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QUINTA REGIÃO DA POLÍCIA MILITAR


105ª CIA DE ENSINO E TREINAMENTO
CFSD/2020

SD 2ª CL JUSCELINO PESSÔA DA SILVA – Nº PM 171808-9


SD 2ª CL THIAGO MARTINS DA SILVA – N° PM 178756-3
SD 2ª CL PAULO EDUADO PERES DE ALMEIDA – Nº PM 179100-3
SD 2ª CL TEU BRITO MARTINS – N° PM 179290-2

TUTELA JURISDICIONAL DO DIREITO DE PERSONALIDADE NO EXERCÍCIO E


FORA DA SUA FUNÇÃO COMO POLICIAL MILITAR

UBERABA
2021
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SD 2ª CL JUSCELINO PESSÔA DA SILVA – Nº PM 171808-9


SD 2ª CL THIAGO MARTINS DA SILVA – N° PM 178756-3
SD 2ª CL PAULO EDUADO PERES DE ALMEIDA – Nº PM 179100-3
SD 2ª CL TEU BRITO MARTINS – N° PM 179290-2

TUTELA JURISDICIONAL DO DIREITO DE PERSONALIDADE NO EXERCÍCIO E


FORA DA SUA FUNÇÃO COMO POLICIAL MILITAR

Trabalho acadêmico apresentado à disciplina


de Direito Civil, na Escola de Formação de
Soldados como requisito parcial à aprovação
na disciplina.

Professor (a): LUCAS COELHO NABUT – 180.138-0

UBERABA
2021
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ------------------------------------------------------------------------------------ 04
2. DESENVOLVIMENTO -------------------------------------------------------------------------- 05
2.1 Conceito de Direito de Personalidade --------------------------------------- 05
2.2 Características Jurídicas dos Direitos de Personalidade ------------ 05
2.3 Direitos de Personalidade Previstos em Lei e no Código Civil ---- 07
2.4 Instrumentos de Tutela Jurídica dos Direitos de Personalidade ---- 07
2.5 – Tutela Jurisdicional ao Direito de Personalidade em Face da
Pessoa Física (Cidadão) Policial Militar Fora do Exercício da Sua
função?-----------------------------------------------------------------------------------------09
2.6 - Tutela Jurisdicional ao Direito de Personalidade em Face do Policial
Militar no Exercício da Função -------------------------------------------------------- 10
2.7 - Direitos de Personalidade Específicos -------------------------------------- 11
3. CONCLUSÃO --------------------------------------------------------------------------------------15
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ----------------------------------------------------------- 16
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1. INTRODUÇÃO:

O presente trabalho discorre acerca dos direitos de personalidade previstos,


em especial, no Código Civil Brasileiro. Assunto pertinente a vida da pessoa humana
perante as normas do direito brasieiero. Trata-se dos direitos intrínsecos a pessoa
humana desde a existência desta e até mesmo após a sua morte. Conceitua acerca
da tutela desses direitos da pessoa perante a Constituição Pátria, Código Civil,
Tratados Internacionais em que o Brasil faça parte, entre outras normas legais. O
trabalho apresenta questões pertinentes a possibilidade de exposição de imagem do
agente público no exercício da função e outros exemplos da tutela do direito de
personalidade.
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2 – DESENVOLVIMENTO

TUTELA JURISDICIONAL DO DIREITO DE PERSONALIDADE NO EXERCÍCIO E


FORA DA SUA FUNÇÃO COMO POLICIAL MILITAR

2.1 – Conceito de Direito de Personalidade:


Conforme enunciado no art. 11 do Código Civil “Com exceção dos casos
previstos em lei, os direitos da personalidade são intransmissíveis e irrenunciáveis,
não podendo o seu exercício sofrer limitação voluntária.” Neste enunciado do art. 11
do Código Civil define de forma geral, um assunto bastante complexo, pois o
assunto exige tratamento com maior rigor e clareza nas determinações legais do
Direito de Personalidade, em consequência disso permitiu o desenvolvimento da
doutrina e jurisprudência acerca do assunto. Em suma, segundo a professora Maria
Helena Diniz, “os direitos de personalidade são subjetivos de a pessoa defender o
que lhe é próprio, a integridade física e moral”

2.2 – Características Jurídicas dos Direitos de Personalidade:

Os direitos de personalidade têm como características intrínsecas a


irrenunciabilidade e intransmissibilidade, conforme art. 11 CC. Deve-se atentar,
como exemplo, a intransmissibilidade dos direitos de personalidade não ser
absoluta, pois podem ocorrer casos excepcionais. Os direitos da personalidade são
muito importantes para proteção da dignidade da pessoa humana.
O enunciado 274 da IV Jornada de Direito Civil disciplinou que “os direitos da
personalidade, regulados de maneira não-exaustiva pelo Código Civil, são
expressões da cláusula geral de tutela da pessoa humana, contida no art. 1º, inc. III,
da Constituição Federal.
Assim, a doutrina elenca as características do direito de personalidade sendo
intransmissíveis e irrenunciáveis, absoluto, ilimitado, imprescritível, impenhorável,
vitalício e não sujeitos a desapropriação.
Intransmissível e irrenunciável, salvo casos previstos em lei, pois não podem
ser transmitidos a outra pessoa, mesmo em vida ou após a morte. Mas há
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controvérsias na doutrina, como se observa algumas pessoas em “reality shows”,


dispensam o direito à liberdade para ficarem, conforme regras do jogo, em um
ambiente monitorado 24 horas por dia e assistido por qualquer pessoa que queira ter
acesso ao programa. Portanto, reside aí esse debate quanto a irrenunciabilidade e
intransmissibilidade dos direitos de personalidade.
É absoluto, pois exige que o Estado e as demais pessoas respeitem a
pessoas titular de direito de personalidade e que, o Estado promova tais direitos
atuando no direito à educação, saúde, entre outros. A comunidade e o Estado
devem adotar postura de tolerância com a pessoa humana, entretanto o Estado não
deve ficar inerte face algumas situações, previstas em leis, praticadas pela pessoa
titular de tal direito.
Ilimitado no sentido de, pois são apresentados de forma não exaustiva na
legislação. Não pode ser confundido como, poder ilimitado do direito de
personalidade, podendo a pessoa realizar o que quiser, sem obedecer a normas e
regulamentos previstos em leis.
Imprescritível devido aos direitos de personalidade serem vitalícios, ou seja,
acompanham a pessoa até a morte. Então é imprescritível o direito de personalidade
ante a violação de algum direito de personalidade, não devendo ser confundida com
os prazos existentes no Código Civil, Código de Defesa do Consumidor e demais
normas legais.
Impenhorável, pois a pessoa natural não pode colocar o direito de
personalidade, que adquiriu desde sua existência e perdura até a morte, em penhora
por qualquer motivo, não é um objeto que se pode penhorar afim de obter lucros ou
auferir qualquer vantagem patrimonial ou não.
É vitalício, porque acompanham a pessoa por toda vida, e com a morte ocorre
o fim da personalidade jurídica conforme art. 6º do Código Civil, por esse motivo a
doutrina manifesta que os direitos de personalidade são vitalícios e não perpétuos.
Não sujeitos à desapropriação, os direitos de personalidade não podem ser
retirados contra a vontade da pessoa e nem colocados em garantia para alcançar
algo, ou seja, a pessoa ou terceiro não pode desapropriar um direito de
personalidade de uma pessoa para outro fim.
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2.3 – Direitos de Personalidade Previstos em Lei e no Código Civil:

A Constituição Federal de 1988 abarcou alguns direitos de personalidade,


pois são imprescindíveis para guardar a vida em sociedade e proteger os bens
jurídicos. De início a Carta Magna optou por proteger a liberdade e o patrimônio
material. Os direitos de personalidade, previstos fora do Código Civil, estão inseridos
no art. 5º da Carta Maior. Lá estão escritos os direitos, dentre outros, o direito a
imagem, a honra e privacidade. Estes representam fundamental para manutenção e
ordem social sendo resguardados pela Constituição. Segundo Elimar Szaniawski
(2005, p.120) “0 direito brasileiro absorve plenamente estas lições, tendo em vista
que os incisos III e II, do art. 1º da CF de 1988, expressamente consagram como
fundamento da nação brasileira, o princípio da dignidade da pessoa humana e
da cidadania, apresentando um cláusula de proteção da personalidade humana,
incluindo a Constituição, em seu § 2º,do art. 5º,os direitos e garantias fundamentais
oriundos de tratados internacionais em que o Brasil seja parte. Após o advento do
Novo Código Civil ficou estabelecido nos art. 11 e seguintes desta norma, prevê
como direitos de personalidade a integridade física, intelectual e moral, direito a
honra, imagem, nome e intimidade. Conforme expressa o art. 52 do Código Civil,
não só a pessoa natural possui tais direitos, mas também a pessoa jurídica. Em
suma, os direitos de personalidade estão inseridos no próprio Código Civil e demais
normas legais. São avocados, principalmente, da Constituição Federal.

2.4 – Instrumentos de Tutela Jurídica dos Direitos de Personalidade:

São instrumentos utilizados para proteger a dignidade da pessoa humana por


meio de medidas judiciais preventivas, cautelar, com foco em suspender atos que
ofendam a integridade física, intelectual e moral, de natureza cominatória destinadas
a evitar a concretização da ameaça de lesão e de natureza repressiva.
O art. 12 do Código Civil trata da tutela geral dos direitos de personalidade,
protegendo o cidadão de qualquer ameaça ou lesão à sua integridade física ou
moral. Os artigos seguintes discriminam algumas formas de proteção aos direitos de
personalidade como proteção a integridade física, do direito ao nome, inviolabilidade
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do corpo humano, proteção a reputação, direitos intelectuais do pseudónimo


utilizados por artistas e escritores, proteção à imagem, propaganda comercial sem
autorização, proteção a intimidade entre outros previstos na Carta Maior e legislação
vigente.
O artigo 13 do Código Civil dispõe sobre o próprio corpo quando ocorrer
alguma limitação ou diminuição permanente da integridade física, sendo proibido por
este dispositivo e também contrariar os bons costumes, termo muito abrangente e
que é regulamentado em normas mais específicas do direito. A exceção admitida
está contida no parágrafo único do referido artigo, que permite a disposição, por
pessoa capaz, de tecidos, órgãos e partes do corpo para fins de transplante ou
tratamento, na forma da Lei 9.434/97.
No art.14 deste diploma, trabalha acerca da disposição do corpo após a morte
da pessoa, sendo no todo ou em parte para uso gratuito, não se admite recebimento
de valores, desde que seja com intuito científico ou altruístico. No parágrafo único
prevê que a decisão pode ser revogada a qualquer momento pelo doador. Há
também, em se falando de doação de órgãos e tecidos, a decisão da família após a
morte da pessoa, mesmo sendo contrária ao desejo da pessoa.
A exigência de autorização consciente do paciente é evidenciada no art. 15
do Código Civil, onde consagra o princípio da autonomia que o paciente possui
sobre o próprio corpo, não devendo ser contrariado neste sentido, devendo ser
informado acerca dos riscos do tratamento, grau e extensão e consequências de sua
enfermidade, sendo esta proteção inserida neste diploma legal.
O art. 16 preconiza o direito universal ao nome composto por prenome e
sobrenome, estes integram a personalidade, individualizando e identificando a
pessoa na sociedade e na família. O nome da pessoa natural é composto por dois
elementos, o prenome e o sobrenome.
Por tratar-se o nome de atributo da personalidade, é assegurada a proteção
ao seu uso, e sua defesa contra abusos de terceiros (artigos 17 e 18 do Código
Civil). Esses podem consistir em publicação ou representação que exponha o nome
ao desprezo público, por atingir sua reputação, ou na utilização em propaganda
comercial sem autorização de seu titular.
A previsão da tutela ao pseudônimo está no artigo 19 do Código Civil. Da
mesma forma em que é concedida proteção ao nome, o pseudônimo utilizado por
artistas e escritores também é amparado pela ordem jurídica, em razão de identificá-
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los em seu meio “mesmo que não tenham alcançado a notoriedade” e são usados
por diversos motivos.
O artigo 20 do Código Civil contempla os direitos intelectuais e proteção à
imagem. Esse dispositivo protege a imagem e os acontecimentos pessoais da
exposição indevida, assegurando a individualidade da pessoa. No entanto, há certas
limitações ao direito à imagem, com dispensa de anuência para sua divulgação,
quando se tratar de pessoa notória ou no exercício de cargo público, e em todos os
casos em que houver interesse público que prevaleça sobre o direito individual. O
direito e a proteção à intimidade estão assegurados pelo artigo 21 do Código Civil,
que, ao dispor que a vida privada da pessoa é inviolável, protege a pessoa da
indiscrição alheia e de interferências externas em sua vida particular e profissional.
Essa proteção à vida privada também é citada na Constituição Federal, como
princípio basilar para a boa convivência em sociedade. Permitir que tal direito não
seja tutelado é afronta a intimidade da pessoa humana, por isso é tão importante
assegurar com firmeza essa proteção.

2.5 – Tutela Jurisdicional ao Direito de Personalidade em Face da Pessoa


Física (Cidadão) Policial Militar Fora do Exercício da Sua função:

Os instrumentos de Tutela Jurídica ao Direito de Personalidade abrangem


qualquer pessoa. O Policial Militar é contemplado de forma igualitária a qualquer
cidadão comum quando fora do exercício da função policial. Apesar de possuir
regulamento e normas próprias quanto ao exercício da função policial militar, estas
não coíbem a pessoa, servidor público estadual na carreira Policial Militar, de
usufruir de direitos e garantias previstos na Constituição Federal, Código Civil e
demais normas de garantias qualidade de vida da pessoa humana no seio jurídico.
Mesmo estando de folga o policial militar quando acionado ou se depara com um
fato concreto que exija atuação policial, este tem por obrigação atuar frente ao fato
concreto, não pode se omitir do cenário que exija atuação do Estado mediante ação
policial. Porventura ocorra uma indisponibilidade de ação por parte do agente, este
deve tomar as providências legais e suficientes para elucidação do caso, acionar as
demais forças policiais para atuarem em seu apoio e, quando estas estiverem
prontas, fornece todas informações necessárias para elucidação do caso. Não é
permitido ao agente de segurança a omissão em uma situação em que sua ação
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seja imprescindível, pois conforme normas vigentes, sua ação como policial é
intermitente, podendo ser acionado, solicitado ou estar disponível a qualquer hora do
dia ou da noite, independentemente de dia e horário.
Com exceção dos casos citados, o policial militar se iguala, quando de folga,
ao cidadão comum em direitos e deveres, possui os mesmos direitos de
personalidade disciplinados no Código Civil. Do contrário, como viveria esse Policial
militar se tivesse que ficar 24 horas por dia no exercício da função, atuando como
agente público do Estado a todo momento. Neste caso seria impossível e não
saudável a ele e a sociedade exercer a atividade desta maneira, por isso a
separação em momentos, quando está de serviço ou em razão dele possui tutela
jurídica de uma forma, do contrário atua como pessoa comum.

2.6 – Tutela Jurisdicional ao Direito de Personalidade em Face do Policial


Militar no Exercício da Função:

No exercício da função, para que se possa exercê-la de forma eficaz, com


qualidade e celeridade e que responda aos anseios da sociedade, o Policial Militar é
investido de tutelas jurisdicionais diferentes do cidadão comum. O policial tem
prerrogativas respaldadas em leis para o exercício de suas funções. Ora, sem um
apoio jurídico seria impossível ao agente da lei exercer determinadas atribuições, a
ele impostas pela própria lei, para manutenção da ordem social, fazer valer direitos e
garantias da pessoa em estado de vulnerabilidade, proteger o cidadão frente as
injúrias sofridas no meio social, entre outras.
Quando está de serviço, o Policial Militar possui prerrogativas inerentes a sua
função na segurança pública, estas tuteladas pelo ordenamento jurídico. São
exemplos clássicos os direitos previstos no art. 5º da Constituição Federal, onde o
agente da lei usa desta norma máxima do nosso ordenamento jurídico, com objetivo
de justificar e fundamentar suas ações. Estando a serviço o Policial Militar
representa o Estado caracterizado por uniforme, equipamentos, veículos, etc. Para
garantir e proteger a sociedade. Estando na posição de representante direto do
Estado, o agente da lei é investido de “poderes” para atuação frente aos
administrados, gerindo interesses da coletividade. Tais tutelas são previstas, dentro
da Constituição federal, no art. 144, aonde encontra amparo especificando, de forma
pouco genérica, a atuação dos agentes da lei. Quando um Policial Militar para um
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veículo em uma “blitz” para verificação de documentos e situação do veículo, ele


está ancorado em regulamentos que ensinam a boa ordem social, pois ele irá
fiscalizar aquele veículo e condutor afim de verificar irregularidades, possuindo o
poder administrativo de fiscalização para impedir, mesmo que por breve momento, o
direito de ir e vir da pessoa, haja vista estar ancorado em regulamentos que
permitem tal ação. No caso de encontrar irregularidades, o policial tem o poder de
remover o veículo, realizar autos de infração e, caso entre na seara penal, realizar a
detenção do administrado por algum delito cometido no local ou que havia cometido
anteriormente, tudo devidamente escorado na legislação.
Outro exemplo de ação policial tutelada são os cumprimentos de mandado de
busca e apreensão, autorizados por juiz de direito com alvo certo e objetivo
discriminado no documento. Durante a ação o policial militar é investido pelo poder
judiciário, á exemplo, de entrar em uma residência sem o consentimento do morador
para cumprimento de diligências estabelecidas no documento emitido pelo poder
judiciário. No momento que atua o direito de personalidade do cidadão alvo é tolhido
pela ordem do juiz para fins de comprovação, busca de corpos de delitos, materiais
de crimes, entre outros, pois, encontrando o policial o alvo do mandado de busca e
apreensão, este é recolhido pelas autoridades para juntar-se aos outros materiais de
crime já produzidos/encontrados afim de dar prosseguimento na ação penal em
andamento.

2.7 – Direitos de Personalidade Específicos:

Caso concreto/ notícia envolvendo o Direito de Personalidade em face do


Policial Militar no exercício ou fora da sua função:

“Policial Militar, em uma ação policial complexa de busca e apreensão


realizada em aglomerado da capital em busca de drogas e armas, ao chegar
ao local, se depara com os traficantes e cobertura ao vivo da TV sobre a
reportagem.
Acontece que ao tentar executar seu trabalho nos termos da lei, com
plenitude na execução e excelência, mediante ordem judicial, os policiais
sofreram retaliações no enfrentamento dos traficantes e de algumas pessoas
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ali presentes, sofrendo sérios insultos, xingamentos, humilhações quanto a


farda e a pessoa, honra e reputação, decoro e intimidade.
Resultado foi baleado e morto um policial militar, sendo tudo filmado e
registrado pela rede televisiva.
Em sua carteira de identidade consta ser doador de órgãos, acontece que
sua família não quer.” Por isso os meios de comunicação deve atentar pelo
zelo com o ESTADO

Analise e responda:

a) Direito ao Corpo. Neste caso, a disposição da doação dos seus órgãos será
levada em consideração à vontade do Policial Militar, do Estado ou da família?
Fundamente.

A disposição dos órgãos será decidida pela família do Policial Militar, sendo assim,
conforme instruções do Ministério da Saúde e Lei 9434/97, a doação será realizada
somente após autorização da família. No caso em tela, mesmo o policial militar
possuir no documento de identidade o desejo de doação de órgãos e tecidos e a
família não deseja a doação, este último deverá ser respeitado incondicionalmente
mesmo que, em vida, o policial manifestou interesse na doação de órgãos “post
mortem.” Segundo o art. 12, parágrafo único do Código Civil, “o morto poderá sofrer
violação aos direitos inerentes à sua personalidade” - direito à honra, à privacidade,
à imagem. Isto posto, a família do morto terá legitimidade para pleitear que cesse a
ameaça e/ou lesão inerente à violação de personalidade, tendo em vista que o
código civil protege os direitos post-mortem inerentes à personalidade jurídica. Este
artigo responde as discordâncias, muito recorrentes nos tribunais em situações em
que a família se manifesta contrária a decisão, ainda em vida, da disponibilidade de
órgãos e tecidos quando a pessoa vier a falecer. Segundo o doutrinador Flávio
Tartuce, Sedimentando o assunto, a retirada post mortem dos órgãos deverá ser
precedida de diagnóstico de morte encefálica e depende de autorização de parente
maior, da linha reta ou colateral até o 2.º grau, ou do cônjuge sobrevivente, mediante
documento escrito perante duas testemunhas (art. 4.º da Lei 9.434/1997, Lei
10.211/2001 e Decreto 9.175/2017). A primeira norma, em sintonia com o que
consta do art. 13, parágrafo único, do atual Código Civil, regulamenta questões
13

relacionadas com os transplantes de órgãos. Em relação a essa retirada post


mortem, interessante ainda dizer que a nossa legislação adota o princípio do
consenso afirmativo, no sentido de que é necessária a autorização dos familiares do
disponente. A Lei 10.211/2001 veio justamente a afastar a presunção que existia de
que todas as pessoas eram doadores potenciais, o que era duramente criticado pela
comunidade médica e jurídica.

b) Direito de imagem:
b.1) O Policial Militar que teve a sua imagem capturada tem direito a
indenização?

Tudo depende da forma como serão usadas as imagens. Se estas forem


usadas para demonstrar a ação policial apenas, tendo este como agente público do
Estado, não há que se falar em indenização, pois o policial está representando o
Estado de fato e de direito, onde toda pessoa, ou seja, todo administrado está ali
para ser tutelado pelo Estado na situação de risco à integridade física ou moral do
administrado, e estão aguardando que, no caso, a polícia solucione a demanda da
sociedade naquele momento. Nesta situação não que se falar em indenização ao
agente policial, pois está no exercício da função a ele conferida pelo Estado afim de
dirimir e mediar o conflito social ali presente.
Observa-se muitos repórteres que aceitam acompanhar a equipe policial em
operações policiais, aonde filmam e reportam, até mesmo em tempo real, a ação
dos agentes na intervenção de determinado conflito social, cumprimento de
operações entre outras. Os agentes devem orientar quanto a segurança de terceiros
que queiram acompanhar ou ficar olhando ação policial em andamento, haja vista o
grande risco à integridade física existente durante uma operação policial.
Agora se as imagens da ação ou dos agentes envolvidos no caso forem, de
certa forma, distribuídas com intuito de denegrir a imagem do agente, da instituição
sem respaldo legal ou fundamentação profissional, pode-se enquadrar em diversos
delitos e infrações concernentes a imagem, honra, privacidade, entre outros. Com
isso o jornalista, mesmo sendo protegido por dispositivos legais para o exercício da
profissão de jornalista, este deve zelar para não produção de informações falsas,
não corretamente verificadas quanto a veracidade e a exposição indevida. No caso
em tela, servindo de exemplo a imagem do policial que foi assassinado e que teve
14

exposição desnecessária e abusiva do corpo sem vida do agente policial. Há outras


situações em que repórteres, jornalistas em geral e população presente no local,
inflamam a população contra ação policial dificultando esta, resultando até mesmo
em casos graves de agressões, tumultos. Agora se o agente policial está sendo, de
forma isolada, acusado sem embasamento algum, no momento da ação antes,
durante ou após ela, ou seja, citando exemplo do jornalista relatando a todo instante
que o soldado fulano agrediu com socos uma mulher que passava próximo a tropa.
Mas após o fim da operação, foi verificado pelas imagens das emissoras, incluindo a
do próprio jornalista que acusa o soldado, verifica-se que a mulher, citada por ele,
sequer passou próximo a tropa e, para sedimentar mais ainda a inverdade
pronunciada e propagada, a mulher é encontrada e relata não ter nem passado
próximo aos policiais e muito menos agredida, o soldado Fulano tem o direito de,
processar o profissional jornalista que anunciou a inverdade pois este divulgou em
específico o soldado Fulano, e não a Polícia Militar em geral ou o Estado, mas sim o
militar de forma isolada. Face a isso o soldado Fulano teve sua honra, imagem e
moral maculada de forma clara, divulgada por diversos setores da mídia. Neste caso
é necessário amparo jurídico para reestabelecer a moralidade, integralidade, etc.
dos direitos atingidos no caso apresentado.
Sendo assim, todos os profissionais envolvidos devem ter cautela ao dizerem,
executarem e afirmarem qualquer ação sem antes confirmar a veracidade dos fatos,
até mesmo os policiais, com objetivo de evitar problemas como o citado acima e
ainda manter a ordem social, atendendo aos anseios de quem aguarda aquela ação
de cumprimento de mandado de busca e apreensão.
15

3. CONCLUSÃO

O Direito de Personalidade, inerente a pessoa humana desde o nascimento e


após a morte, pode sofrer algumas alterações mediante o caso concreto.
Conforme a situação, a tutela destes direitos é, de certa forma, passada a
terceiros – exemplo da doação de órgãos da pessoa manifestava o desejo de
doar órgãos em vida – para a dirimir eventuais conflitos. Observa-se a respeito
dos agentes públicos no exercício da função, aonde representam o Estado para
atuarem frente a população e aonde se escoram os direitos particulares de
personalidade quando estão à frente de uma função pública
16

REFERÊNCIAS BILBLIOGRÁFICAS:

ARAÚJO, A. F. P; RODRIGUES, N. B. F. Direitos de Personalidade. Diponível em:


<https://jus.com.br/artigos/55019/direitos-da-personalidade>. Acesso em: 10 de
fevereiro de 2021.

BRASIL. LEI N o 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002. Direito Civil Brasileiro.


Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 de janeiro de 2002.
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406compilada.htm.
Acesso em 10 de fevereiro de 2021.

BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil:


promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm>. Acesso em 10
de fevereiro de 2021.

PEREIRA, Caio Mário da Silva. Direitos de Personalidade. Disponível em:


<http://genjuridico.com.br/2016/11/18/direitos-da-personalidade>. Acesso em 11 de
fevereiro de 2021.

RODRIGUES, Marcelo Abelha. Manual de Direito Processual Civil. 5. ed. rev., atual. e ampl.
São Paulo: Revista dos Tribunais, 2010.

SENGIK, K. B.; MARTINS, R.. Os direitos da personalidade e suas tutelas: uma


visão da proteção da liberdade negativa e da liberdade positiva no direito brasileiro.
Publica Direito. Disponível em: <http://publicadireito.com.br/artigos/?
cod=e4c0565355a8fbf0>. Acesso em 11 de fevereiro de 2021.

TARTUCE, Flávio. Manual de Direito Civil. Rio de Janeiro: Forense, 2020.

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