Você está na página 1de 18

Materiais de construção mecânica I

Aula 1 – Princípios de ciência dos materiais

MURILO PARRA CUERVA


Objetivo

Introduzir o aluno ao ambiente de segurança da informação


de forma clara e adaptativa com relação aos conceitos e
organização de auditorias. Conhecer os princípios da ciência
dos materiais para entender o funcionamento das estruturas
atômicas dos materiais metálicos policristalinos, suas
propriedades e imperfeições estruturais, a cinética das
transformações, a difusão atômica e o crescimento de fases.

Nesta Aula

 A importância do estudo do material

 O átomo e as ligações químicas

o Ligação iônica

o Ligação covalente

o Ligação metálica

o Ligação fraca ou de Van der Waals


A importância do estudo do material

Primeiro temos que entender a importância do estudo


dos materiais, para isso precisamos pensar em quais
funções o material precisa executar. Por exemplo, se uma
peça precisa resistir ao desgaste, ela tem que ter uma dureza
superficial elevada; se a peça precisa trabalhar em alto mar,
ela precisa resistir à corrosão; caso ela sofra esforços
mecânicos elevados, precisamos de uma estrutura dúctil no
centro da peça, etc.

Sabe-se que cada propriedade advém de uma


combinação de fatores, tal como os elementos de
composição do material, do processo de fabricação, da
estrutura atômica, geometria, etc.

A Figura 1 mostra a interação de todos estes fatores


para que se obtenha um material de engenharia adequado
para cada uso. Vale lembrar que não se pode ter todas as
propriedades em seu nível máximo, assim deve-se mesclar
os fatores mostrados para que seja factível sua execução.
Figura 1: Fatores de construção de um material de engenharia.

O átomo e as ligações químicas

Todos os materiais são compostos de átomos.


Demócrito (ca. 460 a.C. - 370 a.C.) descreveu pela primeira
vez o conceito de átomo, ou seja, a menor partícula indivisível
possível. Já Epicuro (341 a.C. – 270 a.C.) acreditava que os
átomos eram unidos através de ganchos muito pequenos.

Desde então, surgiram vários modelos e proposições das


estruturas da matéria, como pode ser simplificadamente
visto abaixo, através dos modelos atômicos:
 Dalton (1803) propôs que a matéria era formada por
esferas rígidas homogêneas.

 Thomson (1904) sugeriu que a matéria era formada em


uma estrutura similar a um “pudim de ameixas”.

 Rutherford (1911) adotou uma estrutura similar a um


sistema planetário.

 Bohr (1913) propôs o modelo quântico.

Figura 2: Modelos atômicos.


Para nos organizarmos quanto às particularidades de cada
elemento na natureza, foi criada a tabela periódica, ela reúne
as propriedades de cada elemento. A tabela é organizada em
ordem crescente de números atômicos (número de prótons).

Figura 3: Tabela periódica.

Os átomos são formados por um núcleo e uma


eletrosfera. O núcleo é composto de prótons (carga positiva)
e nêutrons (carga neutra). Ao redor do núcleo há a eletrosfera
que é constituída por elétrons (carga negativa); a eletrosfera
é composta por várias camadas eletrônicas, as camadas
eletrônicas não são físicas, ou seja, não há realmente um anel
que circunda o núcleo do átomo, o que realmente ocorre é a
probabilidade do elétron estar naquele local em determinado
período de tempo. Levando em consideração a maior
probabilidade da localização dos elétrons, as principais
camadas eletrônicas foram levantadas, gerando um total de
sete camadas, K, L, M, N, O, P e Q.

Figura 4: Camadas eletrônicas.


https://pt.wikipedia.org/wiki/N%C3%ADvel_eletr%C3%B4nico#/media/Ficheiro:Kl
mnopq1.jpg.
Cada camada tem um nível particular de energia, assim,
cada camada pode suportar um nível máximo de elétrons.
Linus Pauling identificou também subníveis dentro das
camadas eletrônicas, que são s, p, d e f. O diagrama de Linus
Pauling permite identificar a ocupação dos elétrons em
função dos níveis e subníveis eletrônicos, conforme pode ser
visto abaixo.

Figura 5: Diagrama de Linus Pauling.


https://pt.wikipedia.org/wiki/Princ%C3%ADpio_de_Aufbau#/media/Ficheiro:Klec
hkovski_rule.svg
Cada elemento químico tem suas próprias
características eletrônicas, como pode ser visto abaixo.

Número Configuração Número


Símbolo
Atômico eletrônica atômico
1 H 1s1 38
2 He 1s2 39
3 Li [He]2s1 40
4 Be [He]2s2 41
5 B [He]2s22p1 42
6 C [He]2s22p2 43
7 N [He]2s22p3 44
8 O [He]2s22p4 45
9 F [He]2s22p5 46
10 Ne [He]2s22p6 47
11 Na [Ne]3s1 48
12 Mg [Ne]3s2 49
13 Al [Ne]3s23p1 50
14 Si [Ne]3s23p2 51
15 P [Ne]3s23p3 52
16 S [Ne]3s23p4 53
17 Cl [Ne]3s23p5 54
18 Ar [Ne]3s23p6 55
19 K [Ar]4s1 56
20 Ca [Ar]4s2 57
Figura 6: Configurações eletrônicas dos elementos.

As ligações atômicas são o meio de interação entre os


átomos, que posteriormente podem formar conjuntos, que
por sua vez, forma a matéria em si.
Estas interações atômicas podem ser subdivididas em
duas vertentes, as ligações atômicas fortes e as ligações
atômicas fracas, ou de Van der Waals. Ainda como produto
desta classificação encontra-se outro nível de divisão, sendo
as ligações iônica, covalente e metálica um subconjunto das
ligações fortes. Podemos notar na figura abaixo esta divisão.

Iônica

Fortes Covalente

Interações
Metálica
Atômicas
Polarização
Fracas
Molecular

Figura 7: Interações atômicas.

Há de se ficar claro que todas as ligações químicas


ocorrem na camada de valência, ou seja, na última camada,
por isso é importante sabermos a quantidade de elétrons que
esta camada contém através da distribuição do diagrama de
Linus Pauling. Reforçando outro conceito de química básica,
sabemos também sobre a regra do octeto, ou seja, a camada
de valência deve ter oito elétrons para ficar estável.
Vamos verificar isso através de exemplos conforme a aula
avança.

a) Ligação iônica:

A ligação iônica é o ganho ou a perda de elétrons entre dois


ou mais elementos químicos, formando íons.

Um exemplo de ligação iônica é o cloreto de sódio. O


cloreto de sódio se comporta como metal a uma temperatura
superior a 800°C, ou em solução, conduzindo corrente
elétrica; esta corrente se dá através da movimentação dos
íons.

Analisando este exemplo do cloreto de sódio, temos as


seguintes configurações eletrônicas:

11 Na e 17Cl

Ou seja, o sódio tem 11 elétrons e o cloro 17 elétrons.


Fazendo-se a distribuição eletrônica nas camadas, temos:

Na – 2 – 8 – 1 Cl- 2 – 8 – 7
Para estabilizar o sódio é melhor ganhar 7 ē ou perder 1 ē?

No caso do sódio será mais conveniente perder 1 ē.

Para o cloro será melhor ganhar 1 ē.

Figura 8: Doação de elétron.


Fonte: https://redu.com.br/quimica/o-que-sao-ligacoes-quimicas-distribuicao-
eletronica/. Acesso: 10/07/2020

Sendo assim, o sódio e o cloro ficarão com as


configurações: 10 Na e 18Cl.

Quando o número de elétrons é menor que o de prótons,


o composto é um cátion, mas quando o número de elétrons é
maior do que o de prótons, o composto é um ânion.

Vídeo ligações iônicas; “Ligação iônica- Brasil Escola”;


https://www.youtube.com/watch?v=G1PY70G77a0
b) Ligação covalente:

Ligação covalente é uma ligação química caracterizada


pelo compartilhamento de um ou mais pares de elétrons
entre átomos adjacentes, resultando no preenchimento da
camada de valência com oito elétrons, atingindo a
estabilidade atômica.

Como visto na figura abaixo, cada par de elétrons


compartilhado em uma ligação covalente é representado por
um “enlaçamento” entre os dois elétrons adjacentes, outra de
representação é por meio da fórmula estrutural, sendo
representada a ligação por um traço.

Figura 9: Representação de ligações covalentes.


Fonte: https://www.alfaconnection.pro.br/fisica/moleculas/estabilidade-dos-
atomos/790-2/. Acesso 10/07/2020.
Ainda analisando a Figura 9, temos no caso do Cl2
ligação simples, para o O2 temos uma ligação dupla e, por fim,
para o N2 temos uma ligação tripla.

Vídeo ligações covalentes; “Ligação covalente - Brasil Escola”;


https://www.youtube.com/watch?v=uMrI_mHi2NI

c) Ligação metálica:

É uma ligação química que ocorre entre metais, esta


ligação de átomos, cuja camada de valência possui poucos
elétrons e estes elétrons não possuem vínculo com um
átomo em específico, eles ficam em uma nuvem que paira e
se mistura com outros átomos.

Justamente por esta mobilidade dos elétrons, os metais


são ótimos condutores elétricos e possuem boa
maleabilidade.
Figura 10: Nuvem de elétrons para na ligação metálica.
Fonte: https://blog.enem.com.br/como-os-atomos-se-ligam/ligacao-metalica/.
Acesso 11/07/2020.

Vídeo ligações Metálicas; “LIGAÇÃO METÁLICA |


TUDO QUE VOCÊ PRECISA SABER”;

https://www.youtube.com/watch?v=XrxFcAcq6LE

d) Ligação fraca ou de Van der Waals:

É a presença de dipolos elétricos em compostos


moleculares, ou seja, é a força de atração ou repulsão entre
as moléculas; simplificando, o lado positivo do dipolo de uma
molécula atrai o lado negativo do dipolo da outra molécula.
Figura 11: Ligação de Van der Waals.
Fonte: http://bioquimica1ufpe.blogspot.com/2012/12/v-
behaviorurldefaultvmlo.html. Acesso 11/07/2020.

Vídeo ligações fracas; “FORÇAS


INTERMOLECULARES (VAN DER WALLS) |
Resumo de Química para o Enem”;

https://www.youtube.com/watch?v=WVJW3WdrmiM
Conclusão

Nesta aula, aprendemos sobre a importância do estudo dos


materiais de construção mecânica e quais são as formas
químicas (ligações) que mantêm os átomos juntos, formando
o material final.
Referências

Guy, A. G. Ciência dos Materiais. LTC/Edusp, São Paulo,


1980.

Van Vlack, L. H. Princípios de Ciência dos Materiais. Ed.


Edgard Blucher, São Paulo, 1970.

_____. Propriedades dos Materiais Cerâmicos. Ed. Edgard


Blucher, São Paulo, 1973.

Você também pode gostar