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3ª AULA:

ARTE COMO FENÔMENO SOCIAL

Além da relação entre a criação da sensibilidade individual do artista e o


público que experimenta a contemplação do belo, a arte contém um importante
componente social quando comunica uma mensagem do criador. São belas e
admiradas obras que contêm conteúdos culturais ligados a determinado
momento histórico, porém remetendo a um sentimento de universalidade de
homens de qualquer época e lugar.

O artista é um ser social, ou seja, condicionado por seu tempo, suas


angústias, suas necessidades e esperanças do ambiente histórico social em
que vive. Ao mesmo tempo, sua arte é percebida socialmente pela comunidade
de indivíduos, aptos para perceberem a mensagem de seu tempo e espaço
geográfico.

Para o filósofo Georg W. F. Hegel (1770-1831), a percepção estética é


maior nos sujeitos cujos sentidos são “educados” pela capacidade cultural e
por seu momento histórico. Há um “espírito de época” que atravessa os
fenômenos que ocorrem num momento cultural, dando uma identidade que
caracteriza as obras de tempo e lugares iguais ou semelhantes como
manifestações da mesma situação histórica.

Como outras formas de cultura, a arte é expressão da tradição de seu


tempo e espaço, mas deve ter originalidade. Como expressão dos sentimentos
individuais do artista, uma obra de arte deve ser original e única, ter uma aura,
que nos apresente um olhar novo sobre o mundo, senão, se transforma numa
cópia, um produto velho “maquiado” de novo.

Com o desenvolvimento da sociedade industrial, os trabalhadores


migram para as grandes cidades, deixando suas regiões e também parte da
sua cultura e arte, que é conhecida por folclore. Na cidade, mesmo quando
criam uma arte popular, passam a consumir cultura de massa produzida em
série pela indústria cultural, versões simplificadas das criações artísticas da
elite que consumimos vorazmente.

Folclore: tradição nacional popular.


Arte popular: produzida por artistas da classe trabalhadora que tenha raízes na
sua tradição.
Arte erudita ou de elite: criações complexas e de vanguarda da classe social
mais favorecida.
Aura: originalidade das obras de arte, que as torna únicas.
Cultura de massa: denominação de obras culturais desprovidas de aura por
serem reproduções industriais simplificadas.
Indústria cultural: produção em larga escala de bens culturais para gerar lucro.
Vamos observar dois exemplos da arte com “espírito de época”:

a) Identifique os elementos de crítica à televisão, o tom específico da letra


e o que ela está falando sobre a juventude brasileira da década de 1980:

Geração Coca-cola (Legião Urbana – 1985)


Quando nascemos fomos programados
A receber o que vocês
Nos empurraram com os enlatados
Dos U.S.A., de nove às seis
Desde pequenos nós comemos lixo
Comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês
Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola.

b) Observe abaixo o quadro do pintor romântico brasileiro Vitor Meirelles.


Observe-o bem e veja como ele nos fala sobre o modo como, na época
de Meirelles, se pensava a ligação entre os brancos e os índios.
Respeita-se nesse quadro a identidade cultural do índio? Há traços
europeus nos rostos dos índios? Músculos fortes, ares de bravura,
corpos bem torneados das mulheres? Você consegue ver algum nu
explícito? O que isso significa?
Estudo Dirigido para nota do 2º Bimestre:

Valor: 2,5

1) Por que a arte é provida de um componente social?

2) Apesar de estar ligada a um momento específico da história, a arte pode ser lida por
homens de outras épocas?

3) O que queria dizer Hegel quando disse que a arte seria a “educação dos sentidos”

4) O que é o espírito de época?

5) O que quer dizer que a arte é percebida socialmente pelos indivíduos de momento
histórico e região geográfica do artista?

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