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UniAGES

Centro Universitário
Bacharelado em Nutrição

ALLYCE BATISTA DE JESUS SOUZA

TRATAMENTO E PREVENÇÃO DE ANEMIA NA


INFÂNCIA: uma revisão integrativa

Paripiranga
2021
ALLYCE BATISTA DE JESUS SOUZA

TRATAMENTO E PREVENÇÃO DE ANEMIA NA


INFÂNCIA: uma revisão integrativa

Monografia apresentada no curso de


graduação do Centro Universitário AGES
como um dos pré-requisitos para obtenção do
título de bacharel em Nutrição.

Orientador: Msc. Igor Brandão

Paripiranga
2021
ALLYCE BATISTA DE JESUS SOUZA

TRATAMENTO E PREVENÇÃO DE ANEMIA NA


INFÂNCIA: uma revisão integrativa

Monografia apresentada como exigência


parcial para obtenção do título de bacharel
em Nutrição à Comissão Julgadora
designada pela Coordenação de Trabalhos
de Conclusão de Curso do UniAGES.

Paripiranga, 08 de julho de 2021.

Banca examinadora

Prof. Dalmo Moura Costa


UniAGES

Prof. Fábio Luiz Oliveira de Carvalho


UniAGES
Aos meus pais, por me
proporcionarem essa conquista.
Maria Zilma, minha mãe,
por estar sempre ao meu lado,
te amo infinitamente.
Ao meu companheiro de vida,
Leonel Martins por toda
dedicação e compreensão.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por me fazer chegar até aqui, e ultrapassar todos os


obstáculos encontrados.

Ao Centro Universitário AGES, por me proporcionar a realização dessa conquista.

Ao orientador Igor Brandão, por estar sendo disposto a ajudar os alunos.

A minha família, por me ajudar a proporcionar essa conquista. Sem ela não iria
conseguir.

E ao meu namorado, Leonel Martins, por estar sempre me apoiando nos estudos.
RESUMO
Objetivo: Realizar uma revisão integrativa com objetivo de avaliar os métodos de
tratamento e prevenção da anemia ferropriva em crianças. Método: Procedeu-se uma
busca dos termos que definissem anemia ferropriva, anemia em crianças, métodos de
tratamento da anemia. Em seguida, realizou-se uma revisão da literatura nas bases
de dados SciELO e BVS. Foram incluídos estudos em português e espanhol,
publicados no período de 1983 a 2020, realizados com seres humanos (crianças),
disponíveis completos e com tema compatível ao pesquisado. Resultados: Foram
utilizados instrumentos específicos para avaliação de hemoglobina, estado nutricional
e estado de saúde das crianças. As condições econômicas, parasitoses, perda de
sangue recorrente e má alimentação contribui para o aumento de anemia ferropriva
entre crianças. Conclusões: A maior parte dos artigos evidenciou que a utilização da
suplementação oral de ferro e fortificação dos alimentos como opções para o
tratamento da anemia ferropriva, mostrando que deve ser utilizado em conjunto com
a vitamina C e adequando a alimentação.

Palavras-chave: Anemia ferropriva, suplementação de ferro, fortificação de alimentos,


alimentação, saúde pública.
7

ABSTRACT

Objective: To carry out an integrative review with the objective of evaluating the
methods of treatment and prevention of iron deficiency anemia in children. Method: A
search for terms that defined iron deficiency anemia, anemia in children, methods of
treatment of anemia was carried out. Then, a literature review was carried out in the
SciELO and BVS databases. Studies in Portuguese and Spanish, published in the
period from 1983 to 2020, carried out with human beings (children), available in full
and with a theme compatible with the researched, were included. Results: Specific
instruments were used to assess children's hemoglobin, nutritional status and health
status. Economic conditions, parasites, recurrent blood loss and poor diet contribute
to the increase in iron deficiency anemia among children. Conclusions: Most articles
showed that the use of oral iron supplementation and food fortification as options for
the treatment of iron deficiency anemia, showing that it should be used in conjunction
with vitamin C and adequate food.

Keywords: Iron deficiency anemia, iron supplementation, food fortification, diet, public
health.
LISTAS

LISTA DE QUADROS

1: Modelo hierárquico dos fatores determinantes da anemia......................................14

LISTA DE TABELAS

1: Fatores de risco de anemia na criança...................................................................20

2: Recomendações dietéticas de ferro........................................................................24


LISTA DE SIGLAS

DNA Ácido desoxirribonucleico.

mg Miligramas

Kg Quilogramas

AF Anemia ferropriva

Fe Ferro

DMT-1 Transportador de cátions divalentes

HCP1 Proteína transportadora 1 heme.

FPN Ferroportina.

CTLF Capacidade Total de Ligação do Ferro.

DRI Ingestão Dietética de Referência

g Grama

dL Decilitro

IDR Ingestão de Diária Recomendada

ml Mililitro.

RDC Resolução da Diretoria Colegiada

OMS Organização Mundial da Saúde.

PNAN Política Nacional de Alimentação e Nutrição.

PNSF Programa Nacional de Suplementação de Ferro

ESF Estratégia de Saúde da Família.

SUS Sistema Único de Saúde.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................11

2 METODOLOGIA .....................................................................................................13

3 ANEMIA FERROPRIVA .........................................................................................14

4 FATOR DETERMINANTE NA ALIMENTAÇÃO QUE CONTRIBUI PARA A


ANEMIA FERROPRIVA ............................................................................................26

5 FORTIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS ......................................................................30

6 SUPLEMENTAÇÃO ORAL DE FERRO ................................................................38

7 RESULTADO DE DISCURSÃO ............................................................................49

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................51

REFERÊNCIAS .........................................................................................................57
11

1 INTRODUÇÃO

A anemia carencial é a patologia que cerca a grande parte da população de


cidades desenvolvidas e as que estão em desenvolvimento, tornando-se problema de
saúde pública.

A anemia é considerada como um processo patológico, onde a concentração de


hemoglobina (Hb), que se encontra nos glóbulos vermelhos está em quantidades
consideradas baixas, esses níveis levam em consideração o sexo do indivíduo, idade,
altitude em relação ao nível do mar, algumas infecções crônicas, problemas
hereditários sanguíneos, a carência de nutrientes essenciais, que são importantes
para a composição da hemoglobina, como exemplos: ácido fólico, vitaminas B12, B6
E C e proteínas. Entretanto, a deficiência ou carência do micronutriente do ferro é
responsável por boa parte das pessoas anêmicas, sendo então nomeada de anemia
ferropriva.

A anemia ferropriva está caracterizada pela deficiência ou ausência do estoque


de ferro e de outros fatores etiológicos. Dentre esses fatores etiológicos incluem o
fator socioeconômico, as condições muitas vezes precárias no saneamento e a
grande prevalência de doenças infecto-parasitárias especialmente as que provocam
a perda de sangue crônica.

Para ocorrer a anemia ferropriva é passado um processo progressivo de três


etapas: a depleção de ferro (diminuição da ferritina sérica), a deficiência de ferro
(diminuição do ferro sérico e da saturação da transferrina) e, por final, a anemia
ferropriva (diminuição de hemoglobina e sinais de microcitose e hipocromia).

Os sintomas podem começar de forma branda, passando muitas vezes sem


ser percebido, enquanto sua forma moderada ou grave inclui alguns sintomas. De
acordo com Freire et al. (2020), os sintomas que são mais recorrentes das pessoas
anêmicas devido à deficiência ou carência de ferro são: apatia, cansaço, irritabilidade
e taquicardia.
12

A prevenção da anemia ferropriva necessita ser definida com abordagens do


tipo: educação nutricional e a melhoria da alimentação oferecida, suplementação
medicamentosa, fortificação dos alimentos e o controle de infecções.

Nos dias de hoje, existe uma grande relevância no desenvolvimento de novos


alimentos e ingredientes que sejam como veículo para a melhoria do bem-estar e da
saúde, seguindo como prevenção e diminuição de riscos para algumas doenças
carenciais. O aperfeiçoamento em relação aos alimentos fortificados vem com
crescimento gradual em pesquisas cientificas em que traçaram relação entre a
alimentação, saúde e o custo benefício para a saúde pública. (VELLOZO; FISBERG,
2010)

Com base nessa preocupação, o objetivo desse projeto de conclusão é efetuar


uma revisão da literatura sobre métodos de fortificação de alimentos e suplementação
de ferro oral, analisando o efeito da utilização dessas estratégias para o combate a
anemia ferropriva.
Segundo Zancul (2004), a eficácia da fortificação de alimentos para a correção
e prevenção de carências nutricionais é de caráter bastante reconhecida. Todavia os
programas de fortificação necessitam ser colocados em ação, que tenham o objetivo
de combater e evitar problemas carenciais e nutricionais, fazendo a utilização de
alimentação em seu estado natural.

Além da fortificação, percebemos que a suplementação do ferro vem sendo


muito utilizada atualmente e traz benefícios para a diminuição da anemia. A utilização
do suplemento oral de ferro, possui a vantagem de produzir uma rápida alteração no
estado nutricional aumentando a quantidade de hemoglobina, sendo utilizada
principalmente aos grupos de maior risco. (CEMBRANEL; DALLAZEN; CHICA, 2013)

Diante disso, esta monografia de conclusão de curso tem como objetivo avaliar
na literatura os aspectos envolvidos na prevenção e tratamento da anemia ferropriva
em crianças e, abordando possibilidades de soluções em minimizar o índice de
crianças com essa patologia, melhorando assim a saúde pública brasileira.
13

2 METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão integrativa, realizada na Universidade Uniages, em


Paripiranga/BA.

Para a realização deste estudo, foram utilizados os seguintes descritores:


“alimentos fortificados com ferro”, “anemia”, “alimentos fortificados and anemia
ferropriva” “suplementação com ferro” “anemia and crianças”, limitando os idiomas ao
espanhol e português, aos estudos realizados com seres humanos, aos textos na
íntegra e aos temas compatíveis ao pesquisado neste trabalho, com limitadores
temporais no período de publicação de 1983 até 2020, consultados nas bases de
dados: SciElo (753 artigos) e Biblioteca Virtual em Saúde (2.762 artigos).

A primeira seleção foi retirada a duplicidade nas bases de dados, de modo que
restaram 3.214 artigos. Em seguida, ocorreu a escolha pelos títulos, que resultou em
95 publicações selecionadas. Após a leitura dos resumos, foram excluídos 20 que não
abordavam o tema compatível ao pesquisado. Restaram 29 artigos, que foram lidos
na integra e, posteriormente, houve a exclusão daqueles que não atendiam ao
objetivo. O estudo foi finalizado com a inclusão de 46 artigos.
14

DESENVOLVIMENTO

3 ANEMIA FERROPRIVA

A alimentação tem papel fundamental no processo de crescimento e


desenvolvimento infantil. A prática alimentar deve ser formada nos primeiros anos de
vida e é capaz de impactar no estado de saúde ao longo da vida. A inadequação
alimentar pode suceder em agravos nutricionais de saúde pública durante a infância.
Para que uma criança fique segura das carências nutricionais é indispensável adotar
hábitos alimentares saudáveis que preencham as necessidades nutricionais desta
fase.

A anemia é definida pela Organização Mundial da Saúde


(OMS) como "um estado em que a concentração de hemoglobina do
sangue é anormalmente baixa em consequência da carência de um ou mais
nutrientes essenciais, qualquer que seja a origem dessa carência". Já a
anemia por deficiência de ferro resulta de longo período de balanço negativo
entre a quantidade de ferro biologicamente disponível e a necessidade
orgânica desse oligoelemento. (JORDÃO et al. 2009)

O ferro é um micronutriente essencial para um apropriado funcionamento do


organismo e tem como função primordial o transporte de oxigênio. Deste modo, a
deficiência desse mineral, atinge todas as células do organismo vivo, causando
imunidade. A anemia ferropriva está caracterizada pela deficiência ou ausência do
estoque de ferro e de outros fatores etiológicos. Dentre esses fatores etiológicos
incluem o fator socioeconômico, as condições muitas vezes precárias no saneamento
e a grande prevalência de doenças infecto-parasitárias, especialmente as que
provocam a perda de sangue
crônica.
15

As infecções parasitárias que são decorrentes pelos Necator americanus,


Thichiuris trichiura, Ancylostima duodenalis e Schistosoma mansoni são as que
desencadeiam perdas fecais de sangue variando de acordo com sua intensidade e
infestação.

Outros fatores de risco como causa da anemia são o baixo consumo de ferro,
dietas ricas em fitatos que prejudicam na absorção do ferro pelo organismo, fases de
crescimento e a gravidez, sendo então as fases em que nosso corpo precisa ainda
mais desse mineral tão importante.

Anemia ferropriva é uma patologia considerada obstáculo para a saúde pública


de modo global, afetando países desenvolvidos e os que estão se desenvolvendo
social e econômico.

A necessidade de intervenções para o controle da prevalência da


anemia por deficiência de ferro deve ser determinada pela magnitude da
deficiência nutricional e pelo conhecimento de seus efeitos na qualidade de
vida, na morbidade e na mortalidade. (CARDOSO; PENTEADO 1994)
Apesar da ausência de um levantamento nacional, existe consenso
na comunidade científica de que a Anemia por Deficiência de Ferro é o
problema nutricional de maior amplitude no Brasil, atingindo todas as classes
de renda. Estudos locais recentes indicam prevalências de Anemia por
Deficiência de Ferro em, aproximadamente, 50% dos pré-escolares (cerca de
4,8 milhões de crianças), e estima-se uma média nacional em torno de 30%,
em gestantes brasileiras (Ministério da Saúde, 2005). (OSÓRIO, 2002)

A anemia ferropriva está caracterizada pela redução ou carência nas reservas


de ferro, com diminuição na concentração férrica do soro, fraca saturação de
transferrina e concentração insuficiente de hemoglobina com redução do hematócrito.
Preliminarmente as proporções de reservas de ferro, ferritina e hemossiderina
reduzem, mais os níveis de hematócrito e de hemoglobina continuam de maneiras
normais.

Logo em seguida, o nível sérico de ferro reduz e, ao mesmo tempo, a habilidade


de ligação do ferro na transferrina amplia, em consequência disso ocorre uma
diminuição na porcentagem de saturação do ferro da transferrina. Como resultado
verifica-se uma rápida redução da circulação das células vermelhas.
16

Esse estágio pode ser nomeado como deficiência de ferro sem anemia. A anemia por
deficiência de ferro (anemia ferropriva) desempenha o estágio mais desenvolvido da
hipossiderose, determinado pela redução da hemoglobina e do hematócrito, que se
repercute em modificações na citomorfologia eritrocitária, mostrando a microcitose e
hipocromia e ocasionando alteração no procedimento do transporte de oxigênio.

A carência de ferro atinge todas as células do organismo humano e


ocorre em três estágios, sendo o primeiro a depleção do estoque de ferro,
seguido pela eritropoiese ferro deficiente até a ocorrência da anemia
ferropriva, caracterizada pela redução dos níveis de hemoglobina. A
deficiência de ferro e a anemia ferropriva resultam do desequilíbrio no
balanço entre a quantidade de ferro biodisponível absorvido na dieta e a
necessidade do mineral no organismo. (ANDRÉ et al. 2018)

Essa patologia é uma alteração nutricional, que pode causar complicações


secundárias como dificuldade no crescimento, problemas cardíacos e a baixa do
sistema imunológico.

No Brasil, o mais recente levantamento nacional que avaliou a


concentração de hemoglobina na população indicou que 20,9% das crianças
menores de 5 anos apresentavam anemia2. Nesse inquérito, foi também
observada importante variação de prevalência de anemia entre as regiões,
variando de 10,4% no Norte a 25,5% no Nordeste. (FERREIRA et al, 2017)

Constituem o grupo de risco para o desenvolvimento da anemia ferropriva: as


mulheres em idade fértil, idosos, crianças e adolescentes em fase de crescimento e
indivíduos que passaram por cirurgia de redução de estômago. Mas podemos lembrar
que qualquer indivíduo pode acarretar essa patologia.

“O abandono precoce do aleitamento materno, a dieta de transição inadequada,


somados à elevada velocidade de crescimento tornam as crianças abaixo de 2 anos
de idade o grupo de maior risco para anemia na faixa etária pediátrica .” (BRAGA;
VITALLE, 2010).

Dessa forma, o grupo infantil consiste em um grupo vulnerável para essa


determinada doença, pelo fato de precisar de uma alta demanda desse mineral em
atribuição da excessiva velocidade de crescimento.

Recém-nascidos de baixo peso e prematuros não têm estoques adequados,


que se formam principalmente no último trimestre de gestação, apresentando,
portanto, fator de risco para a anemia. O aleitamento artificial é considerado outro fator
de risco. (BRAGA; VITALLE, 2010).
17

No Brasil, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde de 20063,


avaliou, pela primeira vez em nível nacional, a prevalência de anemia em
crianças e observou que 20,9% das crianças de zero a 59 meses apresentam
anemia, ou seja, aproximadamente três milhões de crianças apresentam
anemia. As maiores prevalências foram observadas no Nordeste (25,5%),
Sudeste (22,6%) e Sul (21,5%). A Região Norte (10,4%) e a Região Centro-
Oeste (11,0%) apresentaram as prevalências mais baixas. (BORTOLINI;
VITOLO, 2010)

O estoque de ferro desempenha fundamental importância no nascimento de


uma criança na determinação da anemia na infância. No decorrer da vida intrauterina
do feto é acumulado ferro em escala proporcional ao seu aumento de peso, com tudo
o último trimestre gestacional é o momento mais essencial para o aumento de peso e
fazer a reserva de ferro.

O requerimento basal de ferro é a quantidade necessária para manter


as funções orgânicas, para reparar perdas normais e prover o crescimento
corporal do indivíduo, regenerando e mantendo o estoque de reservas do
nutriente, como uma segurança contra um futuro aumento das necessidades
ou diminuição da ingestão de ferro. (BORTOLINI; VITOLO, 2010)

O ferro no organismo está relacionado a duas categorias de componentes: o


mesmo possui a função metabólica ou enzimática. O micronutriente ferro também
compromete uma variedade de processos bioquímicos, que incluem o transporte de
elétrons na mitocôndria, metabolismo das catecolaminas e síntese de DNA.

A criança a termo, ao nascer, tem cerca de 75 mg de ferro por kg de


peso, aproximadamente 250-300 mg. As reservas de ferro ao nascimento
desempenham importante função na determinação dos fatores de risco para
anemia durante a infância. Após o nascimento ocorre uma hemólise
fisiológica, e o ferro liberado da hemoglobina, associado à reserva do mineral
feita no último trimestre da gestação, tende a suprir a demanda pelo nutriente
nos primeiros meses de vida, em crianças nascidas a termo. Essa condição,
normalmente, se dá quando a criança é alimentada exclusivamente com leite
materno nos primeiros seis meses, pois o ferro do leite humano apresenta
alta biodisponibilidade, não necessitando de qualquer forma de
complementação e nem da introdução de alimentos sólidos. Porém, tal
biodisponibilidade é reduzida com a introdução de outros alimentos. A
concentração de ferro no leite materno diminui de aproximadamente 0,4-0,8
mg/litro no colostro para 0,2 mg-0,4 mg/litro no leite materno maduro. O teor
de ferro do leite materno é controlado homeostaticamente pelos receptores
da transferrina na glândula mamária; assim, não sofre influência do ferro
consumido pela dieta ou pelos estoques de ferro maternos. (BORTOLINI;
FISBERG, 2010)

Quando ocorre a introdução precoce de leite de vaca, causa impacto negativo


na reserva de ferro das crianças por ocorrência da baixa quantidade de ferro que esse
contém e pela baixa biodisponibilidade, podendo provocar microenterorragias pela
imaturidade do trato gastrointestinal, acarretando perdas sanguíneas.
18

Ao chegar no quarto e sexto mês da criança acontece gradativamente o


esgotamento das reservas de ferro, e a alimentação complementar torna-se papel
importante para a prevenção da deficiência de ferro e outros micronutrientes.

As necessidades de ferro em relação à energia consumida, nessa idade, são


os mais altos, com exceção do último trimestre gestacional.

A deficiência de ferro (AF) compromete todo o organismo humano, não só


exclusivamente a eritropoese (processo de produção de eritrócitos, podendo ser
denominado de hemácias ou células vermelhas do sangue) como também o
transporte do oxigênio, visto que o ferro é um mineral constituinte de todas as células
e tecidos. O ferro é um mineral essencial para a fabricação dos glóbulos vermelhos e
com níveis baixos no sangue comprometem a produção das hemácias.

Embora o ferro esteja presente em muitos alimentos, grande parte da


dieta é composta por ferro de baixa biodisponibilidade (cereais e
leguminosas) e, além disso, após o desmame, muitas vezes a introdução do
leite de vaca in natura e sua manutenção prolongada, em detrimento de
outros alimentos, são fatores importantes que levam à instalação da anemia
ferropriva nos primeiros anos de vida. (BRAGA; VITALLE, 2010)

Outro ponto de grande fator para o crescimento de casos desta patologia é a


vulnerabilidade no baixo consumo de alimentos que são fontes de ferro (vegetais
verdes escuros, fígado, frango, peixe e carne de boi).

Apesar de que a dieta seja o fator principal, não quer dizer que seja o único
motivo exclusivo da anemia. Dessa forma, deficiências podem ser manifestadas por
infecções parasitárias, perdas excessivas de sangue, por causa de hemorragias
agudas ou crônicas por via gastrintestinal ou podendo ser por consequência de
menstruações abundantes. Alimentos que são constituídos com o mineral do ferro,
podem oferecer dois tipos diferentes desse nutriente: o ferro heme e o ferro não heme.

O ferro heme é constituinte da hemoglobina e da mioglobina e está


presente nas carnes e nos seus subprodutos. O ferro heme contribui com
uma pequena fração do total do ferro ingerido. Estudo realizado no Rio de
Janeiro por Lacerda e Cunha, com crianças de 12 a 18 meses, mostrou que
o percentual médio de ferro heme ingerido em relação ao consumo de ferro
total foi de 7%, o que caracteriza uma dieta de baixa biodisponibilidade. O
ferro não heme, que é a forma mais consumida, é encontrado, em diferentes
concentrações, em todos os alimentos de origem vegetal. A absorção do ferro
não heme é dependente da solubilização do ferro ingerido no estômago e
redução a forma ferrosa no intestino. (BORTOLINI; FISBERG, 2010)

Considera-se que o mais significativo além de suprir as necessidades do ferro


é dar maior atenção à quantidade de ferro biodisponível. Sendo assim, o quanto de
19

ferro tem na alimentação que será absorvido, juntamente com os inibidores que
podem ter na mesma refeição.

A absorção do ferro heme é de 20% a 30% da quantidade presente


no alimento e a absorção do ferro não heme é de aproximadamente 2% a
10%.11 A absorção do ferro heme pode variar de aproximadamente 40% na
deficiência de ferro a 10% quando os estoques estiverem repletos. A
absorção da forma não heme é fortemente influenciada por vários
componentes da dieta, podendo ser inibida ou facilitada. Então, a absorção
do ferro presente na dieta é influenciada pela quantidade, pela forma química
do ferro presente, pelo consumo na mesma refeição de alimentos contendo
fatores facilitadores ou inibidores da absorção do ferro, além do estado de
saúde e estado nutricional de ferro do indivíduo. No estado de deficiência de
ferro, o ferro da dieta é melhor aproveitado pelo organismo. Três potentes
facilitadores da absorção do ferro não heme são: as carnes, a vitamina C e a
vitamina A. São considerados fatores inibidores da absorção do ferro: fitatos,
polifenóis, cálcio e fosfatos. O ferro heme, além de ser melhor absorvido, tem
sua absorção feita de forma mais rápida e é pouco influenciada pelos
componentes da dieta. A absorção do ferro heme parece ser afetada apenas
pela proteína animal, que facilita a absorção, e pelo cálcio, que pode diminui-
la. (BORTOLINI; FISBERG, 2010)

O consumo de carnes de gado, peixe, carneiro, frango e fígado ajuda na


potencialização da absorção do ferro não heme. Já o ácido ascórbico vem com a
função de aumentar a absorção do ferro não heme e suprimir o efeito de fatores que
inibem a absorção do ferro.

O consumo de vitamina C irá ajudar na absorção do ferro, além de proteger


contra processos oxidativos e na diminuição da ação de inibidores da absorção do
ferro. “A adição de 50 mg da vitamina C na sua forma pura ou presente em vegetais
ou frutas é capaz de dobrar a absorção do ferro não heme presente na mesma
refeição. (BORTOLINI; FISBERG, 2010)”.

Dessa forma, pacientes com anemia ferropriva, devem ingerir alimentos que
contenham ferro, aliando a alimentos que ajudem na potencialização da absorção
desse mineral. Vale ressaltar que alimentos com características ácidas (como
exemplo, a vitamina C) e agentes solubilizantes (como exemplo o açúcar) aumentam
a absorção de ferro, enquanto alimentos com cafeína e cálcio, reduzem a absorção
do ferro.

Para compreender melhor como pode ocorrer a anemia por deficiência de ferro,
é necessário entender o metabolismo do ferro. Sua absorção ocorre no epitélio
duodenal superior, apresentando uma estrutura vilosas, com a função de ampliar
ainda mais a superfície de absorção O ferro é absorvido por meio extracelular direto
para o interior das células duodenais, os enterócitos.
20

Na célula, as proteínas da membrana possuem a função de realizar o


transporte. São as: HCP1, que possui a finalidade pelo ferro heme (Fe²+ ) e a DMT-1,
que necessita a conversão do Fe³+ em Fe²+, intervindo pela enzima citocromo b
redutase duodenal.

Já no meio intracelular, o heme sofre a ação da enzima hemooxigenase,


liberando o ferro na forma Fe²+. Se tiver pouca necessidade, o Fe²+ é ligado com a
apoferritina, formando então a ferritina, e adiante é excretada do organismo pela
descamação intestinal.

Neste caso sentir a necessidade de ferro pelo organismo, irá ser transportado
para fora do enterócito pela proteína da membrana, ferroportina (FPN) e liga-se a
transferrina.

Há mais de 20 anos consolidou-se o entendimento de que a


deficiência de ferro é uma condição patológica sistêmica que provoca
repercussões que se somam à anemia ferropriva, entre as quais as
anormalidades imunológicas, que modificam a susceptibilidade às infecções,
alterações no metabolismo, déficit de crescimento, retardo no
desenvolvimento neuro-psicomotor e, também, alterações na morfologia e
fisiologia intestinal. (MORAIS, 2010)

Grupos de Fatores de risco


determinação
Fatores  Baixa renda familiar bruta e per capita.
socioeconômicos  Condições precárias de moradia e saneamento
e culturais. básico.
 Baixa escolaridade dos pais.
 Maior número de membros na família.
 Maior número de irmãos abaixo de 5 anos de
idade.
 Menor idade materna.
 Fraco vínculo entre mãe e filho.
21

Consumo  Abandono precoce do aleitamento materno


alimentar exclusivo.
 Aleitamento materno predominante após os 6
meses com alimentação complementar carente
de ferro.
 Dieta inadequada (ausência de ferro
biodisponível).
 Uso de leite de vaca integral sem fortificação.
 Composição alimentar inadequada (ausência de
fatores facilitadores e excesso de inibidores da
absorção de ferro).

Assistência à  Assistência pré-natal inefetiva.


saúde  Ligadura inadequada do cordão umbilical.
 Dificuldade de acesso aos serviços de saúde.

Estado  Baixo peso ao nascer.


nutricional  Desnutrição.
 Crescimento físico acelerado.
Morbidade  Prematuridade.
 Sangramento perinatais (doença hemorrágica do
recém-nascido, enterocolite necrosante,
distúrbios de coagulação).
 Sangramento gastrintestinais (ancilostomíase,
intolerância ao leite de vaca, refluxo
gastresofágico, gastrite).
 Infecções respiratórias e gastrintestinais agudas
de repetição.
 Maior número de internações hospitalares.
Fatores  Menor faixa etária.
biológicos  Gênero masculino.
Tabela 1 – Fatores de risco de anemia na criança. (TADDEI et al. 2011)

A absorção do ferro atua por dois fatores principais, que são eles: a função
homeostática da mucosa intestinal, onde sua absorção aumenta quando suas
reservas começam a reduzir e a interação do ferro alimentar com outros nutrientes da
alimentação.

Devido à grande incidência na deficiência de ferro em pré-escolares (crianças)


tornou-se preocupante na saúde pública brasileira, pois ocasionam prejuízos no
desenvolvimento desse segmento populacional. “No Brasil, verifica-se que as
22

prevalências de anemia em crianças variam entre 20 e 70%, dependendo da região,


da idade, de condições socioeconômicas, entre outros fatores.” (NETTO et al, 2011)

Os estudos quanto ao levantamento na prevalência casos no Brasil, são


mínimos, e a grande parte deles é feito de forma regional.

No Brasil, os dados são incompletos. Estudo realizado em 1.111 crianças, de


6 meses a 10 anos, em cidade do interior do Acre, mostrou prevalência de
anemia em 13,6%, de anemia ferropriva em 10,3% e de deficiência de ferro
em 45,4% dos indivíduos. (SANTIS, 2019).

Os sintomas da anemia ferropriva conseguem ser leves a princípio e muitas


vezes imperceptíveis. A grande maioria dos indivíduos que sofrem dessa patologia
não percebem que a possuem até fazer um exame de sangue.

Os sintomas que podem incluir no quadro brando da doença: fadiga, mau


humor, dores de cabeça, dificuldade ao ficar concentrado ou no raciocínio.

Logo ao progredir poderá sentir: pele pálida, tontura, vontade de comer coisas
estranhas (possível mente até coisas que não são alimentos), falta de ar, sensação
de formigamento nas pernas, mãos e pés frios, inchaço ou dor na língua, unhas
quebradiças, retardamento no crescimento, batimentos acelerados ou irregulares,
dificuldade na concentração e dores de cabeça.

Logo, diante da suspeita de anemia, baseado na história e exames


físicos do paciente, deve-se solicitar hemograma completo, que fornece
dados da hemoglobina e hematócrito; a contagem de reticulócitos, que avalia
a resposta da medula óssea diante da anemia; e dosagem de ferritina sérica,
que determina a reserva de ferro corporal. (FREIRE et al, 2020)

Para que haja um diagnóstico, deve ser feito a análise qualitativa e quantitativa
dos glóbulos vermelhos no hemograma. Mas a avaliação do diagnóstico do ferro pode
ser feita por outros exames laboratoriais, em conjunto com o hemograma e a dosagem
de ferritina. Esse exame trata-se de um exame de sangue que vem oferecendo um
panorama das principais células sanguíneas.

Nesses exames laboratoriais, irá ser analisado o nível de ferritina (os valores
que são considerados de referência de ferritina variam de 10 a 16 µg/l12) e a
deficiência de ferro em transporte (aqui vai ser analisado as dosagens de transferrina,
protoporfirina eritrocitária livre e do receptor de transferrina).
23

Para uma abordagem no diagnóstico clínico em crianças, é necessário


investigar detalhadamente sobre seu antecedente gestacional, do parto ou da
prematuridade.

Sua anamnese alimentar ou recordatório deve ser feito de forma minuciosa,


incluindo então as fases do aleitamento materno exclusivo, período do seu desmame,
a introdução da alimentação complementar de alimentos sólidos e líquidos. Deve ser
observado também se há a perda de apetite, presença de palidez, irritabilidade, apatia
e anorexia.

A avaliação laboratorial é geralmente de fácil interpretação e


obtenção, sendo o diagnóstico confirmado quando há presença de anemia
microcítica e hipocrômica e exames de análise do ferro corporal sugestivos
de ferropenia. A história alimentar também é importante para se estimar o
aporte de ferro da criança. (SANTANA; NORTON; FERNANDES, 2009)

É importante descobrir sobre possíveis infecções de repetição ou a existência


de outros tipos de doenças associadas, não esquecendo de avaliar a ocorrência de
anemia entre os familiares.

O “status” de ferro no processo da investigação laboratorial é


composto por três dosagens bioquímicas que refletem diferentes aspectos do
metabolismo do ferro: ferro sérico, ferritina e capacidade total de ligação do
ferro (CTLF) e uma avaliação obtida pelo cálculo matemático que resulta na
saturação de transferrina (Ferro sérico X 100/CTLF). O meio do painel de
avaliação de ferro sérico, ferretina, CTLF e saturação da transferrina são
possíveis supor as principais causas de anemia (FEGUEIREDO; VICARI,
2006).

Segundo as orientações das Recomendações de Ingestão Dierética (DRI,


Dietary Reference Intakes), recomendam o limite do consumo do ferro. Para crianças
de 0 a e 6 meses em amamentação a recomendação é de 0,27 mg de ferro/dia.

Para esse grupo etário, presume-se que o ferro fornecido pelo leite
humano é suficiente para satisfazer as necessidades de ferro da criança
amamentada exclusivamente até os 6 meses de vida, porém deve ser
aplicada com extremo cuidado para crianças que não são amamentadas.
(BORTOLINI; FISBERG, 2010)

Para crianças de 7 a 12 meses a recomendação é de 11 mg de ferro/dia. Essa


recomendação é pelo fato de que absorvido é 10% desse valor, mas levam em
considerações as perdas urinárias, dérmicas, fecais e o aumento do volume
eritrocitário.

Para crianças com idade entre 1 a 3 anos, a recomendação esperada é de uma


ingestão de 7 mg de ferro/dia e de 4 a 8 anos, a ingestão deve ser de 10 mg de
ferro/dia.
24

Nessa idade, a velocidade de ganho de peso exerce papel


fundamental na incorporação de ferro corporal, e essas recomendações
levam em consideração os mesmos fatores considerados para criança de 0
a 6 meses, porém, considerando que a absorção do ferro dietético seja de
18%. (BORTOLINI; FISBERG, 2010)

Na faixa etária de 9 a 13 anos, é recomendado para meninos e meninas a


quantidade de 8 mg de ferro/dia. Enquanto para adolescentes de 14 a 18 anos é de
acordo com sexo. O sexo feminino é recomendado ingerir 15 mg/dia, devido as perdas
menstruais, perdas basais, aumento da massa de hemoglobina e o aumento de ferro
nos tecidos. Já para o sexo masculino, a sua recomendação é de 11 mg de ferro/dia.
Como sabemos essa fase do ciclo da vida é marcada pela puberdade, considerado
um processo fisiológico com grande necessidade de ferro para ambos os sexos.

Tabela 2- Recomendações dietéticas de ferro


25

Diante desse quadro, três estratégias são recomendadas para corrigir


a deficiência nutricional de ferro, isoladamente ou combinando-se umas com
as outras. São elas, a modificação dietética para melhorar o valor nutricional
dos alimentos e a biodisponibilidade do ferro, a suplementação
medicamentosa e a fortificação de alimentos. (SOUTO et al, 2008)

O Brasil atualmente possui um vasto conhecimento sobre a anemia, mas a


questão de resolver sobre essa patologia tão comum ainda está longe de ser
resolvida. Há uma certa ausência por parte do Ministério da Saúde em criarem
programas com ampla cobertura e de recursos específicos para a prevenção e o
controle da mesma.

“Apesar das medidas individuais e populacionais adotadas no país, mantém-se


a elevada prevalência de anemia, a qual incide em cerca de 40% das crianças
menores de cinco anos há duas décadas. ” (BORTOLIN; VITOLO, 2010)
26

4 FATOR DETERMINANTE NA ALIMENTAÇÃO QUE


CONTRIBUI PARA A ANEMIA FERROPRIVA

Como já foi dito acima, a prevalência de anemia está em todas as partes do


mundo, mas em especial nas regiões mais pobres.

A importância de se considerar na Saúde Pública a problemática da


saúde e da enfermidade não de forma isolada, mas no contexto de um
sistema produtivo mais amplo, gerador de processos específicos
determinantes da mesma, fica evidente no caso da anemia ferropriva.
Observa-se, de maneira específica, que as condições para a ocorrência
dessa carência estão atreladas às condições sociais e econômicas,
características das situações de classe (às quais estão adscritos os
indivíduos), seja pelas deficiências qualitativas e quantitativas da dieta, seja
pela precariedade de saneamento ambiental. Isto se sustenta, por um lado,
quando se constata que tanto a deficiência de consumo como a de absorção
são devidas à inadequação qualitativa e quantitativa da dieta. Este fato se
refere não apenas à quantidade de ferro ingerida, mas, também, à presença
de potenciadores de sua absorção, como a vitamina C e os alimentos de
origem animal ou, ao contrário, à presença de inibidores dessa absorção,
como os fitatos e outros quelantes de origem vegetal, que podem ser
responsáveis pelo estado das reservas marciais. Por outro lado, quando se
observa que o fenômeno de espoliação é provocado principalmente por
parasitoses intestinais, cuja maior prevalência está na decorrência de
deficiências no saneamento ambiental, condição essa típica das áreas
habitadas pelas camadas sociais mais baixas. (MARTINS et al, 1987)

Desta forma, a classe social influencia a esta carência de ferro, pois suas
condições sociais, econômicos e as condições sanitárias precárias para a condição
de vida dessa população.

Embora que a anemia ferropriva seja um problema de saúde pública, não


ocorre apenas em países que ainda estão em desenvolvimento, é de extrema
importância levar em conta que as condições favoráveis para causar o agravamento
dessa patologia estão ligadas as condições sociais e econômicas das classes de
baixa renda, sendo por uma alimentação qualitativa ou quantitativa inadequada.
Dessa forma, muitas vezes pela precariedade de saneamento ou até mesmo por
outros motivos que direta ou indiretamente contribuem para o aumento dessa doença.

A relevância do nível de renda na determinação da anemia parece


decorrer de seu efeito na quantidade e na qualidade dos alimentos, no
consumo de alimentos fontes de ferro heme, no acesso aos serviços de
saúde e na qualidade da moradia e saneamento. (GONDIM et al, 2012)
27

Desta forma, famílias que vivem em zonas rurais ou urbanas que não possuem
oportunidades de melhoria de vida, que vivem com baixos salários, condições
precárias de saúde e habitação são mais propensas a serem anêmicas.

Crianças com dois ou mais irmãos menores de cinco anos podem


apresentar um maior risco de anemia. A constituição familiar, com um grande
número de crianças pequenas na família, aumenta a demanda por alimentos,
como também diminui os cuidados de saúde e alimentação fornecidos à
criança. (OSÓRIO, 2002)

As crianças que são desnutridas, na maioria das vezes, apresentam quadros


anêmicos, pois a privação de proteína na desnutrição, pode ocasionar diminuição nos
níveis de hemoglobina em 20%.

Chamou atenção o elevado percentual de crianças no primeiro ano


de vida que utilizavam leite de vaca integral, com ou sem adição de
carboidratos simples. O uso do leite de vaca integral é fator de risco
independente para desenvolvimento de anemia carencial ferropriva, para
cada mês de uso de leite de vaca há queda de 0,2 g/dL nos níveis de
hemoglobina. Vale ressaltar ainda que a deficiência de ferro e a anemia
carencial ferropriva acarretam sequelas graves no desenvolvimento cognitivo
e emocional de crianças, comprometendo seu desempenho na idade adulta.
(CAETANO et al, 2010)

O leite da vaca é pobre em ferro, possui cerca de mais ou menos 0,2 – 0,5mg
por litro, o leite de vaca apresenta baixa quantidade de vitamina C, que é um
estimulante para absorção do ferro, lembrando que contém alto teor de cálcio, que é
um dos fatores inibidores do ferro. Dessa forma, o leite de vaca não é aconselhável
ser opção de alimento para crianças menores de um ano.

Também há indícios de que o alto consumo de leite de vaca, especialmente na


alimentação infantil, pode estar associado à elevada prevalência de anemia.
(OLIVEIRA et al, 2006)

Outro fator determinante para a anemia ferropriva é a dieta inadequada em


ferro, ou por sua biodisponibilidade, sedo um dos mais importantes fatores para
acarretar essa patologia.

E essa deficiência de ferro pode acarretar o aumento de nascimentos


prematuros e crianças de baixo peso. E, a criança ao nascer precisa que o estado de
ferro da sua mãe esteja em quantidades necessárias.

O ferro apresenta-se nos alimentos sob duas formas: heme e não


heme. O ferro heme, presente nas carnes e vísceras, tem uma
biodisponibilidade bastante elevada, não estando exposto aos fatores
28

inibidores. As carnes apresentam cerca de 4mg de ferro por 100g do


alimento, sendo absorvidos em torno de 40% deste nutriente. (OSÓRIO,
2002)

O ferro não heme, contido nos cereais e nas hortaliças, ao contrário do ferro
animal, é absorvido em apenas 10% pelo organismo. A absorção da forma não
hemínica é fortemente influenciada por vários componentes da dieta. (OSÓRIO, 2002)

As crianças de até dois anos de idade são consideradas mais vulneráveis a


obter anemia ferropriva, pelo fato, às vezes, de desmame precoce, como também pelo
atraso na introdução alimentar complementar, que muitas vezes é uma dieta com
baixo teor em ferro.

Em algumas situações, o aporte de calorias da dieta pode estar


adequado, porém as necessidades de ferro não estão sendo supridas, o que
indica que o problema não está na quantidade total de alimentos oferecidos
à criança. Para avaliar a composição do ferro dietético, é necessário trabalhar
com o consumo de ferro total, de ferro heme e de ferro não-heme e,
especialmente, com suas densidades na dieta. A densidade de ferro pode ser
considerada um bom indicador da qualidade da dieta em relação ao ferro,
uma vez que relaciona o consumo desse micronutriente, ou de suas frações
ferro heme e ferro não-heme às calorias da dieta, identificando se o problema
está na composição da mesma. Esse indicador é particularmente importante
na avaliação da dieta infantil, tendo em vista as suas elevadas necessidades
de ferro. (OLIVEIRA et al, 2006) ´

Como já foi citado, a deficiência de ferro acarreta prejuízos no desenvolvimento


mental e psicomotor, além da desaceleração no crescimento, aumentando os riscos
de morbimortalidade infantil e diminui as resistências contra as infecções.

Segundo a recomendação do Ministério da Saúde, os alimentos


fonte de proteína de origem animal, como as carnes e as vísceras, possuem
ferro de alta biodisponibilidade, de forma que, a partir dos seis meses, esses
alimentos devem estar presentes no mínimo uma vez por semana nas papas
salgadas oferecidas às crianças, garantindo um aporte adequado desse
micronutriente, prevenindo a anemia. (MAGALHÃES et al, 2018)

Portanto, a dieta deve ser composta com a presença de alimentos ricos em


ferro, evitando sempre ao máximo os alimentos que possuem nutrientes inibidores da
absorção de ferro e sempre com a proposta de alimentos que são potencializadores
da absorção desse nutriente.

Certamente, o consumo alimentar adequado, a começar com o


aleitamento materno exclusivo até os seis meses, e sua manutenção a partir
dessa idade até os dois anos, associado a uma alimentação complementar
quali e quantitativamente apropriada, contribui para manter os níveis de
hemoglobina dentro dos parâmetros de normalidade. (PALOMBO;
FUJIMORI, 2006)
29

As crianças, em sua grande parte, consomem pouca quantidade de alimentos


ricos em ferro e, na maioria das vezes, só conseguem um aporte adequado por meio
da fortificação dos alimentos ou da suplementação de ferro medicamentoso. Além
disso, adquirem hábitos alimentares inadequados em suas próprias famílias, não
consumindo alimentos ricos em ferro.

Como já foi dito anteriormente, a questão socioeconômica é na maioria das


vezes fator determinante para ocasionar a anemia ferropriva em famílias,
principalmente aquelas que possuem uma quantidade maior de filhos. “Além disso,
em geral, quanto maior o número de irmãos pequenos, menor será a atenção
dispensada a cada criança, incluindo os cuidados com alimentação e saúde em geral.
” (SILVA et al, 2001).

A falta da vitamina A também está associada a deficiência de ferro, pois


interfere no metabolismo do ferro.

As doenças infecciosas e as deficiências nutricionais têm sido


responsáveis pela morte de 11 milhões de crianças por ano no mundo,
segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Estima-se que, no mundo
todo, 47,4% das crianças menores de 5 anos tenham anemia, com valores
distribuídos em 3,4% na América do Norte a 64,6% na África. Na América
Latina, os valores são de 39,5% para crianças menores de 5 anos e 31,1%
para mulheres grávidas. (SILVA et al, 2011)

Assim é necessário a educação nutricional para a população, sendo importante


enfatizar sobre os alimentos com boa disponibilidade de ferro e sobre a combinação
entre os minerais nas refeições, ou seja, consiste basicamente em educar a população
sobre os inibidores e os facilitadores da absorção do ferro.

Assim, cabe aos profissionais de saúde buscar a reversão desse


quadro, tanto por meio do trabalho nos serviços de saúde, como também por
meio de parcerias com equipamentos sociais, como escolas, pré-escolas,
creche, indústrias entre outros grupos da comunidade. (PALOMBO;
FUJIMORI, 2006)

Certamente a educação alimentar é uma alternativa de fator ideal para controlar


a deficiência de ferro, já que melhorando o valor nutricional e a biodisponibilidade dos
alimentos irá aumentar a absorção e quantidade de ferro no organismo. Mas isso não
é tão fácil de ser resolvido já que, mudar as preferências alimentares é algo difícil.
30

Outro ponto preocupante é que as melhores fontes de boa disponibilidade de


ferro são alimentos mais caros, se tornando não acessíveis para a grande parte da
população. Mas de toda maneira deve haver a orientação nutricional.
31

5 FORTIFICAÇÃO DOS ALIMENTOS

A fortificação de alimentos é um método em que consiste na adição de


micronutrientes a determinados alimentos. Esses micronutrientes, são considerados
elementos essenciais para o organismo humano, sendo então, necessário para
funções fisiológicas para haver manutenção da saúde.

A Organização Mundial de Saúde preconiza que a deficiência de ferro deve


ser combatida através de educação alimentar associada a medidas de
aumento do consumo do mineral, controle das infestações parasitárias,
suplementação medicamentosa e fortificação de alimentos com ferro.
(BRAGA; VITALLE, 2010)

A Nutrição tem como objetivo essencial a promoção de saúde de uma


população, o que lhe concede a especificidade no planejamento de ações e
programas na saúde pública.

Uma alimentação nutricionalmente adequada, no decorrer da infância e


adolescência, possibilita o crescimento e desenvolvimento conforme o potencial
genético, propiciando menor risco de doenças na fase adulta e obter qualidade de
vida.

“Os minerais são elementos inorgânicos amplamente distribuídos na natureza


e que, no organismo, desempenham uma variedade expressiva de funções
metabólicas que incluem ativação, regulação, transmissão e controle” (LOBO;
TRAMONTE, 2004)

Entre os minerais necessários para um bom funcionamento fisiológico, está o


ferro, carência desse nutriente ocasiona a anemia ferropriva. Diante do caso da
anemia ferropriva três estratégias são recomendadas para tratar essa deficiência,
entre elas temos a fortificação de alimentos.

Dessa forma a fortificação dos alimentos não vem para substituir


indispensavelmente a suplementação oral do ferro, ou as orientações sobre dietas
ricas em ferro, mas vem com a função efetiva de longo prazo para aumentar as
reservas de ferro de uma população.

A eficácia na prevenção de anemia usando alimentos fortificados é


evidenciada claramente na literatura mostrando-se como uma estratégia
32

adequada nos programas de prevenção dessa doença em vários países,


embora tenhamos que destacar que a maioria dos estudos é local, grupos
etários restritos, limitando a representatividade das amostras. (VELLOZO;
FISBERG, 2010)

Com estratégias de combater as deficiências nutricionais inclui-se a fortificação


dos alimentos, que é apontada como a melhor abordagem para o aumento da ingestão
do mineral.

A anemia é um indicador de deficiência nutricional. Em países em


desenvolvimento, a baixa ingestão de ferro de alta biodisponibilidade é o
principal fator envolvido na etiologia dessa condição, cuja correção requer
intervenções populacionais. A fortificação com ferro de alimentos
amplamente consumidos pela população (fortificação em massa ou universal)
vem sendo utilizada como estratégia para melhorar a situação nutricional de
populações desses países. (ASSUNÇÃO et al, 2007)

A estratégia de fortificação dos alimentos é mundialmente apontada como


recurso prático e que possui melhor custo-benefício nas regiões que essa carência
nutricional está prevalente.

O processo da fortificação dos alimentos é conhecido como acrescentar um


certo nutriente ao alimento de acordo com os parâmetros legais, com o objetivo de
reforçar o seu valor nutritivo ou corrigir algum tipo de deficiência em um ou até mais
nutrientes da alimentação da população em geral ou dos grupos de riscos.

Alguns critérios são necessários para a escolha dos alimentos a


serem fortificados, tais como, consumo por toda a população-alvo, pequena
variação per capita no consumo semanal, não ocorrência de alterações nas
características organolépticas do produto, boa aceitabilidade,
biodisponibilidade do nutriente no alimento, viabilidade econômica, razoável
segurança frente ao risco de ingestão excessiva e estabilidade sob
condições-padrão de armazenamento. (SOUTO et al, 2008)

Para a seleção dos alimentos para a fortificação, é necessário que seja:


consumidos por toda população-alvo, que não ocorra alterações nas características
organolépticas do alimento, possua custo benéfico, deve possuir boa aceitação,
biodisponibilidade de nutrientes.

Para a adição ou fortificação de nutrientes essenciais aos alimentos,


o Food and Agriculture Organization/World Health Organization
Standardization Food Program13 estabeleceu alguns princípios gerais:
• Os nutrientes essenciais devem estar presentes em um nível que
não irá resultar em uma ingestão excessiva ou insignificante do nutriente
adicionado, considerando a quantidade obtida de outras fontes na dieta;
• A adição de um nutriente essencial para uma alimentação não deve
resultar em um efeito adverso sobre o metabolismo de qualquer outro
nutriente;
33

• Os nutrientes essenciais devem ser suficientemente estáveis nos


alimentos, nas condições usuais de embalagem, armazenamento,
distribuição e utilização;
• Os nutrientes essenciais devem ser biologicamente disponíveis no
alimento;
• Os nutrientes essenciais não devem transmitir características
indesejáveis ao alimento e não devem indevidamente encurtar a vida de
prateleira;
• Tecnologia e instalações de processamento devem estar
disponíveis para permitir a adição de nutrientes essenciais de forma
satisfatória;
• A adição de nutrientes essenciais aos alimentos não deve ser usada
para ludibriar o consumidor quanto ao valor nutricional dos alimentos;
• O custo adicional deve ser razoável para o consumidor a que se
destina;
• Métodos de medição e controle dos níveis de nutrientes essenciais
adicionados nos alimentos devem estar disponíveis;
• Devem ser previstos, em normas alimentares, regulamentos ou
orientações para a adição de nutrientes essenciais aos alimentos,
disposições específicas identificando os nutrientes essenciais a serem
considerados, ou que sejam necessários, e os níveis em que eles devem
estar presentes nos alimentos para alcançar sua finalidade. (VELLOZO;
FISBERG, 2010)

Sendo assim, consiste na introdução do micronutriente do ferro a alimentos que


serão utilizados como transporte.

A fortificação de alimentos não substitui necessariamente a


suplementação com ferro nem as orientações sobre modificações da dieta,
mas, se efetiva a longo prazo, pode aumentar as reservas de ferro de uma
população. Os programas de fortificação necessitam da identificação de uma
fonte de ferro biodisponível não-reativo e veículos (alimentos) adequados à
fortificação. (CARDOSO; PENTEADO, 1994)

Para fazer a fortificação dos alimentos os compostos que possuem alta


solubilidade são sulfato ferroso e gluconado, ambos possuem alta biodisponibilidade.
Mas ambos apresentam a desvantagem de conceder que o ferro livre iônico exercer
interação com componentes do alimento, causando assim alterações em suas
propriedades sensoriais.

Além disso, esse metal age catalisando processos oxidativos, por


consequência disso é produzido a oxidação dos ácidos graxos insaturados juntamente
com o ranço dos lipídios nos alimentos. Esse procedimento de oxidação catalítica
prejudica outros nutrientes como vitaminas e aminoácidos, diminuindo
significativamente o valor nutricional do alimento fortificado.
34

Alguns compostos possuem moderada solubilidade em água, como exemplo o


fumarato ferroso e o succinato ferroso, que mesmo possuindo uma alta
biodisponibilidade, possuem desvantagens de apenas serem usados em alimentos
sólidos e desidratados.

Já os compostos como ortofosfato férrico, pirofosfato férrico e ferro elementar,


são considerados compostos com baixa solubilidade, sendo assim não apresentam
alteração significativa nas características sensoriais dos alimentos, da mesma forma
ocorre com em seu valor nutricional. Mas apresentam a desvantagem de não
apresentar uma boa absorção, devido a sua baixa biodisponibilidade. Tornando-os
“inúteis” a vista nutricional.

Então para as indústrias conseguirem fortificar os alimentos com ferro de alta


biodisponibilidade é necessário, proteger o ferro para que sejam adequados
tecnologicamente para uso industrial para a fortificação dos alimentos.

Outro componente que apresenta alta biodisponibilidade, mesmo na presença


de inibidores de absorção de ferro é o EDTA-Fe (III). Esse componente é estável aos
procedimentos industrializados de preparação e armazenamento dos alimentos
fortificados.

O ferro EDTA-Fe (III) apresentou desvantagens, entre elas estão a de que


ocorre alteração que produz em alguns alimentos após ser adicionado a eles, outra
desvantagem é que o seu potencial de aumentar a absorção de certos metais que são
tóxicos ao organismo decorrente a sua quelação do trato gastrointestinal.

Temos também o sulfato ferroso estabilizado, também conhecido como sulfato


ferroso microencapsulado, onde o mesmo é protegido por uma membrana
fosfolipídica, que possui a função de evitar a interação com os alimentos. Esse
composto mostra possuir alta biodisponibilidade, baixa tonicidade e mostrando que
seu comportamento metabólico do ferro é o mesmo fornecido pelo sulfato ferro.

Esse tipo de composto de ferro, já foi bastante usado para a fortificação de leite
e fluido e os produtos lácteos pela indústria de alimentos em alguns países. A única
desvantagem é por ser um composto caro, sendo muitas vezes fator limitante para
seu uso na fortificação pelas empresas.

Segudo Ré (2000), citado por Ferreira et al. (2011) Para tanto, foi
desenvolvida a técnica de microencapsulamento, que, ao isolar o ferro,
35

máscara seu sabor, reduz a reatividade com outros componentes dos


alimentos e pode, ainda, controlar a sua liberação em áreas do trato
gastrintestinal, levando a uma melhor absorção.

Para compreendermos melhor, o microencapsulamento vem com o intuito de


proteger o sulfato ferroso, com o objetivo de manter sua biodisponibilidade, não
deixando provocar alterações organolépticas e indesejáveis no alimento que foi
escolhido para ser fortificado.

No Brasil, o Ministério da Saúde14 por meio da Secretaria de


Vigilância Sanitária, baixou a Portaria nº 31, de 13 de janeiro de 1998, com o
objetivo de fixação da identidade e das características mínimas de qualidade
dos alimentos adicionados de nutrientes essenciais, dentre as ações voltadas
para a prevenção e controle da anemia ferropriva. (VELLOZO; FISBERG,
2010).

Os tipos de fortificações considerados pela OMS atualmente são divididos em


quatro categorias, encontram-se: a fortificação universal ou em massa (é feito de
forma obrigatória e vem com a intensão de adicionar micronutrientes em alimentos
que a maioria da população consome, sendo indica para países que a população
apresenta altos riscos de deficiência de ferro), fortificação em mercado aberto ( vem
com iniciativa da indústria de alimentos em agregar maiores valores nutricionais aos
seus produtos), fortificação focalizada ou direcionada ( tem como objetivo o consumo
de alimentos enriquecidos para grupos populacionais de riscos de deficiência, sendo
de cunho voluntário ou obrigatório de acordo com os vigência da saúde pública),
fortificação domiciliar comunitária (de fácil aceitação pelo público alvo, porém seu
custo é mais elevado e consiste em acrescentar suplementos as refeições).

Após este processo, o alimento é dito fortificado/enriquecido, ou


simplesmente adicionado de nutrientes, conforme o teor de nutrientes
acrescido. Logo, deve ficar claro que alimento fortificado/enriquecido é
diferente de alimento adicionado. O alimento pronto para consumo em 100
mL ou 100 g deve fornecer, em relação à IDR (Ingestão Diária
Recomendada), de referência:

• mínimo de 15% para alimentos líquidos e 30% no caso de alimentos


sólidos é considerado fortificado/enriquecido e podendo ser declarado no
rótulo o dizer: "alto teor" ou "rico" (conforme o Regulamento Técnico de
Informação Nutricional Complementar). (VELLOZO; FISBERG, 2010).

A escolha de qual será o produto alimentício que será fortificado é de acordo


com os hábitos alimentares da população, juntamente com os aspectos logísticos do
processo de fortificação.
36

Assim, um primeiro passo em direção à implantação de programa de


fortificação com ferro é, obrigatoriamente, a identificação do potencial de
absorção do ferro contido em refeições habituais entre a população alvo,
onde o alimento que se pretende fortificar esteja presente. (SZARFARC,
1983)

“No Brasil a fortificação tornou-se obrigatória a partir de junho de 2004 com a


publicação da RDC n. 344, que determinou que as farinhas de trigo e de milho
deveriam conter 150µg de ácido fólico para cada 100g de farinha.” (ALABURDA;
SHUNDO, 2007)

Sendo assim, para que a fortificação dos alimentos se torne uma medida eficaz
para combater à deficiência de ferro, precisa priorizar a escolha dos alimentos que
irão ser o meio de transporte para esse micronutriente, para que se torne um alimento
alimentar da população ou do público alvo, lembrando que precisa ser um alimento
fortificado de baixo custo, para que toda população tenha direito a compra.

A escolha de veículo adequado é consideração de suma importância em


qualquer tentativa de fortificar alimentos. Produtos de cereais têm sido
tradicionalmente usados como veículos para a fortificação de ferro, em muitos países.
(FERREIRA et al, 2011)

Segundo Pfeiffer & McClafferty, 2007; Rios et al., 2009, citado por
Ferreira et al. (2011) A biofortificação tem emergido como alternativa recente
para complementar os programas de intervenção nutricional e reduzir os
problemas de deficiências de vários micronutrientes, dentre eles o ferro, e
caracteriza-se pelo aumento do conteúdo de nutrientes nos alimentos, por
meio de melhoramento genético convencional ou da engenharia genética.

Os estudos realizados sobre fortificação dos alimentos com ferro mostram


resultados positivos, mostrando que a aceitabilidade dos alimentos fortificados, quanto
na prevenção e recuperação dos níveis de hemoglobina dos anêmicos.

“As indústrias de alimentos têm utilizado o enriquecimento de seus produtos


como um apelo comercial, focado para a criação de um atributo de qualidade adicional
para incrementar a comercialização de seus produtos.” (BORTOLINI; VITOLO, 2010)

Segundo a OMS, fortificar alimentos para o controle da deficiência de


micronutrientes apresenta diversas vantagens, tais como o fato de não
provocar mudanças no comportamento alimentar dos indivíduos, não
necessitar da colaboração do beneficiário para garantir o consumo do
nutriente adicional, apresentar baixo risco de toxicidade, baixo custo e ampla
cobertura em vários estratos populacionais. (BAGNI et al, 2009)
37

Para sucesso com a fortificação dos alimentos é necessário que a população


do público-alvo consuma os alimentos em quantidade suficiente e que exista uma
legislação que venha garantir a qualidade e medidas de controle e observação se está
sendo feito de maneira correta.

Assim, o caminho da fortificação de alimentos é um dos mais promissores para


o controle das carências nutricionais de oligo-elementos da população infantil do Brasil
e, talvez, do Terceiro Mundo. (TORRES et al, 1995)

Desta forma, a fortificação é considerada um caminho a percorrer sendo uma


maneira sustentável e de custo-benefício em longo prazo, para o controle dessa
patologia, mas, além de conseguir o controle da deficiência do ferro pode ser utilizado
também para a ingestão da manutenção garantindo a ingestão desse micronutriente
para toda população em geral.

A fortificação de alimentos com ferro é uma alternativa de grande


alcance e é considerada a melhor opção quando grande parte da população
tem um risco elevado de ser ou se tornar deficiente em relação a um
micronutriente, representando uma fonte complementar que contribui para a
formação de reservas do mineral para os períodos de maior vulnerabilidade.
(OLIVEIRA et al, 2016)

Os exemplos com maior frequência de alimentos escolhidos para fortificação


são os: cereais, leites e seus derivados, farinhas, pães, fórmulas infantis, sal e açúcar.
Sendo assim alimentos consumidos por toda população.

A fortificação desses alimentos básicos de consumo de grande maioria da


população é uma forma bastante eficaz cara minimizar as deficiências carências de
nutrientes essenciais como o ferro, para a população, devido a sua biodisponibilidade,
cobertura e baixo custo.

Como podemos perceber a fortificação dos alimentos contribui para o aumento


da disponibilidade de ferro nos alimentos. No entanto, não podemos esquecer da
importância de consumir junto, alimentos que sejam potencializadores de sua
absorção, como por exemplo os que possuem a vitamina C.

“Contribui para a erradicação de doenças por deficiência de ferro, pois favorece


a absorção de ferro. ” (MONTES; CEPERO; 2016)
38

O sucesso da fortificação de alimentos com ferro depende do


consumo de alimentos fortificados em quantidades suficientes, por grande
parte da população, principalmente pelos grupos mais vulneráveis, além da
acessibilidade e do enriquecimento desses alimentos com compostos de ferro
de alta biodisponibilidade; e de uma Legislação que garanta a qualidade e
medidas de controle dessas condições. (SATO et al, 2015)
39

6 SUPLEMENTAÇÃO ORAL DE FERRO

Os suplementos são criados quimicamente para complementar a alimentação.


Podem ser compostos por vários nutrientes, sendo eles vitaminas e minerais, sendo
chamado de multivitamínicos, ou podem conter apenas um tipo determinado de
nutriente, como no caso da suplementação de ferro.

Em termos globais, a anemia por deficiência de ferro configura-se na


principal endemia carencial do mundo e, segundo a OMS, estima-se que
esteja presente em aproximadamente 24,8% da população mundial, sendo
as crianças em idade pré-escolar as mais afetadas (47,4%). Essa doença
resulta ainda mais preocupante ao considerar a prevalência da deficiência de
ferro na população, estimando-se que seja até duas vezes e meia mais
frequente do que a da anemia, atingindo aproximadamente 4 bilhões de
pessoas no mundo. (CEMBRANEL; DALLAZEN; CHICA, 2013)

A prevalência de anemia ferropriva na infância estabelece um grande problema


na saúde pública em vários países em desenvolvimento, podendo incluir então o
Brasil. A anemia pela deficiência de ferro é a patologia mais comum das carências
nutricionais, onde nela resulta o balanço negativo entre a quantidade de ferro
disponível.

“Deficiência de ferro constitui, na atualidade, a principal carência nutricional na


população mundial. A faixa etária pediátrica inclui dois grupos de risco em fases da
vida com maior velocidade fisiológica de crescimento: lactentes e adolescentes. ”
(MORAIS, 2010)

Os malefícios trazidos por essa carência na infância são: déficits no


desenvolvimento mental e psicomotor da criança, alterações em seu comportamento,
redução na resistência às infecções e o retardo no seu processo de crescimento. Além
de comprometer o transporte de oxigênio aos tecidos, imunidade humoral, reações de
oxidação e redução, e dentre outros processos de atividades vitais que comprometem
o desenvolvimento físico e mental.

Isso ocorre devido o ferro ser um composto essencial para o bom


funcionamento de diversos processos bioquímicos, como exemplos: regulação do
crescimento celular e diferenciação, transporte do oxigênio, pró-oxidante celular,
reação de transferência de elétrons.
40

Há evidências de que o ferro atua como co-fator essencial em várias


funções celulares e metabólicas, como a síntese de neurotransmissores, bem
como na formação da mielina, o que indica a provável participação do ferro
nos processos neuro-fisiológicos de organização comportamental.
(EICKMANN et al, 2008)

“O motivo mais frequente é a deficiência de ferro, caracterizando a chamada


anemia ferropriva ou ferropênica, que apresenta como causas principais o baixo
consumo e/ou a baixa absorção do ferro dietético. ” (CEMBRANEL; DALLAZEN;
CHICA, 2013)

E por conta dessa anemia ferropriva precisamos repor a quantidade de ferro


que nosso organismo necessita, que nesse caso é por suplementação oral de ferro.
A suplementação irá depender da idade e a gravidade da patologia.

Considerando a importância da prevenção da ADF, o Ministério da


Saúde (MS), por meio do Programa Nacional de Suplementação de Ferro
(PNSF), recomenda desde 2005 a suplementação profilática de sulfato
ferroso para crianças de seis a 24 meses de idade e para menores de seis
meses quando a criança nasceu prematura ou com baixo peso. O PNSF
preconiza administração diária de ferro até a criança completar 24 meses de
idade, o qual é disponibilizado gratuitamente para os usuários do Sistema
Único de Saúde (SUS) nas Unidades Básicas de Saúde. (MIRANDA et al,
2020)

A suplementação do mineral ferro é oferecida através de dozes de ferro


desenvolvidos em forma de sal ou composto químico, como por exemplos: sulfato,
ascorbato, fumarato e entre outros compostos, de forma direta sem a utilização de um
alimento como meio de veículo.

No intuito de prevenir a anemia nos grupos vulneráveis, o Ministério


da Saúde do Brasil (MS) criou, em 2005, o Programa Nacional de
Suplementação de Ferro (PNSF). Este programa vem sendo implementado
nos diversos municípios brasileiros e consiste na suplementação profilática
com xarope de sulfato ferroso para crianças entre 6 e 18 meses de idade, na
dosagem semanal de 25 mg de ferro. (AZEREDO et al, 2011)

A suplementação de forma medicamentosa por via oral oferta o ferro, em doses


profiláticas para os grupos de risco dessa patologia.

O tratamento da anemia ferropriva foi introduzido por Blaud, em 1832,


com um composto cujo principal constituinte era o carbonato férrico. A "pílula
de Blaud" permaneceu como pilar do tratamento da deficiência de ferro por
mais de cem anos, até o aparecimento de novos compostos com ferro.
(CANÇADO; LOBO; FRIEDRICH, 2010)

Aqui no Brasil, o Ministério da Saúde possui um Programa Nacional de


Suplementação de Ferro (Programa criado em maio de 2005), nele estão incluídas
41

várias formas de políticas públicas que visam a diminuição na prevalência de


deficiências nutricionais da população, entre essas políticas existe a distribuição de
suplementação para todos os municípios brasileiros, além de ofertarem orientações
nutricionais aos indivíduos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou um guia alimentar


para menores de dois anos, os "Dez Passos para uma Alimentação
Saudável", que orienta o aleitamento materno exclusivo até os 6 meses em
livre demanda. A partir daí, indica sua manutenção até os dois anos de vida,
somada à introdução adequada de alimentos complementares que compõem
a dieta infantil, com o intuito de minimizar o risco de doenças como anemia,
diarreia, alergia alimentar e alterações de peso corporal e de crescimento.
(JORDÃO; BERNARDI; FILHO, 2009)

O PNAN (Política Nacional de Alimentação e Nutrição) é a política social


voltada a melhoria da nutrição para a população, surgindo com o propósito de garantir
a qualidade dos alimentos que serão consumidos, educação às práticas alimentares
saudáveis e o controle de distúrbios nutricionais.

No contexto de implantação do PNSF, as Equipes de Saúde da


Família (ESF) figuram como importante suporte na distribuição do sulfato
ferroso, monitoramento da suplementação, tanto nas unidades de saúde
quanto nas visitas domiciliares, além de execução de ações de educação em
saúde. Por ser uma estratégia de reordenação do sistema de saúde, com
ênfase nas ações de prevenção de agravos e promoção da saúde, as ESF
são potencialmente capazes de provocar reflexões e mudança consciente
dos indivíduos e famílias. (AZEREDO et al, 2011)

Devido a essa forma de suplementação, aumentou significantemente a


quantidade média de hemoglobina. Mas vale ressaltar também que foi visto algumas
dificuldades com a implementação dessa suplementação, entre elas estão
relacionadas a: esquecimento dos responsáveis em administrar essa suplementação,
o sabor desagradável dos compostos minerais, efeitos colaterais.

A melhor via para a reposição de ferro é a oral, e a dose terapêutica


recomendada é de 3 mg a 5 mg/kg/dia, por período suficiente para normalizar
os valores da hemoglobina (de um a dois meses) e restaurar os estoques
normais de ferro do organismo (de dois a seis meses, ou obtenção de ferritina
sérica > 15 ng/mL para crianças e > 30 ng/mL para adultos). Portanto, são
necessários pelo menos noventa dias de tratamento. (CANÇADO; LOBO;
FRIEDRICH, 2010)

O PNSF possui o objetivo de distribuir doses de forma semanal de sulfato


ferroso para crianças de 6 a 18 meses de idade. Isso é preconizado pois na fase inicial
da infância a necessidade de ferro são bastante elevadas e por isso existem as
adoções de medidas complementares.
42

Esse programa vem com o intuito de reduzir a prevalência de anemia através


da suplementação oral, seu público alvo são as crianças, gestantes até o terceiro mês
do pós-parto ou pós-aborto.

“Para suplementação de escolares, aconselha-se a realização de


rastreamento, e não a cobertura de toda a população, uma vez que é medida
usualmente desnecessária, impossível e cara. ” (QUADROS; GOULART, 2010)

Durante a gravidez também é utilizado a suplementação de ferro com ácido


fólico, essa prática é recomendada como cuidado do pré-natal com a função de reduzir
os riscos de a criança nascer com baixo peso, deficiência de ferro e no caso mais
grave a anemia na gestante.

A suplementação de modo preventivo com o sulfato ferroso é outra medida


custo-efetiva. As crianças que nasceram com o tempo correto e com peso normal e
que estão recebendo aleitamento materno exclusivo não possuem a necessidade de
suplementação até os 4 a 6 meses de idade.

Após começar a alimentação complementar, e após os 6 meses de idade, as


crianças necessitam de quantidades adicionais de ferro para manterem seus estoques
no organismo.

A entrega desses suplementos é realizada de forma gratuita e disponível nas


farmácias da Unidade Básica de Saúde, em todos os municípios do Brasil. Esse
projeto de entrega de suplementação é para crianças com até dois anos de idade,
mulheres grávidas a partir da vigésima semana de gestação e até três meses depois
do parto.

A utilização de ferro medicamentoso tem a vantagem de produzir


rápidas alterações no estado nutricional de ferro e, além disso, é uma
estratégia que pode ser direcionada especificamente aos grupos
populacionais com maior risco de desenvolver essa doença. Por esse fato,
no Brasil, o Ministério da Saúde adotou desde 2005 a suplementação
profilática semanal para crianças menores de dois anos de idade, gestantes
e mulheres no período pós-parto, conforme estabelecido pelo Programa
Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF). (CEMBRANEL; DALLAZEN;
CHICA, 2013)

Todavia, precisamos também ter cuidado com a ingestão de grandes


quantidades de ferro no organismo, pois em grande quantidade sobrecarrega e causa
toxidade no fígado, pâncreas, coração entre outros órgãos.
43

A sobrecarga vem acarretando patologias como talassemias, sideroblásticas,


anemia hemolítica crônica, anemia, aplásica, eritropoiese, porfiria cutânea tardia,
cirrose alcoólica e sobrecarga de ferro transfusional.

A hemocromatose é o tipo de sobrecarga mais comum de ferro, que causa


damos do tipo hepático progressivo, pancreático, cardíacos e danos outros órgãos.

Atualmente, novos compostos com ferro são utilizados na terapêutica


da anemia ferropriva, visando melhorar a tolerabilidade e minimizar os efeitos
indesejáveis com o uso do medicamento. Dentro desta perspectiva, um
crescente número de estudos foi publicado considerando as propriedades do
ferro quelato no tratamento da carência de ferro, sob a forma de medicamento
(tabletes, soluções), como também para fortificação de alimentos, e entre as
principais vantagens descritas estão a menor toxicidade e a melhor
tolerabilidade, se comparado a outros sais de ferro. (RIBEIRO; SIGULEM,
2008)

A melhor opção de reposição de ferro é por via oral. O benefício real


de um suplemento de ferro está condicionado a fatores como efetividade
terapêutica, tolerância gastro-intestinal, incidência de eventos adversos, perfil
de segurança com risco mínimo de toxicidade e número de tomadas diárias
necessárias. Por outro lado, a correção da anemia ferro-priva sofre influência
de fatores, tais como: intensidade da anemia, capacidade de tolerância e de
absorção intestinal do paciente aos suplementos com ferro e presença de
doença concomitante. (CANÇADO; LOBO; FRIEDRICH, 2010)

Os principais tipos de suplementos de ferro disponíveis e que são


comercializados aqui no Brasil, são: os sais ferrosos, sais férricos, ferro
aminoquelado, complexo de ferro polimaltosado e o ferro carbonila.

Os sais ferrosos, são administrados via oral. Sua absorção é rápida e bastante
eficiente para corrigir as hemoglobinas e normalizar os níveis de ferro do organismo.
Mas, o ferro ferroso manifesta certas desvantagens que acabam causando limitações
no seu uso e efetividade.

Os sais ferrosos podem interagir com substâncias como fitatos,


polifenóis e outros componentes da dieta na luz intestinal, formando
complexos insolúveis que impedem a sua absorção. Desta forma,
recomenda-se que o ferro ferroso seja ingerido com o estômago vazio, uma
hora antes das refeições, entre as refeições ou antes de dormir. Estima-se
que a quantidade de ferro absorvida com um comprimido de sulfato ferroso,
quando administrado antes da refeição, corresponde à quantidade de ferro
absorvida com três comprimidos deste composto quando administrado após
a refeição. (CANÇADO; LOBO; FRIEDRICH, 2010)

O sulfato ferroso tem a vantagem de poder, em situações de


deficiência de ferro moderada a grave, ser absorvido por difusão passiva.
Estima-se que até 20% da quantidade do ferro ferroso não interiorizado por
absorção ativa possa ser absorvido por difusão passiva, o que explica o
incremento mais rápido da concentração da Hb observado em alguns estudos
quando se utiliza sulfato ferroso em comparação ao incremento da Hb
44

observado com os sais aminoquelados ou com a ferripolimaltose.


(CANÇADO; LOBO; FRIEDRICH, 2010)

Após essas afirmações mencionadas acima, o sulfato ferroso é o composto


usado no tratamento para a prevenção de deficiência de ferro em quase todos os
casos que são atendidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Esse composto é
sempre citado nos artigos como opção na utilização da suplementação pelo seu baixo
custo e sua alta biodisponibilidade.

Os sais aminoquelados resultam da união covalente do ferro em sua


forma ferrosa (Fe2+) ou férrica (Fe3+) a um ligante orgânico. A molécula
resultante é um metal quelado, que tem como finalidade apresentar uniões
de quelação suficientemente fortes para resistir à ação de enzimas e
proteínas da digestão, e de substâncias naturais presentes nos alimentos,
como fitato, folato, ácido tânico. Além disso, protege os átomos de ferro,
reduzindo a exposição direta das células da mucosa gastrointestinal a este
metal, o que poderia reduzir a toxicidade local. (CANÇADO; LOBO;
FRIEDRICH, 2010)

A biodisponibilidade desse composto é variável e inferior se for comparada a


outros compostos. Existem vários tipos de compostos aminoquelados, mas os mais
estudados são os bisglicinato, o trisglicinato férrico e a glicina-sulfato ferroso.

O hidróxido de ferro férrico (Fe3+) polimaltosado não iônico, também


conhecido como ferripolimaltose, é um complexo hidrossolúvel, constituído
de hidróxido de ferro férrico polinuclear e dextrina parcialmente hidrolizada
(polimaltose). A superfície dos núcleos de hidróxido de ferro (Fe3+) polinuclear
está rodeada por várias moléculas de polimaltose ligadas por união
covalente, o que resulta em um complexo de PM de aproximadamente 52.300
Da. (CANÇADO; LOBO; FRIEDRICH, 2010)

Via de regra, todos os compostos com ferro (sais ferrosos, sais


aminoquelados e a ferripolimaltose) apresentam eficácia semelhante quanto
à correção da Hb; entretanto, a menor ocorrência de AE e maior tolerância
documentada com a ferripolimaltose demonstram que este complexo confere
melhores resultados em relação aos demais sais de ferro no tratamento
completo da anemia ferropriva. (CANÇADO; LOBO; FRIEDRICH, 2010)

Uma vantagem da utilização da ferripolimaltose é que diferente dos sais


ferrosos, é que pode ser ingerida durante ou após a refeição, pois ao ser ingerida sua
absorção não sofre influência dos alimentos.

É importante que o médico tenha ciência da quantidade exata de ferro


elementar do composto que está prescrevendo para o tratamento de seu
paciente, pois esta varia consideravelmente de acordo com o medicamento
utilizado ou disponível. (CANÇADO; LOBO; FRIEDRICH, 2010)

A fase inicial do tratamento com a suplementação está relacionada à


normalização dos valores da hemoglobina, geralmente leva uns dois meses para
correção necessária, mas lembrando que sempre irá depender da intensidade da
45

anemia, a tolerância ao tratamento e a correção da causa que gerou a causa da


deficiência de ferro.

Os parâmetros fundamentais para perceber que está obtendo resposta positiva


ao tratamento do ferro por via oral são: diminuição ou o desaparecimento dos sintomas
e sinais referentes a deficiência de ferro, sendo eles: cansaço, queda de cabelo,
tonturas, dores de cabeça e entre outros; aumento no nível do valor de hemácias e
reticulocitose (é o aumento na produção do número de reticulócitos, que são hemácias
jovens no sangue).

Sulfato ferroso, medicação escolhida pelo programa do Ministério da saúde


devido ao seu baixo custo e alta biodisponibilidade, deve ser administrada antes das
refeições, pois a presença de certos alimentos não estômago poderá prejudicar sua
absorção ponto para melhorar ainda mais a absorção do sulfato ferroso é interessante
quer seja administrada conjunta com o suco de laranja.

Os riscos e benefícios da suplementação com ferro parecem variar


em função dos níveis iniciais da hemoglobina e dos indicadores do estado
nutricional de ferro utilizados. Os efeitos benéficos da suplementação com
ferro têm sido comprovados principalmente entre crianças anêmicas. (SILVA
et al, 2008)

Em seguida, é observado a fase do tratamento em que se refere à restituição


nos estoques de ferro no organismo. Nessa fase, a duração do tratamento irá variar
entre dois a 6 meses, e o êxito dessa fase está relacionado especialmente em relação
à tolerância do organismo do paciente ao composto do ferro indiciado para a
suplementação.

Com relação ao controle laboratorial do paciente em tratamento com


ferro por via oral, preconiza-se a dosagem da hemoglobina a cada duas a
quatro semanas de tratamento. Trinta a 45 dias após a correção da anemia,
ou seja, após obtido o valor de Hb de, pelo menos, 12 g/dL para as mulheres,
11 g/dL para as gestantes e de 13 g/dL para os homens, recomenda-se a
dosagem de ferritina sérica, que pode ser repetida a cada trinta a sessenta
dias, até a obtenção de valores de ferritina de pelo menos 15 ng/mL para
crianças e 30 ng/mL para adultos, o que indica a reconstituição das reservas
normais de ferro e sinaliza a suspensão do tratamento. (CANÇADO; LOBO;
FRIEDRICH, 2010)

Esse tratamento com ferro por via oral deixa de ser eficaz se houver a
continuidade na perda de sangue por falta de identificar ou da correção do
sangramento, usar a medicação suplementar de forma irregular (dose inadequada ou
duração insuficiente), doenças coexistentes que influenciam na resposta ao
46

tratamento suplementar do ferro, podendo ser também doenças que tenham


associação com distúrbios de absorção do ferro (como exemplo: gastrite atrófica
autoimune, doença celíaca e infecção pela bactéria helicobacter pylori), interação
medicamentosa, interações alimentares e causas genéticas de deficiência de ferro.

A doença celíaca é uma enteropatia ocasionada por intolerância ao


glúten em indivíduos suscetíveis. Mecanismo de imunidade celular faz parte
da fisiopatalogia da doença, que ocasiona atrofia nas vilosidades do intestino
delgado acompanhada de aumento no número de linfócitos intraepiteliais.
Portanto, pode provocar má absorção intestinal de ferro. Quanto ao quadro
clínico, a doença celíaca pode ser classificada em: 1. clássica, 2. atípica e 3.
assintomática. Assim, anemia é uma das manifestações clínicas da forma
clássica da doença celíaca onde a diarreia crônica é a principal manifestação,
associada com comprometimento do estado nutricional e anemia ferropriva.
(MORAIS, 2010)

A correção da deficiência de ferro tem como foco principal a elevação


dos níveis sanguíneos de hemoglobina, uma vez que para crianças com
idade entre seis e 59 meses, valores desse marcador abaixo de 11g/dL
caracterizam deficiência do mineral no organismo, culminando com o
aparecimento da anemia. (CEMBRANEL; DALLAZEN; CHICA, 2017)

Os benefícios da suplementação estão também relacionados à melhoria do


fortalecimento do sistema imune, acarretando a diminuição de morbidades infantis,
sendo assim a sobrecarga e deficiência desse comporto acarreta em alterações na
resposta imunológica. Um organismo com quantidades necessárias do ferro no
organismo pode causar a diminuição da proliferação de infecções e melhorando a
eficiência das células que compõem o sistema imunológico.

O ácido ascórbico (vitamina C) tem a função de aumentar consideravelmente a


absorção do ferro, ajudando também na irritabilidade estomacal causada pelo ferro.
Por isso é aconselhado fazer a utilização dessa substância juntamente do ferro.

O ácido ascórbico atua como redutor, mantendo o ferro não-heme


dos alimentos no estado ferroso, o qual é mais solúvel e biodisponível quando
o pH do intestino está elevado. A vitamina C também pode influenciar o
transporte e armazenamento do ferro no organismo, uma vez que indivíduos
com deficiência dessa vitamina podem apresentar defeito na liberação do
ferro das células endoteliais. Portanto, a presença de frutas e vegetais ricos
em vitamina C torna o ferro dietético mais disponível . (OLIVEIRA; OSÓRIO,
2005)

Esse ácido também ajuda a aumentar as barreiras do sistema imunológico,


ajudando na prevenção contra tumores e inibindo a síntese de substâncias
cancerígenas, sendo dessa forma fundamental para a neutralização de radicais livres.
47

O organismo humano protege-se naturalmente utilizando antioxidantes para


neutralizar os efeitos nocivos dos radicais livres. A vitamina C é o antioxidante
mais abundante no organismo, especialmente na pele. É conhecida a
importância do ácido L-ascórbico tópico como eficiente neutralizador dos
radicais livres. (AZULAY et al, 2003)

Além da vitamina C, outro facilitador para a absorção do ferro são as carnes.


Vários tipos de tecidos animais, como: carne de boi, peixe, fígado, galinha, bode, vem
com a função de aumentar o estado de ferro por suprir a alta disponibilidade de ferro
heme e aumentar a absorção do ferro não heme.

Ainda não está totalmente esclarecido o mecanismo pelo qual as


carnes estimulam a absorção do ferro. Existem evidências de que elas atuam
reduzindo o efeito inibitório dos polifenóis e fitatos sobre a absorção de ferro
não-heme e aumentam a biodisponibilidade do ferro heme, embora esses
dois tipos de ferro tenham mecanismos diferentes de absorção. (OLIVEIRA;
OSÓRIO, 2005)

Os alimentos que são fonte de proteína podem aumentar ou diminuir a


absorção do micronutriente do ferro não-heme, podem, como já foram citados acima:
as carnes de animais (carne bovina, porco, peixe, galinha e fígado) possuem a função
de aumentar a absorção do ferro.

Já a caseína e as proteínas do soro do leite de vaca possuem a função


contrária, sendo assim, estas possuem influência negativa na absorção do ferro no
organismo.

É, justamente, nessa interação entre minerais que ocorre a diminuição da


absorção e isso acontece quando elementos quimicamente parecidos compartilham a
mesma via de absorção, que é o caso do ferro e o cálcio.

O cálcio, quando presente nas refeições, em quantidades que são


frequentemente consumidas na dieta habitual, tem efeito inibitório marcante,
tanto sobre a absorção de ferro heme quanto de ferro não-heme. A possível
explicação seria que o cálcio e o ferro competem por ligações com
substâncias importantes na via absortiva, ou seja, a inibição não estaria
localizada no lúmen gastrintestinal, mas de alguma forma relacionada ao
transporte de ferro através da mucosa. (OLIVEIRA; OSÓRIO, 2005)

O leite da vaca tem cerca de quatro vezes mais cálcios do que o leite humano
e, por isso, contribui para a baixa absorção do ferro ao organismo. Além disso, o leite
de vaca pode acarretar sangramentos gastrintestinais, sendo assim um efeito negativo
para o estado nutricional de ferro. Além de sangramentos gastrintestinais, pode causar
problemas respiratórios, cutâneos e anafiláticos.
48

É importante salientar sobre o aleitamento materno exclusivo, até os seis


meses de idade. É no aleitamento materno que a criança irá suprir todas as suas
necessidades de nutrientes, e após esse período são necessários os alimentos
complementares para o fornecimento de nutrientes. Pois a introdução precoce ou
havendo a substituição do leite materno pelo leite da vaca podem acarretar a anemia
ferropriva.

Além disso, como o leite de vaca é o alimento mais frequente da dieta


na fase de desmame e utilizado comumente em detrimento de outros
alimentos fonte de ferro, substituindo ou complementando uma refeição
salgada, pode favorecer o desenvolvimento da anemia ferropriva.
(OLIVEIRA; OSÓRIO, 2005)

“O tratamento de escolha deve ser sempre a via de administração oral de ferro,


deixando a administração parenteral reservada para pacientes com intolerância ao
ferro oral. (QUADROS; GOULART, 2010)

A reposição do ferro por via oral, tem sua vantagem de ser eficaz para a grande
maioria dos pacientes, possui baixo risco de eventos adversos graves e seu custo é
baixo.

Já a sua desvantagem são seus efeitos colaterais gastrointestinais comuns,


inadequados para quadros de perda de sangue grave ou de maneira contínua e sua
administração é por um período mais longo.

A suplementação medicamentosa de ferro possui efeitos colaterais, sendo eles:


náuseas, cólicas abdominais, obstipação ou podendo ser diarreia e o sabor metálico
na boca e é por conta desses fatos que há a rejeição da utilização de sulfato ferroso.

Mas para ser mais efetivo, é necessário investir em educação em saúde, para
fornecer aos cidadãos, conceitos de higiene, a manipulação de alimentos e sobre
noções de escolha para alimentos adequados.

Desta forma, à educação em saúde se torna um elemento essencial parar


decisão no tratamento da anemia e, consequentemente, para a utilização correta da
suplementação medicamentosa no tratamento profilático.
49

Não esquecendo também que outra medida importante de controle é a


melhoria das condições de vida e saneamento básico, evitando assim infecções
parasitárias.
50

Resultado e Discussão

A apresentação dos resultados foi ilustrada no Quadro 1, com o objetivo de


sintetizar as principais características metodológicas e os resultados dos artigos
elegíveis.

Autor/ ano Característica da Instrumentos de pesquisa Resultados da pesquisa


população
Queiros e Revisão da Revisão da literatura O resultado mostrou a utilização da fortificação de
2000 alimentos, consumo de panela de ferro para a
Torres literatura
cocção dos alimentos e a educação nutricional.
Onde foi mostrado que cada um destes tipos de
intervenção analisadas trouxeram alguma melhoria
na deficiência de ferro aos grupos que foram
estudados.
Freire et Revisão integrativa Pesquisa nas bases de dados O método de tratamento dessa patologia, pela dieta,
al.2020 da literatura, eletrônicas: National Library of tratamento suplementar medicamentoso pelo meio
realizada em Medicine (Medicine-PubMed), oral e intravenoso, sendo mais indicado a utilização
agosto de 2019 a Science Direct (Elsevier), do oral. O artigo deixou claro que diante a análise
fevereiro de 2020. Biblioteca Virtual da Saúde de vários fatos é comprovado que o tratamento
51

(BVS), SciELO (Scientific nutricional e medicamentoso proporciona a


Eletronic Library Online). correção da baixa concentração de hemoglobina.
Velloso e Revisão da Revisão da literatura Dentre as estratégias utilizadas para a prevenção
literatura da carência de micronutrientes, principalmente a
Fisberg. 2010
anemia carencial ferropriva, considerada distúrbio
nutricional de maior prevalência mundial, aponta-se
a fortificação de alimentos como prioritária em
termos de custo benefício.
Zanael. 2004 Revisão Revisão da literatura. Mostrar a importância da fortificação dos alimentos
sistemática de forma que é eficaz, mostrando que alguns
alimentos podem diminuir a biodisponibilidade do
composto.
Cembranel Revisão Foram pesquisadas as bases Neste estudo foi mostrado que mostraram que
sistemática e PubMed, Scopus, SciELO e independentemente das doses distribuídas e do
et al. 2013
metanálise de LILACS e incluídos artigos tempo de suplementação, o esquema diário foi mais
estudos. publicados entre 1980-2011 consistente na melhoria dos níveis de hemoglobina
em espanhol, inglês ou (efeito combinado 0,56mg/dL, IC95%: 0,31; 0,81, p
português. < 0,001) do que o semanal (efeito combinado
0,28mg/dL, IC95%: -0,22; 0,78, p = 0,273).
Jordão et al. Revisão Por meio de revisão Os dados que foram encontrados na prevalência
2009
sistemática. sistemática nas bases de de anemia foram de 53% e foram confirmando os
dados eletrônicas Medline e valores estimados pela Organização Mundial da
Lilacs Saúde, considerados, assim, elevados. Nos 53
artigos analisados, foi obtido que a variável que
se associou de forma significante à anemia foi a
idade da criança.
Osório. 2002 Foi utilizado Artigos publicados em revistas A deficiência de anemia constitui o problema de
informações de cientificas nacionais e magnitude mundial, sendo que o público de maior
artigos publicados internacionais indexadas, risco são as crianças menores de cinco anos. Como
em revistas livros técnicos e publicações qualquer problema de saúde pública, sua origem é
cientificas de organizações multicausal e foi pensando dessa forma que esse
nacionais e internacionais. artigo mostra a relação direta ou indireta com suas
internacionais possíveis causas determinantes para essa
indexadas, livros patologia.
técnicos e
publicações de
organizações
internacionais.
André et al. Revisão Realizou-se busca em bases Os resultados do artigo mostram que a anemia
2018 sistemática eletrônicas: ScieLO, Lilacs, ferropriva em crianças brasileiras está associada
Medline. aos índices sociodemográficos e de saúde,
indicadores nutricionais e os hábitos inadequados.
Ferreira et al. - Duas aldeias - Concentração de A anemia atingiu 50,8% das crianças, atingindo
2017 indígenas. hemoglobina; crianças com menos de dois anos 2 anos (77,8%).
- Antropometria; A idade associou-se inversamente à ocorrência de
- Aspectos anemia e os valores médios de hemoglobina
socioeconômicos/demográfico; aumentaram conforme a idade das crianças.
- Questionário.

Braga e Revisão de Revisão de literatura Aponta, a elevada prevalência de anemia em


literatura crianças, mostrando fatores de riscos como:
Vitalle. 2010
prematuridade, baixo peso ao nascer e o abandono
ao aleitamento exclusivo até os 6 meses.
Bortolini e Revisão de Revisão de literatura As crianças que nascem no período certo e
2010 literatura recebem o leite materno de forma exclusiva até os
Vitolo.
6 meses, suprem a necessidade de ferro. Após os 6
meses a alimentação complementar é essencial
para atender as necessidades do ferro.
52

Bortolini e Revisão de Revisão de literatura Tratamento da deficiência de ferro por meio da


literatura suplementação e estratégia educacional nutricional,
Fisberg. 2010
sendo componente para contribuir no aumento de
hemoglobina.
Morais. 2010 Revisão de Revisão de literatura Relação entre a deficiência do ferro, metabolismo
literatura do ferro e a função do intestino em sua absorção.
Netto et al. - 104 crianças no - Entrevista aos pais; Nenhuma criança apresentou baixo peso e 4,8%
2011 segundo ano de - Recordatório de 24 horas; apresentaram sobrepeso utilizando-se o índice
vida, que - Avaliação antropométrica. peso para comprimento. Dez crianças (9,6%)
nasceram atermo e encontravam-se com inadequação do estado
sem baixo peso. nutricional de vitamina A e 27 (26%) estavam
anêmicas, sendo as médias de retinol e
hemoglobina 30,9 ± 17,2 mg/L e 11,6 ± 1,3 g/dL,
respectivamente. Com relação à parasitose
intestinal, 10,4% das crianças estavam infestadas e,
entre elas, 40% apresentavam Ascaris lumbricoides
e as demais Giardia lamblia.
Santis. 2019 Revisão de Revisão de literatura Definição da anemia, que é a redução de
literatura hemoglobina. Epidemiologia, classificação dos tipos
de anemia e os tratamentos.
Santana et - 153 crianças - Coorte histórico. 111 (71,3%) foram diagnosticadas com anemia
menores de 16 ferropriva. 13 das crianças (8,6%) tiveram
al. 2009 anos. diagnóstico de talassemia minor; e as outras 13
crianças apresentaram outros diagnósticos de
anemias e 11,5% das crianças não apresentavam
anemia. A anemia sendo a principal deficiência de
encaminhamentos no serviço de saúde.
Figueiredo Revisão de Revisão de literatura Fundamenta as diferentes causas, mostrando
literatura outras patologias que acarretam na deficiência de
e Vicari. 2006 ferro.
Souto et al. - 382 crianças de 2 - Testes com alimentação em A aceitação do pão fortificado mostrou que pode ser
2008
a 6 anos de idade. creches do município de São uma alternativa viável para a prevenção de anemia
Paulo. em crianças.
Martins et Revisão de Revisão de literatura Caracterizou os diferentes níveis de determinação
literatura das anemias carenciais.
al. 1987
Gondim et 1 1.108 crianças - Nível de hemoglobina. Observa-se que 1,3% foi na forma anemia mais
com idade entre 6 e -Questionário. grave, 11,1% na forma mais moderada e 87,6% na
al. 2012 59 meses. forma leve.
Caetano et - 179 lactentes de 4 - Registros alimentares. Verificou-se então inadequação quantitativa na
a 12 meses sem ingestão de micronutrientes pelos lactentes de 6 a
al. 2010 aleitamento 12 meses que não recebiam amamentação
materno. exclusiva, destacando-se as de zinco (75%) e ferro
(45%).
Oliveira et Revisão de Revisão de literatura A prevalência da anemia ferropriva foi de 40,6%,
literatura apresentando de forma maior no Interior Rural e
al. 2006 reduzindo com o aumento da idade, da renda e da
escolaridade materna. A maioria das crianças
(88,9%) consumia leite de vaca.
Magalhães - 366 crianças de 6 - Questionário ao cuidador; A prevalência de anemia foi de 26,8%, e os fatores
a 23 meses. - Avaliação antropométrica; associados foram: renda familiar igual ou inferior a
et al. 2018 - Dosagem de hemoglobina. um salário mínimo, o número de moradores no
domicílio superior a cinco, o número de filhos maior
que três e o consumo de carne e/ou vísceras menor
que uma vez por semana.
53

Palombo e - Creche pública. - Questionário. Aponta a necessidade de incluir para a população


uma educação alimentar.
Fujimori.
2006

Silva et al. - 5077 crianças de - Dosagem de hemoglobina; Foi observado a prevalência de anemia na
2001
0 a 36 meses. - Antropometria; população estudada, especialmente nas crianças
- Questionário aplicado as de nível socioeconômico baixo e nas crianças que
mães. têm mais de dois irmãos.
Lobo e Revisão de Revisão de literatura Estudando estratégias para a prevenção e combate
literatura as deficiências nutricionais. Como o exemplo da
Tramonte. suplementação de ferro, vista com bons olhos.
2004

Assunção - 453 crianças; - 3 grupos de estudo; O consumo de farinhas fortificadas pelas crianças
- 863 crianças; - Nível de hemoglobina. não supriu a necessidade, sendo assim não
et al. 2007 - 923 crianças. aumento o nível de hemoglobina. Pois houve um
consumo insuficiente.
Cardoso e Revisão de Revisão de literatura Intervenções nutricionais para a prevenção e
literatura tratamento da anemia ferropriva. Suplementação de
Penteado. ferro, fortificação de alimentos e dietas ricas em
1994 ferro. Mostra que a suplementação só não é mais
efetiva pelos seus efeitos colaterais.
Ferreira et - 54 indivíduos da - Questionário. Percebemos que aceitabilidade de alimentos com
universidade. ferro está tornando-se uma prática estudada para a
al. 2011 implantação para a população.
Szarfarc. - 28 voluntários de - Observação na alimentação Observado a quantidade de biodisponibilidade de
1983
18 anos ou mais. dos voluntários. ferro que é consumida em uma dieta habitualmente.

Alaburda e Revisão de Revisão de literatura É de extrema importância a utilização do ácido fólico


literatura juntamente com alimentos com ferro, pois aumenta
Shundo. sua biodisponibilidade.
2007

Jordão et - 354 crianças de 6 - Entrevistas domiciliares; Depois do estudo foi descoberto que crianças que
a 12 meses de - Questionários; consomem alimentos como: refrigerante, balas,
al. 2009 idade. - Coleta de sangue capilar. salgadinhos de saquinho possuem maior
probabilidade de serem anêmicas.
Bagni et al. - 180 crianças; - Ensaio clínico comunitário. A frequência da anemia foi reduzida, tanto para o
2009
- 174 crianças. grupo de crianças que obtiveram intervenção com
arroz com ferro, como as que receberam arroz com
placebo.
Torres et al. - 107 crianças em - Nível de hemoglobina. A utilização de leite fortificado com ferro e vitamina
1995 creches; C foi de grande valia para a grande maioria dos
- 228 crianças da participantes, pois houve o aumento da
UBS. hemoglobina.
Oliveira et al. - 833 alimentos. Pesquisa descritiva A fortificação de farinhas é estratégia da saúde
2016 pública, para reduzir os casos de anemia ferropriva.

Montes e Revisão de Revisão de literatura Mostra a importância da utilização do ácido


2016 literatura ascórbico na absorção do ferro.
Cepero.
Sato et al. - 1.397 gestantes. - Idade; O estudo não identificou efeitos significativos com a
2015 - Escolaridade; fortificação de farinhas com ferro.
Situação conjugal;
- Número de gestações
anteriores;
- História de abortamento;
54

- Trimestre gestacional na
primeira consulta pré-natal;
- Estado nutricional na primeira
consulta.
Eickmam et - 76 crianças, entre - Escala de Desenvolvimento Após a utilização da suplementação, observou-se
2008 4 e 24 meses. Infantil de Bayley II. um aumento no nível de hemoglobina.
al.
Miranda et - 4.275 crianças. - Crianças nascidas nas Foi percebido uma baixa de recomendações do uso
2020 maternidades de Pelotas. de sulfato ferroso por médicos e outros profissionais
al.
da saúde, motivo também pelo descrente número
de anêmicos.
Azeredo et - 327 crianças - Questionários; Constatou elevado índice de anemia ferropriva
entre 6 e 18 meses. - Dosagem de hemoglobina. mesmo com a suplementação de ferro, relevando a
al. 2011
insuficiência da dosagem preconizada.
Cançado et Revisão de Revisão de literatura A anemia deve ter tratamento, entre eles a
2010 literatura indicação é a suplementação de ferro por via oral, o
al.
perfil de eficácia foi comprovado.
Azulay et Revisão de Revisão de literatura Os efeitos metabólicos do ácido ascórbico atuam na
literatura absorção melhor do ferro pelo organismo.
al. 2003
Quadros e Revisão de Revisão de literatura Discute sobre os benéficos e malefícios da
literatura suplementação do ferro, não deixando bem claro o
Goulart. 2010 ponto de vista sobre a utilização.
Ribeiro e - 790 crianças de 6 - Peso corporal; O resultado da suplementação de ferro, trouxe
a 36 meses. - Quantidade de hemoglobina; resultados positivos para o tratamento da anemia.
Sigulem. - Estatura e comprimento.
2008

Silva et al. - 39 crianças; - Escore z do peso/idade; Foi comprovado que diferentes dosagens
2008
- 36 crianças; comprimento/idade e profiláticas de ferro não apresentam efeito
- 39 crianças. peso/comprimento. diferenciado sobre o crescimento e o estado
nutricional.
Oliveira e Revisão de Pesquisados nas bases de É descrito que a utilização do leite de vaca por
literatura dados Lilacs e MEDLINE, livros crianças menores de 1 ano acarreta em problemas
Osório. 2005 técnicos e publicações de anêmicos.
organizações internacionais.

A nutrição possui papel fundamental na promoção de saúde de uma população.


Uma alimentação nutricionalmente adequada, durante a infância, propicia o
crescimento e desenvolvimento de acordo com o seu potencial genético, com menor
risco de acarretar doenças específicas.

A partir da análise dos artigos utilizados, foi observado que a deficiência de


ferro é uma patologia a nível mundial, atingindo pessoas de variados tipos de classe
social.

Um dos grupos de risco são as crianças, podemos perceber nos artigos


pesquisados. Estes mostram que existem alguns fatores que são propensos a essa
55

patologia, como fatores socioeconômicos, desmame precoce inadequação alimentar,


aumento de demandas nutricionais, patologias instaladas e a depredação de reservas.

Dentro dos artigos estudados apontam que cerca da metade dos pré-escolares
brasileiros estejam em estado anêmico, ou seja, 4,8 milhões de crianças com
prevalência nas idades de 6 a 24 meses. O ferro é um micronutriente essencial para
o desenvolvimento das crianças, sendo de fundamental importância para as crianças.

Sendo assim, o principal objetivo de tratamento com suplementação ou de


fortificação dos alimentos é corrigir a quantidade de hemoglobina circulante e repor a
quantidade de ferro nos tecidos onde é armazenado. Todos os artigos mostram a
importância da suplementação, em conjunto com a fortificação de alimentos e uma
dieta adequada para o consumo de ferro, para o público ao da anemia ferropriva.

Os sintomas decorrentes da anemia ferropriva declarados nos artigos


estudados mostram que são eles: falta de atenção, palidez, falta de atenção, sensação
de falta de ar, dor de cabeça e entre outros.

O ferro é considerado um mineral essencial para o funcionamento do nosso


organismo, pois é responsável pelo transporte de oxigênio para as células,
metabolismo oxidativo e o crescimento celular.

Encontramos esse mineral nas carnes vermelhas, em cereais de tom verde-


escuro, gema do ovo, em algumas oleaginosas, e em grãos, como a ervilha, grão de
bico, milho e o feijão. Mas nem todos esses alimentos possuem a melhor fonte de
ferro, dessa forma o melhor tipo para maior absorção é o ferro na forma heme, que
está presente nos alimentos de origem animal, o mesmo apresenta uma alta
biodisponibilidade. A absorção pelo organismo do ferro heme é de 15 a 35%, por isso
é considerado com boa biodisponibilidade.

Enquanto o ferro não-heme é ofertado por alimento de origem animal, como


também alimentos de origem vegetal, os cereais. Já o ferro não-heme é menor
absorvido por nosso organismo, sua absorção pelo organismo fica entre 2 a 20%.

A anemia ferropriva prejudica o crescimento e o desenvolvimento infantil, por


esse motivo foi criado o Programa de Suplementação de Ferro, em 2005, onde nele
56

abrange crianças de 6 a 24 meses que devem receber a suplementação de sulfato


ferroso. Essa estratégia surgiu com o intuito de controlar a redução de anemia em
relação a deficiência ou carência de ferro no Brasil.

A suplementação de ferro por via oral é considerada uma ótima opção. A


vantagem da utilização dessa suplementação está condicionada a fatores de
comprovada efetividade terapêutica, de outro lado a melhora sobre influência de
acordo com a intensidade da anemia, com a capacidade de tolerância e de absorção
intestinal da criança e a presença de determinadas doenças concomitante.

Apesar de a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) ter


tornado obrigatória a fortificação de farinhas de trigo e milho com ferro e ácido
fólico, e também o Ministério da Saúde ter apresentado medidas precisas
para o tratamento medicamentoso da anemia através do Programa Nacional
de Suplementação de Ferro pela Portaria nº 730/GM, são necessárias outras
medidas para reduzir essa prevalência. Uma delas seria a educação em
saúde, de maneira a proporcionar a essa população maiores informações e
orientações a respeito dessa patologia. (SILVA et al, 2011)

Quanto as recomendações na utilização de suplementação oral, todos os


artigos citavam a mesma quantidade a ser administrada.

A melhor via para a reposição de ferro é a oral, e a dose terapêutica


recomendada é de 3 mg a 5 mg/kg/dia, por período suficiente para normalizar
os valores da hemoglobina (de um a dois meses) e restaurar os estoques
normais de ferro do organismo (de dois a seis meses, ou obtenção de ferritina
sérica > 15 ng/mL para crianças e > 30 ng/mL para adultos). (CANÇADO;
LOBO; FRIEDRICH, 2010)

A utilização do sulfato ferroso pelo Programa de Suplementação de Ferro é


decorrente das recomendações na utilização de sais ferroso, além de ter um valor
acessível e com a absorção mais rápida pelo organismo.

O sulfato ferroso sofre com alguns efeitos colaterais como: náusea, vomito,
diarreia ou constipação, dor epigástrica, fezes escuras e se for a longo prazo, podendo
acometer manchas escuras nos dentes, sem esquecer da sensação de gosto metálico
na boca. Sua absorção é maior quando consumido uma hora antes das refeições.

Esse Programa Nacional de Suplementação de Ferro consiste em atender um


público entre crianças de 6 a 18 meses de idade. Dessa forma, os suplementos são
distribuídos de forma gratuita nas unidades de saúde.
57

A posologia sugerida nos artigos é de 3 a 5 mg de ferro por quilo de peso ao


dia, sendo dividida entre duas a três doses. Acompanhado por alimentos fontes de
vitamina C, pelo fato de ser um facilitador da absorção do micronutriente do ferro.

Como foi dito, a sua absorção é rápida, e o seu tempo de duração do tratamento
pode variar de acordo com a intensidade da anemia ferropriva. Após ocorrer a
normalização da quantidade de hemoglobina, é recomendável que continue a
suplementação, para que possibilite a reposição das reservas de ferro no organismo.

Outro método que foi comprovado eficácia por estudo de revisão da literatura
foi a fortificação de alimentos com o micronutriente do ferro. Poucos são os estudos
que existem sobre esse método de tratamento e controle para a anemia ferropriva,
principalmente estudos que sejam de caráter brasileiro.

Mas os que se encontram para estudo demonstram que a fortificação é uma


boa opção para o tratamento e controle da anemia, pois seu objetivo é aumentar a
ingestão desse mineral. Para que o alimento seja considerado fortificado, deverá
abranger no mínimo 4,2 mg de ferro/100g.

Esse processo de fortificação de alimentos deve ser utilizado em alimentos que


sejam de fácil acesso a população de qualquer classe social, não podendo esquecer
que deve ser algo que toda população goste de consumir.

Dessa forma a legislação da fortificação dos alimentos propôs efetuar a


fortificação (enriquecimento) em determinados alimentos, como: leite, farinha de trigo,
arroz, produtos esses que compõem a dieta da grande maioria da população.

Além de fazer a pesquisa quanto aos alimentos que devem ser escolhidos para
a fortificação também é necessário ver qual tipo de composto de ferro será utilizado.
Pois, as formas biodisponíveis são quimicamente reativas e por esse fato produzem
efeitos indesejáveis após serem adicionadas aos alimentos. Dessa forma, existe uma
grande preocupação na seleção desse composto, deixando ele de forma discreta e
que seja bem absorvido pelo organismo.

Em todos os artigos deixaram claro a utilização da vitamina C, para melhor


absorção do ferro pelo organismo. Sendo assim, recomendado fazer a utilização de
58

algum alimento rico em vitamina C em conjunto da suplementação oral ou da


fortificação dos alimentos por ferro.

Mas em excesso o ferro, mesmo sendo algum que não seja tão comum, torna-
se tóxico para o organismo, sendo chamado de hemocromatose. Podendo causar
cansaço, fraqueza, queda de cabelo, dor nas articulações, inchaço, arritmias, dor
abdominal e dentre outros. Esse excesso pode provocar falência em alguns órgãos,
como por exemplo: fígado, coração, pâncreas e a tireoide, podendo até favorecer
surgimento de câncer de fígado.
59

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os artigos avaliados mostraram que a anemia é uma deficiência de


preocupação global. A anemia é compreendida pela Organização Mundial de Saúde
(OMS) como sendo a condição pelo qual os níveis de hemoglobina no sangue ficam
mais baixos que o normal, acarretando assim na redução da capacidade do transporte
de oxigênio.

A anemia ferropriva é a deficiência de ferro dentro do organismo promovendo


a diminuição na produção e o tamanho das hemoglobinas dos glóbulos vermelhos.
Mas que acomete mais as crianças, pelos fatores: socioeconômicos, nutricionais,
parasitários, doença celíaca, entre outros.

Desta forma, é necessário buscar traçar um meio que reduza a anemia


ferropriva. Então foi observado a utilização de suplementação medicamentosa oral e
a fortificação de alimentos. Ambas possuem o intuito de melhorar a taxa de
hemoglobina em que o corpo se encontra.

O sulfato ferroso vem como medida custo-efetiva, além de ser um


micronutriente com boa biodisponibilidade e entregue de forma gratuita pela rede
pública para crianças de 6 a 24 meses de idade, com doses de 1mg/kg/dia de ferro
elementar. Mas a suplementação oral de sulfato ferroso causa efeitos colaterais,
como: náuseas, vômitos, gosto metálico na boca, fezes escuras, azia ou queimação
no estômago, diarreia ou prisão de ventre.

Por outro lado, temos a fortificação de alimento ou enriquecimento, que vem


com uma proposta mais a longo prazo para a prevenção e tratamento das carências
nutricionais em diversos lugares desenvolvidos ou que estão em desenvolvimento,
sendo de baixo custo para poder ser utilizado por pessoas de todas as classes sociais.

A introdução dessa fortificação nos alimentos precisa ser através de alimentos


que a grande parte da população faça aceitação e tenham meios de comprar, isso
ocorre devido ao público alvo das carências, que na grande parte são indivíduos de
classe econômica muito baixa.
60

A fortificação é uma estratégia bastante eficaz para resolver o problema das


deficiências nutricionais, porém a ingestão em grande quantidade acarreta uma
Hipervitaminose, se tornando prejudicial. Por isso a necessidade da educação para a
saúde, para que informações como essas cheguem a toda população. Evitando o alto
ou baixo consumo de ferro.

É necessário sempre lembra referente a importância na utilização do ácido


ascórbico (vitamina C). Este vem com a função de ajudar a absorção do ferro e
aumentar a imunidade do indivíduo.
61

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