que o "Jornal do Comércio" chama explora- a arte nao pode ser
ção do escândalo ?" êie _ E' quando mais me convenço de que
"Mas eu não posso reconhecer na frase do "Jornal do Co- levá-la até ao coração das massas
privilégio das elites. E' preciso
mércio" mais do que uma irreflexão, mui pouco própria da, que por êle anseiam., então, vi um seri
idade madura, não devendo admitir que êle pudesse ter Dentre os flagnantes que Charpentier se mostrou
nenhuma intenção ofensiva contra mim; e se tal intençaoi, dos dos coriamentos
instantâneo, tomado justamente por ocasião
(existisse, à inútil dizer que a mencionada frase, pierdendo- um desses gorros
da Musa, que êle dirigira, e no qual aparceia com
aos meus olhos o seu diminutissimo valor, só teria como como a simboh-
característicos dos estudantes do Quartier La.tin,
resposta o silêncio do desdém". zar a sua eterna juventude.
e os velhos
logo o caso e já cinco Entretanto cheguei à janela para olhar Montmartre
Com a. refutação de Machado encerrou-se "Jornal" "Chez Ia mère Cathérine", onde poetas e músicos
dias depois, a 8 de outubro, o período transcrevia, na pri- cabarets. como o
tempos era
meira página, um tópico do "Diário" em louvor do drama e Furtaao dos in- declamam versos e improvisam ao piano tal qual nos
bem no alto da colina
térpretes, publicado como editorial na véspera, quando que Louise e Julien viviam numa casinha,
Coelho ia apresentar, no Ginástico, pela- terceira vez, a rumorosa imontmartroise...
suspeitai do
pieça. Era o; drama, na opinião "Jornal"
"Diário , ja agora en- Montmartre que Charpentier cantou em música e Utrillo retratou
dossada de certo modo pelo por efeito da transcrição, em telas inesquecíveis. E a propósito... "Louise", comemorado
"um desses raros frutos da inspiração quei se podem dizer pertei- A propósito, quando do cinqüentenário de
em toda a França, Utrillo foi escolhido para realizar os cenários
tos" e o que "mmães e filhas poderiam assistir sem corar..." "côr local". Pois
O episódio, embora fugaz e inconseqüente, serve para, caterizar
a da ópera com o intuito dej alcançar a mais plena,
"Çrisa-
'tendência que então se manifestava no jovem poeta das bem, dizem as más línguas que, ao ver os cenários pintados pelo
da replica
lidas" para os temas realistas e mostra,, pelos termos famoso Utrillo, Charpentier comentou:
a, sensibili- — Logo se vê que Utrillo não entende nada de Montmartre !
vigorosa e enérgica quanto exagerada lhe era então
dade em flace da crítica.
Abril — 1954 9

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