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Escola de saúde e medicina


Curso de nutrição
Trabalho de Conclusão de Curso

Pró-Reitoria Acadêmica
Escola de saúde e medicina
Curso de nutrição
Trabalho de Conclusão de Curso

Pró-Reitoria Acadêmica
MEGADOSES DE VITAMINA D NO QUADRO DE ELA. HÁ EVIDENCIAS CIENTÍFICAS?
Escola de saúde e medicina
Curso de nutrição
Trabalho de Conclusão de Curso

Pró-Reitoria Acadêmica
Escola de saúde e medicina
Megadoses de vitamina D no quadro de ELA. Há evidências científicas?
Curso de nutrição
Autores: Everton B. Rodrigues; Wemerson de Oliveira
Trabalho de Conclusão de
Orientadora: Curso L. R. Beal
Fabiane

Megadoses de vitamina D no quadro de ELA. Há evidências científicas?


Pró-Reitoria
Autor: Everton B.Acadêmica
Rodrigues; Wemerson de Oliveira
Escola de saúde
Orientador: e medicina
Fabiane Lage Rodrigues Beal
Curso de nutrição
Megadoses de vitamina D no quadro de ELA. Há evidências científicas?
Trabalho de Conclusão
Autor: Everton de Curso
B. Rodrigues; Wemerson de Oliveira
Orientador: Fabiane Lage Rodrigues Beal
Pró-Reitoria Acadêmica
Megadoses de vitamina D no quadro de ELA. Há evidências científicas?
Escola
Autor: de saúde
Everton e medicinaWemerson de Oliveira
B. Rodrigues;
Curso de Fabiane
Orientador: nutrição Lage Rodrigues Beal
Trabalho de Conclusão
Brasília - DF de Curso
Megadoses de vitamina D no quadro de ELA. Há evidências científicas?
2019
Autor: Everton B. Rodrigues; Wemerson de Oliveira
Pró-Reitoria
Orientador: Acadêmica
Fabiane Lage Rodrigues Beal
Escola de saúde e medicina
Megadoses de vitamina D no quadro de ELA. Há evidências científicas?
Curso deB.nutrição
Autor: Everton Rodrigues; Wemerson de Oliveira
EVERTON BATISTA RODRIGUES
WEMERSON DE OLIVEIRA

MEGADOSES DE VITAMINA D NO QUADRO DE ELA. HÁ EVIDENCIAS


CIENTÍFICAS?

Artigo apresentado ao curso de graduação em


nutrição da Universidade Católica de Brasília,
como requisito parcial para a obtenção do título
de bacharel em nutrição.

Orientadora: Profa. Dra. Fabiane L. R. Beal

Brasília – DF
2019

2
Artigo de autoria de Everton Batista e Wemerson de Oliveira, intitulado ¨Megadoses de
vitamina D no quadro de ELA. Há evidencias científicas?”, apresentando como requisito
parcial para obtenção do grau de bacharel em nutrição de Universidade Católica de
Brasília, em 21 de novembro de 2019, defendido e aprovado pela banca examinadora
abaixo assinada:

________________________________________________________________________
Profa. Dra. Fabiane Lage Rodrigues Beal
Orientador
Nutrição – UCB
________________________________________________________________________
Professor Flávio Teixeira Vieira
Banca
Nutrição - UCB

Brasília – DF
2019
MEGADOSES DE VITAMINA D NO QUADRO DE ELA. HÁ EVIDENCIAS
CIENTÍFICAS?

Everton B. Rodrigues e Wemerson de Oliveira

Resumo

A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa que ocorre com
depleção de neurônios motores superiores e inferiores, onde os pacientes têm tempo
médio de sobrevivência de três a cinco anos. A ELA é responsável por 66% dos pacientes
com doença do neurônio motor e a patogênese ainda não está totalmente esclarecida,
mas existem hipóteses etiopatogênicas. Como tratamento alternativo para a ELA, são
utilizadas suplementação e/ou megadoses de vitamina D.
Objetivo: O presente estudo pretende verificar, através de uma revisão de literatura quais
os efeitos da suplementação de megadoses de vitamina D em pacientes com ELA.
Método: Foram realizadas buscas nas principais bases de dados: Google acadêmico,
PubMed e SciELO, com as seguintes palavras-chave: vitamina D, esclerose amiotrófica
lateral, suplementação de vitamina D no tratamento da ELA e megadoses de vitamina D,
no período compreendido entre 1992 e 2016.
Resultado: Estudos mostraram benefícios na suplementação de vitamina D.
Evidenciaram que pessoas com deficiência de 25 hidroxivitamina D necessitam de pelo
menos 600.000UI/ mês para terem resultados em relação a doença
Um estudo feito em 2010 feito com 49 adultos que foram tratados com mega doses
próximas as que citadas anteriormente, apresentaram menos surtos da doença e
diminuição na proliferação de células motoras danificadas.
A literatura é bem conservadora sobre quadros de intoxicação de vitamina D, poucos são
os relatos, um estudo mostrou intoxicação pela ingesta superior a 100.000UI/ dia durante
6 semanas.
Em contrapartida um estudo realizado na Itália, feito com 48 pacientes com ELA, não foi
evidenciado diferenças significantes na ALSRFS-R entre o grupo estudado com doses a
baixo de 100.000UI/mês. Foi concluído então nesse estudo que no período de 6 meses
não houve efeitos significativos da vitamina D em relação a disfunção motora. No entanto
mantém a recomendação da vitamina D na prevenção de complicações
neurodegenerativas (23).
Introdução
A Esclerose Lateral Amiotrófica (ELA) é uma doença neurodegenerativa que cursa com
depleção dos neurônios motores superiores e inferiores, com tempo médio de
4
sobrevivência compreendido entre 3 a 5 anos após o início dos primeiros sintomas. (1,2). A
ELA é responsável por 66% dos pacientes com doenças do neurônio motor, sendo mais
comum nos homens idosos. A média de início dos sintomas é a 5ª década de vida, mas a
afecção pode ser iniciada em qualquer idade no adulto. A sobrevida é de 4 a 5 anos em
50% dos casos, mas em 15%, é igual ou superior a 10 anos (1). A patogênese da ELA
ainda não está totalmente esclarecida, mas inclui hipóteses etiopatogênicas, como
estresse oxidativo, inflamação, excitotoxicidade do glutamato, disfunção mitocondrial,
agregação proteica, processamento de RNA defeituoso, distúrbio no metabolismo de
metais e efeitos tóxicos de metais pesados (3).
A doença se caracteriza pela fraqueza muscular, atrofia, fasciculações, hipotonia e
câimbras musculares características do neurônio motor inferior. Também ocorrem reflexos
tendinosos hiperativos, sinal de Babinski, clônus e espasticidade, características do
neurônio motor superior, além de disfagia, disartria e sialorréia(1,2).
No paciente acometido pela doença, existe um declínio funcional que se inicia nas
extremidades, em especial nos membros superiores, progredindo posteriormente para os
demais membros, tronco, musculatura faríngea e respiratória. Culmina-se na
incapacidade definitiva para a realização das atividades de vida diárias (AVD´s), disfagia
e insuficiência respiratória (3).
Em cerca de 20% dos pacientes com ELA, os sintomas iniciais são relacionados com
fraqueza dos músculos bulbares. Na forma bulbar progressiva, o exame pode revelar
debilidade do palato, diminuição do reflexo do vômito, acúmulo de saliva na faringe, tosse
fraca e língua atrófica com fasciculações. Por outro lado, na forma apendicular, a fraqueza
dos músculos das extremidades superiores é a queixa inicial em cerca de 40% dos
pacientes; associada à atrofia progressiva dos seus músculos (3). Com toda essa
problemática estabelecida, pesquisas recentes vêm encontrando na vitamina D um
potencial tratamento para interromper a progressão da ELA ou até mesmo reverter seus
efeitos, devolvendo aos indivíduos afetados suas funções musculares quase normais.
A principal ação da vitamina D enquanto método terapêutico contra a ELA é dividida em
dois aspectos: a capacidade de diminuir respostas imunológicas exacerbadas e a
mitigação de danos por excesso de cálcio e glutamato nos neurônios. Os linfócitos T e B e
as células apresentadoras de antígenos expressam receptores de vitamina D, e a ação
desta nesses receptores é de supressão de proliferação, supressão da secreção de
imunoglobulinas e interleucinas, diminuindo a chance de ocorrência de uma resposta
autoimune (4).
Em relação ao cálcio e ao glutamato, as ações da vitamina D são de retirada do primeiro
dos neurônios motores, evitando hiperconcentrações potencialmente danosas, e, no caso
do segundo, regulação positiva das enzimas glutamato-cisteína ligase e glutationa
redutase, a fim de prevenir altas concentrações de glutamato e estimular a produção do
antioxidante glutationa (4). O objetivo do trabalho é mostrar os benefícios da vitamina D no
tratamento alternativo de ELA e associar as suas megadoses se há ou não algum
benefício científico
Metodologia
No período de dois meses (setembro e outubro de 2018), foi feita uma revisão de
literatura acerca das funções, do metabolismo, dos usos e efeitos da vitamina D na forma
de suplementação para pessoas com ELA. Para a pesquisa foram usadas fontes
secundárias, artigos científicos e de revisão acerca do tema.
Como ferramentas de pesquisa foram usados o Google acadêmico, Pubmed e Scielo,
onde se selecionou tanto artigos em inglês como em português usando as palavras chave
– vitamina D, esclerose amiotrófica lateral, suplementação de vitamina D no tratamento da
ELA, megadoses de vitamina D para a pesquisa.
Os artigos selecionados foram os publicados nos últimos 15 anos e também foram usadas
as referências dos artigos de revisão, que incluíam livros e artigos originais, resultando
em 44 fontes de pesquisa.
Resultados e discussão
Esclerose lateral amiotrófica
O mecanismo fisiopatológico da ELA, tal como outras doenças neurodegenerativas, não é
único, mas um conjunto de alterações celulares e bioquímicas que acabam por
desencadear a degeneração dos neurônios motores (2). Nas últimas décadas tem sido
proposta uma série de hipóteses, que não são excludentes e sim complementares umas
às outras, que tentam elucidar a fisiopatogenia da ELA. As mutações no gene superóxido
dismutase(SOD1) no cromossoma 21 dão origem a uma função anormal da proteína
SOD1 dependente de cobre/zinco (antioxidante), que é responsável pela conversão de
espécies radicais livres de ânion superóxido O2 - do citoplasma e espaço mitocondrial
intermembranar interior, em oxigênio molecular e peróxido de hidrogênio. Esta alteração
vai fazer com que o ânion, que é um radical livre, se acumule e que cause lesão celular(3).
A figura 1 representa um esquema que resume os vários genes envolvidos no
aparecimento de ELA e os seus mecanismos fisiopatológicos que levam à degeneração
dos neurônios motores.

Figura 1 – Esclerose lateral


amiotrófica causada pela
interação de várias vias
moleculares em neurónios
motores e uma interação com
as células vizinhas não-
neuronais como microglia e
astrócitos. Adaptado de:
Chen, 2011 (7)

6
Ativação da microglia
As células da microglia ativam uma cascata inflamatória por meio da secreção de
citocinas. Os astrócitos levam à lesão do neurônio motor, por meio da liberação de
mediadores inflamatórios, tais como o óxido nitroso (NO) e prostaglandina E2. A
acumulação de radicais superóxido e stress oxidativo, processamento de ácido
ribonucleico (RNA) aberrante, enrolamento de proteínas e proteínas insolúveis podem
causar degeneração do neurônio motor na ELA(5).
A agregação de proteínas pode levar ao stress do retículo endoplasmático juntamente a
danos mitocondriais, que podem causar interrupção de organelas e ativar a autofagia e
vias apoptóticas. As anormalidades do transporte axonal levam à deficiência de energia
no axônio juntamente com o crescimento axonal deficiente e disfunção axonal. A
disfunção axonal, angiogênese deficiente e distúrbios metabólicos podem contribuir para
a degeneração dos neurônios motores na ELA(5).

Processos inflamatórios
A inflamação na ELA é causada pela ativação da microglia e respostas autoimunes no
sistema nervoso central(SNC), levando à disfunção neuronal. A microglia é considerada
como a população de macrófagos residentes no tecido do SNC e encontrada em seu
parênquima(6). Análises do líquido cefalorraquidiano (LCR), efetuadas em doentes com
ELA, demonstraram concentrações aumentadas de citocinas pró e anti-inflamatórias e de
fatores de crescimento, tais como interleucina-6 (IL-6), interleucina-10 (IL-10),
prostaglandina E2, fator estimulante de colônias de granulócitos (G-CSF), interferon gama
(IFN-Y), proteína quimioatratora de monócitos-1 (MCP1), entre outros, assim como existe
uma marcada ativação e/ou proliferação da microglia e dos astrócitos circundantes (7).
Stress oxidativo
A partir da mutação da SOD1 foi possível descrever o mecanismo de stress oxidativo e a
sua relação com a morte neuronal. Esta proteína ou enzima é um antioxidante poderoso
protegendo as células do dano causado pelos radicais livres, sendo que uma mutação no
gene que a codifica leva ao seu funcionamento anormal e a uma acumulação de radicais
livres, resultando na degeneração dos neurônios motores (1,8).
A proteína SOD1 atua sobre radicais livres de oxigênio (O 2) dando origem a moléculas
estáveis de peróxido de hidrogênio (H2O2). A mutação nessa proteína impede essa
reação provocando a acumulação de radicais O2-, que por serem tóxicos, provocam lesão
celular. Com o excesso de radicais O2- reage com o radical de óxido nitroso (NO), dando
origem a peroxinitrito (ONOO) que, posteriormente reage com metais, formando o radical
hidroxil(OH) altamente reativo(9).
A reação de ONOO com íons metálicos reduzidos acelera a sua decomposição de modo
a formar os radicais OH-. O íon ferroso (Fe2+) é exemplo de um desses possíveis íons
metálicos participando na reação denominada reação de Fenton (figura 2). O ONOO e os
radicais OH- são altamente reativos originando danos oxidativos às proteínas, lipídeos e
ácido desoxirribonucleico (DNA) das células, diretamente por reações de oxidação ou
indiretamente por outros mecanismos. Tais danos podem alterar as conformações das
proteínas e perturbar locais ativos da enzima, alterar as propriedades das membranas
celulares por oxidação de ácidos graxos insaturados e ainda introduzir mutações no
DNA(1,8).

Figura 2 - Produção de
espécies reativas de
oxigénio (ROS). Fonte:
Barber, 2004(1)

As proteínas mutantes apresentam uma instabilidade molecular que faz com que o seu
tempo de meia vida seja mais curto, fazendo com que as proteínas sem mutação
continuem com o seu processo normal. São as proteínas mutantes como a SOD1 mutante
que têm a particularidade de se associarem ao ferro e metabolizarem o H2O2 em radicais
OH-, aumentando a lesão celular, ou reagirem sobre o ONOO produzindo substâncias que
interferem com o funcionamento normal das tirosinas quinases, diminuindo a sua ação na
agregação dos neurofilamentos, provocando a sua acumulação nos tecidos(9).
Excitotoxicidade pelo glutamato
O glutamato é um importante neurotransmissor excitatório do SNC e descobriu-se que um
número elevado de doentes com ELA apresentavam níveis superiores de glutamato no
plasma e no LCR(10,11).
Durante a neurotransmissão glutaminérgica, o glutamato libertado pelo neurônio pré-
sináptico liga-se a receptores específicos no neurônio pós-sináptico. A ativação desses
receptores resulta num influxo de sódio (Na+) e cálcio (Ca2+) para dentro da célula,
levando a uma despolarização e à geração de um potencial de ação. Excitotoxicidade
ocorre quando os receptores são estimulados exageradamente, causando degeneração
neuronal(11,12).
Vitamina D
O termo “vitamina D” é um nome usual para se referir de forma resumida a vitamina D2,
conhecida como ergocalciferol, e a vitamina D3, conhecida como colecalciferol, ambas em
forma inativa. A diferença entre as duas formas é a existência de uma ligação dupla
adicional e um grupo metil englobado na extensa cadeia da vitamina D2 (figura 3)(13).

Figura 3 - Representação da
Estrutura Química da
Molécula de Vitamina D2 e
Vitamina D3. Fonte:
http://4.bp.blogspot.com/Vita
mina+D.jpg, acessado dia 25
de outubro de 2018 ás 10:50.

8
A vitamina D3 pode ser formada endogenamente na pele humana pela 7-dehidrocolesterol
envolvendo a luz ultravioleta B(UVB) ou a partir da dieta com fontes dietéticas de origem
animal como fígado, peixes gordurosos, gema de ovo e óleos de peixe. Já a vitamina D2 é
encontrada em plantas ou leveduras expostas à radiação ultravioleta(UV) (13).
Ativação e metabolização
O colecalciferol (D3) se difunde da pele para o sangue e é transportado por uma proteína
ligadora de vitamina (DBP), conhecida como transcalciferina, a qual é sintetizada no
fígado. Já o transporte da vitamina D2 e D3 obtida pela dieta são realizados pelos
quilomicrons, fazendo parte da primeira etapa da ativação (14).
Após essa ligação a vitamina é direcionada ao fígado, porém pode ser captada antes da
assimilação hepática por outros tecidos principalmente pelos músculos e tecido
adiposo(14).
Quando a vitamina chega ao fígado, ela é metabolizada por algumas hidroxilases do
citocromo P450, na qual a 25-hidroxilase converte o colecalciferol em calcidiol ou 25-OH-
D3 sendo a principal forma circulante da vitamina D3. Posteriormente o calcidiol liga-se
novamente à DBP e é transportado até o rim especificamente nas células tubulares
renais, onde ocorre uma segunda hidroxilação da 25-OH-D3 pela enzima 1α-hidroxilase
que é influenciada pelo paratormônio (PTH) e por baixas concentrações plasmáticas de
cálcio e fósforo, resultando na 1,25(OH)2D3 ou calcitriol que é a forma ativa. Quando há
uma quantidade suficiente de calcitriol no rim, há uma baixa significante da 1α-hidroxilase
que gera um aumento da 24-hidroxilase na qual hidroxila a 25-OH-D3 e a 1,25(OH)2D3
gerando a 24R,25(OH)2D3 e 1,24,25(OH)2D3 respectivamente(13,14). Assim a vitamina D se
torna em sua forma mais ativa no organismo e tendo sua capacidade de absorção
facilitada
Depois a forma ativa da vitamina é liberada do rim e liga-se a DBP para ser transportada
no sangue. Quando atinge as células alvo, o calcitriol é liberado facilmente da DBP e é
ligado rapidamente ao receptor da vitamina D (VDR), presente em diversos organismos
celulares, das células endoteliais, pancreáticas, hematopoiéticas, placentárias,
musculares, neuronais, leucocitárias e relacionadas ao metabolismo mineral e
ósseo(13)(figura4).

Figura 4 - Representação
da Ativação e
metabolização da
Vitamina D no organismo.
Fonte:
http://www.nature.com/nrc/
journal/v7/n9/fig_tab/nrc21
96_F1.html, acessado dia
25 de outubro de 2018 ás
11: 10.
Funções
O calcitriol apresenta várias funções fisiológicas que são divididas em papéis calcêmicos
e não calcêmicos. Os papéis calcêmicos incluem a participação na regulação do
metabolismo do cálcio e do fósforo pelo procedimento de absorção intestinal e reabsorção
renal proporcionando concentrações plasmáticas adequadas para uma mineralização e
desenvolvimento ósseo apropriado.
Já os papéis não calcêmicos envolvem a diferenciação celular e ações antiproliferativas
em vários tecidos, como na medula óssea, sistema imune, pele, musculo e intestino (15).
Recomendações
Os valores de ingestão para a vitamina D são estabelecidos nas seguintes referências,
necessidade média estimada (EAR), ingestão dietética recomendada (RDA), nível
superior tolerável de ingestão (UL) (15)(figura 5).

Figura 5 - Fonte: Institute


of Medicine. Report
Release: dietary reference
intakes for calcium and
vitamin D. November 30,
2010 (16).

Estudos sugerem a exigência de no mínimo 500 UI ou uma ingestão maior que 1000 UI
(25µg) para pessoas que não se expõem ao sol para manutenção de níveis adequados
da vitamina. Acredita-se também que essa quantidade de 1000 UI é obtida pela
exposição solar (15,16).
Toxicidade
A vitamina D obtida pela exposição a luz ou pela alimentação, convencional, normalmente
não causam intoxicação pelo seu excesso. São raros os casos e para que isso ocorra
deve se obter uma ingestão abusiva da vitamina via suplementação ou por erro na
formulação do medicamento (17).
A intoxicação pode levar a um quadro de hipercalcemia e hipercalciúria na qual resulta
em dor, perda óssea e nefrocalcinose. Os principais sintomas de intoxicação aguda são
confusão mental, poliúria, anorexia, vômitos, fraqueza muscular e polidipsia. Esse quadro
só ocorre quando os níveis séricos de 25-OHD3 são maiores que 200 ng/mL(14,17).

10
Burton (2010)(19) executou um ensaio clínico com 49 adultos em uma clínica canadense.
Desses 25 indivíduos receberam suplementação de cálcio e vitamina D, os outros 24
restantes eram ausentes de quaisquer intervenções ou utilizavam no máximo 4000UI/dia
de vitamina D e cálcio. Essa ação mostrou que o grupo que foi tratado com superdoses
de vitamina D, 1000UI/dia, apresentaram menos surtos de doença e uma diminuição na
proliferação de células danificadas pela ELA (19).
Vitamina D em ELA
Atualmente estudam-se as diversas formas de um tratamento para a ELA. Entre as mais
pesquisadas está a suplementação de megadoses de vitamina D já que grande parte dos
portadores de ELA possuem uma deficiência dessa vitamina. Além disso, essa vitamina
também possui um potencial poder antioxidante, mostrando-se cada vez mais efetiva no
tratamento da progressão dessa doença.
Alguns experimentos mostraram benefícios da suplementação da vitamina D, com relação
ao aumento de níveis séricos de fator β-1 transformador de crescimento. O estudo de
Haines e Park (2012(18) mostrou que pessoas com deficiência de 25-hidroxivitamina D
necessitam de, pelo menos, 600.000UI para que os efeitos da vitamina D sejam positivos
nas doenças neurodegenerativas como a ELA(18).
A vitamina D ainda pode interagir nos genes ligados ao desenvolvimento da ELA. O
complexo principal de histocompatibilidade (MHC) de classe ll são moléculas que têm a
função de defesa contra infecções no sistema imune. Os genes do MHC são vulneráveis
à ELA. Alguns estudos relatam que a suplementação da vitamina D3 desenvolve uma
supressão da expressão do antígeno MHC de classe ll, assim regula a função do sistema
imune e mostrando resultados positivos no tratamento de quadros de ELA(20).
Um estudo da Albert Einstein College of Medicine aponta que o uso da vitamina D tem
mostrado resultados seguros e positivos sobre a doença melhorando a capacidade
motora e retardando a progressão da ELA nos portadores (21).
Ainda não existe uma confirmação sobre a forma de administrar ou a quantidade
necessária para que seja eficaz a suplementação de vitamina D em portadores de ELA.
Embora a literatura seja conservadora quanto a raridade de intoxicação por vitamina D
(14,17)
alguns relatos de casos mostraram intoxicação pela ingestão superior a 100.000UI
diariamente, durante um período de 6 semanas (18).
Em um estudo piloto, realizado na universidade de Campania na Itália, foi investigado os
efeitos da suplementação da vitamina D no intuito da diminuição da progressão da
incapacidade motora em pacientes com ELA em um grupo de paciente com baixos níveis
de 25-hidroxivitamina D3 (25(OH)D). Foram coletados dados de 48 pacientes com ELA,
desses 34 apresentavam deficiência e 14 com baixos níveis de 25(OH)D sanguíneos.
Foram randomizados e tratados com 3 diferentes doses de colecalciferol (50.000, 75.000
e 100.000 UI/mês) e avaliados por um período de 6 meses verificando a disfunção motora
pela Amyotrophic Lateral Sclerosis Rating Functional Scale (ALSRFS-R) e amostras de
25(OH)D sanguíneos(23).
O estudo mostrou que os pacientes não apresentaram diferenças significantes na
estatística da ALSRFS-R entre os grupos, porém, induziram um aumento nos níveis
séricos de 25(OH)D nos grupos com 75.000 UI/mês e 100.000 UI/mês(23).
Foi concluído então nesse estudo que no período de 6 meses não houve efeitos
significativos em baixas doses da vitamina D em relação a disfunção motora(23).
Conclusão
Apesar de ainda ser considerada uma doença neurodegenerativa rara, casos de ELA tem
tido um aumento nos últimos anos. O mecanismo fisiopatológico consiste num conjunto
de alterações celulares e bioquímicas que desencadeiam a degeneração dos neurônios
motores e que compreendem o stress oxidativo, excitotoxicidade pelo glutamato,
alteração da função dos astrócitos e processos inflamatórios.
O tratamento da ELA requer o uso de medicamentos, mas como tratamento alternativo
podemos incluir a utilização da suplementação e/ou megadoses de vitamina D, visto que
esta vitamina possui potencial antioxidante e parece promover uma melhora na resposta
imunológica, retardando o processo inflamatório, fazendo com que haja uma menor
produção de stress oxidativo, trazendo melhorias no quadro da doença.
Para cada caso relatado observa-se uma vantagem perante cada forma de administração
da vitamina D. Embora os estudos citados mostrem possíveis efeitos positivos com a
suplementação de vitamina D para pacientes com ELA ainda são poucos os estudos e
ainda apresentam diferenças metodológicas. Logo, mais estudos são necessários com o
intuito de se verificar a eficiência da suplementação de megadoses de vitamina D em
pacientes com ELA.
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21. BENDOTTI, C., ET AL., Dysfunction of constitutive and inducible for protein
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22. MARINS TA, GALVÃO TF, KORKES F, MALERBI DA, GANC AJ, KORN D, WAGNER
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SABRINA E.; DARIO R.; MARIA ROSARIA M.; GIOACCHINO T.; GABRIELLA S.
Vitamin D supplementation has no effects on progression of motor dysfunction in
amyotrophic lateral sclerosis (ALS): Fev, 2019
AGRADECIMENTO

Primeiramente gostaríamos de agradecer a Deus e segundamente a todos nossos


familiares principalmente nossos pais que puderam nos dar a oportunidade magnífica
de estudar em uma universidade tão renomada, onde crescemos não somente como
profissionais, mas como humanos. Agradecer também a todos amigos da graduação e
amigos de infância que nos ajudaram nessa caminhada de 4 anos que estamos
finalizando, mas que iniciará outra belíssima caminhada. Aprendemos como cuidar e
tratar o próximo com a devida atenção e respeito que nossos pacientes merecem. A
nutrição é uma área maravilhosa onde podemos tratar, prevenir e cuidar da saúde de
qualquer pessoa sem distinção alguma. Obrigado pela oportunidade que tivemos de
termos um corpo docente incrível e super amigáveis e compreensivos conosco. Vocês
foram como pais e umas mães para nós e os profissionais que seremos e o sucesso
que iremos alcançar é tudo graças a vocês queridos professores!

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